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DESENHO DE PERSPECTIVA Paulo Henrique Lixandrão Conceito de perspectiva Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: � Apresentar o conceito de perspectiva. � Identificar como a perspectiva se desenvolveu na história das artes e da arquitetura. � Verificar formas diferenciadas de graficação de perspectivas. Introdução Neste capítulo, você vai aprender sobre o isocírculo (falsa elipse), que é uma curva plana fechada utilizada na perspectiva isométrica para a representação do círculo. Serão demonstrados o passo a passo e as técnicas para a realização do procedimento. O que é perspectiva? De acordo com o Dicionário Houaiss (2009, p. 1480), perspectiva se define por “técnica de representação tridimensional que possibilita a ilusão de espessura e de profundidade das figuras”. Um desenho pode ser considerado técnico ou artístico: o desenho técnico é um desenho em que se tem formas, noções de comprimento, altura e largura; já o desenho artístico representa uma ideia que pode pertencer a alguma cultura ou uma representação abstrata de algum objeto sem formas claramente definidas. Na apostila do SENAI (2008), discute-se que perspectiva é a técnica de representar objetos e situações como eles são vistos na realidade, de acordo com sua posição, forma e tamanho. Na Figura 1, o dado em perspectiva possibilita a visualização da projeção de três planos, com comprimento, largura e altura. A tridimensionalidade é o que caracteriza a perspectiva. U N I D A D E 1 Figura 1. Dado em forma de perspectiva. Fonte: Yuri Osne/Shutterstock.com. Tipos de vistas ortográficas Sabe-se que uma perspectiva pode ser resultado da projeção de vista orto- gráficas. Segundo Ferreira, Faleiro e Souza (2008) perspectivas são figuras resultantes de projeções cilíndricas ortogonais do objeto, sobre planos conve- nientemente escolhidos, de modo a representar com exatidão a forma desse objeto com seus detalhes. As vistas ortográficas têm como origem a geometria descritiva e que pode gerar até seis vistas do modelo. Contudo, com apenas três vistas é possível identificar todas as formas e condições de contorno dos objetos. Na Figura 2 você pode observar modelos tanto com seis vistas como com três. Conceito de perspectiva2 Figura 2. Vistas ortográficas totais e principais. (a) Modelo com seis vistas; (b) modelo com três vistas. Fonte: Kubba (2014, p. 72-33). Desenvolvimento da perspectiva na história das artes e da arquitetura Perspectivas axonométricas Conforme Ferreira, Faleiro e Souza (2008), a palavra perspectiva vem do latim perpectum e significa “ver através” e dá três elementos: 1. ideia de dimensão e volume; 2. sensação de distância; 3. sugere espaço. 3Conceito de perspectiva Segundo o mesmo autor, a axonometria na perspectiva refere-se a uma projeção cilíndrica ortogonal sobre um plano oblíquo em relação às três dimen- sões do corpo a representar. Existem quatro tipos conhecidos de perspectiva axonométricas, que são: � isométrica; � cavaleira; � militar; � dimétrica. Perspectivas isométricas A perspectiva isométrica se desenvolveu em razão da necessidade de se co- nhecer as figuras geométricas e os sólidos geométricos, que apresentam os seus três eixos (x,y,z) igualmente inclinados. Assim, a escala axonométrica é 1:1:1. Catapan (2015) demonstra a representação gráfica de desenhos em que temos inicialmente os hieróglifos, o desenho primitivo, a arte moderna, a planta baixa, a perspectiva exata e o desenho técnico, como você pode ver na Figura 3. Figura 3. Representação gráfica de desenhos. Fonte: Catapan (2015). Conceito de perspectiva4 Além disso, na história, observou-se figuras planas, em que o observador visualizava profundidade no objeto analisado. Com essa observação, foi possível perceber que objetos tinham também sensação de profundidade, além de comprimento e largura, conforme você pode visualizar na Figura 4. Então, foi necessário estudar as técnicas de perspectiva mais adequadas para os desenhos. Figura 4. Ideia de profundidade dos objetos, além do comprimento e largura. Fonte: SENAI (2008). Figuras geométricas são tudo o que pode ser apresentado em um plano por meio de um formato definido. Nas Figuras 5 e 6, respectivamente, você verá alguns objetos que podem ser representados em figuras planas. 5Conceito de perspectiva Figura 5. Objetos (roda e cédula) e suas respectivas formas de figuras planas. Fonte: SENAI (2008). Figura 6. Tipos de figuras planas. Fonte: SENAI (2008). Conceito de perspectiva6 Assim com as observações envolvendo profundidade e o conceito de figuras geométricas, surgiu a necessidade de aprofundamento de figuras planas no conceito de sólidos geométricos, em que uma figura plana tem pontos situados em diferentes planos. Alguns desses sólidos elementares são conhecidos como prismas, cubos e pirâmides. Segundo SENAI (2008), os prismas podem ser conhecidos de cindo formas: triangular, quadrangular, retangular, hexagonal e quadrangular (cubo); e as pirâmides também podem ser conhecidas por cinco formas que são: triangular, quadrangular, retangular, pentagonal e hexagonal. Observe o exemplo da Figura 7. Figura 7. Tipos de prismas e de pirâmides. Fonte: SENAI (2008). Nos desenhos em perspectivas isométricas, temos um ângulo entre os chamados eixos geométricos, que fazem existir sempre a mesma medida de comprimento, largura e altura do objeto. Na Figura 8, você pode ver a indicação dos ângulos que demonstram as linhas isométricas de mesma medida. 7Conceito de perspectiva Figura 8. Eixos isométricos de mesma medida. Fonte: SENAI (2008). Perspectiva cavaleira A perspectiva cavaleira sempre demonstrará a face frontal, conservando a largura e altura reais. Porém, o conceito de profundidade segue uma ordem e depende de um ângulo de inclinação, geralmente nos ângulos de fugantes, em que temos as seguintes reduções: 15º, 30º, 45º, 60º e 75º. Na Figura 9 é possível observar como esse conceito de perspectiva cavaleira é representado em relação aos ângulos fugantes. Figura 9. Formas de perspectiva cavaleira. Fonte: SENAI (2008). Conceito de perspectiva8 No caso apresentado, o símbolo α é denominado ângulo das fugitivas, que é o ângulo em que as linhas fugitivas são representadas. De acordo com Ferreira (2008a), a relação da razão entre o comprimento em perspectiva (deformado) e o comprimento real dos segmentos temos o fator (K), que é o fator de conversão ou os coeficientes de alteração ou deformação. Para a perspectiva cavaleira, os melhores fatores de K se encontram entre 0,5 e 1, ou seja, 50 ou 100% de deformação. Na Figura 10, você pode observar o fator K na perspectiva cavaleira. Figura 10. Fator K de deformação. Fonte: Ferreira (2008a, documento on-line). Para determinarmos o fator K, utilizamos a seguinte fórmula, de acordo com Ferreira (2008a): Ainda em relação aos ângulos de fugantes, utilizam-se as seguintes regras para reduzir as deformações em relação à profundidade: � 15º: reduz-se um quarto (1/4) da fugante; � 30º: reduz-se um terço (1/3) da fugante; � 45º: reduz-se a fugante pela metade (1/2); 9Conceito de perspectiva � 60º: reduz-se a fugante em dois terços (2/3); � 75º: reduz-se a fugante em três quartos (3/4). Perspectiva militar Essa perspectiva apresenta uma projeção cilíndrica oblíqua, na qual o objeto tem uma face paralela ao quadro (plano de projeção). Esse quadro pode ser, por exemplo, o topo de um prédio observado por um pássaro, a observação de um helicóptero das cabanas dispostas em um acampamento, entre outros. Pode ser considerada uma variante da perspectiva cavaleira, e foi assim definida por autores franceses no começo do século XIX. Normalmente, adota-se no observador um ponto acima da linha do horizonte. Na Figura 11 você pode observar uma perspectiva militar do cubo. Figura 11. Perspectiva militar do cubo. Fonte: Toninha (2014, documento on-line). Perspectiva dimétrica A perspectivadimétrica, por ordem de classificação das principais perspectivas, é a menos importante dentre as quatro. A perspectiva dimétrica é uma projeção cilíndrica ortogonal, que é uma das modalidades utilizadas pelo desenho técnico. Diferentemente da isométrica, a dimétrica tem apenas dois eixos projetados em ângulos iguais no quadro, assim há a redução dos coeficientes nos eixos horizontais. Por exemplo, nesse tipo de perspectiva utilizam-se dois coeficientes de redução: r = 1, que apresentam dimensões de verdadeira grandeza nos eixos das alturas e larguras; e r = 0,6 no eixo de profundidade. Conceito de perspectiva10 Temos também uma variável da dimétrica, que é a trimétrica, em que, em vez de dois ângulos, três eixos formam ângulos diferentes com o plano de projeção. Na Figura 12, visualiza-se a diferença entre as perspectivas isométrica, dimétrica e trimétrica. Figura 12. A) Perspectiva isométrica. B) Perspectiva dimétrica. C) Perspectiva trimétrica. Fonte: Ferreira (2008b, documento on-line). Diferenças entre perspectiva isométrica e cavaleira Conforme Ferreira, Faleiro e Souza (2008) a perspectiva isométrica nos dá a ideia de menos deformada em relação ao objeto, o prefixo iso- quer dizer “mesmo, igual” e métrica quer dizer medida. Então, temos que isométrica significa “com as mesmas medidas” na perspectiva. Na Figura 13, verifica-se a diferença entre as duas perspectivas. Figura 13. Comparação de formas de perspectivas. Fonte: Ferreira, Faleiro e Souza (2008, p. 31). 11Conceito de perspectiva Formas diferenciadas de graficação de perspectivas As perspectivas isométricas são representadas por folhas de papel reticulado isométrico ou por programas computacionais, em que se tem o desenho de construção de linhas isométricas para auxiliar a produção de uma perspectiva isométrica. Na Figura 14, temos um exemplo de como desenhar um prisma com o auxílio do papel reticulado. Primeiramente, traçam-se os eixos iso- métricos e, posteriormente, marca-se as medidas de comprimento, largura e altura do prisma. Depois, define-se a face de frente do prisma e traça-se a face de cima, seguida da face da lateral e, por último, apagam-se as linhas de construção. Figura 14. Etapas para produção de uma perspectiva isométrica. Fonte: SENAI (2008). Existem elementos que não são isométricos, por exemplo, as elipses e os planos inclinados. Essas linhas não isométricas não seguem os eixos isométri- cos, no entanto, utilizam-se de pontos nestes eixos para traçagem de formas. Na Figura 15, você pode identificar alguns planos não isométricos, chamados de inclinados e, respectivamente, as fases de construção de uma elipse em um plano reticulado. Conceito de perspectiva12 Figura 15. Planos inclinados e etapas de construção de uma elipse. Fonte: SENAI (2008). Conforme observa-se em Ferreira, Faleiro e Souza (2008), o desenho técnico deve ser normalizado. Assim, a série de normas de desenho técnico baseado nas normas brasileiras (NBRs), que estão de acordo com a ISO internacional são: � NBR 10647: Norma geral de Desenho Técnico. � NBR 10069: Layout e dimensões da folha de desenho. � NBR 10582: Conteúdo da folha para desenho técnico. � NBR 8402: Definição da caligrafia técnica em desenhos. � NBR 8403: Aplicação de linhas para a execução de desenho técnico. � NBR 13142: Dobramento da folha. 13Conceito de perspectiva CATAPAN, M. F. Apostila de Desenho Técnico. Curitiba: Universidade Federal do Paraná, 2015. FERREIRA, R. C. Aula 6: perspectivas. Goiânia: UFG, 2008b. Disponível em: <http://www. agro.ufg.br/up/68/o/7___aula_Perspectiva_Isom__trica.pdf>. Acesso em: 18 mar. 2018. FERREIRA, R. C. Aula 8: perspectiva cavaleira. Goiânia: UFG, 2008a. Disponível em: <http://www.agro.ufg.br/up/68/o/8___aula___Perspectiva_Cavaleira.pdf>. Acesso em: 18 mar. 2018. FERREIRA, R. C.; FALEIRO, H. T.; SOUZA, R. F. Desenho Técnico: apostila de circulação interna da escola de agronomia e eng. de alimentos. Goiânia: UFG, 2008. Disponível em: <https://portais.ufg.br/up/68/o/Apostila_desenho.pdf>. Acesso em: 30 mar. 2018. HOUAISS, A.; VILLAR, M. S. Dicionário Houaiss da língua portuguesa. Rio de Janeiro: Objetiva, 2009. KUBBA, S. A. A. Desenho técnico para construção. Porto Alegre: Bookman, 2014. SENAI. Desenho I: iniciação ao desenho. 3. ed. São Paulo: SENAI, 2008. TONINHA. Aula 4: perspectiva cavaleira e militar. 2014. Disponível em: <http://toninha- -aulas.blogspot.com.br/2014/05/aula-4-perspectiva-cavaleira-e-militar.html>. Acesso em: 18 mar. 2018. Leituras recomendadas FRENCH, T. E.; VIERCK, C. J. Desenho técnico e tecnologia gráfica. 8. ed. São Paulo: Globo, 2005. MANFÉ, G.; POZZA, R.; SCARATO, G. Desenho técnico mecânico: curso completo para as escolas técnicas e ciclo básico das faculdades de engenharia. São Paulo: Hemus, 2004. 3 v. SILVA, A. et al. Desenho técnico moderno. 4. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2006. 14Conceito de perspectiva
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