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1 UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE Faculdade de Gestão de Turismo e Informática Centro de Ensino à Distância Teoria Geral dos Sistemas. Pemba, Outubro de 2020 2 Universidade Católica de Moçambique Faculdade de Gestão de Turismo e Informática Centro de Ensino a Distância Teoria Geral dos Sistemas. Trabalho de carácter avaliativo recomendado pela cadeira de Gestão documental, Curso de Licenciatura em Administração Pública, 4o Ano. Docente: drª. Marlus Zunguza Pemba, Outubro de 2020 3 Índice…………………………………………………………………………………….iii Introdução ...................................................................................................................... 4 Problema ........................................................................................................................ 5 Objectivos ...................................................................................................................... 6 Objectivos específicos: ................................................................................................... 6 Metodologia de trabalho ................................................................................................. 6 1. Desenvolvimento ........................................................................................................ 7 1.2. Evolução histórica do sistema .................................................................................. 7 1.3. Abordagem sistémica ............................................................................................... 7 2. Teoria Geral de Sistemas............................................................................................. 8 2.1. Pressupostos norteadores da TGS: .......................................................................... 10 2.2. Classificação dos sistemas ...................................................................................... 11 2.3. Composição dos sistemas ....................................................................................... 13 2.4. Principais características da estrutura dos sistemas ................................................. 14 2.5. Hierarquia dos sistemas .......................................................................................... 14 2.6. Críticas à Teoria Geral dos Sistemas ...................................................................... 15 2.7. A análise sistémica ................................................................................................. 15 Conclusão ..................................................................................................................... 16 Bibliografia................................................................................................................... 17 iii 4 Introdução A palavra “Sistema” possui uma longa história, apesar de que o termo “Sistema” não era mencionado. Vários pensadores importantes fizeram parte dessa história, como Leibniz, Nicolau de Cusa, Marx e Hegel. Como também fez parte outro precursor dos “Sistemas” foram as “Gestalten físicas”, escritas por Kohler, que seguiam um pensamento parecido, porém se limitava à física, e não tratava de toda a generalidade do problema. De acordo com Chiavenato (2000) a TGS surgiu com trabalhos de biólogo alemão Ludwig Von Bertalanffy. A TGS não busca solucionar problemas ou tentar soluções práticas, mas produzir teorias e formulações conceptuais para aplicações na realidade empíricas. A discussão sobre a teoria dos sistemas, é consubstanciada por pensadores da antiguidade, como Aristóteles, Platão, Sócrates, abordavam conteúdos ligados aos sistemas à medida que procuravam formas de compreender e explicar os acontecimentos, fenómenos da natureza e o comportamento humano. O termo sistema se origina da combinação de dois radicais gregos: syn, que corresponde ao cum latino e significa “junto”, “associado”; e thesis, com significados de “composição”, “união”. Seu sentido literal é um tanto redundante, dando ideia de uma construção solidária, unificada. O presente trabalho tem como objectivo apresentar uma revisão teórica sobre a “Teoria geral de sistemas, ”os pressupostos básicos da abordagem sistémica e sua principal teoria. Através da Teoria Geral dos Sistemas, a abordagem interdisciplinar dos fenómenos passou a ser o modelo de interpretação dos sistemas, advindo principalmente o conceito de sistemas abertos e interdependentes. Com o entendimento da teoria geral de sistemas como um novo paradigma que deveria controlar a construção dos modelos em todas as ciências. O propósito da teoria dos sistemas é investigar pontos em comum entre os diferentes campos de conhecimento e descobrir suas dinâmicas, problemas e princípios (propósito, métodos, ferramentas), a fim de produzir resultados. A teoria geral de sistemas não busca solucionar problemas ou tentar soluções práticas, mas sim produzir teorias e formulações conceituais que possam criar condições de aplicação na realidade empírica. 5 Problema A teoria geral dos sistemas surgiu pela necessidade de se buscar novas orientações para a ciência. Essa necessidade, por sua vez, apontou para a fragmentação da visão mecanicista como uma dificuldade para a compreensão dos problemas colocados pela complexidade do mundo moderno. Ou seja, a análise por meio das séries causais isoláveis e o tratamento por partes se mostraram insuficientes para atender aos problemas teóricos, notadamente nas ciências biossociais e aos problemas trazidos através da tecnologia moderna. Porém, diante das demais dificuldades de perceber os pressupostos básicos para a teoria, delimitaram-se a seguinte problemática: "Quais são as premissas básicas da teoria geral dos sistemas"? A finalidade primordial é a de oferecer uma explicação aplaudível e consistente, que possa contribuir na busca de soluções adequadas e favoráveis ao excelente desempenho dos sistemas ou mesmo da teoria geral dos sistemas. O propósito desta pesquisa é explicar os fundamentos, princípios das teorias gerais dos sistemas como algo necessário para o desenvolvimento das organizações e das sociedades. 6 Porém, para o alcance do resultado anunciado neste estudo, foram determinados os seguintes objectivos de carácter gerais e específicos: Objectivos geral Elucidar de forma clara e objectiva sobre a teoria geral dos sistemas. Objectivos específicos: Apresentar no referencial teórico, da teoria dos sistemas e sua aplicabilidade; Identificar os elementos da teoria geral dos sistemas; Caracterizar os elementos da teoria geral dos sistemas; Descrever a origem e tipos de teoria dos sistemas. Portanto, espera-se que os conteúdos contidos no presente trabalho venham a corresponder os objectivos para qual foi elaborado e, tendo-se em conta de trabalho cientifico a colaboração dos demais poderá ser uma aposta para melhor compreensão. Metodologia de trabalho O trabalho em apresso foi elaborado através de pesquisa bibliográfica que, segundo Marconi e Lakatos (2003), “a pesquisa bibliográfica é um apanhado geral sobre os principais trabalhos já realizados (livros, revistas e publicações), revestidos de importância, por serem capazes de fornecer dados actuais e relevantes relacionados com o tema”. A abordagem metodológica privilegiada neste trabalho é o estudo exploratório, com bases assentes napesquisa bibliográfica. acessos a artigos elaborados para a Internet e artigos de revistas especializadas, disponíveis ao público em geral. Contudo, por meio de pesquisa bibliográfica, foram abordados conteúdos sobre teoria dos sistemas, com o objectivo de definir cada um, buscando elucidar a importância da teoria geral dos sistemas para o conhecimento integral. Nesse sentido, as teorias e práticas contemporâneas têm apontado os indivíduos como sendo a dimensão que merece maior destaque, uma vez que o retorno esperado é sempre frutuoso. 7 1. Desenvolvimento Serão abordados os seguintes conteúdos, como Evolução histórica do sistema, Abordagem sistémica, Teoria Geral de Sistemas, Pressupostos norteadores da TGS, Classificação dos sistemas, Composição dos sistemas, Principais características da estrutura dos sistemas, Hierarquia dos sistemas, Críticas à Teoria Geral dos Sistemas, A análise sistémica, Conclusão, Bibliografia. 1.2. Evolução histórica do sistema Os trabalhos de Von Bertalanffy, publicados entre 1950 e 1968, deram origem à Teoria Geral de Sistemas (TGS), que aponta para uma tendência de integração das ciências naturais e sociais. Esta teoria, ao desenvolver princípios unificadores, aproxima-se dos objectivos de “unidade científica” e da visão de abrangência dos campos do conhecimento, propaladas neste período. A aplicação da Teoria Geral dos Sistemas – TGS – teve início nos Estados Unidos nas primeiras décadas do século XX, em conformidade com o avanço da Cibernética. Bertalanffy (2008). De uma forma genérica, a TGS demonstra que aquilo que modifica condições iniciais de determinado elemento transformando-o em um estado final mudando seus componentes é considerado sistema. A TGS surgiu pela necessidade de se buscar novas orientações para a ciência. Essa necessidade, por sua vez, apontou para a fragmentação da visão mecanicista como uma dificuldade para a compreensão dos problemas colocados pela complexidade do mundo moderno. (Bertalanffy 2008). 1.3. Abordagem sistémica “Sistema pode ser definido como um complexo de elementos em interacção” (Bertalanffy, 1975, p.84). “Considera-se sistema um conjunto de elementos interdependentes, ou um todo organizado, ou partes que interagem formando um todo unitário e complexo” (Bio, 1985, p.18). “Sistema é um conjunto de partes interagentes e interdependentes que, conjuntamente, formam um todo unitário com determinado objectivo e efectuam determinada função” (Oliveira, 1990, p.31). ”Sistema é um conjunto de elementos interdependentes ou um todo organizado, ou partes que interagem formando um todo unitário e complexo” (PADOVEZE, 2007, p.8). 8 Portanto, a definição de sistemas o constitui como conjuntos de elementos que se relacionam entre si, com certo grau de organização, procurando atingir um objectivo ou uma finalidade. É um elemento dinamicamente relacionado, formando uma actividade para atingir um objectivo, operando sobre dados/energia/matéria para fornecer informação/energia/matéria. 2. Teoria Geral de Sistemas A Teoria Geral dos Sistemas (TGS) apresenta-se como uma forma de organização de sistemas complexos que podem ser representados como uma base para a unificação dos conhecimentos científicos nas últimas décadas. Bertalanffy (1975) utilizou este conceito para descrever as características principais das organizações como sistemas, pouco antes da Segunda Guerra Mundial, antes mesmo da criação da cibernética, da engenharia de sistemas e outros campos afins. A Teoria Geral dos Sistemas tem por objectivo identificar as propriedades, princípios e leis característicos dos sistemas, em geral, independentemente do tipo de cada um, da natureza de seus elementos componentes e das relações entre eles. Na visão de PADOVEZE (2007), a Teoria Geral dos Sistemas se baseia em três princípios básicos: a) Expansionismo; b) Pensamento sintético; c) Teleologia. A Teoria Geral dos Sistemas permitiu o surgimento da Cibernética e influiu na Teoria Geral da Administração, redimensionando totalmente suas concepções. Foi uma verdadeira revolução do pensamento administrativo. A teoria administrativa passou a pensar sistemicamente. Três teorias são fruto da TGS: Tecnologia e Administração; Teoria Matemática da Administração e; Teoria de Sistemas. Os pressupostos básicos da Teoria Geral de Sistemas (TGS) são (CHIAVENATO, 1993): Existe uma nítida tendência para a integração nas várias ciências naturais e sociais; Essa integração parece orientar-se rumo a uma teoria dos sistemas; 9 Essa teoria de sistemas pode ser uma maneira mais abrangente de estudar os campos não-físicos do conhecimento científico, especialmente as ciências sociais; Essa teoria de sistemas, ao desenvolver princípios unificadores que atravessam verticalmente os universos particulares das diversas ciências envolvidas, aproxima nos do objectivo da unidade da ciência; Isto pode nos levar a uma integração muito necessária na educação científica. Um dos principais conceitos da T.G.S. versa sobre o termo sistema. Segundo Stair e Reynolds (2011, p.06) um sistema “é um conjunto de elementos ou componentes que interagem para se atingir objectivos”. Os próprios elementos e as relações entre eles determinam como o sistema trabalha. Stair e Reynolds (2011, p.06 ) define, um sistema como “um conjunto de elementos ou componentes que interagem para se atingir objectivos”, e Chiavenato (1983, p.515) define como “um conjunto de elementos interdependentes e interagentes”. Dessa forma, complementamos que um sistema caracteriza-se por um conjunto de elementos dinamicamente relacionados entre si, desempenhando uma actividade ou função para atingir um objectivo comum. De acordo com Bertalanffy (1977, p. 57), o criador da Teoria do Sistema Geral - TGS, sistema é o “conjunto de unidades em inter-relações mútuas”. Para Morin (1977, p. 99) o sistema é “uma inter-relação de elementos que constituem uma entidade ou unidade global”. Segundo Durand apud Branco (1999) a teoria dos sistemas é regida por quatro conceitos principais: A interacção entre os elementos do sistema é a acção recíproca que modifica o comportamento ou a natureza desses elementos. Diferentemente do estabelecido pela ciência clássica, a relação entre dois elementos A e B não é obrigatoriamente uma simples acção causal de A sobre B, mas pode ser representada por uma acção dupla, recíproca, entre ambas; A totalidade, um sistema não é uma soma de elementos, como faria supor um raciocínio cartesiano; ao contrário, o sistema é um todo não redutível às suas partes. O todo é mais que uma forma global: ele implica o aparecimento de qualidades emergentes as quais não existiam nas partes; A organização, deve ser caracterizada por um certo grau de estabilidade, sem a qual não poderia ser descrita em determinado instante; A complexidade, segundo Durand, depende do número de elementos e número de tipos de relações ligando, entre si, os elementos do sistema. A complexidade caracteriza aquilo que poderia ser denominado originalidade do sistema em termos de identidade, e mede a riqueza de informações que ele contém. O pensamento sistémico pode ser chamado de Teoria Geral dos Sistemas aplicada e pode ser descrito como: Uma metodologia de projecto; 10 Uma nova classe de método científico; Uma teoria de organizações; Um método relacionado à engenharia de sistemas, à pesquisa operacional, à análise custo/benefício. O pensamento sistémico tem um sentido mais geral e não se preocupa com um tipo particular de sistema. 2.1. Pressupostos norteadores da TGS: Segundo Chiavenato (1983), os pressupostos norteadores da Abordagem Clássica são: Reducionismo: De acordo com esse pressuposto, todos os sistemas podem ser decompostos até chegarmos em um elemento indivisível, seus elementos fundamentais. Trata-se de encontrara menor parte do sistema, mais simples e indivisível. Pensamento analítico: Forma de raciocinar que utiliza o pressuposto do reducionismo como filosofia. Mecanicismo: Pressuposto que relaciona que as causas de determinado evento podem ser claramente determinadas. Estabelece, portanto a simples relação de causa-efeito entre os eventos. Ainda citando Chiavenato (1983), o paradigma da Abordagem Sistémica vem substituindo a Abordagem clássica e seus respectivos pressupostos dando lugar à: Expansionismo: Os sistemas são formados por outros sistemas, e interagem entre si. Dessa forma, os sistemas podem ser decompostos em partes menores, mas essas partes não são independentes; Pensamento Sintético: Forma de raciocinar que utiliza o pressuposto do expansionismo como filosofia. A abordagem sistémica entende que sistemas existem dentro de sistemas, por isso o evento é explicado como parte um sistema maior. Teleologia: Sendo o sistema parte de um todo maior, as causas não podem ser definidas como suficientes para um dado evento acontecer. Outra (s) variável (eis) pode (m) existir com essa condição, sendo muitas vezes imprevisível sua definição. Os pressupostos básicos para a teoria de Bertalanffy (1975) foram os seguintes: Há uma tendência geral no sentido da integração nas várias ciências, naturais e sociais; Esta integração parece centralizar-se em uma teoria geral dos sistemas; Esta teoria pode ser um importante meio para alcançar uma teoria exacta nos campos não físicos da ciência; Desenvolvendo princípios unificadores que atravessam “verticalmente” o universo das ciências individuais, esta teoria aproxima-nos da meta da unidade da ciência; Isto pode conduzir à integração muito necessária na educação científica. 11 Essa teoria é essencialmente totalizante, pois os sistemas não podem ser plenamente compreendidos apenas pela análise separada e individualizada de cada uma de suas partes. Seguindo essa premissa, a TGS se baseia na compreensão da dependência recíproca de todas as disciplinas e da necessidade de sua integração. 2.2. Classificação dos sistemas Os sistemas podem ser classificados de acordo com vários critérios. Segundo o critério funcional, proposto por Forster, Rapoport e Trucco, conforme: Sistemas isolados são aqueles que, a partir das condições iniciais, a priori, não sofrem mais nenhuma perda nem recebem energia ou matéria do ambiente que os circunda. Sistemas não isolados mantêm relações com os demais sistemas do universo, podendo ser subdivididos em: Fechados quando há permuta de energia (recebimento e perda), mas não de matéria com o meio externo. abertos, mais comuns de todos são aqueles onde ocorrem trocas contínuas de matéria, energia e informação com o ambiente. Segundo Oliveira (1990), devem ser considerados, no mínimo, três níveis de hierarquia dos sistemas: O sistema, propriamente dito; Os subsistemas e; O super sistema ou ecossistema. Von Bertalanffy (1968), classifica os sistemas, quanto à sua natureza, em sistemas fechado ou aberto, onde: Sistemas fechados: são sistemas considerados isolados do ambiente, são hermético a qualquer influência ambiental. O termo é aplicado a sistemas totalmente estruturado, onde elementos e relacionamentos são combinados em um forma peculiar e rígida, produzindo uma saída invariável, como as máquinas. Sistemas abertos: são aqueles sistemas que mantêm uma troca de matéria e energia com o meio ambiente, por meio de entradas e saídas. Esses sistemas são adaptativos para sobreviver. Sua estrutura é óptima quando todos os elementos do sistema são organiza, aproximando-se de uma operação adaptativa. Em geral, a abordagem contida na teoria geral dos sistemas tenta compreender o funcionamento da sociedade, de uma perspectiva holística e integrativa, onde importantes são as relações entre os componentes. Para Chiavenato (1993), os sistemas possuem ainda duas outras classificações. Quanto à constituição, podem ser: Físicos ou concretos, i.e., objectos reais (e.g. hardware) e; Abstractos, i.e., planos, hipótese e ideias (e.g. software). Relativamente à natureza, podem ser: 12 Fechados, i.e., não se relacionam com o ambiente, não influenciando nem recebendo influência do meio externo e; Abertos, i.e., se relacionam com o ambiente, através de entradas e saídas. Os sistemas abertos, por uma questão de essência e propósito, não podem viver isolados, mas antes, devem adaptar-se constantemente às condições do ambiente. A adaptabilidade é um processo contínuo de aprendizagem e auto-organização do sistema. Mesmo os sistemas ditos “fechados”, i.e., que têm um comportamento totalmente programado, precisam operar com alguma interferência do ambiente. O intercâmbio do sistema com o ambiente, de acordo com Chiavenato (1993), Katz & Khan (1987) e Oliveira (1990), atende aos propósitos de eficiência e coerência com os objectivos propostos. No entanto, como esta dinâmica não é de todo homogénea, verificam- se formas diferenciadas de entropia (e.g. negativa ou positiva). Ainda, segundo estes autores, é a “informação potencial” que permite a um sistema aberto efectuar a auto-organização e a transformação da entropia positiva em entropia negativa. Chiavenato (1993), comenta que, funcionamento do sistema ocorre de modo sinergético, i.e., num esforço coordenado das partes para alcançar os objectivos do todo. Os esforços devem ser, portanto, combinados, para atingir uma melhor utilização das partes, visando sempre à obtenção de um resultado que será maior do que a soma dos resultados parciais (Chiavenato, 1993, p. 492). Aliás, faz-se um adendo, para dizer que a sinergia é exactamente o que faz com que “todo” e “total” sejam conceitos qualitativamente diferentes dentro da abordagem sistémica. Para Morin (1977), o “sistema” é, tudo aquilo que um observador considera como autónomo e emergente. Por outro lado, “subsistema” é aquilo que é considerado como integrante e dependente. Tal como diz o próprio autor, as fronteiras entre ambos são intercambiáveis. De modo que um sistema pode ser subsistema de um outro, e assim por diante, consoante a qualidade das relações verificadas entre eles. Desta forma, o sistema - ou emergência - tem um grau de autonomia maior do que os subsistemas - ou subordinações – e, ao mesmo tempo, menor do que o ecossistema, sendo este último, uma emergência do próprio sistema observado. As unidades ou elementos que são as partes componentes do sistema possuem atributos ou qualidades que imprimem características a elas e ao sistema. Sendo assim, dependendo do tipo de sistema, podem-se eleger propriedades para melhor descrever as suas partes. A retro alimentação do sistema ou feedback pode ser considerado como a reintrodução de uma saída sob a forma de informação. 13 2.3. Composição dos sistemas Um sistema é composto por vários elementos, dando uma noção de conjunto que busca produzir informações baseadas nas informações a que ele se destina. Para PADOVEZE (2007) os componentes básicos de um sistema são: Objectivos do sistema; Ambiente do sistema ou processamento; Entradas do sistema; Componentes do sistema; Saídas do sistema; Administração ou controle do sistema e Avaliação do sistema Já CHURCHMAN (apud, PADOVEZE, 2007,p.10) diz que os componentes de um sistema são: Os objectivos totais do sistema e , mais especificamente, as medidas de rendimento do sistema inteiro; O ambiente do sistema: as coações fixas; Os recursos do sistema; Os componentes do sistema, suas actividades, finalidades e medidas de rendimento; A administração do sistema Para OLIVEIRA (apud, PADOVEZE, 2007,p.10) define como componentes: Objectivos do sistema; Entradas do sistema; Processo de transformação; Saídas do sistema; Controles e avaliação do sistema; Retro alimentação, realimentação ou feedback do sistemaOs objectivos do sistema são aqueles para qual o mesmo foi desenvolvido, ele é criado para suprir uma necessidade. Regularmente deve ser feito um acompanhamento do seu rendimento, ou seja, é aconselhável verificar se o objectivo está ou não sendo atingido para que através dessa verificação, seja identificado se o mesmo precisa ou não de melhoramentos. Uma visão, ainda que pouco profunda, não obstante a complexidade da temática, nos permite apontar alguns aspectos importantes que devem ser considerados no estudo dos sistemas, segundo Christofoletti (1980), tais como: Matéria: corresponde ao material que vai ser mobilizado através do sistema; Energia: corresponde às forças que fazem o sistema funcionar, gerando a capacidade de realizar trabalho; 14 Estrutura do sistema: é constituída pelos elementos e suas relações, expressando-se através do arranjo de seus componentes. Para OLIVEIRA (apud, PADOVEZE, 2007) considera que “ambiente de um sistema é como um conjunto de elementos que não pertencem ao sistema, mas que qualquer alteração no sistema pode mudar ou alterar os elementos e qualquer alteração nos elementos pode mudar ou alterar o sistema”. 2.4. Principais características da estrutura dos sistemas De forma geral, todos os sistemas apresentam quatro características, as quais estão directamente relacionadas com a sua própria definição (CHIAVENATO, 1993): Propósito ou objectivo: Todo sistema tem um ou alguns propósitos ou objectivos. As unidades ou elementos, bem como os relacionamentos, definem um arranjo que visa sempre a um objectivo a alcançar. Sem esse objectivo definido, as unidades que desempenham tarefas e papéis específicos frutos justamente do objectivo, não sabem porque realizar seu trabalho. Globalismo ou totalidade: Qualquer estimulação em qualquer unidade do sistema afectará todas as demais unidades, devido ao relacionamento existente entre elas. Entropia: Originalmente, "entropia" (troca interior) surgiu do grego entrope = uma transformação; em (en - em, sobre, perto de...) e sqopg (tropêe - mudança, o voltar se, alternativa, troca, evolução...). Homeostasia: De origem grega, a palavra homeostasia significa equilíbrio, homeos = semelhante; statis = situação. Hipócrates acreditava que o organismo possuía uma forma de ajuste para manter sua estabilidade, afirmando que as doenças eram curadas por poderes naturais. Na óptica Chistofoletti (1980), três características principais das estruturas devem ser observadas: i. Tamanho – é determinado pelo número de variáveis que o compõem. Quando o sistema é composto por variáveis que estão completamente inter-relacionadas; ii. Correlação – a correlação entre as variáveis em um sistema expressa o modo pelo qual elas se relacionam; iii. Causalidade – a direcção da causalidade mostra qual é a variável independente, a variável que controla, e a dependente, aquela que é controlada, de modo que a última só sofre modificações se a primeira se alterar. 2.5. Hierarquia dos sistemas Na visão Chistofoletti (1980), alega que o princípio básico do estudo de sistemas é o da conectividade. Pode-se compreender um sistema como um conjunto de elementos com um conjunto de ligações entre esses elementos; e um conjunto de ligações entre o sistema e seu ambiente. 15 Para o autor menciona que, qualquer alteração na permuta de energia com o meio ambiente coloca o sistema diante de três possibilidades: O nível de energia do sistema elevar-se-á no período seguinte; O nível de energia permanecerá constante; O nível de energia diminuirá. Acresça-se que, conforme as propriedades individuais dos subsistemas, uma mesma influência externa poderá ocasionar consequências diferentes. Nesse sentido, a entropia, aqui entendida como equilíbrio, estabilidade de energia actuante em um sistema, sofrerá consequentemente, alterações. 2.6. Críticas à Teoria Geral dos Sistemas Vale rever que a Teoria Geral dos Sistemas deveria trazer, como resultado da aplicação em diferentes campos, uma meta teoria de sistemas, expressa em termos matemáticos, Senge (2002). As críticas que a TGS sofreu em seus primeiros anos deveram-se justamente à linguagem matemática para modelar e expressar os sistemas. O problema com essa teoria. em função de sua generalidade, é a falta de conteúdo. O formalismo muitas vezes prejudica o conteúdo semântico do modelo. Para ele, o progresso nesse movimento de sistemas parece vir mais da aplicação de ideias de sistemas dentro de uma área específica, como a informática, por exemplo, do que do desenvolvimento da própria teoria. A conjunção de todos esses factores em sistemas complexos torna praticamente impossível saber a função total do sistema, que só pode ser determinada por métodos em que prevalece a convolução, Senge (2002). 2.7. A análise sistémica A análise de sistemas pode ser tratada como sinónimo de pesquisa operacional, análise custo/benefício, análise operacional, etc. Quando essa expressão é associada a um sistema particular, como análise de cargos e salários, análise de organização e método, análise de custos, etc., já está acontecendo uma restrição em relação ao conceito original. O mesmo vale para a expressão análise de sistemas de informação. Mesmo que se tenha muito a aprender com os chamados sistemas naturais (sistemas não projectados pelo homem), tais como o corpo humano, a expressão “análise de sistemas” está fortemente relacionada aos sistemas artificiais (projectados e construídos pelo homem), envolvendo ou não seres humanos. 16 Conclusão O termo sistema se origina da combinação de dois radicais gregos: syn, que corresponde ao cum latino e significa “junto”, “associado”; e thesis, com significados de “composição”, “união”. Seu sentido literal é um tanto redundante, dando ideia de uma construção solidária, unificada. O sistema é um conjunto de unidades reciprocamente relacionadas: decorrem de dois conceitos o do propósito e de globalismo, proporciona uma visão compreensiva, abrangente, holística, em que as totalidades representam mais que a soma de suas partes e gestáltica onde o todo é maior que a soma das partes, de um conjunto de coisas complexas, dando-lhes uma configuração e identidade total. A Teoria geral de sistemas tem como objectivo analisar a natureza dos sistemas e a inter-relação entre suas partes, assim como a inter-relação entre eles em diferentes espaços, e ainda, as suas leis fundamentais dos sistemas. A teoria dos sistemas representa algumas mudanças de perspectivas sob alguns aspectos: Das partes para o todo. Através da teoria dos sistemas, o foco não é mais o objecto de estudo de cada área, mas sim as relações entre essas diferentes áreas; De medição para mapeamento dessas relações; De análises quantitativas para análises qualitativas de dados; De conhecimento objectivo para conhecimento epistemológico. A importância da teoria geral de sistemas é significativa tendo em vista a necessidade de se avaliar a organização como um todo e não somente em departamentos ou sectores. O mais importante ou tanto quanto é a identificação do maior número de variáveis possíveis, externas e internas que, de alguma forma, influenciam em todo o processo existente na organização. Outro factor também de significativa importância é o feedback que deve ser realizado ao planeamento de todo o processo. 17 Bibliografia COSTA, R. S.; FREITAS, H.; ANDRIOTTI, F. K. (2007). Uma reflexão sobre o uso da teoria sistémica para a compreensão do fluxo da informação nas organizações. Revista Electrónica GIANTI, Porto Alegre. Coronado, Luis Guillermo. (2000). “Critica a Teoria Geral dos Sistemas. Teoria de Redes como complemento”. Conferência: Engenharia e Ciência, Universidade de Costa Rica, Costa Rica. Bertalanffy LV (2008) Teoria Geral dos Sistemas: fundamentos, desenvolvimento eaplicações. Petrópolis, Vozes. Bertrand C, Bertrand G (2002) Une Géographie Traversière. L’environnement à travers territoires et temporalites. Paris, Éditions Arguments. ______(1971) Paisagem e Geografia Física Global. Esboço Metodológico. Ross J (2006) Ecogeografia do Brasil: subsídio para planeamento ambiental. São Paulo, Oficina de Textos STAIR, Ralph M.; REYNOLDS, George W. (2011). Princípios de Sistemas de Informação. Ed.: Cengage Learning. 2011.
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