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Da cessão de crédito - artigos comentados

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DA TRANSMISSÃO DAS OBRIGAÇÕES 
Da Cessão de Crédito 
As transmissões das obrigações compreendem: 
a) A cessão de crédito: Art.286 ao Art.298 
a) A assunção de dívida (cessão de débito): Art.299 ao art.303 
 
Transmissão das obrigações = transferir uma obrigação de uma pessoa (natural ou jurídica) para outra 
pessoa (natural ou jurídica) 
- Quando a transmissão de uma obrigação se dá na parte ativa da relação obrigacional, quando um 
credor transfere o seu direito de crédito para outra pessoa = cessão de crédito 
Cessão de crédito= é o negócio jurídico mediante o qual o credor transfere para outra pessoa os seus 
direitos de crédito da relação obrigacional 
Cedente = credor que cedeu o crédito 
Cessionário = pessoa que recebeu o direito de crédito do cedente 
- Quanto a extensão do crédito, a cessão de credito pode ser: 
a) Total = quando o credor transmite todos os seus direitos de crédito para outra pessoa 
b) Parcial = quando o credor transmite apenas parte de seus direitos de crédito para outra pessoa 
- Quanto as obrigações que as cessões de crédito podem gerar: 
a) a cessão de crédito a título gratuito - ocorre quando o credor transmite a obrigação gratuitamente 
b) a cessão de crédito a título oneroso - ocorre quando o credor transmite a obrigação em troca de 
uma remuneração 
- Quanto à origem, a cessão de crédito pode ser: 
a) Convencional - quando a cessão de credito é determinada pela livre vontade do cedente e do 
cessionário 
b) Legal - quando a cessão de crédito é determinada pela Lei 
c) Judicial - quando a cessão de crédito é determinada por decisão Judicial 
 
Art. 286 
Regra = o credor pode ceder o seu crédito 
Exceções = nos casos previsto no art.286 
Quais são as exceções: 
1. Quando a cessão de crédito se opuser a natureza da obrigação 
Nem todo direito pode ser cedido. Ex. direitos personalíssimos (alimentos); direitos da 
personalidade... 
2. Quando a lei não permitir 
Ex. O art.298 diz que o crédito, uma vez penhorado, não pode mais ser transferido pelo credor. Sendo 
assim, o credito que já foi penhorado não pode ser cedido pelo credor porque a lei não permite 
3. Quando as partes convencionaram que o crédito não poderia ser cedido 
= clausula proibitiva de cessão 
+ A cláusula proibitiva da cessão não poderá ser oposta ao cessionário de boa-fé, se não constar do 
instrumento da obrigação = a cláusula contratual que proíbe a cessão de credito tem de constar 
expressamente no contrato (instrumento) para poder ser exigida 
 
Art.287 
Quando o credor ceder o seu credito para outra pessoa, ele também estará cedendo os acessórios desse 
crédito 
Princípio da gravitação jurídica = os acessórios acompanham o principal 
Ex. De acessórios de um crédito: juros, multa, fiança, aval, hipoteca, penhor, etc. 
+ É possível ceder o credito sem ceder os acessórios, pois essa regra se aplica salvo disposição em 
contrário, ou seja, poderá estar disposto no negócio jurídico que o credor cede seu credito para outra 
pessoa mas não cede os acessórios do crédito 
 
Art.288 
A cessão de crédito é um negócio jurídico não solene (de forma livre) ou seja, não uma forma especial 
de ser realizada, mas a cessão de credito tenha eficácia em relação a terceiros, devera obedecer aos 
requisitos o art. 288 que são: 
1) ser realizada por instrumento público - é aquele realizado por Escritura Pública, elaborado por um 
tabelião 
Ou 
2) ser realizada por instrumento particular que obedeça às solenidades previstas no art. 654, §1°, do 
CC. - é o negócio jurídico realizado entre as partes, não é confeccionado no Tabelionato (Cartório) 
O documento particular que originou a cessão de credito devera obedecer aos seguintes critérios (art. 
654, §1°, do CC) 
1. Lugar em que foi passada a cessão 
2. A qualificação do cedente e do cessionário, devendo constar no documento nome completo, 
identidade, cpf. etc. 
3. a data em que foi realizada a cessão de crédito 
4. a indicação exata do objeto e da extensão da cessão 
A cessão deverá ser registrada em cartório, conforme determina a lei dos registros públicos (Lei 
n.6.015/73) 
 
 
Art. 289 
Crédito hipotecário = é quando um bem imóvel é oferecido pelo devedor ao credor como garantia para 
pagamento de uma dívida / é um direito de garantia de natureza real (art.1473 do CC) p assegurar a 
eficácia de um dir. pessoal (divida) 
 Cessionário de crédito hipotecário -> quando o credor recebe um credito hipotecário como 
garantia do pagamento de uma dívida e, posteriormente, o Credor transfere (cede) o crédito 
hipotecário para outra pessoa, essa pessoa que recebeu o credito hipotecário será chamada 
de... 
Cedente do crédito hipotecário = credor que transfere (gratuita ou onerosamente) o seu crédito 
hipotecário para outra pessoa 
Cessionário do crédito hipotecário = pessoa que recebe o crédito hipotecário do credor 
 Averbação no registro do imóvel é o ato de inserir modificações que possam ter havido no 
registro do imóvel 
- O art. Institui que o cessionário do crédito hipotecário tem o direito de averbar no registro do 
imóvel a cessão do crédito para que conste no registro público do imóvel e gere efeitos em relação a 
terceiros (erga omnes), assim todos que tiverem acesso ao registro do imóvel saberão que houve uma 
cessão de crédito hipotecário 
 
Art.290 
 O credor pode ceder o seu crédito para outra pessoa sem o consentimento do devedor? Sim 
- O art. diz que a notificação do devedor tem o objetivo de comunicar ao devedor que ele deverá pagar 
a dívida para o atual credor (cessionário) e não para o credor originário (cedente) 
Ou seja, o fato de o devedor não ter sido notificado da cessão de crédito apenas torna ineficaz a cessão 
em relação a ele (devedor), mas não invalida a cessão de crédito feita entre o cedente e o cessionário 
+ A notificação do devedor pode ser realizada tanto pelo devedor cedente quanto pelo cessionário 
+ Se o devedor, seja por escrito público ou seja por escrito particular, declarar-se ciente da cessão de 
crédito, essa declaração terá o mesmo efeito da notificação 
Ex. se um devedor paga ao cedente por falta de notificação da cessão, ele não é obrigado a pagar 
novamente. Visto que, como João não foi notificado da cessão de crédito, ela será ineficaz em relação 
a ele. 
 
Art.291 
- Se o cedente fizer várias cessões do mesmo crédito, vai valer a cessão que ocorreu pela tradição 
(entrega) do título do crédito cedido 
 
Art.292 
1. Se o devedor não for notificado da cessão de crédito = o devedor ficará desobrigado (extingue-
se a obrigação) se pagar a dívida para o credor originário (primitivo) 
2. Se forem feitas mais de uma cessão do mesmo crédito e o devedor for notificado de mais de 
uma cessão = o devedor ficará desobrigado se pagar a dívida para o cessionário que apresentar o 
título do crédito cedido (juntamente com o título da cessão) 
3. Se forem feitas mais de uma cessão do mesmo crédito por escritura pública = o devedor ficará 
desobrigado se pagar para o cessionário cuja cessão o devedor foi notificado por primeiro 
 
Art.293 
- Após a cessão de crédito, o cessionário passa a ser o novo credor e passa a ter os mesmos direitos 
que possuía o credor originário (cedente) 
O cessionário pode exercer os atos conservatórios do direito cedido (art.293), tais como: 
a) averbar a cessão no registro do imóvel 
b) notificar o devedor para o constituir em mora 
c) interromper a prescrição 
d) ajuizar ação de fraude contra credores (ação Pauliana) 
e) protestar o título da divida 
f) inscrever o nome do devedor nos órgãos de proteção ao crédito (SPC e Serasa) etc. 
 
Art. 294 
O devedor pode opor exceções: 
1. contra o cessionário - as exceções que lhe competirem 
2. contra o cessionário em relação ao cedente - por fatos ocorridos até o momento em que veio a ter 
conhecimento da cessão 
Exceções = é a defesa interposta a uma pretensão em um processo judicial 
 
Art.295 
Cessão de crédito a título oneroso = ocorre quando o credor cede o credito em troca de remuneração 
Cessão de crédito a título gratuito = ocorre quandoo credor cede o crédito gratuitamente 
- Quando o cedente faz uma cessão de crédito onerosa, o cedente será responsável perante o 
cessionário pela existência do crédito ao tempo em que lhe cedeu. No momento em que foi realizada 
a cessão do crédito, o crédito necessariamente tem de existir sob pena de configurar-se o 
enriquecimento ilícito do cedente 
- Na cessão de crédito por título gratuito, o cedente fica responsável pela existência do crédito ao 
cessionário se tiver procedido de má-fé 
 
Art.296 
Cessão pro soluto = o cedente não responde pela solvência do devedor 
Cessão pro solvendo = o cedente responde pela solvência do devedor 
- O art. diz que, se o contrato silenciar quanto à responsabilidade do cedente pela solvência do 
devedor, o cedente não será responsável pela solvência do devedor e, consequentemente, o cedente 
não será responsável pelo pagamento da dívida 
Para que o cedente seja responsável pela solvência do devedor, a responsabilidade tem de estar 
expressa no negócio jurídico firmado entre o cedente e o cessionário 
 
Art.297 
Se a cessão for pro solvendo, o cedente deverá devolver para o cessionário o valor que recebeu pela 
cessão de crédito (exceto se no contrato constar um valor menor) + juros + despesas com a cessão + 
despesas com a cobrança 
 
Art.298 
1. O credito, uma vez penhorado, não pode mais ser transferido pelo credor que tiver conhecimento 
da penhora 
2. Se o devedor não tiver sido notificado da penhora do crédito do credor, e pagar a dívida diretamente 
para o credor, o devedor não terá responsabilidade e não precisará pagar a dívida novamente 
3. Se o devedor não tiver conhecimento da penhora sobre o crédito e pagar a dívida para o credor, o 
devedor não terá responsabilidade (não precisará pagar a dívida novamente) e o terceiro somente vai 
poder cobrar o valor do próprio credor (credor do crédito penhorado) e não do devedor 
 
	DA TRANSMISSÃO DAS OBRIGAÇÕES

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