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Direito das Sucessões

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Direito das Sucessões
INTRODUÇÃO
O livro das sucessões é o último do Código Civil, porque ele lida com o último ato da vida civil: a morte. Assim, a morte da início à sucessão.
A palavra sucessão deve ser entendida da seguinte forma:
SUCESSÃO: vir depois, tomar o lugar de alguém.
Essa substituição pode se dar de forma objetiva (objeto presente na relação jurídica) ou subjetiva (sujeito de direitos e deveres da relação jurídica e que recai sobre o objeto da relação).
Essa palavra ainda pode ser entendida de forma ampla ou estrita. Em sentido amplo, entendemos a sucessão como todo e qualquer ato e espécie de substituição do titular de direito que recai sobre o bem (Ex.: quando uma pessoa doa/vende um bem para outrem, há uma sucessão, porque há uma substituição do titular dos direitos sobre o bem). A sucessão em razão da morte de alguém (sucessão mortis causa) é a sucessão em sentido estrito. 
O livro das sucessões apenas trata da sucessão em razão da morte/óbito, ou seja, apenas trata da sucessão em sentido estrito. Assim, o livro das sucessões trata do caso em que a pessoa vem a falecer, perde a sua personalidade civil, deixando patrimônio.
O direito à herança é uma garantia até mesmo constitucional, de forma que o direito a herança é garantido indistintamente a todos:
	Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: XXX - é garantido o direito de herança;
Diante disso, entendemos o Direito das Sucessões como conjunto de normas e de princípios que regulam a transmissão de patrimônio de alguém que morreu a seus sucessores.
Em termos de conteúdo, o próprio livro das sucessões e Maria Helena Diniz dividem o direito sucessório de forma quadripartida (em quatro partes):
· Da sucessão em geral: Disposições gerais aplicáveis ao direito sucessório, as regras gerais.
· Sucessão Legítima: A lei indica o destino que será dado e determinado ao patrimônio.
· Sucessão Testamentária: Pressupõe a existência de ato de disposição de última vontade, que pode ser um testamento ou um codicilo.
· Inventário e Partilha: consiste no procedimento para transmissão e divisão do acervo que foi deixado aos herdeiros. A última etapa do inventário é a partilha, lembrando que inventário é o procedimento necessário e obrigatório para a transmissão e distribuição dos bens deixados pelos autores da herança aos seus sucessores.
Obs.: A expressão de cujos (legislação e doutrina): a pessoa que morreu, o autor da herança, a pessoa de quem a sucessão se trata, ou seja, é a pessoa que vai ter o seu patrimônio dividido entre os seus herdeiros.
ABERTURA DA SUCESSÃO
A abertura da sucessão ocorre com a morte da pessoa natural. E a abertura da sucessão ocorre independentemente de o evento morte chegar ao conhecimento de quem quer que seja. Além disso, vale destacar que a abertura da sucessão não se confunde com a abertura do inventário (Contudo, a abertura do inventário pressupõe a abertura da sucessão, o que pode haver é um planejamento sucessório anterior ao evento morte, de forma que se planeja a forma em que o patrimônio será distribuído).
A parte geral do Código Civil determina que a morte pode ser real ou presumida.
· Morte Real: é aquela que temos um corpo presente, é aquela que é atestada por um médico. A Lei 9.434/97 (Lei de doação de órgãos), no seu art. 3º, fala que a morte real é a morte encefálica, isto é, é a falência do nosso sistema nervoso central.
· Morte Presumida: ocorre em três casos. O primeiro é no caso da pessoa que é declarada ausente (Código Civil, art. 22 a art. 36 e CPC, art. 744 e art. 745), lembrando que a pessoa ausente é aquela que desaparece do seu domicílio sem deixar ou dar notícia do paradeiro ou nomear procurador para representá-lo (O procedimento para declarar uma pessoa ausente envolve 3 fases: curadoria do ausente, sucessão provisória e sucessão definitiva). O segundo caso e o terceiro caso, estão no art. 7º do Código Civil, de forma que é necessário decisão judicial (pronunciamento judicial sobre a morte), o que vai levar à lavratura do atestado de óbito, que levará à abertura da sucessão. A primeira hipótese é a morte provável de pessoa que se encontrava em perigo de vida (quando cessam as buscas e a pessoa não foi encontrada, por exemplo). A segunda hipótese se refere ao caso de guerra (pessoa foi feita de prisioneira, passa dois anos e ainda não voltou).
	Art. 7º Pode ser declarada a morte presumida, sem decretação de ausência:
I - se for extremamente provável a morte de quem estava em perigo de vida;
II - se alguém, desaparecido em campanha ou feito prisioneiro, não for encontrado até dois anos após o término da guerra.
Parágrafo único. A declaração da morte presumida, nesses casos, somente poderá ser requerida depois de esgotadas as buscas e averiguações, devendo a sentença fixar a data provável do falecimento.
Obs.: Comoriência, que se trata da morte simultânea, ou seja, quando duas pessoas morrem na mesma ocasião, não sendo possível declarar quem morreu primeiro, assim, presume-se que estes morreram na mesma hora, de forma simultânea.
Nesse caso, os comorientes não herdam entre si, ou seja, os herdeiros de cada um recebem a sua parte, pois a morte simultânea afasta a possibilidade e a necessidade de a pessoa morta herdar da outra. A presunção de morte simultânea afasta o fato de um comoriente receber do outro (se um morresse depois, ele receberia a parte da herança do que morreu antes que lhe cabia).
	Art. 8º Se dois ou mais indivíduos falecerem na mesma ocasião, não se podendo averiguar se algum dos comorientes precedeu aos outros, presumir-se-ão simultaneamente mortos.
Obs. 2: Droit de Sazine:
	Art. 1.784. Aberta a sucessão, a herança transmite-se, desde logo, aos herdeiros legítimos e testamentários. 
Isso é uma ficção jurídica que tem alicerce e amparo na ideia de que não existe patrimônio sem titular, ou seja, não há direito subjetivo sem titular. Assim, se a pessoa morre, seu patrimônio se transmite imediatamente para os seus herdeiros. Essa transmissão ocorre de forma automática e independe de qualquer ato jurídico/processual.
Em razão da ficção jurídica, contemplada pelo artigo 1784, as relações jurídicas que tinham o falecido como sujeito não serão extintas. (Ex.: contrato de locação – herdeiro terá o direito de receber o aluguel independente de inventário ou partilha).
Essa ficção apenas não se aplica aos direitos e deveres/obrigações personalíssimos, porque estes são intransferíveis.
NORMAS JURÍDICAS APLICÁVEIS AO PROCESSO SUCESSÓRIO
	Art. 1.787. Regula a sucessão e a legitimação para suceder a lei vigente ao tempo da abertura daquela.
A análise referente à legitimidade, à capacidade sucessória e à própria ordem de vocação hereditária (relação dos herdeiros que recolherão a herança – art. 1829) decorrem da norma vigente no momento da morte do autor da herança.
Ex.: pessoa morreu em 2001, segue-se as normas do Código Civil de 1916, pois era esta a legislação vigente ao tempo da morte.
No Código Civil de 1916 (art. 1603), as primeiras pessoas que receberiam eram os descendentes. Já o Código Civil de 2002 (art. 1829) coloca o cônjuge sobrevivente recebendo junto com os descendentes em alguns casos e hipóteses (herança vai para os filhos em concorrência com a mulher). Assim, em razão dessas diferenças, é preciso sempre observar a legislação vigente no tempo da morte, porque isso altera a forma como o processo sucessório deve ocorrer.
	Art. 2.041. As disposições deste Código relativas à ordem da vocação hereditária (arts. 1.829 a 1.844) não se aplicam à sucessão aberta antes de sua vigência, prevalecendo o disposto na lei anterior.
Por força do art. 1787, a ordem de vocação hereditária do Código Civil de 2002 somente será observada e seguida se o óbito se der a partir de janeiro de 2003, data da entrada em vigor da legislação.
LOCALDE ABERTURA DA SUCESSÃO
	Art. 1.785. A sucessão abre-se no lugar do último domicílio do falecido.
A sucessão deve ser aberta no local em que a pessoa que morre tem domicílio, que consiste no local em que a pessoa reside com animus definitivo.
De acordo com o art. 71 do Código Civil, é possível a pluralidade domiciliar, isto é, a pessoa pode ter mais de um domicílio. Assim, nesse caso, a sucessão pode ser aberta em qualquer um desses locais em que a pessoa tem domicílio.
	Art. 48. O foro de domicílio do autor da herança, no Brasil, é o competente para o inventário, a partilha, a arrecadação, o cumprimento de disposições de última vontade, a impugnação ou anulação de partilha extrajudicial e para todas as ações em que o espólio for réu, ainda que o óbito tenha ocorrido no estrangeiro. 
Parágrafo único. Se o autor da herança não possuía domicílio certo, é competente:
I - o foro de situação dos bens imóveis;
II - havendo bens imóveis em foros diferentes, qualquer destes;
III - não havendo bens imóveis, o foro do local de qualquer dos bens do espólio.
O caput do art. 48 reafirma a regra de competência para abertura da sucessão formulada no art. 1785 do Código Civil. Já o parágrafo único estabelece algumas regras específicas, no caso de a pessoa não ter domicílio certo. Nesse caso, deve-se seguir o local de situação dos imóveis, por exemplo. Se a pessoa tiver imóveis em vários locais, pode ser o local que tiver qualquer um dos bens imóveis. Mas se não houver imóveis, o foro competente será a localidade de qualquer um dos bens do espólio.
Obs.: Observa-se que essas regras de competência são de razão territorial, e por isso não são absolutas, mas sim, relativas. Essas não podem ser alegadas de ofício pelo juízo, pois não são casos de incompetência absoluta.
	SÚMULA 33 - A INCOMPETÊNCIA RELATIVA NÃO PODE SER DECLARADA DE OFÍCIO.
MODOS OU ESPÉCIES DE SUCESSÃO
Diferenciação quanto a origem:
Duas são as modalidades previstas pela legislação brasileira.
· Sucessão Legítima: A primeira está no art. 1788, é a sucessão legítima. Esta é aquela em que o destino do patrimônio vai observar as regras trazidas pela lei, ou seja, vai observar a ordem de vocação hereditária, a qual está especificada no art. 1829 ao art. 1844. Ocorre a sucessão legítima quando não há testamento, quando o testamento for anulado ou quando o testamento caducar. 
	Art. 1.788. Morrendo a pessoa sem testamento, transmite a herança aos herdeiros legítimos; o mesmo ocorrerá quanto aos bens que não forem compreendidos no testamento; e subsiste a sucessão legítima se o testamento caducar, ou for julgado nulo.
· Sucessão Testamentária: A segunda é a sucessão testamentária, que pressupõe a existência de um ato de disposição de última vontade. Normalmente ele é chamado de testamento, mas pode também ser um codicilo (art. 1881).
Obs.: as sucessões legítima e testamentária podem perfeitamente coexistir. Isso ocorrerá quando o testamento não disciplina a totalidade dos bens do patrimônio.
Obs.: Quando a pessoa tem herdeiros necessários (art. 1845: descendentes, ascendentes e cônjuge sobrevivente), ela não pode dispor da totalidade dos bens em testamento, de forma que ela só pode dispor em testamento de metade do patrimônio (50% - porção testamentária/metade disponível). O restante da herança é chamado de metade indisponível ou porção legítima, seguindo assim a ordem de vocação hereditária. Atualmente, discute-se bastante a porcentagem da porção legítima, se está correta ou não.
O ordenamento civil brasileiro veda e proíbe a sucessão contratual ou pactícia (pacta corvina) – é aquela que produz efeitos antes da morte do indivíduo. Isso é diferente do testamento, que apenas produz efeito depois da morte do testador. Essa é válida e produz efeitos antes da morte.
	Art. 426. Não pode ser objeto de contrato a herança de pessoa viva.
Mas temos uma regra que excepciona isso:
	Art. 2.018. É válida a partilha feita por ascendente, por ato entre vivos ou de última vontade, contanto que não prejudique a legítima dos herdeiros necessários.
Esse artigo permite que ascendente partilhe em vida seus bens aos seus descendentes, observando-se o patrimônio até então existente e a legítima dos herdeiros necessários (ordem de vocação hereditária). 
Obs.: Um herdeiro não pode impedir uma doação, mas pode pedir, após a abertura do inventário, a colação (a partir do art. 1002) é o desconto do que o indivíduo recebeu a mais em vida no montante a ser recebido em razão da morte (descontar do herdeiro que recebeu mais), pois a doação em vida implica no adiantamento da herança.
	Art. 544. A doação de ascendentes a descendentes, ou de um cônjuge a outro, importa adiantamento do que lhes cabe por herança.
Diferenciação quanto aos efeitos:
· A TÍTULO UNIVERSAL: ocorre tanto na legítima quanto na testamentária. Nesse caso, os herdeiros vão receber uma totalidade, uma fração ou um percentual da herança.
· A TÍTULO SINGULAR: ela só ocorre na testamentária. O beneficiário no testamento recebe um bem individualizado, singularizado e especificado (especificado no testamento). Ou seja, deixo para X pessoa um carro com a placa ABC- 1234.
Esse bem especificado no testamento é chamado de legado. Aquele que recebe o bem é chamado de legatário (são tratados a partir do art. 1812).
NATUREZA JURÍDICA DA HERANÇA
A herança é uma universalidade de bens, que por forca do art. 80, é um bem imóvel. É uma ficção legal, pois a herança é concebida dessa forma em razão da lei (por determinação legal). A herança, por fim, é uma universalidade de bens, que por determinação legal é considerada bem imóvel, além de ser indivisível, por força do art. 1791.
A individualização dos bens só se da usando da partilha entre os sucessores, lembrando que a partilha se dá com o inventário, que é um procedimento obrigatório. Se ninguém que está legitimado solicitar a abertura, o mesmo podia ser aberto de ofício pelo juiz, por força do art. 989 do antigo CPC, que excepciona o princípio da inércia, contudo, com o art. 616 do novo CPC essa regra foi alterada(legitimados para propor o inventário, esse dispositivo suprimiu a parte que garantia a propositura de ofício).
No inventário, levanta-se o ativo e o passivo do de cujus, além disso, há o recolhimento do ITCMD (Imposto transmissão causa mortis e doação), que é recolhido em favor do estado-membro da federação em que o bem está situado, e por isso é o estado que define a alíquota, mas o limite nacional é de 8%, mas tramita um projeto para aumentar e majorar o limite do tributo para 20% sobre o valor de avaliação (MG – 5% sobre a avaliação feita pela receita, GO – 8%, SP – 8%). O recolhimento do imposto se dá separadamente em cada lugar onde o de cujus tem bens, mesmo o inventário sendo realizado em outro lugar.
	Art. 80. Consideram-se imóveis para os efeitos legais: II - o direito à sucessão aberta.
Art. 1.791. A herança defere-se como um todo unitário, ainda que vários sejam os herdeiros.
Parágrafo único. Até a partilha, o direito dos co-herdeiros, quanto à propriedade e posse da herança, será indivisível, e regular-se-á pelas normas relativas ao condomínio.
Art. 2.023. Julgada a partilha, fica o direito de cada um dos herdeiros circunscritos aos bens do seu quinhão.
Art. 616. Têm, contudo, legitimidade concorrente: I - o cônjuge ou companheiro supérstite; II - o herdeiro; III - o legatário; IV - o testamenteiro; V - o cessionário do herdeiro ou do legatário; VI - o credor do herdeiro, do legatário ou do autor da herança; VII - o Ministério Público, havendo herdeiros incapazes; VIII - a Fazenda Pública, quando tiver interesse; IX - o administrador judicial da falência do herdeiro, do legatário, do autor da herança ou do cônjuge ou companheiro supérstite.
Súmula 112-STF: O imposto de transmissão "causa mortis" é devido pela alíquota vigente ao tempo da abertura da sucessão.
Súmula 113-STF: O imposto de transmissão "causa mortis" é calculado sobre o valor dos bens na data da avaliação.
Obs.: deve ser cobrada a alíquotavigente no tempo da morte, se majorou depois, deve ser cobrado o valor menor. E o valor deve ser cobrado sobre o valor dos bens na data da avaliação.
Os Estados têm cobrado juros e multa se não paga a alíquota em até 180 dias da morte do autor da herança, o que majora bastantes o valor do imposto.
Consequências jurídicas da herança ser um bem imóvel:
· Cessão de direito hereditário depende de outorga conjugal: se o marido recebe herança e pretende ceder para outrem, a esposa precisa consentir e outorgar (em todos os regimes, com exceção do regime de separação total dos bens).
· Para que seja proposta acao referente a esses direitos também há a necessidade de outorga conjugal.
	Art. 1.647. Ressalvado o disposto no art. 1.648, nenhum dos cônjuges pode, sem autorização do outro, exceto no regime da separação absoluta:
I - alienar ou gravar de ônus real os bens imóveis;
II - pleitear, como autor ou réu, acerca desses bens ou direitos;
III - prestar fiança ou aval;
IV - fazer doação, não sendo remuneratória, de bens comuns, ou dos que possam integrar futura meação.
Parágrafo único. São válidas as doações nupciais feitas aos filhos quando casarem ou estabelecerem economia separada.
Consequências jurídicas da herança ser indivisível:
· Antes da partilha, é impossível a alienação de coisa certa e determinada da herança. A pessoa pode alienar os direitos hereditários. Se houver a alienação de coisa certa, ela será ineficaz. Assim, a pessoa pode ceder os seus direitos, mas o cessionário, que recebe, não pode registrar esse seu direito no Tabelionato de notas, por forca do art. 168 da Lei de Registros Públicos, visto que o registro não pode recair sobre bem indeterminado.
	Art. 1.793. O direito à sucessão aberta, bem como o quinhão de que disponha o co-herdeiro, pode ser objeto de cessão por escritura pública.
§ 2º É ineficaz a cessão, pelo co-herdeiro, de seu direito hereditário sobre qualquer bem da herança considerado singularmente.
Art. 168 - Na designação genérica de registro, consideram-se englobadas a inscrição e a transcrição a que se referem as leis civis. (Renumerado do art. 168 § 2º para artigo autônomo pela Lei nº 6.216, de 1975). f) dos títulos das servidões em geral, para sua constituição; o) das cédulas de crédito industrial (Decreto-Lei n. 413, de 9 de janeiro de 1969); r) dos memoriais de incorporação e das instituições e convenções de condomínio a que alude a Lei n. 4.591, de 16 de dezembro de 1964; b) dos julgados e atos jurídicos inter vivos que dividirem imóveis ou os demarcarem; n) das sentenças que, em processos de desapropriação, fixarem o valor da indenização. h) das cédulas hipotecárias a que alude o Decreto-Lei n. 70, de 21 de novembro de 1966; i) da caução, da cessão parcial e da cessão fiduciária dos direitos aquisitivos relativos a imóveis (Decreto-Lei n. 70, de 21 de novembro de 1966);
· Os coherdeiros possuem preferência e prelação do um condômino na aquisição da cota de outro condômino. Na hipótese de não ter havido a materialização do direito de preferência (ceder seu direito sem oferecer para os demais condôminos), aquele que não teve o direito de exercer a preferência, terá 180 dias para depositar o preço pago e assegurar o quinhão para ele.
	Art. 1.795. O co-herdeiro, a quem não se der conhecimento da cessão, poderá, depositado o preço, haver para si a quota cedida a estranho, se o requerer até cento e oitenta dias após a transmissão.
Parágrafo único. Sendo vários os co-herdeiros a exercer a preferência, entre eles se distribuirá o quinhão cedido, na proporção das respectivas quotas hereditárias.
Obs.: a cessão dos direitos hereditários deve ser feita por meio de escritura pública.
· Todos os herdeiros podem manejar ação possessória e reivindicatória para a proteção e defesa de toda a herança.
ACEITAÇÃO E RENÚNCIA DA HERANÇA
Delação ou devolução da herança: é o tempo (período que medeia) existente entre a abertura da sucessão e a aceitação ou a renúncia da mesma, isto porque a abertura da sucessão ocorre com a morte do de cujus. A transmissão da herança se torna definitiva com a aceitação, sendo que os efeitos dessa aceitação irão retroagir à data da abertura da sucessão/à data do óbito.
	Art. 1.804. Aceita a herança, torna-se definitiva a sua transmissão ao herdeiro, desde a abertura da sucessão.
Parágrafo único. A transmissão tem-se por não verificada quando o herdeiro renuncia à herança.
Assim, na hipótese de renúncia, essa transmissão não se conclui. Logo, percebe-se que a denúncia é a antítese da aceitação, uma vez que a transmissão ocorre com a aceitação, mas não ocorre com a renúncia.
Por força do art. 1792, o herdeiro somente vai responder por dívidas limitadas às forças da herança. Pois o Direito brasileiro filia-se ao sistema intra vires hereditates. Mas cabe ao herdeiro fazer prova de que o passivo é maior que o ativo, fazendo prova de que ele não recebeu patrimônio superior ao valor da dívida.
	Art. 1.792. O herdeiro não responde por encargos superiores às forças da herança; incumbe-lhe, porém, a prova do excesso, salvo se houver inventário que a escuse, demostrando o valor dos bens herdados.
A responsabilidade de cada herdeiro será proporcional ao quinhão que ele recebeu e não são solidários entre si, pois solidariedade não se presume. 
A ACEITAÇÃO:
A aceitação trata-se do ato pelo qual o herdeiro concorda, anui e consente em receber o patrimônio deixado pelo de cujus. A aceitação só pode se dar quando da morte deste, após a abertura da sucessão, pois herança da pessoa viva não pode ser objeto de contrato.
Modalidades de aceitação:
· Aceitação expressa: ocorre por meio de manifestação e declaração por escrito. Esse escrito pode ser público ou particular, ou pode ser também por meio de petição no processo de inventário. Não existe aceitação expressa verbal. Ela não é muito comum no direito brasileiro.
· Aceitação tácita: é a mais comum e usual no direito brasileiro. Consiste na prática de atos compatíveis com a condição de quem herda (recolhe o tributo de transmissão, passa a utilizar um bem do espólio como se dono fosse, se apresenta no processo de inventário como herdeiro). Existem alguns atos que não se traduzem em aceitação (atos oficiosos, como o funeral do finado, os meramente conservatórios, ou os de administração e guarda provisória). Esta também não se verifica quando um herdeiro cede gratuitamente o seu quinhão para os outros.
	Art. 1.805. A aceitação da herança, quando expressa, faz-se por declaração escrita; quando tácita, há de resultar tão-somente de atos próprios da qualidade de herdeiro.
§ 1º Não exprimem aceitação de herança os atos oficiosos, como o funeral do finado, os meramente conservatórios, ou os de administração e guarda provisória.
§ 2º Não importa igualmente aceitação a cessão gratuita, pura e simples, da herança, aos demais co-herdeiros.
· Aceitação ficta ou aceitação presumida: “É a regra de que quem não se manifesta, aceita a herança”. Se o herdeiro instado a se manifestar sobre a herança, não se manifesta, presume-se que este aceitou a herança.
Ex.: herdeiro deve e não tem lastro, é aberta a sucessão e ele não se manifestou, assim, no prazo de 30 dias, o credor vai até o juiz e pede pro juiz dar um prazo para o herdeiro se manifestar quanto à aceitação ou renúncia da herança. Se a pessoa não se manifestar – presume-se que que este herdeiro aceitou a herança.
	Art. 1.807. O interessado em que o herdeiro declare se aceita, ou não, a herança, poderá, vinte dias após aberta a sucessão (morte), requerer ao juiz prazo razoável, não maior de trinta dias, para nele, se pronunciar o herdeiro, sob pena de se haver a herança por aceita.
Obs.: o credor é legítimo para pedir a abertura do inventário. Se o herdeiro renunciar, o credor pode aceitar no lugar da pessoa que renunciou, limitada aos seus direitos.
Art. 1.813. Quando o herdeiro prejudicar os seus credores, renunciando à herança, poderão eles, com autorização do juiz, aceitá-la em nome do renunciante.
§ 1o A habilitação dos credoresse fará no prazo de trinta dias seguintes ao conhecimento do fato.
§ 2o Pagas as dívidas do renunciante, prevalece a renúncia quanto ao remanescente, que será devolvido aos demais herdeiros.
Característica da aceitação:
· É um ato unilateral, uma vez que se aperfeiçoa com uma única manifestação de vontades, a vontade do sucessor.
· É um ato não receptício, pois não precisa chegar ao conhecimento de ninguém para produzir efeitos.
· A aceitação, na hipótese de o herdeiro querer o patrimônio, é obrigatória.
· Ela retroage a data do óbito, ou seja, retroage ao evento morte.
· É irrevogável, pois não admite arrependimento, assim como a renúncia (manifestação em sentido contrário). Mas nesse caso, não estamos falando de anulação, pois se houver alguma situação que enseje a nulidade ela pode ser anulada.
	Art. 1.812. São irrevogáveis os atos de aceitação ou de renúncia da herança.
· É ato puro e simples, pois a eficácia da aceitação não vai estar subordinada a nenhum evento futuro certo e incerto (termo ou condição).
· É ato indivisível, pois não se admite aceitação de parte da herança, porque ou se aceita tudo ou renuncia tudo. Mas essa regra comporta duas exceções, as quais pressupõe a existência de testamento. A primeira hipótese ocorre quando houve testamento deixando um legado, quando um herdeiro legítimo é também legatário (é o caso do pré-legado ou legado precípuo), assim ele pode aceitar uma parte e renunciar outra, ou seja, esse herdeiro legítimo que também é legatário aceite a legítima, mas renuncie o legado. Por expressa permissão legal, admite-se que o sucessor aceite sua parte na legítima, mas renuncie o legado ou vice-versa. Nesse caso, não há que se falar em colação, pois não foi ato entre vivos e não se trata de herança da parte indisponível/legítima. A segunda hipótese, o indivíduo é simultaneamente herdeiro legítimo e testamentário (ambos sucessores a título universal), ou seja, ele recebe em razão da lei e em razão do testamento, assim, ele pode aceitar a legítima e recusar a testamentária, ou vice-versa.
	Art. 1.808. Não se pode aceitar ou renunciar a herança em parte, sob condição ou a termo.
§ 1º O herdeiro, a quem se testarem legados, pode aceitá-los, renunciando a herança; ou, aceitando-a, repudiá-los.
§ 2º O herdeiro, chamado, na mesma sucessão, a mais de um quinhão hereditário, sob títulos sucessórios diversos, pode livremente deliberar quanto aos quinhões que aceita e aos que renuncia.
Transmissão do direito de aceitar:
O art. 1809 do Código Civil considera a hipótese de o herdeiro falecer antes de ter se manifestado em relação à aceitação de uma herança que lhe foi deixada. Neste caso, o direito que possuía de aceitar será transmitido a seus herdeiros. Significa que os herdeiros da segunda sucessão aberta passam a ter o direito de se manifestar também em relação a aceitação ou a renúncia dos bens deixados com a primeira sucessão. Observe-se que a manifestação quanto a aceitação ou a renúncia dos bens deixados na primeira sucessão dependem da aceitação da segunda herança.
Ex: O de cujus morre, mas o sucessor morre antes de aceitar a herança do de cujus, os filhos do sucessor podem aceitar a herança do primeiro de cujus, mas para fazer isso precisam aceitar primeiro a herança do segundo sucessor.
Obs.: isso não ocorre no caso da Comoriência e assim herdam direto do primeiro sucessor..
 
	Art. 1.809. Falecendo o herdeiro antes de declarar se aceita a herança, o poder de aceitar passa-lhe aos herdeiros, a menos que se trate de vocação adstrita a uma condição suspensiva, ainda não verificada.
Parágrafo único. Os chamados à sucessão do herdeiro falecido antes da aceitação, desde que concordem em receber a segunda herança, poderão aceitar ou renunciar a primeira.
A RENÚNCIA
É o instituto antagônico da aceitação, é a antítese, é o oposto, é o ato contrário da aceitação. Também é um ato unilateral, retroage a data de abertura da sucessão, também é incondicional (não admite evento futuro e incerto para que se torne eficaz) e irrevogável (não admite arrependimento).
A renúncia é ato de repúdio, é ato que demonstra a não concordância com a adição da herança. Via de regra, ela é total e compreende todo o acervo deixado. Contudo, nas mesmas exceções referentes a aceitação (art. 1808) aceita-se a renúncia parcial.
	Art. 1.808. Não se pode aceitar ou renunciar a herança em parte, sob condição ou a termo.
§ 1º O herdeiro, a quem se testarem legados, pode aceitá-los, renunciando a herança; ou, aceitando-a, repudiá-los.
§ 2º O herdeiro, chamado, na mesma sucessão, a mais de um quinhão hereditário, sob títulos sucessórios diversos, pode livremente deliberar quanto aos quinhões que aceita e aos que renuncia.
Ao contrário da aceitação, a renúncia sempre tem que ser expressa. Ela é um ato solene, visto que a lei determina o modo e a forma que esta deve se dar (forma que deve ser exteriorizada). A renúncia pode se dar por escritura pública ou por petição nos autos do inventário.
Espécies de renúncia:
· Renúncia abdicativa, pura ou própria: Ele não escolhe ninguém para ceder sua herança. Aquele que renuncia apenas abre mão do lugar como herdeiro, sendo que fica como esse renunciante não existisse, sua parte será acrescida para os demais herdeiros. Pode se dar tanto na sucessão legítima (parte do renunciante é acrescida aos demais herdeiros, como se ele nunca tivesse existido), quanto na testamentária.
Ex.: Indivíduo A morre e deixa 4 herdeiros: B, que tem dois filhos F e G; C, D e E. Se B renuncia, C, D e E, vão ter essa parte acrescida ao seu quinhão, assim, percebe-se que os filhos de B não vão ter direito a herança de A. Se A não tivesse outros herdeiros ou se todos renunciassem, aí sim, os filhos poderiam suceder.
	Art. 1.810. Na sucessão legítima, a parte do renunciante acresce à dos outros herdeiros da mesma classe e, sendo ele o único desta, devolve-se aos da subseqüente.
Art. 1.811. Ninguém pode suceder, representando herdeiro renunciante. Se, porém, ele for o único legítimo da sua classe, ou se todos os outros da mesma classe renunciarem a herança, poderão os filhos vir à sucessão, por direito próprio, e por cabeça.
Na sucessão testamentária, a renúncia deve observar certas particularidades:
· Deve ser verificado se o renunciante tem ou não coherdeiros; se existe apenas um testamentário e ele renuncia, essa parte da herança vai para os herdeiros legítimos. Se existem mais herdeiros testamentários, quando uma pessoa renuncia, a outra é contemplada pelo direito de acrescer, de forma que terá essa parte acrescida à sua herança (herança vai para o outro coherdeiro).
· Se quando houver herdeiros conjuntos, o testador ter estabelecido qual é o quinhão de cada um; Se o testador tiver determinado o quinhão de cada um, o coherdeiro testamentário não será contemplada com essa parte da herança do renunciante, sendo que essa herança vai para os sucessores legítimos.
· Se o testador nomeou substituto testamentário. Na hipótese de o testador ter feito a nomeação de substituto testamentário, este receberá o quinhão que foi destinado ao primeiro instituído, que é o renunciante. A substituição testamentária é um instituto que produz efeitos se a primeira instituição de herdeiro não produz os resultados esperados.
· Renúncia translativa ou imprópria: Nesse caso, o herdeiro renuncia em favor de outro. Tem uma incidência prática na ordem tributária, enquanto na abdicativa temos apenas um imposto de transmissão. Nesta temos um imposto de transmissão causa mortis e um imposto inter vivos. O que ocorre aqui, é uma aceitação tácita da herança, seguida de uma cessão gratuita.
Ex.: Indivíduo A morre e deixa 4 herdeiros: B, que tem dois filhos F e G; C, D e E. B renuncia em favor de C, ou seja, ele escolhe quem vai receber em seu lugar.
Pressupostos da renúncia:
· Capacidade do renunciante: o herdeiro que renuncia deve ter capacidade civil plena, porque se o renunciante for incapaz, somente será possível a renúncia com autorização judicial, com oitiva obrigatória doMP. A herança é um bem imóvel por determinação legal (alienação de bem imóvel pelos pais do menor).
	Art. 1.691. Não podem os pais alienar, ou gravar de ônus real os imóveis dos filhos, nem contrair, em nome deles, obrigações que ultrapassem os limites da simples administração, salvo por necessidade ou evidente interesse da prole, mediante prévia autorização do juiz.
Parágrafo único. Podem pleitear a declaração de nulidade dos atos previstos neste artigo:
I - os filhos;
II - os herdeiros;
III - o representante legal.
Obs.: a renúncia pode ser feita por procurador, desde que este esteja munido de procuração com poderes especiais (tem que ser expressa – poder específico para renunciar). Esse mandato tem forma específica: escritura púbica, a forma é a mesma exigida para o ato a ser praticado. 
	Art. 657. A outorga do mandato está sujeita à forma exigida por lei para o ato a ser praticado. Não se admite mandato verbal quando o ato deva ser celebrado por escrito.
· Não prejuízo a terceiros: se a pessoa renuncia e tem credores, está causando prejuízo ao seu credor. Assim, é pressuposto da renúncia, o não prejuízo a terceiros. O art. 1813 do CC contempla a possibilidade do prejudicado pela denúncia se habilitar judicialmente no lugar do renunciante. Ele tem o prazo de 30 dias para habilitação, contados da data que teve conhecimento da renúncia. Essa habilitação, contudo, está delimitado ao valor da dívida. Se houver excedente, essa parte ficará para os demais herdeiros.
	Art. 1.813. Quando o herdeiro prejudicar os seus credores, renunciando à herança, poderão eles, com autorização do juiz, aceitá-la em nome do renunciante.
§ 1o A habilitação dos credores se fará no prazo de trinta dias seguintes ao conhecimento do fato.
§ 2o Pagas as dívidas do renunciante, prevalece a renúncia quanto ao remanescente, que será devolvido aos demais herdeiros.
· Outorga conjugal: Quando o herdeiro é casado, em todos os regimes, com exceção da separação absoluta, é necessária a outorga conjugal, pois a alienação de bem imóvel pressupõe a outorga conjugal e a herança é um bem imóvel por determinação legal. A inexistência de outorga pode tornar o ato pode ser anulável (nulidade relativa), nos moldes do 1649. 
	Art. 1.649. A falta de autorização, não suprida pelo juiz, quando necessária (art. 1.647), tornará anulável o ato praticado, podendo o outro cônjuge pleitear-lhe a anulação, até dois anos depois de terminada a sociedade conjugal.
Parágrafo único. A aprovação torna válido o ato, desde que feita por instrumento público, ou particular, autenticado.
EXCLUSÃO DA HERANÇA POR INDIGNIDADE
O Código civil contempla a hipótese de herdeiros legítimos e testamentários serem privados de seus direitos sucessórios por terem praticado contra o autor da herança atos reprováveis, atos contrários, sob o ponto de vista ético e moral. A privação consiste em uma sanção civil, ou seja, uma pena. Assim, a natureza civil da exclusão é uma pena civil.
Causas legais da exclusão por indignidade: 
O artigo 1814 traz um rol taxativo, de forma que não será admitida analogia ou interpretação extensiva.
	Art. 1.814. São excluídos da sucessão os herdeiros ou legatários:
I - que houverem sido autores, coautores ou partícipes de homicídio doloso, ou tentativa deste, contra a pessoa de cuja sucessão se tratar, seu cônjuge, companheiro, ascendente ou descendente;
II - que houverem acusado caluniosamente em juízo o autor da herança ou incorrerem em crime contra a sua honra, ou de seu cônjuge ou companheiro;
III - que, por violência ou meios fraudulentos, inibirem ou obstarem o autor da herança de dispor livremente de seus bens por ato de última vontade.
· Os herdeiros ou legatários que houverem sido autores, coautores ou partícipes de homicídio doloso, ou tentativa deste, contra a pessoa de cuja sucessão se tratar, seu cônjuge, companheiro, ascendente ou descendente; é o caso de atentado doloso contra a vida contra o autor da herança ou seus parentes. Só vale quando for uma conduta dolosa, ou seja, quando houver a intenção de matar, quando houver o animus decandi. A lei não prevê a exclusão no caso de ato culposo. Há a possibilidade de efeito cascata, pois é possível que a pessoa seja excluída de mais uma herança mesmo tendo praticado apenas um ato (Ex.: Suzane Von Richtoffen e herança da avó ou irmão).
Observação: não se exige consumação do homicídio, pois a simples tentativa já enseja a exclusão (o crime não precisa ser consumado, mas apenas tentado). Além disso, não se exige a condenação criminal. Ao contrário do que ocorre nas legislações francesas e belga, para que se opere a exclusão por indignidade inexiste a necessidade de sentença penal condenatória transitada em julgado, sendo possível que a prova do ato seja feita na esfera civil. Isso porque o direito brasileiro adota a ideia de independência de instancias cível e criminal, o que não afasta a necessidade de análise do art. 935. 
	Art. 935. A responsabilidade civil é independente da criminal, não se podendo questionar mais sobre a existência do fato, ou sobre quem seja o seu autor, quando estas questões se acharem decididas no juízo criminal.
Por força do art. 935, na hipótese de se ter sentença absolutória, o tema não pode mais ser apreciado no juízo cível. A sentença absolutória tem que estar atrelada ao fato de inexistência do fato ou autoria, não contemplando os casos de prescrição.
É preciso verificar a efetiva intenção do agente, a exemplo de quando a pessoa quer matar a pessoa parente, mas por erro mata outrem. Nesse caso, temos um homicídio tentado. No caso contrário, quando se atinge por erro, não deve haver a exclusão. Assim, a intenção do agente deve ser amplamente analisada, visto que a depender dela haverá ou não a exclusão.
· Os herdeiros ou legatários que houverem acusado caluniosamente em juízo o autor da herança ou incorrerem em crime contra a sua honra, ou de seu cônjuge ou companheiro; nesse caso, faz-se menção a alguns tipos penais: 339 (denunciação caluniosa), nesse caso, não se exige condenação criminal. Mas nos casos dos crimes contra a honra (art. 138, 139 e 140 – calúnia, difamação e injúria), exige-se a condenação criminal, pois o artigo fala em incorrência no crime. Nos crimes contra a honra, admite-se conduta após a morte do autor da herança.
	Art. 339. Dar causa à instauração de inquérito policial, de procedimento investigatório criminal, de processo judicial, de processo administrativo disciplinar, de inquérito civil ou de ação de improbidade administrativa contra alguém, imputando-lhe crime, infração ético-disciplinar ou ato ímprobo de que o sabe inocente: (Redação dada pela Lei nº 14.110, de 2020)
Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa.
§ 1º - A pena é aumentada de sexta parte, se o agente se serve de anonimato ou de nome suposto.
§ 2º - A pena é diminuída de metade, se a imputação é de prática de contravenção.
Comunicação falsa de crime ou de contravenção
Art. 138 - Caluniar alguém, imputando-lhe falsamente fato definido como crime:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa.
§ 1º - Na mesma pena incorre quem, sabendo falsa a imputação, a propala ou divulga.
§ 2º - É punível a calúnia contra os mortos.
Exceção da verdade
§ 3º - Admite-se a prova da verdade, salvo:
I - se, constituindo o fato imputado crime de ação privada, o ofendido não foi condenado por sentença irrecorrível;
II - se o fato é imputado a qualquer das pessoas indicadas no nº I do art. 141;
III - se do crime imputado, embora de ação pública, o ofendido foi absolvido por sentença irrecorrível.
Difamação
Art. 139 - Difamar alguém, imputando-lhe fato ofensivo à sua reputação:
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.
Exceção da verdade
Parágrafo único - A exceção da verdade somente se admite se o ofendido é funcionário público e a ofensa é relativa ao exercício de suas funções.
Injúria
Art. 140 - Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro:
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
§ 1º - O juiz pode deixar de aplicar a pena:I - quando o ofendido, de forma reprovável, provocou diretamente a injúria;
II - no caso de retorsão imediata, que consista em outra injúria.
§ 2º - Se a injúria consiste em violência ou vias de fato, que, por sua natureza ou pelo meio empregado, se considerem aviltantes:
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa, além da pena correspondente à violência.
§ 3 o Se a injúria consiste na utilização de elementos referentes a raça, cor, etnia, religião, origem ou a condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência: (Redação dada pela Lei nº 10.741, de 2003)
Pena - reclusão de um a três anos e multa. (Incluído pela Lei nº 9.459, de 1997)
Disposições comuns
· Os herdeiros ou legatários que, por violência ou meios fraudulentos, inibirem ou obstarem o autor da herança de dispor livremente de seus bens por ato de última vontade. É o caso de utilização de artificio para impedir que a pessoa teste livremente. O excluído terá praticado ato doloso ou de coação, retirando do indivíduo a capacidade de dispor dos seus bens. Não há a necessidade do indigno ser beneficiado no testamento, pois essa exclusão independe de benefício patrimonial ao indivíduo, basta que tenha havido atentado à liberdade de testar.
Ação de exclusão por indignidade:
A exclusão por indignidade não é automática, pois depende de sentença proferida em acao declaratória de exclusão por indignidade, a qual tem o objetivo específico de excluir. Ela deve ser proposta antes do transcurso do prazo decadencial de 4 anos, a contar da abertura da sucessão.
São legitimados ativos: coherdeiros, colegatários, município no caso da herança se tornar vacante e eventuais credores. Lei 13.582 de 2017, adicionou o parágrafo 2º ao art. 1815, dizendo que o MP é legitimado ativo no caso de crime contra a vida e ele pode propor antes mesmo de qualquer legitimado, porque sua legitimidade não é subsidiária.
	Art. 1.815. A exclusão do herdeiro ou legatário, em qualquer desses casos de indignidade, será declarada por sentença.
§ 1 o O direito de demandar a exclusão do herdeiro ou legatário extingue-se em quatro anos, contados da abertura da sucessão. (Redação dada pela Lei nº 13.532, de 2017)
§ 2 o Na hipótese do inciso I do art. 1.814, o Ministério Público tem legitimidade para demandar a exclusão do herdeiro ou legatário. (Incluído pela Lei nº 13.532, de 2017)
Efeitos da exclusão por indignidade:
	Art. 1.816. São pessoais os efeitos da exclusão; os descendentes do herdeiro excluído sucedem, como se ele morto fosse antes da abertura da sucessão.
Parágrafo único. O excluído da sucessão não terá direito ao usufruto ou à administração dos bens que a seus sucessores couberem na herança, nem à sucessão eventual desses bens.
Art. 1.817. São válidas as alienações onerosas de bens hereditários a terceiros de boa-fé, e os atos de administração legalmente praticados pelo herdeiro, antes da sentença de exclusão; mas aos herdeiros subsiste, quando prejudicados, o direito de demandar-lhe perdas e danos.
Parágrafo único. O excluído da sucessão é obrigado a restituir os frutos e rendimentos que dos bens da herança houver percebido, mas tem direito a ser indenizado das despesas com a conservação deles.
· Os herdeiros do excluído, sucedem como se o indigno, morto fosse. Esse é um resquício da morte civil contemplada no direito romano, que ocorria quando uma pessoa era considerada morte mesmo estando viva. O dispositivo legal estabelece que para fins sucessórios, o indigno é equiparado a um herdeiro pré-morto (ex.: o outro herdeiro recebe tudo no lugar). Bens hereptícios são aquele que o indigno fica privado e não recebe.
· O indigno perde o direito de usufruir, administrar e suceder os bens hereptícios (Ex.: se o herdeiro indigno tiver filhos menores que receberiam os bens).
· Validade de atos de administração e de alienações onerosas feitas a terceiro de boa-fé. Ex.: indivíduo tentou contra a vida do pai, mas o inventário foi concluído antes de outro ato judicial e o indigno recebeu o patrimônio (está o administrando livremente), assim, a indignidade é declarada após o recebimento. Os atos de administração praticados durante esse período são válidos, para proteger os terceiros de boa-fé, inclusive quando há alienação de bens a terceiro de boa-fé. Contudo, se aquele que receberia a herança no lugar do indigno tiver sofrido prejuízo, este terá direito a pleitear perdas e danos, de forma que não haverá a anulação da alienação, mas este poderá demandar por perdas e damos.
· O excluído tem direito de ser indenizado pelas despesas com a preservação dos bens hereptícios. Coloca também a hipótese de a exclusão ser posterior ao recebimento da herança. Assim, se o indigno teve gastos com a preservação dos bens ou se ele realizou as benfeitorias necessárias ele tem o direito de ser indenizado, pela vedação ao enriquecimento sem causa.
· O indigno tem que devolver, ou seja, tem de restituir os frutos e rendimentos que teve em prol dos bens hereptícios, porque a declaração da indignidade/da exclusão retroage a data de abertura da sucessão, tendo o indigno a obrigação de devolver aquilo que se beneficiou. Ele não pode se beneficiar dos bens hereptícios ou bens acessórios.
Perdão do ofensor
	Art. 1.818. Aquele que incorreu em atos que determinem a exclusão da herança será admitido a suceder, se o ofendido o tiver expressamente reabilitado em testamento, ou em outro ato autêntico.
Parágrafo único. Não havendo reabilitação expressa, o indigno, contemplado em testamento do ofendido, quando o testador, ao testar, já conhecia a causa da indignidade, pode suceder no limite da disposição testamentária.
Por expressa previsão do art. 1818, o ofendido pode vir a perdoar o seu ofensor. Este perdão reabilita o indigno, ou seja, impede a ocorrência da exclusão. Esse perdão possui algumas características:
· É um ato privativo, pois só quem pode perdoar é a vítima;
· É ato formal, pois depende de forma escrita;
· É ato expresso (a pessoa que está deve fazer expressa menção ao fato). Não haverá o perdão tácito, com apenas uma exceção, é o caso em que o ofendido, ciente da ofensa – posteriormente à ocorrência da ofensa, ao ato de ofensa, faz testamento contemplando o ofensor – deixando bens para ele, mas o perdão vai estar limitado ao valor que foi deixado em testamento;
· É irrevogável, não admitindo arrependimento. Uma vez feito, está perdoado, não tem como voltar atrás.
Obs.: perdão só vem a ser conhecido depois que o indigno já foi excluído. É o caso de propositura de ação rescisória.
HERANÇA JACENTE E HERANÇA VACANTE
A herança jacente ocorre quando a pessoa morre, não deixa herdeiros conhecidos, não deixa testamento, mas deixa bens. Ela ocorre quando alguém vem a óbito sem deixar testamento, deixando patrimônio e não se tendo notícias quanto à existência de herdeiros legítimos. Além dessa hipótese que é a mais comum e usual, podemos nos deparar com outras situações que também caracterizam jacência de herança. 
· A exemplo de quando o indivíduo morre e deixa como herdeiro, apenas um nascituro, até que haja o nascimento com vida, a herança é jacente. 
· Ou quando o individuo morre e só deixa um herdeiro, mas esse herdeiro é excluído por ser indigno. 
· Uma outra hipótese ocorre quando o indivíduo deixa como herdeiro uma pessoa jurídica que vai ser criada, até a criação dessa PJ, a herança é jacente. 
· A última hipótese, é prevista pelo art. 1823, nesse caso, desde logo a herança é vacante, é o caso que o indivíduo morre e deixa herdeiros, mas TODOS os herdeiros renunciam ao seu direito. A herança vacante é aquela que é devolvida ao poder público, já a jacência é uma fase que precede a vacância. Nesse caso, a herança é declarada, de forma direta, vacante.
	Art. 1.823. Quando todos os chamados a suceder renunciarem à herança, será esta desde logo declarada vacante.
Natureza Jurídica da herança vacante
A herança vacante é de natureza sui generis, é um patrimônio sui generis, não é pessoa jurídica, porque não consta do rol de pessoas jurídicos do art. 44. É,então um conjunto de bens sui generis que é arrecadado e administrado por curador. Apesar de não ser pessoa jurídica, a lei atribui a ela capacidade processual, assim, consideramos ela uma quase pessoa jurídica, um ente despersonalizado. 
	Art. 75. Serão representados em juízo, ativa e passivamente: VI - a herança jacente ou vacante, por seu curador;
Procedimento da herança jacente (CPC 738 a 743)
Quando nos deparamos com a herança jacente, há a necessidade de instauração de procedimento especial específico, e esse requerimento pode ser proposto a pedido de qualquer interessado: credor, MP, ente público, município. 
O foro competente para o conhecimento desse procedimento é o local em que a pessoa que morreu tinha seu domicílio. O objetivo desse procedimento é evitar que esses bens, que esse patrimônio se deteriore e vá a ruína. Com a instauração do procedimento, esses bens serão arrecadados e administrados por um administrador (Curador), até que um interessado se habilite. Esse curador, além de ter a obrigação de administrar esse patrimônio arrecadado, também vai inventariar esse acervo, fazendo um inventário, uma descrição de tudo que foi deixado pelo de cujus. 
Após a arrecadação, passa-se a buscar interessados para essa herança, e isso ocorre a partir de publicidade ao processo. Assim, serão publicados editais, na internet, no site do tribunal a que está vinculado o juízo e na plataforma de editais do CNJ, para dar publicidade ao processo. 
Os editais permanecerão publicados por 3 meses, para que eventuais interessados se habilitem no prazo de 6 meses. Podem se habilitar: credores, quaisquer herdeiros, entre outros. Essa habilitação ocorre em autos apartados e não nos autos de arrecadação dos bens, no caso dessa habilitação ser julgada procedente, o processo (autos apartados de habilitação) será transformado em inventário. 
Se ninguém se habilita, após um ano da publicação, a herança jacente será considerada vacante e vai ser devolvida ao poder público, nos moldes do que prescreve o art. 1822. Assim, os entes públicos passam a ser proprietários dos bens deixados (município ou DF). 
Obs.: o ente público não tem o direito de renunciar à herança jacente declarada vacante.
	Art. 1.822. A declaração de vacância da herança não prejudicará os herdeiros que legalmente se habilitarem; mas, decorridos cinco anos da abertura da sucessão, os bens arrecadados passarão ao domínio do Município ou do Distrito Federal, se localizados nas respectivas circunscrições, incorporando-se ao domínio da União quando situados em território federal.
Parágrafo único. Não se habilitando até a declaração de vacância, os colaterais ficarão excluídos da sucessão.
Observação: a propriedade que é transmitida e conferida ao ente público é resolúvel, podendo ser extinta, porque não é definitiva. Existe o prazo de 5 anos, para que após a abertura da sucessão, descendentes, ascendentes, cônjuge ou companheiro sobreviventes possam manejar ação petição de herança (em autos apartados). Depois desses 5 anos, há a incorporação definitiva desse patrimônio ao patrimônio da PJ de direito público, o ente público (propriedade se torna definitiva, após 5 anos contados da abertura da sucessão). Os colaterais só podem se habilitar até a declaração de vacância, depois disso, apenas podem propor ação de petição da herança, os herdeiros necessários.
Observação: bens móveis podem fazer parte da herança jacente, lembrando que, por força do art. 80 CC, a herança é considerada bem imóvel.
	Art. 1.820. Praticadas as diligências de arrecadação e ultimado o inventário, serão expedidos editais na forma da lei processual, e, decorrido um ano de sua primeira publicação, sem que haja herdeiro habilitado, ou penda habilitação, será a herança declarada vacante.
Art. 738. Nos casos em que a lei considere jacente a herança, o juiz em cuja comarca tiver domicílio o falecido procederá imediatamente à arrecadação dos respectivos bens.
 Art. 739. A herança jacente ficará sob a guarda, a conservação e a administração de um curador até a respectiva entrega ao sucessor legalmente habilitado ou até a declaração de vacância.
§ 1º Incumbe ao curador:
I - representar a herança em juízo ou fora dele, com intervenção do Ministério Público;
II - ter em boa guarda e conservação os bens arrecadados e promover a arrecadação de outros porventura existentes;
III - executar as medidas conservatórias dos direitos da herança;
IV - apresentar mensalmente ao juiz balancete da receita e da despesa;
V - prestar contas ao final de sua gestão.
§ 2º Aplica-se ao curador o disposto nos arts. 159 a 161 .
Art. 740. O juiz ordenará que o oficial de justiça, acompanhado do escrivão ou do chefe de secretaria e do curador, arrole os bens e descreva-os em auto circunstanciado.
§ 1º Não podendo comparecer ao local, o juiz requisitará à autoridade policial que proceda à arrecadação e ao arrolamento dos bens, com 2 (duas) testemunhas, que assistirão às diligências.
§ 2º Não estando ainda nomeado o curador, o juiz designará depositário e lhe entregará os bens, mediante simples termo nos autos, depois de compromissado.
§ 3º Durante a arrecadação, o juiz ou a autoridade policial inquirirá os moradores da casa e da vizinhança sobre a qualificação do falecido, o paradeiro de seus sucessores e a existência de outros bens, lavrando-se de tudo auto de inquirição e informação.
§ 4º O juiz examinará reservadamente os papéis, as cartas missivas e os livros domésticos e, verificando que não apresentam interesse, mandará empacotá-los e lacrá-los para serem assim entregues aos sucessores do falecido ou queimados quando os bens forem declarados vacantes.
§ 5º Se constar ao juiz a existência de bens em outra comarca, mandará expedir carta precatória a fim de serem arrecadados.
§ 6º Não se fará a arrecadação, ou essa será suspensa, quando, iniciada, apresentarem-se para reclamar os bens o cônjuge ou companheiro, o herdeiro ou o testamenteiro notoriamente reconhecido e não houver oposição motivada do curador, de qualquer interessado, do Ministério Público ou do representante da Fazenda Pública.
Art. 741. Ultimada a arrecadação, o juiz mandará expedir edital, que será publicado na rede mundial de computadores, no sítio do tribunal a que estiver vinculado o juízo e na plataforma de editais do Conselho Nacional de Justiça, onde permanecerá por 3 (três) meses, ou, não havendo sítio, no órgão oficial e na imprensa da comarca, por 3 (três) vezes com intervalos de 1 (um) mês, para que os sucessores do falecido venham a habilitar-se no prazo de 6 (seis) meses contado da primeira publicação.
§ 1º Verificada a existência de sucessor ou de testamenteiro em lugar certo, far-se-á a sua citação, sem prejuízo do edital.
§ 2º Quando o falecido for estrangeiro, será também comunicado o fato à autoridade consular.
§ 3º Julgada a habilitação do herdeiro, reconhecida a qualidade do testamenteiro ou provada a identidade do cônjuge ou companheiro, a arrecadação converter-se-á em inventário.
§ 4º Os credores da herança poderão habilitar-se como nos inventários ou propor a ação de cobrança.
 Art. 742. O juiz poderá autorizar a alienação:
I - de bens móveis, se forem de conservação difícil ou dispendiosa;
II - de semoventes, quando não empregados na exploração de alguma indústria;
III - de títulos e papéis de crédito, havendo fundado receio de depreciação;
IV - de ações de sociedade quando, reclamada a integralização, não dispuser a herança de dinheiro para o pagamento;
V - de bens imóveis:
a) se ameaçarem ruína, não convindo a reparação;
b) se estiverem hipotecados e vencer-se a dívida, não havendo dinheiro para o pagamento.
§ 1º Não se procederá, entretanto, à venda se a Fazenda Pública ou o habilitando adiantar a importância para as despesas.
§ 2º Os bens com valor de afeição, como retratos, objetos de uso pessoal, livros e obras de arte, só serão alienados depois de declarada a vacância da herança.
Art. 743. Passado 1 (um) ano da primeira publicação do edital e não havendo herdeiro habilitado nem habilitação pendente,será a herança declarada vacante.
§ 1º Pendendo habilitação, a vacância será declarada pela mesma sentença que a julgar improcedente, aguardando-se, no caso de serem diversas as habilitações, o julgamento da última.
§ 2º Transitada em julgado a sentença que declarou a vacância, o cônjuge, o companheiro, os herdeiros e os credores só poderão reclamar o seu direito por ação direta.
SUCESSÃO LEGÍTIMA
Quanto a fonte, quanto a origem, a sucessão podem ser legítimas ou testamentárias. A sucessão legítima ocorre quando o autor da herança não deixou testamento (ato de disposição de última vontade), ou quando ele foi considerado, nulo, inválido ou caduco. Assim, o destino a ser dado para a herança é dado pela própria lei. Assim, se a herança fica para os herdeiros legítimos, chama-se de sucessão legítima, porque o destino da herança/dos bens deixados é determinado pela lei. Quando o autor da herança possui herdeiros necessários (descendentes, ascendentes, cônjuge), ele não pode dispor da totalidade da sua herança por meio de testamento (só pode dispor de metade, o restante deve ficar para os herdeiros necessários). Nesse caso, haverá a coexistência de sucessão testamentária e sucessão legítima.
	Art. 1.798. Legitimam-se a suceder as pessoas nascidas ou já concebidas no momento da abertura da sucessão.
Tem legitimidade sucessória as pessoas já nascidas ou concebidas ao tempo da abertura da sucessão. O nascituro tem legitimidade para suceder, por força do art. 1798.
Enunciado 267 da Jornada de Direito Civil:
	A regra do art. 1.798 do Código Civil deve ser estendida aos embriões formados mediante o uso de técnicas de reprodução assistida, abrangendo, assim, a vocação hereditária da pessoa humana a nascer cujos efeitos patrimoniais se submetem às regras previstas para a petição da herança.
Ordem de vocação hereditária:
Consiste numa relação, numa ordem, num rol de herdeiros que recebem a herança. Este é um rol taxativo e preferencial. Assim, o herdeiro que é descrito antes (inciso anterior), tem preferência sobre os demais, assim, os herdeiros do inciso 2º, somente receberão os se não houver os herdeiros do inciso 1º (ordem preferencial). O herdeiro anteriormente descrito tem prioridade no recebimento da herança. É a relação de herdeiros que recebem a herança quando não houver testamento, ou quando ele for nulo ou caduco.
A principal característica da ordem de vocação hereditária, neste Código de 2002, é o aumento da participação e valorização sucessória do viúvo/cônjuge sobrevivente (essa é uma tendência mundial, pois de todos os herdeiros que temos no art. 1829, o cônjuge e o companheiro sobrevivente, são os únicos que escolhemos), assim, houve um significativo aumento da participação/valorização sucessória e de direitos sucessórios do cônjuge sobrevivente em relação ao que tínhamos no Código Civil de 1916.
Temos duas linhas de parentesco, no Direito de Família:
· Temos a linha reta, quando um indivíduo advém, se origina, descende diretamente do outro. Na linha reta, cada geração corresponde a um grau. A linha reta é infinita e não sofre limitação de grau.
· Temos também a linha colateral ou oblíqua ou transversal: o indivíduo não descende diretamente do outro, embora eles derivem do mesmo tronco familiar, ou seja, possuem ascendentes em comum. O grau de parentesco mais próximo é o do irmão (2º grau). É limitado ao 4º grau, até para efeitos sucessórios, assim, só há sucessão até parentes colaterais de 4º grau.
	Art. 1.829. A sucessão legítima defere-se na ordem seguinte: (Vide Recurso Extraordinário nº 646.721) (Vide Recurso Extraordinário nº 878.694) – rol taxativo e preferencial
I - aos descendentes (no CC de 1916 parava aqui, pois não havia a possibilidade de concorrência do cônjuge sobrevivente), em concorrência com o cônjuge sobrevivente, salvo se casado este com o falecido no regime da comunhão universal, ou no da separação obrigatória de bens (art. 1.640, parágrafo único); ou se, no regime da comunhão parcial, o autor da herança não houver deixado bens particulares;
II - aos ascendentes, em concorrência com o cônjuge;
III - ao cônjuge sobrevivente;
IV - aos colaterais.
Herança por descendentes:
1. Pessoa só deixou descendentes (morreu solteiro, divorciado ou viúvo). Mas nesse caso, os descendentes mais próximos excluem os descendentes mais remotos. 
A legislação admite que o sucessor legítimo receba o seu quinhão por direito próprio ou representando pessoa de quem era herdeiro e que é pré-morta, em relação ao autor da herança. A sucessão por direito próprio é chamada de sucessão por cabeça, que ocorre quando o herdeiro é a pessoa mais próxima do falecido (em contagem de grau), entre o herdeiro e o falecido (inexiste entre o herdeiro e o morto, parente mais próximo). Já a sucessão por representação é chamada de sucessão por estirpe (há possibilidade na linha reta e na linha colateral) – ex.: netos que o pai morreu ou netos que o pai foi considerado pré-morto, os demais filhos do morto, continuam, contudo, recebendo por cabeça, já os netos representam por representação - estirpe (estes recebem representando o pai, de forma que recebem a parte que pertencia ao seu ascendente direto pré-morto). Contudo, se todos os filhos do de cujus fossem pré mortos, os netos receberiam por cabeça, porque eles seriam os herdeiros/parentes mais próximos (não há entre o morto e o herdeiro, descendente em grau mais próximo). Isso também ocorre se todos os herdeiros mais próximos renunciarem, contudo, em tese, a renúncia por um herdeiro, não gera o direito de representação para os outros.
	Art. 1.833. Entre os descendentes, os em grau mais próximo excluem os mais remotos, salvo o direito de representação.
2. Pessoa deixou descendentes e também deixou o cônjuge sobrevivente. Há a concorrência sucessória, contudo o legislador vinculou a concorrência sucessória do cônjuge com os descendentes ao regime matrimonial de bens estabelecido quando do casamento. O regime é importante para saber se haverá ou não concorrência.
· Regime da Comunhão universal: inexiste concorrência sucessória com descendentes, porque cônjuge sobrevivente já meeiro de todo o patrimônio. No regime de comunhão universal de bens, não há concorrência, porque o sobrevivente já que é meeiro de tudo o que foi deixado, de todo o patrimônio que foi deixado. Não há que haver concorrência porque a pessoa já é meeiro de todos os bens deixados (A já tem metade de toda a massa patrimonial).
Obs.: há uma lacuna na lei. Mesmo no regime da comunhão universa existem bens que são particulares, há um condomínio patrimonial quase completo, quase pleno. Existem alguns bens particulares que integram a herança, e assim, é necessário e possível que o cônjuge sobrevivente, supérstite, viúvo participe dessa divisão, sendo concorrente. É uma construção doutrinária, sendo amplamente possível a sua defesa.
	Art. 1.668. São excluídos da comunhão:
I - os bens doados ou herdados com a cláusula de incomunicabilidade e os sub-rogados em seu lugar;
II - os bens gravados de fideicomisso e o direito do herdeiro fideicomissário, antes de realizada a condição suspensiva;
III - as dívidas anteriores ao casamento, salvo se provierem de despesas com seus aprestos, ou reverterem em proveito comum;
IV - as doações antenupciais feitas por um dos cônjuges ao outro com a cláusula de incomunicabilidade;
V - Os bens referidos nos incisos V a VII do art. 1.659.
· Separação obrigatória de bens (art. 1641): por opção legislativa, também inexiste concorrência sucessória (opção legislativa). No regime da separação obrigatória também não há concorrência, por expressa previsão legal. O viúvo não é herdeiro nem meeiro, por expressa previsão legal, e a herança será destinada integralmente para os descendentes ou ascendentes, se houver.
	Art. 1.641. É obrigatório o regime da separação de bens no casamento:
I - das pessoas que o contraírem com inobservância das causas suspensivas da celebração do casamento;
II – da pessoa maior de 70 (setenta) anos; (Redação dada pela Lei nº12.344, de 2010)
III - de todos os que dependerem, para casar, de suprimento judicial.
· Separação convencional/total de bens (art. 1687 e 1688): cônjuge sobrevivente concorre com descendentes. Há concorrência sucessória. Cada cônjuge possui sua massa patrimonial, administrando-a livre e independentemente, podendo até mesmo alienar bens sem a outorga marital. Se o de cujus tiver dois filhos, a herança deve ser tripartida.
· Participação Final nos aquestos (art. 1672 e seguintes): Cônjuge sobrevivente também concorrerá com descendentes. Há a concorrência sucessória, mas esta se dá somente sobre o que não são bens aquestos, ou seja, apenas sobre os bens particulares, pois sobre os bens comuns, o viúvo já possui participação. Nesse regime, o cônjuge tem direito de participação nos bens que foram adquiridos com esforço comum.
	Enunciado 270 da Jornada de Direito Civil: O art. 1.829, inc. I, só assegura ao cônjuge sobrevivente o direito de concorrência com os descendentes do autor da herança quando casados no regime da separação convencional de bens ou, se casados nos regimes da comunhão parcial ou participação final nos aquestos, o falecido possuísse bens particulares, hipóteses em que a concorrência se restringe a tais bens, devendo os bens comuns (meação) ser partilhados exclusivamente entre os descendentes.
Bens Comuns: 50% do cônjuge e 50% dos descendentes.
Bens particulares: tripartidos.
· Comunhão parcial de bens: nesse caso, depende, pois nesse regime, para que haja a concorrência, depende da existência de bens particulares (depende da existência de bens que não são comuns – art. 1.659) e excluídos da comunhão. É meeiro no que tange aos bens comuns e concorre com os descendentes para os bens particulares. Logo, se não há bens particulares, não cabe concorrência.
	Art. 1.659. Excluem-se da comunhão:
I - os bens que cada cônjuge possuir ao casar, e os que lhe sobrevierem, na constância do casamento, por doação ou sucessão, e os sub-rogados em seu lugar;
II - os bens adquiridos com valores exclusivamente pertencentes a um dos cônjuges em sub-rogação dos bens particulares;
III - as obrigações anteriores ao casamento;
IV - as obrigações provenientes de atos ilícitos, salvo reversão em proveito do casal;
V - os bens de uso pessoal, os livros e instrumentos de profissão;
VI - os proventos do trabalho pessoal de cada cônjuge;
VII - as pensões, meios-soldos, montepios e outras rendas semelhantes.
Nesse caso, observa-se três massas patrimoniais: bens particulares de A, bens particulares de B, bens comuns. Sobre as primeiras, há a concorrência sucessória. Na última, há meação, sobre os bens comuns, o viúvo nada herdará.
Nesses últimos dois (participação final dos aquestos e comunhão parcial), haverá concorrência do cônjuge com os demais herdeiros no que tange aos bens particulares.
Obs.: a meação é um instituto do direito das famílias. Um indivíduo pode ou não ser meeiro, a depender do regime de bens. Já a herança, é um instituto de direito das sucessões, a depender da lei e do testamento.
Há concorrência sucessória, como se divide o acervo patrimonial? Deve-se observar o artigo 1832:
	Art. 1.832. Em concorrência com os descendentes (art. 1.829, inciso I) caberá ao cônjuge quinhão igual ao dos que sucederem por cabeça, não podendo a sua quota ser inferior à quarta parte da herança, se for ascendente dos herdeiros com que concorrer.
Quando o viúvo for ascendente, a quota parte não pode ser menor que um quarto. Isso só é aplicável quando há mais de 3 descendentes. Nesse caso, o viúvo receberá ¼ (essa parte deve ser resguardada), o restante deve ser ¾ dos descendentes.
Quando existem filhos comuns e não comuns, a divisão deverá ocorrer em partes iguais.
	Enunciado 527 da V Jornada de Direito Civil: Na concorrência entre o cônjuge e os herdeiros do de cujus, não será reservada a quarta parte da herança para o sobrevivente no caso de filiação híbrida.
 
O STJ no Resp. 1.617.501/RS confirmou esse entendimento do enunciado 527, de forma a não resguardar a quarta parte ao cônjuge sobrevivente no caso de haver filhos comuns e não comuns (filiação híbrida).
Herança por ascendentes:
Também fala em parentesco em linha reta, mas agora é a linha ascendente. E há a concorrência sucessória dos cônjuges com os ascendentes, mas essa concorrência independe do regime de bens, de forma que ela sempre ocorrerá. Nesse caso, é amplamente possível que o indivíduo seja simultaneamente herdeiro e meeiro, ele meia os bens a depender do regime e depois herda em concorrência com os ascendentes.
Regras basilares aplicáveis quando da sucessão de ascendentes: 
· Grau mais próximo exclui o mais remoto, sem direito de representação.
· Havendo igualdade de graus, divide-se a herança entre as linhas materna e paterna.
Ex.: A e B tem o filho C, que morre, e deixa os descendentes. Nesse caso, a herança será dividida entre A e B.
	Enunciado 642 da VII Jornada de Direito Civil - Nas hipóteses de multiparentalidade, havendo o falecimento do descendente com o chamamento de seus ascendentes à sucessão legítima, se houver igualdade em grau e diversidade em linha entre os ascendentes convocados a herdar, a herança deverá ser dividida em tantas linhas quantos sejam os genitores. – se a pessoa tinha 2 mães e 1 pais, fica 1/3 para cada 1.
Ex.: G faleceu e deixou dois ascendentes F e E, e ainda 4 avós. F e E recebem a herança, excluindo o direito dos avós. Se G, que não é casado e não tem filhos, e deixa um pai e 4 avós, o pai recebe a integralidade na herança, visto que não há direito de representação na herança por ascendentes, de forma que os avós maternos não têm direito, mesmo a mãe tendo morrendo.
Se ambos os pais morreram e restaram 4 avós, os 4 herdam por cabeça e a mesma quantia. Mas se uma avó tiver morrido (materna), percebe-se que o avô paterno vai receber 50% da herança e os avós paternos vão receber 25% cada.
Se o G fosse casado, a herança será partilhada observa-se as regras do art. 1837, de forma que o regime de bens é irrelevante. G deixa os dois ascendentes e um cônjuge/ companheiro, nesse caso divide-se a herança em partes iguais. 
Se G fosse casado em comunhão universal e G tivesse 1 milhão, a sua viúva teria direito a 500.000 como meação, e depois teria direito a mais 1/3 dos 500 mil a título de herança.
	Art. 1.837. Concorrendo com ascendente em primeiro grau, ao cônjuge tocará um terço da herança; caber-lhe-á a metade desta se houver um só ascendente, ou se maior for aquele grau.
Se o cônjuge sobrevivente concorrer com apenas um dos ascendentes diretos ou com ascendentes de grau maior, terá direito a metade da herança.
A (de cujus) era casado com B, e deixa os 4 avós. Metade da herança vai para B e cada avó receberá 12,5% do total da herança. Se o de cujus tinha 3 avós, metade da herança vai para B e cada avô paterno receberá 12,5% do total da herança e o avô materno recebe 25%.
Herança por cônjuge ou companheiro:
Não havendo descendentes ou ascendentes, a herança será integralmente herdada pelo cônjuge e companheiro sobrevivente. O CC trata apenas do cônjuge, mas em 2017 o STF considerou o art. 1790 inconstitucional (observando o princípio da igualdade, dignidade e vedação ao retrocesso), de forma que a partir desse momento, a sucessão por cônjuge e por companheiros devem seguir as mesmas regras. O Código é muito antigo e quando chega ao Senado, se percebeu que não havia nenhum dispositivo que falasse da sucessão no concubinato, assim apresenta-se a Emenda 358 ao projeto para tratar de tal assunto. Com a chegada da constituição, que reconheceu a união estável como forma de constituição de família. Depois disso, houve a Lei 8.213 de 1991 e em 1996, com a Lei 9.278, igualou-se os direitos do cônjuge e do companheiro. Mas, com a chegada do CC houve um real retrocesso. Mas com esse posicionamento do STF, colocou-se os direitos sucessórios dos cônjuges e companheiros no mesmo patamar. Essa diferenciação sempre foi muito criticada pela doutrina e pela jurisprudência, até se chegar ao posicionamentodo STF, que gerou repercussão geral, de forma que o art. 1828, deve ser aplicado ao cônjuge e também ao companheiro sobrevivente.
Para que cônjuge ou companheiro tenham direitos sucessórios, para as hipóteses dos incisos I, II e III, deve-se observar a regra do art. 1830:
	Art. 1.830. Somente é reconhecido direito sucessório ao cônjuge sobrevivente se, ao tempo da morte do outro, não estavam separados judicialmente, nem separados de fato há mais de dois anos, salvo prova, neste caso, de que essa convivência se tornara impossível sem culpa do sobrevivente.
Esse lapso temporal de 2 anos no caso da separação de fato não é mais observado. Além disso, doutrina e jurisprudência têm com partilhado o entendimento de que a simples ocorrência da separação de fato põe fim a direitos sucessórios, independentemente do tempo de sua duração. Não tendo vínculo patrimonial, convivência, afeto, não há que se falar nos reflexos econômicos.
Obs.: ainda não houve manifestação do STF quanto ao fato do companheiro sobrevivente ser herdeiro necessário como o cônjuge. Existem duas linhas de pensamento:
· 1ª corrente doutrinária (dominante – Flávio Tartuce, Rolf Madaleno, José Fernando Simão, Dimas Messias de Carvalho, Giselda Hironaka): companheiro é herdeiro necessário. É muito provável que o STF venha a reconhecer no sentido dessa corrente.
· 2ª corrente (minoritário) - Mário Luiz Delgado, Rodrigo da Cunha Pereira: casamento e união estável possuem diferenças e que o companheiro não faz jus ao recebimento da metade legítima.
Direito real de habitação:
Assegura ao cônjuge sobrevivente, independente do que ele receba a título de herança, ele tem direito de morar/habitar relativamente ao imóvel destinado para a vida da família, desde que não existam outros para esse mesmo fim. Se tiverem mais de um imóvel residencial para este fim, esse direito apenas existirá se o cônjuge não tiver sido contemplado por nenhum bem de tal tipo.
 Esse direito é menos amplo que o usufruto, pessoa só pode morar. E esse direito dura até quando viver o viúvo, independentemente da constituição de nova família.
	Art. 1.831. Ao cônjuge sobrevivente, qualquer que seja o regime de bens, será assegurado, sem prejuízo da participação que lhe caiba na herança, o direito real de habitação relativamente ao imóvel destinado à residência da família, desde que seja o único daquela natureza a inventariar.
Isso já era previsto no CC 16 para os cônjuges casados sob o regime da comunhão universal, mas atualmente, assegura-se isso para todos os regimes. 
O companheiro também deve ser considerado para o direito real de habitação, conforme pode ser observado no seguinte enunciado.
	Enunciado 117 da I Jornada de Direito Civil: O direito real de habitação deve ser estendido ao companheiro, seja por não ter sido revogada a previsão da Lei n. 9.278/96, seja em razão da interpretação analógica do art. 1.831, informado pelo art. 6º, caput, da CF/88.
Herança para colaterais:
Não havendo descendentes, ascendentes ou cônjuge/companheiro, recebem a herança (ela será deferida) os colaterais, que são os últimos da ordem de vocação hereditária (últimos herdeiros mencionados no art. 1829). Parentes na linha colateral são aqueles que não descendem diretamente uns dos outros, mesmo que pertençam ao mesmo tronco familiar, ou seja, possuem ascendentes em comum. O grau mais próximo é o segundo: irmãos. Os irmãos podem ser unilaterais ou bilaterais (germanos). São colaterais em 3º grau: tios e sobrinhos. Em 4º grau: primos, tios-avôs e sobrinhos netos. Lembrando que o parentesco na linha colateral está limitado ao quarto grau, inclusive no que se refere os efeitos e direitos sucessórios.
	Art. 1.839. Se não houver cônjuge sobrevivente, nas condições estabelecidas no art. 1.830, serão chamados a suceder os colaterais até o quarto grau.
Regras a serem observadas:
· Grau mais próximo exclui o grau mais remoto, salvo o direito de representação assegurado aos sobrinhos do de cujus (art. 1814).
F morre solteiro, sem ascendentes e descentes, deixa 3 irmãos e sobrinhos. Nesse caso, os 3 irmãos tripartirão a herança, porque são colaterais em grau mais próximo. Se um irmão for pré morto, os filhos desse irmão (sobrinhos), vão receber por estirpe a parte que seria destinada ao seu pai. Se todos os irmãos de F fossem pré-mortos, os sobrinhos não herdariam por representação, mas sim, por direito próprio, recebendo o mesmo valor (recebem por cabeça).
· Bilaterais recebem o dobro em relação aos unilaterais.
	Art. 1.841. Concorrendo à herança do falecido irmãos bilaterais com irmãos unilaterais, cada um destes herdará metade do que cada um daqueles herdar.
G morre, deixando apenas irmão bilaterais E e F, e irmãos unilaterais B e C. Deve-se dividir a herança em 6 partes iguais, cabendo 2/6 aos bilaterais e 1/6 aos unilaterais. Se apenas concorrem um tipo de irmão, todos recebem a mesma coisa.
Observando essa mesma regra:
	Art. 1.843. Na falta de irmãos, herdarão os filhos destes e, não os havendo, os tios.
§ 1o Se concorrerem à herança somente filhos de irmãos falecidos, herdarão por cabeça.
§ 2o Se concorrem filhos de irmãos bilaterais com filhos de irmãos unilaterais, cada um destes herdará a metade do que herdar cada um daqueles.
§ 3o Se todos forem filhos de irmãos bilaterais, ou todos de irmãos unilaterais, herdarão por igual.
G morre, deixando apenas sobrinhos: 2 filhos de irmão bilateral E e F, e 2 filhos de irmãos unilaterais B e C. Deve-se dividir a herança em 6 partes iguais, cabendo 2/6 aos filhos dos irmãos bilaterais e 1/6 aos filhos dos irmãos unilaterais. Se apenas concorrem um tipo de irmão, todos recebem a mesma coisa.
· Se concorrem sobrinhos e tios, a preferência é pelos descendentes. Ou seja, tios só herdarão se não houver sobrinhos. Trata-se da valorização dos mais jovens.
	Art. 1.843. Na falta de irmãos, herdarão os filhos destes e, não os havendo, os tios.
Se não houver irmãos, sobrinhos e tios, herdam os parentes colaterais em 4º grau, todos herdam ao mesmo tempo, por cabeça. 
HERDEIROS NECESSÁRIOS
A nossa legítima elenca os herdeiros necessários, que são os descendentes, ascendentes e descendentes. Eles consistem nos herdeiros a quem a lei assegura o recebimento da metade dos bens quem compõe a herança. Esta metade recebe o nome de porção legítima ou metade indisponível. Essa parte não pode ser disposta por meio de ato de disposição de última vontade. Nesses casos, metade de todos os bens do de cujus pertence aos herdeiros necessários, de forma que o de cujus não pode dispor de todos os seus bens.
Os herdeiros necessários também podem ser contemplados no testamento, recebendo uma deixa testamentária ou um legado, que é chamado de pré-legado ou legado precípuo (bem individualizado, particularizado). Nesses casos, a pessoa recebe na sucessão legítima e na sucessão testamentário.
Obs.: todo herdeiro é necessário é legítimo, mas nem todo herdeiro legítimo é necessário, a exemplo dos colaterais, que são herdeiros legítimos e constam do art. 1829, mas não são necessários, porque não constam do rol do art. 1845.
	Art. 1.845. São herdeiros necessários os descendentes, os ascendentes e o cônjuge.
Art. 1.846. Pertence aos herdeiros necessários, de pleno direito, a metade dos bens da herança, constituindo a legítima.
Percebe-se que não consta desse rol, os companheiros. Com dos Recursos Extraordinários 878694 e 646721, o STF julgou inconstitucional o art. 1790, que tratava sobre os direitos sucessórios do cônjuge, de forma que acredita que não deve ter diferença entre os direitos sucessórios dos viúvos companheiros ou cônjuges, de forma que eles deveriam constar no rol do art. 1829 (sucessão de companheiros também deveria observar essa ordem). O STF nada mencionou sobre os companheiros serem herdeiros necessários, foram propostos embargos, mas foram negados com a seguinte tese “não a que se falar em omissão do acórdão embargado por ausência de manifestação com relação ao art. 1845 ou qualquer outro dispositivo do CC, pois o objeto da Repercussão

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