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SOCIEDADE SUL MINEIRA DE EDUCAÇÃO E CULTURA – ASMEC CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU LATO SENSU EM MEIO AMBIENTE, EDUCAÇÃO E SUSTENTABILIDADE A IMPORTÂNCIA DAS MATAS CILIARES COMO CORREDORES ECOLÓGICOS NA REGIÃO DE MONTANTE DO RIO MOGI GUAÇU COM ÊNFASE NO MUNICÍPIO DE BUENO BRANDÃO AUTORES: JOSÉ CARLOS BUENO EVELINE COUTINHO LAÉRCIO DA SILVA MARCELO GOIS RODRIGUES OURO FINO 2007 SOCIEDADE SUL MINEIRA DE EDUCAÇÃO E CULTURA – ASMEC CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU EM MEIO AMBIENTE, EDUCAÇÃO E SUSTENTABILIDADE A IMPORTÂNCIA DAS MATAS CILIARES COMO CORREDORES ECOLÓGICOS NA REGIÃO DE MONTANTE DO RIO MOGI GUAÇU COM ÊNFASE NO MUNICÍPIO DE BUENO BRANDÃO AUTORES: EVELINE COUTINHO JOSÉ CARLOS BUENO LAÉRCIO DA SILVA MARCELO GOIS RODRIGUES Monografia apresentada ao curso de pós- graduação “Meio Ambiente, Educação e Sustentabilidade” como exigência parcial para a obtenção do título de pós graduado, sob orientação do prof. Luiz Carlos Aceti Jr. OURO FINO 2007 SUMÁRIO Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8 1. Metodologia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18 1.1. Legislação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18 1.2. Estudo de Campo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20 2. Discussão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26 3. Conclusão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34 4. Bibliografia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38 5. Anexos . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41 5.1. Parágrafo VI do artigo 170 da Constituição Federal. . . . . . . . . . . . . . 42 5.2. Lei Federal N. 4.771, De 15 De Setembro De 1965. . . . . . . . . . . . . . . . 44 5.3. Lei Federal Nº 6.766 - De 19 De Dezembro De 1979 . . . . . . . . . . . . . . 62 5.4. Mapa das Bacias Hidrográficas de Minas Gerais . . . . . . . . . . . . . . . . 80 5.5. Imagem de Satélite da Região Central do Município . . . . . . . . . . . . . 81 LISTA DE FIGURAS Figura 1: Mapa do Município de Bueno Brandão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9 Figura 2: Foto de plantação de batata . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14 Figura 3: Mapa da Bacia Hidrográfica do Rio Mogi Guaçu . . . . . . . . . . . . . . 15 Figura 4: Mapa de Minas Gerais Considerando a pressão antrópica . . . . . . 17 Figura 5: Foto de área com vegetação de mata ciliar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18 Figura 6: Mapa da cobertura vegetal original do Município. . . . . . . . . . . . . . 21 Figura 7: Mapa da cobertura vegetal atual do Município . . . . . . . . . . . . . . . 21 Figura 8: Fragmentação da vegetação nativa da região. . . . . . . . . . . . . . . . . 22 Figura 9: paisagem destacando o curso de um rio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23 Figura 5: Foto de uma das nascentes do Rio das Antas . . . . . . . . . . . . . . . . 25 Figura 11: imagem de satélite da região . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26 Figura 12. Mapa do Corredor Ecológico da Serra do Mar . . . . . . . . . . . . . . . 29 Figura 13. Foto da construção de composteira e viveiro de mudas . . . . . . . 30 Figura 14. Foto do plantio de mudas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31 Figura 15: Mapa das bacias hidrográficas de Minas Gerais. . . . . . . . . . . . . . 80 Figura 16: imagem de Satélite Região Central do Município . . . . . . . . . . . . 81 LISTA DE TABELAS E GRÁFICOS Tabela1: Estrutura fundiária do Município de Bueno Brandão . . . . . . . . . . . 12 Gráfico 1:Comparativo entre percentual de proprietários x área . . . . . . . . . 27 Tabela 2: Espécies selecionadas para plantio em área de várzea . . . . . . . . . 33 Tabela 3: Aves da Região . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34 Tabela 4: Animais da região ameaçados de extinção . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35 Este trabalho é dedicado a nossos familiares, que contribuíram com compreensão às nossas ausências, possibilitando a conclusão desta monografia e deste curso. Agradeço primeiramente aos professores que com sua dedicação e competência, nos propiciaram o conhecimento necessário a conclusão desta monografia. Em especial aos nossos orientadores e coordenadores deste curso. Esta água brilhante que corre nos rios e regatos não é apenas água, mas sim o sangue de nossos ancestrais. Se lhe vendermos a terra, terá que se lembrar que ela é sagrada e terá de ensinar a seus filhos que é sagrada e que cada reflexo espectral na água límpida dos lagos conta os eventos e as recordações da vida de meu povo. O rumorejar da água é a voz do pai de meu pai. Trecho da carta do índio Noah Sealth ao presidente americano RESUMO: O presente estudo tem por objetivo mostrar a importância da preservação das matas ciliares, bem como a sua recomposição, pois estas, além de outros fatores, podem interligar os fragmentos remanescentes de matas nativas, funcionando como Corredores Ecológicos, permitindo o fluxo gênico das espécies animais e vegetais. A preocupação com criação de condições que minimizem os impactos do homem sobre os ecossistemas, são fatores que deverão constar de diversos estudos relevantes, que levem as autoridades administrativas a tomarem ações efetivas neste sentido. O presente trabalho foi desenvolvido através do levantamento de dados bibliográficos, tanto como do levantamento do aspecto atual da paisagem, no que se refere a dados florestais da mata original e do seu atual estado de fragmentação. Também foi observado a falta de corredores ecológicos que interliguem os fragmentos remanescentes. O reestabelecimento das matas ciliares bem como a sua preservação possibilitará a interligação de um grande número de fragmentos florestais remanescentes. Possibilitando, desta forma, que estas exerçam uma de suas principais funções, o de serem corredores ecológicos. Esta recomposição florestal possibilitará que animais da nossa fauna como: onça parda e jaguatiricas, entre outros, sejam beneficiados voltando então a ter uma área maior de circulação sem a intervenção humana, podendo buscar novas áreas de alimentação e, então, atingir um número equilibrado de espécimes nas populações. Um número maior de individuos, evitará a reprodução entre animais com auto índice de parentesco, evitando a consangüinidade, esta que provoca um definhamento genético, seja pelo aparecimento de mutações, seja pela seleção de características semelhantes que impossibilitara sua adaptação a qualquer adversidade que ocorra em seu meio. Introdução A atual condição de degradação em que se encontra a Mata Atlântica, principal Bioma da Região Sudeste, propiciou a formação de um sistema de mosaico que apresenta diversos fragmentos de mata nativa, entremeados de campos de cultivo, e áreas urbanas. A preocupação com o restabelecimento de condições que minimizem os impactos do homem (antrópicos) sobre este ecossistema, são fatores que deverão constar de diversosestudos relevantes, para que se inicie e ou determine ações efetivas, tanto por autoridades administrativas, quanto por instituições de pesquisa e acadêmica. O presente estudo tem por objetivo mostrar a importância da preservação das matas ciliares, bem como a sua recomposição, pois estas, além de outros fatores, podem interligar os fragmentos remanescentes de matas nativas, funcionando como Corredores Ecológicos, permitindo o fluxo gênico das espécies animais e vegetais, evitando o chamado isolamento geográfico das populações de uma mesma espécie, e propiciar o aumento da interação entre as diversas espécies beneficiando todo o ecossistema local. Este trabalho foi desenvolvido na região de montante do Rio Mogi Guaçu, mais especificamente no município de Bueno Brandão-MG, através de levantamento Bibliográfico, principalmente no que se refere à legislação pertinente, bem como consulta a diversos mapas da região onde se puderam verificar as condições originais e atuais da vegetação nativa, e dos principais cursos d’água. Também foram levantadas as causas históricas que levaram sua condição atual de degradação. Também foram feitas análises de campo, que pudessem ser demonstradas neste trabalho através das fotos dos locais observados. Bueno Brandão situa-se ao sul de Minas Gerais, Latitude 22° 26’ 27’’, Longitude 46° 21’ 03’’, altitude de 1200m, em frente à Igreja Matriz; o município tem uma área de 357 km², 10.932 habitantes (Embrapa, 2006), os municípios limítrofes são Ouro Fino e Inconfidentes a norte, Bom Repouso e Senador Amaral a leste, Munhoz a sul, Socorro (SP) a oeste e Monte Sião a noroeste conforme mostra a figura 1, página seguinte. Com a economia voltada para a agropecuária: cultura da batata, café e pecuária 9 de leite e corte, sendo a maioria de sua população constituída de pequenos produtores e trabalhadores da agricultura. Existe uma pequena economia nascente voltada ao turismo, principalmente ao ecoturismo. Possui uma vegetação típica de montanha (clima tropical de altitude), com muitas áreas remanescentes de Mata Atlântica. O município é cortado por vários rios sendo os principais, Rio das Antas e Rio Cachoeira, ambos com as respectivas nascentes dentro do próprio município o que Figura 1: Mapa do Município de Bueno Brandão. Fonte: IGA: Instituto de Geociências Aplicadas, 1981 – Adaptado pelos autores 10 o torna uma cabeceira d’água. A região faz parte da bacia hidrográfica do Rio Mogi Guaçu. Sendo uma região montanhosa, o relevo (chamado mar de morros) proporciona a formação de muitas cachoeiras. Os ramos da Serra da Mantiqueira, parte do planalto e serras do Atlântico Leste-sudeste, típicos desta região, são formações antigas constituída por estruturas cristalinas, onde em diversos lugares é possível ver os afloramentos da rocha matriz. O Rio Mogi Guaçu, principal afluente do Rio Pardo, nasce em Minas Gerais, na Serra da Mantiqueira, no município de Bom Repouso. Cortando diversos municípios da região. Bueno Brandão, têm 100% de seu território dentro da bacia do Rio Mogi Guaçu. A intensa exploração agrícola do solo da região, principalmente em virtude da cultura da batata, propiciou uma acelerada degradação ambiental favorecida pelo intenso desmatamento nas últimas décadas. Segundo Brigante e Espíndola (2003,p 29) “o cultivo da batata ocorre na região de montante há, aproximadamente, 40 anos”. O Município de Bueno Brandão está localizado no extremo sul de Minas Gerais em uma região montanhosa onde predomina a mata atlântica, os campos de altitude e a floresta ombrófita aberta, composta principalmente por araucárias. Estas formações vegetais, devido ao desmatamento para a utilização do solo para a agricultura, se encontra de forma bastante fragmentada, ocasionando um isolamento geográfico das espécies vegetais e animais. A necessidade de construir corredores ecológicos que interliguem estes fragmentos, entre outros fatores, é de suma importância para o fluxo gênico de animais e de vegetais. Estudos têm demonstrado que a ausência das matas ciliares causa desequilíbrios ecológicos de grandes dimensões, e um dos mais sérios fatores de desequilíbrio dos sistemas aquáticos é o acentuado escoamento superficial do solo para o leito dos rios. Em bacias hidrográficas florestadas, verifica-se que a partir de 50 m de distância do curso d’água o escoamento superficial começa a ser insignificante. Daí a necessidade de manter devidamente instalado esse ecossistema ao longo dos cursos d’água. Para a quase totalidade do curso do rio Mogi Guaçu, especialmente no trecho dentro do estado de São Paulo, considerando-se a largura do rio, são necessários cerca de 100 m de largura da mata ciliar. Lei nº 4.771/65. (Lei na integra constantes dos anexos deste). Além da grandiosa e importantíssima tarefa de repor a mata ciliar do Rio Mogi Guaçu, essa ação deverá atingir, inclusive, os afluentes desse rio e suas nascentes. Muitos destes afluentes correm por áreas rurais e os proprietários da terra têm pouca orientação no sentido de recompor essa 11 formação florestal danificada e/ou descaracterizada. Há necessidade de efetuar um diagnóstico das condições de perturbação ou de degradação das matas ciliares. Nesse sentido, seria produtivo que cada município da bacia, dentro de seus limites se responsabilizasse por este levantamento, que funcionaria como indicativo das medidas corretivas a serem adotadas. Se a mata ciliar for considerada perturbada, ou seja, que sofreu algum tipo de distúrbio, mas manteve seus meios de regeneração próprios (banco de sementes no solo, banco de plântulas, chuva de sementes e rebrota), a intervenção antrópica poderá auxiliar na velocidade de recuperação, porém será imprescindível. Ao contrário se a mata ciliar for considerada degradada, ou seja, aquela que após distúrbios teve eliminada os seus meios de regeneração, a ação antrópica será necessária para regeneração a curto prazo. (BRIGANTE, & ESPÍNDOLA, 2003: p. 212, 213) As matas ciliares são formações particularmente frágeis, pois sua localização, no fundo dos vales, sofre intensamente o impacto antrópico, por serem áreas de solos úmidos e férteis, são, portanto, mais propensos às derrubadas, dando lugar, assim, ás atividades agrícolas, desempenhadas principalmente por pequenos produtores. Um dos motivos pelos quais as nascentes da região estão deixando de aflorar é a retirada da cobertura vegetal nativa, o que provoca um desequilíbrio nas relações de temperatura e de umidade entre o solo e as plantas, aumentando a evaporação da água do solo e ocasionando o abaixamento do lençol subterrâneo. A ameaça de poluição das águas na região de montante está se tornando cada vez mais séria, colocando em risco, não somente a saúde pública e a agricultura, como também o potencial turístico da área, rica em cachoeiras. Para exemplificar, apenas região administrativa de Bueno Brandão, há cerca de 31 cachoeiras com possibilidade de acesso e potencial turístico. Porém muitas apresentam risco de estarem contaminadas e impróprias para uso. ... O maior perigo é a contaminação da água por praguicidas. No município de Bueno Brandão, além das cachoeiras, o próprio rio que abastece a cidade, Rio das Antas (Afluente do Rio do Peixe), apresenta sérios riscos de contaminação por praguicidas. (BRIGANTE, & ESPÍNDOLA, 2003: p. 36, 37) A diminuição das áreas das pequenas propriedades agrícolas na região de montante do rio Mogi Guaçu, devido ao fato de sucessivos herdeiros dividirem a mesma gleba de terra por diversas gerações, faz com que estas possuam áreas cada vez menores, e, até mesmo, coincidindo com a área de 50m de proteção das nascentes, tornando-se um sério problema a ser enfrentado pelas autoridades responsáveis pela preservação ambiental, em especial à proteção das nascentes e das matas ciliares.12 Este processo de degradação das formações ciliares, além de desrespeitar a legislação, que torna obrigatória a preservação das mesmas, resulta em vários problemas ambientais. As matas ciliares funcionam como filtros, retendo defensivos agrícolas, poluentes e sedimentos que seriam transportados para os cursos d'água, afetando diretamente a quantidade e a qualidade da água e conseqüentemente a fauna aquática e a população humana. São importantes também como corredores ecológicos, ligando fragmentos florestais e, portanto, facilitando o deslocamento da fauna e o fluxo gênico entre as populações de espécies animais e vegetais. Em regiões com topografia acidentada, exercem a proteção do solo contra os processos erosivos. (MARTINS, 2001) Segundo SILVA, RITA E, em 2000. Bueno Brandão, tem a seguinte estrutura fundiária conforme nos mostra a tabela abaixo: Para levantarmos as condições que levaram à estrutura fundiária atual, demonstrados nos dados da tabela anterior, temos que considerar os fatos ocorridos ao longo do tempo, o que constitui a história da colonização da região de Bueno Brandão. Em 1800, os bandeirantes em suas missões de desbravamento, se embrenhavam pelo interior de país, e essa região onde hoje é Bueno Brandão, era local de parada para descansar, devido a sua localização, ao clima e a sua abundância em águas. Estes paravam sempre à margem de um rio, ao qual deram o nome de Ribeirão Tabela1: Estrutura fundiária do Município de Bueno Brandão: Segundo SILVA, RITA E, 2000 13 das Antas, em alusão a quantidade de antas presente no local. Como os bandeirantes passavam dias nesta região descansando, não demorou muito para que o comércio se iniciasse, e a população fosse crescendo cada vez mais; com isso foi construída uma capela, que depois de um tempo recebeu a visita de um Frei, que veio para pregar as santas missões na população. Encantado com a beleza do lugar, propôs que se chamasse Campo Místico, então em 1850, à região recebeu o nome de Distrito de Campo Místico pertencente à cidade de Ouro Fino. Com o crescimento cada vez maior da população, a economia da região começou a crescer, principalmente através da pecuária e agricultura, os moradores começaram a cultivar café e fumo, foi então nessa época que começou o desmatamento da região, e essa terra que era bruta começou a ser trabalhada. Só que toda plantação era escoada pra Ouro Fino, sem grandes compensações, já que o dinheiro arrecadado com impostos não ficava no Distrito impedindo seu desenvolvimento. Cada vez mais insatisfeitos com a posição de Distrito, já que poderiam se manter sozinhos, começaram a lutar pela emancipação. Até que alguns pioneiros foram até o Governador de Minas Gerais, e conseguiram com ele um acordo para a emancipação, em troca disto, a região passar a se chamar Bueno Brandão, em homenagem ao ex-governador de Minas Gerais Júlio Bueno Brandão. Então o Distrito de Campo Místico passou a ser Município de Bueno Brandão, notícia que foi recebida com grande descontentamento pela população, porque Campo Místico é um nome bonito, expressivo, assunto que é questionado até hoje pela população. Devido a Guerra Civil Espanhola, em 1936, cerca de 30 famílias de imigrantes mudaram-se para Bueno Brandão, famílias estas que estavam no Brasil há poucos anos e pretendiam se estabelecer em busca de melhores condições de vida, já que muitos em seu país de origem estavam sofrendo perseguições políticas, outros passando por grandes necessidades. Estes estavam no Brasil desenvolvendo a mesma atividade que desenvolviam na Espanha, a agricultura, em específico o cultivo da batata. Ficaram então sabendo da existência desta cidade, através de alguns conhecidos. Mudaram-se então para Bueno Brandão devido a sua localização, com clima ameno, grande quantidade de 14 terra para plantio, grande potencial hídrico, local propício para a cultura da batata. Até então a população vivia da pequena produção de café e fumo, e quando os espanhóis chegaram, desmataram uma grande área para produzir batata. As suas técnicas de plantio eram diferentes das desenvolvidas pela população local. Os espanhóis diziam que a população não sabia preparar a terra, arar, fazer análise de solo, pra saber qual o fertilizante adequado a ser usado; eles usavam de técnicas de plantio mais modernas, fazendo com que a produção fosse maior e melhor. Como a produção local até então era muito pequena, nem toda população se encontrava empregada, muitas pessoas começaram a trabalhar como empregados dos espanhóis nas suas plantações. A economia da população cresceu muito, depois de alguns anos algumas pessoas deixaram de ser empregados e começaram a plantar, já que tinham aprendido a prática com os espanhóis, e como muitos dos donos de terra, possuíam uma pequena gleba de terra que muita vezes coincidia com a margem de rios, eles desmatavam toda mata ciliar, já que seu solo é muito fértil e úmido, próprio para o plantio, conforme ilustra a foto da figura2. O que propicia a contaminação dos rios por praguicidas, já que estas matas servem como filtros para retê-los. Figura2: Lavoura de batata na região em área próxima a curso d’água: Segundo SILVA, RITA E, 2000 15 A partir de 1997, Bueno Brandão começou a desenvolver seu potencial turístico, ou melhor, eco turístico, pois tem dentro de seu município mais de trinta cachoeiras. Então o perigo de contaminação das águas, coloca em risco não somente a saúde pública, como também o desenvolvimento turístico, que vem sendo uma nova atividade econômica. O Rio Mogi Guaçu Mogi Guaçu deriva do Tupi Guarani, e significa Cobra Grande, isto devido à região de montante ser formada por um relevo acentuado, propiciando um curso sinuoso, cheio de meandros, lembrando o movimento de uma cobra. Figura 3: Mapa da bacia hidrográfica do Rio Moji Guaçu. Fonte: SILVA, RAIMUNDA 16 Em toda a parte leste da bacia afloram as rochas cristalinas do complexo gránssico-magmatítico e do grupo açungui, com vários corpos graníticos intrusos. O restante da área corresponde a parte oriental da bacia geológica do Paraná e envolve boa parte da sua série estratigráfica desde o carbonífero superior até o cretáceo. (CETESB apud SILVA, MARIA R. C. 2002, p. 21). Segundo Brigante e Espíndola (2003: p. 09) um estudo “conduzido pelos técnicos do IBAMA, estabeleceu que o rio Mogi-Guaçu nasce em Minas Gerais, no Morro do Curvado, município de Bom Repouso (Mapa: Figura 3, página anerior), a uma altitude aproximada de 1.594m”. Contrariando a crença anterior de que seria no município mineiro de Tocos do Mogi. O Rio Mogi Guaçú faz parte da Macro-Bacia do Rio Pardo, onde deságua, conforme o mapa constante do anexo 2. A bacia hidrográfica do Moji-guaçu possui quatro grandes províncias geomorfológicas: Planalto Atlântico, Depressão Periférica, Cuestas Basálticas e Planalto Oriental. No Plantalto Atlântico a topografia apresenta- se diversificada, com altitudes médias de até 1600m. Na Depressão Periférica, com a própria denominação indica, o relevo é uniforme, com amplos e profundos vales, planícies restritas e alguns terraços. O relevo das Cuestas Basálticas é formado por chapadões, com altitudes de 400m a 800 m. O Planalto Ocidental, apesar de sua pequena expressão na Bacia, apresenta grande uniformidade, com altitudes variando de 400m a 600m, conferindo-lhe um relevo de baixas e amplas colinas, como a serra de Jaboticabal. (CETESB apud SILVA, RAIMUNCA M. C., 2002, p. 21). Um dos motivos pelo qual o estudo foi feito na região de Bueno Brandão é sua localização, já que toda sua hidrografia se encontra dentro da bacia hidrográfica do Rio Mogi Guaçu, e todo seu território é compreendido pela Mata Atlântica que sofre de grande pressão antrópica conforme dados do Atlas da Biodiversidade em Minas da Fundação Biodiversitas, figura 4, próximapágina, considerando as informações do mesmo Atlas, podemos confirmar através do texto transcrito abaixo. A infla-extrutura e os recursos naturais do estado de Minas Gerais propiciaram um rápido desenvolvimento, com forte processo de ocupação e supressão das formações vegetais primitivas. O Índice de Pressão Sócio- Econômica (IPSE), instrumento elaborado para visualizar as pressões sobre o estado, reflete, de forma sintética um conjunto de indicadores demográficos e econômicos, avaliando os impactos do ponto de vista sócio- econômico sobre o meio ambiente e os recursos naturais. (FUNDAÇÃO BIODIVERSITAS, 2005) 17 Figura 4: Mapa de Minas Gerais, Considerando a pressão Antrópica sobre os recursos naturais. Fonte: Fundação Biodiversitas 18 1 Metodologia Foram fotografados, pelos autores, diferentes locais, na região de montante da bacia do rio Mogi-guaçu, e analisadas quanto ao aspecto atual e fragmentar da mata atlântica remanescente (Figura 5). Também foram utilizadas fotos de satélite obtidas através do programa Google® Earth® , que possibilitou a análise de uma área de maior amplitude. 1.1 Legislação O estudo considera a legislação como aliada na preservação e reconstituição das matas ciliares. Ressaltando o importante papel destas como corredores Figura 5: Foto de área com vegetação de Mata ciliar. Localidade: Bairro Lava-pés. Fonte: os autores. 19 ecológicos, permite-nos observar que, independentemente de serem reservadas outras áreas para esta finalidade, as matas ciliares poderão interligar a maior parte dos fragmentos florestais remanescentes. A região da Serra da Mantiqueira, conforme Silva, (SILVA, MARIA R. C. 2002) citou em seu trabalho, é considerada como Área de Interesse Especial, pelo art. 13° da lei federal n° 6.766 de 19 de dezembro de 1979. II – quando o localizados em áreas de interesse especial, tais como as de proteção aos mananciais ou ao patrimônio cultural, histórico, paisagístico e arqueológico, assim definidas por legislação estadual ou federal. A Lei Federal 4.771 de 15 de setembro de 1965, alterada pela Lei n. 7.803, de 18.07.89, em seu Artigo 2° define as áreas reservadas às matas ciliares conforme transcrito a seguir. Artigo 2º - Consideram-se de preservação permanente, pelo só efeito desta Lei, as florestas e demais formas de vegetação natural situadas: a) ao longo dos rios ou de qualquer curso d’água desde o seu nível mais alto em faixa marginal cuja largura mínima seja: 1 - de 30m (trinta metros) para os cursos de d’água de menos de 10 (dez) metros de largura; 2 - de 50m (cinqüenta metros) para os cursos d’água que tenham de 10 (dez) a 50m (cinqüenta metros) de largura; 3 - de 100m (cem metros) para os cursos d’água que tenham de 50 (cinqüenta) a 200m (duzentos metros) de largura; 4 - de 200m (duzentos metros) para os cursos d’água que tenham de 200 (duzentos) a 600m (seiscentos metros) de largura; 5 - de 500m (quinhentos metros) para os cursos d’água que tenham largura superior a 600m (seiscentos metros) de largura; (Com redação dada pela Lei n. 7.803, de 18.07.89) b) ao redor das lagoas, lagos ou reservatórios d’água naturais ou artificiais; c) nas nascentes, ainda que intermitentes e nos chamados “olhos d’água”, qualquer que seja a sua situação topográfica, num raio mínimo de 50m (cinqüenta metros) de largura; A Constituição Federal através do artigo 225, dispõe sobre a preservação do meio ambiente, dando ênfase na preservação das espécies no seu parágrafo primeiro, onde se lê: Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial a sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e 20 preservá-lo para as presentes e futuras gerações. § 1° Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público: I - preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o manejo ecológico das espécies e ecossistemas; II - preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético do País e fiscalizar as entidades dedicadas à pesquisa e manipulação de material genético; III - .... O Conselho Nacional de Meio Ambiente (CONAMA), através de sua Resolução de N° 9, de 24 de outubro de 1996 caracteriza e define as condições para a constituição dos corredores ecológicos, em seus artigos 1° e 2°, conforme transcrito abaixo: Art. 1º Corredor entre remanescentes caracteriza-se como sendo faixa de cobertura vegetal existente entre remanescentes de vegetação primária em estágio médio e avançado de regeneração, capaz de propiciar habitat ou servir de área de trânsito para a fauna residente nos remanescentes. Parágrafo Único: Os corredores entre remanescentes constituem-se: a) pelas matas ciliares em toda sua extensão e pelas faixas marginais definidas por lei: b) pelas faixas de cobertura vegetal existentes nas quais seja possível a interligação de remanescentes, em especial, às unidades de conservação e áreas de preservação permanente. Art. 2º Nas áreas que se prestem (sic) a tal finalidade onde sejam necessárias intervenções visando sua recomposição florística, esta deverá ser feita com espécies nativas regionais, definindo-se previamente se essas áreas serão de preservação ou de uso. 1.2 Estudo de Campo O levantamento fotográfico, bem como o levantamento de dados, florestais da mata original e da atual fragmentação possibilitou a comprovação do atual estado das matas nativas, bem como a falta de corredores ecológicos que os interliguem. Além disto demonstrou a ausência de matas ciliares e a possibilidade destes serem utilizados como fator de interligação dos remanescentes. A exuberante flora que aqui existia, conforme mostra a figura 6, (página seguinte), onde quase que a totalidade do município de Bueno Brandão era coberta pela Mata Atlântica e pela Floresta Ombrófita Mista, abrigava uma fauna rica e abundante. Comparativamente podemos observar na figura 7 (página seguinte), que 21 a mata remanescente, apresenta-se apenas em algumas áreas, representando, assim, a intensa fragmentação existente. Figura 6: Mapa da vegetação nativa original. Fonte: SOS Mata Atlântica. Adaptado pelos autores. Figura 7: Mapa de áreas remanescentes no Município. Fonte: SOS Mata Atlântica. Adaptado pelos autores. 22 Levando-se em consideração que espécies animais, necessitam um contato maior entre indivíduos diferentes, a fim de se reproduzir, impedindo a reprodução endogâmica, ou seja, que indivíduos com alto grau de parentesco venham a procriar, aumentando o fator de consangüinidade e a degradação genética. Onde muitos indivíduos com cargas genéticas parecidas têm menos possibilidade de se adaptar às possíveis alterações ambientais que por ventura poderão ocorrer. Analisando este fato e confrontando com a realidade socioeconômica da região, conforme dito anteriormente, composta na maioria de proprietários de pequenas glebas de terra, muitas vezes às margens dos cursos d’água, gera um impasse, que segundo Brigante e Espíndola (2003, p. 216), “consiste em conciliar as exigências ecológicas e de preservação da qualidade dos recursos hídricos com as necessidades de sobrevivência do pequeno agricultor.” Tendo em vista os relevantes fatos descritos, fragmentação da mata nativa e a ausência de mata ciliar, acreditamos ser a recomposição desta um importante aliado para a obtenção de uma flora e fauna mais rica. Mantendo um dossel contínuo, possibilitaria a transferência de material genético dentro dos diversos fragmentos florestais existentes. E com este fato a diminuição do efeito de borda, que acarreta, a morte por sufocamento de plantas adultas e o comprometimento do desenvolvimento Figura 8: Fragmentação da vegetação nativa da região (Vista do Bairro Cachoeira). Fonte:Os autores. 23 de plantas nativas pelo crescimento de espécies, como os cipós, e outras plantas herbáceas. A região, conforme descrito acima, possui relevo acidentado, e uma paisagem extremamente fragmentada, como se pode observar através da figura 8 (página anterior), os mares de morros como são chamados na região é recordado por diversos rios, compondo a bacia de cabeceira do Rio Mogi Guaçu. Estes rios formam vales e meandros, serpenteando por entre as montanhas, fazendo, muitas vezes, a divisa entre os proprietários rurais, se tornando, portanto, um problema de ninguém, conforme pudemos observar, os traços culturais da população levam a creditar sempre a causa do problema, seja do desmatamento quanto da contaminação, ao vizinho. Devido a estas questões culturais, nossos rios se vêm desprovidos da proteção das matas ciliares. E conforme define BARBOSA (2001), a importância das matas ciliares no processo de manutenção dos corredores ecológicos. As matas ciliares são formações vegetais que ocorrem ao longo dos cursos d’água e desempenham papel importante na formação dos corredores de fluxo gênico, podendo interligar populações vegetais que foram separadas pelo processo de fragmentação (Macedo 1993, Kageyama Figura 9: Paisagem destacando o curso de um rio. A: Curso do Rio (destaque em azul), B: fragmentos de matas e C: Àrea de Cultivo. Fonte: Autores 24 & Gandara 2001). Além disso, estas matas contribuem para a estabilização das margens dos rios, o tamponamento e filtragem de nutrientes e/ou agrotóxicos, a interceptação e absorção da radiação solar e para o fornecimento de abrigo e/ou alimento para a fauna aquática e terrestre (Marinho Filho & Reis 1989, Petts 1990, Sabino & Castro 1990). Desse modo, recentemente as matas ciliares têm recebido maior atenção, principalmente pelo seu estado crítico de degradação (Oliveira-Filho 1989, Rodrigues 1989, Rodrigues & Gandolfi 2001). Devido à sua grande importância no que diz respeito à conservação da biodiversidade e à manutenção do equilíbrio dos ecossistemas da biosfera, seu manejo e recuperação foi incluído como uma das prioridades no Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) (Barbosa 2001). Ao observarmos a foto da figura 9 (página anterior) podemos observar em A (destaque em azul) o curso de um rio, e a ausência de mata ciliar, logo abaixo vemos um açude construído dentro da área de preservação permanente (APP), uma área de encosta, logo acima, preparada para o plantio, e em B os fragmentos isolados da mata original. No destaque, C, logo acima do curso do rio vemos uma plantação de batata, comum na região. Segundo o levantamento bibliográfico e fotográfico, a vegetação da região de montante do Rio Mogi-Guaçu, se encontra muito fragmentada, com poucos Figura 10: Foto de uma das nascentes do Rio das Antas. Fonte: Os autores Alt: 1479 m, Latitude: S 22°, 27’, 31,3”, Long: W 46°, 27’, 23,5” 25 resquícios da Mata-Atlântica original. As margens dos rios se encontram desprotegidas de matas ciliares, o que favorece o assoreamento do leito e a contaminação por agrotóxicos e por resíduos de adubos utilizados na agricultura. A exploração agrícola da região é marcante mesmo nas proximidades das nascentes. Observa-se, na figura 10 (página anterior), a foto de uma das nascentes do Rio das Antas, onde se vê indicado pela seta em amarelo, letra “A”, um tubo de PVC utilizado para a captação de água para utilização doméstica, e dessedentação de animais. Na mesma, observa-se, em “B”, um afloramento do lençol freático, comumente chamado de “olho-d’água”, com água ainda cristalina. Como observado nas visitas à região de montante,..., a água das nascentes normalmente é usada para consumo humano sem prévia desinfecção, pois é passada a idéia de que a mesma está livre de contaminantes. Mas nem sempre essa água está em condições ideais para ser utilizada, especialmente nessa região que apresenta afloramento muito grande de nascentes e um lençol subterrâneo pouco profundo, passível de ser contaminado pela própria população rural, [...]. (BRIGANTE e ESPÍNDOLA, 2003) A intensa fragmentação das propriedades, vem a ser um dos fatores mais relevantes que dificultam a ação das políticas pública que visam a proteção dos mananciais. Figura 11. Imagem de Satélite da Região. Fonte: Programa Google Earth 26 A figura 11, obtida através de foto de satélite (página anterior), evidencia estes fatos. Onde podemos observar diversos fragmentos de mata nativa que poderiam estar sendo interligados por matas ciliares, atuando como corredores ecológicos. No intuito de diminuir os impactos causados pela ação negativa do homem na região de montante do rio Mogi Guaçu, foi desenvolvido um projeto voltado para este fim através da USP de São Carlos. O Projeto Mogi Guaçu, viabilizou diversas atividades de Educação Ambiental, motivando alunos de escolas públicas bem como agricultores a preservar as matas ciliares. Janete acredita que, através da educação ambiental, é possível obter resultados a médio e longo prazos. “Estamos tentando manter a presença constante da nossa equipe na região, para provocar nas pessoas a preocupação com o ambiente que os rodeia e chamar a atenção para fatos que elas não estavam acostumadas a se preocupar.” .... As mudanças só vão ocorrer se os valores da sociedade forem revertidos, acredita Janete. Ela diz que só a partir da mudança da visão consumista, materialista e imediatista da sociedade é que as propostas de proteção ambiental poderão ser bem-sucedidas. “Pouca coisa está se concretizando no mundo por ser uma questão de valor humano. A atitude de cada um de nós deve mudar, para o ambiente melhorar”, ressalta Janete. Para Suellen Andrade Rodríguez, de 16 anos, aluna do segundo ano do ensino médio de Bueno Brandão, que participou do plantio de mudas na área da nascente do rio Mogi-Guaçu, o projeto a ajudou a entender a importância do plantio de árvores. “A árvore vai ajudar a preservar o fluxo de água do rio e, com isso, melhorar a natureza e as nossas vidas. Daqui a alguns anos, vai garantir a vida dos nossos filhos e das outras gerações.” Também de Bueno Brandão, o estudante Gabriel Miller de Oliveira compreendeu que precisava mudar seus hábitos para que o ambiente não sofresse tanto. “Antes jogava papel em qualquer lugar. Hoje não faço mais isso e fico de olho em quem faz, porque a gente já viu as conseqüências do lixo jogado no rio.” (Fonte :JORNAL DA USP: http://www.usp.br/jorusp/arquivo/2006/jusp760/pag0304.htm) 2 Discussão Através da análise das condições da fragmentação das matas na região, observa-se que muitas espécies da fauna e da flora, poderão estar se definhando genéticamente, o que acarretará a diminuição de suas populações. Conforme levantado através de bibliografias pertinentes, e de estudo de campo, registrado nas fotografias analizadas, a reconstituição das matas ciliares poderão interligar uma 27 grande parte dos referidos fragmentos. Como cita ALVES, L. F., et all, em seu artigo publicado em 2006, determina a importância do conhecimento da biodiversidade presente na Mata Atlântica: Apesar de sua complexidade, é necessário um conhecimento mais sintético sobre o processo de regeneração em florestas tropicais sujeitas a diferentes regimes de perturbação, tanto natural como antrópico. Dada a grande extensão de florestas secundárias na região Neotropical, um importante tópico a ser abordado é o potencial dessas manchas de floresta na conservação da diversidade biológica do componente arbóreo típico de manchas de floresta mais antiga, menos perturbada. (ALVES, L. F., et all: 2006) O homem, como ser atuante na natureza e como fator de remodelagem da paisagem vem transformando a região já há muito tempo, sendo intensificado nas últimas décadas principalmente após a introdução do cultivo da batata e pelaconstantes divisões das propriedades rurais, tornando-as menores a cada geração, e obrigando os proprietários, cada vez mais, a avançar sobre as áreas de proteção. Conforme indicações dos mapas constantes das figuras 06 e 07, este fato tornou o município um dos mais pobres em cobertura vegetal da região, e torna a problemática da recomposição mais difícil ainda. Inviabilizando, em muitos locais a recomposição florística, pois demandaria a retirada de parte da população que reside dentro destas áreas. 0,13 4,49 0,51 6,50 4,21 21,07 8,17 19,81 18,06 22,88 31,64 18,04 19,13 5,14 12,74 1,76 5,41 0,30 0 5 10 15 20 25 30 35 até 1 ha 1 a 2 ha 2 a 5 ha 5 a 10 ha 10 a 20 ha 20 a 50 ha 50 a 100 ha 100 a 200 ha 20 a 500 ha P ercentual da área P ercentual de proprietário Gráfico 1: Comparativo entre percentual de proprietários e percentual de área. Fonte: os Autores, segundo dados da tabela 01. SILVA, RITA E., 2000. 28 O gráfico acima, nos mostra comparativamente a porcentagem da área das propriedades agrícolas em relação ao número de proprietários em cada agrupamento de dados, onde podemos observar a intensa divisão fundiária do município, onde 74,75 % dos proprietários que possuem áreas de até 20 ha, detem apenas 31,8% da área total. Levando-se em consideração que a maior parte destes pequenos proprietários vivem juntamente com seus familiares na mesma propriedade, e muitas vezes, agregando as famílias de seus filhos, estas pequenas propriedades tem que sustentar um grande número de pessoas. Outro porém é o cultivo indiscriminado da batata, que necessita de grandes quantidades de agrotóxicos e adubos, para manter a alta produtividade. Na busca de novas áreas para atender a demanda da cultura, muitas vezes, vê-se aumentada a pressão sobre as áreas remanescentes de mata, inclusive de mata ciliar. Esta prática, aliada a aração profunda, traz como consequência o escoamento superficial do solo carreando material para o leito dos rios, ocasionando o assoreamento, a contaminação por praguicidas e causando o processo de eutrofisação dos corpos d’agua. A região de Bueno Brandão, além de estar inserida na região de montante do Rio mogi guaçú, também faz parte do complexo chamado Corredor ecológico da Serra do mar. Como pode ser visto no mapa abaixo fig 12 (página seguinte), uma pequena área do município esta inserida neste contexto. Tendo em vista que um corredor ecológico pode ser visto de duas formas distintas. Primeiramente, um corredor ecológico, pode ser então, definido como uma área onde encontramos uma grande Biodiversidade, delimitado por uma linha imaginária, constituidos por diversos usos do solo, ao mesmo tempo, integrando áreas de reservas naturais, parques, pastagens, áreas agrícolas e atividades industrias. Entretanto, o objeto deste estudo se refere a um outro enfoque do tema, que é o corredor ecológico definido como uma faixa de vegetação que liga dois grandes fragmentos florestais, ou então duas unidades de conservação. Por exemplo, para conectar-se dois fragmentos florestais isolados, poderá se utilizar do caminho de um rio, através do reforço ou restauração de sua mata ciliar, constituindo, então, um corredor ecológico. Que permitirá que animais transitem entre um fragmento e outro, 29 buscando alimento, interagindo com outras populações, dispersando sementes de vegetais configurando, assim o fluxo gênico. O definhamento por consanguinidade é fator importante para a ameaça de extinção de diversas espécies. Fonseca, em seu trabalho de 1994, já demonstrava isto em populações de mono-carvoeiro, Brachyteles Arachnoides, conforme o texto abaixo: Devido ao altíssimo grau de framentação da área original da Mata Atlântica, reduzida a menos de 5% da cobertura original, a destruição do hábitat é hoje, sem dúvida, a principal ameaçã à sobrevivência de Brachyteles. O isolamento das populações remanescentes em fragmentos de tamanho reduzido poderá levar a problemas de consangüinidade no futuro próximo, além do risco de acidentes demográficos e catástrofes locais, principalmente nas populções a partir do norte de São Paulo. (FONSECA, 1994. p195) A conservação, restauração e manutenção das matas ciliares, deverão contar com amplo apoio e participação da população. Para isto, no ano de 2006, uma série de ações voltadas para a Educação Ambiental, foram desenvolvidas na Escola Estadual de Bueno Brandão com o apoio técnico do Projeto Mogi-guaçu. Como por Figura 12. Mapa da Região Pertencente ao Corredor Ecológico da Serra do Mar, destaque Município de Bueno Brandão. Fonte: http://www.corredores.org.br. Adaptado pelos autores 30 exemplo, uma série de palestras voltadas a definição de medidas conservacionistas. E, em outro aspecto, mais prático, foram realizadas oficinas com a participação de alunos da referida escola. A montagem de uma composteira, para a obtenção de fertilizantes para a utilização na formação de mudas, em um viveiro experimental em terreno da própria escola. Estas atividades tem por finalidade demonstrar ao aluno, de maneira interdisciplinar, todo o ciclo envolvido na restauração da mata. Bem como aumentar o interesse do aluno nestas ações, e torna-lo responsável como co autor deste processo. A foto acima, mostra o trabalho sendo desenvolvido na construção da composteira e do viveiro. Posteriormente foram desenvolvidas atividades de plantio de mudas em uma nascente da região, demonstrando aos alunos o processo e a importância da recomposição florestal das matas ciliares. Ressaltando esta importância, e ainda citando Fonseca, em sua análise dos Figura 13. Foto da construção de composteira e viveiro de mudas, pelos alunos da E.E. B. B. Fonte: os autores 31 possíveis modo de reestabelecimento das populações de Brachyteles podemos transcrever o seguinte texto: Tendo em vista a relativa tolerância de espécie a ambientes em processo de sucessão é possível o aumento da área efetiva das porções fragmentadas de hábitat através de medidas que viabilizem a regeneração da vegetação natural. (FONSECA, 1994. p196) Em uma ação de Eduação Ambiental, visando a divulgação dos processos e benefícios da reconstituição das matas ciliares, promovido pela Escola Estadual de Bueno Brandão (foto abaixo), com a participação de alunos da 6ª série, e do 2° colegial, realizado em outubro de 2006, foram plantadas diversas mudas em uma área próxima a uma nascente. As mudas foram selecionadas, levando-se em conta, a lista de espécies nativas de vegetação próxima a cursos d’água, levantadas pelo Projeto Mogi Guaçu, lista abaixo, e que foram encontradas no viveiro da Escola Agrotécnica Federal de Inconfidentes. Espécie Nome popular Acacia polyphylla DC. Monjoleiro / Espinho-de-maricá Aegiphila sellowiana Cham. Tamanqueiro / Caiuia Figura 14. Foto do plantio de mudas pelos alunos da E. E. B. B. em área de nascente. Fonte: os autores 32 Alchornea glandulosa Poepp. & Endl. Tanheiro / Tapiá / Tapieira Aloysia virgata (Ruiz & Pav.) A. Juss. Cambará-de-lixa / Lixeira / Lixa Anadenanthera colubrina (Vell.)Brenan Angico-branco / Angico-branco-da-mata Anadenanthera macrocarpa Benth. Angico preto /Angico-vermelho Andira anthelmia (Vell.) J. F. Macbr. Garacuí / Angelim-amargoso Annona cacans Warm. Araticum / Araticum-cagão Aspidosperma cylindrocarpon Muell.Arg. Peroba-poca / Peroba-rosa Aspidosperma ramiflorum Muell. Arg. Guatambu / Guatambu-amarelo Balfourodendron riedellianum (Engl.)Engl. Pau-marfim Cabralea canjerana (Vell.) Mart. Canjerana / Cajaranda Campomanesia pubescens (DC.) O.Berg Gabiroba / Guabiroba Campomanesia xanthocarpa O. Berg Gabiroba-árvore / Guabiroba Cariniana estrellensis (Raddi) Kuntze Jequitibá-branco Casearia gossypiosperma Briq. Espeteiro / Pau-de-espeto Cassia ferruginea (Schrad.) Schrad.ex DC. Cássia-fistula / Chuva-de-ouroCedrela fissilis Vell. Cedro / Cedro-rosa / Cedrinho Chorisia speciosa A. St.-Hil. Paineira / Paineira-rosa Chrysophyllum gonocarpum (Mart. & Eichl.) Engl. Caxeta-amarela / Guatambu-de-sapo Copaifera langsdorffii Desf. Óleo-de-copaíba / Copaíba Cordia ecalyculata Vell. Café-de-bugre / Claraíba Cordia superba Cham. Babosa-branca / Baba-de-boi / Cordia Croton floribundus Spreng. Capixingui Cupania vernalis Cambess. Arco-de-peneira / Camboatã Drymis brasiliensis Miers Casca-d'anta Erythrina falcata Benth. Corticeira-da-serra / Mulungu Esenbeckia leiocarpa Engl. Guarantã Eugenia pyriformis Cambess. Uvaia Euterpe edulis Mart. Palmito-juçara / Palmiteiro Ficus guaranitica Chodat ex Chodat & Vischer. Figueira-branca / Figueira Ficus insipida Willd. Figueira-do-brejo / Figueira-branca Gallesia integrifolia (Spreng.) Harms Pau-d'alho Guatteria nigrescens Mart. Pindaúva-preta Hymenaea courbaril L. Jatobá / Jatobá-miúdo / Jatobá-da-mata Inga sessilis (Vell.) Mart. ex Benth. Ingá-ferradura / Ingá-amarelo / Inga vera Willd. Subsp. Affinis (DC.) T.D. Penn Ingá do brejo Jacaranda puberula Cham. Carobinha / Caroba-do-cerrado Lafoensia pacari A. St.-Hil. Dedaleiro Lonchocarpus guilleminianus (Tul.)Malme Embira-de-sapo / Feijão-cru / 33 Lonchocarpus muehlbergianus Hassl. Guaiana/ Embira-de-sapo Luehea divaricata Mart. & Zucc. Açoita-cavalo / Açoita-cavalo-miúdo Machaerium nyctitans (Vell.) Benth. Bico-de-pato / Jacarandá-bico-de-pato Machaerium scleroxylon Tul. Caviúna Mimosa scabrella Benth. Bracatinga Myrcia rostrata DC. Guamirim-de-folha-fina Myrocarpus frondosus Allemão Óleo-pardo / Cabreúva-parda Nectandra oppositifolia Ness Canela-amarela, Canelinha Peltophorum dubium (Spreng.) Taub. Canafístula / Guarucaia Pithecellobium incuriale (Vell.) Benth. Chico-pires / Angico-rajado Prunus myrtifolia (L.) Urban Pessegueiro-bravo / Marmelo Psidium cattleyanum Sabine Araçá-rosa / Araçá-amarelo / Pterodon pubescens Benth. Faveiro / Sucupira Rapanea ferruginea (Ruiz & Pav.)Mez Capororoca / Pororoca / Corotéia Rapanea umbellata (Mart. ex A. DC.) Mez Capororoca / Capororoca-branca Sapium glandulatum (Vell.) Pax Pau-de-leite / Leiteira Schinus terebinthifolius Raddi Aroeira-pimenteira / Aroeira-mansa Syagrus romanzoffiana (Cham.)Glassman Jerivá / Palmeira-jerivá Tabebuia alba (Cham.) Sandwith Ipê-amarelo-da-serra / Ipê-ouro Tabebuia impetiginosa (Mart.)Standl. Ipê-roxo / Ipê-roxo-de-bola Tabebuia vellosoi Toledo Ipê-amarelo-casca-lisa Talauma ovata A. St.-Hil. Pinha-do-brejo / Talauma Tapirira guianensis Aubl. Peito-de-pomba / Peito-de-pombo Trichilia casaretti C. DC. Catiguá TABELA 2: Espécies selecionadas para plantio em área circundante de várzea Fonte: MATERIAL DE APOIO AOS PROJETOS SÓCIO-AMBIENTAIS ESCOLARES – PROJETO MOGI GUAÇU -, 2006 34 3 Conclusão A preservação das matas ciliares, bem como, a reconstituição das mesmas, deveria ser prioridade para a orientação das políticas públicas de proteção aos mananciais e a natureza de modo geral. Estas políticas deverão ser embasadas na legislação existente, que determina a região como sendo área de interesse ambiental, por se tratar de uma região de carga do sistema hídrico nacional. Quanto ao fator, mata ciliar como corredor ecológico, é fator de extrema importância, principalmente no tocante, ao meio ambiente como um todo, tendo em vista que já são áreas determinadas como APPs (Áreas de Preservação Permanente), não apresentando nenhum custo adicional aos produtores, que já deveriam estar mantendo a área intocada. Concluímos que com o reestabelecimento das matas ciliares, e/ou sua preservação possibilitará a interligação de um grande número de fragmentos florestais remanescentes. Possibilitando, desta forma, que estas exerçam uma de suas principais funções, objeto deste estudo, que é a de ser um importante corredor de biodiversidade. Culminando a longo prazo com a volta e aparecimento de espécies, que antes estavam isoladas nos fragmentos de matas. Vivendo ilhadas em pequenos grupos de indivíduos, não conseguindo por muitas vezes se manterem devido à alta consangüinidade, e se extinguindo, principalmente primatas (saguis, bugios) e serpentes como as jararacas (Bothops) que pôr se adaptarem melhor as matas úmidas quase não são vistas na região e também espécies de plantas com menor poder de dispersão de sementes, principalmente as de dispersão zoocórica. Estes fatores poderão ser estudados em pesquisas posteriores, através de levantamento genético das referidas populações, no entanto, levantamos uma lista pássaros e de mamíferos ameaçados de extinção que poderão, em muito, ser beneficiadas com este aspecto. Aves da Região Família Nome Científico Nome Popular Tinamidae Crypterellus parviostris Inhambu-chororó Nothura maculosa Codorna-comum Podicipedidae Tachibaptus dominicus Mergulhão-pequeno Ardeidae Casmeodius albus Garça-branca-grande 35 Bubulcus íbis Garça-vaqueira Cathartidae Coragyps atratus Urubu-de-cabeça-preta Cathartes aura Urubu-de-cabeça-vermelha Anatidae Dendrocygna giduata Irerê Accipitridae Buteo albicaudatus Gavião-de-rabo-branco Rupornis magnirostris Gavião-carijó Falconidae Milvago chimachima Carrapateiro Polyborus plancus Caracará Cracidae Penélope superciliaris Jacu Rallidae Aramides cajanea Três-potes Gllinula chloropus Frango-d’água-comum Caramidae Cariama cristata Siriema Jacanidae Jacana jacana Jaçanã Charadriidae Vanellus chilensis Quero-Quero Columbidae Columba picazuro Asa-branca Columbina talpacoti Rolinha Psittacidae Aratinga áurea Periquito-rei Forpus xanthopterygius Tuim Cuculidae Piaya cayana Alma-de-gato Crotophaga ani Anu-preto Guira guira Anu-Branco Tytonidae Tyto alba Suindara Speotyto cunicularia Corujo-buraqueira Caprimugidae Nyctidromus albicollis Curiango Apodidae Chaetura andrei Andorinhão-do-temporal Trochilidae Phaethornis pretei Rabo-Branco-de-sobre-amarelo Eupetomena macroura Tesourão Arcedinidae Ceryle torquata Martim-pescador-grande Bucconidae Nystalus chacuru João-bobo Ramphastidae Ramphastos toco Tucanuçu Picidae Calaptes melanochloros Pica-pau-verde-barrado Furnariidae Furnarius rufus João-de-barro Phacellodomus rufifrons João-graveto Pseudoseisura cristata Casaca-de-couro Tyrannidae Todirostrum poliocephalum Teque-teque Xolmis cinerea Maria-branca Knipolegus lophotes Maria-preta-de-penacho Fluvicolo nengeta Lavadeira-mascarada Pitangus sulphuratus Bem-te-vi Megararynchus pitangua Bem-te-vi-de-bico-chato Tyrannus savana Tesoura Tyrannus melancholicus Suiriri Pipridae Chiroxiphia caudata Tangará Hirundinidae Progne chalybea Andorinha-doméstica-grande Notiochelido cyanoleuca Andorinha-pequena-de-casa Corvidae Cyanocorax cyanopogon Cancã Troglodytidae Troglodytes aedon Corruíra Muscicapidae Turdus rufiventris Sabiá-laranjeira 36 Turdus leucolelas Sabiá-barranco Mimidae Mimus saturninus Sabiá-do-campo Vireonidae Cyclarhis gujanensis Pitiguari Emberizidae Basileuterus flaveolus Canário-do-mato Neotreraupis fasciata Cigarrra-do-campo Thraupis sayaca Sanhaço-cinzento Euphonia chlorotica Vivi Tangara cayana Saíra-amarelo Tersina viridis Saí-andorinha Zonotrichia capensis Tico-tico Sicalis-flaveola Canário-da-terra-verdadeiro Volatinia jacarina Tiziu Sporophila ngricollis Baiano Coryphospingus pileatus Tico-tico-rei-cinza Saltator similis Trinca-ferro-verdadeiro Gnorimopsar chopi Pássaro-preto Molothrus banariensis Chopim TABELA 3: Fonte: MENDES NETO, HUMBERTO RIBEIRO, 2005. Adaptado pelos autores Mamíferos ameaçados de extinção de possível ocorrência na região Família Nome Científico Nome Popular Myrmecophagidae Myrmecophaga tridactyla Tamanduá-bandeira Callitrichidae Callithrix aurita Sagüi-da-serra-escuro Cebidae Alouata fusca Bugio Callicebus personatus SauáCanidae Chrysocyon brachyurus Lobo-guará Speotrhos venaticus Cachorro-do-mato-vinagre Felidae Felis concolor Onça-parda, Sussuarana Felis pardalis Jaguatirica Felis tigrina Schreber, 1775 Gato-do-mato Felis widdii Gato-maracajá Panthera onça Onça-pintada, jaguar Mustelidae Lutra longicaudis Lontra Pteronura brasiliensis Ariranha TABELA 4: Fonte: FONSECA, GUSTAVO A. B (Adaptado pelos autores de Livro Vermelho dos Mamíferos Brasileiros Ameaçados de Extinção –Fundação Biodiversitas – 1994) Projetos como o “Mogi guaçu” vem tendo bons resultados em Bueno Brandão onde a conscientização na escola tem sido fator de extrema importância para que as matas ciliares sejam preservadas e recompostas. Ações como o plantio de mudas de mata nativa fizeram parte dos projetos de 2006, mudas plantadas em áreas doadas pelos proprietários e que eram totalmente desprovida de cobertura vegetal. Foi elaborado, em um projeto multidisciplinar, de educação ambiental, com a montagem de uma composteira e de um viveiro de mudas, experimental, em terreno 37 da própria escola. Parte das mudas, utilizadas no reflorestamento de uma área de nascente foram adquiridas na EAFI (Escola Agrotécnica Federal de Inconfidentes) e plantadas pelos próprios alunos, mostrando que este procedimento é viável e possível de ser feito por qualquer um. Com os novos corredores ecológicos, animais da nossa fauna como: onça parda e jaguatiricas, entre outros listados nos anexos, seriam muito beneficiados voltando então a ter uma área maior para circular sem a intervenção humana, podendo buscar novas áreas de alimentação e, então, atingir um número equilibrado de espécimes nas populações. Enfim, que possamos ver um dia a mata ciliar de volta no seu devido lugar, e animais silvestres vivendo de maneira satisfatória na região. Tudo isto com o comprometimento das futuras gerações, que através da educação ambiental, tomaram uma consciência maior, visualizando que, nós humanos, somos agente de destruição do meio ambiente, mas que também poderemos ser atores de uma conservação e recomposição do mesmo. Tornando nosso sonho realidade, de um futuro melhor de convivência homem/natureza, equilibrado, como diz a nossa constituição, direito e deveres de todos. 38 4 Bibliografia ACERVO LEGISLAÇÃO DPRN. Cdrom CATI. Coordenadoria de Assistência Técnica Integral. BRIGANTE, JANETE & ESPÍNDOLA, EVALDO. Liminologia Fluvial - Um estudo no Rio Mogi Guaçu, São Carlos – Rima, 2003 - 278 p. Corredor de Biodiversidade da Serra do Mar – Disponível em http://www.corredores.org.br. 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SILVA, RITA E., O Conhecimento do Meio Ambiente Está no Ar. Dissertação submetida à Universidade Federal de Santa Catarina para a obtenção do título de Mestre em Engenharia de Produção. Dezembro de 2000. 41 7 Anexo 1 (LEGISLAÇÃO) 42 7.1 Parágrafo VI do artigo 170 da Constituição Federal. VI - defesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento diferenciado conforme o impacto ambiental dos produtos e serviços e de seus processos de elaboração e prestação; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003) VII - redução das desigualdades regionais e sociais; VIII - busca do pleno emprego; IX - tratamento favorecido para as empresas brasileiras de capital nacional de pequeno porte. IX - tratamento favorecido para as empresas de pequeno porte constituídas sob as leis brasileiras e que tenham sua sede e administração no País. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 6, de 1995) Parágrafo único. É assegurado a todos o livre exercício de qualquer atividade econômica, independentemente de autorização de órgãos públicos, salvo nos casos previstos em lei. Art. 171. São consideradas: (Revogado pela Emenda Constitucional nº 6, de 1995) I - empresa brasileira a constituída sob as leis brasileiras e que tenha sua sede e administração no País; II - empresa brasileira de capital nacional aquela cujo controle efetivo esteja em caráter permanente sob a titularidade direta ou indireta de pessoas físicas domiciliadas e residentes no País ou de entidades de direito público interno, entendendo-se por controle efetivo da empresa a titularidade da maioria de seu capital votante e o exercício, de fato e de direito, do poder decisório para gerir suas atividades. Revogado pela Emenda Constitucional nº 6, de 15/08/95 § 1º - A lei poderá, em relação à empresa brasileira de capital nacional: I - conceder proteção e benefícios especiais temporários para desenvolver atividades consideradas estratégicas para a defesa nacional ou imprescindíveis ao desenvolvimento do País; II - estabelecer, sempre que considerar um setor imprescindível ao desenvolvimento tecnológico nacional, entre outras condições e requisitos: 43 a) a exigência de que o controle referido no inciso IIdo "caput" se estenda às atividades tecnológicas da empresa, assim entendido o exercício, de fato e de direito, do poder decisório para desenvolver ou absorver tecnologia; b) percentuais de participação, no capital, de pessoas físicas domiciliadas e residentes no País ou entidades de direito público interno. § 2º - Na aquisição de bens e serviços, o Poder Público dará tratamento preferencial, nos termos da lei, à empresa brasileira de capital nacional.(Revogado pela Emenda Constitucional nº 6, de 1995) 44 7.2 LEI FEDERAL N. 4.771, DE 15 DE SETEMBRO DE 1965 Institui o Novo Código Florestal O Presidente da República Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: Artigo 1º - As florestas existentes no território nacional e as demais formas de vegetação, reconhecidas de utilidade às terras que revestem, são bens de interesse comum a todos os habitantes do País, exercendo-se os direitos de propriedade com as limitações que a legislação em geral e especialmente esta Lei estabelecem. § 1o [O1]- As ações ou omissões contrárias às disposições deste Código na utilização e exploração das florestas e demais formas de vegetação são consideradas uso nocivo da propriedade, aplicando-se, para o caso, o procedimento sumário previsto no art. 275, inciso II, do Código de Processo Civil. § 2o - Para os efeitos deste Código, entende-se por: I - Pequena propriedade rural ou posse rural familiar: aquela explorada mediante o trabalho pessoal do proprietário ou posseiro e de sua família, admitida a ajuda eventual de terceiro e cuja renda bruta seja proveniente, no mínimo, em oitenta por cento, de atividade agroflorestal ou do extrativismo, cuja área não supere: a) cento e cinqüenta hectares se localizada nos estados do Acre, Pará, Amazonas, Roraima, Rondônia, Amapá e Mato Grosso e nas regiões situadas ao norte do paralelo 13o S, dos Estados de Tocantins e Goiás, e ao oeste do meridiano de 44o W, do Estado do Maranhão ou no Pantanal mato-grossense ou sul-mato- grossense; b) cinqüenta hectares, se localizada no polígono das secas ou a leste do Meridiano de 44º W, do Estado do Maranhão; e c) trinta hectares, se localizada em qualquer outra região do País. II - Área de preservação permanente: área protegida nos termos dos arts. 2o e 3o desta Lei, coberta ou não por vegetação nativa, com a função ambiental de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica, a biodiversidade, o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem estar das populações humanas. III - Reserva Legal: área localizada no interior de uma propriedade ou posse rural, excetuada a de preservação permanente, necessária ao uso sustentável dos recursos naturais, à conservação e reabilitação dos processos ecológicos, à 45 conservação da biodiversidade e ao abrigo e proteção de fauna e flora nativas. IV - Utilidade pública: a) as atividades de segurança nacional e proteção sanitária; b) as obras essenciais de infra-estrutura destinadas aos serviços públicos de transporte, saneamento e energia; e c) demais obras, planos, atividades ou projetos previstos em resolução do Conselho Nacional de Meio Ambiente - CONAMA. V - Interesse social: a) as atividades imprescindíveis à proteção da integridade da vegetação nativa, tais como: prevenção, combate e controle do fogo, controle da erosão, erradicação de invasoras e proteção de plantios com espécies nativas, conforme resolução do CONAMA; b) as atividades de manejo agroflorestal sustentável praticadas na pequena propriedade ou posse rural familiar, que não descaracterizem a cobertura vegetal e não prejudiquem a função ambiental da área; e c) demais obras, planos, atividades ou projetos definidos em resolução do CONAMA. VI - Amazônia Legal: os estados do Acre, Pará, Amazonas, Roraima, Rondônia, Amapá e Mato Grosso e as regiões situadas ao norte do paralelo 13o S, dos Estados de Tocantins e Goiás, e ao oeste do meridiano de 44o W, do Estado do Maranhão. (Com redação dada pela MP n. 2.166-67, de 24.08.01) Artigo 2º [L2]- Consideram-se de preservação permanente, pelo só efeito desta Lei, as florestas e demais formas de vegetação natural situadas: a)[L3] ao longo dos rios ou de qualquer curso d’água desde o seu nível mais alto em faixa marginal cuja largura mínima seja: 1 - de 30m (trinta metros) para os cursos de d’água de menos de 10 (dez) metros de largura; 2 - de 50m (cinqüenta metros) para os cursos d’água que tenham de 10 (dez) a 50m (cinqüenta metros) de largura; 3 - de 100m (cem metros) para os cursos d’água que tenham de 50 (cinqüenta) a 200m (duzentos metros) de largura; 4 - de 200m (duzentos metros) para os cursos d’água que tenham de 200 (duzentos) a 600m (seiscentos metros) de largura; 46 5 - de 500m (quinhentos metros) para os cursos d’água que tenham largura superior a 600m (seiscentos metros) de largura; (Com redação dada pela Lei n. 7.803, de 18.07.89) b) ao redor das lagoas, lagos ou reservatórios d’água naturais ou artificiais; (Ver: Resolução CONAMA n. 302, de 20.03.02 referente a reservatórios artificiais) c) nas nascentes, ainda que intermitentes e nos chamados “olhos d’água”, qualquer que seja a sua situação topográfica, num raio mínimo de 50m (cinqüenta metros) de largura; (Com redação dada pela Lei n. 7.803, de 18.07.89) d) no topo de morros, montes, montanhas e serras; e) nas encostas ou partes destas, com declividade superior a 45º, equivalente a 100% na linha de maior declive; f) nas restingas, como fixadoras de dunas ou estabilizadoras de mangues; g) nas bordas dos tabuleiros ou chapadas, a partir da linha de ruptura do relevo, em faixa nunca inferior a 100m (cem metros) em projeções horizontais; h) em altitude superior a 1.800 (mil e oitocentos) qualquer que seja a vegetação. Parágrafo único - No caso de áreas urbanas, assim entendidas as compreendidas nos perímetros urbanos definidos por lei municipal, e nas regiões metropolitanas e aglomerações urbanas, em todo o território abrangido, observar-se- á o disposto nos respectivos planos diretores e leis de uso do solo, respeitados os princípios e limites a que se refere este artigo. (Com redação dada pela Lei n. 7.803, de 18.07.89) Artigo 3º - Consideram-se ainda, de preservação permanentes, quando assim declaradas por ato do Poder Público, as florestas e demais formas de vegetação natural destinadas: a) a atenuar a erosão das terras; b) a fixar as dunas; c) a formar faixas de proteção ao longo de rodovias e ferrovias; d) a auxiliar a defesa do território nacional a critério das autoridades militares; e) a proteger sítios de excepcional beleza ou de valor científico ou histórico; f) a asilar exemplares da fauna ou flora ameaçados de extinção; g) a manter o ambiente necessário à vida das populações silvícolas; 47 h) a assegurar condições de bem-estar público. § 1º [N4]- A supressão total ou parcial de florestas de preservação permanente só será admitida com prévia autorização do Poder Executivo Federal, quando for necessária à execução de obras, planos, atividades ou projetos de utilidade pública ou interesse social. § 2º [N5]- As florestas que integram o patrimônio indígena ficam sujeitas ao regime de preservação permanente (letra “g”) pelo só efeito desta Lei. Art. 3A - A exploração dos recursos florestais em terras indígenas somente poderá ser realizada pelas comunidades indígenas em regime de manejo florestal sustentável, para atender a sua subsistência, respeitados os arts. 2o e 3o deste Código. (Incluído pela Medida Provisória n. 1.956-51, de 26.06.00 – Ultima: MP n. 2.166- 67, de 24.08.01) Artigo 4º [O6]- A supressão de vegetação em área de preservação permanente somente poderá ser autorizada em caso de utilidade pública ou de interesse social, devidamentecaracterizados e motivados em procedimento administrativo próprio, quando inexistir alternativa técnica e locacional ao empreendimento proposto. § 1o - A supressão de que trata o caput deste artigo dependerá de autorização do órgão ambiental estadual competente, com anuência prévia, quando couber, do órgão federal ou municipal de meio ambiente, ressalvado o disposto no § 2o deste artigo. § 2o - A supressão de vegetação em área de preservação permanente situada em área urbana, dependerá de autorização do órgão ambiental competente, desde que o município possua conselho de meio ambiente com caráter deliberativo e plano diretor, mediante anuência prévia do órgão ambiental estadual competente fundamentada em parecer técnico. § 3o - O órgão ambiental competente poderá autorizar a supressão eventual e de baixo impacto ambiental, assim definido em regulamento, da vegetação em área de preservação permanente. § 4o - O órgão ambiental competente indicará, previamente à emissão da autorização para a supressão de vegetação em área de preservação permanente, as medidas mitigadoras e compensatórias que deverão ser adotadas pelo empreendedor. § 5o - A supressão de vegetação nativa protetora de nascentes, ou de dunas e 48 mangues, de que tratam, respectivamente, as alíneas "c" e "f" do art. 2o deste Código, somente poderá ser autorizada em caso de utilidade pública. § 6o - Na implantação de reservatório artificial é obrigatória a desapropriação ou aquisição, pelo empreendedor, das áreas de preservação permanente criadas no seu entorno, cujos parâmetros e regime de uso serão definidos por resolução do CONAMA. § 7o - É permitido o acesso de pessoas e animais às áreas de preservação permanente, para obtenção de água, desde que não exija a supressão e não comprometa a regeneração e a manutenção a longo prazo da vegetação nativa. (Com redação dada pela MP n. 2.166-67, de 24.08.01) Artigo 5º[O7] - (Revogado pela Lei n. 9.985, de 18.07.2000) Artigo 6º[O8] - (Revogado pela Lei n. 9.985, de 18.07.2000) Artigo 7º - Qualquer árvore poderá ser declarada imune de corte, mediante ato do Poder Público, por motivo de sua localização, raridade, beleza ou condição de porta-sementes. Artigo 8º - Na distribuição de lotes destinados à agricultura, em planos de colonização e de reforma agrária, não devem ser incluídas as áreas florestadas de preservação permanente de que trata esta Lei, nem as florestas necessárias ao abastecimento local ou nacional de madeiras e outros produtos florestais. Artigo 9º - As florestas de propriedade particular, enquanto indivisas com outras, sujeitas a regime especial, ficam subordinadas às disposições que vigorarem para estas. Artigo 10 - Não é permitida a derrubada de florestas situadas em áreas de inclinação entre 25 a 45 graus, só sendo nelas tolerada a extração de toros quando em regime de utilização racional, que vise a rendimentos permanentes. Artigo 11 - O emprego de produtos florestais ou hulha como combustível obriga o uso de dispositivo que impeça difusão de fagulhas suscetíveis de provocar incêndios nas florestas e demais formas de vegetação marginal. Artigo 12 - Nas florestas plantadas, não consideradas de preservação permanente, é livre a extração de lenha e demais produtos florestais ou fabricação de carvão. Nas demais florestas, dependerá de norma estabelecida em ato do Poder Federal ou Estadual, em obediência a prescrições ditadas pela técnica e às peculiaridades locais. Artigo 13 - O comércio de plantas vivas, oriundas de florestas, dependerá de 49 licença da autoridade competente. Artigo 14 - Além dos preceitos gerais a que está sujeita a utilização das florestas, o Poder Público Federal ou Estadual poderá: a) prescrever outras normas que atendam às peculiaridades locais; b)[O9] proibir ou limitar o corte das espécies vegetais raras, endêmicas, em perigo ou ameaçadas de extinção, bem como as espécies necessárias à subsistência das populações extrativistas, delimitando as áreas compreendidas no ato, fazendo depender de licença prévia, nessas áreas, o corte de outras espécies. (Com redação dada pela MP n. 2.166-67, de 24.08.01) c) ampliar o registro de pessoas físicas ou jurídicas que se dediquem à extração, indústria e comércio de produtos ou subprodutos florestais. Artigo 15 - Fica proibida a exploração sob forma empírica das florestas primitivas da bacia amazônica que só poderão ser utilizadas em observância a planos técnicos de condição e manejo a serem estabelecidos por ato do Poder Público, a ser baixado dentro do prazo de um ano. (Regulamentado pelo Decreto n. 1.282, de 19.10.94) Artigo 16[O10] - As florestas e outras formas de vegetação nativa, ressalvadas as situadas em área de preservação permanente, assim como aquelas não sujeitas ao regime de utilização limitada ou objeto de legislação específica, são suscetíveis de supressão, desde que sejam mantidas, a título de reserva legal, no mínimo: I - oitenta por cento, na propriedade rural situada em área de floresta localizada na Amazônia legal. II - trinta e cinco por cento, na propriedade rural situada em área de cerrado localizada na Amazônia legal, sendo no mínimo vinte por cento na propriedade e quinze por cento na forma de compensação em outra área, desde que esteja localizada na mesma microbacia, e seja averbada nos termos do § 7o deste artigo; III - vinte por cento, na propriedade rural situada em área de floresta ou outras formas de vegetação nativa localizada nas demais regiões do país; e IV - vinte por cento, na propriedade rural em área de campos gerais localizada em qualquer região do país. § 1o - O percentual de reserva legal na propriedade situada em área de floresta e cerrado será definido considerando separadamente os índices contidos nos incisos I e II deste artigo. § 2o - A vegetação da reserva legal não pode ser suprimida, podendo apenas 50 ser utilizada sob regime de manejo florestal sustentável, de acordo com princípios e critérios técnicos e científicos estabelecidos no regulamento, ressalvadas as hipóteses previstas no § 3o deste artigo, sem prejuízo das demais legislações específicas. § 3o - Para cumprimento da manutenção ou compensação da área de reserva legal em pequena propriedade ou posse rural familiar, podem ser computados os plantios de árvores frutíferas ornamentais ou industriais, compostos por espécies exóticas, cultivadas em sistema intercalar ou em consórcio com espécies nativas. § 4o - A localização da reserva legal deve ser aprovada pelo órgão ambiental estadual competente ou, mediante convênio, pelo órgão ambiental municipal ou outra instituição devidamente habilitada, devendo ser considerados, no processo de aprovação, a função social da propriedade, e os seguintes critérios e instrumentos, quando houver: I - o plano de bacia hidrográfica; II - o plano diretor municipal; III - o zoneamento ecológico-econômico; IV - outras categorias de zoneamento ambiental; e V - a proximidade com outra Reserva Legal, Área de Preservação Permanente, unidade de conservação ou outra área legalmente protegida. § 5o - O Poder Executivo, se for indicado pelo Zoneamento Ecológico Econômico - ZEE e pelo Zoneamento Agrícola, ouvidos o CONAMA, o Ministério do Meio Ambiente e o Ministério da Agricultura e Abastecimento, poderá: I - reduzir, para fins de recomposição, a reserva legal, na Amazônia Legal, para até cinqüenta por cento da propriedade, excluídas, em qualquer caso, as Áreas de Preservação Permanente, os ecótonos, os sítios e ecossistemas especialmente protegidos, os locais de expressiva biodiversidade e os corredores ecológicos; e II - ampliar as áreas de reserva legal, em até cinqüenta por cento dos índices previstos neste Código, em todo o território nacional; § 6o - Será admitido, pelo órgão ambiental competente, o cômputo