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Escherichia coli I – INTRODUÇÃO Escherichia coli é um dos microrganismo tido como habitante natural da flora microbiana do trato intestinal de humanos e da maioria dos animais de sangue quente, sendo portanto, normalmente encontrado nas fezes destes animais. Muitas cepas de Escherichia coli não são patogênicas. São classificados como bastonetes retos, Gram negativos, não formadores de esporos, 2.0 – 6.0 m, x 1.1 – 1.5 m, possuem motilidade através de flagelos ou são imóveis. São anaeróbios facultativos e utilizam D-glicose e outros carboidratos com a formação de ácido e gás. São oxidase negativa, catalase positiva, vermelho de metil positivo, Voges-Proskauer negativo e geralmente citrato negativo. São negativos para H²S, hidrólise de uréia e lipase Existem basicamente quatro diferentes grupos de Escherichia coli que tem sido relacionados com surtos de infecção alimentar, sendo classificados de acordo com: Propriedades de virulência; Sorotipos O:H; Interações com a mucosa intestinal; Síndrome clínica; Epidemiologia; As espécies são classificadas por sorotipagem, usando anticorpos, especialmente contra antígenos "O" somático e "H" flagelar, de várias cepas ( Reed, l994 ). Os principais grupos de Escherichia coli são: Escherichia coli enteropatogênica ( EPEC ): A primeira delas é conhecida como Escherichia coli enteropatogênica (EPEC), e é conhecida como causadora de surtos de diarréia neonatal que ocorre freqüentemente em berçários hospitalares. Muitos adultos possuem EPEC no trato intestinal, porém não expressam os sintomas da doença. Acredita-se que adultos adquirem imunidade a este microrganismo. O mecanismo de patogenicidade da EPEC não esta completamente definido, mas acredita-se que a aderência à mucosa intestinal seja um importante fator para a colonização do trato intestinal. Estudos "in-vivo" tem mostrado que cepas de EPEC possuem um tipo específico de ligação e facilidade de aderência à mucosa das células epiteliais intestinais. A bactéria destroi as micovilosidades sem invasão posterior e adere intimamente à membrana das células intestinais, com a membrana envolvendo parcialmente cada bactéria (Doyle, l991 ). Escherichia coli enteroinvasiva ( EIEC ): Escherichia coli patogênicas são as enteroinvasivas ( EIEC ). A EIEC tem um comportamento patológico muito semelhante a Shigella. Os sintomas são calafrio, febre, dores abdominais e disenteria. A dose infectante é alta, geralmente 10 6 – 10 8 microrganismos/g ou ml. O período de incubação varia de 8 a 24 horas com média de 11 horas e a duração da doença é usualmente de vários dias. O curso da infecção é muito semelhante ao da Shigelose. O microrganismo invade células do epitélio intestinal, multiplica-se dentro destas células e invadem células epiteliais adjacentes provocando ulcerações do cólon, resultando finalmente em diarréia de sangue. Aproximadamente 11 sorotipos são responsáveis por infecções de EIEC e o principal deles é O: 124. Escherichia coli enterotoxigênica ( ETEC ): A Escherichia coli enterotoxigênica ( ETEC ) é geralmente mais associada à " diarréia do viajante" do que a doenças alimentares nos Estados Unidos. Os sintomas de ETEC são similares aos da cólera: diarréia aquosa, desidratação, possivelmente choque, e algumas vezes vômito. A dose infectante é muito alta estando entre 10 8 e 10 10 microrganismos. O período de incubação varia de 8 a 44 horas, com média de 26 horas e a duração da doença é curta, aproximadamente 24 a 30 horas. produz uma ou mais toxinas, que vão agir no intestino delgado induzindo a libertação de fluido. Não ocorre invasão nem dano à camada epitelial do intestino delgado, apenas ocorre colonização e produção O microrganismo coloniza a superfície epitelial do intestino delgado e de toxinas. conter o plasmídio codificante para a produção de uma Três fatores são necessários para que ETEC cause diarréia em um hospedeiro. Primeiro, o microrganismo deve ser toxigênico, ou seja, deve ou duas toxinas. Segundo, o hospedeiro deve ingerir um número suficiente de células ( 10 6 ou mais ) para que ocorra a doença. E finalmente, o microrganismo deve estar em contato com a mucosa do intestino delgado. Isto é alcançado através de fatores de colonização. Estes fatores de colonização são fimbriais bastante específicas, proteináceas, de estrutura semelhante ao cabelo, não flagelar, mas simplesmente prolongamentos filamentosos na superfície da célula, que permite a adesão da ETEC à mucosa do epitélio intestinal. Diversos tipos de fatores de colonização tem sido identificados, e demonstrando ser bastante espécie específicos ( Doyle e Cliver, 1990 ). Pode haver produção de um ou dois tipos de toxinas, dependendo do plasmídio contido. Uma toxina é termo-lábil, e é inativada por aquecimento à 60°C por 30 minutos. Esta toxina é muito semelhante à toxina da cólera e pode ser neutralizada com antitoxina para toxina da cólera por serem imunologicamente relacionadas. O segundo tipo de toxina produzido por alguns tipos de ETEC é termo- estável e pode resistir à temperatura de 100°C por 30 minutos. Vários surtos de toxinfecção alimentar devido à ETEC tem sido relatados. No Estado de Wisconsin em 1980, mais de 400 pessoas se tornaram doentes após a ingestão de alimentos de um restaurante mexicano. Foi determinado que a contaminação ocorreu através de um dos cozinheiros, que apresentava quadro diarréico durante um período de duas semanas antes do surgimento do surto ( Doyle e Cliver, 1990). Escherichia coli enterohemorrágica (EHEC) O quarto grupo de Escherichia coli é o das enterohemorrágicas. Entre os grupos patogênicos de Escherichia coli, este é provavelmente o mais importante em termos de infecções alimentares, e o principal sorotipo envolvido é o O157:H7, que é o assunto deste trabalho apresentado a seguir. II – Etiologia A maioria das características bioquímicas da Escherichia coli O157:H7 são típicas de Escherichia coli, porém com algumas exceções importantes. As características bioquímicas da Escherichia coli são mostradas na tabela 1. TABELA 1 Características bioquímicas da Escherichia coli Fonte: Manual Bergey’s Aproximadamente 93% das cepas de Escherichia coli isoladas de humanos fermentam o sorbitol em 24 horas, entretanto o mesmo não acontece com Escherichia coli O157:H7, e quando plaqueadas no ágar "Sorbitol-MacConkey" as colônias apresentam-se sem cor, fornecendo uma característica que é facilmente distinguível de outras Escherichia coli fecais ( Tarr, 1994; ). Além disso, 93% das cepas Escherichia coli possuem a enzima B-glucoronidase, que é a base para a realização do teste (MUG) para detecção de Escherichia coli, porém Escherichia coli O157:H7 é MUG negativo, indicando que a atividade da enzima B- glucoronidase não é fenotipicamente expressa por estes organismos. Estudos com relação à temperatura de crescimento indicaram que Escherichia coli O157:H7 cresce rapidamente entre 30 e 42°C, com tempos de geração variando de 0,49 hs à 37°C até 0,64 hs e 42°C. Este microrganismo cresce pobremente à temperatura de 44 – 45°C, e não cresceu em 48 horas à temp. de 10°C ou 45,5°C ( Doyle e Schoeni, 1984 apud Padhye e Doyle, 1992 ). Muitos procedimentos utilizados para detectar presença de Escherichia coli utilizam temperaturas de incubação na faixa de 44 e 45°C, sendo assim, estes procedimentos não são indicados para pesquisa de Escherichia coli O157:H7. Em outro estudo realizado, foi revelado que a variação de temperatura para crescimento de Escherichia coli O157:H7 e produção de gás em "caldo EC" em 48 horas era de 19,3 a 41,0°C, e crescimento sem formação de gás foi observado à 16,4°C e 42,5°C ( Raghubeer e Matches, 1990 apud Doyle, 1991). Estudos sobre a inativação térmica de Escherichia coli O157:H7 em carne moída revelaram que o microorganismo não apresentaintensa resistência ao calor, com valores D* de 270, 45, 24 e 9.6 segundos a 57.2, 60.0, 62.8 e 64.3°C respectivamente O microorganismo é mais sensível ao calor que isolados típicos de Salmonella. ( Tabela 2 ) ( Doyle e Schoeni, 1984 apud Padhye e Doyle, 1992 ). TABELA 2 Valores D* para inativação de Escherichia coli O157:H7 Temperatura (°C) Tempo (segundos ) 57,2 60,0 62,8 64,3 270 45 24 9,6 * Valor D é o tempo de redução decimal. É o tempo necessário para destruir 90% das células de um microrganismo em um produto. Fonte: Doyle e Schoeni, 1984. Além disso, no caso de leite o processo de pasteurização é capaz de inativar Escherichia coli O157:H7. O microorganismo pode sobreviver bem em carne moída congelada durante estocagem à – 20°C. Não há grandes alterações na população de Escherichia coli O157:H7 em carne moída congelada à –80°C e mantida à –20°C por mais de 9 meses (Padhye e Doyle, 1992). A tolerância do microorganismo ao ácido tem sido previamente documentada. Em experimento realizado por Arocha et. Al. (1992), foi demonstrado que Escherichia coli O157:H7 pode sobreviver na presença de baixo pH e alta acidez produzida por bactérias láticas durante a fabricação de queijo "cottage". Pode sobreviver à fermentação, desidratação, e estocagem de embutidos fermentados a pH 4,8 por mais de dois meses (Glass et al. 1992 apud Zhao e Doyle, 1994). Estudos determinaram que nem ácido acético, cítrico ou lático em concentrações até 1,5% e aplicados em carnes a 20 ou 55°C reduziram apreciavelmente a contagem de Escherichia coli O157:H7 ( Brackett et al., 1994 apud Zhao e Doyle, 1994). Não foi observado nenhuma alteração na população de Escherichia coli O157:H7 em saladas de carne (pH 5,40 a 6,07) contendo até 40% de maionese, mantidas a 5° por até 72 horas ( Abdoul-Raouf et al, 1993 apud Zhao e Doyle, 1994). III- Aspectos Epidemiológicos Escherichia coli O157:H7 foi isolada pela primeira vez em 1975 na Califórnia, de uma mulher com diarréia de sangue. O microrganismo foi reconhecido como causador de doenças em humanos em 1982 quando foi associado à dois surtos de colite hemorrágica nos estados de Oregon e Michigan ( Tabela 3 ). Ambos os surtos foram relacionados epidemiologicamente à ingestão de hamburguer contaminado em uma cadeia de "fast-food". Escherichia coli O157:H7 foi encontrada nas fezes de aproximadamente metade do número de afetados e em nenhuma das pessoas do grupo controle. A partir deste momento, vários surtos de Escherichia coli O157:H7 foram registrados nos Estados Unidos, Canadá e Grã-Betãnha. Com o aumento da inspeção para Escherichia coli O157:H7, diversas infecções tem sido reconhecidas em todas partes do mundo, como por exemplo no México, China, Argentina e Bélgica. Recentemente, em janeiro de 1993, no estado de Washington, ocorreu um incidente fatal, envolvendo a contaminação de hamburguer por Escherichia coli O157:H7 em uma cadeia de restaurantes chamada "Jack In The Box". Várias crianças adoeceram e duas faleceram. O surto foi relacionado à ingestão de hamburguer mal-cozido ( Kushner, 1993; Marks e Roberts, 1993; Mermelstein, 1993). Bovinos, principalmente animais jovens como bezerros e novilhos, tem sido identificados como reservatórios naturais de Escherichia coli O157:H7. O microrganismo foi isolado, em várias ocasiões, das fezes de bezerros e novilhos, incluindo de bezerros, de 1 a 3 semanas de idade. Diversos alimentos de origem animal, principalmente produtos derivados de carne bovina, tem sido considerados veículos de transmissão de Escherichia coli O157:H7. Pesquisas revelaram a presença do microrganismo em 2 a 4 % em carne moída, 1,5 % em carne de aves, 1,5 % em carne de porco, e 2 % em cordeiros. Considerando que o microrganismo também foi isolado de carnes de porco, cordeiro e veado, é possível que suínos, ovinos e cervos também possam ser reservatórios de Escherichia coli O157:H7. Entre alimentos relacionados como veículo de transmissão estão principalmente a carne moída e o leite não pasteurizado. Porém cidra de maçã não pasteurizada, batatas cruas, carne de peru e maionese tem sido associados com surtos de Escherichia coli O157:H7 (Marks e Roberts, 1993 ). Outro veículo tem sido notificado como responsável por surtos de Escherichia coli O157:H7, que é a ingestão de água contaminada. Um grande surto por ingestão de água contaminada ocorreu em Cabool, MO, USA, durante o inverno de 1991. Foram documentados 243 casos, incluindo 32 hospitalizações e 4 mortes ( Rice et. Al, 1992 ). Casos de transmissão pessoa a pessos também tem sido reportados como responsável por surto de infecção por Escherichia coli O157:H7. A doença atinge principalmente pessoas muito novas ou pessoas muito velhas, e aqueles com sistema imunológico enfraquecido (Marks e Roberts, 1993). Porém todas as idades podem apresentar a doença. Existem casos registrados de pessoas de 11 meses de vida até 78 anos de idade (Padhye e Doyle, 1992). Em estudo realizado por Marks e Roberts (1993), foi estimado uma taxa de incidência de 3 a 8 por 100.000 americanos anualmente. Multiplicando-se este valor pela população dos Estados Unidos (255,6 milhões em 1992), esta incidência resulta em 7668 a 20.448 pessoas por ano com a doença provocada por infecção com Escherichia coli O157:H7 (Tabela 4). IV- Sintomas O período de incubação da doença varia de 3 a 9 dias, com média de 4 dias, e duração da doença varia de 2 a 9 dias, também com média de 4 dias. A doença causada por infecção por Escherichia coli O157:H7 é bastante severa e pode ser expressa por três manifestações diferentes: Colite hemorrágica, síndrome urêmica hemolítica (HUS), e trombocitopenia trombótica púrpura (TTP). Os sintomas da colite hemorrágica começam com o súbito início de uma forte dor abdominal, seguindo, dentro de 24 horas, de uma diarréia aquosa que mais tarde se torna diarréia de sangue, descrita com "All blood and no stool" (somente sangue sem fezes). Esta dor abdominal é descrita como de igual intensidade com a "dor do parto" e pior que as dores de apendicite. Pode ocorrer vômito, mas há pouca ou nenhuma febre (Padhye e Doyle, 1992). Síndrome urêmica hemolítica (HUS) é a complicação mais severa da infecção entérica com Escherichia coli O157:H7, é a principal causa de insuficiência renal aguda em crianças ( Crinnantonio et al., 1964 apud Padhye e Doyle, 1992). É diagnosticada em média 7+/- 2 dias após o estabelecimento da diarréia (Tarr, 1994). A síndrome é um conjunto de alterações que envolvem: anemia hemolítica microangiopática, trombocitopenia e neufropatias agudas (disfunção renal). Clinicamente, pacientes com HUS apresentam-se seriamente doentes ou algumas vezes com icterícia e frequentemente com hipertensão. Necessitam de hemodiálise frequentemente e de transfusões de sangue. Os pacientes podem apresentar problemas no sistema cardiovascular e sistema nervoso central com infartes cardíacos, ataques repentinos de apoplexia, coma e encefalopatias hipertensivas. Pode levar à morte. Pacientes com trombocitopenia trombótica púrpura (TTP) exibem características clínicas e patológicas semelhantes a de pacientes com HUS, porém o envolvimento do sistema nervoso central é a principal característica. É uma síndrome que geralmente ocorre em adultos, e consiste de anemia hemolítica microangiopática, trombocitopenia profunda, sinais neurológicos, febre e azotemia. Ocorre formação de coágulos sanguíneos, o que resulta frequentemente em morte. V- Patogenia O mecanismo de patogenicidade da Escherichia coli O157:H7 ainda não foi completamente definido, entretanto vários fatores de virulência tem sido identificados. Foi demonstrado que o microrganismo produz uma ou mais toxinas. Estas toxinas são citotóxicas à célula Vero (rim de macaco verde africano ) e também à células HeLa. Duas toxinas foram purificadas e caracterizadas, sendodenominadas "verotoxina 1 (VT-1)" e "verotoxina 2 (VT-2)". As toxinas são imunologicamente e estruturamente semelhantes à "Shiga toxina", produzida pela Shigella dysenteriae, apresentando características idênticas de atividade biológica, citotoxidade às células HeLa, letalidade a ratos e enterotoxidade ( O’Brien et al, 1983 apud Padhye e Doyle, 1992). Devido a estas similaridades as toxinas são chamadas também de "Shiga-like toxins" (SLT). A VT-1 consiste de duas sub-unidades, A e B, com pesos moleculares de 31.000 e 5.000- 7.000 respectivamente e um ponto isoelétrico de 7.1. VT-1 é neutralizável com anti-soro de shiga toxinas. VT-2 também consiste de duas subunidades, A e B, com pesos moleculares semelhantes à VT-1, porém possuem um ponto isoelétrico de 5.2 e não são neutralizáveis com anti-shiga toxina (Doyle, 1991). O proposto modo de ação em células de mamíferos envolve a seguinte sequência de eventos. A sub-unidade B da toxina liga-se a receptores glicolipídicos na célula. Após internalização, a sub-unidade A é enzimaticamente reduzida para um fragmento A1. Este fragmento liga-se então a ribossomos 60S para inibir a síntese protéica e causar a morte celular ( O’Brien e Holmes, 1987 apud Doyle, 1991). Não se sabe ainda se a Escherichia coli O157:H7 pode produzir verotoxinas em alimentos, ou se a ingestão de verotoxinas pré-formadas nos alimentos pode provocar doenças nos seres humanos. A maioria das Escherichia coli O157:H7 carregam um plasmídio de 60 Mda (mega- daltons). Várias interessantes e conflitantes observações tem sido feitas por diversos autores sobre o papel do plasmídio de 60 Mda conferindo propriedades de aderência ao microrganismo, entretanto, o processo de colonização do trato intestinal não está totalmente elucidado ( Doyle, 1991). Estudos tem revelado que existe um padrão de colonização bastante definido, sendo semelhante às características de fixação e destruição ( attaching and effacing ) que ocorrem nos casos de infecção humana por Escherichia coli O157:H7 enteropatogênica ( Moon et al, 1983 apud Doyle, 1991). Escherichia coli O157:H7 coloniza difusamente o ceco, superfícies do cólon e o epitélio das criptas. Microvilosidades são destruídas e células epiteliais são irregularmente formadas ou destacadas no local de fixação bacteriana. Alguns estudos tem revelado a penetração de bactérias dentro de células epiteliais, entretanto, a intensiva invasão e multiplicação intracelular, como ocorre nos casos de infecção por Shigella, não é observada ( Tzipori et al, 1986 apud Doyle, 1991). Pacientes com infecção por Escherichia coli O157:H7 apresentam pouca ou nenhuma febre, o que sugere que o microrganismo não é invasivo e não penetra no sistema circulatório. Há uma colonização do trato intestinal, onde são elaboradas toxinas, as quais são subsequentemente ativas no cólon (Padhye e Doyle, 1992). A patogenia da síndrome urêmica hemolítica (HUS), também está associada com estas toxinas que provocam danos às células endoteliais e deste modo disparam um mecanismo de coagulação, que resultará na formação de microtrombos que poderão obstruir completamente ou parcialmente alguns capilares dos rins e de outros órgãos, o que provocará um acúmulo de resíduos no sangue (Byrnes e Moake, 1986; Cleary, 1988 apud Padhye e Doyle, 1992). Estes coágulos podem também obstruir pequenos capilares no cérebro, o que frequentemente leva à morte. Em trabalho realizado por Tarr (1994), foi encontrado Escherichia coli O157:H7 nas fezes de 96 % dos pacientes com HUS. As fezes foram colhidas seis dias após o início da diarréia.
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