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FATO TÍPICO - CONDUTA E RESULTADO

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Fato típico: conduta e resultado
FATO TÍPICO (1º elemento do crime): 
*existem crimes materiais, formais e mera conduta
No que tange aos crimes materiais, para que exista o fato típico é necessário atestar a existência de todos estes quatro elementos: 
Conduta penalmente relevante; 
Resultado; 
Nexo causal; 
Tipicidade. 
No que tange aos crimes formais e crimes de mera conduta, para que exista o fato típico é necessário atestar a existência destes dois elementos: 
Conduta penalmente relevante; 
Tipicidade. 
os conceitos de crimes materiais, formais e de mera conduta serão estudados no estudo do RESULTADO. 
CONDUTA PENALMENTE RELEVANTE 
(1º elemento do fato típico). 
A conduta penalmente relevante necessita ser (em ordem de aferição): 
1) Humana (análise objetiva de conduta); 
2) Voluntária (análise objetiva de conduta); 
3) Dolosa ou culposa (análise subjetiva de conduta). 
A conduta penalmente relevante precisa, portanto, ser HUMANA e VOLUNTÁRIA (as duas coisas ao mesmo tempo) na análise objetiva e precisa ser DOLOSA OU CULPOSA (uma coisa ou outra) na análise subjetiva. 
Assim, podemos ter uma conduta penalmente relevante HUMANA, VOLUNTÁRIA e DOLOSA e podemos ter uma conduta penalmente relevante HUMANA, VOLUNTÁRIA e CULPOSA. 
Perceba: não é possível uma conduta penalmente relevante ser, ao mesmo tempo, dolosa e culposa; 
Perceba, também: a conduta penalmente relevante, seja dolosa ou culposa, SEMPRE terá que ser humana e voluntária.
Conduta penalmente relevante tem um aspecto objetivo e um aspecto subjetivo, que devem estar juntos. O aspecto objetivo só está preenchido se a conduta for humana e voluntária. No aspecto objetivo, precisa haver culpa ou dolo. 
Conduta Humana: no que tange à conduta necessitar ser humana, temos isso como regra. Existe, contudo, uma exceção na qual prevista está a possibilidade de pessoa jurídica (ou seja, empresa) cometer crime ambiental (artigo 225, § 3º, CF/88). 
Fundamento: a Constituição Federal estabelece que as condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar o dano (art. 225, § 3º). 
Esse dispositivo foi regulamentado pela Lei n. 9.605/98, que concretizou a possibilidade de responsabilização penal da pessoa jurídica que cometa crime contra o meio ambiente. 
As penas, evidentemente, são aquelas compatíveis com a sua condição: multa, proibição de contratar com o Poder Público etc. 
Pergunta: para se investigar/processar/julgar/condenar/ absolver uma pessoa jurídica pela prática de crime ambiental é necessário que na investigação/processo/julgamento/ condenação/absolvição haja, junto a ela, uma pessoa física? Reposta: não. 
Motivo: houve um tempo em que isso era necessário, época esta na qual a jurisprudência adotava uma teoria chamada de dupla imputação. Isto mudou, entretanto. Hoje vigora o que se chama, quanto a isso, de responsabilidade apartada.
Pergunta: pessoa jurídica pode cometer contra a ordem econômica e financeira ou contra a economia popular? Resposta: não. 
Motivo: apesar de a CF/88 prever, no artigo 173, § 5º, a possibilidade de punição de pessoa jurídica em prática de atos de tal natureza (“a lei, sem prejuízo da responsabilidade individual dos dirigentes da pessoa jurídica, estabelecerá a responsabilidade desta, sujeitando-a às punições compatíveis com sua natureza, nos atos praticados contra a ordem econômica e financeira e contra a economia popular”) ela não fala em SANÇÃO PENAL. 
A título comparativo, veja que a CF/88, no que tange à possibilidade de Pessoa Jurídica sofrer sanção em caso de cometimento de condutas lesivas ao meio ambiente, especificou a natureza da sanção: Art. 225, § 3º: as condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados. 
Conduta voluntária: ocorre quando o movimento corporal (ação) ou a inação corporal (omissão) acontecem tendo o agente total controle sobre a ação ou omissão realizada. 
Existe, portanto, possibilidade de uma ação ou omissão humana ocorrer em situações nas quais o agente não tem controle sobre o movimento ou inação: ainda que o agente não quisesse realizar o movimento ou a inação estes aconteceriam. Nestes casos se diz que a conduta humana foi involuntária. 
Exemplos de situações onde a conduta (ação ou omissão) não possui voluntariedade: atos de reflexo, sonambulismo, hipnose e coação FÍSICA irresistível. 
Perceba: caso uma conduta humana aconteça de forma involuntária, ainda que esta ocasione determinado resultado lesivo a alguém, é impossível haver responsabilização penal para o agente desta conduta. Por quê? Porque se a conduta, apesar de humana, não é voluntária, não existe conduta penalmente relevante já no aspecto objetivo e, portanto, nem mesmo existe possibilidade de analisar o aspecto subjetivo; sem conduta penalmente relevante, sem fato típico (1º elemento do crime) e sem fato típico é impossível haver crime. 
Atenção: ato reflexo é diferente de ato em curto-circuito. 
*ato reflexo, o corpo se movimento por uma questão de reflexo, de susto.
*ato em curto circuito, movimento de ímpeto, é considerado um movimento voluntario, porque você consegue frear.
*coação moral vai ser estudado em culpabilidade, que é uma causa de exclusão desse elemento.
DOLO
Conceito legal (art. 18, I, CPB): “quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo” 
Da redação legal extrai-se que o Código Penal adotou duas teorias referentes ao dolo: teoria da vontade (“quando o agente quis o resultado”) e teoria do assentimento (“assumiu o risco de produzi-lo’’). 
A teoria da vontade está ligada ao DOLO DIRETO: nele, o agente QUER causar determinado resultado e, para isso, pratica conduta descrita em lei como crime. 
A teoria do assentimento está ligada ao DOLO EVENTUAL: nele, o agente NÃO QUER (porque se quisesse seria dolo direto) causar determinado resultado, não buscou isso, mas o causou por ter sido indiferente à ocorrência dele (assumiu o risco de o produzir). 
DOLO DIRETO: pode ser de 1º grau ou de 2º grau. 
Dolo direto de 1º grau: o agente quer causar determinado resultado e age em busca disso. 
Exemplo: FULANO, querendo matar SICRANO, atira nele e causa sua morte (homicídio doloso, sendo o dolo de 1º grau). 
Dolo direto de 2º grau: o agente, para causar determinado resultado, possuindo quanto a ocorrência deste um dolo de 1º grau, escolhe um meio. Deste meio escolhido para alcançar este resultado decorrem outros resultados a título de efeitos colaterais, sendo consequências tidas como necessárias do meio escolhido, imanentes a ele. *também conhecido como dolo de consequências necessárias 
Exemplo: FULANO, com intenção de matar apenas BELTRANA, que está grávida, esfaqueia-a até a morte. Com a morte de BELTRANA o feto, por óbvio, morre (homicídio doloso, sendo o dolo de 1º grau, com relação à BELTRANA e aborto provocado sem consentimento da gente, sendo o dolo de 2º grau, com relação ao feto).
DOLO EVENTUAL: o agente não quer causar o resultado. Contudo, pratica uma conduta de risco, percebe (tem previsão) o que ela pode causar e, diante desta previsão, não se importa com a ocorrência do resultado (assume o risco).” 
*dolo eventual é primeiro, praticar uma conduta de risco, segundo, perceber o que ela pode causar, e terceiro, ao perceber o que pode acontecer, não se importar que aconteça.
*dolo eventual não é praticar uma conduta arriscada ou de risco, porque você não assumiu o risco
Diante um caso concreto, para verificar se houve dolo eventual, as seguintes perguntas hão de ser feitas, juntamente com as respostas correspondentes a cada uma delas: 
O agente quis o resultado? Não; 
Praticou uma conduta de risco, contudo? Sim; 
Percebeu (previu), no caso concreto, que esta conduta de risco poderia causar um resultado lesivo? Sim; 
A postura do agente diante a possibilidade prevista de este resultadolesivo acontecer foi de não se importar com sua ocorrência ou foi de acreditar, de forma sincera, em sua não ocorrência? Não se importar com sua ocorrência. 
O encaixe deste questionário, com as respectivas respostas, em determinado caso concreto, atestará a existência, por parte do agente, de dolo eventual. 
Consequência: responde pelo resultado causado a título de crime doloso. 
Exemplo: FULANO ingeriu algumas latas de cerveja em uma festa e, apesar disso, resolveu voltar para sua casa dirigindo, mesmo alcoolizado, veículo automotor. Ao entrar no carro, FULANO foi alertado pela sua namorada de que existiria a possibilidade de ele, por conta de seus reflexos estarem alterados, atropelar e matar algum pedestre. Ciente da possibilidade de isso acontecer, mas acreditando, sinceramente, que estava bem o suficiente para voltar em paz, sem atropelar alguém, começou a dirigir. Durante o trajeto, FULANO acaba por atropelar BELTRANO, que morre instantaneamente. 
Pergunta: respeitando a narrativa, sem acrescer ou decrescer dados, existe dolo eventual por parte de FULANO com relação à morte de BELTRANO? Aplicando o questionário: FULANO quis o resultado? Não. Praticou uma conduta de risco, contudo? Sim. Percebeu (previu), no caso concreto, que está conduta de risco poderia causar um resultado lesivo? Sim. A postura de FULANO diante a possibilidade prevista de este resultado lesivo acontecer foi de não se importar com sua ocorrência ou foi de acreditar, de forma sincera, em sua não ocorrência? Acreditar, de forma sincera, em sua não ocorrência. Conclusão: não houve dolo eventual. O crime foi culposo.
CULPA
Conceito legal (art. 18, II, CPB): 
II - culposo, quando o agente deu causa ao resultado por imprudência, negligência ou imperícia.
*lê-se: o crime é culposo quando o agente sem querer, sem assumir o risco...
*não basta você ser imprudente ou negligente ou agir com imperícia, tem que ter dado causa a um resultado para haver crime culposo
*por isso diz que todo crime culposo é crime material, porque não existe crime culposo sem resultado
Elementos do crime culposo (cumulativos e obrigatórios). 
1)Conduta humana voluntária; 
2)Resultado lesivo involuntário; *resultado não querido, nem assumido pelo agente
3)Violação de um dever objetivo de cuidado (negligência, imprudência ou imperícia); 
4)Nexo de causalidade entre conduta e resultado; 
5)Tipicidade (Art. 18, II, p. único, CP); 
6)Previsibilidade; 
*fatos que fogem da percepção comum não é interesse do direito penal
*se ausente um desses elementos, é ausente a possibilidade de responsabilização criminal de alguém por culpa
*previsibilidade é diferente de previsão
Observação: perceba que involuntário no crime culposo é o resultado, não a conduta! No crime culposo o agente busca um fim LÍCITO, mas de FORMA indevida.
*CONDUTA VOLUNTÁRIA É TANTO NO CRIME DOLOSO QUANTO NO CRIME CULPOSO
Negligência x imprudência x imperícia: espécies de inobservância de dever objetivo de cuidado. 
A negligência é um comportamento negativo, quando o sujeito deixa de fazer o que deveria. Em provas, vemos os vocábulos desídia, desleixo, desatenção ex: não olhar para trás quando dar a ré
A imprudência é um comportamento positivo, quando o sujeito faz o que não deveria. Em provas, vemos os vocábulos precipitação, afoitez… ex: ultrapassar o sinal vermelho
A imperícia é ausência de qualificação técnica necessária e/ou habilidade para o exercício de arte, profissão, oficio ou atividade. 
Tipicidade no crime culposo (artigo 18, p. único, CPB): 
“Salvo os casos expressos em lei, ninguém pode ser punido por fato previsto como crime, senão quando o pratica dolosamente.” 
Perceba: a possibilidade de que o agente responda culposamente por determinada conduta descrita em lei como crime depende, exclusivamente, de o legislador ter admitido tal possibilidade, porque crime doloso é a regra, crime culposo é a exceção. 
*o critério que determinada que determinada conduta pode ser punida a título de culpa é se a lei admite ou não!!!!!! Não se há ou não a possibilidade de ser praticada culposamente
Exemplos: FULANO lesiona MARIA, culposamente. FULANO responde por crime de lesão corporal culposa, pois este crime admite tal possibilidade; 
FULANO danifica o carro de MARIA, culposamente. FULANO não responde por crime de dano culposo, pois o crime de dano não admite tal possibilidade. 
Antes de estudarmos as espécies de culpa é preciso que saibamos a diferença entre previsibilidade e previsão. 
Previsibilidade é um dos elementos do crime culposo 
Previsibilidade x previsão: 
A previsibilidade é um elemento que precisa estar presente em todas as espécies de culpa. 
A previsão, por sua vez, está presente em apenas uma espécie de culpa
A previsibilidade se analisa com relação AO FATO. 
“O fato (o que aconteceu) era ou não possível de se imaginar que poderia acontecer?” 
Exemplo: se tu aplicas um susto em uma pessoa prestes a descer uma escada, caso essa pessoa se assuste, caia e se machuque, esse fato (o que aconteceu) era ou não era previsível (possível de imaginar)? 
A previsão se analise com relação ao AGENTE que praticou o fato. 
“O sujeito, no caso concreto, percebeu o que estava para acontecer ou não percebeu? Se percebeu, houve previsão; se não percebeu, não houve previsão.” 
Exemplo: o sujeito, ao ultrapassar o sinal vermelho, percebeu que poderia atropelar um pedestre que acabara de pisar na faixa de pedestres. 
ATENÇÃO: é possível que o fato seja previsível (possível de perceber que pode acontecer) e não existir previsão por parte do agente (não percebeu, no caso concreto, o que poderia acontecer); se o agente percebeu, no caso concreto, o que poderia acontecer significa que houve previsão e, assim, já sabemos que o fato possuía previsibilidade. 
Em suma: pode haver previsibilidade com previsão ou previsibilidade sem previsão. 
ESPÉCIES DE CULPA
Culpa consciente (ex lascívia): o agente não quer causar o resultado. Contudo, pratica uma conduta de risco, percebe o que essa conduta de risco pode causar, mas acredita, sinceramente, que nada vai acontecer. Existe previsibilidade no fato (é possível de perceber que pode acontecer) e o agente teve previsão (percebeu, no caso concreto, o que poderia acontecer em decorrência de sua conduta). 
Culpa inconsciente (ex ignorantia): o agente não quer causar o resultado. Contudo, pratica uma conduta de risco e causa o resultado sem perceber. Existe previsibilidade no fato (é possível de perceber que pode acontecer), mas o agente não teve previsão (não percebeu, no caso concreto, o que poderia acontecer em decorrência de sua conduta). Ex: a mãe apressada esquece o filho no banco de trás, quando percebe, volta, quando abre o carro, o filho está morto.
Culpa consciente x Culpa inconsciente
Culpa consciente: o agente não quer causar o resultado. Contudo, pratica uma conduta de risco, percebe (tem previsão) o que ela pode causar e, diante desta previsão, acredita, sinceramente, que nenhum resultado lesivo vai acontecer. Aquela pessoa que é confiante demais 
Culpa inconsciente: o agente não quer causar o resultado. Contudo, pratica uma conduta de risco e só percebe o resultado advindo de sua conduta depois de ele já ter ocorrido. Aquela pessoa que é desligada da realidade
Compensação de culpas x concorrência de culpas
Compensação de culpa é impossível no direito penal. No direito privado é possível. 
Concorrência de culpas é possível 
Preterdolo: ocorre quando a conduta dolosa acarreta a produção de um resultado mais grave do que o desejado pelo agente. O propósito do autor era praticar determinado crime doloso e, por culpa, sobreveio resultado mais gravoso. *além do dolo. *houve previsão
Exemplos: Lesão corporal seguida de morte. 
§ 3° Se da lesão resulta morte e as circunstâncias evidenciam que o agente não quis o resultado, nem assumiu o risco de produzí-lo: 
Pena - reclusão, de quatro a doze anos. 
Perceba: a intenção do agente, neste caso, é tão somente lesionar; não existe dolo (seja direto ou eventual) para com a morte da vítima (se houvesse o agenteresponderia por homicídio). A morte da vítima, contudo, ocorre culposamente. 
Estupro Art. 213. Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a ter conjunção carnal ou a praticar ou permitir que com ele se pratique outro ato libidinoso: Pena - reclusão, de 6 (seis) a 10 (dez) anos. (…) § 2o Se da conduta resulta morte: Pena - reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos 
Cuidado: se resultado mais gravoso do que o desejado ocorrer em situação completamente inesperada e imprevisível, o agente responde somente pelo crime doloso que quis praticar, não sendo imputado a ele o resultado agravador.
Modos de exteriorização da conduta. 
Comissão; *traz conduta de ação
Omissão (omissão própria). 
Perceba: todos os tipos penais incriminadores, necessariamente, serão comissivos OU omissivos próprios; se a conduta descrita no tipo exprimir ideia de ação o crime é comissivo; se a conduta descrita exprimir ideia de inação o crime é omissivo próprio. 
Crime comissivo: o tipo penal traz conduta que exprime ideia de ação. São crimes que, de regra, são praticados através de uma ação. 
Exemplos: 
Art. 297 - Falsificar, no todo ou em parte, documento público, ou alterar documento público verdadeiro: Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa. 
Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel: Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. 
Crime omissivo (omissão própria): o tipo penal traz conduta que exprime ideia de inação. São crimes que sempre são praticados através de uma omissão. 
Exemplo: 
Art. 135 - Deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à criança abandonada ou extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida, ao desamparo ou em grave e iminente perigo; ou não pedir, nesses casos, o socorro da autoridade pública: Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. 
Comissão por Omissão (Omissão Imprópria)
Não existe tipo penal, isso é uma gambiarra jurídica pra responsabilizar alguém 
Os crimes comissivos são, de regra, praticados através de uma ação? Isso se aplica a todas as pessoas. Contudo, existe uma categoria especial de pessoas (chamadas pela doutrina de AGENTES GARANTIDORES) que pode praticar estes crimes comissivos (violando uma norma proibitiva) não através da prática de uma ação, mas através de uma omissão. Isso só é possível para eles. 
Quem são estes agentes garantidores? São as pessoas que tem o DEVER JURÍDICO (causalidade normativa) de evitar um resultado (art. 13, § 2º, CP): 
§ 2º - A omissão é penalmente relevante quando o omitente devia e podia agir para evitar o resultado. O dever de agir incumbe a quem: 
a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância; 
b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado; 
c) com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do resultado (ingerência). 
Exemplo: Digamos que João é amigo de Maria e estupra a filha desta. Maria (garantidora, tem o dever de evitar) pode evitar, mas não evita. Neste caso, João praticou estupro (crime comissivo) na forma comissiva (praticou ação) e Maria também praticou estupro (crime comissivo), mas não por ação e, sim, por ter se omitido e isto só é possível por ela ser agente garantidora (tinha o dever de evitar). 
Observações: 
1) o garantidor tem o dever de evitar o resultado, mas para responder pelo resultado que não evitou há de ser aferido, no caso concreto, se ele tinha possibilidade concreta e razoável de agir. Caso não haja essa possibilidade não haverá tipicidade. 
2) o rol das situações de agentes garantidores é taxativo. *então não pode ser ampliada
3) é possível que o agente garantidor responda pelo crime comissivo perante o qual se omitiu de forma DOLOSA ou CULPOSA; dependerá se a sua omissão foi intencional ou não e de se o crime comissivo não evitado admite ou não a forma culposa. 
4) pessoa que não seja agente garantidor NUNCA poderá responder por um crime comissivo por ter diante dele se omitido. 
RESULTADO
O resultado pode ser classificado em:
a) Jurídico
b) Naturalístico
Resultado jurídico é a violação da norma e, por isso, todo o crime possui.
Resultado naturalístico é o que está previsto no tipo penal. Nem todo crime possui.
Quanto à possibilidade ou necessidade de ter resultado naturalístico, os crimes são classificados em: 
a) materiais; 
b) formais; 
c) de mera conduta. 
Crimes Materiais: o tipo penal contém conduta e resultado naturalístico, sendo este INDISPENSÁVEL à consumação. 
Exemplos: Homicídio simples Art. 121. Matar alguém: Pena - reclusão, de seis a vinte anos. 
Lesão corporal Art. 129. Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem: Pena - detenção, de três meses a um ano. 
Crimes Formais: o tipo penal contém conduta e resultado naturalístico, sendo este DISPENSÁVEL à consumação. *também chamados de crimes de consumação antecipada
Exemplos: Extorsão Art. 158 - Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, e com o intuito de obter para si ou para outrem indevida vantagem econômica, a fazer, tolerar que se faça ou deixar de fazer alguma coisa: Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa. 
Corrupção passiva Art. 317 - Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal vantagem: Pena – reclusão, de 2 (dois) a 12 (doze) anos, e multa. 
*se ele vem a conseguir ou não a propina, isso é irrelevante para a consumação, pois ela já aconteceu quando ele solicitou a vantagem indevida.
Crimes de Mera Conduta: o tipo penal contém somente conduta, sem mencionar resultado naturalístico. 
Exemplos: Violação de domicílio Art. 150 - Entrar ou permanecer, clandestina ou astuciosamente, ou contra a vontade expressa ou tácita de quem de direito, em casa alheia ou em suas dependências: Pena - detenção, de um a três meses, ou multa. 
*a semelhança é de que nos crimes de mera conduta e no formal, a simples prática da conduta já consuma o crime, a diferença é que o formal menciona resultado no típico, o de mera conduta não. 
CRIMES MATERIAIS: o tipo penal contém conduta e resultado naturalístico, sendo este INDISPENSÁVEL à consumação. 
CRIMES FORMAIS: o tipo penal contém conduta e resultado naturalístico, sendo este DISPENSÁVEL à consumação. 
CRIMES DE MERA CONDUTA: o tipo penal contém somente conduta, sem mencionar resultado naturalístico.

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