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Contração muscular Excitação e contração do músculo liso: ↳Contração do músculo liso: →O músculo liso é composto por fibras menores e mais curtas, em relação as do músculo esquelético; →A contração é causada pelas mesmas forças de atração entre os filamentos de miosina e de actina tanto do músculo liso quanto do músculo esquelético, o que muda é o arranjo físico interno das fibras; ↳Tipos de músculo liso: O músculo liso de cada órgão se distingue dos da maioria dos outros órgãos por vários aspectos: · Dimensões físicas; · Organização em feixes ou folhetos; · Resposta a diferentes tipos de estímulos; · Características da inervação; · Função. No entanto, ele pode ser dividido em dois grandes grupos: →Músculo liso multiunitário: · Composto por fibras musculares separadas e discretas; · Cada fibra se contrai independentemente das outras, e o controle é exercido principalmente por sinais nervosos; · Cada fibra é inervada por uma só terminação nervosa; · As superfícies externas dessas fibras são recobertas por fina camada de substância semelhante à da membrana basal (colágeno + glicoproteínas) que isola as fibras umas das outras; Exemplos: músculo ciliar do olho, músculo da íris do olho e os músculos piloeretores. →Músculo liso unitário (ou de unidade única)/ Músculo liso sincicial/Músculo liso visceral: · Uma significativa massa de centenas a milhares de fibras lisas se contrai ao mesmo tempo, como uma só unidade; · As fibras estão dispostas em folhetos ou feixes e suas membranas celulares são aderidas entre si (por meio de junções comunicantes- permite a passagem de íons) em muitos pontos, de modo que a força gerada em uma fibra muscular pode ser transmitida à seguinte; É encontrado nas paredes da maioria das vísceras do copo, incluindo o trato gastrointestinal, os ductos biliares, os ureteres, o útero e muitos vasos sanguíneos. ↳Mecanismo contrátil do músculo liso: →Base química para a contração: · O músculo liso contém filamentos de actina e miosina, mas não tem o complexo de troponina; · O processo contrátil é ativado por íons cálcio, e o trifosfato de adenosina (ATP) é degradado a difosfato de adenosina (ADP) para fornecer energia para a contração; · Em relação ao músculo esquelético, existem diferenças no acoplamento excitação-contração, controle do processo contrátil pelos íons cálcio, duração da contração e quantidade de energia necessária para a contração; →Base física para a contração: · Filamentos de actina ligados aos corpos densos (alguns desses corpos estão ligados à membrana celular, outros dispersos no interior da célula); Os corpos densos desempenham o mesmo papel que os discos Z no músculo esquelético. · Pontes de proteína intercelular: conectam corpos densos na membrana de células adjacentes; ↓ A força da contração é transmitida de célula a célula por essas conexões. · Os filamentos de miosina estão entre os filamentos de actina na fibra muscular; Os filamentos de miosina apresentam pontes cruzadas “com polarização lateral”, disposta de forma que as pontes de um lado se curvam em uma direção e as do outro lado dobram na direção oposta. ↓ Essa configuração permite que a miosina puxe os filamentos de actina em uma direção de um lado e em outra no lado oposto, permitindo que as células do músculo liso se contraiam por até 80% do seu comprimento. ↳Comparação entre a contração do músculo liso e a contração do músculo esquelético: Músculo esquelético→ contrai e relaxa rapidamente; Músculo liso→ contração tônica prolongada, durante horas ou até mesmo dias. →Baixa frequência de ciclos das pontes cruzadas de miosina: · Possível razão para a baixa frequência dos ciclos é que as cabeças das pontes cruzadas apresentam menos atividade de ATPase do que no músculo esquelético, de modo que a degradação do ATP, que energiza os movimentos das cabeças das pontes cruzadas, é reduzida com a correspondente baixa velocidade dos ciclos. →Baixa energia necessária para manter a contração do músculo liso. →Lentidão do início da contração e do relaxamento do tecido muscular liso total: · O lento início da contração do músculo liso, bem como sua contração prolongada, são causados pela lentidão da conexão e da desconexão das pontes cruzadas com os filamentos de actina. →A força máxima da contração geralmente é maior no músculo liso do que no músculo esquelético: · A grande força da contração do músculo liso resulta do período prolongado de conexão das pontes cruzadas de miosina com os filamentos de actina. →O mecanismo de trava facilita a manutenção prolongada das contrações do músculo liso · Uma vez que o músculo liso tenha desenvolvido contração completa, a quantidade de excitação continuada pode ser usualmente reduzida a bem menos que o nível inicial e, ainda assim, o músculo mantém sua força de contração; · A energia consumida para manter a contração é muito baixa. →Estresse-relaxamento do músculo liso: · É sua capacidade de restabelecer quase a mesma força original de contração, segundos ou minutos depois de ter sido alongado ou encurtado; · Ocorre especialmente no músculo liso unitário visceral de muitos órgãos ocos; · Permite que o órgão oco mantenha quase a mesma pressão no interior de seu lúmen, a despeito de grandes e prolongadas alterações no volume. ↳Regulação da contração pelos íons cálcio: O estímulo inicial para a contração é o aumento intracelular dos íons cálcio, causado por: · Estimulação nervosa da fibra muscular lisa; · Estimulação hormonal; · Estiramento da fibra; · Alteração química no ambiente da fibra. →Combinação dos íons com a calmodulina para ativar a miosina-quinase e a fosforilação da cabeça da miosina: A calmodulina é a proteína reguladora das células lisas musculares que inicia a contração ao ativar as pontes cruzadas da miosina: 1. A concentração de cálcio no líquido citosólico do músculo liso aumenta em consequência do influxo de cálcio, a partir do líquido extracelular através dos canais de cálcio e/ou da liberação de cálcio a partir do retículo sarcoplasmático; 2. Os íons cálcio se ligam à calmodulina de forma reversível; 3. O complexo calmodulina-cálcio se une á miosina e ativa a miosina-quinase, enzima fosfolativa; 4. Uma das cadeias leves de cada cabeça da miosina é fosforilada, fazendo com que a cabeça da miosina adquira a capacidade de se ligar repetidamento com o filamento de actina e de desenvolver os ciclos de trações intermitentes, que provocando a contração muscular. OBS: Quando essa cadeia não está fosforilada, o ciclo de conexão-desconexão da cabeça da miosina com o filamento de actina não ocorre. ↳Fontes de íons cálcio que provocam contração: A maioria dos íons cálcio, que provocam contração, entra na célula muscular a partir do líquido extracelular no momento do potencial de ação ou outro estímulo. →Papel do retículo sarcoplasmático do músculo liso: (túbulos sarcoplasmáticos ligeiramente desenvolvidos) Quando um potencial de ação é transmitido para dentro das cavéolas, acredita-se que estimule a liberação de íons cálcio a partir dos túbulos sarcoplasmáticos contíguos. OBS: quanto mais extenso é o retículo sarcoplasmático na fibra do músculo liso, mais rápido ele se contrai. →A contração do músculo liso depende da concentração extracelular de íons cálcio · Quando a concentração extracelular de íons cálcio diminui para aproximadamente 1/3 a 1/10 do normal, a contração do músculo liso usualmente cessa. →É necessário uma bomba de cálcio para induzir o relaxamento do músculo liso: · A bomba de cálcio bombeia os íons cálcio para fora da fibra do músculo liso novamente para o líquido extracelular ou para o retículo sarcoplasmático; · Essa bomba precisa de ATP e é de ação lenta em comparação a ação rápida da bomba no retículo sarcoplasmático do músculo esquelético- o que faz com que a duração da contração seja maior no músculo liso; →A miosina fosfatase é importante para o fim da contração: · Catalisa a desfosforilação; Enzima fosfatase da miosina (localizada nos líquidos da célula muscular lisa) → cliva o fosfato da cadeira leve reguladora→ interrompendo o cicloe cessando a contração. OBS: a quantidade de fosfatase de miosina ativa na célula determina o tempo necessário para o relaxamento. →Possível mecanismo para a regulação do fenômeno trava: 1. Quando as enzimas miosina-quinase e miosinofosfatase das cabeças da miosina estão ambas muito ativadas, a frequência dos ciclos das cabeças de miosina e a velocidade de contração ficam aumentadas; 2. Com a redução da ativação dessas enzimas, a frequência dos ciclos diminui; porém ao mesmo tempo sua desativação permite que as cabeças de miosina se mantenham ligadas ao filamento de actina por fração cada vez mais longa da proporção do ciclo; 3. Como o número de cabeças ligadas à actina determina a força estática da contração, a tensão é mantida ou “travada”; pouca energia é usada pelo músculo, porque o ATP não é degradado à ADP, exceto na rara ocasião em que a cabeça se desconecta. ↳Controles nervosos e hormonal da contração do músculo liso: · O músculo liso contém muitos tipos de receptores proteicos, que podem iniciar o processo contrátil por estímulo nervoso, hormonal, estiramento do músculo ou de várias outras maneiras; · Há também receptores proteicos que inibem a contração. ↳Junções neuromusculares do músculo liso: →Anatomia fisiológica das junções neuromusculares do músculo liso: · As fibras nervosas não fazem contato direto com a membrana celular das fibras musculares lisas, mas formam as junções difusas, que secretam a substância transmissora na matriz que recobre o músculo liso; · Onde há muitas camadas de células musculares, as fibras nervosas inervam apenas a camada externa e essa camada é que passa a excitação musculares para as internas, por condução do potencial de ação pela massa muscular ou por difusão da substância transmissora; · Os axônios que inervam as fibras musculares lisas não apresentam a ramificação típica e as terminações do tipo que se observam na placa motora nas fibras musculares esqueléticas, mas sim múltiplas varicosidades nos seus terminais axonais finos; Nesses pontos, as células de Schwann que envelopam os axônios são interrompidas para que a substância transmissora possa ser secretada através das paredes das varicosidades; As vesículas das terminações das fibras nervosas autônomas contêm acetilcolina em algumas fibras e norepinefrina em outras — e ocasionalmente também outras substâncias; · No músculo liso do tipo multiunitários, as varicosidades estão separadas da membrana da célula muscular por junções de contato (funcionam de modo parecido à junção neuromuscular do músculo esquelético); A rapidez da contração dessas fibras musculares lisas é maior que a das fibras estimuladas pelas junções difusas. → Substâncias transmissoras excitatórias e inibitórias secretadas na junção neuromuscular do músculo liso: · As substâncias transmissoras mais importantes são a acetilcolina e a norepinefrina; · Acetilcolina: é excitatória para as fibras do músculo liso em alguns órgãos, porém um transmissor inibitório para o músculo liso em outros; · Quando a acetilcolina excita uma fibra muscular, a norepinefrina ordinariamente a inibe. Ao contrário, quando a acetilcolina inibe uma fibra, a norepinefrina usualmente a excita. · O tipo de receptor (excitatório ou inibitório) determina se o músculo liso será inibido ou excitado e também determina qual dos dois transmissores, acetilcolina ou norepinefrina, causa excitação ou inibição. ↳Potenciais de membrana e potenciais de ação no músculo liso: →Potenciais de membrana no músculo liso: · Depende da situação momentânea do músculo; · No estado normal de repouso: de -50 a -60mV. →Potenciais de ação no músculo liso unitário: · Ocorrem no músculo liso unitário do mesmo modo que no músculo esquelético; Os potenciais de ação do músculo liso visceral ocorrem em uma de duas formas: 1. Potenciais em ponta (figura A): esses potenciais de ação podem ser desencadeados pela estimulação elétrica, pela ação de hormônios sobre o músculo liso, pela ação de substâncias transmissoras, pelo estiramento ou como resultado da geração espontânea da própria fibra muscular. Esse tipo de potencial de ação dura de 10 a 50 milissegundos. 2. Potenciais de ação com platôs (figura B): está associado à contração prolongada, que ocorre no ureter, no útero, por exemplo, em certas condições e certos tipos de músculo liso vascular. O início desse potencial de ação é semelhante ao do potencial em ponta, entretanto a repolarização é retardada →Os canais de cálcio são importantes na geração do potencial de ação do músculo liso: · A membrana celular do músculo liso apresenta mais canais de cálcio controlados por voltagem que o músculo esquelético, porém poucos de sódio, logo o fluxo de cálcio para o interior da fibra é o principal responsável pelo potencial de ação; · O íon cálcio age, também, diretamente sobre o mecanismo contrátil do músculo liso para provocar a contração; →Potenciais de onda lenta no músculo liso unitário podem levar à geração espontânea de potenciais de ação: · Alguns músculos lisos são autoexcitatórios; · Essa atividade está frequentemente associada a um ritmo em onda lenta básico do potencial de membrana (figura B). A onda lenta não é o potencial de ação, ela não é processo autorregenerativo que se propaga progressivamente pelas membranas das fibras musculares; Acredita-se que as ondas lentas sejam causadas pelo aumento e pela diminuição de íons positivos (provavelmente sódio) para fora da membrana da fibra muscular; Quando as ondas lentas têm amplitude suficiente, elas podem iniciar potenciais de ação; A cada pico de onda lenta ocorre um ou mais potenciais de ação e essas sequências repetitivas de potenciais de ação desencadeiam a contração rítmica da massa muscular lisa, por isso são chamadas de ondas marca-passo. →Excitação de músculo liso visceral pelo estiramento muscular: · Quando o músculo liso visceral é estirado o suficiente são gerados potenciais de ação espontâneos. Eles resultam de: 1. Potenciais de onda lenta normais; 2. Diminuição da negatividade do potencial de membrana, causada pelo estiramento. Exemplo: quando o intestino está muito distendido, pelo conteúdo intestinal, as contrações automáticas locais formam frequentemente ondas peristálticas que movem o conteúdo para fora da região distendida, usualmente em direção ao ânus. ↳Despolarização do músculo liso multiunitário sem potenciais de ação: As fibras musculares lisas do músculo multiunitário se contraem em resposta a estímulos nervosos, as terminações nervosas secretam acetilcolina ou norepinefrina→ as substâncias provocam despolarização da membrana da musculatura lisa, o que provoca contração, mas potencias de ação geralmente não se desenvolvem porque as fibras são muito pequenas A despolarização local (potencial juncional), causada pela substância neurotransmissora, se propaga-se eletrotonicamente por toda a fibra, causando a contração. →Efeitos dos fatores teciduais locais e dos hormônios para causar contração do músculo liso, sem potenciais de ação: São fatores estimuladores não nervosos. 1. Contração do músculo liso em resposta a fatores químicos teciduais locais: a. A falta de oxigênio nos tecidos locais causa relaxamento do músculo liso e, portanto, vasodilatação; b. O excesso de dióxido de carbono causa vasodilatação; c. O aumento na concentração de íons hidrogênio causa vasodilatação. d. Adenosina, ácido lático, aumento na concentração de íons potássio, diminuição na concentração dos íons cálcio e elevação da temperatura corporal podem causar vasodilatação local.; e. A diminuição da pressão arterial, ao originar uma menor distensão do músculo liso vascular, faz também com que esses pequenos vasos sanguíneos se dilatem.; 2. Efeitos dos hormônios na contração do músculo liso: · Norepinefrina, epinefrina, angiotensina II, endotelina, vasopressina, oxitocina, serotonina e histamina; · Um hormônio causa contração de um músculo liso quando a membrana da célula muscular contém receptores excitatórios controlados por hormônio. Se a membrana contiver receptores inibitórios, o hormônio provocainibição. →Mecanismo de excitação ou inibição do músculo liso por hormônio ou fatores teciduais locais: Excitação: os receptores hormonais na membrana do músculo liso abrem canais de íons sódio ou cálcio→ despolarizam a membrana→ resultando, em alguns casos, no potencial de ação ou na ampliação de potenciais de ação que já estão ocorrendo, e em outros casos, a despolarização permite que íons cálcio entrem na célula e promovam a contração, sem que ocorra um potencial de ação. Inibição: o hormônio ou outro fator tecidual fecha os canais de sódio ou de cálcio, evitando o influxo desses íons positivos, a inibição também se dá quando os canais de potássio são abertos→ aumentando o grau de negatividade no interior da célula muscular→ hiperpolarização→ inibição da contração muscular Algumas vezes, a contração ou a inibição do músculo liso é iniciada pelos hormônios sem causar qualquer alteração direta do potencial de membrana. · O hormônio pode ativar um receptor de membrana que não abre os canais iônicos, mas que causa alteração interna na fibra muscular, tal como a liberação de íons cálcio do retículo sarcoplasmático intracelular; o cálcio então induz a contração. · Para inibir a contração, outros mecanismos receptores ativam as enzimas adenilato ciclase ou guanilato ciclase na membrana celular→ as porções dos receptores que fazem protrusão para o interior das células estão acopladas a essas enzimas, levando á formação do AMPc ou GMPc (segundos mensageiros), que alteram o grau de fosforilação de várias enzimas que indiretamente inibem a contração→ a bomba que move os íons cálcio do sarcoplasma para o retículo sarcoplasmático e a bomba que move íons cálcio para fora da própria célula são ativadas→ inibição da contração.
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