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Acad. Pedro Paulo Brito 19.1 SEMIOLOGIA DO ABDOME Exame normal e alterado do ABDOME Introdução • A ordem do exame do abdome é feita em uma ordem na qual vai de procedimento que menos irritam, para os que mais irritam a parede: inspeção, ausculta, percussão e palpação (perceba como é do exame que menos exerce pressão para o que mais exerce pressão). ▪ Essa ordem evita a modificação das características dos sons intestinais • Para segmentar o atendimento, podemos ainda dividir o abdome em quadrantes ▪ Superior direito: encontramos o fígado, a vesícula biliar, piloro, duodeno, flexura direita do colo e cabeça do pâncreas ▪ Superior esquerdo: baço, flexura esquerda do colo, estomago, corpo e cauda do pâncreas e colo transverso ▪ Inferior direito: ceco, colo ascendente, apêndice e ovário ▪ Inferior esquerdo: colo sigmoide, colo descendente e ovário esquerdo A preparação • O exame físico deve ser realizado com o paciente em decúbito dorsal, braços ao lado do corpo ou cruzados sobre tórax, de bexiga vazia • O examinado deve sempre estar ao lado direito do paciente • Exposição deve ser feita do processo xifoide até a sínfise púbica (genitália coberta, com região inguinal visível) • Aquecer mãos e estetoscópio (evitar contração involuntária) • Evitar movimentos bruscos • Perguntar ao paciente onde sente dor e realizar a palpação local por último (atentar-se a expressão facial) Inspeção Acad. Pedro Paulo Brito 19.1 SEMIOLOGIA DO ABDOME Pele • Temperatura e coloração • Cicatrizes e estrias • Circulação colateral • erupções cutâneas e equimoses • sinal de Cullen (equimose periumbilical: gravidez ectópica, pancreatite aguda) • Sinal de Gray-Turner (equimose em flancos: pancreatite aguda) Cicatriz umbilical • localização e contorno • sinais de inflamação e protrusão Manobra de valsava • contração da musculatura abdominal, secundariamente à expiração forçada • gera o aparecimento de hérnias, se houver • paciente sopra o dorso da mão sem liberar o ar Contorno do abdome • simetria • aspecto ▪ plano ▪ globoso ▪ escafoide • flancos, região inguinal e femoral ▪ abaulamento ou protrusão • órgãos ou massas visíveis Peristaltismo • pode ser visível normalmente em pessoas muito magras • observar por alguns minutinhos • Na obstrução intestinal, o peristaltismo fica aumentado, e depois com a evolução do quadro vai reduzindo Pulsações • Pulsação aórtica normal pode ser visível no epigástrio Ausculta • Fornece informações importantes da motilidade intestinal • Avalia existência de sopros aórticos ou de outras artérias Frequências e sons (ruídos hidroaéreos) Acad. Pedro Paulo Brito 19.1 SEMIOLOGIA DO ABDOME • Presentes, aumentados, reduzidos ou ausentes • Borbulhante, agudo e irregular é normal • A frequência normal é de 5 à 34 gorgolejos (estalidos) por minuto • Ruídos hidroaéreos são mais bem auscultados no quadrante inferior direito (válvula íleo-cecal) ▪ Aumento: inflamação ou obstrução (no início) ▪ Redução: íleo paralítico Sopros • Aorta abdominal, artéria renal, ilíaca, femoral • Devem ser ausentes Percussão • Avalia distribuição dos gases, possíveis massas ou líquidos • Observa dimensão do fígado e do baço • Percutir os 4 quadrantes ▪ Observar a distribuição do timpanismo e macicez • Sons ▪ Timpanismo: vísceras ocas e gases ▪ Macicez: massas, baço, fígado e ascite ▪ Submacicez: alimento intestinal Hepatimetria • Mede o limite vertical da macicez hepática (linha hemiclavicular direita e médio external) • Percutir um nível abaixo do umbigo para cima, no quadrante inferior direito, em direção ao fígado (transição timpânica e maciça) ▪ Identificação da borda inferior • Percutir no nível do mamilo para baixo em direção ao fígado (transição som claro pulmonar – macicez) ▪ Identificação da borda superior • Ver a distância em centímetros entre os 2 pontos ▪ Normal: 6 a 12 na hemiclavicular ▪ Normal: 4 a 8 na médio esternal • Comparar com a linha média esternal ( mesma técnica) Acad. Pedro Paulo Brito 19.1 SEMIOLOGIA DO ABDOME Espaço de Traube • 6ª à 10ª costela, entre linha axilar anterior e média • Timpanismo no exame normal, maciço aumenta a suspeita de esplenomegalia • Ou seja, o baço normalmente não ocupa o espaço de Traube, não confunda • Métodos ▪ Região inferior esquerda da parede torácica anterior (entre som claro pulmonar e rebordo costal). Vai em direção a linha média axilar ▪ Percussão do EIC abaixo da linha axilar anterior. Pedir para o paciente inspirar e repercutir. Em Ambos deve estar timpânico normalmente Investigação da ascite • Teste da macicez móvel ▪ Percutir a região timpânica e maciça e pedir para o paciente virar para um lado ▪ percutir o flanco que está apoiado, som maciço ▪ percutir o flanco não apoiado, som timpânico ▪ positivo em ascite pequena • Semicírculo de Skoda ▪ percutir do centro para periferia partindo da cicatriz umbilical ▪ delimitar com linha circular a transição timpanismo-macicez ▪ quanto mais líquido, mais cedo o som varia ▪ positivo em ascite média ▪ esse exame é feito uma vez que os líquidos se deslocam para as laterais • Teste da onda líquida (sinal de piparote, peteleco) ▪ Paciente comprime com as mão a linha média do abdome ▪ Percutir um dos flancos ▪ Com a outra mão, tentar sentir no flanco oposto o impulso do líquido ▪ Positivo em ascite de grande volume • USG pode avaliar ascites de pequenos volumes Palpação • É dividido em uma palpação superficial e profunda Acad. Pedro Paulo Brito 19.1 SEMIOLOGIA DO ABDOME • A superficial é suave, identifica dor à palpação, resistência muscular ou massas superficiais. Avaliar em todos quadrantes, com movimentos suaves e uniformes • A profunda delimita massas, registrando forma, tamanho, hipersensibilidade, consistência e mobilidade. Também deve avaliar todos quadrantes Palpação do fígado • Avalia: tamanho, aspecto, borda, consistência e dor • 2 principais técnicas • Lemos torres ▪ Mão esquerda abaixo da 11ª e 12ª costela, com leve compressão para cima ▪ Mao direito ao lado do reto abdominal, com dedos abaixo da borda inferior da macicez hepática ▪ Compressão para dentro e para cima durante inspiração profunda do paciente ▪ Bordas: borda macia e palpável, bem delimitada é normal. ▪ Pode ser discretamente doloroso à palpação • Mathieu ▪ Útil, principalmente em obesos ▪ De costas para cabeça do paciente, colocar 2 mãos ao lado da outra, abaixo da borda da macicez hepática ▪ Pressionar os dedos para dentro e para cima durante a inspiração profunda do paciente ▪ Geralmente a borda é palpada 1 a 2cm do rebordo costal. Na inspiração, pode ser 3cm abaixo, mas também na linha hemiclavicular. ▪ Fígado pode ser normalmente não palpável Palpação do baço • Mão esquerda abaixo do paciente, elevação da caixa torácica esquerda • Mao direita abaixo da margem costal, pressionar para dentro e para cima, enquanto paciente respira fundo Acad. Pedro Paulo Brito 19.1 SEMIOLOGIA DO ABDOME • Pode ser facilitada com a manobra de Schuster ▪ Decúbito lateral direito, membros direitos estendidos e esquerdos flexionados ▪ Gravidade traz baço para frente, facilitando a palpação ▪ Mao esquerda na face posterolateral (tracionando) ▪ Mao direita comprimindo na direção oposta (para dentro e para cima Manobras especiais (Sinal de Giordano) • Dor à punhopercussão da região lombar (loja renal) • Mao esquerda espalmada e a outra em punho, no ângulo costobertebral e dar leves socos em cima da mão espalmada • Começar pelo lado contralateral da dor • Sugere afecções inflamatóriasnos rins ou ureteres • Lembrar que o rim D é mais baixo que o E (por conta do fígado) Sinais de apendicite • Sinal de Blumberg ▪ Dor à descompressão brusca no ponto de McBurney (entre o terço médio e distal da linha entre a cicatriz umbilical e a EIAS direita) ▪ Positivo: indicativo de peritonite • Sinal de rovsing ▪ Comprimir o quadrante inferior esquerdo do abdome e retirar rapidamente ▪ Dor na fossa ilíaca direita durante a compressão: sinal positivo • Sinal do psoas ▪ 1: Pedir para o paciente elevar a coxa ativamente, enquanto examinador coloca mão acima do joelho direito ▪ 2: Realizar extensão passiva da coxa direita quando em decúbito lateral esquerdo • Sinal do obturador ▪ Decúbito dorsal, flexionar a coxa direita do paciente na altura do quadril Acad. Pedro Paulo Brito 19.1 SEMIOLOGIA DO ABDOME ▪ Realizar rotação interna da coxa com joelhos dobrados (puxar perna para fora) Possível colecistite aguda (sinal de Murphy) • Compressão/palpação do ponto cístico • Decúbito dorsal, palpar o ponto cístico enquanto paciente respira fundo ▪ Ponto cístico: interseção entre o rebordo costal D e a borda externa do reto abdominal • Aumento da dor à palpação • Sinal de Murphy positivo • Colecistite: piora na ingestão de gordura Colelitíase: pedra na vesícula, não dó Coledocolitíase: pedra no colédoco, gera obstrução Colangite: infecção da bile, geralmente por obstrução de ducto Colecistite: inflamação da parede da vesícula Descrição do exame • Abdome plano, cicatriz intrusa, ausência de circulação colateral. • RHA preservados, ausência de sobro em aorta, renal, ilíaca e femoral • Timpânico à percussão. Sem sinais de ascite, hepatimetria 6-12 em LD e 4-8 em LE. Traube livre • Abdome flácido e indolor. Ausência de massas palpáveis, fígado e baço não palpável. Sem sinal de irritação peritoneal, e Giordano negativo ▪ Fígado caso palpável: a X cm do rebordo costal D, indolor, borda romba, lisa e consistente. • plano, simétrico, flácido, sem abaulamentos, sem massas visíveis, ausência de circulação colateral, ausência de equimoses, peristaltismo não visível. Cicatriz umbilical plana (intrusa ou levemente protrusa não são anormais). À ausculta, ruídos hidroaéreos presentes, ausência de sopros em aorta, artérias Abdome renais e ilíacas. À hematimetria, fígado medindo 9 cm na linha médio clavicular (LMC) direita e 5 cm no apêndice xifoide (AX). Espaço de Traube livre. Ausência de ascite. Ausência de dor, massas ou visceromegalias, à palpação superficial e profunda. Referências: • Bates - Propedêutica Médica, 12ª edição (cap 11) • Porto - Semiologia Médica, 8ª edição Acad. Pedro Paulo Brito 19.1 SEMIOLOGIA DO ABDOME
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