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Resumo_de_Direito_Ambiental (1)

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RESUMO 
DE DIREITO 
AMBIENTAL 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2 
 
SUMÁRIO 
1. CONCEITO, DISPOSIÇÕES GERAIS E O DIREITO AMBIENTAL NA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA ......... 9 
1.1. CONCEITO DE DIREITO AMBIENTAL............................................................................................................. 9 
1.1.1. Direito Ambiental na Concepção Objetiva e Subjetiva ............................................................ 10 
1.2. O MEIO AMBIENTE NA CR/88 ................................................................................................................ 11 
1.2.1 Instrumentos de Proteção Ambiental Expressamente Previstos na CR/88 ............................... 13 
1.2.2. Repartição de Competência em Matéria Ambiental................................................................ 15 
1.2.2.1. Competência Legislativa ..................................................................................................................... 17 
1.2.2.2. Competência Material ........................................................................................................................ 18 
1.2.2.3. Competência Exclusiva da União ........................................................................................................ 19 
1.2.2.4. Tabela Síntese – Competência Ambiental .......................................................................................... 21 
1.2.3. A Lei Complementar nº 140/11 ................................................................................................ 22 
1.2.4. A Tutela Constitucional do Meio Ambiente.............................................................................. 27 
1.2.4.1. Proteção do Meio Ambiente como Princípio da Ordem Econômica ................................................. 27 
1.2.4.2. Equidade intergeracional (o Direito das Gerações Futuras ao Meio Ambiente) ............................... 29 
1.2.4.3. Meio Ambiente Agrário (CR, ART. 186) .............................................................................................. 30 
1.2.5. O Direito Ambiental e as Constituições Estaduais ................................................................... 30 
1.3. DIREITO AMBIENTAL ECONÔMICO............................................................................................................ 31 
1.3.1. A Natureza Econômica das Normas de Direito Ambiental ...................................................... 34 
1.3.2. Direito Ambiental Econômico – Novas Linhas.......................................................................... 37 
1.4. AMBIENTALISMO SOCIAL X PRESERVACIONISMO ......................................................................................... 41 
1.5. OBSERVAÇÕES DE PROVAS ...................................................................................................................... 42 
2. PRINCÍPIOS DO DIREITO AMBIENTAL ........................................................................................... 43 
2.1. PRINCÍPIO DA PREVENÇÃO ...................................................................................................................... 43 
2.2. PRINCÍPIO DA PRECAUÇÃO ...................................................................................................................... 44 
2.3. PRINCÍPIO DA RESPONSABILIZAÇÃO .......................................................................................................... 47 
2.4. PRINCÍPIO DO POLUIDOR-PAGADOR ......................................................................................................... 47 
2.4.1. Princípio do Usuário-Pagador .................................................................................................. 49 
2.4.2. Corresponsabilidade Ambiental ............................................................................................... 50 
2.4.2.1. Corresponsabilidade Ambiental do Adquirente de Propriedade com Dano Ambiental.................... 50 
2.4.2.2. Corresponsabilidade do Estado .......................................................................................................... 52 
2.4.2.2.1. Corresponsabilidade do Estado Solidária, Objetiva, Ilimitada e Subsidiária .............................. 52 
2.4.2.3. Corresponsabilidade das Instituições Financeiras ............................................................................. 55 
2.5. PRINCÍPIO DA PARTICIPAÇÃO ................................................................................................................... 58 
2.5.1. Princípio da Informação ........................................................................................................... 59 
2.5.2. Princípio da Educação Ambiental............................................................................................. 59 
2.6. PRINCÍPIO DA OBRIGATORIEDADE DA INTERVENÇÃO ESTATAL ........................................................................ 60 
2.7. PRINCÍPIO DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL........................................................................................ 60 
2.7.1 Princípio do Direito ao Meio Ambiente Sadio e Ecologicamente Equilibrado .......................... 62 
2.7.2. Princípio da Equidade ou da Solidariedade Intergeracional .................................................... 62 
2.8. PRINCÍPIO DA UBIQUIDADE ..................................................................................................................... 63 
2.9. PRINCÍPIO DA FUNÇÃO SOCIOAMBIENTAL DA PROPRIEDADE.......................................................................... 63 
2.10. PRINCÍPIO DO PROTETOR-RECEBEDOR .................................................................................................... 64 
2.11. PRINCÍPIOS DA PROIBIÇÃO DO RETROCESSO E DO PROGRESSO AMBIENTAL (CANOTILHO) ................................. 64 
2.12. OBSERVAÇÕES DE PROVAS .................................................................................................................... 64 
3. AS VÁRIAS DIMENSÕES DO MEIO AMBIENTE ............................................................................... 66 
3.1. O MEIO AMBIENTE NATURAL ................................................................................................................. 67 
3 
 
3.1.1. A Água ...................................................................................................................................... 67 
3.1.2. O Ar, Ar Atmosférico ou Atmosfera.......................................................................................... 68 
3.1.3. Fauna ........................................................................................................................................ 68 
3.1.4. Flora ......................................................................................................................................... 68 
3.1.5. Solo ........................................................................................................................................... 68 
3.2. O MEIO AMBIENTE CULTURAL ................................................................................................................ 69 
3.3. O MEIO AMBIENTE ARTIFICIAL ................................................................................................................ 69 
3.4. O MEIO AMBIENTE DO TRABALHO ........................................................................................................... 70 
3.4. OBSERVAÇÕES DE PROVAS ...................................................................................................................... 70 
4. A ADMINISTRAÇÃO DO MEIO AMBIENTE E A PNMA ..................................................................... 71 
4.1. DAS METAS PARA O MEIO AMBIENTE CONSTANTES NA POLÍTICA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE (LEI Nº 6.938/81)
 ................................................................................................................................................................71 
4.1.1. Conceitos Elencados na PNMA ................................................................................................. 72 
4.2. ÓRGÃOS QUE ADMINISTRAM O MEIO AMBIENTE – O SISNAMA.................................................................. 73 
4.2.1. A Taxa de Controle e Fiscalização Ambiental – TCFA............................................................... 76 
4.2.2. Incentivos Governamentais ...................................................................................................... 77 
4.2.2.1. Princípios do Equador......................................................................................................................... 77 
4.2.3. Observações de Provas............................................................................................................. 80 
4.3. INSTRUMENTOS DE GESTÃO DO MEIO AMBIENTE ....................................................................................... 81 
4.3.1. Zoneamento Ambiental ou Zoneamento Ecológico-Econômico .............................................. 83 
4.3.1.1. Conceito .............................................................................................................................................. 83 
4.3.1.2. Zoneamento e Direito de Propriedade .............................................................................................. 85 
4.3.1.3. Competência para Realizar o Zoneamento ........................................................................................ 85 
4.3.1.3.1. Zoneamento Municipal .............................................................................................................. 85 
4.3.1.3.2. Zoneamento Industrial – Lei nº 6.803/80 .................................................................................. 86 
4.3.1.3. Classificação........................................................................................................................................ 90 
4.3.1.4. Observações de Provas....................................................................................................................... 90 
4.3.2. Unidades de Conservação – UC (Lei nº 9.985/00 e Decreto nº 4.340/02) ............................... 91 
4.3.2.1. O Sistema Nacional de Unidades de Conservação – SNUC (Lei nº 9.985/00) .................................... 92 
4.3.2.2. Criação, Implantação e Gestão das Unidades de Conservação ......................................................... 94 
4.3.2.2.1. Criação e Extinção ...................................................................................................................... 94 
4.3.2.2.2. Limitação Administrativa Provisória ........................................................................................... 96 
4.3.2.2.3. Zona de Amortecimento e Corredor Ecológico .......................................................................... 97 
4.3.2.2.4. Mosaico de Unidades de Conservação....................................................................................... 97 
4.3.2.2.5. Plano de Manejo ......................................................................................................................... 98 
4.3.2.2.6. Atividades Proibidas nas Unidades de Conservação .................................................................. 99 
4.3.2.2.7. Compensação Ambiental.......................................................................................................... 100 
4.3.2.2.8. Gestão por OSCIP...................................................................................................................... 102 
4.3.2.2.9. Tabela Síntese – Unidades de Conservação – Vários Assuntos ............................................... 102 
4.3.2.3. Categorias de Unidades de Conservação ......................................................................................... 103 
4.3.2.3.1. Unidades de Proteção Integral ................................................................................................. 103 
4.3.2.3.2. Unidades de Uso Sustentável ................................................................................................... 106 
4.3.2.3.3. Reserva da Biosfera .................................................................................................................. 111 
4.3.2.3.4. Espaços Protegidos não incluídos no Sistema de Unidades de Conservação .......................... 112 
4.3.2.4. Cabimento de Indenização com a Criação de Unidades de Conservação ....................................... 113 
4.3.2.5. Observações de Provas..................................................................................................................... 114 
4.3.3. Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) .................... 120 
4.3.3.1. Conceito de EIA/RIMA – Fundamentos Constitucionais e Históricos .............................................. 121 
4.3.3.1.1. Estudo de Impacto Ambiental – EIA ......................................................................................... 123 
4.3.3.1.2. Relatório de Impacto no Meio Ambiente – RIMA .................................................................... 124 
4.3.3.2. Atividades que exigem o EIA/RIMA .................................................................................................. 124 
4 
 
4.3.3.3. Competência para análise do EIA/RIMA .......................................................................................... 126 
4.3.3.4. Dispensa do EIA/RIMA e Relatório Ambiental Simplificado............................................................. 128 
4.3.3.5. Procedimento ................................................................................................................................... 128 
4.3.3.6. Publicidade e Audiências Públicas .................................................................................................... 129 
4.3.3.7. Vinculação ao EIA/RIMA ................................................................................................................... 129 
4.3.3.8. EIA/RIMA e Estudo de Impacto de Vizinhança – EIV ........................................................................ 130 
4.3.3.9. Observações de Provas..................................................................................................................... 130 
4.3.4. Licenciamento Ambiental ....................................................................................................... 131 
4.3.4.1. Licença e Licenciamento Ambiental: Conceitos e Características.................................................... 131 
4.3.4.1.1. Licença Ambiental: Ato Discricionário ou Vinculado? Controle Judicial da Dispensa. ............ 133 
4.3.4.2. Atribuição para o Licenciamento Ambiental .................................................................................... 136 
4.3.4.2.1. O Licenciamento Ambiental de Acordo com a LC nº 140/11 ................................................... 138 
4.3.4.3. Das Espécies de Licença Ambiental .................................................................................................. 140 
4.3.4.4. Do Procedimento de Licenciamento ................................................................................................ 141 
4.3.4.4.1. Prazo para se Findar o Procedimento de Licenciamento ......................................................... 141 
4.3.4.4.2. Do Procedimento Simplificado ................................................................................................. 143 
4.3.4.4.3. Do Procedimento Unificado ..................................................................................................... 143 
4.3.4.5. Prazo de Validade e Renovação das Licenças .................................................................................. 144 
4.3.4.6. Cancelamento, Suspensão e Revogação das Licenças .....................................................................145 
4.3.4.6.1. A Licença Confere Direito Adquirido? ...................................................................................... 147 
4.3.4.6.2. Casos de Retirada da Licença Ambiental .................................................................................. 150 
4.3.4.7. Licenciamento e Crime Ambiental ................................................................................................... 150 
4.3.4.8. Licenciamento Ambiental e Cadastro Técnico Federal de Atividades Potencialmente Poluidoras. 150 
4.3.4.9. Observações de Provas..................................................................................................................... 151 
4.4. RESPONSABILIDADE ADMINISTRATIVA POR DANO AMBIENTAL ..................................................................... 152 
4.4.1. Introdução .............................................................................................................................. 152 
4.4.2. Poder de Polícia Ambiental .................................................................................................... 154 
4.4.3. Poder Disciplinar Ambiental ................................................................................................... 155 
4.4.3.1. Condutas e Agentes Puníveis ........................................................................................................... 155 
4.4.4. Infrações Administrativas Ambientais e Sanções Administrativas ........................................ 155 
4.4.4.1. Competências Administrativas e Prazos .......................................................................................... 160 
4.4.4.2. Atenuantes e Agravantes ................................................................................................................. 161 
4.4.4.3. Sanções Administrativas em Espécie ............................................................................................... 161 
4.4.5. Responsabilidade Administrativa X Responsabilidade Civil: a Questão das Multas 
Administrativas ................................................................................................................................ 169 
4.4.6. Observações de Provas........................................................................................................... 172 
5. RESPONSABILIDADE CIVIL POR DANO AMBIENTAL ..................................................................... 175 
5.1. O DANO AMBIENTAL ........................................................................................................................... 175 
5.1.1. Espécies de Dano Ambiental .................................................................................................. 177 
5.1.2. Características ........................................................................................................................ 177 
5.2. FORMAS DE REPARAÇÃO ...................................................................................................................... 178 
5.3. RESPONSABILIDADE CIVIL ..................................................................................................................... 179 
5.3.1. Fundamento Teórico: Teoria do Risco Integral ou do Risco Proveito? ................................... 183 
5.3.2. Responsabilidade Civil Solidária entre Particualres Causadores do Dano Ambiental ........... 184 
5.3.3. Seguro Ambiental ................................................................................................................... 185 
5.4. DO CAUSADOR DO DANO ..................................................................................................................... 185 
5.4.1. Da Responsabilidade Civil do Estado...................................................................................... 189 
5.4.1.1. Responsabilidade Objetiva, Solidária e Subsidiária da Administração ............................................ 190 
5.4.2. Da Desconsideração da Personalidade Jurídica ..................................................................... 194 
5.5. RESPONSABILIDADE CIVIL E O LICENCIAMENTO AMBIENTAL......................................................................... 195 
5 
 
5.6. DA PRESCRIÇÃO DA RESPONSABILIDADE CIVIL EM MATÉRIA AMBIENTAL ....................................................... 195 
5.7. CELEBRAÇÃO DE COMPROMISSO REPARATÓRIO ........................................................................................ 197 
5.8. DANO MORAL AMBIENTAL ................................................................................................................... 199 
5.9. DANO AMBIENTAL POR ATO LÍCITO ........................................................................................................ 202 
5.10. JURISPRUDÊNCIA SELECIONADA ........................................................................................................... 204 
5.11. OBSERVAÇÕES DE PROVAS .................................................................................................................. 205 
6. TUTELA PROCESSUAL DO MEIO AMBIENTE ................................................................................ 207 
6.1. O INQUÉRITO CIVIL ............................................................................................................................. 208 
6.1.1. Conceito e Características ...................................................................................................... 208 
6.1.2. Legitimidade ........................................................................................................................... 210 
6.1.3. Controle Judicial ..................................................................................................................... 210 
6.2. COMPROMISSO DE AJUSTAMENTO DE CONDUTA ...................................................................................... 211 
6.2.1. Características e Finalidade ................................................................................................... 212 
6.2.2. Legitimados ............................................................................................................................ 213 
6.2.3. Observações de Provas........................................................................................................... 213 
6.3. AÇÃO CIVIL PÚBLICA (LEI Nº 7.347/85) ................................................................................................. 214 
6.3.1. Legitimidade Ativa ................................................................................................................. 214 
6.3.2. Legitimidade Passiva e Intervenção de Terceiros .................................................................. 216 
6.3.3. Finalidades ............................................................................................................................. 218 
6.3.4. Competência Jurisdicional ...................................................................................................... 218 
6.3.5. Liminar em Ação Civil Pública ................................................................................................ 221 
6.3.6. Instrução da Ação Civil Pública .............................................................................................. 222 
6.3.7. Inversão do ônus da prova ..................................................................................................... 222 
6.3.8. Regime de custas.................................................................................................................... 223 
6.3.9. Recursos ................................................................................................................................. 223 
6.3.10. Cumprimento de Sentença ................................................................................................... 223 
6.3.11. Coisa Julgada ........................................................................................................................224 
6.3.12. Prescrição ............................................................................................................................. 225 
6.3.13. Reexame Necessário ............................................................................................................ 225 
6.3.14. Observações de Provas......................................................................................................... 226 
6.4. AÇÃO POPULAR .................................................................................................................................. 228 
6.4.1. Conceito .................................................................................................................................. 228 
6.4.2. Legitimidade ........................................................................................................................... 229 
6.4.3. Descabimento da Ação Popular para Impor Obrigação de Fazer: Indevido Sucedâneo de ACP
 .......................................................................................................................................................... 229 
6.5. INQUÉRITO PENAL ............................................................................................................................... 231 
6.6. AÇÃO PENAL PÚBLICA ......................................................................................................................... 232 
6.6.1. Observações de Provas de Concursos .................................................................................... 235 
7. PATRIMÔNIO GENÉTICO E BIODIVERSIDADE .............................................................................. 235 
7.1. DIVERSIDADE BIOLÓGICA NO DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO .................................................................. 238 
7.1.1. Linhas Gerais .......................................................................................................................... 238 
7.1.2. Convenção sobre Diversidade Biológica – CDB (Decreto nº 2.519/98) .................................. 241 
7.1.2.1. Conhecimentos Tradicionais Associados à Biodiversidade .............................................................. 242 
7.1.2.1.1. Conhecimentos Tradicionais Associados à Biodiversidade – Aprofundamentos .................... 244 
7.1.2.2. Títulos dos Artigos da CDB ............................................................................................................... 265 
7.1.3. O Protocolo de Cartagena ...................................................................................................... 266 
7.1.4. Observações de Provas........................................................................................................... 267 
6 
 
7.2. OS ORGANISMOS GENETICAMENTE MODIFICADOS – LEI Nº 11.105/05 ...................................................... 268 
7.2.1. Legitimidade para Exercer Atividades com OGM’s ................................................................ 273 
7.2.2. Considerações Gerais ............................................................................................................. 273 
7.2.2.1. Conceitos Básicos ............................................................................................................................. 274 
7.2.2.1.1. A Questão da Constitucionalidade de Pesquisas com Células-Tronco .................................... 275 
7.2.2.2. Biossegurança e EIA/RIMA ............................................................................................................... 279 
7.2.2.4. Da Responsabilidade quanto à Biossegurança ................................................................................. 285 
7.2.2.4.1. Responsabilidade Civil .............................................................................................................. 285 
7.2.2.4.2. Responsabilidade Administrativa ............................................................................................. 285 
7.2.2.4.3. Responsabilidade Penal ............................................................................................................ 287 
7.2.3. O Conselho Nacional de Biossegurança – CNBS (art. 8º) ....................................................... 289 
7.2.4. A Comissão Técnica Nacional de Biossegurança – CTNBio (arts. 10 a 15) ............................ 289 
7.2.5. Comissões Internas de Biossegurança – CIBIO ....................................................................... 292 
7.2.6. Responsabilidade Civil e Administrativa ................................................................................ 292 
7.2.7. Observações de Provas........................................................................................................... 294 
7.3. A CONFERÊNCIA DO RIO DE JANEIRO – ECO92 ........................................................................................ 297 
7.3.1. Princípios ................................................................................................................................ 297 
7.3.2. Resumo dos Principais Pontos ................................................................................................ 298 
7.3.3. A Rio +20 ................................................................................................................................ 303 
7.3.3.1. Rio + 20 – Continuação ..................................................................................................................... 307 
7.3.4. Observações de Provas........................................................................................................... 309 
7.4. ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE PROPRIEDADE INTELECTUAL E CONHECIMENTOS TRADICIONAIS ............................ 309 
7.4.1 Crítica e Papel da OMC ............................................................................................................ 310 
7.5. BIOPROSPECÇÃO ................................................................................................................................. 311 
7.6. BIOPIRATARIA .................................................................................................................................... 312 
8. A POLÍTICA NACIONAL DE RECURSOS HÍDRICOS – PNRH – LEI Nº 9.433/97 .................................. 313 
8.1. OBJETIVOS (ART. 2º) ........................................................................................................................... 315 
8.2. INSTRUMENTOS DA PNRH (ART. 5º) ...................................................................................................... 315 
8.3. DA AÇÃO DO PODER PÚBLICO ............................................................................................................... 318 
8.4. O SISTEMA NACIONAL DE GERENCIAMENTO DOS RECURSOS HÍDRICOS – SNGRH .......................................... 319 
8.4.1. Instituições Integrantes .......................................................................................................... 319 
8.5. INFRAÇÕES E SANÇÕES ÀS NORMAS DE USO DOS RECURSOS HÍDRICOS ......................................................... 320 
8.5.1. Infrações ................................................................................................................................. 320 
8.5.2. Sanções ................................................................................................................................... 320 
8.6. OUTORGA DO DIREITO DE USO DOS RECURSOS HÍDRICOS........................................................................... 321 
8.6.1. Autorização para Exploração de Recursos Hídricos (DNPM) X Outorga (ANA): de Quem é a 
Atribuição? ....................................................................................................................................... 321 
8.7. OBSERVAÇÕES DE PROVAS ....................................................................................................................322 
9. DIREITO MINERÁRIO ................................................................................................................. 324 
9.1. CONCEITOS BÁSICOS ........................................................................................................................... 324 
9.1.1. O DNPM .................................................................................................................................. 325 
9.2. PROPRIEDADE DO SOLO ....................................................................................................................... 325 
9.3. DIREITO DE PRIORIDADE ....................................................................................................................... 327 
9.4. FORMAS DE APROVEITAMENTO E EXPLORAÇÃO DAS SUBSTÂNCIAS MINERAIS................................................. 327 
9.5. LIMITES ............................................................................................................................................. 331 
9.6. EXPLORAÇÃO MINERAL NA JURISPRUDÊNCIA ............................................................................................ 332 
9.7. OBSERVAÇÕES DE PROVAS .................................................................................................................... 333 
7 
 
10. POLUIÇÃO POR AGROTÓXICOS (LEI Nº 7.802/89) ..................................................................... 334 
10.1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................................... 334 
10.1.1. CDC e Agrotóxicos ................................................................................................................ 335 
10.1.2. Competência em Matéria de Agrotóxicos ............................................................................ 335 
10.2. ATRIBUIÇÕES ................................................................................................................................... 336 
10.3. REGISTRO DE AGROTÓXICOS ............................................................................................................... 336 
10.3.1. Condições de Registro .......................................................................................................... 337 
10.3.1 Registros Vedados ................................................................................................................. 337 
10.4. RECEITA DE AGROTÓXICOS ................................................................................................................. 338 
10.5. TRANSPORTE DE AGROTÓXICOS ........................................................................................................... 338 
10.6. RESPONSABILIDADE ........................................................................................................................... 339 
10.7. A CONVENÇÃO DE ROTERDÃ ............................................................................................................... 339 
10.8. JURISPRUDÊNCIA COLACIONADA .......................................................................................................... 341 
10.9. OBSERVAÇÕES DE PROVAS .................................................................................................................. 342 
11. LEGISLAÇÃO FLORESTAL .......................................................................................................... 342 
11.1. (ANTIGO) CÓDIGO FLORESTAL (LEI Nº 4.771/65) .................................................................................. 342 
11.1.1. Áreas de Preservação Permanentes ..................................................................................... 343 
11.1.1.1. APP – Tabela Síntese ...................................................................................................................... 345 
11.1.2. Área de Reserva Legal .......................................................................................................... 346 
11.1.3. Recuperação de Áreas Degradadas para o Atendimento à Lei ........................................... 350 
11.1.4. Supressão de Vegetação em Área de Preservação Permanente ......................................... 352 
11.1.5. Outros Pontos Importantes .................................................................................................. 353 
11.1.6. Isenção da APP e ARL ao ITR – Incidência do IPTU sobre APP Urbana ................................ 354 
11.1.7. Observações de Provas......................................................................................................... 355 
11.1. NOVO CÓDIGO FLORESTAL – LEI Nº 12.651/12 .................................................................................... 358 
11.1.1. Disposições Gerais (arts. 1º e 2º) ......................................................................................... 359 
11.1.1.1. Conceitos Diversos (art. 3º) ............................................................................................................ 361 
11.1.2. Áreas de Preservação Permanente (arts. 4º a 6º) ............................................................... 366 
11.1.2.1. Do Regime de Proteção das Áreas de Preservação Permanente (arts. 7º a 9º) ............................ 370 
11.1.2.2. Tabela Síntese – APP ...................................................................................................................... 371 
11.1.3. Das Áreas de Uso Restrito (arts. 10 e 11) ............................................................................. 372 
11.1.4. Do Uso Ecologicamente Sustentável dos Apicuns e Salgados (art. 11-A) ............................ 372 
11.1.5. Da Área de Reserva Legal (arts. 12 a 16) ............................................................................. 374 
11.1.5.1. Do Regime de Proteção da Reserva Legal (arts. 17 a 24) ............................................................... 378 
11.1.5.2. Do Regime de Proteção das Áreas Verdes Urbanas (art. 25) ........................................................ 380 
11.1.6. Da Supressão de Vegetação para Uso Alternativo do Solo (arts. 26 a 28) .......................... 380 
11.1.7. Do Cadastro Ambiental Rural (arts. 29 e 30) ....................................................................... 381 
11.1.8. Da Exploração Florestal (arts. 31 a 34) ................................................................................ 382 
11.1.9. Do Controle da Origem dos Produtos Florestais (arts. 35 a 37)........................................... 385 
11.1.10. Da Proibição do Uso de Fogo e do Controle Dos Incêndios (arts. 38 a 40) ........................ 386 
11.1.11. Do Programa de Apoio e Incentivo à Preservação e Recuperação do Meio Ambiente (arts. 
41 a 50)............................................................................................................................................. 388 
11.1.11.1. Tabela Síntese – Programa de Apoio e Incentivo à Preservação e Recuperação ........................ 393 
11.1.12. Do Controle do Desmatamento (art. 51) ........................................................................... 394 
11.1.13. Da Agricultura Familiar (arts. 52 a 58) .............................................................................. 394 
11.1.14. Disposições Transitórias ..................................................................................................... 396 
11.1.14.1. Disposições Gerais – Dos Programas de Regularização Ambiental (arts. 59 e 60) ...................... 396 
11.1.14.2. Das Áreas Consolidadas em Áreas de Preservação Permanente (arts. 61-A a 65) ...................... 398 
8 
 
11.1.14.3. Das Áreas Consolidadas em Áreas de Reserva Legal (arts. 66 a 68) ............................................ 404 
11.1.15. Disposições Complementares e Finais (arts. 69 a 83) .....................................................................406 
11.2. REGULARIZAÇÃO FUNDIÁRIA DA AMAZÔNIA – LEI Nº 11.952/09 ............................................................. 408 
11.3. GESTÃO DE FLORESTAS PÚBLICAS (LEI Nº 11.284/09) ............................................................................ 410 
11.3.1. Introdução ............................................................................................................................ 410 
11.3.2. Disposições Preliminares ...................................................................................................... 411 
11.3.2.1. Princípios Regentes ........................................................................................................................ 411 
11.3.2.2. Conceitos Elementares ................................................................................................................... 412 
11.3.3. Gestão de Florestas Públicas para Produção Sustentável ................................................... 413 
11.3.3.1. Plano Anual de Outorga Florestal – PAOF ...................................................................................... 414 
11.3.3.2. Processo de Outorga ...................................................................................................................... 414 
11.3.3.3. Objeto da Concessão ...................................................................................................................... 414 
11.3.3.4. Critérios de Seleção ........................................................................................................................ 415 
11.3.3.5. Auditorias Florestais ....................................................................................................................... 415 
11.3.3.6. Extinção da Concessão ................................................................................................................... 416 
11.3.3.7. Servidão Ambiental (art. 9ª-A e 10º, PNMA) ................................................................................. 418 
11.3.4. Observações de Provas......................................................................................................... 422 
12. POLÍTICA NACIONAL SOBRE MUDANÇA DO CLIMA – PNMC (LEI Nº 12.187/09) .......................... 423 
12.1. CONCEITOS BÁSICOS ......................................................................................................................... 423 
12.2. OBJETIVOS....................................................................................................................................... 425 
12.3. Diretrizes ................................................................................................................................. 425 
12.4. INSTRUMENTOS ................................................................................................................................ 426 
12.5. ADENDOS ........................................................................................................................................ 428 
12.6. OBSERVAÇÕES DE PROVAS .................................................................................................................. 429 
13. POLÍTICA NACIONAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS – PNRS – LEI Nº 12.305/10 .................................... 430 
13.1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................................... 430 
13.2. DEFINIÇÕES ..................................................................................................................................... 430 
13.2. DA POLÍTICA NACIONAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS ...................................................................................... 432 
13.2.1 Dos Princípios e Objetivos ..................................................................................................... 433 
13.2.1.1. Princípios ........................................................................................................................................ 433 
13.2.1.2. Objetivos......................................................................................................................................... 436 
13.2.2. Dos Instrumentos ................................................................................................................. 437 
13.3. DAS DIRETRIZES APLICÁVEIS AOS RESÍDUOS SÓLIDOS ............................................................................... 438 
13.3.1. Dos Planos de Resíduos Sólidos ............................................................................................ 440 
13.3.2. Das Responsabilidades dos Geradores e do Poder Público .................................................. 448 
13.3.2.1. Da Responsabilidade Compartilhada ............................................................................................. 449 
13.4. DOS RESÍDUOS PERIGOSOS ................................................................................................................. 453 
13.5. DOS INSTRUMENTOS ECONÔMICOS ...................................................................................................... 454 
13.6. DAS PROIBIÇÕES ............................................................................................................................... 455 
13.7. DISPOSIÇÕES TRANSITÓRIAS E FINAIS .................................................................................................... 456 
13.8. OBSERVAÇÕES DE PROVAS .................................................................................................................. 457 
14. TABELAS SÍNTESE – PNMA, PNRH, PNMC, PNRS ....................................................................... 457 
15. POLÍTICA NACIONAL DE RECURSOS ENERGÉTICOS .................................................................... 461 
15.1. INTRODUÇÃO: A POLÍTICA ENERGÉTICA NACIONAL E O SISTEMA CONSTITUCIONAL ....................................... 461 
15.2. A POLÍTICA ENERGÉTICA E O MEIO AMBIENTE ........................................................................................ 463 
15.3. A QUESTÃO DA USINA DE BELO MONTE ............................................................................................... 466 
15.4. OBSERVAÇÕES DE PROVAS .................................................................................................................. 477 
9 
 
1. Conceito, Disposições Gerais e o Direito Ambiental na Constituição da 
República 
1.1. Conceito de Direito Ambiental 
O Direito Ambiental pode ser conceituado como o complexo de normas regulamentadores das 
atividades humanas que, direta ou indiretamente, possam afetar a sanidade do ambiente em 
sua dimensão global, visando à sua sustentabilidade para as presentes e futuras gerações. 
Trata-se de ciência autônoma, com independência garantida, pelo fato de possuir princípios 
diretores próprios, previstos no art. 225 da CR e na Lei nº 6.938/81, que se refere à Política 
Nacional do Meio Ambiente (Celso Antônio Pacheco Fiorillo). 
 Natural 
Ele é composto dos seguintes meio ambientes: Artificial 
 Cultural 
 Do Trabalho 
No geral, suas normas têm caráter imperativo e coercitivo, sujeitas aos princípios maiores do 
Direito Administrativo de Indisponibilidade do Interesse Público e Supremacia do Interesse 
Público sobre o Privado. 
MEIO AMBIENTE, por sua vez, é o conjunto de fatores exteriores que agem de forma 
permanente sobre os seres vivos, aos quais os organismos devem se adaptar e com os quais 
têm de interagir para sobreviver. Segundo Édis MIlaré (2003, p. 165), “o meio ambiente 
pertence a uma daquelas categorias cujo conteúdo é mais facilmente intuído que definível, em 
virtude da riqueza e complexidade do que encerra”. 
A lei traz o conceito de meio ambiente, mas restingindo-o (o conceito) ao meio ambiente 
natural: O conceito legal de meio ambiente encontra-se no art. 3º, I, da Lei nº. 6.938/81: “o 
conjuntode condições, leis, influências e interações de ordem física, química e biológica, que 
permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas”. 
Ele tem como principais fontes internacionais: 
a) A Conferência de Estocolmo de 1972: a partir dela que as Constituições posteriores 
passaram a adotar o princípio do meio ambiente ecologicamente equilibrado como um 
direito fundamental. Foi o primeiro instrumento internacional de grande relevância 
que reconheceu a necessidade de uma reação global ao problema da deterioração 
ambiental, tendo sido marcadamente antropocêntrica, ou seja, com foco apenas no 
ser humano como único merecedor de resguardo na biosfera. 
b) Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (ECO92): 
resultou numa série de documentos e Convenções, como a CDB, a Convenção sobre 
Mudanças do Clima, a Agenda 21. Ela reafirmou uma série de princípios da 
Conferência de Estocolmo. 
10 
 
c) Protocolo de Kyoto: firmado em 1997, teve o objetivo precípuo de promover o 
controle climático da terra por intermédio da diminuição da emissão de gases de 
efeito estufa. 
d) Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável: realizada em Johannesburgo, em 
2002, serviu para reforçar e acelerar as metas e compromissos firmados nos encontros 
anteriores. 
1.1.1. Direito Ambiental na Concepção Objetiva e Subjetiva 
O direito ao meio ambiente manifesta desdobramento em duas dimensões conexas entre si e 
dispostas no mesmo patamar: a objetiva e a subjetiva. 
A enumeração do plexo de responsabilidades a cargo do Poder Público para garantia da 
salvaguarda do equilíbrio ecológico, que encontra no § 1º do art. 225 de nossa Lei Maior sua 
matriz, é uma vertente inconteste da dimensão objetiva. Não se está ali diante de um esboço 
programático de medidas bem-intencionadas que poderão ser executadas ao talante das 
autoridades estatais. O que há, em verdade, são obrigações de fazer que têm como devedor o 
Estado e como credora a sociedade, impondo àquele atuar, entre outras frentes, no sentido 
de: (i) criar e proteger eficazmente unidades de conservação ambiental, (ii) exigir estudos 
prévios de impacto ambiental para licenciar a instalação de obra potencialmente geradora de 
poluição; iii) coibir práticas que submetam animais a crueldade; iv) ministrar a educação 
ambiental a todos os segmentos estudantis. Também é fator enunciativo da dimensão 
objetiva a inserção, no texto constitucional, de vetores destinados a influir na exegese e 
aplicação de institutos referidos pelo legislador constituinte, como ocorre no âmbito da 
atividade econômica, que alberga como um de seus princípios a “defesa do meio ambiente, 
inclusive mediante tratamento diferenciado conforme o impacto ambiental dos produtos e 
serviços de seus processos de elaboração e prestação” (CF/88, art. 170, VI, com redação 
conferida pela Emenda n. 42/2003). 
Ainda como elemento de dimensão objetiva convém aludir à proibição de retrocesso na seara 
ecológica, hábil a legitimar, por exemplo, o incentivo à expansão de veículos que usem fontes 
de combustível menos poluidoras que as de origem fóssil, com a consequente hostilidade a 
iniciativas que possam implicar o manejo de fontes eventualmente mais nocivas que as de 
origem petrolífera. No embate recente travado no bojo das acerbas discussões em torno de 
mudanças no Código Florestal brasileiro, a opor segmentos convencionalmente identificados 
pela terminologia de “ruralistas” e “ambientalistas”, um dos pontos polêmicos recai sobre a 
existência ou não de retrocesso em dispensar produtores rurais de cessar cultivos realizados 
em áreas que, a rigor, se encaixariam como sendo de preservação permanente. 
DESLOCANDO OS HOLOFOTES DO ESTADO PARA O CIDADÃO, A DIMENSÃO SUBJETIVA DO 
MEIO AMBIENTE É PONTUADA PELA CONSAGRAÇÃO DE PRERROGATIVAS DE EXERCÍCIO 
INDIVIDUALIZADO EM PROL DO EQUILÍBRIO ECOLÓGICO. Boa ilustração disso é a legitimidade 
ativa conferida a “qualquer cidadão” para a propositura de ação popular que objetive anular 
ato lesivo ao meio ambiente, constante do art. 5º, LXXIII, da Constituição brasileira. De 
assinalar que a pretensão deduzida nesse tipo de demanda tanto pode questionar prática 
11 
 
estatal ambientalmente perniciosa quanto ação particular violadora do equilíbrio de um 
ecossistema. 
É também emblemática maneira de expressão da dimensão subjetiva as consultas e audiências 
públicas feitas com o fito de colher opiniões e análises para balizar decisões representativas de 
impacto sobre o meio ambiente, o que ocorre amiúde quando são anunciados projetos de 
instalação de usinas hidrelétricas, em especial daqueles em terras indígenas, a cujo respeito o 
§ 3º do art. 231 da Lei Fundamental de 1988 estabelece o seguinte procedimento: 
“O aproveitamento dos recursos hídricos, incluídos os potenciais energéticos, a pesquisa e a 
lavra das riquezas minerais em terras indígenas só podem ser efetivados com autorização do 
Congresso Nacional, ouvidas as comunidades afetadas, ficando-lhes assegurada participação 
nos resultados da lavra, na forma da lei.” 
1.2. O Meio Ambiente na CR/88 
Inicialmente, ressalta-se que nenhuma Constituição brasileira anterior havia dedicado 
disposição específica à defesa do meio ambiente. Desde a Constituição de 1934, todas elas 
cuidaram da proteção do patrimônio histórico, cultural e paisagístico do país, relegando ao 
meio ambiente tratamento diluído e pontual1. 
A CR 88 pode ser denominada “verde”, tal o destaque que dá à proteção ambiental. 
A dimensão conferida ao tema não se resume aos dispositivos concentrados, especialmente, 
no Capítulo VI , do Título VIII, dirigido à ordem social; alcança da mesma forma, inúmeros 
outros regramentos insertos ao longo do texto nos mais diversos Títulos e Capítulos, 
decorrentes do conteúdo multidisciplinar da matéria. 
 
1 Constituição do Império, de 1824 > apenas cuidou da proibição de indústrias contrárias à saúde do 
cidadão. 
Primeira constituição republicana 1891> atribuía competência legislativa à União para legislar sobre as 
suas minas e terras. 
Constituição de 1934> dispensou proteção às belezas naturais, ao patrimônio histórico, artístico e 
cultural; conferiu à União competência em matéria de riquezas do subsolo, mineração, águas, florestas, 
caça, pesca e sua exploração. 
Constituição de 1937> também se preocupou com a proteção dos monumentos históricos, artísticos e 
naturais, bem como das paisagens e locais especialmente dotados pela natureza; inclui entre as 
matérias de competência da União legislar sobre minas, águas, florestas, caça, pesca, e sua exploração; 
cuidou ainda da competência legislativa sobre subsolo e tratou da proteção das plantas e rebanhos 
contra moléstias e agentes nocivos. 
Constituição de 1946 > além de manter a defesa do patrimônio histórico, cultural e paisagístico, 
conservou como competência da União legislar sobre normas gerais da defesa da saúde, das riquezas do 
subsolo, das águas, florestas, caça e pesca. 
Constituição de 1967 > insistiu na necessidade de proteção do patrimônio histórico, cultural e 
paisagístico; disse ser atribuição da União legislar sobre normas gerais de defesa da saúde, sobre jazidas, 
florestas, caça, pesca e água. 
Constituição de 1969> emenda outorgada pela Junta Militar à Constituição de 1967, cuidou também da 
defesa do patrimônio histórico, cultural e paisagístico. No tocante à divisão de competência, manteve as 
disposições da Constituição emendada. Em seu art. 172, disse que “a lei regulará, mediante prévio 
levantamento ecológico, o aproveitamento agrícola de terras sujeitas a intempéries e calamidades” e 
que “o mau uso da terra impedirá o proprietário de receber incentivos e auxílio do governo”. Cabe 
observar a introdução, aqui, do vocábulo “ecológico” em textos legais. 
12 
 
A utilização do termo meio ambiente, em nível constitucional, somente adveio com a novaConstituição. 
De acordo com a CR/88, “todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, 
bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder 
Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras 
gerações”. Essa frase significa o seguinte: 
a) Todos: o meio ambiente pertence a todos e a cada um ao mesmo tempo, se 
enquadrando na categoria de direitos transindividuais. É um interesse difuso. 
b) Todos têm direito: trata-se de um direito público subjetivo de natureza difusa, 
oponível erga omnes, completado pelo direito de exercício da ação popular para a 
proteção ambiental prevista no art. 5º, LXXIII. 
c) Bem de uso comum do povo: significa que o meio ambiente é indisponível, já que não 
se trata de um bem dominical, não pertence ao domínio público. Refere-se à 
expressão “todos”. 
d) Sadia qualidade de vida: a sadia qualidade foi uma inovação constitucional, visto que 
as Constituições brasileiras sempre consagraram o direito à vida, mas sem expressar 
preocupação com sua qualidade. 
e) Impondo-se ao Poder Público e à coletividade: trata-se do reconhecimento de que o 
Poder Público, por si só, não é capaz de cuidar e preservar o meio ambiente. A 
coletividade, ou seja, a sociedade civil, é OBRIGADA a colaborar na proteção. 
f) Presentes e futuras gerações: trata-se da consagração do princípio da solidariedade 
intergeracional, à frente delineado. 
O STF já teve a oportunidade de conceituar meio ambiente “como um típico direito de terceira 
geração que assiste, de modo subjetivamente indeterminado, a todo o gênero humano, 
circunstância essa que justifica a especial obrigação – que incumbe ao Estado e à própria 
coletividade – de defendê-lo e de preservá-lo em benefício das presentes e futuras gerações”. 
José Afonso da Silva fala que a natureza jurídica do meio ambiente é de bem de interesse 
público. É isso que o art. 225 está querendo dizer. Não é bem público, mas bem de interesse 
público. Há o interesse público comum na defesa dos recursos naturais do meio ambiente. 
Por isso que as regras de direito ambiental não recaem apenas sobre bens públicos da União, 
Estados e Municípios, recaem também sobre propriedades particulares. A legislação 
ambiental, quando traz as restrições ao exercício do direito de propriedade, atinge também as 
propriedades particulares, porque o meio ambiente não é um bem público2, o meio ambiente 
é um bem de interesse público. 
 
2 Isso realmente está certo. Se o meio ambiente fosse um bem público, não haveria a possibilidade de 
existência de propriedades particulares, tudo seria do domínio do Estado. 
13 
 
1.2.1 Instrumentos de Proteção Ambiental Expressamente Previstos na CR/88 
A Constituição da República prevê, em seus dispositivos, os seguintes instrumentos ou 
obrigações impostos ao Poder Público: 
a) Preservação e restauração dos processos ecológicos essenciais: processos ecológicos 
essenciais são os governados, sustentados ou intensamente afetados pelos 
ecossistemas, sendo indispensáveis à produção de alimentos, à saúde e outros 
aspectos da sobrevivência humana e do desenvolvimento sustentável. Cuida-se de 
garantir, através de ações conjugadas de todas as esferas e modalidades do Poder 
Público, o que se encontra em boas condições originais, e de recuperar o que foi 
degradado. 
b) Manejo ecológico das espécies e ecossistemas: manejo ecológico é a gestão e 
utilização dos recursos naturais pelo homem, baseada em princípios e métodos que 
preservam a integridade dos ecossistemas, com redução da interferência humana nos 
mecanismos de autorregulação dos seres vivos e do meio físico. 
c) Preservação da diversidade e da integridade do patrimônio genético do País e 
fiscalização das entidades dedicadas à pesquisa e manipulação de material genético: 
essa proteção foi prevista na Lei nº 11.101/05 e na Convenção da Diversidade 
Biológica de que o Brasil é signatário. No dizer da Convenção da Biodiversidade, esta 
vem a ser a variedade de seres que compõe a vida na Terra, a variabilidade de 
organismos vivos de todas as origens, compreendendo, dentre outros, os ecossistemas 
terrestres, marinhos, e outros ecossistemas aquáticos e os complexos ecológicos de 
que fazem parte; compreendendo, ainda a diversidade dentro de espécies, entre 
espécies e ecossistemas. Preservar a biodiversidade, significa reconhecer, inventariar, 
e manter o leque dessas diferenças de organismos vivos. Hoje existe uma grande 
preocupação no diz respeito ao patrimônio genético. 
d) Definição, em todas as unidades da Federação, de espaços territoriais e seus 
componentes a serem especialmente protegidos, sendo a alteração e supressão 
permitidas somente através de lei, vedada qualquer utilização que comprometa a 
integridade dos atributos que justifiquem sua proteção: trata-se da expressa previsão 
das unidades de conservação pela Constituição da República, que são espaços 
especialmente protegidos, seja integral ou parcialmente. Importante ressaltar que a 
vedação da utilização não ficou unificada para todos os tipos de unidades de 
conservação, variando conforme o tipo de unidade, já que a própria instituição e 
tipificação dependem dos atributos que se reconhecem e que se quer proteger. Veja 
que a própria Constituição impõe que somente lei poderá alterar ou suprimir tais 
espaços. 
e) Exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade potencialmente causadora 
de significativa degradação do meio ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a 
que se dará publicidade: previsão expressa do EIA, acrescentando expressamente a 
Constituição o fato de que os estudos devem ser prévios, a fim de evitar 
interpretações maquiavélicas. Inclusive, o STF várias vezes já julgou que não podem os 
14 
 
demais entes dispensar o EIA3; o que eles podem fazer é criar controles mais rígidos. 
Menos, nunca4. 
f) Controle da produção, comercialização e emprego de técnicas que comportem risco 
para a vida e meio ambiente: essa disposição constitucional foi disciplinada, em parte, 
pela lei que regula a disposição no meio ambiente de agrotóxicos 
g) Promoção da educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização 
pública para a preservação do meio ambiente: educação ambiental prevista na Lei nº 
9.795/99. 
h) Proteção da fauna e flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem em risco 
sua função ecológica, provoquem a extinção das espécies ou submetam os animais à 
crueldade: a proteção à fauna foi prevista na Lei nº 5.179/67, enquanto a proteção à 
flora, no Código Florestal, Lei nº 4.771/65. 
i) Imposição da obrigação de recuperar o meio ambiente degradado por aquele que 
explorar recursos minerais: trata-se de uma especial obrigação imposta pela CR aos 
exploradores de recursos minerais, tendo em vista o histórico de degradação deixado 
pela exploração desse setor. A atividade da mineração possui interface direta com a 
realidade do meio ambiente, dado que não há como extrair um mineral sem danos. 
j) Sujeição dos infratores pessoas físicas e jurídicas praticantes de condutas consideradas 
lesivas ao meio ambiente a sanções penais e administrativas, independentemente da 
obrigação de reparar o dano: consagração da tríplice responsabilização, penal, 
administrativa e civil, sendo esta última independente (isso não quer dizer que as 
causas absolutórias penais que fazem coisa julgada no cível não obstarão a liberação 
da responsabilidade civil). 
k) Especial preservação, na forma da lei, da floresta amazônica, serra do mar, mata 
atlântica, pantanal matogrossense e da Zona Costeira: Tão grande foi a preocupação 
do legislador constitucional com a manutenção desses vastos territórios, que os 
 
3 EMENTA: AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO. CONSTITUCIONAL.AMBIENTAL. 
IMPOSSIBILIDADE DE LEI ESTADUAL DISPENSAR ESTUDO PRÉVIO DE IMPACTO AMBIENTAL. AGRAVO 
IMPROVIDO. I – O Plenário desta Corte, ao julgar a ADI 1.086/SC, Rel. Min. Ilmar Galvão, assentou que a 
previsão, por norma estadual, de dispensa ao estudo de impacto ambiental viola o art. 225, § 1º, IV, da 
Constituição Federal. II – Agravo regimental improvido. 
(RE 631753 AgR, Relator(a): Min. RICARDO LEWANDOWSKI, Primeira Turma, julgado em 07/06/2011, 
DJe-119 DIVULG 21-06-2011 PUBLIC 22-06-2011 EMENT VOL-02549-02 PP-00214 RT v. 100, n. 911, 
2011, p. 459-461) 
4 EIA destina-se à prevenção de danos. Foi inspirado em modelo americano e introduzido em nosso 
ordenamento pela lei 6.938/81, de 02.07.1980, que dispõe sobre as diretrizes básicas para zoneamento 
industrial nas áreas criticas de poluição. 
Seu objetivo é evitar que um projeto (obra ou atividade), justificável sob o ponto de vista econômico, 
revele-se posteriormente nefasto ou catastrófico para o meio ambiente. 
Valoriza-se a vocação essencialmente preventiva do direito ambiental. Foi justamente para prever o 
dano, antes de sua manifestação, que se criou o EIA. Daí a necessidade de que seja elaborado no 
momento certo: antes do início da execução, ou mesmo antes de atos preparatórios do projeto. 
15 
 
considerou patrimônio nacional, estabelecendo, em consonância com a devida 
proteção aos direitos de terceira geração, uma limitação ao seu uso, que só se dará na 
forma da lei e dentro de condições que assegurem a preservação do meio ambiente. A 
expressão patrimônio nacional, a que se refere o dispositivo, não tem, à evidência, o 
sentido de propriedade federal ou do Estado, mas de riqueza que, neste país, 
herdamos com a obrigação de preservar e transmitir às gerações futuras, sem perda, é 
claro, de seu adequado aproveitamento econômico. Deveras, qualificado como bem 
de uso comum do povo, não integra o patrimônio disponível do Estado. Portanto, o 
Estado não atua jamais como proprietário deste bem, mas, diversamente, como 
simples administrador de um patrimônio que pertence à coletividade. 
l) Obrigatoriedade de lei federal prever a localização de usinas nucleares para que 
possam ser instaladas: 
INSTRUMENTO DE PROTEÇÃO 
CONSTITUCIONALMENTE PREVISTO 
FINALIDADE 
Processos ecológicos essenciais 
Proteção e preservação das interações ambientais fundamentais para o 
homem e a vida no planeta. 
Manejo ecológico Gerir as espécies e ecossistemas de forma a preservá-las. 
Proteção do patrimônio genético 
Preservar a biodiversidade e a sua integridade, além de fiscalizar as 
entidades que atuam com pesquisas genéticas. 
Espaços territoriais especialmente 
protegidos 
Definir unidades de conservação, com a proteção integral de seus 
atributos, somente se permitindo a supressão ou alteração por lei. 
Estudos prévios de impacto 
ambiental 
Estudos prévios a serem exigidos para obras ou atividades potencialmente 
poluidoras, aos quais se dará publicidade. 
Controle de técnicas arriscadas para 
a vida e para o meio ambiente 
Controle da produção, preservação e emprego de técnicas em si perigosas, 
tais como uso de agrotóxicos, descarte de OGM no ambiente etc. 
Educação e conscientização 
ambiental 
Em todos os níveis de ensino. 
Proteção da fauna e flora 
Preservar função ecológica, diversidade e evitar extinção de espécies 
animais e vegetais. 
Recuperação do meio ambiente por 
quem explorar recursos minerais 
Especial imposição feita pela Constituição a esse ramo conhecidamente 
degradador. 
Sanções às condutas lesivas ao 
ambiente 
Sanções penais e administrativas, às pessoas físicas e jurídicas, 
independentes da obrigação de reparar o dano. 
Proteção às reservas da biosfera 
Floresta Amazônica, Serra do Mar, Mata atlântica, Pantanal 
Matogrossense e Zona Costeira 
Tutela federal das usinas nucleares Somente lei federal poderá dispor sobre a localização de usinas nucleares. 
1.2.2. Repartição de Competência em Matéria Ambiental 
Segundo a maioria dos doutrinadores brasileiros, a repartição de competências é o tema mais 
controvertido de Dir. Ambiental, pelos seguintes motivos: a) pela primeira vez, nossa 
Constituição (de 1988) distinguiu, em matéria ambiental, competências administrativas e 
legislativas (anteriormente quem legislava era quem tinha o poder de atuar); b) a CR/88, ao 
estabelecer referidas competências, estabeleceu rol de competências tanto comuns 
(administrativas) quanto concorrentes (legislativas), sem fixar, com segurança, onde começa e 
termina a atuação de cada ente, gerando superposição de competências; c) o legislador 
constituinte utilizou-se de conceitos jurídicos indeterminados como “interesse local” e 
“normas gerais”, bem como a doutrina e a jurisprudência também os utiliza, sem definir 
precisamente seu conteúdo, a exemplo do que seria “predominância de interesse”; d) os bens 
tutelados pelo Dir. Ambiental têm natureza difusa, cabendo a todos (Poder Público e 
16 
 
coletividade) sua proteção; e) apenas 23 anos após a vigência da CR/88 houve a promulgação 
da Lei Complementar que regulamenta a repartição de competências administrativas em 
matéria ambiental que, por sua vez, já está sendo impugnada no Supremo por supostas 
inconstitucionalidades, confirmando, assim, as controvérsias a respeito. 
A repartição da competências nas Federações é matéria reservada à Constituição, sendo 
emanação direta da própria estruturação do Estado Federal, caracterizado pela divisão do 
poder político em diversas esferas, notadamente no Brasil onde o Município é ente 
federativo . Para José Afonso da Silva, “competência é a faculdade juridicamente atribuída a 
uma entidade, ou a um órgão ou agente do Poder Público para emitir decisões. Competências 
são as diversas modalidades de poder de que se servem os órgãos ou entidades para realizar 
suas funções”. 
O que norteia a repartição de competências é a predominância do interesse, segundo o qual 
caberá à União aquelas matérias de predominante interesse geral, nacional, ou regional 
(quando ultrapassem mais de um Estado), ao passo que aos Estados tocarão as matérias e 
assuntos de predominante interesse regional (rectius: estadual), e aos Municípios os 
predominantes interesses locais. 
Assim, Terence Dornelles Trennepohl aconselha que, “diante da dúvida em responder um 
quesito sobre competência, verifique sempre a qual ente da federação é mais condizente a 
defesa do meio ambiente em questão. Metade da questão estará respondida!”. 
A Constituição de 88 busca o equilíbrio federativo (Federalismo cooperativo) através de uma 
repartição de poderes que se fundamenta na técnica da enumeração de poderes da União, dos 
poderes remanescentes para os Estados e poderes definidos indicativamente para os 
Municípios. Também verificamos áreas comuns de atuação paralela e setores concorrentes 
entre União e Estados, em que se outorga à primeira as normas gerais e aos últimos as normas 
específicas (CR, art. 24, §§ 1º e 2º), bem como, e ainda, suplementação pela legislação 
municipal nos casos de interesse local (CR, art. 30, I e II). 
Assim, nos artigos 21 e 23 da CR (artigos ímpares) temos as competências administrativas, 
enquanto que nos arts. 22 e 24 (artigos pares) temos as competências legislativas. 
Subdividem-se, pois, as competências em: 
ADMINISTRATIVA OU 
MATERIAL 
a) exclusiva (art. 21) União 
b) comum, cumulativa ou paralela 
(art. 23) 
União, Estados, 
DF e Município 
LEGISLATIVA OU 
FORMAL 
a) privativa (art. 22) União 
b) concorrente (art. 24) 
União, Estados e 
DF 
c) suplementar (art. 24, §2º e 30, I e 
II) 
Estados e 
Municípios 
d) exclusiva (art. 25, §§1º e 2º) Estados 
17 
 
1.2.2.1. Competência Legislativa 
A CR/88 atribuiu competência legislativa concorrente5 sobre assuntos do meio ambiente à 
União, aos Estados e ao Distrito Federal, conforme dispõe o art. 24, VI e VII6, sendo que à 
União caberá legislar sobre normas gerais, enquanto os Estados e DF deverão suplementaressas normas. 
A concorrência enseja a possibilidade de iniciativa na área da legislação ambiental para os 
Estados e DF se a União se mantiver inerte7. Entretanto, essa competência, chamada “plena” 
(chamada também de COMPETÊNCIA SUPLETIVA), não pode exorbitar da peculiaridade ou 
interesse do próprio Estado (limite qualitativo) e terá que se ajustar ao disposto em norma 
federal superveniente (limite temporal), a qual suspenderá a legislação estadual no que for 
incompatível. A competência concorrente poderá exercer-se não só quanto à elaboração de 
leis, mas de decretos, resoluções e portarias. 
Aos Municípios também é atribuída competência legislativa, porém ela é suplementar 
supletiva, determinando o art. 30, II, competir a eles suplementar a legislação federal e a 
estadual no que couber8. 
Em suma: À União cabe a fixação de pisos mínimos de proteção ao meio ambiente, enquanto 
aos Estados, DF e Municípios, atendendo aos interesses regionais e locais, a de um “teto” de 
proteção. Assim, os Estados, DF e Municípios JAMAIS PODERÃO LEGISLAR DE MODO A 
OFERECER MENOS PROTEÇÃO AO MEIO AMBIENTE DO QUE A UNIÃO, nas normas que 
forem nacionais, e não nas federais. 
Pode-se concluir que a competência legislativa em matéria ambiental estará sempre 
privilegiando a maior e mais efetiva preservação do meio ambiente, independentemente do 
ente político que a realize, porquanto todos receberam da Carta Constitucional aludida 
competência. 
Sobre o tema, sem contrariar a Constituição: 
Lei nº 6.938/81 
Art. 6º [...] 
 
5 O STF analisou a matéria desenvolvendo entendimento vinculado à competência concorrente para 
legislar sobre proteção ao meio ambiente em face do art. 24 da CR (ADInMC 2.396-MS. rel. Min. Ellen 
Gracie). 
6 Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre: (...) VI - 
florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza, defesa do solo e dos recursos naturais, proteção 
do meio ambiente e controle da poluição; VII - proteção ao patrimônio histórico, cultural, artístico, 
turístico e paisagístico. 
7 CR/88. Art. 24. § 3º. Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Estados exercerão a competência 
legislativa plena, para atender a suas peculiaridades. 
8 O Ministério do Meio Ambiente elaborou um roteiro básico elencando matérias que considera 
incluídas entre os “assuntos de interesse local”, passíveis de tratamento por lei municipal: a) 
licenciamento ambiental; 2) plano diretor do Município; 3) lei do uso e ocupação do solo; 4) Código de 
Obras; 5) Código de posturas municipais; 6) legislação tributária municipal; g) Lei do orçamento do 
município. 
18 
 
§ 1º Os Estados, na esfera de suas competências e nas áreas de sua 
jurisdição, elaborarão normas supletivas e complementares e padrões 
relacionados com o meio ambiente, observados os que forem estabelecidos 
pelo CONAMA. 
§ 2º Os Municípios, observadas as normas e os padrões federais e estaduais, 
também poderão elaborar as normas mencionadas no parágrafo anterior. 
1.2.2.2. Competência Material 
Competência material é a competência administrativa propriamente dita, que atribui a uma 
esfera de poder o direito de fiscalizar e impor sanções em caso de descumprimento da lei. 
Em regra, o policiamento de determinada atividade é da atribuição da pessoa de Direito 
Público interno dotada de competência legislativa sobre a mesma. Contudo, observa Terence 
Dornelles, que “a Constituição atribuiu, pela primeira vez, separadamente, competências 
administrativas, as quais eram, até então, automaticamente incluídas nas competências 
legislativas correspondentes.(...) Depois da entrada em vigor do art. 23, qualquer ente público 
tem competência para aplicar a legislação ambiental, ainda que a norma não tenha sido de 
autoria do ente que a aplica. O art. 23, VI e VII, da CR dispõe que os três níveis da federação 
têm competência para tomar medidas em prol da defesa do meio ambiente, da flora e fauna, 
contra poluição etc., ficando agora ao critério das prefeituras executar também normas 
federais ou estaduais, quando necessário”. 
A proteção do meio ambiente está adaptada à competência material comum, ou seja, é 
atribuída a todos os entes federados que, em pé de igualdade, exercem-na, sem, todavia, 
excluir a do outro, porquanto cumulativa. É prevista no art. 23 da CR/889. 
Por vezes, o fato de a competência ser comum a todos os entes federados poderá tornar difícil 
a tarefa de discernir qual norma administrativa será a mais adequada a uma determinada 
situação. Os critérios que deverão ser verificados para tal análise são: 
1. O critério da predominância do interesse; 
2. O critério da colaboração ou cooperação entre os entes federados, conforme prevê o 
p. único do art. 2310. Desse modo, deve-se buscar, como regra, privilegiar a norma que 
atenda de forma mais efetiva ao interesse comum. 
A Lei complementar prevista no art. 23, p. único da CR/88, deve ter como fundamento a 
mútua ajuda dos entes federados. Essa lei não visa e não pode visar à diminuição da 
autonomia desses entes, despojando-os de prerrogativas e de iniciativas que 
constitucionalmente possuem, ainda que não as exerçam, por falta de meios ou de 
conscientização política. 
 
9 Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios: (...)VI - 
proteger o meio ambiente e combater a poluição em qualquer de suas formas; VII - preservar as 
florestas, a fauna e a flora. 
10 Art. 23. Parágrafo único. Lei complementar fixará normas para a cooperação entre a União e os 
Estados, o Distrito Federal e os Municípios, tendo em vista o equilíbrio do desenvolvimento e do bem-
estar em âmbito nacional. 
19 
 
Essa Lei Complementar foi editada (LC nº 140/11). 
Os trabalhos de proteção e cooperação relativos ao meio ambiente já vêm sendo feitos 
conjuntamente pelos órgãos federais e estaduais com a formulação do SISNAMA - Sistema 
Nacional do Meio Ambiente, concebido pela Lei nº 6.938/8111. 
O CONAMA, através da Resolução nº 237/97, procurou partilhar a competência ambiental 
administrativa, dispondo sobre o licenciamento ambiental a ser feito pelo IBAMA (art. 4º), 
estabelecendo as competências dos Estados e DF (art. 5º), determinando a área de 
competência dos Municípios (art. 6º) e estabelecendo que os empreendimentos e atividades 
serão licenciados em um nível de competência (art. 7º). 
Sobre a atuação do CONAMA em matéria de licenciamento, há o preceito no art. 8º, I da Lei nº 
6.938/81, que diz que compete ao CONAMA “I - estabelecer, mediante proposta do IBAMA, 
normas e critérios para o licenciamento de atividades efetiva ou potencialmente poluidoras, a 
ser concedido pelos Estados e supervisionado pelo IBAMA”. O inciso é claro, mostrando que 
instituir normas e critérios para o licenciamento não se confunde com atribuir competência 
aos entes federados, verificando-se explícita invasão de competência e quebra de hierarquia 
administrativa, acarretando vício de inconstitucionalidade e ilegalidade aos artigos da 
resolução supra citada. 
Leis infraconstitucionais não podem repartir ou atribuir competências, a não ser que a própria 
Constituição da República tenha previsto essa situação, como fez expressamente no art. 23, p. 
único, quando previu que a competência comum estabelecendo normas de cooperação será 
objeto de lei complementar. 
1.2.2.3. Competência Exclusiva da União 
Além da competência comum vista acima, a União possui competência administrativa 
exclusiva em matéria ambiental, nos termos do art. 21 da CR/88: 
Art. 21. Compete à União: 
IX – elaborar e executar planos nacionais e regionais de ordenação do 
território e de desenvolvimento econômico e social; 
XII – explorar, diretamente ou mediante autorização, concessão ou 
permissão: 
b) os serviços e instalações de energia elétrica

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