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Universidade Federal do Rio de Janeiro Campus Macaé Enfermagem Angie Martinez Hanseníase • Doença muito estigmatizada, chamada por muito tempo de lepra. • As pessoas afetadas ficavam isoladas, à margem da sociedade, nos leprosários e hospícios. Alusão aos leprosos na bíblia. • Eram renegados pela sociedade, por conta das malformações e resquícios da doença. • É uma doença comum no Brasil. • Existe o dia de combate à hanseníase: importante fazer acompanhamento da população para detectar o máximo de casos possíveis. • A ideia de colônias para pessoas com a doença surgiu em 1921 no país. É uma ideia de um modelo de assistência à saúde alemão, trazida por Juliano Moreira em 1911, que era o diretor do hospício dos alienados. A intenção era que os pacientes tivessem casas nessa colônia, assim como os profissionais de saúde – uma tentativa de ressocialização. -------------------------------------------------------------------- • O período de incubação é de 6 a 10 anos, por conta disso deve-se observar os familiares de pessoas já confirmadas. • Por ser difícil de crianças contagiarem, quando há confirmadas é um indicador de transmissão dentro de casa e contato constante com pessoa não tratada. • Doença infectocontagiosa, com evolução lenta. • Os sinais e sintomas manifestados são dermato- neurológicos: Lesões na pele e nervos periféricos, nas áreas dos olhos, mãos e pés, psoríase... é essencial fazer exame de nervos. • Está relacionada a desigualdade social, já que tem mais incidência em áreas carentes. A maior incidência no país se encontra no Norte e Nordeste. • Sua transmissão é por meio de secreções nasais, gotas de saliva, tosse e espirro de pacientes bacilíferos – sem tratamento. Vias aéreas. • Não há contágio através do contato com a lesão. • Os pacientes tratados deixam de transmitir a doença. Agente causador • Mycobacterium leprae ou bacilo de Hansen. Essa bactéria tem afinidade pelas células cutâneas e nervosas. • A multiplicação do bacilo é lenta, de 11 a 16 dias. • Possui baixa patogenicidade (pouca chance de desenvolver a doença) e alta capacidade de infectar. • A transmissão ocorre pelo contato direto com doentes que não estão em tratamento. • O período de incubação é de 2 a 5 anos. • A pessoa pode ser infectada e só desenvolver a doença anos depois, por isso se pergunta o contato com pessoas de 5 anos atrás. Sintomas • Dormência e dor nos nervos – braços, mães, pernas e pés; • Lesões na pele (caroços, placas, psoríase). • Alteração da sensibilidade a calor, frio e toque da pele, mesmo quando não há lesão visível. • Diminuição da força muscular, por conta do acometimento do nervo. • Machas esbranquiçadas, vermelhas ou amarronzadas. • Quando não tratadas por muitos anos, pode causar deformidades. Transmissão • Doença que mesmo sendo tratável, ainda não foi controlada – atrelado à falta de políticas públicas, econômicas e a influência cultural da população (descaso com a responsabilidade em relação à saúde pública). • O único transmissor é o homem. • A bactéria é transmitida por meio do contato com o doente que não está sendo tratado. • Período de incubação longo – 2 a 5 anos; • Atinge todas as faixas etárias e sexos, sendo mais rara em crianças. Quando há uma criança doente, é porque há um adulto multibacilar sem tratamento. • Há maior incidência nos homens. Relacionado a trabalho – em quartel, exército é muito comum, pelo Cuidados de Enfermagem na Prevenção e Tratamento da Hanseníase Universidade Federal do Rio de Janeiro Campus Macaé Enfermagem Angie Martinez convívio em espaços fechados, viver tantas pessoas juntas, viagens de barco. • A pessoa que começa a ser tratada pela quimioterapia deixa de transmitir, já que ainda nas primeiras doses os bacilos são mortos e são incapazes de infectar outros indivíduos. • É um tratamento longo. • Dependendo do grau de acometimento do nervo, os sintomas neurológicos podem ir diminuindo com o tratamento ou não – normalmente apenas é reversível em casos que estão começando. • As consequências neurológicas não tendem a sumir completamente. Epidemiologia • Anualmente há um boletim de hanseníase feito pelo ministério da saúde sobre os casos novos detectados. • Há maior incidência e risco de transmissão em: Mato Grosso, Pará, Maranhão, Tocantins, Rondônia e Goiás. Em MG a prevalência é de 9,03 por 10 mil habitantes, sendo que a nacional é 1,42. • Mesmo com a diminuição da taxa de prevalência, o Brasil não conseguiu eliminar a hanseníase até 2015, um dos objetivos de desenvolvimento do milênio estabelecidos pela ONU. Ainda, há novos casos a cada ano. • Um novo acordo com a ONU estabelece que o país consiga eliminar a doença até 2022. Contudo, com a pandemia é difícil. • A diminuição de casos novos detectados não significa que não haja novos casos, apenas que não foram detectados pelos serviços. • Pelo tratamento ser longo, há muita desistência do tratamento. • A taxa de cura aumentou em 21.2% (2015) • Dos novos casos reportados à OMS em 2018, 92,6% foram no Brasil e desses, 5,9% ocorreram em menores de 15 anos. • O Brasil é o 2do país com mais casos da doença no mundo. • Nos relatórios de 2020 e 2021 – há uma proporção estável entre as faixas etárias e sexo, sendo maior em homens. • Em 2020-2021 caiu o número de casos detectados em bastante proporção. Quase 50% de queda. Isso em menores de 15 anos. • Os locais mais incidentes são sempre estados do norte e nordeste. • A detecção é frequente em multibacilares – pessoas que tem muito tempo com a doença se manifestando. Em pessoas com a doença recente - Paucibacilar, não há lesões tão perceptíveis. Quando há sinais visíveis, é porque a doença já está avançando para outros graus. Apesar de ser uma doença controlável pela BCG, há muitas dificuldades para erradicar a doença. Até fevereiro de 2020 faltava abastecimento dos medicamentos para combater a doença. Estão sendo incorporados outros medicamentos para tentar continuar combatendo, mesmo com a falta de outros. Hanseníase confirmada: • Diagnóstico clínico, analisando os sinais. • Apresentando um ou + desses sinais: - Lesões de pele com alteração da sensibilidade; - Acometimento nos nervos com espessamento neural; - Baciloscopia positiva – os paucibacilares apresentam baciloscopia negativa, porque a quantidade de bacilos é menor. Faz-se os testes de sensibilidade, já que na doença há grande perda da sensibilidade e da capacidade de suar. • Primeiro é o diagnóstico e depois é a baciloscopia para classificar a doença, que direcionará o tratamento. Quando positiva, será multibacilar, quando negativa, paucibacilar. • O enfermeiro pode fazer o diagnóstico na estratégia da família. Depende das políticas e protocolos do município. • É necessário realizar quimioterapia. • Há muita confusão entre a psoríase e hanseníase. Aspectos clínicos • Sinais e sintomas na derme e nervos são indícios da doença; • Se não houver diagnóstico e tratamento, as alterações neurológicas podem causar incapacidade física e deformidades – dedos em garra, lesões extensas... • Até 5 lesões e baciloscopia negativa: paucibacilar. Universidade Federal do Rio de Janeiro Campus Macaé Enfermagem Angie Martinez • Lesões torácicas muito extensas determinam como multibacilar. Faz-se a baciloscopia para confirmar. Sinais e Sintomas Dermatológicos • Lesões na derme que contenham diminuição ou ausência de sensibilidade, tais como: - Manchas pigmentares ou discrômicas, podendo ser avermelhadas, amarronzadas ou esbranquiçados: ausência, diminuição ou aumento de melanina; depósito de pigmentos ou substâncias na pele; - Placa: lesão mais extensa. Individuais ou aglomeradas. - Infiltração: espessamentoe alteração da consistência da pele – sulcos menores, limites imprecisos, podendo ter eritemas leves. Ao fazer pressão com um tubo de vidro, adquirem uma coloração de café com leite. É resultado da presença de infiltrado celular, que pode apresentar edema e vasodilatação. - Nódulo: lesão sólida, circunscrita, elevada ou não, com 1 a 3 cm de tamanho. Pode ser mais palpável do que visível. É um processo patológico na epiderme, derme ou hipoderme. Presente da hanseníase Virchowiana e dimorfa As lesões podem se localizar em qualquer região, inclusive mucosa nasal e oral. São mais frequentes na face, orelhas, braços, nádegas, pernas e costas. Ex: ressecamento da mucosa do nariz, enrijecimento – por conta da perda de sudorese. Sempre apresentam alteração de sensibilidade!!! Tal característica permite diagnosticar especificamente a hanseníase. Perda total ou diminuição de sensibilidade. Tipos de lesões Com essa placa, por exemplo, ele seria classificado como MB, por conta da extensão. Provavelmente na baciloscopia daria positivo. Sinais e sintomas neurológicos • Lesões nos nervos periféricos, causadas por neurites (processos inflamatórios). Originam-se pela ação do bacilo, reação do sistema imune à bactéria ou ambos. • Caracterizados por: - Dor e espessamento dos nervos (periféricos); - Perda de sensibilidade nas áreas inervadas – frequente em olhos, mãos e pés; - Perda de força muscular nas placas motoras dos nervos afetados – frequente nas pálpebras e membros. • Neurite: processo agudo com dor intensa e edema. Ocorre nos casos mais avançados da doença. Em um primeiro momento não há sinais de comprometimento neural. Conforme a neurite cronifica, é possível observar o comprometimento com a perda da sudorese, que resseca a pele. • Observa-se perda de sensibilidade, dormência e perda de força nos músculos, com paralisia nas áreas inervadas pelos nervos danificados. • Quando não é tratado, esse acometimento neural pode gerar incapacidade e deformidades, por conta da alteração de sensibilidade. Enquanto mais precoce for o diagnóstico e tratamento, melhor será a chance de cura e regeneração neural. • A avaliação é realizada nesses nervos – são palpados para ver se há espessamento. • Atentar-se a espessamento, dor, choque, assimetria. Tipos de hanseníase • A indeterminada e a tuberculóide são as fases iniciais da doença, onde a pessoa costuma ser PB. Começam com manchas menores hipocrômicas ou placas (tuberculóide). • Contudo, nos adultos, pode não ser perceptível as placas e machas. É mais fácil achar a indeterminada Universidade Federal do Rio de Janeiro Campus Macaé Enfermagem Angie Martinez em crianças, os adultos costumam desenvolver a doença já na tuberculoide ou na dimorfa e Virchowiana. Hanseníase indeterminada • Fase inicial da doença, nem sempre perceptível em adultos. • Costuma afetar menores de 10 anos e em casos raros adolescentes e adultos. • Quando detectado neste estágio, o indivíduo tende a conviver com o paciente multibacilar não diagnosticado, pelo pouco tempo de evolução da doença. • Sinais e sintomas: máculas hipocrômicas, acrômicas, eritematosas ou eritemato-hipocrômicas. Limites imprecisos ou nítidos, com 1 a 5 cm de diâmetro. No início há 1 ou 2 manchas nas nádegas, coxas ou na região deltoidiana. Quanto maior for o número, mais avançada é a doença. Ocorre alteração da sensibilidade, vasomotora e de sudorese, com alopecia parcial – perda de cabelo no local. • Diagnóstico por meio da prova da picada e da histamina. • O exame bacterioscópico costuma sair negativo. • Não há comprometimento de tronco nervoso nem grau de incapacidade. Hanseníase tuberculóide • Há o aparecimento de micropápulas na pele normal ou com machas indeterminadas. Costumam ser mais coradas, acastanhadas ou vermelho-acastanhadas, acuminadas ou semiesféricas. • Observam-se placas bem delimitadas, únicas ou em pequeno número, com alteração sensitiva, de sudorese e vasomotoras, com alopecia. • No geral é PB, quando há poucas lesões. Se houver muitas lesões, mesmo com características indeterminadas ou tuberculóides, já se torna MB. • Pode haver a emersão de nervos espessados a partir das placas. Se houver necrose caseosa no nervo, pode causar alterações sensitivas, motores e tróficas. • As placas costumam ser anestésicas, elevadas em relação à pele normal, delimitadas e centro claro. Em forma de circular ou semi-circular. Hanseníase dimorfa • Forma mais comum da doença – mais de 70% dos casos. • Tem um longo período de incubação; • Sinais e sintomas: várias manchas avermelhadas ou esbranquiçadas, bordas elevadas e não delimitadas ou múltiplas lesões bem delimitadas parecidas com a tuberculóide – com a borda externa pouco definida. • Ocorre a perda parcial ou total da sensibilidade, assim como diminuição de sudorese e vaso-reflexo à histamina. Diminuição grave das funções autonômicas. • MB. • Doença em estágio avançado. • Realiza-se a baciloscopia da borda infiltrada das lesões. Tende a ser positiva, a não ser que a doença esteja unicamente nos nervos (raro). • Mesmo com resultado negativo da baciloscopia, classifica-se como MB – pelo número de lesões e sua extensão. Universidade Federal do Rio de Janeiro Campus Macaé Enfermagem Angie Martinez Hanseníase Virchowiana • O diagnóstico é facilmente confirmado com baciloscopia dos lóbulos da orelha e cotovelos. Não tem como a pessoa não ser MB. • Estágio mais avançado e com maiores acometimentos. • Sinais e sintomas: vários nódulos, pápulas vinho- acastanhadas; madarose (perder os cílios); fácies leonina; alterações motores, tróficas e anestesia; alteração na mucosa nasal, oral e faríngea; comprometimento ocular; adenopatia, anemia; infiltração hepática, do baço e da suprarrenal; infiltração testicular que resulta em impotência e esterilidade; rarefação, atrofia e absorção óssea; • Distúrbios neurológicos: destruição e perda de tecido do pé, por conta de traumatismos não percebidos – pé caído e mão em garra. Dá para ver a falta de pelos, queda das pálpebras, lesões... Diagnóstico • O diagnóstico é clínico, por meio do reconhecimento de sinais dermatoneurológicos característicos. • Deve apresentar pelo menos um desses sinais: - Lesão de pele com alteração de sensibilidade; - Acometimento neural com espessamento nos nervos periféricos; - Baciloscopia positiva; • É necessário realizar quimioterapia. Diagnóstico clínico • Realizado por meio do exame físico, para identificar os sinais clínicos característicos da doença. • Constituído por: - Anamnese: coleta de informações sobre a história clínica, sinais e sintomas dermatoneurológicos e história epidemiológica; - Avaliação dermatológica: identificar lesões com alteração de sensibilidade; - Avaliação neurológica: identificar neurites, incapacidades e deformidades; - Diagnóstico dos estados reacionais, iniciados após o tratamento – reações hansênicas. Nesses casos devem ser direcionados para tratamentos especializados em centro de referência. - Diagnóstico diferencial entre a hanseníase e outras doenças.; - Classificação do grau de incapacidade física. Anamnese • Tem o objetivo de conversar com o paciente sobre os sinais e sintomas apresentados, assim como identificar possíveis dados epidemiológicos e contatos dos últimos 5 anos. • Escuta ativa, esclarecer dúvidas e criar um vínculo entre o paciente e profissionais de saúde, estabelecendo respeito e confiança. • Registrar todas as informações no prontuário. • Detalhar a ocupação e atividades diárias – a pessoa pode perder sua capacidade motora e força muscular, passíveis de causar acidentes. • Identificar alterações na pele, tempo desde que surgiram, alteraçõesde sensibilidade em alguma parte do corpo, dores nos nervos, fraqueza nos membros ou utilização de medicamentos/automedicação, assim como os efeitos. Avaliação dermatológica • Tem o objetivo de identificar lesões de pele características da doença, avaliando a sensibilidade. • Inspecionar o corpo em toda sua extensão, no sentido crânio-caudal, na busca de áreas acometidas. • Realizar pesquisa de sensibilidade térmica, dolorosa e tato. Pesquisa de sensibilidade • Sem a sensibilidade, o paciente perde a capacidade de sentir sensações de pressão, tato, calor, dor e frio, Universidade Federal do Rio de Janeiro Campus Macaé Enfermagem Angie Martinez devido à perda de integridade dos nervos e terminações nervosas. • É necessário explicar ao paciente o exame que será feito, para que haja mais colaboração; o profissional que realizar o exame deve estar focado, assim como o paciente; primeiro mostrar a técnica para o paciente com os olhos abertos e depois cobrir o campo de visão; selecionar pontos aleatórios para o teste, fazer o toque por tempo suficiente para que o paciente possa responder, repetir o teste para confirmação; fazer o teste em áreas próximas ao território em que há presença de calosidades, cicatrizes ou úlceras. • Pesquisa de sensibilidade térmica: - Realizar com dois tubos de vidro – um com água fria e outro com água aquecida. - Tocar pele íntegra e pele suspeita com as extremidades de ambos os tubos alternadamente, pedindo que o paciente identifique se está frio ou quente; - Valorizar o detalhamento – menos quente, mais frio, morno, já que a perda pode não ser total. - Caso não seja possível realizar com água fria e quente, utilizar algodão embebido em éter ou álcool. • Pesquisa de sensibilidade tátil: é a primeira a ser perdida. - Realizado com uma mecha fina de algodão seco. - Explicar ao paciente antes de realizar; - Tocar pele sã e suspeita alternadamente. - Perguntar ao paciente se sente o toque e o local. • Pesquisa de sensibilidade protetora/dolorosa: - Realizar com um instrumento pontiagudo – ponta de caneta, por exemplo; - Avaliar se a pessoa sente a dor; - Utilizada para prevenir incapacidades, já que consegue detectar casos precoces de diminuição ou ausência de sensibilidade protetora do paciente. Classificação • Uma vez feito o diagnóstico clínico, deve-se classificar o tipo de hanseníase para fins de tratamento. • A classificação é realizada com base nos sinais e sintomas: - Paucibacilares (PB): casos com até 5 lesões de pele; - Multibacilares (MB): mais de 5 lesões de pele ou com menos e baciloscopia positiva. • O tratamento será feito segundo a classificação. • A baciloscopia é um instrumento que aprimora o diagnóstico clínico. Ela pode classificar como MB, mas não exclui o diagnóstico em caso de negativa nem classifica como PB automaticamente. O início do tratamento é imediato. Se só houver uma lesão normal, por exemplo, começa PB. Se há baciloscopia chegar positiva, faz-se a troca para tratamento MB. Avaliação neurológica • A doença pode causar neurite – inflamação nos nervos periféricos. Essa inflamação acompanha dor intensa, hipersensibilidade, edema, perda de sensibilidade e paralisia muscular. • Com o comprometimento dos nervos periféricos, o paciente tem anidrose, alopecia, perda de sensibilidade térmica, dolorosa e tátil, assim como a paralisia nos músculos. • Os sintomas iniciais e mais comuns: diminuição da sensibilidade, anidrose, alopecia. • A avaliação neurológica consiste em identificar lesões nos nevos periféricos dos olhos, nariz, mãos e Universidade Federal do Rio de Janeiro Campus Macaé Enfermagem Angie Martinez pés, palpação dos troncos nervosos, avaliação da força muscular e da sensibilidade nos olhos e membros. • Avaliação: Na face: nariz – ressecamento, feridas, perfuração de septo; Nos olhos: abrir e fechar, avaliar a força das sobrancelhas, ver a presença de triquíase – perda dos cílios, diminuição da sensibilidade na córnea – fazer leve pressão com filamento de algodão. Membros: palpação do nervo ulnar, mediano e radial, avaliar força motora pedindo para fechar os dedos e flexionar o punho. Avaliação sensitiva: pontos específicos nas mãos, pontos específicos nos pés. Diagnóstico laboratorial • O diagnóstico é clínico, então mesmo que seja realizada a baciloscopia, não se deve esperar pelo resultado para iniciar tratamento. • A baciloscopia é o exame que permite observar a presença da bactéria nos esfregaços de raspados intradérmicos das lesões ou outros locais – lóbulos auriculares e cotovelos. • É um apoio para o diagnóstico, além de servir como critério para confirmar casos de recidiva - reaparecimento, quando comparado ao resultado no momento da cura. Tratamento • Se esqueceu da dose no horário certo e lembrou no mesmo dia, pode tomar. • Se esqueceu e só lembrou no outro dia, não toma. Perde a dose. Não dá para tomar 2 doses em um dia só. Esquema PB • Utiliza-se a combinação de Rifampicina e Dapsona no esquema: - Rifampicina: 1 dose mensal de 600 mg (2 cápsulas de 300 mg) com administração supervisionada; - Dapsona: 1 dose mensal de 100 mg supervisionada e uma dose diária autoadministrada; • O tratamento dura: 6 doses supervisionadas de Rifampicina; • Para alta devem ter 6 doses supervisionadas em até 9 meses. Esquema MB • Combinação de Rifampicina, Dapsona e Clofazimina no esquema: - Rifampicina: 1 dose mensal de 600 mg (2 cápsulas de 300 mg) com administração supervisionada; - Clofazimina: 1 dose mensal de 300 mg (3 cápsulas de 100 mg) com administração supervisionada e 1 dose diária de 50 mg autoadministrada; - Dapsona: 1 dose mensal de 100 mg supervisionadas e 1 dose diária autoadministrada; • O tratamento dura: 12 doses de rifampicina; • Critério de alta: 12 doses supervisionadas em até 18 meses. Diagnóstico das reações hansênicas • Há dois tipos de reações. • São os casos mais graves, as pessoas são acompanhadas em centros específicos. • São alterações do sistema imune que aparecem como inflamações agudas e subagudas. Universidade Federal do Rio de Janeiro Campus Macaé Enfermagem Angie Martinez • São mais comuns em pacientes MB, mas não exclusivas. • Podem surgir antes, durante ou após o tratamento. - Reação tipo 1 ou reação reversa: é o aparecimento de novas lesões, infiltrações, alteração de cor e edema em lesões antigas, com ou sem espessamento dos nervos periféricos e neurite. - Reação tipo 2: aparecimento de Eritema Nodoso Hansênico (ENH) – nódulos subcutâneos dolorosos, acompanhados ou não de febre, dor articular, mal-estar generalizado, orquite, iridociclites, com ou sem espessamento e neurite. Prevenção e tratamento das incapacidades físicas • As ações são norteadas pelas informações coletadas na avaliação neurológica. São realizadas para prevenir mais lesões e as incapacidades. • O paciente deve ser orientado a realizar o autocuidado. Procedimentos: - Autocuidado com o nariz: Sinais e sintomas: ressecamento da mucosa, aumento da secreção nasal, surgimento de secreção sanguinolenta, crostas ou úlceras – por conta do ressecamento; Orientação: utilizar soro fisiológico no nariz ou aspirar pequenas porções dele. Pode ser utilizada água. Manter o líquido no nariz por uns instantes e deixar escorrer em seguida. Repetir até acabar a secreção nasal. - Autocuidado com os olhos: Sinais e sintomas: ressecamento, alteração de sensibilidade – perda da sensibilidade no globo ocular, alteração de força muscular das pálpebras com dificuldade para fechar os olhos – fenda palpebral e inversão de cílios (triquíase). Orientação: lubrificar o olho com colírio ou lágrima artificial. Se houver alteraçãoda sensibilidade, deve piscar com frequência e inspecionar os olhos diariamente. Caso haja alteração na força muscular, recomenda-se exercício de fechar e abrir fortemente os olhos. Orientar para a lubrificação e utilização de proteção diurna (óculos) e noturna (vendas). No caso de cílios invertidos, usar a pinça para retirá-los (os invertidos); - Autocuidado com as mãos: Sinais e sintomas: ressecamento, perda de sensibilidade protetora, fraqueza muscular, fissuras, encurtamento ou retração de tecidos moles, úlceras e feridas; Orientação: hidratar e lubrificar as mãos diariamente; mergulhar as mãos em água limpa por 15 min e enxugá- las, pingando gotas de óleo mineral. Se houver perda de sensibilidade protetora, proteger as mãos e observar bem seu uso, para evitar feridas ou queimaduras. Adaptar instrumentos de trabalho para evitar feridas. Exercícios de movimentação das mãos: Exercícios - Autocuidado com os pés: Sinais e sintomas: calor, fraqueza muscular, ressecamento, perda de sensibilidade protetora, fissuras, úlceras e feridas. Orientação: hidratar os pés colocando em uma bacia com água limpa por 15 min. Lixar os calos depois da hidratação e lubrificar com óleo mineral – sem excessos. Adaptação de calçados para evitar pressão em áreas afetadas. Examinar os pés diariamente, não andar sem calçados e utilizar sapatos confortáveis, tais como: sapatos de bico largo, salto baixo, solado confortável, colados ou costurados, sem pregos. Universidade Federal do Rio de Janeiro Campus Macaé Enfermagem Angie Martinez Prevenção • Quando diagnosticado um caso de hanseníase, todos os contatos intradomiciliares devem ser examinados – pessoas que convivem ou conviveram nos últimos 5 anos. • Depois do exame dermatoneurológico, deve-se orientar essas pessoas sobre os sinais e sintomas comuns da doença, orientando a procurar o serviço de saúde caso haja o surgimento desses – ela pode desenvolver futuramente. • Encaminhar os contatos intradomiciliares para vacinação de BCG, segundo o critério: A BCG previne as formas graves de tuberculose, mas não a doença. Por conter uma microbactéria, protege contra a hanseníase. Não confundir! - Menores de um ano de idade: Não vacinados: tomar 1 dose de BCG; Comprovadamente vacinados com cicatriz vacinal: não administrar outra dose; Vacinados sem cicatriz vacinal: administrar 1 dose de BCG 6 meses depois da última dose. - 1 ano a +: Sem cicatriz: administrar 1 dose; Vacinados com 1 dose: administrar outra dose de BCG, com intervalo de mínimo 6 meses depois da dose anterior; Vacinados com 2 doses: não administrar. Atribuições do enfermeiro • Avaliar a saúde do indivíduo por meio da consulta de enfermagem; • Prescrever técnicas simples de prevenção e tratamento de incapacidades físicas; • Realizar a avaliação clínica dermatoneurológica, para acompanhar a evolução da doença e do tratamento; • Realizar coleta de material, segundo técnicas padronizadas da unidade/protocolos; • Solicitar exames complementares para confirmação do diagnóstico, quando possível; • Prescrever medicamento segundo protocolos da unidade/município; • Realizar tratamento não medicamentoso das reações hansênicas; • Supervisionar e avaliar as atividades de controle da doença; • Planejar busca ativa de casos, faltosos, contatos e abandono de tratamento; • Referenciar e contra-referenciar para atendimento em outras unidades mais especializadas; • Gerenciar as ações da assistência de enfermagem. • Realizar os testes de sensibilidade.
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