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Gabriela Reis Viol colecistectomia • Cerca de 10% da população é p o r t a d o r a d e colecistolitíase – situação em que há a presença de c á l c u l o s s o m e n t e n o interior da vesícula biliar. • Em indivíduos acima de 40 a n o s , p r i n c i p a l m e n t e mulheres, a porcentagem de portadores de colecistolitíase aumenta para 20% e acima de 70 anos passa para 30% as chances de ter cálculo na vesícula – e, por isso, a colecistite aguda, que é a principal complicação da colecistolitíase, é uma das principais causas de abdome agudo no idoso, juntamente com a diverticulite. • Ademais, dos pacientes acima de 70 anos que d e s e n v o l v e r e m colecistolitíase, metade irão cursar com sintomas e, desses, 35% precisarão ser operados de urgência. • Cerca de 5-7% dos pacientes com colecistolitíase também tem cálculo no colédoco (coledocolitíase). O padrão- ouro para diagnóstico de colecistolitíase é o USG (98% de especificidade) e para coledocolitíase é a angioRM. • A primeira abordagem da via biliar é por via laparoscópica, tanto no tratamento da colecistolitíase quanto no da colecistite aguda. Contudo, o padrão-ouro é a laparotomia. Clínica • Apenas 1/3 desses 10% da população que t iverem pedra na vesícula serão sintomáticos, relatando uma dor típica • O grande problema é que todos pacientes cuja dor seja tipicamente biliar, a qualquer momento, irão complicar. Por isso, todos os pacientes sintomáticos tem indicação operatória (colecistectomia), desde que o cirurgião se certifique de que aquela é uma dor, de fato, biliar: • D o r e m c ó l i c a n o h ipocôndr io d i re i to , de intensidade crescente; • Duração de 20 minutos a horas; • Pode irradiar para epigástrio e hipocôndrio esquerdo; • Ocorre preferencialmente após ingestão de alimentos gordurosos. Porém, a ma io r i a dos p o r t a d o r e s d e c o l e c i s t o l i t í a s e s ã o assintomáticos (2/3 dos 10%), sendo o cálculo um Gabriela Reis Viol a c h a d o d e i m a g e m . Mediante isso, não se deve atribuir a dor do paciente ao cálculo se essa dor não for tipicamente biliar e o calculo for simplesmente um achado ultrassonográfico pois, se realizar a colecistectomia, ele continuará com dor. • Por isso, os pacientes sintomáticos são operados em casos selecionados, sendo eles: 1. Cálculos Grandes Um cálculo de vesícula é considerado grande quando é maior do que 2,5cm. Esses são geralmente únicos e formados por colesterol. A longo prazo, esses cálculos grandes se relacionam com a possibilidade de formação de neoplasia de vesícula, por causar um processo irritativo crônico na mesma. A curto prazo, pode impactar, gerando cólicas evidentes e posterior colecistite aguda (principal c o m p l i c a ç ã o d a colecistolitíase). 2. Microcálculos Os microcálculos são aqueles < 2-3mm ou < 5mm (depende d o t r a b a l h o ) . O g r a n d e problema desses cálculos é que podem passar pelo ducto cístico e adentrar a via biliar principal ou ducto colédoco. Quando eles adentram a via biliar principal podem ser geradas diversas doenças, sendo a pancreatite aguda a principal, na qual microcálculos impactam transitoriamente a p a p i l a , a u m e n t a n d o a s pressões canaliculares no sistema pancreático, ativando pró-enzimas pancreáticas e autolíticas (catalase, pepsina e pepsinogênio). Felizmente, 80% das pancreatites agudas são leves e os pacientes melhoram em 24-48 horas após controle clínico, devendo ser operados no mesmo i n t e r n a m e n t o – p o i s h á chances de, nos próximos 3 meses, esse quadro piorar e ser uma pancreatite grave. Esses microcálculos podem ser tão pequenos a ponto de parecerem “areia” dentro da vesícula, ficando conhecidos como “lama biliar”. . Gabriela Reis Viol 3. Vesícula em Porcelana A “vesícula em porcelana” se trata de uma calcificação na parede da vesícula biliar, que pode ocorrer em dois locais: 1) na camada muscular; 2) na camada mucosa da vesícula. O grande problema é que essa condição faz com que haja 1 6 - 6 1 % d e c h a n c e s d e desenvolvimento de CA de vesícula, ademais, quando ocorre na camada mucosa, a chance de adenocarcinoma é ainda maior. 4. Pólipos Vesiculares A sequência de evolução de pólipos para CA ocorre em maior prevalência no intestino grosso, em que cerca de 90% dos indivíduos com pólipo desenvo lverão neop las ia intestinal. Porém, na vesícula também há essa sequência de evolução de pól ipo para câncer, em 20% dos casos. 5. Gravidez Existem alguns fatores na gestante que falam a favor da colecistectomia: uma mulher que vai engravidar, geralmente, possui uma expectativa de vida acima de 20 anos (o que, por si só, já é uma indicação para retirada da vesícula, pelo risco de se tornar sintomática). Ademais, os sintomas do cálculo vesicular ocorrem de 1 a 4% na população geral, contudo, na gravidez isso aumenta em média 7%, ou seja, na gestante as chances de um caso assintomático se tornar sintomático é ainda maior. Dessas pacientes que se tornam sintomáticas, 30% não respondem ao tratamento c l in i co e p rec isa rão ser operadas. A grande indicação cirúrgica na gravidez é o segundo trimestre e, nesse caso, não é possível via laparoscópica - pelo útero aumentado – sendo necessário realização de laparotomia. Por isso, toda mulher que pretende engravidar deve realizar um USG e, caso encontre cálculos, é melhor realizar colecistectomia para depois engravidar. Depois de 2 meses de pós-operatório já pode engravidar. 6. Colecistectomia incidental Nesse caso tem-se a situação e m q u e u m p a c i e n t e é submetido a uma gastrectomia (por exemplo) e, no momento de exploração da cavidade, encon t ra -se cá l cu los na Gabriela Reis Viol vesícula biliar. Dessa forma, de forma a impedir que o paciente realize uma colecistite pós- o p e r a t ó r i a , e f e i t a a colecistectomia durante a cirurgia. 7. Anemia Falciforme A anemia falciforme é a doença hemolítica mais comum no Brasil. Ela forma hemácias em formato de foice, devido a substituição do aminoácido ácido glutâmico em valina. Consequentemente a essa mudança do formato tem-se a hemolização dessas hemácias, liberando grupo heme – vai para o sistema acumulador de ferro do organismo - e globina - irá se transformar em pigmento biliar, que é excretado na bile. Sendo assim, os portadores de anemia falciforme apresentam uma bile supersaturada em pigmento biliar e, dessa forma, esse excesso de pigmento se aglutina e leva a formação de c á l c u l o s q u e s ã o , c a r a c t e r i s t i c a m e n t e , espiculados, pequenos, enegrecidos e com alta tendência a migrar para o colédoco. Gabriela Reis Viol
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