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e-Book 1 Flávio Pajanian PESQUISA EM EDUCAÇÃO FÍSICA Sumário INTRODUÇÃO ������������������������������������������������� 3 METODOLOGIAS DE PESQUISA EM EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTES ������������������� 5 CONHECIMENTO ������������������������������������������������������������������ 5 PESQUISA ������������������������������������������������������������������������������ 9 TIPOS DE PESQUISA EM ATIVIDADES FÍSICAS E ES- PORTES �������������������������������������������������������������������������������� 13 METODOLOGIAS E TÉCNICAS DE PESQUISA ������������������� 15 INSTRUMENTOS E TÉCNICAS DE COLETA E ANÁLISE DE DADOS ���������������������������������������������������������������������������� 20 TÉCNICA DE SÍNTESE ��������������������������������������������������������� 22 CONSIDERAÇÕES FINAIS ����������������������������24 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS & CONSULTADAS ��������������������������������������������25 3 INTRODUÇÃO Quando navegamos pela internet em busca de um determinado conteúdo, entramos em uma biblio- teca à procura de um ou mais livros, perguntamos a um amigo sobre determinado assunto, entre outros métodos� Em todos esses casos, estamos realizando uma pesquisa� No universo acadêmi- co, os procedimentos normativos, as regras e os padrões transformam esses procedimentos em uma pesquisa científica. Para o fisiologista húngaro Albert von Szent-Györgyi Nagyrápolt (Figura 1), vencedor do Prêmio Nobel de Medicina em 1937, “pesquisar é ver o que todo mundo já viu e pensar o que ninguém tinha pensado”. Figura 1: Albert von Szent-Györgyi Nagyrápolt. Fonte: Chemistryexplained 4 E para você, o que é pesquisar? A fim de obtermos uma resposta para essa per- gunta, neste módulo iniciaremos discussões sobre a produção acadêmica no contexto da educação física e dos esportes� Em seguida, falaremos sobre o conceito de pes- quisa científica, explorando as características dos trabalhos acadêmicos. Diferenciaremos os tipos e de que modo ocorre a produção do conhecimento. Por fim, abordaremos as diferentes metodologias e técnicas de pesquisa utilizadas no campo dos estudos acadêmicos, dentro do contexto da edu- cação física e dos esportes� Preparado para embarcar nesta fascinante viagem através do conhecimento? Então, vamos lá! 55 METODOLOGIAS DE PESQUISA EM EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTES Neste tópico, abordaremos elementos essenciais referentes ao conceito de pesquisa, como sua na- tureza, objetivos e tipos� Com isso, conseguiremos mais detalhes sobre os tipos de conhecimento, além dos métodos e das principais técnicas rela- cionadas ao pensamento científico. CONHECIMENTO Para Cervo, Bervian e Silva (2007), o conhecimen- to é o resultado de um processo desenvolvido a partir do momento em que o sujeito que conhece se apropria da “coisa” conhecida. Tal apropriação se chama sensitiva, quando é física e envolve os sentidos, ou intelectual, quando se restringe ao campo cognitivo� O conhecimento surge, portanto, da relação esta- belecida entre o sujeito e o seu objeto de estudo, e essa relação visa a se apropriar do objeto estudado (MASCARENHAS, 2012). Em outras palavras, para que o conhecimento se desenvolva, é imprescindí- vel que existam de forma independente o sujeito e a coisa, que só passa a ser conhecida após a apropriação por parte do sujeito� 66 Os diferentes níveis de conhecimento e as formas de conhecer a coisa variam em função do contexto em que é analisada ou conhecida (Figura 2): Figura 2: O conhecimento e seus níveis. Sujeito ObjetoConhecimento ConhecimentoEmpírico Científico Filosófico Teológico Fonte: Adaptado de Cervo, Bervian e Silva (2007, p. 18). Conhecimento empírico O conhecimento empírico se constrói a partir da interação do sujeito com o meio ambiente ou meio social, ou seja, desenvolve-se das experiências vividas, que resultam em erros e acertos, sendo transmitidos de pessoa para pessoa e de geração para geração, a partir do constante processo de interação social (CERVO; BERVIAN; SILVA, 2007). É 77 construído independentemente de métodos e siste- matizações� É objeto da curiosidade, das relações humanas, das interações e experiências vividas. Conhecimento científico Se, por um lado, o conhecimento empírico é cons- truído por meio da interação pura e simples do su- jeito com o objeto, por outro lado, o conhecimento científico vai além da característica aparente do fenômeno, aprofundando a investigação nos ele- mentos ocultos� A esse respeito, Galliano (1986) informa que o conhecimento científico resulta de investigação metódica e sistemática da realidade, com isso, transcende os fatos e os fenômenos em si mesmos, analisa-os para descobrir suas causas e concluir as leis gerais que os regem� O conhecimento científico apresenta as seguintes características, segundo Silva (2015): y É real (factual) e verificável: ocupa-se em veri- ficar fenômenos reais e ocorrências observáveis. y É metódico: é construído a partir de uma pes- quisa organizada por ferramentas metodológicas� y É sistemático: o pesquisador tem sempre a preocupação de registrar os dados e resultados de forma organizada, a fim de poder analisá-los e posteriormente replicá-los. 88 y É falível e aproximadamente exato: o conhe- cimento científico não é definitivo. Assim, permite novos achados sobre o mesmo tema, a partir de diferentes perspectivas� Conhecimento filosófico Para iniciar este tópico, leia atentamente as pala- vras a seguir: A Filosofia é [...] uma forma de conhecimento pela qual o ser humano toma consciência de si, do sentido da sua história, do significado do projeto do futuro. A Filosofia tem um campo próprio de reflexão que não pertence a nenhum outro tipo de conhecimento. Seu objeto de reflexão são os princípios norteadores de nossas ações� São as orientações que pautam o nosso exercício nos diversos setores da prática humana (LUKÉSI et al., 1991 apud SILVA, 2015). O conhecimento filosófico ocupa-se em aprofundar o entendimento sobre o sentido da história humana e dos princípios que regem as ações sociais dos indivíduos. As visões filosóficas são debatidas no campo do conhecimento humano e podem ser questionadas no plano racional� Porém, não care- cem de experimentação científica ou comprovação empírica� É construído a partir do questionamento contínuo de si mesmo e da realidade� 99 Conhecimento teológico O conhecimento teológico está intimamente liga- do à fé, pois busca a explicação sobre aquilo que se quer conhecer em alguém que afirma deter o conhecimento sobre determinado assunto, mas sem exigir comprovação de veracidade. Assim, no geral, o conhecimento teológico apresenta respostas para questões que o homem não pode responder com o conhecimento vulgar, científico ou filosófico (GALLIANO, 1986). O objeto do conhecimento é a descoberta. Porém, a de- pender do tipo de conhecimento, as supostas verdades nunca são definitivas, visto que podem existir diferentes verdades a partir de diferentes pontos de vista� Assim, às descobertas e aos elementos do conhecimento, vincula-se o trinômio: verdade – evidência – certeza. A certeza confirma a verdade, mas essa só existe se houver evidência. PESQUISA Silva (2015) informa que pesquisa é uma atividade humana, cujo propósito é descobrir respostas para as indagações ou questões significativas propostas. Nesse sentido, Cervo, Bervian e Silva (2007, p. 69) FIQUE ATENTO 1010 afirmam que “pesquisa é uma atividade voltada para a investigação de problemas teóricos ou práticos por meio do emprego de processos científicos”. Consultando a literatura sobre o tema, verificamos que muitas são as definições de pesquisa. Assim, a partir de uma visão ampla, podemos entender que pesquisa está associada à geração de conhe- cimento, aplicando-se a todas as ciências� Em suma, a pesquisa tem como objetivo buscar explicações para a natureza dos fenômenos, utilizan- do para tanto meios sistemáticos e cuidadosos. À pesquisa, atribuem-secinco características, a saber: y É sistemática: pesquisar envolve um roteiro preestabelecido que inclui a identificação de va- riáveis, planejamento, coleta de dados, avaliação de um problema e teste de hipóteses. y É lógica: verificar os procedimentos metodo- lógicos usados permite ao pesquisador avaliar os resultados alcançados� y É empírica: coletar dados tem como base as decisões do pesquisador� y É redutiva: generalizações partem de eventos individuais� y É replicável: registros realizados durante o processo de pesquisa permitem que os procedi- mentos sejam repetidos� Com isso, as descobertas podem ser testadas ou novas pesquisas podem ser realizadas a partir dos resultados anteriores� 1111 Finalidade da pesquisa No contexto acadêmico, a pesquisa é um parâmetro formador e um requisito para titulação do pesquisa- dor� Assim sendo, os objetivos da pesquisa variam em função do nível e da titulação acadêmica do pesquisador� Na sequência de sua trajetória acadêmica, o estudante pode alcançar os mais altos níveis da pesquisa academia, para isso, deve demonstrar capacidade para a realização, em sequência, dos diferentes níveis de pesquisa, que determinam a conquista dos títulos acadêmicos. São eles: Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) para a graduação, Dissertação para o mestrado e Tese para o doutorado� Na maioria dos casos, os programas de iniciação científica se constituem como o primeiro contato do estudante com os procedimentos de pesquisa, sendo ainda a melhor oportunidade de aprendiza- gem desse universo� Há outros ensaios no campo da pesquisa acadê- mica que ocorrem nos cursos de pós-graduação latu sensu, entre os quais se encontram o TCC, o trabalho de graduação interdisciplinar (TGI) e o trabalho final de curso (TFC). 1212 Tipos de pesquisa Deve-se investigar qualquer fenômeno sob perspec- tivas, dimensões e abordagens as mais variadas possíveis, pois para cada novo ângulo, normalmente são possíveis diferentes níveis de aprofundamento, foco, objetivos� Assim, em função dessa variabilida- de de aspectos, é natural admitirmos a existência de diferentes tipos de pesquisa, cada qual com suas respectivas características e peculiaridades (CERVO; BERVIAN; SILVA, 2007). Nesse cenário, os autores agrupam os diferentes tipos de pesquisa existentes em três importantes grupos: (i) pesquisa bibliográfica, (ii) pesquisa descritiva e (iii) pesquisa experimental. Pesquisa bibliográfica A pesquisa bibliográfica é realizada a partir de uma profunda consulta à base de dados de pesquisas sobre o tema, anteriormente realizadas e publicadas em forma de artigos, livros, dissertações, teses etc� Pode ser realizada isoladamente, quando demanda todas as etapas do trabalho científico, ou como parte de outras pesquisas do tipo descritiva ou experi- mental, com o objetivo de coletar achados prévios sobre um determinado problema ou fenômeno� 1313 Pesquisa descritiva Na pesquisa descritiva, o pesquisador realiza a observação do fenômeno no ambiente natural em que ele ocorre, para então registrá-lo, analisá-lo e correlacioná-lo a outros fenômenos ou fatos sem, com isso, manipulá-los. Entre as diversas formas que a pesquisa descritiva pode assumir, estão: os estudos descritivos, as pesquisas de opinião e de motivação, os estudos de caso e as pesquisas documentais� Pesquisa experimental Na pesquisa experimental, ocorre a manipulação direta das variáveis relacionadas ao fenômeno estudado, a fim de possibilitar a investigação das relações entre causas e efeitos� Diferentemente da pesquisa descritiva, em que ocorre apenas a observação, classificação e inter- pretação dos fenômenos, na pesquisa experimental, procura-se explicar como ou por que o fenômeno ocorre (CERVO, BERVIAN; SILVA, 2007). TIPOS DE PESQUISA EM ATIVIDADES FÍSICAS E ESPORTES As atividades físicas, os exercícios físicos e os esportes são áreas que representam um campo fértil para a produção de conhecimento, possibili- 1414 tando a aplicação de tipos de pesquisa diversos� Entre eles temos: y Pesquisa histórica y Pesquisa filosófica y Síntese de pesquisa (Metanálise) y Survey y Pesquisa desenvolvimental (delineamentos longitudinal e transversal) y Estudos de caso y Pesquisa observacional y Pesquisa correlacional y Pesquisa epidemiológica y Pesquisa experimental e quase experimental y Pesquisa qualitativa y Pesquisa quantitativa y Pesquisa de métodos mistos� Saiba mais sobre os tipos de pesquisa em atividade física e esportes, consultando Métodos de pesquisa em Atividade Física (2012), de J. R. Thomas, J. K. Nelson e S. J. Silverman. SAIBA MAIS 1515 METODOLOGIAS E TÉCNICAS DE PESQUISA Método No conceito geral, método é a maneira com que se organiza um processo para atingir um determinado resultado. O método envolve uma finalidade e pos- sibilita que uma meta seja alcançada de maneira mais eficiente. Dentro do universo da pesquisa, o método envolve o procedimento e o conjunto de ações utilizados durante a investigação de um fenômeno� Assim, o método é parte essencial para o sucesso de uma investigação� No que tange à importância do método na pesqui- sa científica, “muitas vezes, um espírito medíocre guiado por um bom método faz mais progressos nas ciências que outro mais brilhante que segue ao acaso” (CERVO; BERVIAN; SILVA, 2007, p. 40). Entretanto, note-se que apenas uma cuidadosa aten- ção aos procedimentos do método não é suficiente para alcançar resultados consistentes� A dedicação e inspiração do pesquisador também são fundamentais para a elaboração de boas hipóteses e proposições, bem como o desenvolvimento de grandes e novas ideias. “Quem escolhe o que pesquisar é o próprio pesquisador; o método só diz como isso pode ser feito” (MASCARENHAS, 2012, p. 48). 1616 O argumento de autoridade é um conceito que se opõe à comprovação científica de um determinado fenôme- no. Acontece quando há admissão de veracidade com base apenas no valor intelectual ou moral daquele que propõe o conceito ou doutrina� É um argumento bastante comum no contexto da fé, podendo-se tornar um obstá- culo à investigação científica. Ainda assim, o argumento de autoridade tem reconhecida função no campo das ciências positivas, por muitas vezes estimular e guiar trabalhos de investigação e confirmação científicas. Método científico O método científico é um instrumento utilizado pela ciência na sondagem da realidade e formado por um conjunto de procedimentos, mediante os quais os problemas científicos são formulados, e as hipóteses são examinadas (GALLIANO, 1986). Por sua vez, Silva (2015) afirma que o método cien- tífico possibilita ao pesquisador o planejamento de sua investigação, a formulação de hipóteses, a realização de experimentos e a interpretação de resultados� Para que o método científico funcione adequada- mente, é fundamental que as seguintes etapas sejam cumpridas: FIQUE ATENTO 1717 y Definição do tema a ser pesquisado y Construção do problema de pesquisa y Elaboração do objetivo geral y Elaboração dos objetivos específicos y Construção de hipóteses, pressupostos ou proposições y Descrição da metodologia adotada y Construção do cronograma (etapas) da pesquisa y Coleta de dados y Tabulação dos resultados y Discussão dos resultados à luz da teoria adotada y Elaboração das conclusões ou considerações finais. Em geral, as pesquisas científicas são realizadas por experimentos, por esse motivo, o método científico é chamado de experimental. Observe, porém, que nem todo método científico é experimental. É o caso da filosofia, que questiona a própria realidade para interpretá-la quanto à sua “origem, natureza profunda, destino e significado no contexto geral” (CERVO, BERVIAN; SILVA, 2007, p. 41). Nesse caso, estamos diante do método racional� Métodos qualitativo e quantitativo O método qualitativo é adequado para a investigação de atitudes, valores, percepções e motivações do público pesquisado,com a preocupação primor- dial de entender sua profundidade� Assim, oferece informações de natureza mais subjetiva e latente� 1818 O método quantitativo, por seu turno, é adequado quando se deseja conhecer a extensão (estatisti- camente falando) do objeto de estudo, do ponto de vista do público pesquisado� Por isso, oferece infor- mações de natureza mais objetiva e aparente, com seus resultados que podem refletir as ocorrências do mercado, como um todo ou de seus segmentos, de acordo com a amostra com a qual se trabalha. A seleção do método mais adequado depende do tipo de estudo, bem como de suas características e objetivos, podendo ainda utilizar ambos os mé- todos em estudos com método misto (Quadro 1): Tabela 1: Comparativo entre os métodos quantitativo e qualitativo Método qualitativo Método quantitativo Subjetivo Objetivo Testa a teoria Desenvolve a teoria Possibilita riqueza de nar- rativas e interpretações individuais Possibilita análises estatísticas Elementos básicos de análise: palavras e ideias Elementos básicos de análise: números Pesquisador participa do processo Pesquisador mantém-se à distância do processo Raciocínio dialético e indutivo Raciocínio lógico e dedutivo Descreve significados, descobertas Estabelece relações, causas Preocupação com a qualidade das informações Preocupação com a quantida- de de informações Busca particularidades Busca generalizações Não depende do contexto Depende do contexto Fonte: Adaptado de Zanella (2006, p. 103). 1919 Citando Bogdan, Triviños (1987) apresenta cinco características dos estudos qualitativos: 1) Considerando o ambiente natural como uma fonte direta dos dados, o pesquisador exerce função essencial na coleta, não podendo ser substituído por qualquer técnica ou procedimento, pois ele é o responsável pela observação, seleção, interpre- tação e registro das informações� 2) A pesquisa qualitativa é descritiva, portanto, os resultados são expressos na forma de transcrição de entrevistas, narrativas, declarações, registros de imagens, documentos, diários etc. 3) Para o pesquisador, é mais importante o pro- cesso da investigação do que o resultado final. 4) Os dados são analisados de forma indutiva, ou seja, a partir deles são construídas as abstrações� 5) A compreensão dos fenômenos é construída a partir do ponto de vista dos participantes, tornando o significado elemento essencial da investigação. No método quantitativo, o foco está na represen- tatividade numérica, na quantificação objetiva dos resultados� Para isso, devem ser utilizados os seguintes elementos: Dados, Varáveis, Universo ou população do estudo e Amostra� 2020 INSTRUMENTOS E TÉCNICAS DE COLETA E ANÁLISE DE DADOS Fontes de dados Antes de falar sobre os instrumentos e técnicas para a coleta de dados, é muito importante diferen- ciar as fontes de dados utilizadas nas pesquisas científicas. Os dados de uma pesquisa podem ser obtidos por fontes primárias ou fontes secundárias. Os dados oriundos de fontes primárias são aqueles em que o pesquisador realiza a coleta diretamente com os respondentes do estudo� Por outro lado, as fontes secundárias consistem no agrupamento de dados que já foram compilados. Entre eles, temos as estatísticas e os indicadores de mercado, obtidos internamente, ou publicações setoriais e oficiais. Instrumentos O problema de pesquisa e o objetivo balizam a escolha de técnicas e instrumentos para a coleta de dados, que estão relacionados à necessidade de estabelecer quais informações se pretende acessar, onde encontrá-las, de que forma obtê-las e como agrupá-las e analisá-las. Considerando os métodos qualitativo e quantitativo, os principais instrumentos para coleta e análise de dados são: 2121 y Roteiro de entrevista: compreende uma sequ- ência de perguntas ou indagações organizadas em forma de roteiro, pretendendo nortear o trabalho do entrevistador na obtenção das informações neces- sárias. Dependendo do tipo e da profundidade das informações, pode conter uma sequência inflexível de perguntas ou apenas um roteiro que possibilita ao entrevistador explorar as respostas obtidas. y Questionário: é composto, em geral, de per- guntas fechadas, que facilitam sua tabulação, mas também pode conter perguntas aberta, que implicam a criação de categorias para melhor agrupamento e análise. y Análise documental: como o nome indica, compreende a investigação de informações con- tidas em documentos, como manuais, normas, regulamentos, estatutos, relatórios, leis, decretos, portarias, publicações, documentos jurídicos etc� É utilizado tanto em pesquisas quantitativas quanto em pesquisas qualitativas� y Observação: compreende o registro detalhado de um acontecimento ou fenômeno� O pesquisador pode ser participante, quando efetivamente participa do fenômeno registrado, ou observador, quando não participa� Além disso, a observação pode ser direta, quando o pesquisador está presente no momento da ocorrência do fenômeno, ou indireta, quando apenas observa os registros dos fatos� 2222 Técnicas de análise de dados Os dados coletados demandam do pesquisador a necessidade de organização, a fim de facilitar o processo de análise, mas, para isso, técnicas são utilizadas: y Análise estatística: a partir da tabulação e organização dos dados em tabelas, são aplica- dos procedimentos estatísticos que resultarão em informações acerca dos dados. Por exemplo: média, mediana, moda, frequência, desvio-padrão, coeficiente de correlação etc. É aplicada em estu- dos quantitativos� y Análise de conteúdo: identifica a frequência com que ocorre um determinado fenômeno e possíveis relações entre diferentes fenômenos� Para a interpretação das informações, usam-se modelos conceituados� y Análise de discurso: relaciona-se à análise da linguagem utilizada em documentos escritos ou relatos falados, a fim de extrair os significados e ideologias contidos nos discursos� TÉCNICA DE SÍNTESE A síntese é uma técnica muito utilizada na re- dação científica, em que se extrai a essência da obra analisada� Nela, são apresentados os pontos principais do texto sem, no entanto, detalhar as partes não essenciais� 2323 Como o próprio nome informa, o objetivo da sín- tese é apresentar ao leitor a ideia geral do texto, de maneira sintética, em poucas palavras, sem a abrangência e o detalhamento apresentados na obra original� No meio acadêmico, muitas vezes a síntese pode ser confundida com outros gêneros textuais, como o resumo e a resenha crítica. Por essa razão, é importante salientar que a síntese apresenta ao leitor apenas a ideia geral do texto, salientando os pontos importantes para o sentido da obra e descartando o que é irrelevante� A síntese pode ser: y Argumentativa, quando além de apresentar os pontos principais da obra argumenta com base em textos de outros autores. y Crítica, quando o autor da síntese discute com o autor da obra original, podendo reforçar e am- pliar a ideia geral do texto ou apresentar os seus contrapontos a ela� y Explicativa, quando apresenta elementos que ampliam a compreensão do leitor� 24 CONSIDERAÇÕES FINAIS Neste módulo, entramos em contato com conceitos básicos relacionados à pesquisa científica. Con- ceituamos ciência e produção de conhecimento, apontando seus tipos. Exploramos as definições de pesquisa e sua finalidade, para em seguida ex- plorar os tipos mais comuns da pesquisa científica. Na sequência, abordamos os métodos mais co- muns vinculados à pesquisa científica, bem como técnicas e instrumentos voltados à coleta e análise de dados� Trata-se de conceitos fundamentais na formação, visto que contribui decisivamente para o desenvolvimento das habilidades do pesquisador. Referências Bibliográficas & Consultadas APPOLINÁRIO, F� Metodologia científica� São Paulo: Cengage, 2016 [Minha Biblioteca]. CERVO, A. L.; BERVIAN, P. A.; SILVA, R. Metodologia científica. 6. ed. São Paulo: Pearson PrenticeHall, 2007 [Biblioteca Virtual]. FLICK, U� Introdução à metodologia de pesquisa: um guia para iniciantes. Porto Alegre: Penso, 2012 [Minha Biblioteca]. GALLIANO, A� G� O método científico: teoria e prática. São Paulo: Harbra, 1986. LAKATOS, E. M.; MARCONI, M. A. Metodologia do trabalho científico: projetos de pesquisa / pesquisa bibliográfica/ teses de doutorado, dissertações de mestrado, trabalhos de conclusão de curso. 8. ed. São Paulo: Atlas, 2017 [Biblioteca Virtual]. MASCARENHAS, S� A� Metodologia científica� São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2012. NASCIMENTO, L� P� Elaboração de projetos de pesquisa: monografia, dissertação, tese e estudo de caso, com base em metodologia científica. São Paulo: Cengage Learning, 2012 [Minha Biblioteca]. SANTOS, J. A. Metodologia científica� 2� ed� São Paulo: Cengage Learning, 2011 [Minha Biblioteca]. SILVA, A� M� Metodologia da Pesquisa� 2� ed� Fortaleza: Universidade Aberta do Brasil, 2015. SHAUGHNESSY, J. J.; ZECHMEISTER, E. B.; ZECHMEISTER, J. S. Metodologia de pesquisa em psicologia. 9. ed. Porto Alegre: AMGH, 2012 [Minha Biblioteca]. THOMAS, J. R.; NELSON, J. K.; SILVERMAN, S. J. Métodos de pesquisa em atividade física� 6� ed� Porto Alegre: Artmed, 2012. TRIVIÑOS, A� N� S� Introdução à pesquisa em ciências sociais: a pesquisa qualitativa em educação. São Paulo: Atlas, 1987. ZANELLA, L� C� H� Metodologia da pesquisa� Florianópolis: SEAD/UFSC, 2006.
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