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COLELITÍASE, COLECISTITE e COLEDOCOLITÍASE

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doenças colestáticas
COLELITÍASE ou LITÍASE BILIAR ou CALCULOSE BILIAR ou COLECISTOLITÍASE BILIAR
É caracterizado pela presença de cálculos na vesícula e/ou nos ductos biliares. Essa condição é um distúrbio
multifatorial das vias biliares, que, atualmente, constitui-se a enfermidade biliar mais frequente. Pode ser
sintomática ou assintomática, e é mais comum em mulheres e em idosos, sendo uma condição rara em crianças
e muito menos frequente em adolescentes.
❏ EPIDEMIOLOGIA e FATORES DE RISCO
Os fatores de risco podem ser subdivididos em:
- independentes: idade (>70 anos possui maior risco), sexo feminino (relação com o estrogênio que
aumenta a secreção de colesterol na bile), raça (abaixo), história familiar.
- relacionados ao estilo de vida: perda de peso rápida, gravidez e paridade, jejum prolongado,
sedentarismo, dieta rica em carboidratos e pobre em fibras.
- condições associadas: obesidade, nutrição parenteral total, predisposição genética, drogas
(estrógenos, progesterona), doenças do íleo terminal.
!! Alguns grupos populacionais têm incidência maior que a média, sendo considerados grupos de risco para o
desenvolvimento da doença; em outros, ela é menor. Exemplos:
• indianos: 70% das mulheres em torno dos 25 anos;
• escandinavos: 50% das mulheres em torno dos 50 anos;
• afro-americanos: < ameríndios e brancos americanos;
• população proveniente da África Central: em torno de 5%.
!! O emagrecimento acelerado é outro ponto que devemos nos atentar. Os cálculos desenvolvem-se em 50%
dos pacientes submetidos à cirurgia bariátrica no sexto mês do pós-operatório, e as alterações fisiológicas que
permitem isso são inúmeras, uma delas é o aumento da secreção hepática de colesterol e da produção de
mucina associados à redução da motilidade vesicular.
!! Existe uma maior prevalência de litíase em grávidas e multíparas tanto pelo aumento dos níveis de
estrogênio circulante quanto pelo aumento dos níveis de progesterona, que causa redução da motilidade
vesicular.
❏ CLASSIFICAÇÃO
A principal classificação dessa doença a divide em dois grandes grupos de acordo com o aspecto
macroscópico e composição química dos cálculos:
→ CÁLCULOS DE COLESTEROL (amarelos): são a maioria dos cálculos e
possuem composição mista, sendo mais de 70% do conteúdo feito de colesterol
propriamente dito.
Sua formação compreende a sequência: vesículas multilamelares – nucleação –
cristais – barro biliar – cálculos.
!! O colesterol se apresenta, em condições normais, solubilizado na bile. Por isso, um
pré-requisito para a formação dos cálculos é a presença de excesso de colesterol em
relação à capacidade carreadora. Mas este desequilíbrio é relativo, ou seja, pode acontecer de dois jeitos
diferentes: ou de um excesso absoluto de colesterol (mais comum) ou uma menor concentração de
solubilizantes (como os sais biliares). (O colesterol é relativamente insolúvel em água e
mantém-se em solução na forma de micelas mistas com os sais biliares e fosfolipídios.)
Quando a capacidade de solubilização de colesterol pela bile é ultrapassada, esta bile
é denominada supersaturada ou litogênica.
Catarina Nykiel e Crislane Nogueira - MedManas
→ CÁLCULOS DE CÁLCIO E BILIRRUBINA (pigmentados): os cálculos pigmentares são constituídos
principalmente por sais de cálcio e bilirrubina. Podem ser castanhos ou pretos.
- PRETOS: são mais radiopacos que os de colesterol; ocorrem quando há elevação da bilirrubina
indireta e estão associados a doenças hemolíticas crônicas e eritropoiese ineficaz. Outras
causas são: hipomotilidade da vesícula biliar, secundária ao diabete melito ou outras condições,
nutrição parenteral total e vagotomia troncular.
- CASTANHOS/MARRONS: ocorrem em alguns processos infecciosos, e a cultura da bile na
maioria dos casos revela a presença de E. coli, atribuindo-se a desconjugação da bile à
glucuronidase bacteriana.
❏ QUADRO CLÍNICO
Cerca de 60 a 85% dos portadores de calculose biliar são assintomáticos e não requerem tratamento
preventivamente, exceto em condições de risco.
Antes de adentrar nos sintomas propriamente ditos, é importante a concepção de que a ocorrência dos
sintomas na litíase biliar depende fortemente do tipo e da composição dos cálculos, sua quantidade,
tamanho e localização na árvore biliar:
- Cálculos vesiculares puros de colesterol (amarelos) são os principais responsáveis pelos episódios de
cólica biliar: manifesta-se por dor em queimação no epigástrio e hipocôndrio direito intensa e
intermitente. Normalmente o início é súbito. Exame físico é, geralmente, normal, havendo dor leve ou
moderada à palpação da vesícula biliar durante episódio agudo. A intensidade é maior no período de
30 minutos a 5 horas de seu início, com melhora gradual ao longo de 24h. No início do quadro clínico,
náuseas e vômitos podem aparecer. Os episódios se repetem em intervalos de dias a meses. Essa dor
pode ter relação com alimentos gordurosos ou uma refeição copiosa após jejum.
- Cálculos de formação mais recente, em geral menores, podem causar pancreatite e/ou icterícia por
obstrução do colédoco com mais frequência, em virtude de maior capacidade de migração através do
ducto cístico;
- Cálculos marrons formam-se principalmente nos ductos biliares e raramente na vesícula. Sua formação
está muito relacionada com a principal manifestação clínica compreende episódios recorrentes de dor
abdominal e febre, às vezes com icterícia.
Nos casos sintomáticos, o paciente cursa então com dor no HD (hipocôndrio direito), náuseas e vômitos. Esses
sintomas caracterizam a cólica biliar, que traduz a impactação de cálculo no cístico, provocando espasmos da
vesícula. A repetição e a frequência desse quadro ou o aparecimento de
complicações orientam a necessidade de tratamento.
!! O tratado deixa claro que outros sintomas dispépticos não possuem relação com
essa afecção.
→ Presença de febre, icterícia ou colúria durante as crises indica
complicações, como: colangite, colecistite ou coledocolitíase; nesses casos,
costumam ocorrer leucocitose, elevação das aminotransferases (TGO e TGP),
Catarina Nykiel e Crislane Nogueira - MedManas
gama-glutamiltranspeptidase (GGT), fosfatase alcalina e hiperbilirrubinemia do tipo conjugada. Quando ocorre a
impactação do cálculo no canal comum, pode haver modificação da dor e elevação da amilase e da lipase,
traduzindo um quadro de pancreatite aguda de maior ou menor gravidade.
❏ DIAGNÓSTICO
Em pacientes com dor biliar não complicada, os exames laboratoriais são, geralmente, normais. Elevação de
bilirrubina, fosfatase alcalina ou amilase sugerem coexistência de coledocolitíase.
Além dos laboratoriais, existem vários métodos de diagnóstico que podemos lançar mão para auxiliar
no diagnóstico. Mas o primeiro exame recomendado é a ultrassonografia do abdome: é um ótimo método por
ser rápido, não invasivo, de baixo custo e amplamente disponível, com mais de 95% de sensibilidade e
especificidade na detecção de cálculos com diâmetro maior do que 2 mm.
A US fornece informações sobre: tamanho da vesícula, presença de espessamento de sua parede e
líquido a seu redor (sinais de colecistite), diâmetro do colédoco e ductos hepáticos, além de análise dos
parênquimas hepático e pancreático. A US funcional avalia as mudanças do volume vesicular durante o jejum e
no período pós-prandial, os marcadores da função contrátil da vesícula e da patência do ducto cístico.
!! A contração da vesícula biliar à ultrassonografia, na presença de icterícia com dilatação dos ductos biliares
intra-hepáticos, indica que a obstrução está acima do ducto cístico (auxiliando no diagnóstico etiológico e
topográfico das obstruções).
!! Se os ductos biliares intra-hepáticos estão dilatados, mas os extra hepáticos não, deve haver obstrução na
junção dos ductos hepáticos direito e esquerdo (isto é, ao nível do hilo hepático).
Em situações nas quais a vesícula não pode ser analisada à US, outros exames podem ser realizados,
como colecistografia oral (CO) ou tomografia computadorizada de abdome (TC). Podemos lançar mão
tambémda Colangiopancreatografia retrógrada (CPRE): empregada quando se pretende avaliar a árvore biliar
ou como procedimento terapêutico.
A radiografia simples de abdome, apesar de útil na avaliação de pacientes com dor abdominal, tem
sensibilidade e especificidades baixas para diagnóstico de cálculos biliares, pois apenas 25% são radiopacos.
A cintilografia é um ótimo método de confirmar diagnóstico, já que nela, é administrado via endovenosa
o tecnécio, que é captado pelo fígado e excretado pela bile. Ou seja: vamos poder visualizar o trajeto
percorrido por ele e, logo, avaliar se há presença de cálculos. Tanto a sensibilidade quanto a especificidade são
de 95%.
❏ COMPLICAÇÕES
A principal complicação é a colecistite aguda!! (Outras complicações na tabela ao
lado.)
❏ VISÃO GERAL DA CONDUTA
Catarina Nykiel e Crislane Nogueira - MedManas
COLECISTITE AGUDA
❏ INTRODUÇÃO E FISIOPATOLOGIA
O termo colecistite aguda é bem sugestivo por causa do seu sufixo. O que
define essa afecção é justamente o desenvolvimento de um processo de
inflamação da vesícula, que resulta, na imensa maioria das vezes, da
obstrução AGUDA do ducto cístico por um cálculo. Essa enfermidade pode
ser uma complicação da COLELITÍASE ou as duas podem coexistir.
Nesses casos a COLECISTITE vai ser CALCULOSA, o que é muito
comum: aproximadamente 25% dos pacientes com colelitíase desenvolverão
colecistite aguda em algum momento de sua evolução (geralmente após surtos
repetidos de dor biliar).
→ Na COLECISTITE CALCULOSA o que acontece com os pacientes
sintomáticos de colelitíase é a impactação intermitente dos cálculos, mas aqui na colecistite vamos observar
uma impactação persistente, o que vai promover um contato mais prolongado entre a estase da bile e a
mucosa vesicular. MAS E SE... o cálculo ultrapassar o ducto cístico ou retornar para a vesícula? Nesses casos a
cadeia de eventos se interrompe, e não ocorre colecistite aguda.
Em todo paciente onde os cálculos obstruem o ducto vai ter colecistite? NÃO!!! Nem sempre a
obstrução do ducto cístico por cálculo resultará em colecistite! Mas qual a razão disso? Atualmente, a teoria
mais aceita para a patogênese da colecistite aguda é a de que a irritação da parede da vesícula pelos cálculos
provoque a liberação de uma enzima, a fosfolipase A2. A fosfolipase vai ajudar a lecitina a se transformar em
lisolecitina, um agente irritante que iniciará a reação inflamatória na parede vesicular. A partir daí é que se
desencadeia toda a cascata.
COMO ESSA AFECÇÃO SE ESTABELECE? Se inicia com a implantação de um cálculo no ducto cístico,
isso leva a um aumento da pressão intraluminal da vesícula, obstrução venosa e linfática, edema, isquemia,
ulceração da sua parede e, finalmente, infecção bacteriana secundária.
Todo esse processo pode evoluir para perfuração da vesícula, mais comumente em seu fundo já que
esta é a porção menos perfundida e, portanto, mais sensível à isquemia. As perfurações podem seguir três
cursos:
(1) coleperitônio, com peritonite difusa; ou
(2) bloqueio do processo inflamatório com formação de abscesso pericolecístico; ou
(3) extensão do processo inflamatório para uma víscera próxima, formando uma fístula (especialmente o
duodeno).
→ A colecistite pode se estabelecer também sem a participação dos cálculos. Nesses casos ela vai ser
chamada de COLECISTITE ACALCULOSA ou ALITIÁSICA, que é quando a infecção se estabelece sem que os
cálculos impactem as vias biliares. É bem infrequente, representa de 5 a 10% dos casos de colecistite aguda.
A fisiopatologia não é bem definida, mas acredita-se que a resposta inflamatória sistêmica e o jejum
prolongado vão resultar em uma falta de estímulo para a contração da vesícula. Esse fator, por sua vez, vai
resultar numa concentração progressiva da bile através da absorção de água pela mucosa vesicular formando a
lama biliar. Essa lama leva à liberação de mediadores inflamatórios ao lesar a mucosa vesicular pela presença
de sais biliares em altas concentrações. O processo inflamatório localizado leva à congestão da parede,
colonização bacteriana e necrose.
Outro fator também incriminado é a isquemia tecidual da vesícula, decorrente de episódios de
hipotensão sistêmica. Ela determinaria disfunção da mucosa com destruição do seu epitélio e exposição aos
sais biliares concentrados que são tóxicos aos tecidos, iniciando ou agravando processo inflamatório local.
!! A bile nas vesículas normais é estéril, mas as bactérias são um achado comum quando os cálculos estão
presentes. Na ausência de inflamação aguda, as culturas são positivas em:
● 15% dos pacientes com colelitíase;
● 60% dos pacientes com coledocolitíase;
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● 75% dos pacientes com icterícia associada.
❏ ETIOLOGIA
A etiologia da colecistite é multifatorial, mas a obstrução do ducto cístico, seja por cálculo impactado no
infundíbulo ou na luz do próprio ducto, ou por edema da mucosa gerado por estes cálculos, é sem dúvida
uma condição fundamental para a gênese da doença. Inclusive, a colecistite aguda muitas vezes é a primeira
manifestação da litíase biliar!
Existem, além desse acima, outros fatores que podem contribuir para o estabelecimento da colecistite
aguda. Situações que promovam uma maior viscosidade da bile, por exemplo, podem provocar uma
dificuldade de esvaziamento favorecendo a infecção biliar por via sistêmica ou portal. Essa é uma das
etiologias da colecistite aguda alitiásica. Ainda nesse tipo de colecistite, diversos fatores como má perfusão
tecidual causada por hipovolemia, sepse, estímulo adrenérgico, aterosclerose, aumento da concentração de
bilirrubinas na bile acarretado por reabsorção de hematomas, politransfusão e desidratação vão predispor à
afecção.
❏ EPIDEMIOLOGIA
As mulheres são mais acometidas, com relação de 3:1 quando são considerados os pacientes com até 50
anos. A partir dessa idade a diferença diminui consideravelmente, com os casos em homens quase se
igualando ao observado em mulheres. Nos homens acima dos 65 anos esse acometimento chega a 30%.
❏ QUADRO CLÍNICO
O quadro clínico mais frequente consiste de dor epigástrica forte, em cólica, irradiada para o hipocôndrio
direito ou esquerdo, às vezes até para a escápula, precórdio ou dorso, acompanhada de náuseas e vômitos
reflexos. A dor persiste por mais de 12 horas, com pouca melhora com analgésicos, diferentemente da cólica
biliar, que é limitada.
Durante a evolução dessa afecção, quando a serosa é acometida, a dor localiza-se no hipocôndrio
direito e piora com a movimentação e inspiração profunda.
A icterícia é observada em apenas 20% dos pacientes adultos e é mais frequente em crianças.
Geralmente regride nas primeiras 24 horas. O aumento dos níveis de bilirrubina durante a evolução sugere a
presença de coledocolitíase (vai ser elucidada em outro momento).
É comum o surgimento de febre em torno de 38°C.
A palpação do hipocôndrio é dolorosa e obriga o paciente a interromper o movimento inspiratório. Essa
manobra é conhecida como sinal de Murphy e é aceita como sinal patognomônico de colecistite aguda. A
palpação da vesícula distendida é prejudicada pois há contração muscular causada pela irritação peritoneal e
a descompressão brusca dolorosa pode estar presente, assim como sinais de íleo paralítico.
Esse quadro clínico típico está ausente em um terço dos pacientes. Os quadros atípicos precisam
sempre ser acompanhados de decisões rápidas. Nesses casos devemos nos atentar para pacientes com
reflexos diminuídos: idosos, diabéticos, imunossuprimidos e pacientes em estado crítico internados em terapia
intensiva, inclusive crianças. Pessoas nessas condições apresentam sinais de sepse (febre, confusão mental,
alterações de perfusão periférica e taquipneia) ou de insuficiência orgânica, mas não mostram sinais de defesa
peritoneal.
Em doentes com aids, o quadro é ainda mais atípico, com evolução protraída de febre e
emagrecimento, sendo a queixa mais frequente a dor no hipocôndrio direito, e o sinal de Murphy, encontrado
em apenas 50% dos casos.
!! Nessescasos atípicos o diagnóstico é muito mais difícil!! E isso tudo porque os reflexos estão
consideravelmente diminuídos.
!! Na colecistite acalculosa o quadro clínico vai ser igual à calculosa, mas precisamos fazer uma ressalva:
frequentemente os sintomas são mascarados pelo estado crítico do paciente, que não raro está sedado e em
ventilação mecânica. A consequência é um diagnóstico mais tardio, o que, em parte, pode explicar o maior
índice de gangrena e perfuração e a maior morbimortalidade descrita para esta síndrome.
❏ DIAGNÓSTICO
A cintilografia biliar é o melhor método para a confirmação do diagnóstico de colecistite aguda, e o que vamos
observar é o enchimento dos ductos, mas não da vesícula. A explicação é a seguinte: a bile rica em tecnécio
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(radioisótopo administrado no exame) secretada na árvore biliar não consegue refluir para o interior da vesícula
quando da contração fisiológica do esfíncter de Oddi, pois o ducto cístico encontra-se obstruído. A cintilografia
biliar ainda consegue visualizar anastomoses biliodigestivas, fístulas biliares, cistos coledocianos, etc.
!! Na colecistite acalculosa/alitíaca a investigação é semelhante a do tipo calculoso, no entanto, a interpretação
dos resultados é dificultada pelas comorbidades presentes. A sensibilidade da cintilografia cai para 88%, e
os achados na ultrassonografia, como a presença de líquido pericolecístico, podem estar presentes em
qualquer doente crítico em decorrência de hipoalbuminemia.
COLEDOCOLITÍASE
É definida como presença de cálculos biliares nos ductos biliares provenientes de migração a partir da
vesícula biliar ou formados primariamente nos ductos. Através desse conceito, podemos dividir essa afecção
entre:
- Coledocolitíase PRIMÁRIA: quando a formação de cálculos ocorre no próprio colédoco.
- Coledocolitíase SECUNDÁRIA: quando há passagem de um cálculo formado na vesícula biliar através
do ducto cístico - cerca de 90-95% dos casos de coledocolitíase resultam disso.
!! A característica morfológica do cálculo auxilia a determinar sua origem e, portanto, SE e QUAL caminho
percorreu! Cálculos de colesterol formam-se exclusivamente na vesícula biliar; portanto, se forem encontrados
nos ductos biliares, significa que migraram a partir da vesícula. Cálculos pigmentares pretos também se formam
na vesícula e raramente migram a partir delas para os ductos biliares. Já os pigmentares castanhos são
originados dos ductos. Ou seja: se achamos esses cálculos nos ductos e eles são amarelos ou pretos, eles
MIGRARAM, enquanto se forem marrons, eles provavelmente não migraram.
E porque isso é importante? Porque auxilia no tratamento!
❏ QUADRO CLÍNICO
Normalmente, na colelitíase, ocorre trânsito silencioso de cálculos da vesícula para o duodeno através do
colédoco e, eventualmente, em uma dessas passagens, poderá haver obstrução, o que promove o quadro
clínico. Os cálculos no colédoco podem determinar obstrução parcial e transitória, e muitos migram até serem
expelidos espontaneamente pela ampola de Vater no duodeno.
Durante a passagem é característica a dor em cólica idêntica à dor da colelitíase (dor no quadrante
superior direito e/ou epigastro). A dor vai ser contínua, durando de 1 a 5 hrs, podendo irradiar para a escápula
direita ou dorso.
A dor pode estar ou não acompanhada de icterícia e colúria.
Se o paciente que apresenta surtos transitórios de síndrome colestática e icterícia flutuante,
devemos pensar em coledocolitíase. Além disso essa afecção deve ser diferenciada da icterícia colestática
persistente e progressiva, que sugere neoplasia obstruindo vias biliares.
Se há contaminação bacteriana, o que é bastante comum nesses casos, surgirá a colangite, com febre
e calafrios.
A dor em cólica apresentada por esses pacientes se assemelha à dos portadores de cólica biliar, porém
se diferencia pela icterícia e por provas anormais de agressão ao fígado e às vias biliares. Assim, a dor é
acompanhada de icterícia leve a moderada e elevação de fosfatase alcalina (FA). A elevação da FA na
obstrução biliar vai preceder a icterícia com frequência.
❏ COMPLICAÇÕES
São quatro as principais complicações:
1. Colangite bacteriana aguda;
2. Abscesso hepático piogênico;
3. Pancreatite aguda biliar;
4. Cirrose biliar secundária.
❏ DIAGNÓSTICO
O diagnóstico deve ser pesquisado em todo paciente com síndrome colestática, especialmente quando de
caráter flutuante, ou em qualquer indivíduo que será submetido à colecistectomia por colelitíase que também
apresente um dos seguintes fatores de risco:
Catarina Nykiel e Crislane Nogueira - MedManas
(1) alterações do hepatograma (ALT, AST, FAL, GGT, bilirrubina);
(2) dilatação do colédoco (> 5 mm) no pré-operatório;
(3) pancreatite biliar.
A US transabdominal é menos sensível no diagnóstico de coledocolitíase do que no diagnóstico de cálculo
biliar, com sensibilidade em torno de 50%. Em razão da proximidade do colédoco distal com o duodeno, é
frequente haver interposição gasosa, prejudicando sua identificação, mas de modo geral vamos conseguir
observar a dilatação do colédoco.
Quando o diagnóstico pela US é documentado, devemos separar os pacientes em quatro grupos:
- Alto risco: icterícia flutuante, colúria, episódios de acolia fecal ou colangite bacteriana aguda
recorrente.
→ Nos pacientes com diagnóstico clínico, ou seja: alto risco, devemos proceder com USG ou por
colangiorressonância. Deve-se realizar o exame padrão-ouro: a colangiografia retrógrada endoscópica
(CPRE). Embora invasivo e com taxa de complicação em torno de 5-7%, a CPRE tem a vantagem de ao mesmo
tempo ser diagnóstica e terapêutica (ver adiante)! A USG endoscópica é um outro exame que tem
demonstrado alta acurácia para o diagnóstico de coledocolitíase, embora menos sensível que a CPRE. Tem sido
uma boa estratégia na gestante, que não pode se submeter à CPRE.
- Médio risco: HPP de colecistite, colangite ou pancreatite + colédoco ≥ 5 mm à USG + pelo menos dois
dos seguintes: hiperbilirrubinemia, aumento de fosfatase alcalina, aumento de transaminases.
→ Nos de médio risco, o exame solicitado (se disponível) deverá ser a colangiorressonância. Este exame tem a
vantagem de ser não invasivo e de alta acurácia e pode decidir quem precisa ou não da colangiografia
invasiva pré operatória.
- Baixo risco: idem, mas com colédoco < 5 mm.
→ Nos pacientes de baixo risco, pode-se proceder à colecistectomia laparoscópica com colangiografia
transoperatória (durante o procedimento, é introduzido um cateter no ducto cístico para estudo radiológico da
via biliar). Caso disponível, a colangiografia transoperatória agora pode ser substituída por uma USG intra
operatória, um método menos invasivo (por não requerer canulação da via biliar e injeção de contraste) com
boa acurácia diagnóstica para cálculos de colédoco.
- Muito baixo risco: ausência de todos os acima.
→ Nos pacientes de muito baixo risco, a colecistectomia laparoscópica deverá ser realizada sem nenhuma
investigação para coledocolitíase.
!! Quando a icterícia chega a valores muito altos e persiste, há necessidade de afastar a hipótese de neoplasia
obstrutiva. Novamente a ultrassonografia é o exame mais importante para o diagnóstico.
A colangiografia endoscópica também poderá ser utilizada e tem alta sensibilidade e especificidade.
Esse método permite não apenas o diagnóstico, mas também a medida terapêutica básica, que é a retirada do
cálculo. Se, por qualquer razão, esse método for inviável, outra solução é a colangiografia transparieto-hepática,
com resultados claros e confiáveis. A colangiorressonância, menos agressiva e com excelente resolução, tem
sido o método escolhido, desde que disponível no local.
Diferentemente do que ocorre na cólica biliar, a coledocolitíase sintomática exige diagnóstico imediato e
retirada do cálculo, com desobstrução do canal.
Catarina Nykiel e Crislane Nogueira - MedManas
Se você está se perguntando como diferenciar as três últimas doenças: COLELITÍASE,
COLECISTITE e COLEDOCOLITÍASE, esse tópico é especialmentepra você!
Até os nomes são parecidos, mas felizmente é bem fácil diferenciar as três. O que vai
mudar basicamente é o LOCAL onde está a obstrução. (Por isso a anatomia é tão
importante nesse problema!) Veja:
→ COLE + LITÍASE: cálculos na vesícula.
LOCAL: dentro da vesícula.
→ COLE + CISTITE: obstrução do cístico, seja por cálculo ou por outra condição.
LOCAL: entre a vesícula e a via biliar principal.
→ COLEDOCO + LITÍASE: obstrução do colédoco.
LOCAL: na via biliar principal.
!! Então o paciente pode ter, por causa do mesmo cálculo, as 3 afecções? Sim!
Catarina Nykiel e Crislane Nogueira - MedManas

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