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Monografia - Matas ciliares


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SOCIEDADE SUL MINEIRA DE EDUCAÇÃO E CULTURA – ASMEC 
 
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU LATO SENSU EM 
MEIO AMBIENTE, EDUCAÇÃO E SUSTENTABILIDADE 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
A IMPORTÂNCIA DAS MATAS CILIARES COMO CORREDORES ECOLÓGICOS 
NA REGIÃO DE MONTANTE DO RIO MOGI GUAÇU COM ÊNFASE NO 
MUNICÍPIO DE BUENO BRANDÃO 
 
 
 
 
AUTORES: 
JOSÉ CARLOS BUENO 
EVELINE COUTINHO 
LAÉRCIO DA SILVA 
MARCELO GOIS RODRIGUES 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
OURO FINO 
2007 
 
SOCIEDADE SUL MINEIRA DE EDUCAÇÃO E CULTURA – ASMEC 
 
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU EM MEIO 
AMBIENTE, EDUCAÇÃO E SUSTENTABILIDADE 
 
 
 
 
 
 
A IMPORTÂNCIA DAS MATAS CILIARES COMO CORREDORES 
ECOLÓGICOS NA REGIÃO DE MONTANTE DO RIO MOGI GUAÇU COM 
ÊNFASE NO MUNICÍPIO DE BUENO BRANDÃO 
 
 
AUTORES: 
EVELINE COUTINHO 
JOSÉ CARLOS BUENO 
LAÉRCIO DA SILVA 
MARCELO GOIS RODRIGUES 
 
 
 
Monografia apresentada ao curso de pós-
graduação “Meio Ambiente, Educação e 
Sustentabilidade” como exigência parcial 
para a obtenção do título de pós graduado, 
sob orientação do prof. Luiz Carlos Aceti Jr. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
OURO FINO 
2007
 
 
SUMÁRIO 
 
 
Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8 
1. Metodologia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18 
1.1. Legislação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18 
1.2. Estudo de Campo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20 
2. Discussão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26 
3. Conclusão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34 
4. Bibliografia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38 
5. Anexos . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41 
5.1. Parágrafo VI do artigo 170 da Constituição Federal. . . . . . . . . . . . . . 42 
5.2. Lei Federal N. 4.771, De 15 De Setembro De 1965. . . . . . . . . . . . . . . . 44 
5.3. Lei Federal Nº 6.766 - De 19 De Dezembro De 1979 . . . . . . . . . . . . . . 62 
5.4. Mapa das Bacias Hidrográficas de Minas Gerais . . . . . . . . . . . . . . . . 80 
5.5. Imagem de Satélite da Região Central do Município . . . . . . . . . . . . . 81 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE FIGURAS 
 
Figura 1: Mapa do Município de Bueno Brandão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9 
Figura 2: Foto de plantação de batata . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14 
Figura 3: Mapa da Bacia Hidrográfica do Rio Mogi Guaçu . . . . . . . . . . . . . . 15 
Figura 4: Mapa de Minas Gerais Considerando a pressão antrópica . . . . . . 17 
Figura 5: Foto de área com vegetação de mata ciliar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18 
Figura 6: Mapa da cobertura vegetal original do Município. . . . . . . . . . . . . . 21 
Figura 7: Mapa da cobertura vegetal atual do Município . . . . . . . . . . . . . . . 21 
Figura 8: Fragmentação da vegetação nativa da região. . . . . . . . . . . . . . . . . 22 
Figura 9: paisagem destacando o curso de um rio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23 
Figura 5: Foto de uma das nascentes do Rio das Antas . . . . . . . . . . . . . . . . 25 
Figura 11: imagem de satélite da região . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26 
Figura 12. Mapa do Corredor Ecológico da Serra do Mar . . . . . . . . . . . . . . . 29 
Figura 13. Foto da construção de composteira e viveiro de mudas . . . . . . . 30 
Figura 14. Foto do plantio de mudas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31 
Figura 15: Mapa das bacias hidrográficas de Minas Gerais. . . . . . . . . . . . . . 80 
Figura 16: imagem de Satélite Região Central do Município . . . . . . . . . . . . 81 
 
 
 
LISTA DE TABELAS E GRÁFICOS 
 
Tabela1: Estrutura fundiária do Município de Bueno Brandão . . . . . . . . . . . 12 
Gráfico 1:Comparativo entre percentual de proprietários x área . . . . . . . . . 27 
Tabela 2: Espécies selecionadas para plantio em área de várzea . . . . . . . . . 33 
Tabela 3: Aves da Região . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34 
Tabela 4: Animais da região ameaçados de extinção . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Este trabalho é dedicado a nossos familiares, que 
contribuíram com compreensão às nossas ausências, 
possibilitando a conclusão desta monografia e deste 
curso. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Agradeço primeiramente aos professores que com sua 
dedicação e competência, nos propiciaram o 
conhecimento necessário a conclusão desta monografia. 
Em especial aos nossos orientadores e coordenadores 
deste curso. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Esta água brilhante que corre nos rios e regatos não é apenas 
água, mas sim o sangue de nossos ancestrais. Se lhe 
vendermos a terra, terá que se lembrar que ela é sagrada e terá 
de ensinar a seus filhos que é sagrada e que cada reflexo 
espectral na água límpida dos lagos conta os eventos e as 
recordações da vida de meu povo. O rumorejar da água é a voz 
do pai de meu pai. 
 
Trecho da carta do índio Noah Sealth ao presidente americano 
 
 
RESUMO: 
 
 
 O presente estudo tem por objetivo mostrar a importância da preservação das 
matas ciliares, bem como a sua recomposição, pois estas, além de outros fatores, 
podem interligar os fragmentos remanescentes de matas nativas, funcionando como 
Corredores Ecológicos, permitindo o fluxo gênico das espécies animais e vegetais. A 
preocupação com criação de condições que minimizem os impactos do homem 
sobre os ecossistemas, são fatores que deverão constar de diversos estudos 
relevantes, que levem as autoridades administrativas a tomarem ações efetivas 
neste sentido. O presente trabalho foi desenvolvido através do levantamento de 
dados bibliográficos, tanto como do levantamento do aspecto atual da paisagem, no 
que se refere a dados florestais da mata original e do seu atual estado de 
fragmentação. Também foi observado a falta de corredores ecológicos que 
interliguem os fragmentos remanescentes. O reestabelecimento das matas ciliares 
bem como a sua preservação possibilitará a interligação de um grande número de 
fragmentos florestais remanescentes. Possibilitando, desta forma, que estas 
exerçam uma de suas principais funções, o de serem corredores ecológicos. Esta 
recomposição florestal possibilitará que animais da nossa fauna como: onça parda e 
jaguatiricas, entre outros, sejam beneficiados voltando então a ter uma área maior 
de circulação sem a intervenção humana, podendo buscar novas áreas de 
alimentação e, então, atingir um número equilibrado de espécimes nas populações. 
Um número maior de individuos, evitará a reprodução entre animais com auto índice 
de parentesco, evitando a consangüinidade, esta que provoca um definhamento 
genético, seja pelo aparecimento de mutações, seja pela seleção de características 
semelhantes que impossibilitara sua adaptação a qualquer adversidade que ocorra 
em seu meio. 
 
 
Introdução 
A atual condição de degradação em que se encontra a Mata Atlântica, principal 
Bioma da Região Sudeste, propiciou a formação de um sistema de mosaico que 
apresenta diversos fragmentos de mata nativa, entremeados de campos de cultivo, e 
áreas urbanas. A preocupação com o restabelecimento de condições que minimizem 
os impactos do homem (antrópicos) sobre este ecossistema, são fatores que 
deverão constar de diversosestudos relevantes, para que se inicie e ou determine 
ações efetivas, tanto por autoridades administrativas, quanto por instituições de 
pesquisa e acadêmica. 
O presente estudo tem por objetivo mostrar a importância da preservação das 
matas ciliares, bem como a sua recomposição, pois estas, além de outros fatores, 
podem interligar os fragmentos remanescentes de matas nativas, funcionando como 
Corredores Ecológicos, permitindo o fluxo gênico das espécies animais e vegetais, 
evitando o chamado isolamento geográfico das populações de uma mesma espécie, 
e propiciar o aumento da interação entre as diversas espécies beneficiando todo o 
ecossistema local. 
Este trabalho foi desenvolvido na região de montante do Rio Mogi Guaçu, mais 
especificamente no município de Bueno Brandão-MG, através de levantamento 
Bibliográfico, principalmente no que se refere à legislação pertinente, bem como 
consulta a diversos mapas da região onde se puderam verificar as condições 
originais e atuais da vegetação nativa, e dos principais cursos d’água. Também 
foram levantadas as causas históricas que levaram sua condição atual de 
degradação. Também foram feitas análises de campo, que pudessem ser 
demonstradas neste trabalho através das fotos dos locais observados. 
Bueno Brandão situa-se ao sul de Minas Gerais, Latitude 22° 26’ 27’’, Longitude 
46° 21’ 03’’, altitude de 1200m, em frente à Igreja Matriz; o município tem uma área 
de 357 km², 10.932 habitantes (Embrapa, 2006), os municípios limítrofes são Ouro 
Fino e Inconfidentes a norte, Bom Repouso e Senador Amaral a leste, Munhoz a sul, 
Socorro (SP) a oeste e Monte Sião a noroeste conforme mostra a figura 1, página 
seguinte. 
Com a economia voltada para a agropecuária: cultura da batata, café e pecuária 
 
 
9 
de leite e corte, sendo a maioria de sua população constituída de pequenos 
produtores e trabalhadores da agricultura. Existe uma pequena economia nascente 
voltada ao turismo, principalmente ao ecoturismo. Possui uma vegetação típica de 
montanha (clima tropical de altitude), com muitas áreas remanescentes de Mata 
Atlântica. 
 O município é cortado por vários rios sendo os principais, Rio das Antas e Rio 
Cachoeira, ambos com as respectivas nascentes dentro do próprio município o que 
Figura 1: Mapa do Município de Bueno Brandão. Fonte: IGA: Instituto de Geociências 
Aplicadas, 1981 – Adaptado pelos autores 
 
 
10 
o torna uma cabeceira d’água. A região faz parte da bacia hidrográfica do Rio Mogi 
Guaçu. 
 Sendo uma região montanhosa, o relevo (chamado mar de morros) 
proporciona a formação de muitas cachoeiras. Os ramos da Serra da Mantiqueira, 
parte do planalto e serras do Atlântico Leste-sudeste, típicos desta região, são 
formações antigas constituída por estruturas cristalinas, onde em diversos lugares é 
possível ver os afloramentos da rocha matriz. 
O Rio Mogi Guaçu, principal afluente do Rio Pardo, nasce em Minas Gerais, na 
Serra da Mantiqueira, no município de Bom Repouso. Cortando diversos municípios 
da região. Bueno Brandão, têm 100% de seu território dentro da bacia do Rio Mogi 
Guaçu. A intensa exploração agrícola do solo da região, principalmente em virtude 
da cultura da batata, propiciou uma acelerada degradação ambiental favorecida pelo 
intenso desmatamento nas últimas décadas. Segundo Brigante e Espíndola (2003,p 
29) “o cultivo da batata ocorre na região de montante há, aproximadamente, 40 
anos”. 
O Município de Bueno Brandão está localizado no extremo sul de Minas Gerais 
em uma região montanhosa onde predomina a mata atlântica, os campos de altitude 
e a floresta ombrófita aberta, composta principalmente por araucárias. Estas 
formações vegetais, devido ao desmatamento para a utilização do solo para a 
agricultura, se encontra de forma bastante fragmentada, ocasionando um isolamento 
geográfico das espécies vegetais e animais. A necessidade de construir corredores 
ecológicos que interliguem estes fragmentos, entre outros fatores, é de suma 
importância para o fluxo gênico de animais e de vegetais. 
Estudos têm demonstrado que a ausência das matas ciliares causa 
desequilíbrios ecológicos de grandes dimensões, e um dos mais sérios 
fatores de desequilíbrio dos sistemas aquáticos é o acentuado escoamento 
superficial do solo para o leito dos rios. Em bacias hidrográficas florestadas, 
verifica-se que a partir de 50 m de distância do curso d’água o escoamento 
superficial começa a ser insignificante. Daí a necessidade de manter 
devidamente instalado esse ecossistema ao longo dos cursos d’água. Para 
a quase totalidade do curso do rio Mogi Guaçu, especialmente no trecho 
dentro do estado de São Paulo, considerando-se a largura do rio, são 
necessários cerca de 100 m de largura da mata ciliar. Lei nº 4.771/65. (Lei 
na integra constantes dos anexos deste). 
Além da grandiosa e importantíssima tarefa de repor a mata ciliar do 
Rio Mogi Guaçu, essa ação deverá atingir, inclusive, os afluentes desse rio 
e suas nascentes. Muitos destes afluentes correm por áreas rurais e os 
proprietários da terra têm pouca orientação no sentido de recompor essa 
 
 
11 
formação florestal danificada e/ou descaracterizada. 
Há necessidade de efetuar um diagnóstico das condições de 
perturbação ou de degradação das matas ciliares. Nesse sentido, seria 
produtivo que cada município da bacia, dentro de seus limites se 
responsabilizasse por este levantamento, que funcionaria como indicativo 
das medidas corretivas a serem adotadas. Se a mata ciliar for considerada 
perturbada, ou seja, que sofreu algum tipo de distúrbio, mas manteve seus 
meios de regeneração próprios (banco de sementes no solo, banco de 
plântulas, chuva de sementes e rebrota), a intervenção antrópica poderá 
auxiliar na velocidade de recuperação, porém será imprescindível. Ao 
contrário se a mata ciliar for considerada degradada, ou seja, aquela que 
após distúrbios teve eliminada os seus meios de regeneração, a ação 
antrópica será necessária para regeneração a curto prazo. 
(BRIGANTE, & ESPÍNDOLA, 2003: p. 212, 213) 
As matas ciliares são formações particularmente frágeis, pois sua localização, 
no fundo dos vales, sofre intensamente o impacto antrópico, por serem áreas de 
solos úmidos e férteis, são, portanto, mais propensos às derrubadas, dando lugar, 
assim, ás atividades agrícolas, desempenhadas principalmente por pequenos 
produtores. 
Um dos motivos pelos quais as nascentes da região estão deixando de 
aflorar é a retirada da cobertura vegetal nativa, o que provoca um 
desequilíbrio nas relações de temperatura e de umidade entre o solo e as 
plantas, aumentando a evaporação da água do solo e ocasionando o 
abaixamento do lençol subterrâneo. 
A ameaça de poluição das águas na região de montante está se 
tornando cada vez mais séria, colocando em risco, não somente a saúde 
pública e a agricultura, como também o potencial turístico da área, rica em 
cachoeiras. Para exemplificar, apenas região administrativa de Bueno 
Brandão, há cerca de 31 cachoeiras com possibilidade de acesso e 
potencial turístico. Porém muitas apresentam risco de estarem 
contaminadas e impróprias para uso. 
... 
O maior perigo é a contaminação da água por praguicidas. No 
município de Bueno Brandão, além das cachoeiras, o próprio rio que 
abastece a cidade, Rio das Antas (Afluente do Rio do Peixe), apresenta 
sérios riscos de contaminação por praguicidas. 
(BRIGANTE, & ESPÍNDOLA, 2003: p. 36, 37) 
A diminuição das áreas das pequenas propriedades agrícolas na região de 
montante do rio Mogi Guaçu, devido ao fato de sucessivos herdeiros dividirem a 
mesma gleba de terra por diversas gerações, faz com que estas possuam áreas 
cada vez menores, e, até mesmo, coincidindo com a área de 50m de proteção das 
nascentes, tornando-se um sério problema a ser enfrentado pelas autoridades 
responsáveis pela preservação ambiental, em especial à proteção das nascentes e 
das matas ciliares.12 
Este processo de degradação das formações ciliares, além de 
desrespeitar a legislação, que torna obrigatória a preservação das mesmas, 
resulta em vários problemas ambientais. As matas ciliares funcionam como 
filtros, retendo defensivos agrícolas, poluentes e sedimentos que seriam 
transportados para os cursos d'água, afetando diretamente a quantidade e a 
qualidade da água e conseqüentemente a fauna aquática e a população 
humana. São importantes também como corredores ecológicos, ligando 
fragmentos florestais e, portanto, facilitando o deslocamento da fauna e o 
fluxo gênico entre as populações de espécies animais e vegetais. Em 
regiões com topografia acidentada, exercem a proteção do solo contra os 
processos erosivos. (MARTINS, 2001) 
Segundo SILVA, RITA E, em 2000. Bueno Brandão, tem a seguinte estrutura 
fundiária conforme nos mostra a tabela abaixo: 
 
 
Para levantarmos as condições que levaram à estrutura fundiária atual, 
demonstrados nos dados da tabela anterior, temos que considerar os fatos ocorridos 
ao longo do tempo, o que constitui a história da colonização da região de Bueno 
Brandão. 
Em 1800, os bandeirantes em suas missões de desbravamento, se 
embrenhavam pelo interior de país, e essa região onde hoje é Bueno Brandão, era 
local de parada para descansar, devido a sua localização, ao clima e a sua 
abundância em águas. 
Estes paravam sempre à margem de um rio, ao qual deram o nome de Ribeirão 
Tabela1: Estrutura fundiária do Município de Bueno Brandão: Segundo SILVA, RITA 
E, 2000 
 
 
13 
das Antas, em alusão a quantidade de antas presente no local. 
Como os bandeirantes passavam dias nesta região descansando, não demorou 
muito para que o comércio se iniciasse, e a população fosse crescendo cada vez 
mais; com isso foi construída uma capela, que depois de um tempo recebeu a visita 
de um Frei, que veio para pregar as santas missões na população. Encantado com a 
beleza do lugar, propôs que se chamasse Campo Místico, então em 1850, à região 
recebeu o nome de Distrito de Campo Místico pertencente à cidade de Ouro Fino. 
Com o crescimento cada vez maior da população, a economia da região 
começou a crescer, principalmente através da pecuária e agricultura, os moradores 
começaram a cultivar café e fumo, foi então nessa época que começou o 
desmatamento da região, e essa terra que era bruta começou a ser trabalhada. Só 
que toda plantação era escoada pra Ouro Fino, sem grandes compensações, já que 
o dinheiro arrecadado com impostos não ficava no Distrito impedindo seu 
desenvolvimento. 
Cada vez mais insatisfeitos com a posição de Distrito, já que poderiam se 
manter sozinhos, começaram a lutar pela emancipação. Até que alguns pioneiros 
foram até o Governador de Minas Gerais, e conseguiram com ele um acordo para a 
emancipação, em troca disto, a região passar a se chamar Bueno Brandão, em 
homenagem ao ex-governador de Minas Gerais Júlio Bueno Brandão. Então o 
Distrito de Campo Místico passou a ser Município de Bueno Brandão, notícia que foi 
recebida com grande descontentamento pela população, porque Campo Místico é 
um nome bonito, expressivo, assunto que é questionado até hoje pela população. 
Devido a Guerra Civil Espanhola, em 1936, cerca de 30 famílias de imigrantes 
mudaram-se para Bueno Brandão, famílias estas que estavam no Brasil há poucos 
anos e pretendiam se estabelecer em busca de melhores condições de vida, já que 
muitos em seu país de origem estavam sofrendo perseguições políticas, outros 
passando por grandes necessidades. 
 Estes estavam no Brasil desenvolvendo a mesma atividade que desenvolviam na 
Espanha, a agricultura, em específico o cultivo da batata. Ficaram então sabendo da 
existência desta cidade, através de alguns conhecidos. Mudaram-se então para 
Bueno Brandão devido a sua localização, com clima ameno, grande quantidade de 
 
 
14 
terra para plantio, grande potencial hídrico, local propício para a cultura da batata. 
Até então a população vivia da pequena produção de café e fumo, e quando os 
espanhóis chegaram, desmataram uma grande área para produzir batata. As suas 
técnicas de plantio eram diferentes das desenvolvidas pela população local. Os 
espanhóis diziam que a população não sabia preparar a terra, arar, fazer análise de 
solo, pra saber qual o fertilizante adequado a ser usado; eles usavam de técnicas de 
plantio mais modernas, fazendo com que a produção fosse maior e melhor. Como a 
produção local até então era muito pequena, nem toda população se encontrava 
empregada, muitas pessoas começaram a trabalhar como empregados dos 
espanhóis nas suas plantações. 
A economia da população cresceu muito, depois de alguns anos algumas 
pessoas deixaram de ser empregados e começaram a plantar, já que tinham 
aprendido a prática com os espanhóis, e como muitos dos donos de terra, possuíam 
uma pequena gleba de terra que muita vezes coincidia com a margem de rios, eles 
desmatavam toda mata ciliar, já que seu solo é muito fértil e úmido, próprio para o 
plantio, conforme ilustra a foto da figura2. O que propicia a contaminação dos rios 
por praguicidas, já que estas matas servem como filtros para retê-los. 
Figura2: Lavoura de batata na região em área próxima a curso d’água: Segundo SILVA, 
RITA E, 2000 
 
 
15 
A partir de 1997, Bueno Brandão começou a desenvolver seu potencial turístico, 
ou melhor, eco turístico, pois tem dentro de seu município mais de trinta cachoeiras. 
Então o perigo de contaminação das águas, coloca em risco não somente a saúde 
pública, como também o desenvolvimento turístico, que vem sendo uma nova 
atividade econômica. 
O Rio Mogi Guaçu 
Mogi Guaçu deriva do Tupi Guarani, e significa Cobra Grande, isto devido à 
região de montante ser formada por um relevo acentuado, propiciando um curso 
sinuoso, cheio de meandros, lembrando o movimento de uma cobra. 
Figura 3: Mapa da bacia hidrográfica do Rio Moji Guaçu. Fonte: SILVA, RAIMUNDA 
 
 
 
16 
Em toda a parte leste da bacia afloram as rochas cristalinas do 
complexo gránssico-magmatítico e do grupo açungui, com vários corpos 
graníticos intrusos. O restante da área corresponde a parte oriental da bacia 
geológica do Paraná e envolve boa parte da sua série estratigráfica desde o 
carbonífero superior até o cretáceo. 
(CETESB apud SILVA, MARIA R. C. 2002, p. 21). 
Segundo Brigante e Espíndola (2003: p. 09) um estudo “conduzido pelos 
técnicos do IBAMA, estabeleceu que o rio Mogi-Guaçu nasce em Minas Gerais, no 
Morro do Curvado, município de Bom Repouso (Mapa: Figura 3, página anerior), a 
uma altitude aproximada de 1.594m”. Contrariando a crença anterior de que seria 
no município mineiro de Tocos do Mogi. O Rio Mogi Guaçú faz parte da Macro-Bacia 
do Rio Pardo, onde deságua, conforme o mapa constante do anexo 2. 
A bacia hidrográfica do Moji-guaçu possui quatro grandes províncias 
geomorfológicas: Planalto Atlântico, Depressão Periférica, Cuestas 
Basálticas e Planalto Oriental. No Plantalto Atlântico a topografia apresenta-
se diversificada, com altitudes médias de até 1600m. Na Depressão 
Periférica, com a própria denominação indica, o relevo é uniforme, com 
amplos e profundos vales, planícies restritas e alguns terraços. O relevo das 
Cuestas Basálticas é formado por chapadões, com altitudes de 400m a 800 
m. O Planalto Ocidental, apesar de sua pequena expressão na Bacia, 
apresenta grande uniformidade, com altitudes variando de 400m a 600m, 
conferindo-lhe um relevo de baixas e amplas colinas, como a serra de 
Jaboticabal. (CETESB apud SILVA, RAIMUNCA M. C., 2002, p. 21). 
Um dos motivos pelo qual o estudo foi feito na região de Bueno Brandão é sua 
localização, já que toda sua hidrografia se encontra dentro da bacia hidrográfica do 
Rio Mogi Guaçu, e todo seu território é compreendido pela Mata Atlântica que sofre 
de grande pressão antrópica conforme dados do Atlas da Biodiversidade em Minas 
da Fundação Biodiversitas, figura 4, próximapágina, considerando as informações 
do mesmo Atlas, podemos confirmar através do texto transcrito abaixo. 
A infla-extrutura e os recursos naturais do estado de Minas Gerais 
propiciaram um rápido desenvolvimento, com forte processo de ocupação e 
supressão das formações vegetais primitivas. O Índice de Pressão Sócio-
Econômica (IPSE), instrumento elaborado para visualizar as pressões sobre 
o estado, reflete, de forma sintética um conjunto de indicadores 
demográficos e econômicos, avaliando os impactos do ponto de vista sócio-
econômico sobre o meio ambiente e os recursos naturais. (FUNDAÇÃO 
BIODIVERSITAS, 2005) 
 
 
 
 
 
 
 
17 
 
 
Figura 4: Mapa de Minas Gerais, Considerando a pressão Antrópica sobre os recursos naturais. 
Fonte: Fundação Biodiversitas 
 
 
18 
1 Metodologia 
 
 
 
Foram fotografados, pelos autores, diferentes locais, na região de montante da 
bacia do rio Mogi-guaçu, e analisadas quanto ao aspecto atual e fragmentar da mata 
atlântica remanescente (Figura 5). Também foram utilizadas fotos de satélite obtidas 
através do programa Google® Earth® , que possibilitou a análise de uma área de 
maior amplitude. 
 
1.1 Legislação 
O estudo considera a legislação como aliada na preservação e reconstituição 
das matas ciliares. Ressaltando o importante papel destas como corredores 
Figura 5: Foto de área com vegetação de Mata ciliar. Localidade: Bairro Lava-pés. Fonte: os autores. 
 
 
19 
ecológicos, permite-nos observar que, independentemente de serem reservadas 
outras áreas para esta finalidade, as matas ciliares poderão interligar a maior parte 
dos fragmentos florestais remanescentes. 
A região da Serra da Mantiqueira, conforme Silva, (SILVA, MARIA R. C. 2002) 
citou em seu trabalho, é considerada como Área de Interesse Especial, pelo art. 13° 
da lei federal n° 6.766 de 19 de dezembro de 1979. 
II – quando o localizados em áreas de interesse especial, tais como as 
de proteção aos mananciais ou ao patrimônio cultural, histórico, paisagístico 
e arqueológico, assim definidas por legislação estadual ou federal. 
A Lei Federal 4.771 de 15 de setembro de 1965, alterada pela Lei n. 7.803, de 
18.07.89, em seu Artigo 2° define as áreas reservadas às matas ciliares conforme 
transcrito a seguir. 
Artigo 2º - Consideram-se de preservação permanente, pelo só efeito 
desta Lei, as florestas e demais formas de vegetação natural situadas: 
 a) ao longo dos rios ou de qualquer curso d’água desde o seu nível 
mais alto em faixa marginal cuja largura mínima seja: 
 1 - de 30m (trinta metros) para os cursos de d’água de menos de 10 
(dez) metros de largura; 
 2 - de 50m (cinqüenta metros) para os cursos d’água que tenham de 
10 (dez) a 50m (cinqüenta metros) de largura; 
 3 - de 100m (cem metros) para os cursos d’água que tenham de 50 
(cinqüenta) a 200m (duzentos metros) de largura; 
 4 - de 200m (duzentos metros) para os cursos d’água que tenham de 
200 (duzentos) a 600m (seiscentos metros) de largura; 
 5 - de 500m (quinhentos metros) para os cursos d’água que tenham 
largura superior a 600m (seiscentos metros) de largura; 
 (Com redação dada pela Lei n. 7.803, de 18.07.89) 
 b) ao redor das lagoas, lagos ou reservatórios d’água naturais 
ou artificiais; 
 c) nas nascentes, ainda que intermitentes e nos chamados 
“olhos d’água”, qualquer que seja a sua situação topográfica, num raio 
mínimo de 50m (cinqüenta metros) de largura; 
A Constituição Federal através do artigo 225, dispõe sobre a preservação do 
meio ambiente, dando ênfase na preservação das espécies no seu parágrafo 
primeiro, onde se lê: 
Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente 
equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial a sadia qualidade de 
vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e 
 
 
20 
preservá-lo para as presentes e futuras gerações. 
§ 1° Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder 
Público: 
I - preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o 
manejo ecológico das espécies e ecossistemas; 
II - preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético do 
País e fiscalizar as entidades dedicadas à pesquisa e manipulação de 
material genético; 
III - .... 
O Conselho Nacional de Meio Ambiente (CONAMA), através de sua Resolução 
de N° 9, de 24 de outubro de 1996 caracteriza e define as condições para a 
constituição dos corredores ecológicos, em seus artigos 1° e 2°, conforme transcrito 
abaixo: 
Art. 1º Corredor entre remanescentes caracteriza-se como sendo faixa 
de cobertura vegetal existente entre remanescentes de vegetação primária 
em estágio médio e avançado de regeneração, capaz de propiciar habitat 
ou servir de área de trânsito para a fauna residente nos remanescentes. 
Parágrafo Único: Os corredores entre remanescentes constituem-se: 
a) pelas matas ciliares em toda sua extensão e pelas faixas marginais 
definidas por lei: 
b) pelas faixas de cobertura vegetal existentes nas quais seja possível 
a interligação de remanescentes, em especial, às unidades de conservação 
e áreas de preservação permanente. 
Art. 2º Nas áreas que se prestem (sic) a tal finalidade onde sejam 
necessárias intervenções visando sua recomposição florística, esta deverá 
ser feita com espécies nativas regionais, definindo-se previamente se essas 
áreas serão de preservação ou de uso. 
 
1.2 Estudo de Campo 
O levantamento fotográfico, bem como o levantamento de dados, florestais da 
mata original e da atual fragmentação possibilitou a comprovação do atual estado 
das matas nativas, bem como a falta de corredores ecológicos que os interliguem. 
Além disto demonstrou a ausência de matas ciliares e a possibilidade destes serem 
utilizados como fator de interligação dos remanescentes. 
A exuberante flora que aqui existia, conforme mostra a figura 6, (página 
seguinte), onde quase que a totalidade do município de Bueno Brandão era coberta 
pela Mata Atlântica e pela Floresta Ombrófita Mista, abrigava uma fauna rica e 
abundante. Comparativamente podemos observar na figura 7 (página seguinte), que 
 
 
21 
a mata remanescente, apresenta-se apenas em algumas áreas, representando, 
assim, a intensa fragmentação existente. 
 
 
Figura 6: Mapa da vegetação nativa original. Fonte: SOS Mata Atlântica. Adaptado pelos autores. 
Figura 7: Mapa de áreas remanescentes no Município. Fonte: SOS Mata Atlântica. Adaptado pelos autores. 
 
 
22 
Levando-se em consideração que espécies animais, necessitam um contato 
maior entre indivíduos diferentes, a fim de se reproduzir, impedindo a reprodução 
endogâmica, ou seja, que indivíduos com alto grau de parentesco venham a 
procriar, aumentando o fator de consangüinidade e a degradação genética. Onde 
muitos indivíduos com cargas genéticas parecidas têm menos possibilidade de se 
adaptar às possíveis alterações ambientais que por ventura poderão ocorrer. 
Analisando este fato e confrontando com a realidade socioeconômica da região, 
conforme dito anteriormente, composta na maioria de proprietários de pequenas 
glebas de terra, muitas vezes às margens dos cursos d’água, gera um impasse, que 
segundo Brigante e Espíndola (2003, p. 216), “consiste em conciliar as exigências 
ecológicas e de preservação da qualidade dos recursos hídricos com as 
necessidades de sobrevivência do pequeno agricultor.” 
Tendo em vista os relevantes fatos descritos, fragmentação da mata nativa e a 
ausência de mata ciliar, acreditamos ser a recomposição desta um importante aliado 
para a obtenção de uma flora e fauna mais rica. Mantendo um dossel contínuo, 
possibilitaria a transferência de material genético dentro dos diversos fragmentos 
florestais existentes. E com este fato a diminuição do efeito de borda, que acarreta, a 
morte por sufocamento de plantas adultas e o comprometimento do desenvolvimento 
Figura 8: Fragmentação da vegetação nativa da região (Vista do Bairro Cachoeira). Fonte:Os autores. 
 
 
23 
de plantas nativas pelo crescimento de espécies, como os cipós, e outras plantas 
herbáceas. 
A região, conforme descrito acima, possui relevo acidentado, e uma paisagem 
extremamente fragmentada, como se pode observar através da figura 8 (página 
anterior), os mares de morros como são chamados na região é recordado por 
diversos rios, compondo a bacia de cabeceira do Rio Mogi Guaçu. Estes rios formam 
vales e meandros, serpenteando por entre as montanhas, fazendo, muitas vezes, a 
divisa entre os proprietários rurais, se tornando, portanto, um problema de ninguém, 
conforme pudemos observar, os traços culturais da população levam a creditar 
sempre a causa do problema, seja do desmatamento quanto da contaminação, ao 
vizinho. 
Devido a estas questões culturais, nossos rios se vêm desprovidos da proteção 
das matas ciliares. E conforme define BARBOSA (2001), a importância das matas 
ciliares no processo de manutenção dos corredores ecológicos. 
As matas ciliares são formações vegetais que ocorrem ao longo dos 
cursos d’água e desempenham papel importante na formação dos 
corredores de fluxo gênico, podendo interligar populações vegetais que 
foram separadas pelo processo de fragmentação (Macedo 1993, Kageyama 
Figura 9: Paisagem destacando o curso de um rio. A: Curso do Rio (destaque em azul), B: 
fragmentos de matas e C: Àrea de Cultivo. 
Fonte: Autores 
 
 
 
24 
& Gandara 2001). Além disso, estas matas contribuem para a estabilização 
das margens dos rios, o tamponamento e filtragem de nutrientes e/ou 
agrotóxicos, a interceptação e absorção da radiação solar e para o 
fornecimento de abrigo e/ou alimento para a fauna aquática e terrestre 
(Marinho Filho & Reis 1989, Petts 1990, Sabino & Castro 1990). Desse 
modo, recentemente as matas ciliares têm recebido maior atenção, 
principalmente pelo seu estado crítico de degradação (Oliveira-Filho 1989, 
Rodrigues 1989, Rodrigues & Gandolfi 2001). Devido à sua grande 
importância no que diz respeito à conservação da biodiversidade e à 
manutenção do equilíbrio dos ecossistemas da biosfera, seu manejo e 
recuperação foi incluído como uma das prioridades no Programa das 
Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) (Barbosa 2001). 
Ao observarmos a foto da figura 9 (página anterior) podemos observar em A 
(destaque em azul) o curso de um rio, e a ausência de mata ciliar, logo abaixo 
vemos um açude construído dentro da área de preservação permanente (APP), uma 
área de encosta, logo acima, preparada para o plantio, e em B os fragmentos 
isolados da mata original. No destaque, C, logo acima do curso do rio vemos uma 
plantação de batata, comum na região. 
Segundo o levantamento bibliográfico e fotográfico, a vegetação da região de 
montante do Rio Mogi-Guaçu, se encontra muito fragmentada, com poucos 
Figura 10: Foto de uma das nascentes do Rio das Antas. Fonte: Os autores 
Alt: 1479 m, Latitude: S 22°, 27’, 31,3”, Long: W 46°, 27’, 23,5” 
 
 
25 
resquícios da Mata-Atlântica original. As margens dos rios se encontram 
desprotegidas de matas ciliares, o que favorece o assoreamento do leito e a 
contaminação por agrotóxicos e por resíduos de adubos utilizados na agricultura. 
A exploração agrícola da região é marcante mesmo nas proximidades das 
nascentes. Observa-se, na figura 10 (página anterior), a foto de uma das nascentes 
do Rio das Antas, onde se vê indicado pela seta em amarelo, letra “A”, um tubo de 
PVC utilizado para a captação de água para utilização doméstica, e dessedentação 
de animais. Na mesma, observa-se, em “B”, um afloramento do lençol freático, 
comumente chamado de “olho-d’água”, com água ainda cristalina. 
Como observado nas visitas à região de montante,..., a água das 
nascentes normalmente é usada para consumo humano sem prévia 
desinfecção, pois é passada a idéia de que a mesma está livre de 
contaminantes. Mas nem sempre essa água está em condições ideais para 
ser utilizada, especialmente nessa região que apresenta afloramento muito 
grande de nascentes e um lençol subterrâneo pouco profundo, passível de 
ser contaminado pela própria população rural, [...]. (BRIGANTE e 
ESPÍNDOLA, 2003) 
A intensa fragmentação das propriedades, vem a ser um dos fatores mais 
relevantes que dificultam a ação das políticas pública que visam a proteção dos 
mananciais. 
Figura 11. Imagem de Satélite da Região. Fonte: Programa Google Earth 
 
 
26 
A figura 11, obtida através de foto de satélite (página anterior), evidencia estes 
fatos. Onde podemos observar diversos fragmentos de mata nativa que poderiam 
estar sendo interligados por matas ciliares, atuando como corredores ecológicos. 
No intuito de diminuir os impactos causados pela ação negativa do homem na 
região de montante do rio Mogi Guaçu, foi desenvolvido um projeto voltado para este 
fim através da USP de São Carlos. O Projeto Mogi Guaçu, viabilizou diversas 
atividades de Educação Ambiental, motivando alunos de escolas públicas bem como 
agricultores a preservar as matas ciliares. 
Janete acredita que, através da educação ambiental, é possível obter 
resultados a médio e longo prazos. “Estamos tentando manter a presença 
constante da nossa equipe na região, para provocar nas pessoas a 
preocupação com o ambiente que os rodeia e chamar a atenção para fatos 
que elas não estavam acostumadas a se preocupar.” 
.... 
As mudanças só vão ocorrer se os valores da sociedade forem 
revertidos, acredita Janete. Ela diz que só a partir da mudança da visão 
consumista, materialista e imediatista da sociedade é que as propostas de 
proteção ambiental poderão ser bem-sucedidas. “Pouca coisa está se 
concretizando no mundo por ser uma questão de valor humano. A atitude 
de cada um de nós deve mudar, para o ambiente melhorar”, ressalta Janete. 
Para Suellen Andrade Rodríguez, de 16 anos, aluna do segundo ano 
do ensino médio de Bueno Brandão, que participou do plantio de mudas na 
área da nascente do rio Mogi-Guaçu, o projeto a ajudou a entender a 
importância do plantio de árvores. “A árvore vai ajudar a preservar o fluxo de 
água do rio e, com isso, melhorar a natureza e as nossas vidas. Daqui a 
alguns anos, vai garantir a vida dos nossos filhos e das outras gerações.” 
Também de Bueno Brandão, o estudante Gabriel Miller de Oliveira 
compreendeu que precisava mudar seus hábitos para que o ambiente não 
sofresse tanto. “Antes jogava papel em qualquer lugar. Hoje não faço mais 
isso e fico de olho em quem faz, porque a gente já viu as conseqüências do 
lixo jogado no rio.” 
(Fonte :JORNAL DA USP: 
http://www.usp.br/jorusp/arquivo/2006/jusp760/pag0304.htm) 
 
2 Discussão 
Através da análise das condições da fragmentação das matas na região, 
observa-se que muitas espécies da fauna e da flora, poderão estar se definhando 
genéticamente, o que acarretará a diminuição de suas populações. Conforme 
levantado através de bibliografias pertinentes, e de estudo de campo, registrado nas 
fotografias analizadas, a reconstituição das matas ciliares poderão interligar uma 
 
 
27 
grande parte dos referidos fragmentos. Como cita ALVES, L. F., et all, em seu artigo 
publicado em 2006, determina a importância do conhecimento da biodiversidade 
presente na Mata Atlântica: 
Apesar de sua complexidade, é necessário um conhecimento mais 
sintético sobre o processo de regeneração em florestas tropicais sujeitas a 
diferentes regimes de perturbação, tanto natural como antrópico. Dada a 
grande extensão de florestas secundárias na região Neotropical, um 
importante tópico a ser abordado é o potencial dessas manchas de floresta 
na conservação da diversidade biológica do componente arbóreo típico de 
manchas de floresta mais antiga, menos perturbada. 
(ALVES, L. F., et all: 2006) 
O homem, como ser atuante na natureza e como fator de remodelagem da 
paisagem vem transformando a região já há muito tempo, sendo intensificado nas 
últimas décadas principalmente após a introdução do cultivo da batata e pelaconstantes divisões das propriedades rurais, tornando-as menores a cada geração, 
e obrigando os proprietários, cada vez mais, a avançar sobre as áreas de proteção. 
Conforme indicações dos mapas constantes das figuras 06 e 07, este fato tornou o 
município um dos mais pobres em cobertura vegetal da região, e torna a 
problemática da recomposição mais difícil ainda. Inviabilizando, em muitos locais a 
recomposição florística, pois demandaria a retirada de parte da população que 
reside dentro destas áreas. 
 
0,13
4,49
0,51
6,50
4,21
21,07
8,17
19,81
18,06
22,88
31,64
18,04
19,13
5,14
12,74
1,76
5,41
0,30
0
5
10
15
20
25
30
35
até 1 ha 1 a 2 ha 2 a 5 ha 5 a 10 ha 10 a 20 ha 20 a 50 ha 50 a 100
ha 
100 a 200
ha 
20 a 500
ha 
P ercentual da área
P ercentual de proprietário
Gráfico 1: Comparativo entre percentual de proprietários e percentual de área. 
Fonte: os Autores, segundo dados da tabela 01. SILVA, RITA E., 2000. 
 
 
28 
O gráfico acima, nos mostra comparativamente a porcentagem da área das 
propriedades agrícolas em relação ao número de proprietários em cada 
agrupamento de dados, onde podemos observar a intensa divisão fundiária do 
município, onde 74,75 % dos proprietários que possuem áreas de até 20 ha, detem 
apenas 31,8% da área total. Levando-se em consideração que a maior parte destes 
pequenos proprietários vivem juntamente com seus familiares na mesma 
propriedade, e muitas vezes, agregando as famílias de seus filhos, estas pequenas 
propriedades tem que sustentar um grande número de pessoas. 
Outro porém é o cultivo indiscriminado da batata, que necessita de grandes 
quantidades de agrotóxicos e adubos, para manter a alta produtividade. Na busca de 
novas áreas para atender a demanda da cultura, muitas vezes, vê-se aumentada a 
pressão sobre as áreas remanescentes de mata, inclusive de mata ciliar. Esta 
prática, aliada a aração profunda, traz como consequência o escoamento superficial 
do solo carreando material para o leito dos rios, ocasionando o assoreamento, a 
contaminação por praguicidas e causando o processo de eutrofisação dos corpos 
d’agua. 
A região de Bueno Brandão, além de estar inserida na região de montante do 
Rio mogi guaçú, também faz parte do complexo chamado Corredor ecológico da 
Serra do mar. Como pode ser visto no mapa abaixo fig 12 (página seguinte), uma 
pequena área do município esta inserida neste contexto. 
Tendo em vista que um corredor ecológico pode ser visto de duas formas 
distintas. Primeiramente, um corredor ecológico, pode ser então, definido como uma 
área onde encontramos uma grande Biodiversidade, delimitado por uma linha 
imaginária, constituidos por diversos usos do solo, ao mesmo tempo, integrando 
áreas de reservas naturais, parques, pastagens, áreas agrícolas e atividades 
industrias. 
Entretanto, o objeto deste estudo se refere a um outro enfoque do tema, que é o 
corredor ecológico definido como uma faixa de vegetação que liga dois grandes 
fragmentos florestais, ou então duas unidades de conservação. Por exemplo, para 
conectar-se dois fragmentos florestais isolados, poderá se utilizar do caminho de um 
rio, através do reforço ou restauração de sua mata ciliar, constituindo, então, um 
corredor ecológico. Que permitirá que animais transitem entre um fragmento e outro, 
 
 
29 
buscando alimento, interagindo com outras populações, dispersando sementes de 
vegetais configurando, assim o fluxo gênico. 
O definhamento por consanguinidade é fator importante para a ameaça de 
extinção de diversas espécies. Fonseca, em seu trabalho de 1994, já demonstrava 
isto em populações de mono-carvoeiro, Brachyteles Arachnoides, conforme o texto 
abaixo: 
Devido ao altíssimo grau de framentação da área original da Mata 
Atlântica, reduzida a menos de 5% da cobertura original, a destruição do 
hábitat é hoje, sem dúvida, a principal ameaçã à sobrevivência de 
Brachyteles. O isolamento das populações remanescentes em fragmentos 
de tamanho reduzido poderá levar a problemas de consangüinidade no 
futuro próximo, além do risco de acidentes demográficos e catástrofes 
locais, principalmente nas populções a partir do norte de São Paulo. 
(FONSECA, 1994. p195) 
A conservação, restauração e manutenção das matas ciliares, deverão contar 
com amplo apoio e participação da população. Para isto, no ano de 2006, uma série 
de ações voltadas para a Educação Ambiental, foram desenvolvidas na Escola 
Estadual de Bueno Brandão com o apoio técnico do Projeto Mogi-guaçu. Como por 
Figura 12. Mapa da Região Pertencente ao Corredor Ecológico da Serra do Mar, destaque Município de Bueno 
Brandão. Fonte: http://www.corredores.org.br. Adaptado pelos autores 
 
 
30 
exemplo, uma série de palestras voltadas a definição de medidas conservacionistas. 
E, em outro aspecto, mais prático, foram realizadas oficinas com a participação 
de alunos da referida escola. A montagem de uma composteira, para a obtenção de 
fertilizantes para a utilização na formação de mudas, em um viveiro experimental em 
terreno da própria escola. Estas atividades tem por finalidade demonstrar ao aluno, 
de maneira interdisciplinar, todo o ciclo envolvido na restauração da mata. Bem 
como aumentar o interesse do aluno nestas ações, e torna-lo responsável como co 
autor deste processo. 
A foto acima, mostra o trabalho sendo desenvolvido na construção da 
composteira e do viveiro. 
Posteriormente foram desenvolvidas atividades de plantio de mudas em uma 
nascente da região, demonstrando aos alunos o processo e a importância da 
recomposição florestal das matas ciliares. 
Ressaltando esta importância, e ainda citando Fonseca, em sua análise dos 
Figura 13. Foto da construção de composteira e viveiro de mudas, pelos alunos da E.E. B. B. Fonte: os autores 
 
 
31 
possíveis modo de reestabelecimento das populações de Brachyteles podemos 
transcrever o seguinte texto: 
Tendo em vista a relativa tolerância de espécie a ambientes em 
processo de sucessão é possível o aumento da área efetiva das porções 
fragmentadas de hábitat através de medidas que viabilizem a regeneração 
da vegetação natural. 
(FONSECA, 1994. p196) 
Em uma ação de Eduação Ambiental, visando a divulgação dos processos e 
benefícios da reconstituição das matas ciliares, promovido pela Escola Estadual de 
Bueno Brandão (foto abaixo), com a participação de alunos da 6ª série, e do 2° 
colegial, realizado em outubro de 2006, foram plantadas diversas mudas em uma 
área próxima a uma nascente. 
As mudas foram selecionadas, levando-se em conta, a lista de espécies nativas 
de vegetação próxima a cursos d’água, levantadas pelo Projeto Mogi Guaçu, lista 
abaixo, e que foram encontradas no viveiro da Escola Agrotécnica Federal de 
Inconfidentes. 
Espécie Nome popular 
Acacia polyphylla DC. Monjoleiro / Espinho-de-maricá 
Aegiphila sellowiana Cham. Tamanqueiro / Caiuia 
Figura 14. Foto do plantio de mudas pelos alunos da E. E. B. B. em área de nascente. Fonte: os autores 
 
 
32 
Alchornea glandulosa Poepp. & Endl. Tanheiro / Tapiá / Tapieira 
Aloysia virgata (Ruiz & Pav.) A. Juss. Cambará-de-lixa / Lixeira / Lixa 
Anadenanthera colubrina (Vell.)Brenan Angico-branco / Angico-branco-da-mata 
Anadenanthera macrocarpa Benth. Angico preto /Angico-vermelho 
Andira anthelmia (Vell.) J. F. Macbr. Garacuí / Angelim-amargoso 
Annona cacans Warm. Araticum / Araticum-cagão 
Aspidosperma cylindrocarpon Muell.Arg. Peroba-poca / Peroba-rosa 
Aspidosperma ramiflorum Muell. Arg. Guatambu / Guatambu-amarelo 
Balfourodendron riedellianum (Engl.)Engl. Pau-marfim 
Cabralea canjerana (Vell.) Mart. Canjerana / Cajaranda 
Campomanesia pubescens (DC.) O.Berg Gabiroba / Guabiroba 
Campomanesia xanthocarpa O. Berg Gabiroba-árvore / Guabiroba 
Cariniana estrellensis (Raddi) Kuntze Jequitibá-branco 
Casearia gossypiosperma Briq. Espeteiro / Pau-de-espeto 
Cassia ferruginea (Schrad.) Schrad.ex DC. Cássia-fistula / Chuva-de-ouroCedrela fissilis Vell. Cedro / Cedro-rosa / Cedrinho 
Chorisia speciosa A. St.-Hil. Paineira / Paineira-rosa 
Chrysophyllum gonocarpum (Mart. & Eichl.) Engl. Caxeta-amarela / Guatambu-de-sapo 
Copaifera langsdorffii Desf. Óleo-de-copaíba / Copaíba 
Cordia ecalyculata Vell. Café-de-bugre / Claraíba 
Cordia superba Cham. Babosa-branca / Baba-de-boi / Cordia 
Croton floribundus Spreng. Capixingui 
Cupania vernalis Cambess. Arco-de-peneira / Camboatã 
Drymis brasiliensis Miers Casca-d'anta 
Erythrina falcata Benth. Corticeira-da-serra / Mulungu 
Esenbeckia leiocarpa Engl. Guarantã 
Eugenia pyriformis Cambess. Uvaia 
Euterpe edulis Mart. Palmito-juçara / Palmiteiro 
Ficus guaranitica Chodat ex Chodat & Vischer. Figueira-branca / Figueira 
Ficus insipida Willd. Figueira-do-brejo / Figueira-branca 
Gallesia integrifolia (Spreng.) Harms Pau-d'alho 
Guatteria nigrescens Mart. Pindaúva-preta 
Hymenaea courbaril L. Jatobá / Jatobá-miúdo / Jatobá-da-mata 
Inga sessilis (Vell.) Mart. ex Benth. Ingá-ferradura / Ingá-amarelo / 
Inga vera Willd. Subsp. Affinis (DC.) T.D. Penn Ingá do brejo 
Jacaranda puberula Cham. Carobinha / Caroba-do-cerrado 
Lafoensia pacari A. St.-Hil. Dedaleiro 
Lonchocarpus guilleminianus (Tul.)Malme Embira-de-sapo / Feijão-cru / 
 
 
33 
Lonchocarpus muehlbergianus Hassl. Guaiana/ Embira-de-sapo 
Luehea divaricata Mart. & Zucc. Açoita-cavalo / Açoita-cavalo-miúdo 
Machaerium nyctitans (Vell.) Benth. Bico-de-pato / Jacarandá-bico-de-pato 
Machaerium scleroxylon Tul. Caviúna 
Mimosa scabrella Benth. Bracatinga 
Myrcia rostrata DC. Guamirim-de-folha-fina 
Myrocarpus frondosus Allemão Óleo-pardo / Cabreúva-parda 
Nectandra oppositifolia Ness Canela-amarela, Canelinha 
Peltophorum dubium (Spreng.) Taub. Canafístula / Guarucaia 
Pithecellobium incuriale (Vell.) Benth. Chico-pires / Angico-rajado 
Prunus myrtifolia (L.) Urban Pessegueiro-bravo / Marmelo 
Psidium cattleyanum Sabine Araçá-rosa / Araçá-amarelo / 
Pterodon pubescens Benth. Faveiro / Sucupira 
Rapanea ferruginea (Ruiz & Pav.)Mez Capororoca / Pororoca / Corotéia 
Rapanea umbellata (Mart. ex A. DC.) Mez Capororoca / Capororoca-branca 
Sapium glandulatum (Vell.) Pax Pau-de-leite / Leiteira 
Schinus terebinthifolius Raddi Aroeira-pimenteira / Aroeira-mansa 
Syagrus romanzoffiana (Cham.)Glassman Jerivá / Palmeira-jerivá 
Tabebuia alba (Cham.) Sandwith Ipê-amarelo-da-serra / Ipê-ouro 
Tabebuia impetiginosa (Mart.)Standl. Ipê-roxo / Ipê-roxo-de-bola 
Tabebuia vellosoi Toledo Ipê-amarelo-casca-lisa 
Talauma ovata A. St.-Hil. Pinha-do-brejo / Talauma 
Tapirira guianensis Aubl. Peito-de-pomba / Peito-de-pombo 
Trichilia casaretti C. DC. Catiguá 
 
TABELA 2: Espécies selecionadas para plantio em área circundante de várzea 
Fonte: MATERIAL DE APOIO AOS PROJETOS SÓCIO-AMBIENTAIS ESCOLARES – PROJETO 
MOGI GUAÇU -, 2006 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
34 
3 Conclusão 
A preservação das matas ciliares, bem como, a reconstituição das mesmas, 
deveria ser prioridade para a orientação das políticas públicas de proteção aos 
mananciais e a natureza de modo geral. Estas políticas deverão ser embasadas na 
legislação existente, que determina a região como sendo área de interesse 
ambiental, por se tratar de uma região de carga do sistema hídrico nacional. 
Quanto ao fator, mata ciliar como corredor ecológico, é fator de extrema 
importância, principalmente no tocante, ao meio ambiente como um todo, tendo em 
vista que já são áreas determinadas como APPs (Áreas de Preservação 
Permanente), não apresentando nenhum custo adicional aos produtores, que já 
deveriam estar mantendo a área intocada. 
Concluímos que com o reestabelecimento das matas ciliares, e/ou sua 
preservação possibilitará a interligação de um grande número de fragmentos 
florestais remanescentes. Possibilitando, desta forma, que estas exerçam uma de 
suas principais funções, objeto deste estudo, que é a de ser um importante corredor 
de biodiversidade. 
Culminando a longo prazo com a volta e aparecimento de espécies, que antes 
estavam isoladas nos fragmentos de matas. Vivendo ilhadas em pequenos grupos 
de indivíduos, não conseguindo por muitas vezes se manterem devido à alta 
consangüinidade, e se extinguindo, principalmente primatas (saguis, bugios) e 
serpentes como as jararacas (Bothops) que pôr se adaptarem melhor as matas 
úmidas quase não são vistas na região e também espécies de plantas com menor 
poder de dispersão de sementes, principalmente as de dispersão zoocórica. Estes 
fatores poderão ser estudados em pesquisas posteriores, através de levantamento 
genético das referidas populações, no entanto, levantamos uma lista pássaros e de 
mamíferos ameaçados de extinção que poderão, em muito, ser beneficiadas com 
este aspecto. 
Aves da Região 
Família Nome Científico Nome Popular 
Tinamidae Crypterellus parviostris Inhambu-chororó 
Nothura maculosa Codorna-comum 
Podicipedidae Tachibaptus dominicus Mergulhão-pequeno 
Ardeidae Casmeodius albus Garça-branca-grande 
 
 
35 
Bubulcus íbis Garça-vaqueira 
Cathartidae Coragyps atratus Urubu-de-cabeça-preta 
Cathartes aura Urubu-de-cabeça-vermelha 
Anatidae Dendrocygna giduata Irerê 
Accipitridae Buteo albicaudatus Gavião-de-rabo-branco 
Rupornis magnirostris Gavião-carijó 
Falconidae Milvago chimachima Carrapateiro 
Polyborus plancus Caracará 
Cracidae Penélope superciliaris Jacu 
Rallidae Aramides cajanea Três-potes 
Gllinula chloropus Frango-d’água-comum 
Caramidae Cariama cristata Siriema 
Jacanidae Jacana jacana Jaçanã 
Charadriidae Vanellus chilensis Quero-Quero 
Columbidae Columba picazuro Asa-branca 
Columbina talpacoti Rolinha 
Psittacidae Aratinga áurea Periquito-rei 
Forpus xanthopterygius Tuim 
Cuculidae Piaya cayana Alma-de-gato 
Crotophaga ani Anu-preto 
Guira guira Anu-Branco 
Tytonidae Tyto alba Suindara 
Speotyto cunicularia Corujo-buraqueira 
Caprimugidae Nyctidromus albicollis Curiango 
Apodidae Chaetura andrei Andorinhão-do-temporal 
Trochilidae Phaethornis pretei Rabo-Branco-de-sobre-amarelo 
Eupetomena macroura Tesourão 
Arcedinidae Ceryle torquata Martim-pescador-grande 
Bucconidae Nystalus chacuru João-bobo 
Ramphastidae Ramphastos toco Tucanuçu 
Picidae Calaptes melanochloros Pica-pau-verde-barrado 
Furnariidae Furnarius rufus João-de-barro 
Phacellodomus rufifrons João-graveto 
Pseudoseisura cristata Casaca-de-couro 
Tyrannidae Todirostrum poliocephalum Teque-teque 
Xolmis cinerea Maria-branca 
Knipolegus lophotes Maria-preta-de-penacho 
Fluvicolo nengeta Lavadeira-mascarada 
Pitangus sulphuratus Bem-te-vi 
Megararynchus pitangua Bem-te-vi-de-bico-chato 
Tyrannus savana Tesoura 
Tyrannus melancholicus Suiriri 
Pipridae Chiroxiphia caudata Tangará 
Hirundinidae Progne chalybea Andorinha-doméstica-grande 
Notiochelido cyanoleuca Andorinha-pequena-de-casa 
Corvidae Cyanocorax cyanopogon Cancã 
Troglodytidae Troglodytes aedon Corruíra 
Muscicapidae Turdus rufiventris Sabiá-laranjeira 
 
 
36 
Turdus leucolelas Sabiá-barranco 
Mimidae Mimus saturninus Sabiá-do-campo 
Vireonidae Cyclarhis gujanensis Pitiguari 
Emberizidae Basileuterus flaveolus Canário-do-mato 
Neotreraupis fasciata Cigarrra-do-campo 
Thraupis sayaca Sanhaço-cinzento 
Euphonia chlorotica Vivi 
Tangara cayana Saíra-amarelo 
Tersina viridis Saí-andorinha 
Zonotrichia capensis Tico-tico 
Sicalis-flaveola Canário-da-terra-verdadeiro 
Volatinia jacarina Tiziu 
Sporophila ngricollis Baiano 
Coryphospingus pileatus Tico-tico-rei-cinza 
Saltator similis Trinca-ferro-verdadeiro 
Gnorimopsar chopi Pássaro-preto 
Molothrus banariensis Chopim 
 
TABELA 3: Fonte: MENDES NETO, HUMBERTO RIBEIRO, 2005. Adaptado pelos autores 
 
Mamíferos ameaçados de extinção de possível ocorrência na região 
Família Nome Científico Nome Popular 
Myrmecophagidae Myrmecophaga tridactyla Tamanduá-bandeira 
Callitrichidae Callithrix aurita Sagüi-da-serra-escuro 
Cebidae Alouata fusca Bugio 
Callicebus personatus SauáCanidae Chrysocyon brachyurus Lobo-guará 
Speotrhos venaticus Cachorro-do-mato-vinagre 
Felidae Felis concolor Onça-parda, Sussuarana 
Felis pardalis Jaguatirica 
Felis tigrina Schreber, 1775 Gato-do-mato 
Felis widdii Gato-maracajá 
Panthera onça Onça-pintada, jaguar 
Mustelidae Lutra longicaudis Lontra 
Pteronura brasiliensis Ariranha 
TABELA 4: Fonte: FONSECA, GUSTAVO A. B (Adaptado pelos autores de Livro Vermelho 
dos Mamíferos Brasileiros Ameaçados de Extinção –Fundação Biodiversitas – 1994) 
 
Projetos como o “Mogi guaçu” vem tendo bons resultados em Bueno Brandão 
onde a conscientização na escola tem sido fator de extrema importância para que as 
matas ciliares sejam preservadas e recompostas. Ações como o plantio de mudas 
de mata nativa fizeram parte dos projetos de 2006, mudas plantadas em áreas 
doadas pelos proprietários e que eram totalmente desprovida de cobertura vegetal. 
Foi elaborado, em um projeto multidisciplinar, de educação ambiental, com a 
montagem de uma composteira e de um viveiro de mudas, experimental, em terreno 
 
 
37 
da própria escola. Parte das mudas, utilizadas no reflorestamento de uma área de 
nascente foram adquiridas na EAFI (Escola Agrotécnica Federal de Inconfidentes) e 
plantadas pelos próprios alunos, mostrando que este procedimento é viável e 
possível de ser feito por qualquer um. 
Com os novos corredores ecológicos, animais da nossa fauna como: onça parda 
e jaguatiricas, entre outros listados nos anexos, seriam muito beneficiados voltando 
então a ter uma área maior para circular sem a intervenção humana, podendo 
buscar novas áreas de alimentação e, então, atingir um número equilibrado de 
espécimes nas populações. 
Enfim, que possamos ver um dia a mata ciliar de volta no seu devido lugar, e 
animais silvestres vivendo de maneira satisfatória na região. Tudo isto com o 
comprometimento das futuras gerações, que através da educação ambiental, 
tomaram uma consciência maior, visualizando que, nós humanos, somos agente de 
destruição do meio ambiente, mas que também poderemos ser atores de uma 
conservação e recomposição do mesmo. Tornando nosso sonho realidade, de um 
futuro melhor de convivência homem/natureza, equilibrado, como diz a nossa 
constituição, direito e deveres de todos. 
 
 
 
38 
 
4 Bibliografia 
 
ACERVO LEGISLAÇÃO DPRN. Cdrom CATI. Coordenadoria de Assistência Técnica 
Integral. 
BRIGANTE, JANETE & ESPÍNDOLA, EVALDO. Liminologia Fluvial - Um estudo 
no Rio Mogi Guaçu, São Carlos – Rima, 2003 - 278 p. 
Corredor de Biodiversidade da Serra do Mar – Disponível em 
http://www.corredores.org.br. Acesso em 14/04/07 – 16h 35 min 
D.O.U (Diário Oficial da União) . 20/12/1979, Seção I, Volume 117 .P 19457-19463 
-Fasc. 243 
DRUMOND, GLAUCIA MOREIRA, et al, Biodiversidade em Minas Gerais: Um 
Atlas para a Sua Conservação, 2ª edição – Belo Horizonte: Fundação 
Biodiversitas. 
EMBRAPA - Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - Centro Nacional de 
Pesquisa de Monitoramento por Satélite, 2006 – Disponível em: 
http://www.urbanizacao.cnpm.embrapa.br/conteudo/uf/mg.html, acesso em 
21/04/2007. 11h 09 min 
ESPÍNDOLA, EVALDO & WENDLAND, EDSON, Bacia Hidrográfica – Divesas 
Abordagens em Pesquisa. Vol. 3: São Carlos – Rima, 2004. 412p. 
ESPÍNDOLA, EVALDO & WENDLAND, EDSON, PPG-SEA. Trajetórias e 
perspectivas de um curso multidisciplinar. Vol. 4: São Carlos – Rima, 2005. 462p 
 
 
39 
FONSECA, GUSTAVO A. B. da, et al, Livro Vermelho dos Mamíferos Brasileiros 
Ameaçados de Extinção, Belo Horizonte: Fundação Biodiversitas, 1994 
Google Earth – Programa de computador. 
JORNAL DA USP. http://www.usp.br/jorusp/arquivo/2006/jusp760/pag0304.htm 
acesso em 28/01/2007. 16 h 30 min. 
 
MARTINS, SEBASTIÃO VENÂNCIO, Recuperação de matas ciliares, Aprenda 
Fácil. Viçosa - MG, 2001.MEYER, SYLVIA THERESE, et al, Acta Botânica Brasílica 
vol.18 no.4 - São Paulo Oct./Dec. 2004. Composição florística da vegetação 
arbórea de um trecho de floresta de galeria do Parque Estadual do Rola-Moça 
na Região Metropolitana de Belo Horizonte, MG, Brasil. Disponível em 
http://www.scielo.br, acesso em 13 dez 2006, 14 h 45 min. 
MATERIAL DE APOIO AOS PROJETOS SÓCIO-AMBIENTAIS ESCOLARES, 
Espécies arbóreas selecionadas para plantio na região de Bom Repouso-MG, - 
Projeto Mogi Guaçu, CDCC, USP SC, São Carlos, 2006 
MELLO-BARRETO, H.L. 1942. Regiões Fitogeográficas de Minas Gerais. Boletim 
Geográfico 14: 14-28. 
MENDES NETO, HUMBERTO RIBEIRO, Aves Comuns do Estado de Minas 
Gerais – Um Guia de Campo Para o Observador. Florianópolis: Letras Brasileiras, 
2005. 
METZGER, J.P., ALVES, L.A., CATHARINO, E.L.M., GOULART & W., SIMÕES, 
S.J.C. 2006. Uma área de relevante interesse biológico, porém pouco conhecida: a 
 
 
40 
Reserva Florestal do Morro Grande. Biota Neotrop. 6(2): 
http://www.biotaneotropica.org.br/v6n2/pt/abstract?article+bn00406022006 (último 
acesso em 14/04/2006). 
PINTO, LILIAN VILELA ANDRADE, et al, Estudo da vegetação como subsídios 
para propostas de recuperação das nascentes da bacia hidrográfica do 
ribeirão Santa Cruz, Lavras, MG - Rev. Árvore vol.29 nº.5 Viçosa Sept./Oct. 2005 
REYS , PAULA, Fenologia Reprodutiva E Disponibilidade De Frutos De 
Espécies Arbóreas Em Mata Ciliar No Rio Formoso, Mato Grosso Do Sul. 
http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1676-06032005000300021&script=sci_arttext. 
Acesso em 18 de março de 2007, 14 h 35 min. 
SILVA, MARIA RAIMUNDA CHAGAS, Estudos de Sedimentos da Bacia 
Hidrográfica do Rio Mogi-Guaçú, com Ênfase na Determinação de Metais. Tese 
de Mestrado: USP – São Carlos-SP, 2002. 113p. 
SILVA, RITA E., O Conhecimento do Meio Ambiente Está no Ar. Dissertação 
submetida à Universidade Federal de Santa Catarina para a obtenção do título de Mestre em 
Engenharia de Produção. Dezembro de 2000. 
 
 
41 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
7 Anexo 1 
(LEGISLAÇÃO) 
 
 
42 
 
7.1 Parágrafo VI do artigo 170 da Constituição Federal. 
 
VI - defesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento diferenciado 
conforme o impacto ambiental dos produtos e serviços e de seus processos de 
elaboração e prestação; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 42, de 
19.12.2003) 
VII - redução das desigualdades regionais e sociais; 
VIII - busca do pleno emprego; 
IX - tratamento favorecido para as empresas brasileiras de capital nacional de 
pequeno porte. 
IX - tratamento favorecido para as empresas de pequeno porte constituídas sob 
as leis brasileiras e que tenham sua sede e administração no País. (Redação dada 
pela Emenda Constitucional nº 6, de 1995) 
Parágrafo único. É assegurado a todos o livre exercício de qualquer atividade 
econômica, independentemente de autorização de órgãos públicos, salvo nos casos 
previstos em lei. 
Art. 171. São consideradas: (Revogado pela Emenda Constitucional nº 6, de 
1995) 
 I - empresa brasileira a constituída sob as leis brasileiras e que tenha sua sede e 
administração no País; 
 II - empresa brasileira de capital nacional aquela cujo controle efetivo esteja em 
caráter permanente sob a titularidade direta ou indireta de pessoas físicas 
domiciliadas e residentes no País ou de entidades de direito público interno, 
entendendo-se por controle efetivo da empresa a titularidade da maioria de seu 
capital votante e o exercício, de fato e de direito, do poder decisório para gerir suas 
atividades. Revogado pela Emenda Constitucional nº 6, de 15/08/95 
 § 1º - A lei poderá, em relação à empresa brasileira de capital nacional: 
 I - conceder proteção e benefícios especiais temporários para desenvolver 
atividades consideradas estratégicas para a defesa nacional ou imprescindíveis ao 
desenvolvimento do País; 
II - estabelecer, sempre que considerar um setor imprescindível ao 
desenvolvimento tecnológico nacional, entre outras condições e requisitos: 
 
 
43 
 a) a exigência de que o controle referido no inciso IIdo "caput" se estenda às 
atividades tecnológicas da empresa, assim entendido o exercício, de fato e de 
direito, do poder decisório para desenvolver ou absorver tecnologia; 
 b) percentuais de participação, no capital, de pessoas físicas domiciliadas e 
residentes no País ou entidades de direito público interno. 
 § 2º - Na aquisição de bens e serviços, o Poder Público dará tratamento 
preferencial, nos termos da lei, à empresa brasileira de capital nacional.(Revogado 
pela Emenda Constitucional nº 6, de 1995) 
 
 
44 
7.2 LEI FEDERAL N. 4.771, DE 15 DE SETEMBRO DE 1965 
Institui o Novo Código Florestal 
 O Presidente da República 
 Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: 
 Artigo 1º - As florestas existentes no território nacional e as demais formas de 
vegetação, reconhecidas de utilidade às terras que revestem, são bens de interesse 
comum a todos os habitantes do País, exercendo-se os direitos de propriedade com 
as limitações que a legislação em geral e especialmente esta Lei estabelecem. 
 § 1o [O1]- As ações ou omissões contrárias às disposições deste Código na 
utilização e exploração das florestas e demais formas de vegetação são 
consideradas uso nocivo da propriedade, aplicando-se, para o caso, o procedimento 
sumário previsto no art. 275, inciso II, do Código de Processo Civil. 
§ 2o - Para os efeitos deste Código, entende-se por: 
I - Pequena propriedade rural ou posse rural familiar: aquela explorada mediante 
o trabalho pessoal do proprietário ou posseiro e de sua família, admitida a ajuda 
eventual de terceiro e cuja renda bruta seja proveniente, no mínimo, em oitenta por 
cento, de atividade agroflorestal ou do extrativismo, cuja área não supere: 
a) cento e cinqüenta hectares se localizada nos estados do Acre, Pará, 
Amazonas, Roraima, Rondônia, Amapá e Mato Grosso e nas regiões situadas ao 
norte do paralelo 13o S, dos Estados de Tocantins e Goiás, e ao oeste do meridiano 
de 44o W, do Estado do Maranhão ou no Pantanal mato-grossense ou sul-mato-
grossense; 
b) cinqüenta hectares, se localizada no polígono das secas ou a leste do 
Meridiano de 44º W, do Estado do Maranhão; e 
c) trinta hectares, se localizada em qualquer outra região do País. 
II - Área de preservação permanente: área protegida nos termos dos arts. 2o e 
3o desta Lei, coberta ou não por vegetação nativa, com a função ambiental de 
preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica, a 
biodiversidade, o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem 
estar das populações humanas. 
III - Reserva Legal: área localizada no interior de uma propriedade ou posse 
rural, excetuada a de preservação permanente, necessária ao uso sustentável dos 
recursos naturais, à conservação e reabilitação dos processos ecológicos, à 
 
 
45 
conservação da biodiversidade e ao abrigo e proteção de fauna e flora nativas. 
IV - Utilidade pública: 
a) as atividades de segurança nacional e proteção sanitária; 
b) as obras essenciais de infra-estrutura destinadas aos serviços públicos de 
transporte, saneamento e energia; e 
c) demais obras, planos, atividades ou projetos previstos em resolução do 
Conselho Nacional de Meio Ambiente - CONAMA. 
V - Interesse social: 
a) as atividades imprescindíveis à proteção da integridade da vegetação nativa, 
tais como: prevenção, combate e controle do fogo, controle da erosão, erradicação 
de invasoras e proteção de plantios com espécies nativas, conforme resolução do 
CONAMA; 
b) as atividades de manejo agroflorestal sustentável praticadas na pequena 
propriedade ou posse rural familiar, que não descaracterizem a cobertura vegetal e 
não prejudiquem a função ambiental da área; e 
c) demais obras, planos, atividades ou projetos definidos em resolução do 
CONAMA. 
VI - Amazônia Legal: os estados do Acre, Pará, Amazonas, Roraima, Rondônia, 
Amapá e Mato Grosso e as regiões situadas ao norte do paralelo 13o S, dos 
Estados de Tocantins e Goiás, e ao oeste do meridiano de 44o W, do Estado do 
Maranhão. 
(Com redação dada pela MP n. 2.166-67, de 24.08.01) 
 Artigo 2º [L2]- Consideram-se de preservação permanente, pelo só efeito 
desta Lei, as florestas e demais formas de vegetação natural situadas: 
 a)[L3] ao longo dos rios ou de qualquer curso d’água desde o seu nível mais 
alto em faixa marginal cuja largura mínima seja: 
 1 - de 30m (trinta metros) para os cursos de d’água de menos de 10 (dez) 
metros de largura; 
 2 - de 50m (cinqüenta metros) para os cursos d’água que tenham de 10 (dez) 
a 50m (cinqüenta metros) de largura; 
 3 - de 100m (cem metros) para os cursos d’água que tenham de 50 
(cinqüenta) a 200m (duzentos metros) de largura; 
 4 - de 200m (duzentos metros) para os cursos d’água que tenham de 200 
(duzentos) a 600m (seiscentos metros) de largura; 
 
 
46 
 5 - de 500m (quinhentos metros) para os cursos d’água que tenham largura 
superior a 600m (seiscentos metros) de largura; 
(Com redação dada pela Lei n. 7.803, de 18.07.89) 
 b) ao redor das lagoas, lagos ou reservatórios d’água naturais ou artificiais; 
(Ver: Resolução CONAMA n. 302, de 20.03.02 referente a reservatórios 
artificiais) 
 c) nas nascentes, ainda que intermitentes e nos chamados “olhos d’água”, 
qualquer que seja a sua situação topográfica, num raio mínimo de 50m (cinqüenta 
metros) de largura; 
(Com redação dada pela Lei n. 7.803, de 18.07.89) 
 d) no topo de morros, montes, montanhas e serras; 
 e) nas encostas ou partes destas, com declividade superior a 45º, equivalente 
a 100% na linha de maior declive; 
 f) nas restingas, como fixadoras de dunas ou estabilizadoras de mangues; 
 g) nas bordas dos tabuleiros ou chapadas, a partir da linha de ruptura do 
relevo, em faixa nunca inferior a 100m (cem metros) em projeções horizontais; 
 h) em altitude superior a 1.800 (mil e oitocentos) qualquer que seja a 
vegetação. 
 Parágrafo único - No caso de áreas urbanas, assim entendidas as 
compreendidas nos perímetros urbanos definidos por lei municipal, e nas regiões 
metropolitanas e aglomerações urbanas, em todo o território abrangido, observar-se-
á o disposto nos respectivos planos diretores e leis de uso do solo, respeitados os 
princípios e limites a que se refere este artigo. 
(Com redação dada pela Lei n. 7.803, de 18.07.89) 
 Artigo 3º - Consideram-se ainda, de preservação permanentes, quando assim 
declaradas por ato do Poder Público, as florestas e demais formas de vegetação 
natural destinadas: 
 a) a atenuar a erosão das terras; 
 b) a fixar as dunas; 
 c) a formar faixas de proteção ao longo de rodovias e ferrovias; 
 d) a auxiliar a defesa do território nacional a critério das autoridades militares; 
 e) a proteger sítios de excepcional beleza ou de valor científico ou histórico; 
 f) a asilar exemplares da fauna ou flora ameaçados de extinção; 
 g) a manter o ambiente necessário à vida das populações silvícolas; 
 
 
47 
 h) a assegurar condições de bem-estar público. 
 § 1º [N4]- A supressão total ou parcial de florestas de preservação 
permanente só será admitida com prévia autorização do Poder Executivo Federal, 
quando for necessária à execução de obras, planos, atividades ou projetos de 
utilidade pública ou interesse social. 
 § 2º [N5]- As florestas que integram o patrimônio indígena ficam sujeitas 
ao regime de preservação permanente (letra “g”) pelo só efeito desta Lei. 
Art. 3A - A exploração dos recursos florestais em terras indígenas somente 
poderá ser realizada pelas comunidades indígenas em regime de manejo florestal 
sustentável, para atender a sua subsistência, respeitados os arts. 2o e 3o deste 
Código. 
(Incluído pela Medida Provisória n. 1.956-51, de 26.06.00 – Ultima: MP n. 2.166-
67, de 24.08.01) 
Artigo 4º [O6]- A supressão de vegetação em área de preservação permanente 
somente poderá ser autorizada em caso de utilidade pública ou de interesse social, 
devidamentecaracterizados e motivados em procedimento administrativo próprio, 
quando inexistir alternativa técnica e locacional ao empreendimento proposto. 
§ 1o - A supressão de que trata o caput deste artigo dependerá de autorização 
do órgão ambiental estadual competente, com anuência prévia, quando couber, do 
órgão federal ou municipal de meio ambiente, ressalvado o disposto no § 2o deste 
artigo. 
§ 2o - A supressão de vegetação em área de preservação permanente situada 
em área urbana, dependerá de autorização do órgão ambiental competente, desde 
que o município possua conselho de meio ambiente com caráter deliberativo e plano 
diretor, mediante anuência prévia do órgão ambiental estadual competente 
fundamentada em parecer técnico. 
§ 3o - O órgão ambiental competente poderá autorizar a supressão eventual e 
de baixo impacto ambiental, assim definido em regulamento, da vegetação em área 
de preservação permanente. 
§ 4o - O órgão ambiental competente indicará, previamente à emissão da 
autorização para a supressão de vegetação em área de preservação permanente, 
as medidas mitigadoras e compensatórias que deverão ser adotadas pelo 
empreendedor. 
§ 5o - A supressão de vegetação nativa protetora de nascentes, ou de dunas e 
 
 
48 
mangues, de que tratam, respectivamente, as alíneas "c" e "f" do art. 2o deste 
Código, somente poderá ser autorizada em caso de utilidade pública. 
§ 6o - Na implantação de reservatório artificial é obrigatória a desapropriação ou 
aquisição, pelo empreendedor, das áreas de preservação permanente criadas no 
seu entorno, cujos parâmetros e regime de uso serão definidos por resolução do 
CONAMA. 
§ 7o - É permitido o acesso de pessoas e animais às áreas de preservação 
permanente, para obtenção de água, desde que não exija a supressão e não 
comprometa a regeneração e a manutenção a longo prazo da vegetação nativa. 
(Com redação dada pela MP n. 2.166-67, de 24.08.01) 
Artigo 5º[O7] - (Revogado pela Lei n. 9.985, de 18.07.2000) 
 Artigo 6º[O8] - (Revogado pela Lei n. 9.985, de 18.07.2000) 
 Artigo 7º - Qualquer árvore poderá ser declarada imune de corte, mediante 
ato do Poder Público, por motivo de sua localização, raridade, beleza ou condição 
de porta-sementes. 
 Artigo 8º - Na distribuição de lotes destinados à agricultura, em planos de 
colonização e de reforma agrária, não devem ser incluídas as áreas florestadas de 
preservação permanente de que trata esta Lei, nem as florestas necessárias ao 
abastecimento local ou nacional de madeiras e outros produtos florestais. 
 Artigo 9º - As florestas de propriedade particular, enquanto indivisas com 
outras, sujeitas a regime especial, ficam subordinadas às disposições que vigorarem 
para estas. 
 Artigo 10 - Não é permitida a derrubada de florestas situadas em áreas de 
inclinação entre 25 a 45 graus, só sendo nelas tolerada a extração de toros quando 
em regime de utilização racional, que vise a rendimentos permanentes. 
 Artigo 11 - O emprego de produtos florestais ou hulha como combustível 
obriga o uso de dispositivo que impeça difusão de fagulhas suscetíveis de provocar 
incêndios nas florestas e demais formas de vegetação marginal. 
 Artigo 12 - Nas florestas plantadas, não consideradas de preservação 
permanente, é livre a extração de lenha e demais produtos florestais ou fabricação 
de carvão. Nas demais florestas, dependerá de norma estabelecida em ato do 
Poder Federal ou Estadual, em obediência a prescrições ditadas pela técnica e às 
peculiaridades locais. 
 Artigo 13 - O comércio de plantas vivas, oriundas de florestas, dependerá de 
 
 
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licença da autoridade competente. 
 Artigo 14 - Além dos preceitos gerais a que está sujeita a utilização das 
florestas, o Poder Público Federal ou Estadual poderá: 
a) prescrever outras normas que atendam às peculiaridades locais; 
b)[O9] proibir ou limitar o corte das espécies vegetais raras, endêmicas, em 
perigo ou ameaçadas de extinção, bem como as espécies necessárias à 
subsistência das populações extrativistas, delimitando as áreas compreendidas no 
ato, fazendo depender de licença prévia, nessas áreas, o corte de outras espécies. 
(Com redação dada pela MP n. 2.166-67, de 24.08.01) 
 c) ampliar o registro de pessoas físicas ou jurídicas que se dediquem à 
extração, indústria e comércio de produtos ou subprodutos florestais. 
 Artigo 15 - Fica proibida a exploração sob forma empírica das florestas 
primitivas da bacia amazônica que só poderão ser utilizadas em observância a 
planos técnicos de condição e manejo a serem estabelecidos por ato do Poder 
Público, a ser baixado dentro do prazo de um ano. 
(Regulamentado pelo Decreto n. 1.282, de 19.10.94) 
Artigo 16[O10] - As florestas e outras formas de vegetação nativa, ressalvadas 
as situadas em área de preservação permanente, assim como aquelas não sujeitas 
ao regime de utilização limitada ou objeto de legislação específica, são suscetíveis 
de supressão, desde que sejam mantidas, a título de reserva legal, no mínimo: 
I - oitenta por cento, na propriedade rural situada em área de floresta localizada 
na Amazônia legal. 
II - trinta e cinco por cento, na propriedade rural situada em área de cerrado 
localizada na Amazônia legal, sendo no mínimo vinte por cento na propriedade e 
quinze por cento na forma de compensação em outra área, desde que esteja 
localizada na mesma microbacia, e seja averbada nos termos do § 7o deste artigo; 
III - vinte por cento, na propriedade rural situada em área de floresta ou outras 
formas de vegetação nativa localizada nas demais regiões do país; e 
IV - vinte por cento, na propriedade rural em área de campos gerais localizada 
em qualquer região do país. 
§ 1o - O percentual de reserva legal na propriedade situada em área de floresta 
e cerrado será definido considerando separadamente os índices contidos nos incisos 
I e II deste artigo. 
§ 2o - A vegetação da reserva legal não pode ser suprimida, podendo apenas 
 
 
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ser utilizada sob regime de manejo florestal sustentável, de acordo com princípios e 
critérios técnicos e científicos estabelecidos no regulamento, ressalvadas as 
hipóteses previstas no § 3o deste artigo, sem prejuízo das demais legislações 
específicas. 
§ 3o - Para cumprimento da manutenção ou compensação da área de reserva 
legal em pequena propriedade ou posse rural familiar, podem ser computados os 
plantios de árvores frutíferas ornamentais ou industriais, compostos por espécies 
exóticas, cultivadas em sistema intercalar ou em consórcio com espécies nativas. 
§ 4o - A localização da reserva legal deve ser aprovada pelo órgão ambiental 
estadual competente ou, mediante convênio, pelo órgão ambiental municipal ou 
outra instituição devidamente habilitada, devendo ser considerados, no processo de 
aprovação, a função social da propriedade, e os seguintes critérios e instrumentos, 
quando houver: 
I - o plano de bacia hidrográfica; 
II - o plano diretor municipal; 
III - o zoneamento ecológico-econômico; 
IV - outras categorias de zoneamento ambiental; e 
V - a proximidade com outra Reserva Legal, Área de Preservação Permanente, 
unidade de conservação ou outra área legalmente protegida. 
§ 5o - O Poder Executivo, se for indicado pelo Zoneamento Ecológico 
Econômico - ZEE e pelo Zoneamento Agrícola, ouvidos o CONAMA, o Ministério do 
Meio Ambiente e o Ministério da Agricultura e Abastecimento, poderá: 
I - reduzir, para fins de recomposição, a reserva legal, na Amazônia Legal, para 
até cinqüenta por cento da propriedade, excluídas, em qualquer caso, as Áreas de 
Preservação Permanente, os ecótonos, os sítios e ecossistemas especialmente 
protegidos, os locais de expressiva biodiversidade e os corredores ecológicos; e 
II - ampliar as áreas de reserva legal, em até cinqüenta por cento dos índices 
previstos neste Código, em todo o território nacional; 
§ 6o - Será admitido, pelo órgão ambiental competente, o cômputo