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Hanseníase: Doença Estigmatizada e Desigualdade Social

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Universidade Federal do Rio de Janeiro 
Campus Macaé 
Enfermagem 
Angie Martinez 
Hanseníase 
• Doença muito estigmatizada, chamada por muito 
tempo de lepra. 
• As pessoas afetadas ficavam isoladas, à margem da 
sociedade, nos leprosários e hospícios. Alusão aos 
leprosos na bíblia. 
• Eram renegados pela sociedade, por conta das 
malformações e resquícios da doença. 
• É uma doença comum no Brasil. 
• Existe o dia de combate à hanseníase: importante 
fazer acompanhamento da população para detectar o 
máximo de casos possíveis. 
• A ideia de colônias para pessoas com a doença 
surgiu em 1921 no país. É uma ideia de um modelo 
de assistência à saúde alemão, trazida por Juliano 
Moreira em 1911, que era o diretor do hospício dos 
alienados. A intenção era que os pacientes tivessem 
casas nessa colônia, assim como os profissionais de 
saúde – uma tentativa de ressocialização. 
-------------------------------------------------------------------- 
• O período de incubação é de 6 a 10 anos, por conta 
disso deve-se observar os familiares de pessoas já 
confirmadas. 
• Por ser difícil de crianças contagiarem, quando há 
confirmadas é um indicador de transmissão dentro 
de casa e contato constante com pessoa não tratada. 
• Doença infectocontagiosa, com evolução lenta. 
• Os sinais e sintomas manifestados são dermato-
neurológicos: Lesões na pele e nervos periféricos, 
nas áreas dos olhos, mãos e pés, psoríase... é 
essencial fazer exame de nervos. 
• Está relacionada a desigualdade social, já que tem 
mais incidência em áreas carentes. A maior 
incidência no país se encontra no Norte e Nordeste. 
• Sua transmissão é por meio de secreções nasais, 
gotas de saliva, tosse e espirro de pacientes 
bacilíferos – sem tratamento. Vias aéreas. 
• Não há contágio através do contato com a lesão. 
• Os pacientes tratados deixam de transmitir a doença. 
Agente causador 
• Mycobacterium leprae ou bacilo de Hansen. Essa 
bactéria tem afinidade pelas células cutâneas e 
nervosas. 
• A multiplicação do bacilo é lenta, de 11 a 16 dias. 
• Possui baixa patogenicidade (pouca chance de 
desenvolver a doença) e alta capacidade de infectar. 
• A transmissão ocorre pelo contato direto com 
doentes que não estão em tratamento. 
• O período de incubação é de 2 a 5 anos. 
• A pessoa pode ser infectada e só desenvolver a 
doença anos depois, por isso se pergunta o contato 
com pessoas de 5 anos atrás. 
Sintomas 
• Dormência e dor nos nervos – braços, mães, pernas e 
pés; 
• Lesões na pele (caroços, placas, psoríase). 
• Alteração da sensibilidade a calor, frio e toque da 
pele, mesmo quando não há lesão visível. 
• Diminuição da força muscular, por conta do 
acometimento do nervo. 
• Machas esbranquiçadas, vermelhas ou 
amarronzadas. 
• Quando não tratadas por muitos anos, pode causar 
deformidades. 
Transmissão 
• Doença que mesmo sendo tratável, ainda não foi 
controlada – atrelado à falta de políticas públicas, 
econômicas e a influência cultural da população 
(descaso com a responsabilidade em relação à saúde 
pública). 
• O único transmissor é o homem. 
• A bactéria é transmitida por meio do contato com o 
doente que não está sendo tratado. 
• Período de incubação longo – 2 a 5 anos; 
• Atinge todas as faixas etárias e sexos, sendo mais 
rara em crianças. Quando há uma criança doente, é 
porque há um adulto multibacilar sem tratamento. 
• Há maior incidência nos homens. Relacionado a 
trabalho – em quartel, exército é muito comum, pelo 
Cuidados de Enfermagem na Prevenção e Tratamento da 
Hanseníase 
Universidade Federal do Rio de Janeiro 
Campus Macaé 
Enfermagem 
Angie Martinez 
convívio em espaços fechados, viver tantas pessoas 
juntas, viagens de barco. 
• A pessoa que começa a ser tratada pela 
quimioterapia deixa de transmitir, já que ainda nas 
primeiras doses os bacilos são mortos e são 
incapazes de infectar outros indivíduos. 
• É um tratamento longo. 
• Dependendo do grau de acometimento do nervo, os 
sintomas neurológicos podem ir diminuindo com o 
tratamento ou não – normalmente apenas é 
reversível em casos que estão começando. 
• As consequências neurológicas não tendem a sumir 
completamente. 
Epidemiologia 
• Anualmente há um boletim de hanseníase feito pelo 
ministério da saúde sobre os casos novos detectados. 
• Há maior incidência e risco de transmissão em: Mato 
Grosso, Pará, Maranhão, Tocantins, Rondônia e 
Goiás. Em MG a prevalência é de 9,03 por 10 mil 
habitantes, sendo que a nacional é 1,42. 
• Mesmo com a diminuição da taxa de prevalência, o 
Brasil não conseguiu eliminar a hanseníase até 2015, 
um dos objetivos de desenvolvimento do milênio 
estabelecidos pela ONU. Ainda, há novos casos a 
cada ano. 
• Um novo acordo com a ONU estabelece que o país 
consiga eliminar a doença até 2022. Contudo, com a 
pandemia é difícil. 
• A diminuição de casos novos detectados não 
significa que não haja novos casos, apenas que não 
foram detectados pelos serviços. 
• Pelo tratamento ser longo, há muita desistência do 
tratamento. 
• A taxa de cura aumentou em 21.2% (2015) 
• Dos novos casos reportados à OMS em 2018, 92,6% 
foram no Brasil e desses, 5,9% ocorreram em 
menores de 15 anos. 
• O Brasil é o 2do país com mais casos da doença no 
mundo. 
• Nos relatórios de 2020 e 2021 – há uma proporção 
estável entre as faixas etárias e sexo, sendo maior em 
homens. 
• Em 2020-2021 caiu o número de casos detectados 
em bastante proporção. Quase 50% de queda. Isso 
em menores de 15 anos. 
• Os locais mais incidentes são sempre estados do 
norte e nordeste. 
• A detecção é frequente em multibacilares – pessoas 
que tem muito tempo com a doença se manifestando. 
Em pessoas com a doença recente - Paucibacilar, não 
há lesões tão perceptíveis. Quando há sinais visíveis, 
é porque a doença já está avançando para outros 
graus. 
 
Apesar de ser uma doença controlável pela BCG, há muitas dificuldades para 
erradicar a doença. Até fevereiro de 2020 faltava abastecimento dos 
medicamentos para combater a doença. Estão sendo incorporados outros 
medicamentos para tentar continuar combatendo, mesmo com a falta de 
outros. 
Hanseníase confirmada: 
• Diagnóstico clínico, analisando os sinais. 
• Apresentando um ou + desses sinais: 
- Lesões de pele com alteração da sensibilidade; 
- Acometimento nos nervos com espessamento neural; 
- Baciloscopia positiva – os paucibacilares apresentam 
baciloscopia negativa, porque a quantidade de bacilos é 
menor. 
Faz-se os testes de sensibilidade, já que na doença há 
grande perda da sensibilidade e da capacidade de suar. 
• Primeiro é o diagnóstico e depois é a baciloscopia 
para classificar a doença, que direcionará o 
tratamento. Quando positiva, será multibacilar, 
quando negativa, paucibacilar. 
• O enfermeiro pode fazer o diagnóstico na estratégia 
da família. Depende das políticas e protocolos do 
município. 
• É necessário realizar quimioterapia. 
• Há muita confusão entre a psoríase e hanseníase. 
Aspectos clínicos 
• Sinais e sintomas na derme e nervos são indícios da 
doença; 
• Se não houver diagnóstico e tratamento, as 
alterações neurológicas podem causar incapacidade 
física e deformidades – dedos em garra, lesões 
extensas... 
• Até 5 lesões e baciloscopia negativa: paucibacilar. 
Universidade Federal do Rio de Janeiro 
Campus Macaé 
Enfermagem 
Angie Martinez 
• Lesões torácicas muito extensas determinam como 
multibacilar. Faz-se a baciloscopia para confirmar. 
Sinais e Sintomas Dermatológicos 
• Lesões na derme que contenham diminuição ou 
ausência de sensibilidade, tais como: 
- Manchas pigmentares ou discrômicas, podendo ser 
avermelhadas, amarronzadas ou esbranquiçados: 
ausência, diminuição ou aumento de melanina; depósito 
de pigmentos ou substâncias na pele; 
- Placa: lesão mais extensa. Individuais ou aglomeradas. 
- Infiltração: espessamentoe alteração da consistência da 
pele – sulcos menores, limites imprecisos, podendo ter 
eritemas leves. Ao fazer pressão com um tubo de vidro, 
adquirem uma coloração de café com leite. É resultado 
da presença de infiltrado celular, que pode apresentar 
edema e vasodilatação. 
- Nódulo: lesão sólida, circunscrita, elevada ou não, com 
1 a 3 cm de tamanho. Pode ser mais palpável do que 
visível. É um processo patológico na epiderme, derme 
ou hipoderme. Presente da hanseníase Virchowiana e 
dimorfa 
As lesões podem se localizar em qualquer região, 
inclusive mucosa nasal e oral. São mais frequentes na 
face, orelhas, braços, nádegas, pernas e costas. 
Ex: ressecamento da mucosa do nariz, enrijecimento – 
por conta da perda de sudorese. 
Sempre apresentam alteração de sensibilidade!!! Tal característica permite 
diagnosticar especificamente a hanseníase. Perda total ou diminuição de 
sensibilidade. 
Tipos de lesões 
 
Com essa placa, por exemplo, ele seria classificado 
como MB, por conta da extensão. Provavelmente na 
baciloscopia daria positivo. 
Sinais e sintomas neurológicos 
• Lesões nos nervos periféricos, causadas por neurites 
(processos inflamatórios). Originam-se pela ação do 
bacilo, reação do sistema imune à bactéria ou ambos. 
• Caracterizados por: 
- Dor e espessamento dos nervos (periféricos); 
- Perda de sensibilidade nas áreas inervadas – frequente 
em olhos, mãos e pés; 
- Perda de força muscular nas placas motoras dos nervos 
afetados – frequente nas pálpebras e membros. 
• Neurite: processo agudo com dor intensa e edema. 
Ocorre nos casos mais avançados da doença. Em um 
primeiro momento não há sinais de 
comprometimento neural. Conforme a neurite 
cronifica, é possível observar o comprometimento 
com a perda da sudorese, que resseca a pele. 
• Observa-se perda de sensibilidade, dormência e 
perda de força nos músculos, com paralisia nas áreas 
inervadas pelos nervos danificados. 
• Quando não é tratado, esse acometimento neural 
pode gerar incapacidade e deformidades, por conta 
da alteração de sensibilidade. 
Enquanto mais precoce for o diagnóstico e tratamento, melhor será a chance de 
cura e regeneração neural. 
 
• A avaliação é realizada nesses nervos – são palpados 
para ver se há espessamento. 
• Atentar-se a espessamento, dor, choque, assimetria. 
Tipos de hanseníase 
• A indeterminada e a tuberculóide são as fases 
iniciais da doença, onde a pessoa costuma ser PB. 
Começam com manchas menores hipocrômicas ou 
placas (tuberculóide). 
• Contudo, nos adultos, pode não ser perceptível as 
placas e machas. É mais fácil achar a indeterminada 
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Enfermagem 
Angie Martinez 
em crianças, os adultos costumam desenvolver a 
doença já na tuberculoide ou na dimorfa e 
Virchowiana. 
Hanseníase indeterminada 
• Fase inicial da doença, nem sempre perceptível em 
adultos. 
• Costuma afetar menores de 10 anos e em casos raros 
adolescentes e adultos. 
• Quando detectado neste estágio, o indivíduo tende a 
conviver com o paciente multibacilar não 
diagnosticado, pelo pouco tempo de evolução da 
doença. 
• Sinais e sintomas: máculas hipocrômicas, acrômicas, 
eritematosas ou eritemato-hipocrômicas. Limites 
imprecisos ou nítidos, com 1 a 5 cm de diâmetro. No 
início há 1 ou 2 manchas nas nádegas, coxas ou na 
região deltoidiana. Quanto maior for o número, mais 
avançada é a doença. Ocorre alteração da 
sensibilidade, vasomotora e de sudorese, com 
alopecia parcial – perda de cabelo no local. 
• Diagnóstico por meio da prova da picada e da 
histamina. 
• O exame bacterioscópico costuma sair negativo. 
 
• Não há comprometimento de tronco nervoso nem 
grau de incapacidade. 
 Hanseníase tuberculóide 
• Há o aparecimento de micropápulas na pele normal 
ou com machas indeterminadas. Costumam ser mais 
coradas, acastanhadas ou vermelho-acastanhadas, 
acuminadas ou semiesféricas. 
• Observam-se placas bem delimitadas, únicas ou em 
pequeno número, com alteração sensitiva, de 
sudorese e vasomotoras, com alopecia. 
• No geral é PB, quando há poucas lesões. Se houver 
muitas lesões, mesmo com características 
indeterminadas ou tuberculóides, já se torna MB. 
• Pode haver a emersão de nervos espessados a partir 
das placas. Se houver necrose caseosa no nervo, 
pode causar alterações sensitivas, motores e tróficas. 
• As placas costumam ser anestésicas, elevadas em 
relação à pele normal, delimitadas e centro claro. Em 
forma de circular ou semi-circular. 
 
Hanseníase dimorfa 
• Forma mais comum da doença – mais de 70% dos 
casos. 
• Tem um longo período de incubação; 
• Sinais e sintomas: várias manchas avermelhadas ou 
esbranquiçadas, bordas elevadas e não delimitadas 
ou múltiplas lesões bem delimitadas parecidas com a 
tuberculóide – com a borda externa pouco definida. 
• Ocorre a perda parcial ou total da sensibilidade, 
assim como diminuição de sudorese e vaso-reflexo à 
histamina. Diminuição grave das funções 
autonômicas. 
• MB. 
• Doença em estágio avançado. 
• Realiza-se a baciloscopia da borda infiltrada das 
lesões. Tende a ser positiva, a não ser que a doença 
esteja unicamente nos nervos (raro). 
• Mesmo com resultado negativo da baciloscopia, 
classifica-se como MB – pelo número de lesões e 
sua extensão. 
 
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Hanseníase Virchowiana 
• O diagnóstico é facilmente confirmado com 
baciloscopia dos lóbulos da orelha e cotovelos. Não 
tem como a pessoa não ser MB. 
• Estágio mais avançado e com maiores 
acometimentos. 
• Sinais e sintomas: vários nódulos, pápulas vinho-
acastanhadas; madarose (perder os cílios); fácies 
leonina; alterações motores, tróficas e anestesia; 
alteração na mucosa nasal, oral e faríngea; 
comprometimento ocular; adenopatia, anemia; 
infiltração hepática, do baço e da suprarrenal; 
infiltração testicular que resulta em impotência e 
esterilidade; rarefação, atrofia e absorção óssea; 
• Distúrbios neurológicos: destruição e perda de tecido 
do pé, por conta de traumatismos não percebidos – 
pé caído e mão em garra. 
 
Dá para ver a falta de pelos, queda das pálpebras, 
lesões... 
Diagnóstico 
• O diagnóstico é clínico, por meio do reconhecimento 
de sinais dermatoneurológicos característicos. 
• Deve apresentar pelo menos um desses sinais: 
- Lesão de pele com alteração de sensibilidade; 
- Acometimento neural com espessamento nos nervos 
periféricos; 
- Baciloscopia positiva; 
• É necessário realizar quimioterapia. 
Diagnóstico clínico 
• Realizado por meio do exame físico, para identificar 
os sinais clínicos característicos da doença. 
• Constituído por: 
- Anamnese: coleta de informações sobre a história 
clínica, sinais e sintomas dermatoneurológicos e história 
epidemiológica; 
- Avaliação dermatológica: identificar lesões com 
alteração de sensibilidade; 
- Avaliação neurológica: identificar neurites, 
incapacidades e deformidades; 
- Diagnóstico dos estados reacionais, iniciados após o 
tratamento – reações hansênicas. Nesses casos devem ser 
direcionados para tratamentos especializados em centro 
de referência. 
- Diagnóstico diferencial entre a hanseníase e outras 
doenças.; 
- Classificação do grau de incapacidade física. 
Anamnese 
• Tem o objetivo de conversar com o paciente sobre os 
sinais e sintomas apresentados, assim como 
identificar possíveis dados epidemiológicos e 
contatos dos últimos 5 anos. 
• Escuta ativa, esclarecer dúvidas e criar um vínculo 
entre o paciente e profissionais de saúde, 
estabelecendo respeito e confiança. 
• Registrar todas as informações no prontuário. 
• Detalhar a ocupação e atividades diárias – a pessoa 
pode perder sua capacidade motora e força muscular, 
passíveis de causar acidentes. 
• Identificar alterações na pele, tempo desde que 
surgiram, alteraçõesde sensibilidade em alguma 
parte do corpo, dores nos nervos, fraqueza nos 
membros ou utilização de 
medicamentos/automedicação, assim como os 
efeitos. 
Avaliação dermatológica 
• Tem o objetivo de identificar lesões de pele 
características da doença, avaliando a sensibilidade. 
• Inspecionar o corpo em toda sua extensão, no 
sentido crânio-caudal, na busca de áreas acometidas. 
• Realizar pesquisa de sensibilidade térmica, dolorosa 
e tato. 
Pesquisa de sensibilidade 
• Sem a sensibilidade, o paciente perde a capacidade 
de sentir sensações de pressão, tato, calor, dor e frio, 
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devido à perda de integridade dos nervos e 
terminações nervosas. 
• É necessário explicar ao paciente o exame que será 
feito, para que haja mais colaboração; o profissional 
que realizar o exame deve estar focado, assim como 
o paciente; primeiro mostrar a técnica para o 
paciente com os olhos abertos e depois cobrir o 
campo de visão; selecionar pontos aleatórios para o 
teste, fazer o toque por tempo suficiente para que o 
paciente possa responder, repetir o teste para 
confirmação; fazer o teste em áreas próximas ao 
território em que há presença de calosidades, 
cicatrizes ou úlceras. 
• Pesquisa de sensibilidade térmica: 
 
- Realizar com dois tubos de vidro – um com água fria e 
outro com água aquecida. 
- Tocar pele íntegra e pele suspeita com as extremidades 
de ambos os tubos alternadamente, pedindo que o 
paciente identifique se está frio ou quente; 
- Valorizar o detalhamento – menos quente, mais frio, 
morno, já que a perda pode não ser total. 
- Caso não seja possível realizar com água fria e quente, 
utilizar algodão embebido em éter ou álcool. 
• Pesquisa de sensibilidade tátil: é a primeira a ser 
perdida. 
- Realizado com uma mecha fina de algodão seco. 
 
- Explicar ao paciente antes de realizar; 
- Tocar pele sã e suspeita alternadamente. 
- Perguntar ao paciente se sente o toque e o local. 
• Pesquisa de sensibilidade protetora/dolorosa: 
- Realizar com um instrumento pontiagudo – ponta de 
caneta, por exemplo; 
- Avaliar se a pessoa sente a dor; 
- Utilizada para prevenir incapacidades, já que consegue 
detectar casos precoces de diminuição ou ausência de 
sensibilidade protetora do paciente. 
 
Classificação 
• Uma vez feito o diagnóstico clínico, deve-se 
classificar o tipo de hanseníase para fins de 
tratamento. 
• A classificação é realizada com base nos sinais e 
sintomas: 
- Paucibacilares (PB): casos com até 5 lesões de pele; 
- Multibacilares (MB): mais de 5 lesões de pele ou com 
menos e baciloscopia positiva. 
• O tratamento será feito segundo a classificação. 
• A baciloscopia é um instrumento que aprimora o 
diagnóstico clínico. Ela pode classificar como MB, 
mas não exclui o diagnóstico em caso de negativa 
nem classifica como PB automaticamente. 
O início do tratamento é imediato. Se só houver uma lesão normal, por 
exemplo, começa PB. Se há baciloscopia chegar positiva, faz-se a troca para 
tratamento MB. 
Avaliação neurológica 
• A doença pode causar neurite – inflamação nos 
nervos periféricos. Essa inflamação acompanha dor 
intensa, hipersensibilidade, edema, perda de 
sensibilidade e paralisia muscular. 
• Com o comprometimento dos nervos periféricos, o 
paciente tem anidrose, alopecia, perda de 
sensibilidade térmica, dolorosa e tátil, assim como a 
paralisia nos músculos. 
• Os sintomas iniciais e mais comuns: diminuição da 
sensibilidade, anidrose, alopecia. 
• A avaliação neurológica consiste em identificar 
lesões nos nevos periféricos dos olhos, nariz, mãos e 
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pés, palpação dos troncos nervosos, avaliação da 
força muscular e da sensibilidade nos olhos e 
membros. 
• Avaliação: 
Na face: nariz – ressecamento, feridas, perfuração de 
septo; 
Nos olhos: abrir e fechar, avaliar a força das 
sobrancelhas, ver a presença de triquíase – perda dos 
cílios, diminuição da sensibilidade na córnea – fazer leve 
pressão com filamento de algodão. 
Membros: palpação do nervo ulnar, mediano e radial, 
avaliar força motora pedindo para fechar os dedos e 
flexionar o punho. 
Avaliação sensitiva: pontos específicos nas mãos, pontos 
específicos nos pés. 
Diagnóstico laboratorial 
• O diagnóstico é clínico, então mesmo que seja 
realizada a baciloscopia, não se deve esperar pelo 
resultado para iniciar tratamento. 
• A baciloscopia é o exame que permite observar a 
presença da bactéria nos esfregaços de raspados 
intradérmicos das lesões ou outros locais – lóbulos 
auriculares e cotovelos. 
• É um apoio para o diagnóstico, além de servir como 
critério para confirmar casos de recidiva - 
reaparecimento, quando comparado ao resultado no 
momento da cura. 
Tratamento 
• Se esqueceu da dose no horário certo e lembrou no 
mesmo dia, pode tomar. 
• Se esqueceu e só lembrou no outro dia, não toma. 
Perde a dose. Não dá para tomar 2 doses em um dia 
só. 
Esquema PB 
• Utiliza-se a combinação de Rifampicina e Dapsona 
no esquema: 
- Rifampicina: 1 dose mensal de 600 mg (2 cápsulas de 
300 mg) com administração supervisionada; 
- Dapsona: 1 dose mensal de 100 mg supervisionada e 
uma dose diária autoadministrada; 
• O tratamento dura: 6 doses supervisionadas de 
Rifampicina; 
• Para alta devem ter 6 doses supervisionadas em até 9 
meses. 
 
Esquema MB 
• Combinação de Rifampicina, Dapsona e 
Clofazimina no esquema: 
- Rifampicina: 1 dose mensal de 600 mg (2 cápsulas de 
300 mg) com administração supervisionada; 
- Clofazimina: 1 dose mensal de 300 mg (3 cápsulas de 
100 mg) com administração supervisionada e 1 dose 
diária de 50 mg autoadministrada; 
- Dapsona: 1 dose mensal de 100 mg supervisionadas e 
1 dose diária autoadministrada; 
• O tratamento dura: 12 doses de rifampicina; 
• Critério de alta: 12 doses supervisionadas em até 18 
meses. 
 
Diagnóstico das reações hansênicas 
• Há dois tipos de reações. 
• São os casos mais graves, as pessoas são 
acompanhadas em centros específicos. 
• São alterações do sistema imune que aparecem como 
inflamações agudas e subagudas. 
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• São mais comuns em pacientes MB, mas não 
exclusivas. 
• Podem surgir antes, durante ou após o tratamento. 
- Reação tipo 1 ou reação reversa: é o aparecimento de 
novas lesões, infiltrações, alteração de cor e edema em 
lesões antigas, com ou sem espessamento dos nervos 
periféricos e neurite. 
 
- Reação tipo 2: aparecimento de Eritema Nodoso 
Hansênico (ENH) – nódulos subcutâneos dolorosos, 
acompanhados ou não de febre, dor articular, mal-estar 
generalizado, orquite, iridociclites, com ou sem 
espessamento e neurite. 
 
Prevenção e tratamento das incapacidades físicas 
• As ações são norteadas pelas informações coletadas 
na avaliação neurológica. São realizadas para 
prevenir mais lesões e as incapacidades. 
• O paciente deve ser orientado a realizar o 
autocuidado. Procedimentos: 
- Autocuidado com o nariz: 
Sinais e sintomas: ressecamento da mucosa, aumento da 
secreção nasal, surgimento de secreção sanguinolenta, 
crostas ou úlceras – por conta do ressecamento; 
Orientação: utilizar soro fisiológico no nariz ou aspirar 
pequenas porções dele. Pode ser utilizada água. Manter o 
líquido no nariz por uns instantes e deixar escorrer em 
seguida. Repetir até acabar a secreção nasal. 
 
 
- Autocuidado com os olhos: 
Sinais e sintomas: ressecamento, alteração de 
sensibilidade – perda da sensibilidade no globo ocular, 
alteração de força muscular das pálpebras com 
dificuldade para fechar os olhos – fenda palpebral e 
inversão de cílios (triquíase). 
Orientação: lubrificar o olho com colírio ou lágrima 
artificial. Se houver alteraçãoda sensibilidade, deve 
piscar com frequência e inspecionar os olhos 
diariamente. Caso haja alteração na força muscular, 
recomenda-se exercício de fechar e abrir fortemente os 
olhos. Orientar para a lubrificação e utilização de 
proteção diurna (óculos) e noturna (vendas). No caso de 
cílios invertidos, usar a pinça para retirá-los (os 
invertidos); 
- Autocuidado com as mãos: 
 Sinais e sintomas: ressecamento, perda de sensibilidade 
protetora, fraqueza muscular, fissuras, encurtamento ou 
retração de tecidos moles, úlceras e feridas; 
Orientação: hidratar e lubrificar as mãos diariamente; 
mergulhar as mãos em água limpa por 15 min e enxugá-
las, pingando gotas de óleo mineral. Se houver perda de 
sensibilidade protetora, proteger as mãos e observar bem 
seu uso, para evitar feridas ou queimaduras. Adaptar 
instrumentos de trabalho para evitar feridas. Exercícios 
de movimentação das mãos: 
 
Exercícios 
- Autocuidado com os pés: 
Sinais e sintomas: calor, fraqueza muscular, 
ressecamento, perda de sensibilidade protetora, fissuras, 
úlceras e feridas. 
Orientação: hidratar os pés colocando em uma bacia com 
água limpa por 15 min. Lixar os calos depois da 
hidratação e lubrificar com óleo mineral – sem excessos. 
Adaptação de calçados para evitar pressão em áreas 
afetadas. Examinar os pés diariamente, não andar sem 
calçados e utilizar sapatos confortáveis, tais como: 
sapatos de bico largo, salto baixo, solado confortável, 
colados ou costurados, sem pregos. 
Universidade Federal do Rio de Janeiro 
Campus Macaé 
Enfermagem 
Angie Martinez 
Prevenção 
• Quando diagnosticado um caso de hanseníase, todos 
os contatos intradomiciliares devem ser examinados 
– pessoas que convivem ou conviveram nos últimos 
5 anos. 
• Depois do exame dermatoneurológico, deve-se 
orientar essas pessoas sobre os sinais e sintomas 
comuns da doença, orientando a procurar o serviço 
de saúde caso haja o surgimento desses – ela pode 
desenvolver futuramente. 
• Encaminhar os contatos intradomiciliares para 
vacinação de BCG, segundo o critério: 
A BCG previne as formas graves de tuberculose, mas não a doença. Por conter 
uma microbactéria, protege contra a hanseníase. Não confundir! 
- Menores de um ano de idade: 
Não vacinados: tomar 1 dose de BCG; 
Comprovadamente vacinados com cicatriz vacinal: não 
administrar outra dose; 
Vacinados sem cicatriz vacinal: administrar 1 dose de 
BCG 6 meses depois da última dose. 
- 1 ano a +: 
Sem cicatriz: administrar 1 dose; 
Vacinados com 1 dose: administrar outra dose de BCG, 
com intervalo de mínimo 6 meses depois da dose 
anterior; 
Vacinados com 2 doses: não administrar. 
Atribuições do enfermeiro 
• Avaliar a saúde do indivíduo por meio da consulta 
de enfermagem; 
• Prescrever técnicas simples de prevenção e 
tratamento de incapacidades físicas; 
• Realizar a avaliação clínica dermatoneurológica, 
para acompanhar a evolução da doença e do 
tratamento; 
• Realizar coleta de material, segundo técnicas 
padronizadas da unidade/protocolos; 
• Solicitar exames complementares para confirmação 
do diagnóstico, quando possível; 
• Prescrever medicamento segundo protocolos da 
unidade/município; 
• Realizar tratamento não medicamentoso das reações 
hansênicas; 
• Supervisionar e avaliar as atividades de controle da 
doença; 
• Planejar busca ativa de casos, faltosos, contatos e 
abandono de tratamento; 
• Referenciar e contra-referenciar para atendimento 
em outras unidades mais especializadas; 
• Gerenciar as ações da assistência de enfermagem. 
• Realizar os testes de sensibilidade.

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