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2 4 0 T I T Í L I A E O D E M O N Ã O A g r A D E c I M E N T O s 2 4 12 4 0 T I T Í L I A E O D E M O N Ã O A g r A D E c I M E N T O s 2 4 12 4 0 T I T Í L I A E O D E M O N Ã O A g r A D E c I M E N T O s 2 4 1 1 1 6 T I T Í L I A E O D E M O N Ã O 1 8 2 6 1 1 71 1 6 T I T Í L I A E O D E M O N Ã O 1 8 2 6 1 1 71 1 6 T I T Í L I A E O D E M O N Ã O 1 8 2 6 1 1 7 1826 1 1 8 T I T Í L I A E O D E M O N Ã O 1 8 2 6 1 1 9 Meu amor, minha Titília, Fui com efeito à Conceição (1) [e] achei tudo bom. Desci ao Ar- senal (2) pela ladeira da Prainha (3) e vi a Corveta (4) bastante adiantada. Entrei na Alfândega, dei minhas ordens e ao sair deu- -me meio-dia e não pude como lhe havia dito ir ao Trem (5). Não podendo pelo verdadeiro e sincero amor que lhe tenho deixar de procurar todas as ocasiões de a ver, tentei e fiz caminho para esta chácara pela rua das Marrecas (6), aonde eu supunha achá-la, e tão grande é minha ventura que tive o gosto de a ver antes da tarde. Não assente mecê que o que digo é nem o mais levemente ditado pela lisonja ou engano; mas sim pelo coração todo seu, e que existe dentro. Deste seu fiel, constante, desvelado, agradecido e verdadeiro amante O Imperador P. S. Tendo, hoje vai ao pintor (7); pois, não querendo a Imperatriz ir ao exercício (8), tem o gosto de estar com mecê à sua vontade. O mesmo (1) Local onde se encontra a Fortaleza de Nossa Senhora da Conceição, ainda hoje existente no Morro da Conceição, bairro da Saúde, no Rio de Janeiro, onde também ficava o palácio do bispo do Rio de Janeiro. 43 1 1 8 T I T Í L I A E O D E M O N Ã O 1 8 2 6 1 1 9 25. Arsenal da Marinha. (2) Arsenal da Marinha. Na época, ficava ao pé do Morro de São Bento, onde existiam os estaleiros da Marinha. Nesse local foram realizados os desembarques cerimoniais das duas esposas de d. Pedro I, a arquiduquesa Leopoldina e a prince- sa Amélia de Leuchtenberg. (3) Antiga ladeira da Fortaleza da Conceição, atual ladeira João Homem, no morro da Conceição. (4) Provável referência à corveta Duquesa de Goiás, incorporada à frota bra- sileira em 1826 e naufragada na entrada da barra do Rio Negro em 27 de fevereiro de 1827, durante a Guerra da Cisplatina. (5) D. Pedro refere-se à Casa do Trem, onde ficava guardado o armamento militar (trem de artilharia). O prédio, ainda existente, é hoje ocupado pelo Museu Histórico Nacional. A pólvora, estrategicamente, era guardada distante, onde era fabricada, no Jardim Botânico. (6) Atualmente a rua permanece com o mesmo nome. Próxima do Passeio Público, no Rio de Janeiro, ganhou esse apelido devido à fonte que existia no local. Luís Gonçalves dos Santos, o padre Perereca, assim a descreve: “É elegante, em semicírculo, sua figura, cuja corda fica ao correr da rua dos Barbonos (atual Evaristo da Veiga), onde estão dois tanques, para neles beberem as bestas; entre os dois tanques há uma escada de pedra com oito degraus; no plano superior está outro tanque com cinco marrecas de bronze, que nele lançam água pelos bicos; na fachada desta fonte se vê uma grande inscrição lapidar e no alto sobres- 1 2 0 T I T Í L I A E O D E M O N Ã O 1 8 2 6 1 2 1 saem as armas reais; perpendiculares aos tanques e escada estão dois balcões de ferro, [...] sobre os quais estão duas figuras de metal que representam Narciso e a ninfa Eco.”1 As estátuas de bronze são de autoria de Mestre Valentim, e, se- gundo Vieira Fazenda,2 o que o padre Perereca descreveu como sendo Narciso é na realidade a deusa Diana, e a ninfa, uma náiade. O erro persiste até hoje nas placas informativas dessas peças, que se encontram no Jardim Botânico, no Rio de Janeiro. 26. Rua das Marrecas. (7) Não existe nenhum retrato conhecido de Domitila nessa época. Porém, como o mesmo pintor que a retratou mais tarde, Francisco Pedro do Amaral, tam- bém trabalhou na decoração de seu novo palacete em São Cristóvão entre 1826 e 1827, é bem provável que se trate deste artista. Amaral (1790-1831) foi pintor- -chefe e diretor das Decorações da Casa Imperial. (8) D. Pedro fazia questão de participar dos exercícios militares que eram realizados no Campo da Aclamação, antigo Campo de Santana, atual praça da Re- pública, no Rio de Janeiro, e no Campo de São Cristóvão, dependendo do tipo de manobras. Também era frequente a presença do imperador nos exercícios milita- res executados no Quartel da Praia Vermelha, onde ficava estacionado o Segundo Batalhão de Granadeiros, formado por imigrantes e mercenários alemães.3 1 2 0 T I T Í L I A E O D E M O N Ã O 1 8 2 6 1 2 1 Meu amor, Dou-lhe parte que, havendo amanhã exercício (1), é mister mar- car o campo para a marcha, e não me entendendo o Valente (2) o modo por que eu o queria marcado, resolvi-me a ir com ele agora marcá-lo. Levo a minha filha também, e se a Imperatriz não for hei de ver se passo por sua casa para ainda ter o gosto de a ver antes da noite. Creia que sou o Seu fiel, constante, desvelado, agradecido e verdadeiro amante O Imperador (1) Exercícios militares. Pela expressão “marcar o campo”, pode se referir a manobras militares que eram realizadas no Campo de São Cristóvão, onde hoje se encontra o Centro Luiz Gonzaga de Tradições Nordestinas. (2) General Pereira Valente, ajudante de campo de d. Pedro I. 27. Manobras militares no Campo de São Cristóvão. No centro à direita aparece d. Pedro cercado por sua guarda de honra. 44 1 2 2 T I T Í L I A E O D E M O N Ã O 1 8 2 6 1 2 3 Meu amor, Minha Titília, Estando o tempo a turvar-se, resolvi não fazer exercício, e nesta conformidade já mandei a ordem. Dou-lhe parte para que saiba e não se ache enganada esperando que o haja. Vou fazer a barba para mecê não ser arranhada à noite por Este seu desvelado, agradecido, fiel, constante e verdadeiro amante O Imperador P. S. A pena está o diabo pela chuva. 28. D. Pedro I. 45 1 2 2 T I T Í L I A E O D E M O N Ã O 1 8 2 6 1 2 3 29. D. Pedro II no alto, d. Januária e d. Francisca. Meu amor, Minha Titília, Estimei muito saber pelo Simões que mecê, e a nossa Belinha, haviam passado bem. Eu, meu bem, passei incomodado do ou- vido com dores constantes e, para coroar a festa, havendo ido para a Glória (1) sem chuva, apanhei na volta toda esta maldita tormenta que por ora não me aumentou as dores; mas sim o pe- sar de a não poder ir ver de dia como desejava, pois bem sabe o quanto se interessa por mecê este seu desvelado, fiel, constante, agradecido e verdadeiro amante O Imperador 46 1 2 4 T I T Í L I A E O D E M O N Ã O 1 8 2 6 1 2 5 (1) A devoção da família a Nossa Senhora da Glória começou com d. João VI. Quando nasceu a primeira filha de d. Pedro e d. Leopoldina, d. Maria da Glória, o avô dedicou-a à Senhora da Glória, dando-lhe o nome, e levou-a ladeira acima, até o altar, rogando proteção. A tradição passou para d. Pedro I, d. Pedro II, chegando até os nos- sos dias. Os nomes dos demais filhos de Pedro I, assim como aconteceu com Maria da Glória, têm cada um seu significado próprio. D. Paula Mariana foi chamada assim em homenagem a São Paulo e Minas Gerais, províncias que cedo juraram fidelidade ao príncipe; d. Januária, em homenagem ao Rio de Janeiro; e d. Francisca, devido ao rio São Francisco, importante para a unidade nacional, correndo de Minas ao Nordeste. 30. Ao fundo o outeiro da Glória, visto do Passeio Público. Meu amor do meu coração, Estimei muito saber que mecê e a nossa querida Bela passaram bem. Eu, meu amor, não passei muito bem, pois tive muita tosse e de manhã acordei doendo-me a espádua direita sobre a costela que quebrei (1), e ainda me continua. O tempo chuvoso, o meu incômodo e o despacho me impedem de ir agora pessoalmente saber da sua saúde, e abraçá-la com aquele entusiasmo nascido de um amor cordial que abrasa o coração seu e Deste seu amante, fiel, constante, desvelado, agradecido e verdadeiro, e amigo ex corde et anima O Imperador 47 1 2 4 T I T Í L I A E O D E M O N ÃO 1 8 2 6 1 2 5 (1) Na queda do cavalo em 30 de junho de 1823. Vide carta 1, p. 66. 31. Palacete da marquesa de Santos, atual Museu do Primeiro Reinado. Meu amor, Não é porque desconfie de mecê e aceito a recomendação de vi- ver bem pois eu a não mereço, porque vivo. Foi só a querer saber que me fez escrever pois já há muito tempo que estava de óculo (1) e nada tinha visto, e pela demora já eu desconfiava que fosse a Durocher (2) com os vestidos. Que havemos [de] viver bem não tem dúvida pela parte desde seu amante etc. O Imperador (1) Com a mudança de Domitila em abril de 1826 para a chácara de São Cris- tóvão, d. Pedro passaria a espioná-la das janelas do palácio da Quinta da Boa Vista, onde residia. No Diccionario da lingua portugueza, de Antônio de Moraes e Silva, 48 1 2 6 T I T Í L I A E O D E M O N Ã O 1 8 2 6 1 2 7 encontramos a definição para óculo: “Instrumento composto de um ou mais ca- nudos, com lentes, que aumentam os ângulos visuais, exceta a objetiva, e a ocular, e que aproximam os objetos”. Enfim, com uma luneta, o nosso imperador ficava, literalmente, de olho na amante. Ora reclamaria saber que ela estava em casa e que mandara de propósito fechar as janelas para que ele não a visse, ora mandaria bilhetes perguntando de quem eram todas as carruagens estacionadas na chácara. Os ciúmes que ele sentia por ela eram tão intensos que, mesmo durante a segunda tentativa de separação, quando ela partiu para São Paulo, em junho de 1828, o im- perador deu ordens para descobrir se ela havia se encontrado com algum homem durante esse período, talvez devido à correspondência anônima que havia recebi- do (anexos 11 e 12, p. 190). Também em carta de 15/11/18274 existe referência dele vasculhando a residência de Domitila com o tal “óculo”. (2) Referência a Ana Durocher, modista francesa, dona de loja de tecidos, estabelecida na rua dos Ourives, próximo à rua do Ouvidor. Era mãe da famo- sa parteira do Segundo Reinado, Maria Durocher. Mais tarde, em 1829, quando Isabel Maria, a duquesa de Goiás, foi enviada para Paris, Durocher é quem iria providenciar o enxoval da menina.5 O famoso palacete da marquesa de Santos em São Cristóvão teria diversos usos. Serviria de residência a d. Maria da Glória quando esta retornou para o Bra- sil, e posteriormente seria comprada pelo barão de Mauá, que faria o inverso de d. Pedro: espionaria das suas janelas o palácio de São Cristóvão, para saber se d. Pedro II estava em casa. Hoje abriga o Museu do Primeiro Reinado. Meu amor, minha Titília, Se minha voz, movida pela verdade, e inextinguível a que lhe consagro, alterando-se um pouco a escandalizou, lhe peço per- dão; mas a verdade jamais de mim se separará, e minha boca será o órgão por onde ela há de ser enunciada. É o que se espera do amigo. Fatal dito foste para mim, que tanto me tenho sentido pelo modo e ocasião em que [rasgado] dito, e porque tenho caprichado, e o capricho em estimá-la como mecê sabe. 49 1 2 6 T I T Í L I A E O D E M O N Ã O 1 8 2 6 1 2 7 O que se espera de amigos como eu é o que eu tenho feito, que é estimá-la como à minha mulher, e dizer-lhe sempre a verda- de para que seu nome vindo aparecer seja imediatamente elogia- do. Isto é o que se espera de amigos, e amigos como eu. Meu amor para com mecê é inacabável, pois meu coração é seu. A lisonja, assim como não mora comigo, não gosto que apa- reça junto de mim, por isso desmascaro os lisonjeiros que lhe beijam os pés para verem se assim eu os olho melhor, e deixo de os conhecer como os conheço de [rasgado] seu Imperador. O seu choro e a sua arrenegação procedida de eu dizer a verdade me consomem muito por ver o quanto mecê assentia enganada e o quanto foi o seu sentimento por tal. Se eu ainda agora visse o que acima digo, eu não reputaria o arranjo consigo; mas antes, sim, o choro, agradecimento de eu lhe mostrar a verdadeira luz e que estava enganada, e a arrenegação, de vergonha de não haver conhecido tais lisonjas. Quando falei de não virem saber de meus filhos cá em cima não foi [para] incomodá-la de preferirem a mecê, e a minha querida Bela; mas a falta de polidez como de homem para homem, e a essa falta de amor, como de súdito para seu Monarca. A minha Glória e Satisfação é que mecê conhece a verdade, e quem lha fala segue-a, e os conselhos de quem a estima e esti- mará sempre reputando-se Seu verdadeiro, fiel, agradecido, constante e desvelado amante do fundo do coração que agora morra se assim não é Pedro P. S. Assino-me Pedro para que veja que lhe falo unicamente como amigo independente de consideração alguma pública, puramente como um particular que ama a sua glória e deseja ver seu nome exaltado. 1 2 8 T I T Í L I A E O D E M O N Ã O 1 8 2 6 1 2 9 32. Carta de d. Pedro I para Domitila de Castro. Rio de Janeiro, circa 1825. Hispanic Society of America, Nova York. 1 2 8 T I T Í L I A E O D E M O N Ã O 1 8 2 6 1 2 9 Meu amor, minha Titília, Eu já não namoro a ninguém depois que lhe dei minha palavra de honra (1), e assim não lhe mereço teus ataques. E quanto a dizer- -me que lhe não dei parte de ter ido outro dia a Botafogo tu engana- -se, pois à noite eu lhe disse (por tal sinal) que tinha ido com a Im- peratriz no carro e a passo. Sinto infinito que depois de tanto tempo de prova mecê ache ainda capaz de lhe fazer traições e infidelidades Este que se considera e afirma ser seu amante fiel, constan- te, desvelado, agradecido e verdadeiro O Imperador (1) É impossível não nos recordarmos da gravidez de Maria Benedita, irmã de Domitila. 50 1 3 0 T I T Í L I A E O D E M O N Ã O 1 8 2 6 1 3 1 Meu amor, Minha Titília, Sempre solícito em cumprir religiosa e prontamente suas deter- minações, tenho o gosto de participar-lhe, primo (1), que já dei o seu recado ao Ponçadilha (2) para ele dar a Francisca (3), e secundo (1), que Maria Antonia Magalhães (4) mora na Rua da Ajuda, bem defronte da Rua de Santo Antônio. É para mim o maior gosto (embaixo do que ainda agora fizemos) o empregar- -me em desempenhar aquelas comissões de que sou por mecê en- carregado, não só porque com isso muito me prezo, e folgo; mas até por mais nisto lhe mostrar quem é, e o quanto a deseja obse- quiar, e obedecer-lhe às suas Excelentíssimas ordens Este seu desvelado, constante, fiel, agradecido e verdadeiro amante do coração O Imperador P. S. Não tome a frase da escrita por mangação, antes se persuada do que é certo, que é o grande contentamento em que estou por isso. (1) Forma latina de “primeiro” e “segundo”. (2) Refere-se a um dos irmãos Ponçadilhas, José Manuel Rodrigues e João Manuel. O primeiro foi ajudante de campo do futuro marquês de Barbacena du- rante a Guerra da Cisplatina, cabendo a ele encontrar-se com d. Pedro em viagem para o Rio Grande do Sul, em 1826. (3) Francisca, filha do primeiro casamento de Domitila, foi educada no Colé- gio de Madame Mallet, na corte. Maria Graham afirma que, em protesto, diversas famílias tiraram suas filhas dessa escola. (4) Um documento preservado no Arquivo Histórico do Museu Imperial6 mostra a disposição dos convidados para um banquete oferecido em comemora- ção ao aniversário da duquesa de Goiás, realizado no palacete de Domitila, em São Cristóvão. Lá aparecem os nomes de Maria Magalhães e de Maria Antônia. 51 1 3 0 T I T Í L I A E O D E M O N Ã O 1 8 2 6 1 3 1 33. Carta de Domitila de Castro, com resposta de d. Pedro I. Rio de Janeiro. Hispanic Society of America, Nova York. 1 3 2 T I T Í L I A E O D E M O N Ã O 1 8 2 7 1 3 31 3 2 T I T Í L I A E O D E M O N Ã O 1 8 2 7 1 3 31 3 2 T I T Í L I A E O D E M O N Ã O 1 8 2 7 1 3 3 Filho, Eu tinha vontade de ir até aquela chácara do Engenho Velho (1), mas queria levar a Duquesa (2) e se for do seu gosto que ela lá vá comigo mande ordens para que venha o carro dela (3). Adeus, até logo Tua Amiga E filha Demetília [Na mesma carta a resposta de d. Pedro:] Nu em pelo respondo. Como tu quiseres, e o que tuquiseres que- ro Eu. Creio ser a de tua avó. Eu também lá irei. (1) Provável referência à casa da irmã dela, Ana Cândida. (2) Isabel Maria, filha de d. Pedro e Domitila, foi feita duquesa de Goiás após completar dois anos, em 24 de maio de 1826. (3) Em levantamento dos bens de d. Pedro quando de sua partida para Por- tugal, em 1831, figuram 67 veículos, entre eles um “carro de cortina pertencente à duquesa de Goiás”.7 Nessa carta, muito mais difícil de transcrever do que qualquer uma de d. Pe- dro, podemos ver os problemas que Domitila tinha com a escrita. 52 1 3 2 T I T Í L I A E O D E M O N Ã O 1 8 2 7 1 3 31 3 2 T I T Í L I A E O D E M O N Ã O 1 8 2 7 1 3 31 3 2 T I T Í L I A E O D E M O N Ã O 1 8 2 7 1 3 3 1827 1 3 4 T I T Í L I A E O D E M O N Ã O 1 8 2 7 1 3 5 Minha querida filha do meu coração, Não podendo eu ter nada que contigo não reparta, eis a razão por que te ofereço. É queijo de Pinha (1), que me parece mui bom, e dos que agora me vêm de Inglaterra em lugar dos outros fedorentos que antes vinham. Estimarei sempre, e cada vez mais, ter ocasiões de te patentear a minha lembrança por ti, e o decidi- do amor, e inextinguível amizade, que sempre te mostrará ainda mesmo no través (2) de todos os perigos. Este teu filho amigo, e amante fiel, constante, desvelado, agradecido e verdadeiro O Imperador (1) “Queijo de Chester de 50 quilogramas requer três anos de armazém, antes de ir ao mercado; mas também a conta deste grande empate, posto que aliás no fabrico nenhuma dificuldade haja, se vende por tão subido preço, que bem vale a pena do es- perar. Também se fabricam pequenos; toda a gente os conhece; porque têm um feitio de pinha, e até queijos de pinha é o nome que entre nós se lhes costuma geralmente.”1 (2) O mesmo que por meio de, através. Minha querida Filha e Amiga do C., (1) Como tenho de mandar o Fernando para a chácara, não quis deixar de te agradecer as expressões de amizade com que me tra- tas. Não escrevo mais pois já te escrevi hoje pelo teu Paulo (2). Adeus, até amanhã às horas da ordem. Teu filho, amigo e amante fiel etc. O Imperador P. S. Não repares na letra nem no torto das regras, pois é feita no can- to de uma casa que tem só porta, e por ela entra o sol que racha e mora aqui o novo Midas = Ponçadilha. (3) 53 54 1 3 4 T I T Í L I A E O D E M O N Ã O 1 8 2 7 1 3 5 (1) Coração. (2) Não identificado. D. Pedro pode se referir a algum amigo, criado ou es- cravo de Domitila. (3) Refere-se a um dos irmãos Ponçadilha, ou José Manuel Rodrigues, ou a João Manuel. Minha filha, Sinto como mecê sabe o incômodo da nossa querida Bela, que logo irei ver, acabe-se o despacho quando for que se acabe. O meu filho (1), e seu, deu-me muito cuidado antes de me ir para a Glória (mas já está bom). Teve uma dor mui grande, mas eu dei- -lhe chá de Marcela (2), fomentei-lhe (3) a barriga com banha, pus-lhe um pano quente e deitei-lhe uma mezinha (4) de azeite puro, com que obrou e está bom. A Maria (5), que foi à Glória, teve lá enjoo de estômago, mas foi de não comer com apetite de ir. Dei-lhe um bolo, e vinho, e está boa. Tudo, meu bem, são desgraças sobre desgraças, e a única felicidade que tenho é ser o Seu amante fiel, constante, desvelado, agradecido e verda- deiro Imperador P. S. Não sendo o coco que veio da Bahia bom, remeto este, que esti- marei lhe agrade. (1) Pedro de Alcântara, futuro imperador d. Pedro II. (2) Macela ou marcela, uma erva brasileira, também conhecida como falsa camomila, usada na medicina popular para aliviar cólicas. (3) Fomentar: friccionar a pele com um líquido aquecido para fins curativos; fazer compressa quente e úmida. (4) Líquido medicamentoso aplicado com enema. 55 1 3 6 T I T Í L I A E O D E M O N Ã O 1 8 2 7 1 3 7 (5) Maria da Glória, filha de d. Pedro e d. Leopoldina, nascida no Rio de Ja- neiro em 4 de abril de 1819 e falecida em Lisboa a 15 de novembro de 1853. Rainha de Portugal. Os cuidados e carinhos de d. Pedro como pai são visíveis em vários momen- tos, inclusive em cartas para Domitila. As atitudes dele chegavam a impressionar, sendo constante a referência, inclusive diplomática, sobre o fato. Quanto ao enig- mático “o meu filho, e seu”: o único filho homem que eles tiveram, também cha- mado Pedro, nasceu em 7 de dezembro de 1825, cinco dias depois de d. Pedro II, e faleceu em 13 de março de 1826, durante a viagem dos imperadores e de Domitila à Bahia. Ele sempre ficou aos cuidados dos avós maternos. Logo após a morte de Leopoldina (11/12/1826), d. Pedro passou, por algum tempo, a referir-se aos filhos dele como também filhos de Domitila. 34. D. Manoel Joaquim Gonçalves de Andrade, bispo de São Paulo. 1 3 6 T I T Í L I A E O D E M O N Ã O 1 8 2 7 1 3 7 Minha filha e querida amada do coração, Perdoa o não te [ter] escrito primeiro do que tu me escrevesse. Não foi esquecimento, antes desde as 6 e meia, que me levantei sem poder dormir, que estou para te escrever, e a minha cabeça está ainda tão fora dos eixos com tanto que tenho sofrido como sabes que agora mesmo pego na pena para te escrever dizendo-te que muito agradeço as uvas, e mais que tudo a tua lembrança que me cativa ainda mais, se é possível. Eu já estou morrendo que chegue a hora de ver-te com a nossa filha, que estimo passasse bem assim como tu. Não só o que é teu, mas o que é meu tu podes emprestar e dar. Eu só reparei, e disse ao Oliva (1), se tu terias vindo ou o que viria a traquitana (2), nem eu soube que nela tinha vindo o Bispo de São Paulo (3), pessoa a quem tu, e tua família, são obrigados. Antes pelo contrário, sempre te louvarei aquelas que possam mostrar publicamente tua franqueza e generosidade. Beijando primeiramente as peras, as deitarei fora como me ordenas. Tenho o gosto de remeter-te a caixa já com o teu nome escri- to, duas calças, uma esteira e uma caixa de flores. O passarinho para a nossa Belinha eu reservo para lhe dar em mão própria. Já que tu me não mandastes a tina, faze-me o favor de a mandar lá estar com água esta noite na casa da janta para se banhar à noite. Este teu filho, amigo e amante, fiel, constante, desvelado, agradecido e verdadeiro O Imperador (1) Cunhado de Domitila, que seria despachado para Recife, junto com seu batalhão, em 3 de setembro de 1827. (2) A traquitana era um veículo de quatro rodas, sendo duas pequenas na frente e duas maiores atrás. Podia ser puxada por dois ou quatro cavalos. Era muito usada por membros da elite. (3) D. Manoel Joaquim Gonçalves de Andrade (1775-1847). Foi indicado bis- po de São Paulo por d. Pedro I em 12 de outubro de 1826, confirmado por breve 56 1 3 8 T I T Í L I A E O D E M O N Ã O 1 8 2 7 1 3 9 papal em julho de 1827 e sagrado em 28 de outubro, no Rio de Janeiro, pelo bispo e capelão-mor d. José Caetano de Sousa Coutinho. Retornou a São Paulo em de- zembro, fazendo a entrada na capital no dia 23. Assumiu o cargo de presidente da Província de São Paulo por três ocasiões. Esse mesmo religioso iria batizar a última filha de d. Pedro com Domitila, nascida em São Paulo, em 1830. Minha querida filha e minha amiga do coração, Manda-me dizer como passaste o resto da noite, e se te não fez mal o frio do chão nos pés. Igualmente te peço que me prometas, bem como eu te prometi, até, no dia dez (1), que te importas com ninguém; não te escandalizes, meu bem, com isto, porque tu tão bem me tens feito o mesmo. Tu decerto não terás dúvida, pois o que se não tenhas tenção de fazer, não está a prometer. Adeus, minha filha, no Teatro (2) nos veremos, e depois terá o gosto de te abraçar Este teu filho, amigo e amante fiel, constante, desvelado, agradecido e verdadeiro O Imperador P. S. Filha, dá-me uma resposta com que confortes este teu coração despedaçado. (1) Em carta datada de 14/10/1827,2 d. Pedro também faz referência ao dia 10 de setembro, quando eles reataram o relacionamento após o atentado à baronesa de Sorocaba. Os ciúmes continuavam sendo uma constante.(2) Referência ao Imperial Teatro São Pedro de Alcântara, incendiado em 1824, reinaugurado em março de 1826, ano em que pegou fogo novamente, sen- do reaberto em 18 de abril de 1827. Os espetáculos começavam às oito horas da noite. Depois de passar por sucessivas reformas e mudanças de nomes, o edifício foi demolido no final da década de vinte do século passado e um novo teatro, o João Caetano, foi erguido no local. Em 1838, esse teatro seria arrendado a Manuel Maria Bregaro, pai de Carolina Bregaro, casada com Rodrigo Delfim Pereira, filho de d. Pedro com a baronesa de Sorocaba. 57 1 3 8 T I T Í L I A E O D E M O N Ã O 1 8 2 7 1 3 9 35. D. Pedro I e d. Maria da Glória. 36. A praça que vemos em primeiro plano, conhecida na época como do Rocio, é a atual praça Tiradentes, no centro da cidade do Rio de Janeiro. À esquerda o Teatro Imperial, onde hoje se encontra o teatro João Caetano, e ao fundo a igreja de São Francisco de Paula. 1 4 0 T I T Í L I A E O D E M O N Ã O 1 8 2 7 1 4 1 Minha querida filha e minha amiga do coração, Muito hei de estimar o saber que passaste bem o resto da noite. Eu às 7 já estava em pé, mas não te escrevi logo porque tu esta- vas dormindo, o que fizeste até as nove e meia. É verdade que me demorei a escrever-te, mas foi por não o querer fazer defronte do Chalaça (1). Nossas filhas estão boas. Minha filha, eu não sei com expressões de peça perdão do quanto te mortifiquei ontem, mas tu melhor que eu sabes o que custa a roer ciúmes em silêncio, e sabes mais que eles fazem de- sesperar a ponto que se chega até a desejar matar e morrer. Eu tenho-te tanto amor que não sei até que ponto umas vezes me ar- rebata de prazer, outras de raiva. Eu conheço minhas esquisitices. Que hei de fazer, paciência. Eu, meu bem, não temo de ti nenhu- ma infidelidade, mas há circunstâncias, e ocorrências e azares, que às vezes fazem perder o juízo, excitar o ciúme, gerar-se a raiva, perpetrarem-se loucuras, e até mesmo coisas que só o de- sespero pode sugerir. Tudo isto me tem acontecido, e tem (conheço que sem razão nem motivo) dilacerado o coração já quase acaba- do deste teu filho. Falta (posto que não persiga) uma prova da tua parte para me convencer que tu não gostas mais de tua prima que de mim (2), e dando-ma tu, eu então poderei ficar dissuadido da desconfiança de tu a estimares mais do que a mim, e da suspeita de inteligência tua com aquele matuto leãozinho ou sagui loiro, e é a prova. Tu hás de mandar-me o anel (3) que tua prima te deu, e eu to restituirei à noite. Se me fazes isso eu ficarei mais descansado, e poderá gozar mais algum sossego este infeliz, e mais que infeliz Teu filho, amigo e amante, fiel, constante, desvelado, agrade- cido e SEMPRE VERDADEIRO O Imperador P. S. Manda-me dizer se vais à Ópera, que é Timonella (4), e a dança de Janij. Não deixes de ir por causa do bandalho do Bremense (5), pois não são estas as provas que eu quero, que são não fazer tu caso de um maroto tal que se continuar há de... 58 1 4 0 T I T Í L I A E O D E M O N Ã O 1 8 2 7 1 4 1 Ainda que vá à Ópera ou eu ou tu, eu lá estarei em tua casa o mais tardar até as onze horas, pois a ópera é pequena, e a dança não a acabarei de ver para estar contigo, e se possível fosse quereria acabar com minha vida em menos de uma hora se me confessasse de todos os meus pecados para gozar a Glória eterna, pois deste mundo só a morte é que dá satisfação em circunstâncias como as deste teu desgraçado filho. Sou teu, tu és minha, e peço-te para que tu vejas o quanto eu te amo = Que tu me faças todas as infide- lidades que eu te fizer =, que então teu coração ficaria descansado dentro deste teu peito que está pronto a receber o golpe dado por ti. Eu já não sei o que digo, estou a modo de maluco, só quero apertar-te esta noite contra meu peito ou decerto acabo ou doido ou não sei como. Eu me estranho a mim mesmo, acho-me de tal modo com a cabeça abatida que ou não falo, ou falando contigo, falo no que não tenho razão alguma. Sou teu, acaba-me com esta triste vida, ela é tua, ela é da Pátria (6), ela me atormenta, só sou infeliz. À noite direi o que jamais poderei esconder. (1) Em setembro de 1827, após um estremecimento, o casal fez as pazes e reatou o romance, porém, como d. Pedro já estava tentando arrumar uma nova esposa na Europa, era importante ser discreto. (2) Não é a primeira referência de um ataque de ciúmes dado por d. Pedro a respeito dessa prima. Em outra carta de setembro de 1827,3 o monarca refere- -se a Josefa, uma das primas-irmãs de Domitila, da família Santana Lopes. Ela e as irmãs solteiras moravam na época na corte, junto com seus pais. A mãe delas, Engrácia, era irmã de Escolástica, mãe de Domitila. O barão de Mareschal informa em um de seus despachos para a Áustria que a “família aflui de todos os lugares, avó, tios, primas e primos”. (3) A história do anel é uma verdadeira novela. Primeiro ele pede o anel, ela o manda, ele devolve dizendo que não é aquele e depois se convence de que está errado e que é o mesmo que havia visto na casa dela. Essa é a carta inicial da se- quên cia já publicada anteriormente.4 (4) A ópera Timonella, ou O tutor logrado, de Luigi Caruso, estreou no Rio de Janeiro em 1826, sendo reapresentada em 1827.5 Como nesta carta d. Pedro faz referência a “nossas filhas”, ela só poderia ter sido escrita após o nascimento de Maria Isabel, em 13/8/1827. 1 4 2 T I T Í L I A E O D E M O N Ã O 1 8 2 7 1 4 3 (5) O “bandalho do bremense” pode se referir a algum desafeto do imperador que tenha dito algo a respeito de Domitila. Não seria a primeira vez que d. Pedro tomaria a defesa da marquesa sem que ela concordasse ou mesmo gostasse de tal atitude: “Se o motivo (de estar zangada) é o de ter eu ontem xingado o Albino e o João Caetano, tenho muita glória de punir por ti e pela tua honra”.6 Em carta datada de 15/11/1827, o barão de Mareschal, em relatório enviado à Áustria, conta que a 16 de junho daquele ano d. Pedro havia recebido uma delegação estrangeira vinda de Bremen, Alemanha.7 (6) Esta é uma das cartas mais passionais de d. Pedro, tanto entre as já publi- cadas anteriormente quanto neste acervo inédito redescoberto. Em 1827 ele estava sob muita pressão. A Guerra da Cisplatina não ia bem e acabaria com a perda da província e a criação do Uruguai. Havia ainda a questão da sucessão portuguesa, a busca por uma nova esposa, enfim, aqui é o homem Pedro, e não o imperador, exausto, lançando um grito de socorro. Minha querida filha e amiga do coração, Não me taches, filha, de te não querer responder, nem tampouco disso me esquecer; neste momento, que são quase duas horas, acaba o Bicho (1) de me entregar tua para mim estimadíssima carta, e recebo a reprimenda de não ter mandado saber de ti. Eu a aceito como coisa tua, e ta agradeço, pois tu me ensinas, mandando saber de mim, o que eu deveria ter feito, e que não fiz por esquecimento, pois sempre existes em minha lembrança. Hei de estimar que passastes bem, e te divirtas ainda que eu me per- suada que te farei falta, e que tu com saudades acharás todos os divertimentos insossos, assim como eu os acho. Das meninas (2) ainda não tive notícias, mas decerto estão boas, pois se houvesse novidade já eu havia de saber; mas, não tendo de lá mandado participação, já havia mandado saber, e ainda não tinha vindo resposta. Logo que receba, terá o gosto de lá receber. Este teu filho, amigo e amante, fiel, constante, desvelado, agradecido e Verdadeiro O Imperador 59 1 4 2 T I T Í L I A E O D E M O N Ã O 1 8 2 7 1 4 3 P. S. As encomendas ainda não chegaram todas, e o Borba já tem sa- cado por oito a dez contos de réis. (1) Bicho, Gaiato, Manuel Inglês, são criados ou amigos de confiança a quem d. Pedro e Domitila, nesse período crítico, confiavam suas mensagens. (2) Maria Isabel, segunda filha de d. Pedro e de Domitila, nasceu em 13 de agosto de 1827. Em 26 de agosto, o imperador mandou tirar Isabel Maria e afilha recém-nascida da mãe, e as crianças passaram a viver com ele no Palácio de São Cristóvão. Maria Isabel faleceu em 25 de outubro de 1828, de meningite. Filha, Não te escrevi logo de manhã pois que haverão 4 horas que daí tinha vindo, e poderia parecer mangação perguntar-te como pas- saste, o que agora faço e ao mesmo tempo te apresento as condi- ções que me parecem serem iguais. 1ª Mútua confiança de parte a parte. 2ª Poder cada um de nós fazer o que lhe parecer, uma vez que guarde fidelidade ao outro. 3ª Não darmos ouvidos (o que nunca fiz) a ninguém. 4ª Não haverem ciúmes desordenados, e só sim os que forem bem fundados, e compatíveis com o bem viver, e conformes a toda condição que os destrói de per si. 5ª Podermos sair a passeios, estarmos fora e conversarmos, contando uma vez que seja sustentada a 2ª. Teu filho etc. Imperador P. S. Lá vou depois da Ópera e então falamos. 60 1 4 4 T I T Í L I A E O D E M O N Ã O 1 8 2 7 1 4 5 Filha, Não só para meu cômodo como para não incomodar o Barão (1), que vinha para a cidade, julguei mais acertado não jantar na Tijuca. Ao mesmo tempo, tiro a utilidade de saber antes da noite como tu passaste desejando que fosse bem o resto, pois o princí- pio foi mau para nós ambos. Quero saber de quem é tanta sege que lá está, pois nem me- nos de três vi quando passei. Filha, eu hoje estou muito terno, e muito macio. Desejo sa- ber se tu estimarias que este teu grosseiro, mas teu muito amigo filho lá fosse. O meu desejo é este (de ir lá hoje), mas temo não se encontre a tua vontade em oposição. Eu espero que tu me man- des dizer que = (Não deixas de estimar que eu lá vá hoje às 9 e meia para as dez) =. Se isto me fizeres, eu me reputarei mui feliz, e cada vez mais. Teu filho, amigo e amante etc. Imperador (1) Não identificado. Pode ser uma referência ao barão de Mareschal (ver carta 65, nota 3). Filha, Remeto para te ser apresentado logo que tu chegares a casa este ramalhete, que eu quero que à noite, quando eu for, tu me digas se te lembras o que significa cada uma dessas flores de per si; e depois todas juntas (1). Adeus, até as horas da ordem, e no en- tretanto recebe o coração saudoso e que de ti nunca se esquece que te envia Este teu filho, amigo e amante etc. Imperador 61 62 1 4 4 T I T Í L I A E O D E M O N Ã O 1 8 2 7 1 4 5 (1) D. Pedro refere-se à Linguagem das Flores, que os viajantes ingleses já ha- viam notado na Turquia e que os franceses acabaram por disseminar pela Europa. Nessa conversa sem palavras, não só cada flor tinha um significado, como o modo de ofertar e receber eram carregados de simbolismos. Maria Graham observou em 1821 que os jovens pernambucanos eram “tão destros no uso de sinais como os próprios amantes turcos. [...] Um namoro é mantido desta maneira, e termina em casamento sem que as partes tenham sequer ouvido as respectivas vozes”.8 Códigos através do manejo de leques também eram comuns. Filha, Não lembrando que hoje era dia de jogo (1) (pois minha cabeça estava perdida), te mandei dizer que às dez lá estava, mas não querendo que tu repares se chegar às dez e meia te escrevo. Hei de fazer as diligências para acabar (sem que eles desconfiem) o jogo às dez, e logo te irei abraçar. Teu filho, amigo e amante etc. Imperador (1) Em 1827, d. Pedro arrumou um parceiro de xadrez: o inglês John Henry Freese, conhecido na casa do barão de Mareschal. Talvez seja a esse jogo que ele se refira nessa e em outras mensagens. Observando-se as cartas datadas sobre o mesmo tema,9 percebe-se que as idas de d. Pedro à casa do diplomata austríaco e os jogos ocorreram na época em que ele tentava aparentar que nada mais existia entre os amantes. 63 1 4 6 T I T Í L I A E O D E M O N Ã O 1 8 2 7 1 4 7 Minha boa senhora, Não posso entender a razão de me não responder chamando-me de filho como eu chamo a Va. Ea. e espero que Va. Ea., mitigan- do alguma coisa seu gênio hoje irritado sem razão, me responda pondo no frontispício da carta Filho, na forma porque sempre me escreveu, e E. R. M. (1) (1) Espera Receber Mercê. D. Pedro, neste bilhete, talvez após alguma briga, dirige-se a Domitila ironi- camente imitando linguagem protocolar. Filha, Com o coração nas mãos deveras te confesso que não sei o mal que tenho feito em ir a Botafogo. Quero que me mandes dizer ou que à noite me digas. Quanto à Boa Vista, eu não conheço que duas: uma é esta chácara (1), outra é no alto da Tijuca (2), aonde não vou desde 10 ou doze de janeiro quando lá estava o barão de Mareschal (3), e que voltamos ambos. Quanto a Laranjeiras, de- pois daquelas três vezes que para lá fui em que na segunda entrei na casa da Lagoa do Marquês de Cantagalo (4), ainda não passei que cá pelo caminho que vai para o Botafogo, e passa pelo largo exatamente aonde eu caí. Portanto, filha, eu muito desejo saber o que é isto, e peço-te que ou me mandes dizer ou à noite mo digas, porque eu ainda que dê com a cabeça pelas paredes decerto não adivinho por quê. Agora, com toda a verdade que é inseparável de mim, te digo que não tenho minha cabeça com sentido em ninguém, nem fiz coi- sa, por menos que fosse, que pudesse fazer dizer-se nada de mim. Não duvido que houvesse algum bom ofício de algum maroto; mas fazendo-me tu o obséquio de me contar o que te disseram, eu estou 64 65 1 4 6 T I T Í L I A E O D E M O N Ã O 1 8 2 7 1 4 7 pronto com a verdade a rebater e repelir qualquer intriga e moti- vo. Adeus, filha, até à noite, recebe o coração, abraços e beijos Deste teu filho, amigo e amante, que tendo sido mau em ou- tros tempos nunca te enganou e por isso se jacta de dizer seu verdadeiro Imperador (1) Quinta da Boa Vista, onde fica o Palácio de São Cristóvão, moradia do imperador. O local fazia parte de uma vasta fazenda jesuíta chamada São Cristó- vão. Quando da expulsão desses religiosos pelo marquês de Pombal, a propriedade passou à coroa. Com o passar do tempo, o terreno foi sendo loteado, e uma grande área, arborizada e elevada, foi adquirida por Antônio Elias Lopes, um rico comer- ciante português. A propriedade, de onde era possível avistar o porto e a cidade do Rio de Janeiro, recebeu o nome de Quinta da Boa Vista. Com a chegada de d. João VI e da corte portuguesa, Elias cedeu-a para o príncipe. D. Pedro para aí se mudou durante sua administração como príncipe regente, transferindo ao paço os serviços burocráticos que estavam espalhados por edifícios alugados. (2) Alto da Boa Vista, na Tijuca. (3) Philippe Leopold Wenzel, barão de Mareschal (1784-1851). Diplomata austríaco. Encarregado dos negócios da Áustria no Brasil de 1819 a 1826, ministro plenipotenciário em 1827. Retirou-se do país em 1830. (4) João Maria da Gama Freitas Berquó foi feito marquês de Cantagalo em 12 de outubro de 1826. Estava entre os acompanhantes de d. Pedro em 7 de setembro de 1822. 37. Palácio de São Cristóvão, localizado na Quinta da Boa Vista. 1 4 8 T I T Í L I A E O D E M O N Ã O 1 8 2 7 1 4 9 Filha, Jamais receberei os sacrifícios que faz por mim de uma maneira mal entendida. Eu os recebo como provas de teu amor para co- migo. Que culpa posso eu ter de tu seres desconfiada sem razão? Que precisão tens tu de tomares tanto interesse por mim que não queres que te vá ver hoje? Eu, filha, hei de lá ir hoje, e só dei- xarei de o fazer se tu assim mo ordenas positivamente, o que eu tomarei como estares mal com este teu filho que tanto te ama e estima. Tu não deitaste pérola fora, teu filho sabe apreciar teus incômodos e cumprimentos para com ele, e te agradece ainda os menores, quanto mais este. Tu não tens que te emendar porque não te enganaste em visitares quem te quer bem. Eu lá vou ainda que me leve o Diabo, pois morrendo por ti, morro contente, e deixarei os meus inimigos satisfeitos. Adeus, filha, até as dez. Teu filho, amigo e amante Imperador P. S. Filha, pelo amor que tens a nossas filhas, não me faças por tuas inconsideradas expressões (e por mim não merecidas)atormen- tar-me eu. Filha, estou (pergunta a teu mano João) com a cara mais abatida, e muito mais ficará se em lugar de receber de ti agradáveis expressões eu na tua carta achar o contrário. Filha, eu te quero muito, tu bem o sabes, e se te não quisesse nada te diria, nem excogitaria todos os dias modos e entradas para te ir ver. Manda, filha, fazer a porta, e até ela ficar pronta irei entran- do pelo portão de costume (1), por onde hei de visitar hoje às dez horas querendo tu, o que espero, pois não quererás dar cabo des- te teu filho com mais essa provação de me proibir lá ir. E espero que tu te compadeças de quem é teu filho e teu amigo e amante. O mesmo 66 1 4 8 T I T Í L I A E O D E M O N Ã O 1 8 2 7 1 4 9 (1) Nota-se ainda a tentativa de dissimulação entre eles. É preciso fin- gir para que os criados e pessoas mais próximas não percebam que houve a reconciliação dos amantes, a fim de que continuem não sabendo nada os em- baixadores, e consequentemente as cortes europeias, onde Barbacena e seus delegados estão tentando ajustar um novo casamento para d. Pedro. Curiosa a menção a mandar fazer a porta. Uma das lendas do palacete onde Domitila morava é que ele se comunicaria por um túnel com o Palácio de São Cristóvão, e seria por aí que o imperador entraria escondido. Mas a distância, a natureza do terreno e outros fatores não contribuem para a existência real dessa pas- sagem. O que houve, efetivamente, foi a construção de um portão no muro de divisa da casa da marquesa com a Quinta da Boa Vista, por onde d. Pedro poderia entrar discretamente. Filha, Como começas a sentir os prognósticos da sezão (1), ainda que não sintas mais nada, toma à noite o enxofar (2), porque ainda que ela venha, virá menor, e continuando a tomá-la não terás mais de duas outras, e se tiver segunda, tomando um vomitório e remédios, adeus sezões. Adeus, filha, até as onze. Teu filho, amigo e amante etc. Imperador (1) Febre intermitente ou maleita. (2) A mistura é ensinada novamente por d. Pedro em carta datada de 22/1/1828: “Em duas colheres de água bem quente, meia colher de chá de flor de enxofre”.10 67 1 5 0 T I T Í L I A E O D E M O N Ã O 1 8 2 7 1 5 1 Querida Marquesa, Acabo de receber uma carta sua na qual me pede parelhas para mandar a fim de ir à Fazenda do visconde de Gericinó (1). Nada mais tenho a dizer-lhe senão que com todo o gosto passo já a mandar aprontar tudo, e conte que não terá falta alguma, e ao mesmo tempo lhe participo que as ordens que haviam em todas as repartições da Minha Imperial casa estão com todo o seu vigor, portanto não tem mais nada que mandar buscar o que precisar que tudo lhe há de ir. Aproveito esta ocasião para lhe significar o meu contenta- mento pelas suas melhoras, as quais me acaba de dizer o Barão de Inhomirim (2), que são verdadeiras e parecem que prometem uma saúde vigorosa. Assim Deus permita. Ao mesmo tempo te- nho o prazer de assegurar-lhe o quanto a estimo, e lhe deseja todas as venturas que podes apetecer como quem é Seu amo e seu Imperador Boa Vista 7 18–27 11 (1) Ildefonso de Oliveira Caldeira Brant (1774-1829). O visconde de Gericinó era irmão do marquês de Barbacena, Felisberto Cadeira Brant Pontes de Oliveira Horta. Amigo comum de Domitila e de d. Pedro, foi feito de mensageiro pelo im- perador na questão da retirada da marquesa da corte, em maio de 1828. (2) Dr. Vicente Navarro de Andrade (1776-1850). Barão de Inhomirim em 12/10/1826, conselheiro imperial e também médico da Imperial Câmara, além de amigo de d. Pedro. Essa carta, provavelmente, foi escrita na frente de outras pessoas. Note-se o tom protocolar e oficial. No mesmo dia, em carta já publicada, ele afirma: “Escre- vi-te como imperador, agora escrevo como teu filho”, e finaliza: “Adeus, filha, rece- 68 1 5 0 T I T Í L I A E O D E M O N Ã O 1 8 2 7 1 5 1 be o coração cheio de saudades que, posto que seja teu, contudo tu não me privas que to ofereças, até mesmo única pessoa a quem o dediquei e por quem ele sempre suspirará dentro do peito”.11 Filha, Estimarei saber que chegaste bem quanto à viagem, e sinto que o teu ouvido esteja pior, segundo me disse José Bernardes (1), a quem perguntei pela tua saúde. Deus queira que ele se enganasse no que me disse. Nossas filhas estão de mui boa saúde, a Maria (2) vai melhor e a Paula (3) também está com febre. Eu sei que tenho tido saudades tuas e aposto que tu também as terás tido de mim, que é que faz mitigar, mas por me ver retribuído na mesma moeda. Adeus, minha querida filha, até logo, que terei o gosto de te abraçar, beijar, etc. Nada mais digo senão que sou, e serei, teu filho, amigo e amante fiel, constante, desvelado, agradecido e sempre verdadeiro O Imperador 10 18–27 11 (1) José Bernardes Monteiro Guimarães, Moço da Imperial Câmara, tinha negócios com Domitila. (2) Maria da Glória, rainha de Portugal. (3) Paula Mariana era a sexta filha de d. Pedro e de d. Leopoldina. Nasceu em 17 de fevereiro de 1823 e faleceu em 16 de janeiro de 1833. Sempre foi muito enferma, e é constante a referência ao estado de saúde dela nas cartas à Domitila. Em 1828, o pai levou a menina para uma casa recém-comprada em Botafogo, para tomar melhores ares. No ano seguinte iria para a serra, onde hoje se encontra Pe- trópolis, sempre em busca de melhoras para a filha doente. 69 1 5 2 T I T Í L I A E O D E M O N Ã O 1 8 2 7 1 5 3 Minha querida filha, Logo que cheguei fui abraçar nossas filhas, que estão boas hoje, apesar [de] que a Bella ontem de uma jabuticaba que comeu vomi- tou muito, mas está boa. A Paula tem andado constipada, mas vai bem. Eu, esta manhã, que são 15, espremi tua coisa (1) e deitou uma lágrima maior do que ontem, parecendo depois de enxuta na camisa goma de polvilho exatamente; mas não tenho ardor nem inflamação, nem coisa que me faça descoroçoar de todo, apesar de que quando eu andei sossegado, e contigo, nunca tive nada. O Júlio diz que não é nada; mas eu é que tenho esse nada, ainda que nadinha, para cúmulo de toda a minha infelicidade. Hoje vou tomar o Le Bos, e ver se posso atalhar uma coisa que, posto que digam não é nada, é escandecência (2). Eu o que respondo é que tal nunca tive quando andava contigo. O portador, que é o José Pequeno, tem ordem de pedir ao Manuel Inglês (3) uma das se- ringas de prata (4) da Imperatriz e escondidamente levar-ta por cautela, e eu amanhã te escreverei para te participar como vou, e te remeterei uma receita para que no caso (hó!!! desgraça!!!) que te tenha aparecido alguma coisa tu deites seringadas com a tal seringa. Eu estou muito esperançado que tu não terás nada porque assim me parece que isto é o que diz o Júlio e o Peixoto, escandecência, e que com a viagem aumentou ainda que pouco a Este teu amigo etc. Imperador (1) D. Pedro está se referindo ao pênis. (2) No Diccionario de medicina popular,12 a definição inclui de prisão de ven- tre a um estado mórbido generalizado que vai de febre, sede, dor de cabeça, ventre duro, urina vermelha, até braços e pernas doloridas. Alguns dicionários antigos, como o Moraes, dão como aumento do calor interno a ponto de perturbar a saúde do paciente. (3) Criado particular de confiança de d. Pedro I, conhecido como Manuel Inglês.13 (4) Essas seringas eram utilizadas para higiene íntima feminina. 70 1 5 2 T I T Í L I A E O D E M O N Ã O 1 8 2 7 1 5 3 Essa mensagem foi escrita em novembro de 1827, conforme carta já publicada anteriormente,14 onde podemos ler a continuação do “drama”, com a “tua coisa” sen- do espremida e o consequente resultado, narrado com igual nível de detalhamento. Filha, Eu não vou hoje à Ópera porque não quero apanhar ar de noite porque estou com o purgante, e logo que possa apanhar ar de noite terei primeiro que tudo o gosto de ir ver-te. O teu compadre já está arranjado, e melhor do que estava (1), e dou-te parte que comprei a casa do Visconde de Vila Nova no Botafogo (2). Acei- te, filha, saudades quede todo o coração te manda Este teu filho, amigo e amante etc. Imperador 17 18–27 11 P. S. Recebi as flores pela mão da Duquesa, e tas ofereço a ti de mimo. 71 1 5 4 T I T Í L I A E O D E M O N Ã O 1 8 2 7 1 5 5 38. Vista noturna da praia de Botafogo. (1) Em 17 de novembro de 1827, João de Castro, irmão de Domitila, recebeu o título de conselheiro de Estado. (2) No mesmo dia, 17 de novembro, d. Pedro adquiriu a residência do viscon- de de Vila Nova da Rainha, na praia de Botafogo. Existe uma discussão histórica a respeito dessa casa. Alguns afirmam que o palacete que d. Pedro possuía nessa praia fora herdado da mãe, a rainha d. Carlota Joaquina, que lá morara. Outros dizem que ele a teria comprado. Alberto Rangel15 demonstra, através de corres- pondência localizada em arquivos diplomáticos na França e na Inglaterra, a luta de d. Pedro para tirar do imóvel recém-adquirido o antigo inquilino, o embaixador britânico sir Robert Gordon. Gordon teimava em continuar lá morando, alegando tratativas documentadas com o proprietário anterior. D. Pedro, segundo demons- tram as cartas trocadas, dizia precisar da residência para ter onde instalar as filhas, Maria da Glória e Paula Mariana, convalescentes. A quantidade de pessoas de um séquito era grande, e talvez não fosse impossível pensar que d. Pedro teria real- mente comprado uma segunda propriedade em Botafogo para abrigar todos os servidores que acompanhariam as crianças. 1 5 4 T I T Í L I A E O D E M O N Ã O 1 8 2 7 1 5 5 As casas de Botafogo, segundo Debret16 e outros viajantes, estavam entre as chácaras mais encantadoras do Rio de Janeiro. O local era residência habitual de ricos negociantes brasileiros e ingleses e de altos funcionários imperiais. Filha, Nada me dizes de assistência? (1) Ainda nada? Além disto, que- ro saber a quem compraste o anel de cadeia e coração ou se to deram, e se assim foi com toda a verdade manda-me dizer quem to deu, e de quem é o cabelo que tem dentro do coração (2). Responde sem me enganares, e com aquela verdade com que eu sempre te falo. Até à noite, filha, tira-me da aflição em que estou por causa do anel que tantas tolices tem feito supor a Este teu filho, amigo e amante etc. Imperador P. S. A Paula está outra vez com febre, Deus queira não seja fatal. 25 18–27 11 (1) Referia-se d. Pedro ao atraso da menstruação de sua amante. Conforme cartas já publicadas,17 sabemos que a menstruação de Domitila atrasou ao menos uma semana nesse período. A primeira referência à “assistência” foi em 20/11/1827. No dia 22, ele diz: Se à noite tiveres alguma coisa irei à Glória, primeiro que à tua casa.18 A “Glória” é a Igreja de Nossa Senhora da Glória do Outeiro, provável refe- rência a alguma promessa feita por ele para que Deus não lhe enviasse outro filho 72 1 5 6 T I T Í L I A E O D E M O N Ã O 1 8 2 7 1 5 7 da marquesa. O imperador não precisava de uma notícia dessas chegando à Euro- pa enquanto um novo casamento era negociado com tanta dificuldade. (1) Era comum o costume de possuir mechas e fios de cabelos de pessoas queridas como lembrança, muitas vezes transformando-os em adereços, como pulseiras e colares trançados com fechos em ouro, ou em medalhões, como no caso do coração usado por Domitila que atraiu os ciúmes do monarca. 39. D. Maria II, rainha de Portugal. 1 5 6 T I T Í L I A E O D E M O N Ã O 1 8 2 7 1 5 7 Filha, Eu não te escrevi logo de manhã porque acordei às oito e um quarto, e logo apareceu o Chalaça, e tendo-me de me vestir (para a festa) (1) o não pude fazer com tenção de te escrever depois; mas infelizmente recebo a triste notícia do falecimento do nosso amigo Pedro (2) e então fechei-me, estando já para sair para a cidade, e te escrevi mal e porcamente pois eu não soube aonde fiquei com tal nova, e agora mesmo estou com uma cara que o Carlota (3), que nada sabia, me perguntou o que eu tinha. Eu sin- to ainda muito mais por eu me ter deixado iludir pelo B. de Soca Rabo (4) a ponto de fazer tal; mas como assim não seria? Sendo eu sincero e franco e ele, maroto e velhaco? Valha-nos Deus, o mesmo Deus lhe dê o Reino da Glória em remuneração de tantos e tão aviltantes trabalhos. Filha, até à noite depois que vier do Teatro, pois contigo quero aliviar este teu coração que se sente estalar de dor, remorsos, desesperação em suma, de tudo quanto é neste mundo de mortificante. Então, filha, manda estar a porta aberta que eu lá vou estar contigo. Aceita, filha, tudo quanto há de bom em amizade, pois te oferece Este teu filho, amigo e amante etc. Imperador 1 18–27 12 (1) Referência às festividades em comemoração ao quinto aniversário da co- roação de d. Pedro I: missa na Capela Imperial e recepção no paço. (2) Quem seria o “amigo Pedro” é um dos grandes enigmas dessas cartas inéditas. O filho deles, com esse nome, havia falecido um ano antes. O irmão dela, Pedro de Castro, ainda estava vivo nessa época, assim como seu sobrinho, afilhado do monarca. Existe a possibilidade de ser algum membro do batalhão comandado por Carlos Maria Oliva que havia sido despachado para Recife, mas não foi possí- vel comprovar essa suspeita até o momento. 73 1 5 8 T I T Í L I A E O D E M O N Ã O 1 8 2 7 1 5 9 (3) João Carlota, funcionário do paço, amigo de d. Pedro, presente entre as testemunhas de 7 de setembro de 1822. (4) B. de Soca Rabo é um provável anagrama do barão de Sorocaba. Filha, Dei o abraço nas nossas filhas, e recebi a tua segunda carta. Sinto não me dizeres = Podes vir = como eu te pedi; e espero que assim me mandes dizer, respondendo-me a esta, que serve para te tornar a pedir que me mandes dizer = Podes vir =, porque as- sim fico certo que não é por comprazeres comigo. Fui ver, como ontem te disse, as joias da Duquesa, e achei a peça número 6 que eu lhe não dei, bem como falta da número 2, que é um dos nossos que lhe dei. Eu não falo nisto senão para te dizer que cá existe a peça número 6 que, não tendo sido dada por mim, é tua, como ontem te disse. Não me tomes a mal minha franque- za, pois tudo quero fazer claro. Eu não quero que tu assentes que eu cá deixaria ficar uma das peças que ontem te disse que ficasses com elas, e por isso quis mui a levar. Espero me mandes dizer = Podes vir =. Se isto me fizeres, apesar do meu grande incômodo, conta comigo, se não pensarei e darei resposta à res- posta desta que te escrevo sem pressa, pois já estou crismado há muito tempo. Teu filho, amigo e amante etc. Imperador 6 18–27 12 P. S. Perdoa se me mostro sentido de não me dizeres = Podes vir =, mas tu vês que, assim como tu teimas em não mandares dizer-me = Podes vir =, também eu sentido posso pedir-te uma, e muitas vezes, este para mim grandíssimo favor, pois vejo nele teu desejo 74 1 5 8 T I T Í L I A E O D E M O N Ã O 1 8 2 7 1 5 9 de gozares da minha grosseira companhia, bem como eu da tua, que sempre me será agradável. O mesmo Essa é a primeira de duas cartas do mesmo dia. Na outra, já publicada ante- riormente, d. Pedro diz: Não pude conseguir que me mandasses dizer ‘podes vir’. Paciência [...] eu lá vou. [...] Manda-me dizer se posso ir e manda estar a porta aberta, que eu lá vou, e adeus, até as dez horas. Responde-me a esta para ficarmos justos.19 Como imperador, ele podia ordenar e obedeceriam, mas, como homem, pedia. Se ela dissesse não, ou não respondesse, ele não arrombaria a porta. Filha, Além de ir saber como passaste o resto da noite, eu vou agrade- cer-te o modo lhano com que me trates esta noite, e pedir-te que te não esqueças do que me prometes, e é o deixares-me uns dias por outros (às horas do costume) saber da tua saúde pessoalmente. Eu, minha filha, passei bem, como se ontem nada tivera tido, pois nem ainda nem sequer [tive] vontade de ir à caixa, e dormi bem. Só o que sinto é uma displicência, e fraqueza no corpo, mas que em breve será restabelecido. Adeus, minha filha, aceita os protestos da mais sincera amizade Deste teu filho,amigo, fiel, constante, agradecido e sempre verdadeiro O Imperador 7 18–27 12 75 1 6 0 T I T Í L I A E O D E M O N Ã O 1 8 2 7 1 6 1 P. S. Hei de confessar-me com o Monsenhor Fidalgo (1) amanhã, como te disse, e espero que tu me não enganes quanto ao que me prometes, pois então eu me reputarei o homem mais feliz por estar bem com Deus não estando tu mal comigo. (1) Duarte Mendes de Sampaio Fidalgo, monsenhor da Capela Imperial, cô- nego da Sé do Rio de Janeiro e reitor do seminário de N. S. da Lapa. Membro da comissão de 1822, responsável pela coroação e sagração de d. Pedro I. Pelo teor da carta, podemos entender que Domitila finalmente disse: “podes vir”... Após se confessar, d. Pedro mandou uma carta para ela em 8/12/1827: [...] Acabando de confessar-me, não posso por dever de cristão deixar de te ir (pelo modo que posso) pedir perdão das ofensas que tiveres de mim e daquelas que tu supuseres ter. Eu te peço, minha filha, que, da minha parte, peças perdão (tão decididamente como eu te peço) à tua mãe e que me respondas. Uma coisa te pediria, mas temo não ser atendido, que era queimares todas aquelas cartas que te tenho escrito desde 10 de setembro, não porque eu tenha medo que tu as mostres, mas porque pode acontecer (o que Deus não permita) que tu faleças (ainda que eu irei primeiro) e em tal desgraçado caso, minha honra ficar manchada. Se me fizeres isto, eu te remeterei as tuas que cá tenho guardadas.20 Depois de pedir perdão a ela e à mãe, pede que ela destrua as cartas desde o reatamento até aquela data. O final do ano chegava, e com ele o aniversário de um ano da morte da imperatriz Leopoldina e as primeiras notícias da Europa a respeito das dificuldades em se arrumar uma nova esposa para d. Pedro. O que ele poderia ter feito para ofender a mãe de Domitila? Talvez fosse ainda um eco da tentativa de expurgar os Castros Canto e Melo da corte depois do atentado à baronesa de Sorocaba. 1 6 0 T I T Í L I A E O D E M O N Ã O 1 8 2 7 1 6 1 Filha, Como tu tens estado sem ires (e por mui justo motivo) ao Teatro, e tendo nós muito apetite de assistirmos à Comédia Francesa, e podendo-o não ir eu hoje ao Teatro, e ir depois de amanhã pare- cer combinação entre nós, ou para nestes dias que não vamos estarmos juntos, ou nós que vamos nos vermos, assentei de ir esta noite ao Teatro, um pouco para evitar todas as suspeitas e podermos viver sossegados. Eu bem conheço que muitos escrú- pulos são maus; mas, neste nosso caso, e posição delicadíssima, convém muito uma perfeita fantasmagoria. Manda-me dizer o que te parece, que é impossível que te não pareçam duas coi- sas: primeira, muito escrúpulo; segunda, muito bom pensamento, para gozarmos um do outro sem que os outros se divirtam à nos- sa custa. Adeus, filha, recebe o coração saudoso Deste teu filho, amigo e amante etc. Imperador 13 18–27 12 O jogo prossegue: a tentativa de não serem vistos juntos, a farsa, a “fantasmagoria”. Filha, Como me parece que tu tens alguma coisa que te aflija, e pare- cendo-me que te poderei pela minha companhia ainda que gros- seira consolar-te, pretendo ir mais cedo do que te mandei dizer, e irei às dez, e para que não haja jogo, para esse fim deixo ordem (indo agora para o Botafogo) que, não chegando eu até as oito, se retirem, e assim posso com certeza lá chegar à sua casa às dez. Adeus, filha, até então, e espero que estejas mais doce do que mostras pelas tuas cartas, que estão umas um tanto sem amiza- de, e outra seca como um pau. Eu estimarei não ser participante 76 77 1 6 2 T I T Í L I A E O D E M O N Ã O 1 8 2 7 1 6 3 pessoalmente das tuas quizílias (1), pois isso seria uma injustiça sendo eu tão bom (agora) para ti e sendo teu Filho, amigo e amante etc. Imperador 14 18–27 12 (1) Inimizade, antipatia. Querida Marquesa, Desejo saber como passou e lhe participar que eu e as meninas estamos bons, que a Maria Isabel se vai vacinar (1) e que a mi- nha filha Rainha (2) vai com bastante melhora. Estimamos que se divirta pelo Caju (3). Aceite os protestos da maior consideração com que sou, Querida Marquesa, Seu amo que muito a estima Imperador 23 18–27 12 (1) Referência à vacina contra a varíola, instituída por d. João VI desde 1811. A vacinação era realizada às quintas-feiras e domingos na igreja do Rosário. (2) D. Maria da Glória, rainha de Portugal com a renúncia do pai, só assumi- ria efetivamente o trono em 1834, sob o nome de d. Maria II. (3) Provável referência à Ponta do Caju, próximo de onde hoje se encontra a zona portuária do Rio de Janeiro. Na época, era um agradável local utilizado para banhos de mar. Chegou a ser frequentado por d. João VI e d. Leopoldina. 78 1 6 2 T I T Í L I A E O D E M O N Ã O 1 8 2 7 1 6 3 Querida Marquesa, Desejo saber como passou, e participar-lhe que eu e as meninas estamos bem, a Rainha vai assim mesmo. Já desde hoje lhe come- ço a dar os parabéns dos seus anos (1), mostrando-lhe o quanto desejaria que goze desses dias mais cem. Aceite os protestos da maior amizade e consideração, com que sou, Querida Marquesa, Seu amo que muito a estima Imperador 26 18–27 12 (1) O aniversário de 30 anos da marquesa seria no dia seguinte, 27 de dezembro. Querida Marquesa, Desejo que me mande dizer como passou e participar que eu e as meninas estamos bem, que a Rainha minha filha vai assim mesmo. Aceite os protestos da mais pura, lícita e sincera amizade, e consideração com que sou, Querida Marquesa, Seu amo que muito a estima Imperador 31 18–27 12 79 80 1 6 4 T I T Í L I A E O D E M O N Ã O 1 8 2 8 1 6 51 6 4 T I T Í L I A E O D E M O N Ã O 1 8 2 8 1 6 51 6 4 T I T Í L I A E O D E M O N Ã O 1 8 2 8 1 6 5 1 6 4 T I T Í L I A E O D E M O N Ã O 1 8 2 8 1 6 51 6 4 T I T Í L I A E O D E M O N Ã O 1 8 2 8 1 6 51 6 4 T I T Í L I A E O D E M O N Ã O 1 8 2 8 1 6 5 1828 1 6 6 T I T Í L I A E O D E M O N Ã O 1 8 2 8 1 6 7 40. Movimentação no porto do Rio de Janeiro. 1 6 6 T I T Í L I A E O D E M O N Ã O 1 8 2 8 1 6 7 Querida Marquesa, Agradeço-lhe muito o [rasgado], pois eu [rasgado] precisava de tua boa [rasgado] em razão do desespero em que estou por causa de ainda não ter recebido notícias do paquete (1) de outro dia, e do chegado de hoje (tendentes ao meu negócio), em razão de o Gordon (2) estar na Serra. Nada tenho a enviar-lhe senão os protestos da maior amiza- de e consideração com que sou, Querida Marquesa, Seu amo que muito a estima Imperador 1 18–28 12 (1) Derivação da palavra alemã pack, o mesmo que feixe, molho, maço de cartas. Paquebote, ou packet boat, era o termo com que se designava o navio que levava carta da França para a Inglaterra.1 A palavra paquete virou sinônimo do correio transportado pelos navios que ligavam a América à Europa. (2) Provável referência a notícias de Barbacena referentes às negociações diplomáticas visando ao apoio de Inglaterra, França e Áustria ao processo de sucessão do trono em Portugal. No final de 1827 e 1828, também começaram a chegar informações a respeito das dificuldades de se arrumar uma nova esposa para d. Pedro. 81 1 6 8 T I T Í L I A E O D E M O N Ã O 1 8 2 8 1 6 9 Querida Marquesa, Desejo saber como passou; eu passei bem, e as meninas que lá vão. A Rainha já deu três passos segura pelas criadas. A Chica (1) está bem. Aceite os protestos da maior amizade e consideração com que sou, Querida marquesa, Seu amo que muito a estima e estimará, Imperador 14 18–28 1 (1) D. Francisca Carolina, quarta filha de d. Pedro I com d. Leopoldina. Nas- cida em 2 de agosto de 1824 e falecida em Paris, em 27 de março de 1897. A princesa d. Januária, nascida em 11 de março de 1822 e falecida em 13 de maio de 1901, não é mencionada em nenhuma destas cartas, talvez porque tivesse a saúde melhor que a das irmãs. Querida Marquesa, Desejo saber como passou; eu e as meninas estamos bons. A Rai- nha vai indo, e a Chica está boa. Aceite os protestosda maior amizade, e consideração com que sou, Querida Marquesa, Seu amo que muito a estima, e estimará Imperador 15 18–28 1 82 83 1 6 8 T I T Í L I A E O D E M O N Ã O 1 8 2 8 1 6 9 Querida Marquesa, Desejo saber como passou. Eu passei bem, e as meninas. A Rai- nha vai indo. Querida Marquesa, Seu amo que muito a estima e estimará Imperador 17 18–28 1 Querida Marquesa, Muito sinto que ontem passasse tão incomodada, e lhe afirmo que muito atormentado estive enquanto o Barão (1) à noite me não assegurou que estava melhor. Agora muito estimo a melhora, e um parasita que amanhã pelas 11 ou meio-dia já o crescimento que tiver seja menor, e poderá ser que em consequência da des- carga, dele mesmo escape, o que eu muito desejaria. Aceite os protestos de maior amizade e consideração com que sou, Querida Marquesa, Seu amo que muito a estima, e estimará Imperador 25 18–28 1 (1) Barão de Inhomirim (ver carta 68, nota 2). 84 85 1 7 0 T I T Í L I A E O D E M O N Ã O 1 8 2 8 1 7 1 Querida Marquesa, Muito estimei saber ontem quando vim do Teatro que continua- va a passar bem, e que desde as nove e meia até as 11 e quarto que não dormia mui sossegada. Meu prazer será consumado se eu souber que hoje não teve acréscimo (1), ou que o teve muito menos, pois a Marquesa não pode pensar a aflição com que tenho andado, motivada pelo cuidado que tenho tido. Se eu alguma vez estiver doente é que poderá calcular que tal é uma mortificação, como a minha tem sido. Aceite os protestos da maior, e mais pura, e sincera amizade e consideração com que sou, Querida Marquesa, Seu amo que muito a estima e estimará Imperador 28 18–28 1 (1) Febre intermitente. 86 1 7 0 T I T Í L I A E O D E M O N Ã O 1 8 2 8 1 7 1 Querida Marquesa, Desejo saber como passou, e muito estimarei que fosse bem, pois me interesso cordialmente pela sua saúde, que apeteço ser sem- pre no melhor estado. Aceite os protestos da maior amizade e consideração com que sou, Querida Marquesa, Seu amo que tanto a estima e estimará Imperador 2 18–28 2 P. S. Agora com todo o prazer parto para a Glória, acompanhado de todos os filhos, em dar graças pela melhora da Rainha, que tam- bém vai. 87 1 7 2 T I T Í L I A E O D E M O N Ã O 1 8 2 8 1 7 3 Querida Marquesa, Muito desejo saber como tem passado, e como está de saúde, pois me interesso o mais possível por que ela seja a mais perfeita. Eu estou bom, e cheguei bem. As meninas estão boas, todas menos a Paula, que vai melhor. Aceite os protestos da maior amizade e consideração com que sou, Querida Marquesa, Seu amo que muito a estima e estimará Imperador 26 18–28 2 Muito estimarei, querida Marquesa, saber como passou, e se lhe não fez mal a chuva que apanhou durante o seu passeio, em que estimo se divertisse. Eu estou bom, o Pedro (1) está quase sem abalo de pulso e muito esperto, como costuma, as mais bem. Quero ver se agora lhas posso mandar, tanto a Duquesa, que já deu ou vai dar lição, como a Maria Isabel. Não posso por ora dar uma resposta cabal à sua pergunta relativa ao nosso Felício (2), pois hei de examinar os papéis, tirar algumas informações, para dar um conselho salutar. Aceite os protestos da maior amizade e consideração como sou, Querida marquesa, Seu amo que muito a estima e estimará Imperador 5 18–28 3 88 89 1 7 2 T I T Í L I A E O D E M O N Ã O 1 8 2 8 1 7 3 (1) Pedro de Alcântara, futuro d. Pedro II. (2) D. Pedro refere-se ao filho de Domitila com o primeiro marido. Felício foi enviado para estudar em Paris no segundo semestre de 1827, tendo por guardião o médico imperial dr. Domingos dos Guimarães Peixoto, que também ia para a capital francesa realizar especialização médica. Ambos recebiam pensão do go- verno imperial, que foram todas encerradas no início de 1828, deixando tanto o dr. Peixoto como Felício sem amparo financeiro, o que foi resolvido em junho do mesmo ano. Querida Marquesa, Mande-me dizer como passou. Eu passei bem. O menino às 3 ho- ras da noite parecia estar melhor, porque dormiu até a essa hora, dos mais nada posso dizer porque agora me levanto da cama, e ainda os não vi. Aceite os protestos da maior amizade e consideração com que sou, Querida Marquesa, Seu amo que muito a estima e estimará Imperador 7 18–28 3 90 1 7 4 T I T Í L I A E O D E M O N Ã O 1 8 2 8 1 7 5 Querida Marquesa, Desejo saber como passou. Eu passei bem, e todos os filhos. A Paula vai indo. Aceite os protestos da maior, mais sincera e desinteressada amizade com que sou, Querida Marquesa, Seu amo que muito a estima e estimará Imperador 28 18–28 3 Querida Marquesa, Desejo que me mande dizer como passou. Eu passei bem; mas agora estou com muita pena no fundo do meu coração pela morte inesperada do Ponçadilha (1), que aconteceu às 5 horas e meia, em menos de 5 minutos deitando sangue pela boca e ouvidos. Só pôde chamar o Maurício (2), que quando chegou já havia dado contas a Deus. As filhas vão bem. Aceite os protestos da maior, mais pura, sincera e desinte- ressada amizade com que sou, Querida Marquesa, Seu amo que muito a estima e estimará, Imperador 17 18–28 4 91 92 1 7 4 T I T Í L I A E O D E M O N Ã O 1 8 2 8 1 7 5 (1) Provável referência à morte de João Manuel Rodrigues Ponçadilha. O ou- tro irmão, José Manuel, irá servir o filho de d. Pedro, d. Pedro II, como secretário, já com a patente de coronel. (2) Padre José Maurício Nunes Garcia? Querida Marquesa, Desejo saber como passou e mais sua mãe. Eu passei bem, e todos. Aceite os protestos da maior, mais pura, sincera e desinte- ressada amizade com que sou, Querida Marquesa, Seu amo que muito a estima, e estimará Imperador 24 18–28 4 Querida Marquesa, Mande-me dizer como está, e mais sua mãe e tia. Eu estou bom, e todos, menos a Paula, que se vomitou ontem. Aceite os protestos da maior, mais pura, sincera e desinte- ressada amizade com que sou Seu amo que muito a estima, e estimará Imperador 16 18–28 5 93 94 1 7 6 T I T Í L I A E O D E M O N Ã O 1 8 2 8 1 7 7 Minha querida Marquesa, Muito desejo que goze de perfeita saúde, e de tão perfeita como eu desejo para mim e para meus filhos. Peço-lhe que acredite que estas minhas expressões são filhas do Amor que lhe consagro e consagrarei, atentas às relações tão íntimas que tivemos. Eu sempre sou o mesmo homem. Estar longe ou estar per- to não me faz diferença para mostrar-lhe uma verdadeira, pura, sincera e cordial amizade. Eu não seria homem digno de exis- tir neste mundo se assim não pensasse. Eu estou, Deus louvado, [bem] de saúde. A Paula já anda e vai à casa de fora. As mais, e o Pedro, estão bons. A Duquesa mui esperta, e cada vez mais galante, e a Maria (1) igualmente, e já quer andar só. Eu lhe asseguro que jamais me esquecerei, quando for tem- po, de lhe mandar dizer que venha para sua casa gozar mui des- cansada do que é seu, e muito seu, e então, pelo sossego em que há de estar, conhecerá a necessidade que havia desta sua saída temporária da Corte. (2) Vou tratar de mandar começar a arranjar o seu jardim, e espero que ficará muito bom, e a seu gosto. Aceite o protesto da maior, mais pura, sincera e desinteres- sada amizade, com que sou, Querida Marquesa, Seu amo que muito a estima, e estimará O Imperador Boa Vista, 23 de julho de 1828. (1) Maria Isabel faleceria três meses depois. (2) Após o retorno do marquês de Barbacena da Europa, d. Pedro convenceu- -se de que era necessário o afastamento de Domitila da corte para que ele tivesse chance de receber o “sim” de alguma princesa europeia. O que havia adiado desde o relatório do barão de Mareschal, em julho de 1826, resolveu pôr em prática, e Domitila partiu no final de junho de 1828 para São Paulo. 95 1 7 6 T I T Í L I A E O D E M O N Ã O 1 8 2 8 1 7 7 Querida Marquesa, O meu amor pela Marquesa é que me compele a escrever-lhe, e é que me compeliu no protesto que lhe remeti diretamente, e no outro,que por motivo de carta sua em que me dizia coisas que, se não esperava, igualmente o fez. Eu não desejo que meu casamento seja frustrado por causa da Marquesa, e se a Marquesa estivesse na minha delicada po- sição decerto com o seu gênio, se ainda o não perdes, faria pior. Agradeço a sua atenciosa e amigável carta, mas permita-me que lhe peça que faça o que eu lhe digo, não pelas ameaças, que só servem para aborrecerem e desvanecerem ideias de inteligências entre mim e a Marquesa, mas sim por convicção. A Duquesa bem e eu bom, e sempre seu verdadeiro e sincero amigo Pedro 21 18–28 12 Esta é a última carta do lote vendido na Europa e que hoje pertence à Hispa- nic Society of America. Nela, observamos a continuação de uma discussão entre Domitila, exilada em sua cidade natal, e d. Pedro. Após viver quatro anos na capital do Império, em meio ao luxo e ao poder, a acanhada São Paulo da época não era suficiente para a marquesa. Se na corte ela já teve que enfrentar situações emba- raçosas, pior lidar com o provincianismo paulistano. As velhas amigas evitavam- -na, os piqueniques fracassavam, e até as diversões e festas não passavam de uma pálida imitação dos faustos da corte. Alguns dias antes, d. Pedro havia recebido uma mensagem de Domitila (anexo 9, p. 188) comunicando que estava partindo de volta para a corte em 23 de dezembro. O imperador ameaçou até mesmo de não deixá-la ver a filha, a duquesa de Goiás: Não espere a marquesa, de chegar sem expressa ordem minha, que eu a trate como minha amiga prezada que é (como creio). [...] saiba que no caso (que eu não espero) de vir sem ordem minha que a marquesa a vá ver, pois ela não poderá visi- 96 1 7 8 T I T Í L I A E O D E M O N Ã O A N E x O s 1 7 91 7 8 T I T Í L I A E O D E M O N Ã O A N E x O s 1 7 91 7 8 T I T Í L I A E O D E M O N Ã O A N E x O s 1 7 91 7 8 T I T Í L I A E O D E M O N Ã O A N E x O s 1 7 9 tar a quem não quer concorrer para a glória de seu pai, do seu imperador e da sua pátria. Nada mais tenho a dizer, senão que pode estar certa que, imediatamente eu vir que a sua presença aqui me não influi nada sobre um negócio de tão grande monta para o Império, eu serei o primeiro que, enviando-lhe expressamente um soldado como agora faço, lhe mande ordem para se recolher para sua casa, pois bem poderá e deverá supor quanto me custará o meu imperial coração vê-la ator- mentada com incômodos.2 Mas essa determinação em mantê-la afastada foi diminuindo à medida que as negativas aos pedidos de casamento iam se somando. Em abril de 1829, d. Pedro permitiria o retorno de Domitila à corte. 1 7 8 T I T Í L I A E O D E M O N Ã O A N E x O s 1 7 91 7 8 T I T Í L I A E O D E M O N Ã O A N E x O s 1 7 91 7 8 T I T Í L I A E O D E M O N Ã O A N E x O s 1 7 91 7 8 T I T Í L I A E O D E M O N Ã O A N E x O s 1 7 9 Anexos 1 8 0 T I T Í L I A E O D E M O N Ã O A N E x O s 1 8 1 41. Vestimentas de pessoas na cidade de São Paulo. 1 8 0 T I T Í L I A E O D E M O N Ã O A N E x O s 1 8 1 As cartas a seguir não são em sua totalidade inéditas. A última carta de Domitila para d. Pedro, por exemplo, já foi publicada anteriormente. Algumas outras cons- tam do CD Pedro I: um brasileiro, feito pelo Museu Imperial, porém as versões apresentadas nesta obra foram transcritas diretamente dos originais, corrigindo erros e omissões anteriores. A última missiva, uma minuta em que d. Pedro enu- mera os filhos bastardos, só apareceu, em parte, na obra de Octávio Tarquínio de Sousa A vida de dom Pedro I. Os documentos anexos estão na seguinte ordem: 1 – Nomeação de Domitila como dama camarista da imperatriz, 1825. 2 e 3 – Documentos referentes à primeira tentativa de banimento de Domitila e dos irmãos da corte, após o atentado contra a baronesa de Sorocaba, em 1827. 4 a 8 – Cartas de Domitila respondendo a d. Pedro a respeito da retirada dela da corte em junho de 1828. 9 a 11 – Cartas de Domitila e de sua mãe para d. Pedro, dezembro de 1828. 12 e 13 – Cartas anônimas dirigidas a d. Pedro I após o conhecimento do retorno de Domitila para a corte, em março de 1829. 14 a 15 – Cartas de Domitila para d. Pedro a respeito da necessidade de se retirar definitivamente da corte, provavelmente junho a agosto de 1829. 16 – Cartas de despedida de Domitila para d. Pedro, 26/27 de agosto de 1829. 17 – Minuta de uma carta de d. Pedro I na qual, além de outros assuntos, trata dos filhos que teve fora do casamento. 42. Vestimentas das damas do paço. 1 8 2 T I T Í L I A E O D E M O N Ã O A N E x O s 1 8 3 43. Carta da marquesa de Aguiar para Domitila de Castro notificando sua nomeação como dama camarista da imperatriz. Rio de Janeiro, 4 de abril de 1825. Museu Imperial/IBRAM/MinC, Rio de Janeiro 1 8 2 T I T Í L I A E O D E M O N Ã O A N E x O s 1 8 3 Ilma. Exma. Sra., Sua Majestade A Imperatriz minha Ama me Ordena de parti- cipar a V. Exa. que A Mesma Augusta Senhora houve por bem fazê-la Sua Dama Camarista; o que eu lhe faço saber a V. Exa. para sua inteligência. Deus guarde a V. Exa. Paço em 4 de abril de 1825. Marquesa Camareira-Mor (1) Sra. D. Dometília de Castro Canto e Melo (1) Maria Francisca de Portugal e Castro, marquesa de Aguiar, dama da rainha d. Maria I, camareira-mor da princesa e depois imperatriz d. Leopoldina. Viúva de d. Fernando José de Portugal e Castro, conde e marquês do mesmo título. Morava na rua do Lavradio, no Rio de Janeiro, até 1831, quando retornou para Lisboa. Essa nomeação foi feita logo em seguida à afronta sofrida por Domitila na Capela Imperial, quando as damas da corte ali reunidas retiraram-se após sua en- trada no local. Apesar de parecer curioso a nomeação ter saído em nome da impe- ratriz, era um procedimento usual. Cada soberano nomeava seus cortesãos. D. Pedro deve ter solicitado isso como um favor a d. Leopoldina e esta, sem suspeitar ainda de nada, concedeu-o. Ilma. e Exma. Senhora, Havendo Sua Majestade o Imperador entabulado, em potência estrangeira, negociações ao complemento das quais muito de frente se lhes opõem a estada de Vossa Excelência nesta Corte, e mesmo neste Império. E conhecendo o mesmo Augusto Senhor o quanto Vossa Excelência se interessa por sua glória particular e felicidade da nossa pátria, tendo deixado tempo oportuno para lhe mandar esta participação, ordena Sua Majestade Imperial que Vossa Excelência, embarcando no bergantim português Treze de Maio, siga para Portugal ou para outro qualquer país estrangei- ro que Vossa Excelência escolha, ficando Vossa Excelência na 1 2 1 8 4 T I T Í L I A E O D E M O N Ã O A N E x O s 1 8 5 inteligência que deverá partir o mais tardar até o dia três ou qua- tro de setembro próximo futuro, levando Vossa Excelência em sua companhia, além de seus dois irmãos, os gentis-homens da Câmara José de Castro e Pedro de Castro, aquelas pessoas que quiser. Outrossim, manda o mesmo augusto senhor participar a Vossa Excelência que nada perderá das honras, regalias, pensões e de tudo aquilo que Sua Majestade Imperial lhe mandava dar, bem como a seus irmãos. Sua Majestade o Imperador fica certo [de] que Vossa Exce- lência executará o que lhe ordena, independente de mais ordem ou procedimento algum, e, para que nada falte, se expedem as ordens necessárias por todas as repartições competentes. Deus guarde a Vossa Excelência. Paço, 26 de agosto de 1827. Senhora marquesa de Santos. Nesse ofício com letra de Francisco Gomes da Silva, secretário de d. Pedro I, vemos a decisão do imperador em afastar da corte Domitila e seus irmãos, três dias depois de ocorrido o atentado à baronesa de Sorocaba. O bispo de São Paulo, intermediando o banimento, conseguiria, evocando o fato de Domitila ter tido um filho há pouco tempo, protelar essa partida, até que finalmente, por volta de 10 de setembro, d. Pedro e ela fizeram as pazes. Ilmo. e Exmo. Sr., Tendo a Marquesa de Santos de fazer uma viagem à Europa por assim convir aos interesses desteImpério Nossa Pátria, e não querendo Sua Majestade o Imperador que uma Dama de Seu Paço deixe de ir com toda a decência que lhe é devida, e lembrando-se que V. Exa. é seu irmão e que ninguém melhor a poderá acompanhar com mais interesse e cuidado. Há o mesmo Augusto Senhor por bem ordenar que V. Exa. acompanhe a dita Marquesa à Europa, e que lá persista com ela, ficando V. Exa. na inteligência que deve sair deste porto no bergantim português 3 1 8 4 T I T Í L I A E O D E M O N Ã O A N E x O s 1 8 5 Treze de Maio, e que deve partir o mais tardar até no dia três ou quatro de setembro sem falta. [ilegível], 26 de agosto de 1827. Sr. P. Castro Canto e Melo Ordem para Pedro de Castro do Canto e Melo seguir a irmã para o exílio na Europa. Com a negativa da partida, ele seria retirado da corte e enviado para a Cisplatina. Meu bom senhor, Estimo a boa saúde de V. M. e de S. Altezas. Meu senhor, como V. M. tem sido Meu Pai e de todos os meus Filhos, eu peço licença a V. Majestade para acabar de efe- tuar o casamento da minha Chiquinha com o mano José (1) isto sendo do gosto de V. M., senão, nada farei. Minha mãe ainda passa incomodada, minha tia o mesmo, mano José também hoje amanheceu com muitos tremores de frios e assim está de cama. Eu, graças a Deus, vou passando sem novidade. Sou de V. M. criada Que muito o estima e obrigada Marquesa de Santos (1) Ver nota 1 da carta 34. O casamento foi realizado em 24 de maio de 1828. Senhor, Estimo a saúde de V. M. e de S. A. V. Majestade sabe mui bem que, se eu vou fazer este passeio, é só para lhe fazer a vontade. Não que eu tal tenções tivera de sair daqui para parte alguma. Assim, senhor, não posso ir para o mês que vem, sim nos princí- 4 5 1 8 6 T I T Í L I A E O D E M O N Ã O A N E x O s 1 8 7 pios de julho. Não sou destas de saco às costas, já lhe faço esta vontade, e assim peço-lhe não me mortifique mais. Sou de V. M. criada e obrigada. Marquesa de Santos Em resposta a esta carta, d. Pedro escreve em 22/5/18281: Minha filha (d. Maria da Glória) infalivelmente sai até dois do mês de julho, e por isso eu muito desejo que a marquesa saia pelo menos seis dias antes, o que vem a ser 26 de junho, porque muito convém que os que vão possam dizer “a mar- quesa já saiu”, e não “está para sair”. Todos acreditarão o que aconteceu e não o que está para ser, que pode não ser, e o negócio é grave e mui grave. Na sua primeira presta-se a tudo que eu lhe mandar, pede-me instruções, e agora que lhe escrevo diz-me que não pode antes de princípios de julho, tendo convido com o Gericinó até meado de junho. Sustente sempre aquela palavra que uma vez der e não faça rodeios, veja bem a quem a dá e qual é a magnitude do negócio que é dependente do cumprimento de sua palavra. A próxima carta responde ao imperador. Senhor, Perdoe-me que lhe diga isto: eu não preciso de conselhos, não sou como V. M., as minhas respostas são todas nascidas do meu coração. Ao Gericinó eu sempre disse que sairia no princípio de julho, e se ele disse o contrário disto, mentiu. Eu torno de novo a fazer esta vontade, sairei até o fim deste mês que vem e Deus permita sejam todas as suas vontades feitas assim como eu as faço. Eu tive criação, sei conservar a minha palavra e sou de V. M. criada e obrigada Marquesa de Santos 6 1 8 6 T I T Í L I A E O D E M O N Ã O A N E x O s 1 8 7 Senhor, Estimo a boa saúde de V. M. e de S. A. Vejo Vossa Majestade falar-me na minha jornada e nos meus cavalos, e que não há tempo a perder. Sei mui bem isso. Faz esse favor de mandar vir os ditos cavalos para, enquanto eu não for, serem tratados. Esse o fato irá mesmo por terra. Porque eu ainda não tenho destino algum, daqui vou mesmo a cavalo. Guardo o préstimo de V. M. para outra coisa e também rogava-lhe que me mandasse dizer por quanto tempo quererá que eu esteja separada da minha casa, ora nisto pode ter coração. Enquanto o falarem e dizerem que eu não vou, seria melhor dizerem-lhe outras coisas que devia dizer, não lhe importarem comigo. Eu sairei. Não se mortifique com a minha jornada, eu tenho paciência para lhe aturar tudo e tomava já vê-lo de mulher, porque só assim descansarei de sofrer tantos incômodos. O mano José não vai já beijar a mão de V. M., porque está doente. Eu passo sem novidade. Sou de V. M. sincera criada e obrigada Marquesa de Santos Nesta carta, Domitila responde a uma outra, enviada por d. Pedro em 26 de maio de 1828,2 em que ele busca apressá-la: Como em vésperas de jornada não há tempo a perder, lhe participo que em Santa Cruz tem dois cavalos e aqui tem, além do Rabicano, o Tocano, que está bom. Eu desejo saber o que quer para mandar aprontar e de caminho lhe ofereço, se quiser aproveitar-se, de carruagem leve quatro pessoas até Santa Cruz. [...] Espe- ro que se aproveite do que lhe ofereço e que não faça como os marotos, que dizem que a marquesa não sabe, adivinhem. Senhor, Estimo a boa saúde de V. M. e de S. Altezas. Não busco pretexto, privilé[gios], para interromper a minha viagem. Sei cumprir o que prometo. Provera Deus que Vossa 7 8 1 8 8 T I T Í L I A E O D E M O N Ã O A N E x O s 1 8 9 Majestade assim fosse. Eu hei de sair até o fim do mês e peço-lhe não me incomode mais. Sou de Vossa Majestade sincera criada e obrigada Marquesa de Santos Este bilhete foi escrito por Domitila, provavelmente, na fazenda do visconde de Gericinó, onde parou por quinze dias depois da sua saída da capital, em junho de 1828. Segundo alguns historiadores, ela teria esperado, próximo da cidade do Rio de Janeiro, ordens de que d. Pedro mandasse chamá-la assim que o marquês de Barbacena e a rainha de Portugal tivessem deixado o porto a caminho da Europa. Mas, por essa resposta a alguma mensagem dele, é possível ver que o imperador mantinha firme a sua resolução de que ela deixasse efetivamente a corte. Afinal, os despachos dos embaixadores estrangeiros mencionariam de imediato qualquer retorno da favorita, como ocorreria em 1829. Meu senhor, Estimo a boa saúde de V. M. e de S. Altezas. Creio ter cumprido com o meu degredo e, persuadida de que V. M. já não se lembra de mim, o que prova a falta de cartas suas, tomo a resolução de retirar-me daqui até o dia vinte e três deste mês e creio que não ofendo e nem pretendo incomodar a V. M. Eu o respeitarei sempre como meu soberano e meu amo e nada mais eu lhe sirvo, não intrometerei-me com sua vida pois isto em mim não é novo. Viverei em minha casa como qualquer outra pessoa. Espero isto como mais uma graça, além das muitas feitas a mim e a minha família. Aprove esta minha resolução. Deus lhe dê muita saúde e vida para satisfação de todos que o amam e respeito que lhe deseja com todas as veras. Sua criada e obrigada Marquesa de Santos 9 1 8 8 T I T Í L I A E O D E M O N Ã O A N E x O s 1 8 9 Esta carta foi escrita por Domitila em São Paulo, no começo de dezembro de 1828. Farta de aguardar o chamado de d. Pedro para que voltasse à corte, ela resol- veu tomar por si própria a resolução. Note-se que ela comunica, altivamente, sua intenção de partir para o Rio de Janeiro no dia 23. O imperador mandaria diversas cartas em resposta a essa ousadia, proibindo a partida dela sem sua ordem. Tam- bém à mãe de Domitila, d. Escolástica Bonifácia, que estava com ela em São Paulo, d. Pedro escreveu ameaçando tomar medidas contra a marquesa e sua família se ela aparecesse na corte sem sua permissão. Meu senhor, Com a maior mágoa li a carta de V. Majde. que me pôs na mais grande perturbação por ver o quanto V. Majde. se afligiu com o recebimento da carta da Marquesa sobre o que só tenho a dizer a V. M. I. que ela bem conhece o quanto deve a V. Majde não só pelo lado do que é, como não ignora o muito respeito que em qual- quer caso deve tributar à Pessoa de V. Majde. Não é de supor, Senhor, que ela dê um passo tão inconsiderado como diz, talvez por se persuadir que isto fosse do agrado de V. M. I., porque por mim estáprevenida, muito de antemão, para não dar um só passo sem positiva determinação de V. M. I. Contudo agora tenho de estranhar-lhe o seu modo de pensar errado. Esteja V. M. I. certo que quem pela sua conduta tem sabido até agora amar e respeitar a V. Majde saberá continuar na mesma. Sinto meu senhor, e sinto n’Alma, que uma produção de meu desgraçado ventre viesse ao mundo para dar motivos de inquietações a V. Majde. Deus ponha termo a tudo. Beijo a mão a V. M. I. e sou com toda a submissão e respeito Súdita e Criada, muito obrigada Viscondessa de Castro 10 1 9 0 T I T Í L I A E O D E M O N Ã O A N E x O s 1 9 1 Senhor, Que motivo haverá mais forte que me obrigou por algum tempo separar-me de minha casa. Mas senão o respeito e amor que de todo o meu coração consagro à pessoa de V. M. e por isso cheia da maior sensibilidade. Estou resolvida a entregar-me a dispo- sições de V. M. I. qualquer. Sei que o seu magnânimo coração jamais deixará perecer quem por V. M. daria mil vidas se todas as possuísse. Embora prevaleçam meus inimigos, como eles foram ganha- dos pelo amor que V. M. me tinha, fico satisfeita porque V. M. sa- berá defender-me de seus projetos. Depois de V. M. bem ponderar o meu estado, a minha casa e meus parentes. A minha casa me dará todas as insinuações que devo fazer em observância de seu proveito, protestando a V. M. firmemente executar, porque nada haverá neste mundo de maior valor para mim do que dizer que prezo e que sou de Vossa Majestade criada e obrigada Marquesa de Santos Senhor, A consciência de um súdito cuja ascendência tem por timbre fi- delidade e amor à augustíssima Casa de Bragança; a consciên- cia, digo, deste súdito fiel a V. M. I. e a toda a Imperial Família seria devorada de crudelíssimos remorsos se ele não empunhasse a pena para traçar e depor aos pés do trono de V. M. I. quanto sabe a prol não menos dos interesses mundanos de V. M. I., como ainda dos espirituais. Verdades, senhor, tenho eu por obrigação quanto antes de apresentar a V. M. I. duras verdades, sim, se- nhor, porém precisas, para que V. M. I. salve enquanto é tempo. Verdades finalmente que eu mesmo por ora não vou exibir pe- rante a augusta presença, porque sei quanto é perigoso dizê-las onde podem ser escutadas pelo partido da pessoa a quem são amargas. Possam elas chegar junto à benfazeja alma de V. M. I. 11 12 1 9 0 T I T Í L I A E O D E M O N Ã O A N E x O s 1 9 1 e eletrizando o sempre magnânimo coração trazer ao Império e a V. M. I. a paz de que nas atuais circunstâncias tanto carece- mos. Todavia, se eu que por agora me encubro não tiver a dita de ser escutado por V. M. I., só me resta rogar-lhe com a mais viva instância que guarde a presente para conhecer no progresso dos males que vou descrever, que ainda V. M. I. tem súditos que anelam o seu bem-estar e que sacrificarão até a sua existência para dar ao melhor dos monarcas um aviso a tempo. Mandou V. M. I. por conduto do tenente Lima que a marquesa de Santos regressasse para o seu Palácio de São Cristóvão. Que mandado, Senhor! Sancionou V. M. nesse ato a sua perdição e a do Brasil inteiro!!! A marquesa de Santos!! Esse monstro de ingratidão e perfídias vem acabar com a preciosa vida de V. M. I. Não satis- feita com assoalhar por toda a parte diatribes contra a pessoa sagrada de V. M. I., atribuindo a V. M. defeitos que esta pena re- pugna escrever, indispondo a quase toda a nação com V. M.; não temendo esta pérfida ferir a mão benfazeja que a tirou do nada e a toda a família, como todo o Brasil sabe; não se envergonhan- do essa maligna mulher prostituir-se em São Paulo com dois es- tudantes; não envergonhada com sua gravidez resultado de sua devassidão. Ainda mais, senhor (até causa horror a descrição dessa fatal, mas indispensável verdade), ainda, senhor, a mais se abalança esse monstro de perfídia e iniquidade. Convidada pelo republicano Costa Carvalho (1) e seus consócios, que ela finge detestar como aparenta em toda a parte, e de quem por sistema e combinação ajustada, vem dizendo muito mal para melhor ador- mecer a vigilância de V. M. I., ela se dirige de comum acordo com os inimigos de V. M. I. a cortar com mão sacrílega a tão necessá- ria quanto preciosa vida de V. M. I., propinando veneno em co- mida ou bebida que lhe deve ofertar. E será difícil, senhor, V. M. convencer-se destas verdades? Quem é capaz de assassinar seus filhos em seu próprio ventre, como agora fez para abortar, tam- bém o não será de assassinar aquele a quem tudo deve? Quem se arroja a envenenar a virtuosa imperatriz não o fará a V. M. I.? Ah! Senhor, lembre-se V. M. I., pela alma da mesma virtuosa e sempre chorada imperatriz, lembre-se, senhor, por tudo quanto lhe é mais caro, que semelhante mulher vem mergulhar o Brasil, 1 9 2 T I T Í L I A E O D E M O N Ã O A N E x O s 1 9 3 o augusto inocente herdeiro do trono e os amigos de V. M. I. em amargo pranto. Lembre-se mais, senhor, finalmente, que aquela que sob o nome de V. M. I. tem aceitado dinheiro a Gordon (2) e Stuart (3), que a procuraram para obterem ratificação de seus tratados, essa que tem vendido presidências e consulados e que a todos os respeitos tem atraiçoado a V. M. I. para consumação dos atentados, vem disposta agora a vender aos revolucionários a vida de V. M. Ah! Senhor, se V. M. não se apercebe do abismo que lhe está preparado, ai de V. M. I. e da tenra prole tão infeliz que acabará na mais dura orfandade. Ai do Brasil, e mais que tudo, ai das contas que V. M. I. tem que dar perante o ser dos seres de não curar de tamanhas calamidades. Mas, senhor, um raio de esperança me consola e diz-me que V. M. I. ouvirá este aviso, mas, se for tão desgraçado que V. M. observe o precipício sem desviar-se dele, outra vez será com V. M. I. o fiel Avisador Pelo tom da carta, bem diferente da anterior, dá para imaginar a conversa que a mãe, a viscondessa de Castro, deve ter tido com Domitila. (1) José da Costa Carvalho (1796-1860). Barão, visconde e marquês de Monte Alegre. Com a abdicação de d. Pedro I, integraria a regência trina permanente. Foi diretor da Academia de Direito de São Paulo e presidente da província. Tanto sir Charles Stuart (3) quanto sir Robert Gordon (2), diplomatas britâni- cos, buscaram contato com Domitila na esperança de que sua influência junto ao imperador os beneficiasse de alguma forma. Esta carta anônima e a seguinte medem bem a temperatura da opinião públi- ca a respeito do retorno de Domitila. D. Pedro deve ter achado graça em algumas informações prestadas, talvez não a respeito dos “estudantes paulistas” — que po- demos imaginar serem os primeiros jovens a ir cursar a Academia de Direito de São Paulo —, tanto que ele procurou confirmar esses rumores. A acusação de que ela teria envenenado a imperatriz já corria de boca em boca na época da morte de d. Leopoldina, assim como a troca dos “Pedros”. Co- mentava-se que o verdadeiro herdeiro teria falecido durante a viagem deles para a Bahia, e alguns servidores do paço e os pais de Domitila teriam efetuado a troca, sendo d. Pedro II na realidade filho da marquesa e do imperador. 1 9 2 T I T Í L I A E O D E M O N Ã O A N E x O s 1 9 3 Senhor, Do velho e sempre amigo fiel e vassalo honrado de V. M. I. e do senhor d. João VI desde os seus primeiros anos, não posso ser in- diferente à ingratidão e à infâmia. Senhor, a pessoa que V. M. tan- to honrou, a qual teve ventura de contar já três augustos filhos de monarca tão excelso, esqueceu-se de tudo, a uma escandalosa prostituição: companhia de rapazes e estudantes em público, em particular, pela roça... Senhor, perante meu soberano, não posso dizer tudo, mas digo somente que ela, se ela não está, esteve pe- jada. Vossa Majestade por quem é para salvar a sua honra, pro- cura indagar o procedimento desta mulher ingrata, então saberá o que não convém dizer. Deus guarde a Vossa Majestade Imperial meu amo. São Paulo. 13 1 9 4 T I T Í L I A E O D E M O N ÃO A N E x O s 1 9 5 44. Carta de Domitila de Castro para d. Pedro I. Rio de Janeiro, julho/ agosto de 1829. Museu Imperial/IBRAM/MinC, Rio de Janeiro 1 9 4 T I T Í L I A E O D E M O N Ã O A N E x O s 1 9 5 Filho, Não é pelos seus conselhos que buscamos ambos separarmos, sim porque vejo sem que haja uma coisa certa V. M. me tenha aborrecido tanto e me tenha dito tantas coisas que eu não sou merecedora. Assim, senhor, a minha presença não lhe há de ser mais fastidiosa nem V. M. casando e nem deixando de casar, e só desta maneira terão sossego meus inimigos. Fique V. M. na certeza que serei eternamente grata a tantos benefícios que lhe devo. Sou de V. M. amiga e criada Demetília Nesta carta, enviada entre junho e agosto de 1829, quando d. Pedro já estava ciente de que as tratativas de casamento na Europa haviam tido um final positivo, Domitila ainda duvidava do casamento, ou não queria acreditar que, depois do seu retorno à corte, ele a faria partir novamente. Senhor, Recebi ao meio-dia a carta de V. M. e não respondi logo como de- via por causa de uma grande dor de cabeça que me acompanhava. Agora que me acho melhor agradeço a V. M. a honra que me fez, pois se V. M. tivesse feito isto há mais dias já estava tudo decidido. Eu, senhor, largo todas as minhas chácaras, com bem custo do meu coração. Assim espero em V. M. que me dê outras proprieda- des iguais em tudo às que deixo. Eu não quero viver mais em chá- caras, sim quero uma boa chácara na cidade e julgo que o Plácido não porá dúvida de ceder as suas casas para este fim. Restam só duas chácaras, da escolha de V. M., que igualem as três que deixo. Beija a augusta e benfeitora Mão de V. Majestade A Marquesa de Santos 14 15 1 9 6 T I T Í L I A E O D E M O N Ã O A N E x O s 1 9 7 No verso do papel, encontra-se a datação do recebimento, com letra de d. Pedro: 10/7/1829. Não é difícil imaginar a dor de cabeça de Domitila. Acabada a festa da peque- na duquesinha de Goiás, alguns dias depois d. Pedro descobria-se casado na Euro- pa, e não só isso: a noiva era linda e jovem. Neste ponto, a marquesa acreditava que bastava sair de perto do Palácio de São Cristóvão para que tudo ficasse bem, mas, com o tempo, e outras dores de cabeças, descobriria que o que a aguardava era o retorno definitivo para São Paulo. 45. Carta de Domitila de Castro para d. Pedro I. Rio de Janeiro, agosto de 1829. Museu Imperial/IBRAM/MinC, Rio de Janeiro 1 9 6 T I T Í L I A E O D E M O N Ã O A N E x O s 1 9 7 Senhor, Eu parto esta madrugada e seja-me permitido ainda esta vez bei- jar as mãos de V. Majestade por meio desta, já que os meus infor- túnios, e a minha má estrela, me roubaram o prazer de o fazer pessoalmente. Pedirei constantemente ao céu que prospere e faça venturoso ao meu Imperador enquanto a Marquesa de Santos, Senhor, pede por último a V. M. que, esquecendo como ela tantos desgostos, se lembre só mesmo, a despeito das intrigas, que ela em qualquer parte que esteja saberá conservar dignamente o lugar a que V. M. a elevou assim como ela só se lembrará do muito que deve a V. M. Que Deus vigie e proteja como todos precisamos. De V. Majestade Súdita Muito obrigada Marquesa de Santos Esta é, provavelmente, a última carta escrita por Domitila para d. Pedro. Ela partiria do Rio de Janeiro, definitivamente, na madrugada de 26 para 27 de agosto de 1829. 16 1 9 8 T I T Í L I A E O D E M O N Ã O A N E x O s 1 9 9 46. Carta de Pedro I para o marquês de Resende. Rio de Janeiro, 22 de abril de 1830. Museu Imperial/IBRAM/MinC, Rio de Janeiro 1 9 8 T I T Í L I A E O D E M O N Ã O A N E x O s 1 9 9 Rio de Janeiro, 22 de abril de 1830. Meu Resende, Esta vai acusar-lhe a recepção de todas as que me tem escrito, e fazer-lhe conhecer que sou aquele mesmo que sempre fui, e para isso o livrei de ir morrer na Rússia, e agora até mesmo de lá ir, pois mandei que fosse o Maceió, que de lá deverá vir para cá. Ora por este motivo viria Lornes, e a quinta de Varja. – A estas horas já tens visto minha filha Duquesa (1), e mesmo o pequeno Pedro (2) que lá nasceu em 7 de junho. Parece-me que, no interná-lo, não o fiz mal; aquele que foi feito naquela noite de 27 de janeiro de 1823, e nasceu a 5 de setembro do mesmo ano, por um moti- vo bem simples, que a mãe não era burra, e se chama Rodrigo (3), e que lhe morreu o Pai putativo, está na Inglaterra. Em São Paulo existe também uma, feita (4) enquanto os senhores leva- ram tempo a me arranjarem casamento. Em casa por ora nada, mas o trabalho continua e em breve darei cópia de mim, e farei a Imperatriz dar cópia de si, se ela me não emprenhar a mim, que é a única desgraça que me falta a sofrer. Se eu me tivesse como o Gagis e não sei quem mais aplicado as [ilegível], nem teria fi- lhos, nem incômodos por consequência, e que são os cadilhos de quem tem filhos e os querilhos (ai perdoe) quizilas de quem tem filhos, nem teria feito metade das despesas que tenho feito; mas, enfim, que quer que lhe faça? Já não há remédio. Agora já propósito firme de não... se não em casa, não só por motivos de religião, mas até porque para o pôr assim [desenho de um pênis ereto] já não é pouco dificultoso. Vamos indo com os pés para a cova para depois nos encontrarmos no vale de Josafá, aonde ca- beremos todos, segundo diz a escritura, e o Padre Vieira o prova em um dos seus sermões, duvidando ao mesmo tempo (o que eu também duvido) que haja e caiba um Desembargador com honra, muito principalmente em 1830, em que o câmbio está a 33, o ágio do cobre a 30, as notas pequenas a 10 e 12, o ouro que não é muito sendo peças a 17 e 18, em [ilegível], a prata a 96 e 100; contudo vamos vivendo mal e pobremente, para não dizer porcamente; mas Barbacena, que está ao leme, e dirige tudo = abaixo de mim =, está esperançado de alcançar vitória = hagasse 17 2 0 0 T I T Í L I A E O D E M O N Ã O A N E x O s 2 0 1 el miracolo, hagalo el diabolo. Sto. Amaro (5) lá vai tratar da questão portuguesa. Gomes (6) e Rocha (7) passear, em suma ministerial e constitucionalmente postos fora ao que eu anuí por interesse deles, e meus; não que eles estejam fora da minha gra- ça, e a prova é que lhes dou pensões. Gomes vai encarregado de arranjar meus negócios, e Rocha de passear; a Sto. Amaro (8) vai, creio que por causa deste; forte tola! Como se em França não houvessem milhares de putas melhores do que ela. Acabou- -se o papel e a carta. Seu amo e amigo, Pedro Nesta carta, na realidade uma minuta com letra de Francisco Gomes da Silva (6), d. Pedro informa a Antônio Teles da Silva Caminha e Meneses, o marquês de Resende, a nomeação do marquês de Maceió para a embaixada do Brasil na Rússia no lugar daquele, discorre sobre o problema com o câmbio brasileiro e faz diversas outras considerações. A parte mais interessante é o levantamento dos filhos que ele realiza: (1) Isabel Maria, a duquesa de Goiás; (2) Pedro de Alcântara Brasileiro, fi- lho de Clemência Saisset, comerciante, junto com o marido, na rua do Ouvidor, no Rio de Janeiro, que partiu grávida de d. Pedro para a França, onde nasceu a criança em 1829; (3) Rodrigo Delfim Pereira, filho do imperador com a baronesa de So- rocaba; Boaventura Delfim Pereira, marido desta, que assumiu a criança, faleceu em 20/3/1829; Maria Isabel (4), futura condessa de Iguaçu, está mencionada nesta passagem: “Em São Paulo existe também uma, feita enquanto os senhores levaram tempo a me arranjarem casamento”. A carta apresenta algumas incongruências. Silva Leme, na Genealogia Paulistana, dá a data de nascimento de Rodrigo Del- fim Pereira como 4/11/1823, no que é seguido pelos demais historiadores. Alberto Rangel, em Textos e pretextos, afirma que Pedro de Alcântara Brasileiro nasceu em Paris, a 23 de agosto de 1829. Quanto aos demais personagens mencionados nesta carta: (5) Sto. Amaro: José Egídio Álvares de Almeida (1767-1832). Barão, visconde e marquês de Santo Amaro. Foi ministro das Relações Exteriorese embaixador em Paris e Londres. 2 0 0 T I T Í L I A E O D E M O N Ã O A N E x O s 2 0 1 (7) Rocha: João da Rocha Pinto (1791-1837). Homem de confiança de d. Pedro, foi veador das duas imperatrizes e encarregado de questões diplomáticas. Suicidou-se em sua casa em Lisboa quando se viu falido. (8) A Sto. Amaro: Maria Benedita Papança (1787-1846). Segunda esposa de José Egídio, com quem se casou em 1802. Rocha e Francisco Gomes partiam para a Europa devido à pressão do mar- quês de Barbacena, que, assumindo o governo e em alta popularidade, conseguiu o afastamento dos cortesãos portugueses. Mas a boa estrela do marquês não brilha- ria para sempre. Em 30 de setembro de 1830, um decreto imperial demite Barbace- na de suas funções, para, segundo o texto, “[...] tomarem-se as contas da Caixa de Londres, examinando-se as grandes despesas feitas pelo marquês de Barbacena, do Meu Conselho de Estado, tanto com Sua Majestade Fidelíssima, Minha Augusta Filha, como com os emigrados portugueses na Inglaterra, e especialmente com o Meu Casamento”. 2 0 2 T I T Í L I A E O D E M O N Ã O C r O N O L O g I A 2 0 32 0 2 T I T Í L I A E O D E M O N Ã O C r O N O L O g I A 2 0 32 0 2 T I T Í L I A E O D E M O N Ã O C r O N O L O g I A 2 0 32 0 2 T I T Í L I A E O D E M O N Ã O C r O N O L O g I A 2 0 3 2 0 2 T I T Í L I A E O D E M O N Ã O C r O N O L O g I A 2 0 32 0 2 T I T Í L I A E O D E M O N Ã O C r O N O L O g I A 2 0 32 0 2 T I T Í L I A E O D E M O N Ã O C r O N O L O g I A 2 0 32 0 2 T I T Í L I A E O D E M O N Ã O C r O N O L O g I A 2 0 3 Cronologia 1797 20 de janeiro: nascimento de d. Leopoldina. 27 de dezembro: nascimento de Domitila de Castro. 1798 7 de março: batizado de Domitila. 12 de outubro: nascimento de d. Pedro. 1808 8 de março: chegada da família real portuguesa ao Rio de Janeiro. 1813 13 de janeiro: casamento de Domitila com o mineiro Felício Pinto Coelho de Mendonça. 2 0 4 T I T Í L I A E O D E M O N Ã O C r O N O L O g I A 2 0 5 1817 6 de novembro: casamento de d. Pedro e d. Leopoldina no Rio de Janeiro. 1819 6 de março: Domitila é esfaqueada por Felício em São Paulo; tem início a disputa pela guarda dos filhos. 1821 22 de abril: d. Pedro é nomeado príncipe regente. 25 de abril: regresso da família real para Portugal. 1822 25 de agosto: chegada de d. Pedro a São Paulo. 29 de agosto: primeira relação entre d. Pedro e Domitila de Castro. 7 de setembro: proclamação da Independência. 1º de dezembro: coroação de d. Pedro como imperador do Brasil. 1823 Primeiro semestre: chegada de Domitila ao Rio de Janeiro. 30 de junho: d. Pedro sofre um acidente de cavalo (carta 1). 4 de novembro: nascimento de Rodrigo Delfim Pereira, filho de d. Pedro com Maria Benedita, irmã de Domitila (carta 37). 1824 4 de março: início do processo de divórcio de Domitila. 21 de maio: sentença de divórcio do primeiro marido. 23 de maio: nascimento de Isabel (futura duquesa de Goiás) (cartas 8 e 9). 31 de maio: batizado de Isabel na Igreja do Engenho Velho. 22 de setembro: d. Pedro ordena o fechamento do teatro, depois de Domitila ser barrada na entrada (carta 11). 2 0 4 T I T Í L I A E O D E M O N Ã O C r O N O L O g I A 2 0 5 1825 Páscoa: Domitila é destratada na Capela Imperial (carta 25). 4 de abril: é nomeada dama camarista da imperatriz d. Leopoldina (anexo 1). 12 de outubro: recebe o título de viscondessa de Santos. 2 de dezembro: nascimento de d. Pedro II. 7 de dezembro: nascimento de Pedro, segundo filho de Domitila com o im- perador. 10 de dezembro: Brasil declara guerra à Argentina. 1826 9 de fevereiro: viagem dos imperadores à Bahia; Domitila acompanha como dama da Imperatriz. 10 de março: falecimento de d. João VI. 13 de março: falecimento do filho Pedro no Rio de Janeiro. 1º de abril: retorno da Bahia. 2 de maio: d. Pedro renuncia à coroa portuguesa em favor de sua filha d. Maria da Glória. 20 de maio: d. Pedro reconhece oficialmente como filha Isabel, que passa a se chamar Isabel Maria. 24 de maio: Isabel Maria recebe o título de duquesa de Goiás, com tratamento de Alteza. 12 de outubro: Domitila tem o seu título elevado a marquesa de Santos. 2 de novembro: falecimento do pai de Domitila, o visconde de Castro, aos 85 anos. 23 de novembro: embarque de d. Pedro para o Rio Grande do Sul. 11 de dezembro: falecimento de d. Leopoldina, aos 29 anos. 1827 15 de janeiro: d. Pedro retorna para o Rio de Janeiro. 4 de abril: Domitila é nomeada dama da Real Ordem de Santa Isabel de Portugal. Maio: início das tratativas para um novo casamento de d. Pedro. 13 de agosto: nascimento de Maria Isabel, segunda filha de d. Pedro com Domitila. 20 de agosto: partida do marquês de Barbacena para a Europa. 2 0 6 T I T Í L I A E O D E M O N Ã O N O TA s 2 0 72 0 6 T I T Í L I A E O D E M O N Ã O N O TA s 2 0 72 0 6 T I T Í L I A E O D E M O N Ã O N O TA s 2 0 72 0 6 T I T Í L I A E O D E M O N Ã O N O TA s 2 0 7 23 de agosto: atentado contra a baronesa de Sorocaba. 25 de agosto: d. Pedro retira as filhas de Domitila e leva-as para serem criadas no palácio. 26 de agosto: ordem para Domitila embarcar para a Europa (anexos 2 e 3). 1828 Maio: Retorno do marquês de Barbacena. 27 de junho: partida de Domitila para São Paulo (anexos 5, 6, 7 e 8). Julho: nova partida do marquês de Barbacena para a Europa. 25 de outubro: falecimento de Maria Isabel. Agosto: cessação de hostilidades entre Brasil e Argentina. 15 de agosto: Domitila chega a São Paulo. Dezembro: discussão entre Domitila e d. Pedro a respeito da volta dela à corte (anexos 9, 10 e 11). 1829 29 de abril: retorno de Domitila para o Rio de Janeiro. 24 de maio: comemoração do aniversário da duquesa de Goiás. 2 de agosto: casamento de d. Pedro com d. Amélia por procuração. 27 de agosto: partida definitiva de Domitila para São Paulo (anexos 14, 15 e 16). 16 de outubro: desembarque de d. Amélia de Leuchtenberg no Rio de Janeiro. 17 de outubro: casamento de d. Pedro e d. Amélia. 25 de novembro: embarque da duquesa de Goiás para a Europa. 1830 28 de fevereiro: nascimento de Maria Isabel, futura condessa de Iguaçu, quar- ta filha de d. Pedro e Domitila (anexo 17). 2 0 6 T I T Í L I A E O D E M O N Ã O N O TA s 2 0 72 0 6 T I T Í L I A E O D E M O N Ã O N O TA s 2 0 72 0 6 T I T Í L I A E O D E M O N Ã O N O TA s 2 0 72 0 6 T I T Í L I A E O D E M O N Ã O N O TA s 2 0 7 Notas Prefácio 1 REZZUTTI, Paulo. Titília e o Demonão: cartas inéditas de d. Pedro I à marquesa de Santos. 1. ed. São Paulo: Geração Editorial, 2011, carta p. 158. 2 GRAHAM, Caroline. Camilla. A amante do Rei: uma história de amor. Algés: Talento, 1995. 3 CABRAL, Helena Sacadura. Mulheres que amaram demais. Lisboa: A Esfera dos Livros, 2010. 4 NORTON, Luiz. A Corte de Portugal no Brasil. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1938. 5 PERROT, Michelle. As mulheres ou os silêncios da história. Bauru: EDUSC, 2005. 6 CRAVERI, Benedetta. Amantes y reinas: El poder de las mujeres. México: FCE Siruela, 2006. 7 ABBOTT, Elizabeth. Amantes: uma história da outra. Rio de Janeiro: Record, 2016. 8 REZZUTTI, Paulo. Titília e o Demonão: cartas inéditas de d. Pedro I à marquesa de Santos. 1. ed. São Paulo: Geração Editorial, 2011, carta p. 92. 9 GRAHAM, Maria. Correspondências entre Maria Graham e a Imperatriz Dona Leopoldina e cartas anexas. Belo Horizonte: Editora Itatiaia, 1997, p. 112. 10 REZZUTTI, Paulo. Titília e o Demonão: cartas inéditas de d. Pedro I à marquesa de Santos. 1. ed. São Paulo: Geração Editorial, 2011, carta p. 105. 11 Idem, carta p. 158. 2 0 8 T I T Í L I A E O D E M O N Ã O N O TA s 2 0 9 12 Idem, carta p. 214. 13 Idem, carta p. 220. 14 Idem, carta p. 102. 15 Idem, carta p. 131. 16 Idem, carta p. 130. 17 NORTON, Luiz. A Corte de Portugal no Brasil. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1938, p. 285. 18 Idem, p. 289. Nada é por acaso 1 Nada é por acaso. Isabel Arundel Burton, esposa do cônsul inglêsRichard Burton, narrou o encontro em BURTON, Isabel. The life of captain Sir Richard F. Burton, vol. 1, p. 432. 2 CORRÊA DO LAGO, Pedro. Brasiliana Itaú: uma grande coleção dedicada ao Brasil, p. 521. 3 RANGEL, Alberto. Cartas de Pedro I à marquesa de Santos, p. 430. 4 Revista do IHGB, vol. 174, 1939, p. 757. Os amantes 1 Apelido dado a São Paulo, atribuído ao governador Gomes Freire de Andrade (1685- 1763). 2 O primeiro a documentar essa história foi Vicente de Paulo Vicente de Azevedo, em artigo de 1973 sobre a marquesa de Santos. Teria ouvido de Escragnolle Dória, que a escutou quando estudante de Direito em São Paulo. A passagem foi repetida por Honório de Sylos na introdução de Ensaio d’um quadro estatístico da Província de São Paulo, de Daniel Pedro Müller, na edição da Coleção Paulística de 1978. Na continuação dessa história, o príncipe regente, ciente da beleza das filhas de Müller, teria passado diversas vezes na frente da casa dele, no centro de São Paulo, tentando ser apresentado a elas. Não logrando êxito, teria questionado diretamente o militar a respeito da aparência das meninas. Em resposta, escutaria que elas eram feias, e os paulistas, mentirosos. A verdade é que d. Pedro, quando foi recebido em São Paulo, não quis ver ninguém que tivesse tomado parte da revolta ao lado dos bernardistas, incluindo Müller, que foi, junto com outros, exilado para o Rio de Janeiro. Colocando um fim definitivo na lenda: Guilhermina Müller, a filha mais velha do marechal, nascida em 1812, era pouco mais que uma criança quando d. Pedro chegou à cidade, e, até onde sabemos, de pedófilo ainda ninguém acusou o primeiro imperador brasileiro. 3 CALDEIRA, Jorge (org.). Brasil: A história contada por quem viu, p. 312 et seq. 2 0 8 T I T Í L I A E O D E M O N Ã O N O TA s 2 0 9 4 Devido à ausência de instituições financeiras em São Paulo, os homens que dispunham de capital emprestavam dinheiro ao governo em caso de necessidade. 5 Representante desse setor na Assembleia. 6 Martim Francisco tornou-se impopular desde a cruel execução do cabo Francisco José das Chagas, ou Chaguinhas, como ficou conhecido popularmente um dos militares revoltosos de Santos. Quem deixou uma viva descrição do caso foi o padre Feijó. Primeiro Chaguinhas caiu da forca, pois a corda rompeu. Como não havia outra própria, usaram um laço de couro, que, além de não o sufocar corretamente, acabou arrebentando também. O condenado, ainda semivivo, apesar dos apelos dos presentes, foi morto no chão. Além de secretário do Interior, responsável pela aplicação da justiça, Martim Francisco era também secretário da Fazenda, e o povo pedia a deposição não só dele, mas também a do outro vogal pelo comércio no governo provincial, o brigadeiro Jordão. Não é difícil imaginar que a rixa entre “andradistas” e “bernardistas” tivesse razões econômicas. 7 A memória escrita por Francisco de Castro do Canto e Melo foi publicada inicialmente na Revista Comercial, de Santos, em 29 de dezembro de 1864, depois em diversas outras publicações, inclusive na Revista do IHGB, tomo 41, segunda parte, de 1878, e na História do Brasil Reino e do Brasil Império, de Melo Morais. 8 BUENO, Francisco de Assis Vieira Bueno. Recordações evocadas da memória. 9 Atual avenida Rangel Pestana. 10 RANGEL, Alberto. Cartas de Pedro I à marquesa de Santos, p. 101 e 469. 11 “Que podem parecer-me tais loucuras? / Estou tonto de ouvir estes senhores! / Parece- me que estou entre paulistas / Que arrotando cegonhas, me aturdiam / Com a fabulosa ilustre descendência / De seus claros avós, que de cá foram / Em jaleco e ceroulas...” GARÇÃO, Pedro Antônio Correia. Teatro Novo. Drama. In Obras poéticas, Lisboa, 1778. 12 Para as dezenas de variantes, algumas demonstrando a enorme má vontade estampada nos despachos dos embaixadores estrangeiros, ver as notas de Alberto Rangel em Dom Pedro I e a marquesa de Santos, p. 122 et seq. 13 Rangel informa equivocadamente o ano de 1815 como o de nascimento de Francisca, levando a erro todos os que o copiam. Na certidão de batismo de Francisca, que se encontra na igreja de S. João Batista do Morro Grande, em Barão de Cocais, MG, consta 1813. 14 OLIVEIRA Jr., Dimas (dir.); HARAZIM, Luis Felipe (dir.). A marquesa de Santos: uma história real. DVD. 15 RANGEL, Alberto. Op. cit., p. 530 et seq. 16 Alberto Rangel, em Dom Pedro I e a marquesa de Santos, p. 91, informa que Felício teria esfaqueado a esposa grávida em 6 de março de 1819. Logo em seguida diz que João, o último filho do casal, teria sido batizado em 26 de agosto de 1819, deixando vaga a informação a respeito da gravidez de Domitila. Porém, no termo de batismo da criança, consta que ele foi batizado com um ano e quatro meses, tendo, portanto, nascido em abril de 1818. Teria Rangel se confundido? Outros historiadores farão eco à informação de Rangel sem apresentação de provas dessa aventada quarta gravidez de Domitila. Estudando os autos do divórcio, não se encontram informações relativas a um aborto, ou ao fato de ela estar grávida quando sofreu a agressão. Na justificativa para retirar-lhe 2 1 0 T I T Í L I A E O D E M O N Ã O N O TA s 2 1 1 os filhos e por ter agredido a mulher, afirma Felício em janeiro de 1820 que d. Francisco de Assis de Lorena o havia desonrado. O capitão-general Oyenhausen-Gravenburg, no ofício nº 9 de 20 de fevereiro de 1820, relata que os problemas do casal eram anteriores à chegada de d. Francisco de Lorena a São Paulo. 17 “Processo de justificação de sevícias e divórcios do qual foi autora D. Domitila de Castro e o réu o seu primeiro marido.” Apud RANGEL, Alberto. Op. cit., anexo 125, p. 416. O processo oficial de divórcio teve início em fevereiro de 1824, e a sentença foi dada em maio. 18 RANGEL, Alberto. Op. cit., p. 98 et seq. 19 Ibid., p. 97. 20 BÖSCHE, Eduardo Teodoro. Quadros alternados..., p. 153. 21 SCHLICHTHORST, C. O Rio de Janeiro como é (1824-1826), p. 58. 22 Spix e Martius, em Viagem ao Brasil 1817-1820, reproduzem o seguinte dito popular que recolheram: “Na Bahia, merecem gabo eles, e não elas; em Pernambuco, elas, e não eles; em São Paulo, elas e elas”. 23 RANGEL, Alberto. Cartas de Pedro I à marquesa de Santos, p. 53. 24 “Começo a crer que se é muito mais feliz quando solteiro, pois agora só tenho preocupações e dissabores, que engulo em segredo, pois reclamar é ainda pior; infelizmente vejo que não sou amada.” Carta de Leopoldina para Maria Luísa, de 24 de maio de 1821, in KANN, Bettina; LIMA, Patrícia Souza. Cartas de uma imperatriz, p. 379. 25 O mesmo que meretriz. 26 Cartas andradinas, p. 14 et seq. 27 KANN, Bettina; LIMA, Patrícia Souza. Op. cit., p. 434. 28 GRAHAM, Maria Dundas. Escorço biográfico de dom Pedro I, p. 140. 29 Segundo carta do acervo do Arquivo Histórico do Museu Imperial (I-POB-07.12.1825- Biv.c), em dezembro de 1825 as propriedades adquiridas por Domitila em São Cristóvão haviam sido colocadas todas sob um mesmo registro. 30 José Feliciano Fernandes Pinheiro, visconde de São Leopoldo, é a quem São Paulo realmente deve a criação da Faculdade de Direito, e não a Domitila, como diz a lenda. José Bonifácio, em 1821, em um memorial dirigido aos deputados paulistas que iriam para as cortes de Lisboa, propunha a criação de um curso jurídico em São Paulo. José Feliciano, um desses deputados, defendeu perante a Assembleia portuguesa as ideias do Patriarca. Seis anos depois, como ministro da Justiça brasileiro, iria concretizar esse projeto. Decidido desde julho de 1827 a procurar uma nova esposa, dificilmente d. Pedro iria honrar a mulher que procuraria afastar da corte. A lei da criação dos cursos jurídicos no Brasil é de 11 de agosto de 1827, mas esse assunto já era motivo de discussão na Assembleia Constituinte, em 1823. 31 Após a morte de d. Leopoldina, o embaixador da Áustria recolheu o depoimento de um cozinheiro do palácio, que afirmava ter sido testemunha de discussão entre os imperadores pord. Pedro ter se ausentado mais de um mês de casa. Anexo ao ofício do Rio de Janeiro, 13 de dezembro de 1826. Relatório do embaixador barão de Mareschal, apud RAMIREZ, Ezequiel Stanley, As relações entre a Áustria e o Brasil, p. 43, nota 31. 32 MELO MORAIS, Crônica geral do Brasil, tomo 2, p. 255. 33 GRAHAM, Maria Dundas. Op. cit., p. 164. 34 RANGEL, Alberto. Textos e pretextos, p. 200. 2 1 0 T I T Í L I A E O D E M O N Ã O N O TA s 2 1 1 35 Philippe Leopold Wenzel, barão de Mareschal (1784-1851). 36 GRAHAM, Maria. Op. Cit., p. 170. 37 Em carta de 6 de abril de 1823, d. Leopoldina pediu ao barão von Stürmer: “[...] seria bom chamar de volta o barão Mareschal, que desfruta aqui de péssima reputação devido a suas opiniões intrigantes e levianas”. In KANN, Bettina; LIMA, Patrícia Souza. Op. cit., p. 419. 38 Apud RANGEL, Alberto. Cartas de Pedro I à marquesa de Santos, p. 165. 39 KANN, Bettina; LIMA, Patrícia Souza. Op. cit. 40 MELO MORAIS. Op. cit., p. 175. 41 GRAHAM, Maria. Op. cit., p. 130. 42 SOUSA, Octávio Tarquínio de. A vida de d. Pedro I, tomo 3, p. 1.138. 43 Annaes do Parlamento Brazileiro. Primeiro ano da quarta legislatura, vol. 2, p. 46. 44 Gazeta de Lisboa de 6 de agosto de 1831. 45 RANGEL, Alberto. Dom Pedro I e a marquesa de Santos, p.184 et seq. 46 SOUSA, Octávio Tarquínio de. Op. cit., tomo 2, p. 695. 47 RANGEL, Alberto. Cartas de Pedro I à marquesa de Santos, p. 210. 48 RANGEL, Alberto. Dom Pedro I e a marquesa de Santos, p. 212 et seq. 49 Ibid., p. 223. 50 Ibid., p. 257. 51 Ibid., p. 225. 52 RANGEL, Alberto. Cartas de Pedro I à marquesa de Santos, p. 448 et seq. 53 Apud AZEVEDO, Vicente de Paulo Vicente de. “Marquesa de Santos”, p. 250. 54 RANGEL, Alberto. Op. cit., p. 475. 55 RANGEL, Alberto. Textos e pretextos, p. 99 et seq. 56 RANGEL, Alberto. Dom Pedro I e a marquesa de Santos, p. 262. 57 Arquivo Histórico do Museu Imperial. I-POB-12.04.1829-A.B.c 1-2. 58 RANGEL, Alberto. Textos e pretextos, p. 159-169. 59 Arquivo histórico do Museu Imperial. I-POB-19.07.1831-Men.c. 60 Numa carta à sua mãe, ao contar sobre um baile na casa da marquesa de Santos, assim descreve Maria Isabel: “A Bela tinha um vestido cinzento que lhe fazia uma cinturinha de sílfide. No colo, numa volta só, lhe corria um colar de pérolas de finíssimas, digo grossíssimas pérolas. Nem havia dizer se as pérolas aí eram o enfeite ou o enfeitado.” Apud AZEVEDO, Vicente de (org.). Cartas de Álvares de Azevedo, p. 123. 61 Felício faleceu em 5/11/1833. 62 A portaria é datada de 9/11/1841. A Revolução Liberal só estourou em maio de 1842. Cartas 1 RANGEL, Alberto. Dom Pedro I e a marquesa de Santos, p. 50. 2 1 2 T I T Í L I A E O D E M O N Ã O N O TA s 2 1 3 1823 1 KANN, Bettina; LIMA, Patrícia Souza. Cartas de uma imperatriz, p. 423. 2 DRUMMOND, A. M. V. Anotações de A. M. V. de Drummond à sua biografia, p. 1 et seq. 3 GRAHAM, Maria Dundas. Escorço biográfico de dom Pedro I, p. 94. 4 MACEDO, J. M. de. Memórias da rua do Ouvidor, p. 92. 1824 1 MACEDO, J. M. de. Ano biográfico brasileiro, vol. 1, p. 528. 2 SILVA, Antônio Moraes. Diccionario da lingua portugueza. 3 RANGEL, Alberto. Cartas de Pedro I à marquesa de Santos, p. 365. 4 RANGEL, Alberto. Dom Pedro I e a marquesa de Santos, anexo 116, p. 413. 5 ARMITAGE, João. História do Brasil: desde o período da chegada da..., p. 242. 1825 1 VIEIRA FAZENDA. Antiqualhas e memórias do Rio de Janeiro, tomo 86, vol. 140, p. 57. 2 RANGEL, Alberto. Dom Pedro I e a marquesa de Santos, p. 338. 3 SCHLICHTHORST, C. O Rio de Janeiro como ele é (1824-1826), p. 23, nota. 4 COSTA, Jacinto da. Pharmacopea naval e castrense, p. 204. 5 GRAHAM, Maria Dundas. Escorço biográfico de dom Pedro I, p. 163. 6 ZANNONI, Cláudio. Conflito e coesão, p. 74. 7 RANGEL, Alberto. Os dois ingleses: Strangford e Stuart, p. 67. Rangel confunde-se no texto e troca as datas. Apresenta dia 19, mas o correto é 21. 8 CHAVES, Castelo Branco. A emigração francesa em Portugal durante a revolução, p.34. 9 SOUSA, Octávio Tarquínio de. A vida de d. Pedro I, vol. II, p. 496. 10 Arquivo Histórico do Museu Imperial, I-POB-07.12.1825-Biv.c 11 Apud OBERACKER Jr., Carlos H. A imperatriz Leopoldina, p. 376. 12 RANGEL, Alberto. Cartas de Pedro I à marquesa de Santos, p. 527. 13 RANGEL, Alberto. Cartas de Pedro I à marquesa de Santos, p. 611. 14 WIED-NEUWIED, Maximiliano. Viagem ao Brasil, vol. 2, p. 468. 2 1 2 T I T Í L I A E O D E M O N Ã O N O TA s 2 1 3 1826 1 SANTOS, Luís Gonçalves dos. Memória para servir à história do Reino do Brasil, vol. 1, p. 55. 2 VIEIRA FAZENDA. Antiqualhas e memórias do Rio de Janeiro, tomo 95, vol. 149, p. 632. 3 BÖSCHE, Eduardo Teodoro. Quadros alternados..., p. 163. 4 RANGEL, Alberto. Cartas de Pedro I à marquesa de Santos, p. 344. 5 RANGEL, Alberto. Textos e pretextos, p. 162. 6 Arquivo Histórico do Museu Imperial, I-POB-10.07.1829-PI.B.c. 7 DIAS, Demosthenes de Oliveira. O solar da marquesa de Santos, p. 65 et. seq. 1827 1 CASTILHO, Antônio Feliciano de. Revista universal lisbonense..., tomo II, p. 26. 2 RANGEL, Alberto. Cartas de Pedro I à marquesa de Santos, p. 299 et seq. 3 Idem, p. 263. 4 Idem, p. 304 et seq. 5 ANDRADE, Ayres de. Francisco Manuel da Silva e seu tempo: 1808-1865, vol. 1, p. 189 et seq. Dá notícias sobre os programas, mas não informa o dia e o mês da reapresentação dessa ópera em 1827. 6 RANGEL, Alberto. Cartas de Pedro I à marquesa de Santos, p. 344. 7 RANGEL, Alberto. Op. Cit., p. 210. 8 GRAHAM, Maria Dundas. Diário de uma viagem ao Brasil, p. 122. 9 RANGEL, Alberto. Cartas de Pedro I à Marquesa de Santos, p. 372. 10 Idem, p. 401. 11 Idem, p. 335. 12 CHERNOVIZ, Pedro Luiz Napoleão. Diccionario de medicina popular, p. 1.074. 13 VIANNA, Hélio. D. Pedro I e d. Pedro II, acréscimos às suas biografias, p. 33. 14 RANGEL, Alberto. Cartas de Pedro I à marquesa de Santos, p. 353. 15 RANGEL, Alberto. Trasanteontem, p. 28 et seq. 16 DEBRET, Jean-Baptiste. Viagem pitoresca e histórica ao Brasil, p. 90. 17 Ibid., p. 347 et seq. 18 Ibid., p. 354 19 RANGEL, Alberto. Cartas de Pedro I à marquesa de Santos, p. 361. 20 Idem, p. 362. 2 1 4 T I T Í L I A E O D E M O N Ã O B I B L I O g r A f I A 2 1 52 1 4 T I T Í L I A E O D E M O N Ã O B I B L I O g r A f I A 2 1 52 1 4 T I T Í L I A E O D E M O N Ã O B I B L I O g r A f I A 2 1 52 1 4 T I T Í L I A E O D E M O N Ã O B I B L I O g r A f I A 2 1 5 1828 1 BLUTEAU, Raphael. Vocabulario portuguez & latino, vol. 6, p. 243. 2 RANGEL, Alberto. Cartas de Pedro I à marquesa de Santos, p. 630. Anexos 1 RANGEL, Alberto. Cartas de Pedro I à marquesa de Santos, p. 458. 2 Idem, p. 623. 2 1 4 T I T Í L I A E O D E M O N Ã O B I B L I O g r A f I A 2 1 52 1 4 T I T Í L I A E O D E M O N Ã O B I B L I O g r A f I A 2 1 52 1 4 T I T Í L I A E O D E M O N Ã O B I B L I O g r A f I A 2 1 52 1 4 T I T Í L I A E O D E M O N Ã O B I B L I O g r A f I A 2 1 5 Bibliografia Fontes manuscritas Academia Paulista de Letras: Cartas 80 e 95. Hispanic Society of America: Cartas de 1 a 79, 81 a 94 e carta 96. Museu Imperial: Cartas 1 a 17 do Anexo. Fontes impressas Livros ANDRADA E SILVA, José Bonifácio de; ANDRADA, Antônio Carlos Ribeiro de; ANDRADA, Martim Francisco Ribeiro de. Cartas andradinas. Correspon- dência particular de José Bonifácio, Martim Francisco e Antônio Carlos dirigi- da a Antônio de Meneses Vasconcelos de Drummond. Rio de Janeiro: Leuziner & Filhos, 1890. ANDRADE, Ayres de. Francisco Manuel da Silva e seu tempo 1808-1865. Uma fase do passado musical do Rio de Janeiro à luz de novos documentos. Rio de Janei- ro: Tempo Brasileiro, 1967. 2 v. 2 1 6 T I T Í L I A E O D E M O N Ã O B I B L I O g r A f I A 2 1 7 ARMITAGE, João. História do Brasil desde o período da chegada da família de Bra- gança em 1808 até a abdicação de d. Pedro I em 1831, compilada à vista dos documentos públicos e outras fontes originais, formando uma continuação da história doBrasil de Southey. Belo Horizonte: Itatiaia; São Paulo: Edusp, 1981. AZEVEDO, Vicente de Paulo Vicente de (org.). 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DVD. 2 2 0 T I T Í L I A E O D E M O N Ã O Í N D I c E O N O M á s T I c O 2 2 12 2 0 T I T Í L I A E O D E M O N Ã O Í N D I c E O N O M á s T I c O 2 2 12 2 0 T I T Í L I AE O D E M O N Ã O Í N D I c E O N O M á s T I c O 2 2 12 2 0 T I T Í L I A E O D E M O N Ã O Í N D I c E O N O M á s T I c O 2 2 1 2 2 0 T I T Í L I A E O D E M O N Ã O Í N D I c E O N O M á s T I c O 2 2 12 2 0 T I T Í L I A E O D E M O N Ã O Í N D I c E O N O M á s T I c O 2 2 12 2 0 T I T Í L I A E O D E M O N Ã O Í N D I c E O N O M á s T I c O 2 2 12 2 0 T I T Í L I A E O D E M O N Ã O Í N D I c E O N O M á s T I c O 2 2 1 Índice onomástico Aguiar, marquês de, 183 Aguiar, marquesa de, 42, 43, 44, 183 Aguiar, Rafael Tobias de, 55 Aires, Gertrudes Eufrosina, 55 Alcântara Brasileira, Isabel Maria de. Ver Goiás, duquesa de Alcântara Brasileira I, Maria Isabel, 46, 48, 49, 142, 143, 162, 177, 205, 206 Alcântara Brasileira II, Maria Isabel, 54, 55, 201, 206 Alcântara Brasileiro, Pedro de, 38, 39, 136 Alcântara Brasileiro II, Pedro de, 50, 199, 200 Almeida e Souza, Cândido Xavier de, 25 Almeida, José Egídio Álvares de. Ver Santo Amaro, marquês de Álvares de Azevedo, Manuel Antônio, 55 Amaral, Francisco Pedro do, 120 Andrada e Silva, José Bonifácio de, 24, 25, 37, 39, 67, 68, 80, 109 Andrada, Martim Francisco Ribeiro de, 25 Andrade, Vicente Navarro de. Ver Inhomirim, barão de Aracati, marquês de. Ver Oyenhausen-Gravenburg, José Carlos de Augusto Arrábida, frei Antônio de, 44 Assis de Lorena, d. Francisco de, 210 Avilez, Jorge de, 25 2 2 2 T I T Í L I A E O D E M O N Ã O Í N D I c E O N O M á s T I c O 2 2 3 Azevedo Marques, Antônio Mariano de, 48 Badaró, Giovanni Batista Líbero, 66 Barbacena, marquês de, 48, 50, 54, 130, 149, 176, 199, 201 Barreto, Joaquim Francisco Alves Branco Muniz, 77 Berquó, João Maria da Gama Freitas. Ver Cantagalo, marquês de Bivar, Diogo Soares da Silva de, 104 Bösche, Eduardo Teodoro, 31 Bragança, d. Francisca Carolina de, 168 Bragança, d. Isabel Maria de, 40 Bragança, d. Januária Maria de, 123, 168 Bragança, d. Maria da Glória. Ver Maria da Glória, d. Bragança, d. Miguel de, 48, 49 Bragança, d. Paula Mariana de, 124, 151, 152, 154, 155, 172, 175 Bragança, João de. Ver João VI, d. Bregaro, Carolina, 109, 138 Bregaro, Manuel Maria, 138 Bregaro, Paulo Emílio, 109 Burton, Isabel Arundell, 17, 80, 208 Burton, sir Richard, 208 Buvelot, J., 43 Cadolino, César, 43 Caldeira Brant, Felisberto. Ver Barbacena, marquês de Caldeira Brant, Ildefonso de Oliveira. Ver Gericinó, visconde de Caldeira Brant, Pedro, 54 Calmon, Pedro, 18 Caminha e Meneses, Antônio Teles da Silva. Ver Resende, marquês de Cantagalo, marquês de, 146, 147 Canto e Melo. Ver Castro Carlota Joaquina, d., 97, 154 Carlota, João, 157 Carneiro Leão, coronel Brás, 96 Carvalho e Melo, Luís José de, 101 Castelo Branco, João Sabino de Melo e Bulhões Lacerda, 85 Castro, 1º visconde de. Ver Castro do Canto e Melo (pai), João de Castro, 2º visconde de. Ver Castro do Canto e Melo (filho), João de Castro Canto e Melo, Ana Cândida de, 17, 24, 37, 54, 77 Castro Canto e Melo, Maria Benedita de, 89, 17, 18, 25, 26, 40, 50, 63, 76, 82, 97, 112, 114, 124, 125 2 2 2 T I T Í L I A E O D E M O N Ã O Í N D I c E O N O M á s T I c O 2 2 3 Castro do Canto e Melo (filho) – 2º visconde de Castro, João de, 16, 26, 57, 93 Castro do Canto e Melo (pai) – 1º visconde de Castro, João de, 12, 14, 16, 37, 53 Castro do Canto e Melo, Francisco de, 11, 15, 17, 37, 53 Castro do Canto e Melo, José de, 106, 16, 27, 46, 62, 113 Castro do Canto e Melo, Pedro de, 185, 51, 52, 95, 113, 114 Castro, Inês de, 27, 83 Castro, Tomás de Aquino e, 102 Chadenat, Charles, 7, 18 Chagas, Francisco José das. Ver Chaguinhas Chaguinhas, 209 Chalaça. Ver Gomes da Silva, Francisco Costa Carvalho, José da. Ver Monte Alegre, marquês de Coutinho, Francisco Afonso Meneses Sousa. Ver Maceió, marquês de Coutinho, d. José Caetano de Sousa, 138 Dória, Luís Gastão d’Escragnolle, 208 Drummond, Antônio Menezes de Vasconcelos, 68 Drummond, barão de, 77 Drummond, conselheiro. Ver Vasconcelos Drummond, Antônio Menezes de Drummond, João Batista Viana. Ver Drummond, barão de Durocher, Ana, 125, 126 Durocher, Maria, 126 Feijó, Diogo Antônio, 55, 209 Fernandes Pinheiro, José Feliciano, 39 Fidalgo, monsenhor Duarte Mendes de Sampaio, 160 Fischler, Ernesto, 80 Flach, J. M., 43 Fonseca e Silva, Valentim. Ver Valentim, mestre Francisco I da Áustria, 45, 67, 68 Frank, Júlio, 17 Freese, John Henry, 145 Freire de Andrade, Antônio Gomes, 208 Gabriac, marquês de, 35 Gericinó, visconde de, 48, 150, 186, 188 Gestas, conde Aymer de, 31, 104 Goiás, duquesa de, 36, 39, 40, 45, 48, 54, 78, 80, 119, 126, 130, 132, 177, 200, 204, 205, 206, 234 Gomes da Silva, Francisco, 157, 184, 199, 201 Gonçalves de Andrade, d. Manoel Joaquim, 136, 137 2 2 4 T I T Í L I A E O D E M O N Ã O Í N D I c E O N O M á s T I c O 2 2 5 Gonçalves dos Santos, Luís, 119 Gonçalves Gomide, Tomás, 102 Gonçalves, Lázaro José, 25 Gordon, sir Robert, 35, 47, 154, 167 Goytacazes, baronesa de São Salvador dos Campos de, 96 Graham, Maria, 97, 113, 130, 145 Guimarães Peixoto, Domingos Ribeiro dos, 66, 78, 173 Hamond, sir Graham Eden, 101 Heindricks, Carlos, 43 Hiersenann, Karl, 18 Holzen, barão de. Ver Fischler, Ernesto Huntington, Archer Milton, 18 Iguaçu, conde. Ver Caldeira Brant, Pedro Iguaçu, condessa de. Ver Alcântara Brasileira II, Maria Isabel Iguaraçu, barão de. Ver Guimarães Peixoto, Domingos Ribeiro dos Inhambupe, visconde de, 39 Inhomirim, barão de, 150, 169 João VI, d., 24, 28, 38, 39, 40, 96, 97, 99, 113, 124, 147, 162, 193, 205 Jordão, brigadeiro Manuel Rodrigues, 209 José Bonifácio. Ver Andrada e Silva, José Bonifácio de Josefina, imperatriz, 50 Josefine, madame, 69 Lages, marquês de. Ver Vieira de Carvalho, João Lecor, Carlos Frederico, 38 Leopoldina, imperatriz, 12, 15, 33, 34, 36, 38, 39, 40, 42, 43, 44, 45, 49, 52, 66, 67, 69, 78, 80, 97, 104, 109, 113, 119, 124, 136, 151, 160, 162, 168, 183, 192, 203, 204, 205 Leuchtenberg, Amélia Augusta Napoleona de, 50, 51, 52, 119 Leuchtenberg, Augusta de, 52 Leuchtenberg, Augusto Carlos Eugênio Napoleão de, 52 Luís XVI, 104 Maceió, marquês de, 199, 200 Maciel da Costa, Ana Francisca Rosa. Ver Goytacazes, baronesa de São Salvador dos Campos de Mallet, madame, 130 Mareschal, barão de, 42, 44, 46, 47, 49, 105, 141, 142, 144, 145, 146, 147, 176 Maria da Glória, d., 38, 39, 44, 45, 48, 49, 85, 97, 124, 126, 136, 139, 151, 154, 162, 186 Maria Luísa, arquiduquesa da Áustria, 36, 42 2 2 4 T I T Í L I A E O D E M O N Ã O Í N D I c E O N O M á s T I c O 2 2 5 Mauá, barão de, 126 Maul, Carlos, 54 Melo Franco, Caio de, 18 Mena Barreto, José de Abreu, 99 Mendonça e Castro, João de, 20 Monte Alegre, marquês de, 192 Müller, Daniel Pedro, 24, 25, 29, 69, 208 Müller, Guilhermina, 208 Napoleão I, 50 Nunes Garcia, Padre José Maurício Nunes, 175 Oliva, Carlos Maria, 35, 46, 66, 157 Oliveira, Antônio José de, 29 Oyenhausen-Gravenburg, José Carlos de Augusto, 25, 69, 210 Padre Feijó. Ver Feijó, Diogo Antônio Paes Leme, Pedro Taques de Almeida, 26 Papança, Maria Benedita. Ver Santo Amaro, marquesa de Paula, Francisco Manuel de, 63, 93 Pedro II, d., 38, 40, 44, 53, 55, 71, 109, 123, 124, 126, 135, 136, 173, 175, 192 Pereira da Cunha, Antônio Luís. Ver Inhambupe, visconde de Pereira de Abreu, Plácido Antônio, 39, 67, 68, 195 Pereira Valente, Tomás Joaquim, 121 Pereira, Boaventura Delfim, 35, 37, 69, 105, 109, 200 Pereira, d. Mateus de Abreu, 26 Pereira, José Clemente, 52 Pereira, Rodrigo Delfim, 36, 109, 138, 200 Perereca, Padre. Ver Gonçalves dos Santos, Luís Pinto Coelho de Mendonça e Castro, Felício, 27 Pinto Coelho de Mendonça e Castro, Francisca, 27, 35, 106 Pinto Coelho de Mendonça, Felício, 35, 55, 105 Pombal, marquês de, 77, 147 Ponçadilha, João Manuel, 130, 134, 174 Ponçadilha, José Manuel Rodrigues, 130, 134, 174 Portugal e Castro, d. Fernando José de. Ver Aguiar, marquês de Portugal e Castro, Maria Francisca de. Ver Aguiar, marquesa de Rangel, Alberto, 18, 42, 61, 63, 154, 200 Resende, marquês de, 198, 199, 200 Rio Pardo, conde do. Ver Pereira Valente, Tomás Joaquim Rocha Pinto, João da, 201 2 2 6 T I T Í L I A E OD E M O N Ã O Í N D I c E D E L O c A L I D A D E s 2 2 72 2 6 T I T Í L I A E O D E M O N Ã O Í N D I c E D E L O c A L I D A D E s 2 2 72 2 6 T I T Í L I A E O D E M O N Ã O Í N D I c E D E L O c A L I D A D E s 2 2 72 2 6 T I T Í L I A E O D E M O N Ã O Í N D I c E D E L O c A L I D A D E s 2 2 7 Roquefeuil, condessa de, 104 Sacramento, frei Leandro do, 113 Saisset, Clemência, 50, 200 Saisset, Pedro. Ver Alcântara Brasileiro II, Pedro de Santana Lopes, Josefa, 141 Santo Amaro, marquês de, 200 Santo Amaro, marquesa de, 201 São Leopoldo, visconde de. Ver Fernandes Pinheiro, José Feliciano Saúde, barão da. Ver Paula, Francisco Manuel de Schlichthorst, C., 32 Serro Largo, barão de. Ver Mena Barreto, José de Abreu Sorocaba, barão de. Ver Pereira, Boaventura Delfim Sorocaba, baronesa de. Ver Canto e Melo, Maria Benedita de Castro Souza, João Evangelista de. Ver Mauá, barão de Souza Lobato, Francisco José Rufino de. Ver Vila Nova da Rainha, visconde de Souza Lobato, Joaquim Valentim de Faria e, 96 Souza Queirós, Francisco Inácio de, 25 Souza, Octávio Tarquínio de, 68 Stuart, sir Charles, 38, 101, 192 Stürmer, barão von, 42 Sylos, Honório de, 208 Taques, Catarina Angélica da Purificação, 26 Toledo Ribas, Ana Maria de, 28 Toledo Ribas, Engrácia Maria de, 141 Toledo Ribas, Escolástica Bonifácia de, 26, 49, 66, 141, 189 Treuberg, conde de. Ver Fischler, Ernesto Valentim, mestre, 120 Vasconcelos Drummond, Antônio Menezes de, 38 Vicente de Azevedo, Vicente de Paulo, 208 Vieira Bueno, Francisco de Assis, 26 Vieira de Carvalho, João, 99 Vieira Fazenda, José, 90, 120 Vila Nova da Rainha, visconde de, 154 Wenzel, Philippe Leopold. Ver Mareschal, barão de 2 2 6 T I T Í L I A E O D E M O N Ã O Í N D I c E D E L O c A L I D A D E s 2 2 72 2 6 T I T Í L I A E O D E M O N Ã O Í N D I c E D E L O c A L I D A D E s 2 2 72 2 6 T I T Í L I A E O D E M O N Ã O Í N D I c E D E L O c A L I D A D E s 2 2 72 2 6 T I T Í L I A E O D E M O N Ã O Í N D I c E D E L O c A L I D A D E s 2 2 7 Índice de localidades Acidentes geográficos Baía de Guanabara, 102 Ilha do Governador (Rio de Janeiro), 33 Ilha Terceira (Açores), 66 Lagoa Rodrigo de Freitas (Rio de Janeiro), 113 Morro da Conceição (Rio de Janeiro), 118 Morro de São Bento (Rio de Janeiro), 119 Ponta da Armação (Niterói), 92 Ponta do Caju (Rio de Janeiro), 162 Praia de Botafogo (Rio de Janeiro), 33 Riacho do Ipiranga (São Paulo), 29 Rio da Prata, 38 Rio Paraguai, 38 Rio Paraná, 38 Rio São Francisco, 124 Vale do Paraíba, 24 2 2 8 T I T Í L I A E O D E M O N Ã O Í N D I c E D E L O c A L I D A D E s 2 2 9 Bairros e localidades Alto da Boa Vista (Rio de Janeiro), 147 Botafogo (Rio de Janeiro), 33, 50, 129, 146, 151, 153, 154, 161 Engenho Velho (Rio de Janeiro), 35, 40, 48, 132 Estácio (Rio de Janeiro), 35 Laranjeiras (Rio de Janeiro), 147 Mata-Porcos (Rio de Janeiro), 35, 38 Penha (São Paulo), 26 Santa Isabel (Rio de Janeiro), 77, 85 Tijuca (Rio de Janeiro), 104, 144, 146, 147 Cidades brasileiras Barão de Cocais (MG), 209 Guaratinguetá (SP), 26 Lorena (SP), 26 Recife (PE), 46, 137, 157 Rio de Janeiro (RJ), 12, 24, 25, 32, 33, 34, 39, 42, 46, 48, 50, 52, 55, 67, 69, 92, 97, 101, 102, 113, 114, 118, 120, 124, 128, 136, 138, 141 147, 155, 160, 162, 183, 189, 197, 200, 203, 204, 205, 206 Salvador (BA), 39, 115 Santos (SP), 25, 28, 29 São Paulo (SP), 29, 31, 34, 38, 46, 48, 50, 52, 53, 54, 66, 68, 69, 71, 83, 102, 106, 107, 109, 124, 126, 137, 176, 177, 189, 191, 196, 199, 200 São Sebastião (SP), 66 Taubaté (SP), 26 Vila Rica (MG), 27 Cidades do exterior Belém (Portugal), 44 Buenos Aires (Argentina), 38 Gênova (Itália), 49 2 2 8 T I T Í L I A E O D E M O N Ã O Í N D I c E D E L O c A L I D A D E s 2 2 9 Gibraltar (Grã-Bretanha), 49 Londres (Grã-Bretanha), 97, 200, 201 Montevidéu (Uruguai), 38 Murnau (Alemanha), 80 Nova York (Estados Unidos), 18 Paris (França), 18, 30, 35, 52, 78, 126, 168, 173, 200 Viena (Áustria), 45, 48 Chácaras, fazendas, palácios e quintas Chácara de Domitila, ou Palacete do Caminho Novo do Imperador (atual Museu do Primeiro Reinado, Rio de Janeiro), 47, 52, 125, 126, 130, 154 Chácara dos Ingleses (São Paulo), 29 Fazenda de Gericinó (atual Parque Nacional do Gericinó, Nilópolis), 48, 150, 188 Fazenda de Santa Cruz (Rio de Janeiro), 46, 50, 77, 187 Imperial Quinta do Macaco (Rio de Janeiro), 67, 77 Palácio de São Cristóvão (Rio de Janeiro), 42, 44, 45, 50, 67, 68, 105, 126, 143, 147, 149, 191, 196 Palácio do Bispo (Rio de Janeiro), 118 Quinta da Boa Vista (Rio de Janeiro), 13, 39, 46, 47, 105, 125, 147, 149 Edifícios e campos militares Arsenal da Marinha (Rio de Janeiro), 52, 113, 119 Campo da Aclamação (atual praça da República, Rio de Janeiro), 120 Campo de São Cristóvão (atual Centro Luiz Gonzaga de Tradições Nordestinas, Rio de Janeiro), 120, 121 Casa da Pólvora (Rio de Janeiro), 120 Casa do Trem (atual Museu Histórico Nacional, Rio de Janeiro), 120 Fortaleza de Nossa Senhora da Conceição (Rio de Janeiro), 119 Quartel da Praia Vermelha (Rio de Janeiro), 120 2 3 0 T I T Í L I A E O D E M O N Ã O Í N D I c E D E L O c A L I D A D E s 2 3 1 Estados e províncias brasileiras Bahia, 38, 39, 40, 77, 104, 114, 115, 135, 136, 192, 205 Minas Gerais, 25, 27, 124 Província Oriental do Rio da Prata (Cisplatina), 38, 185 Rio de Janeiro, 25 Rio Grande do Sul, 38, 99, 130, 205 Santa Catarina, 40 São Paulo, 55, 124 Instituições Academia Paulista de Letras, 18, 237 Arquivo Histórico do Museu Imperial (Petrópolis), 43, 50, 130, 237 Assembleia Constituinte (Rio de Janeiro), 66, 68, 84, 210 Câmara dos Deputados (Rio de Janeiro), 44 Casa de Câmara (São Paulo), 24 Casa dos Expostos (Rio de Janeiro), 41 Depósito dos Estrangeiros (Niterói), 92 Faculdade de Direito da USP, 17 Gabinete Topográfico (São Paulo), 69 Hispanic Society of America (Nova York), 18, 19, 20, 79, 82, 88, 95, 112, 128, 131, 177 Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (Rio de Janeiro), 18 Museu do Primeiro Reinado (Rio de Janeiro), 126 Museu Histórico Nacional (Rio de Janeiro), 85, 119 Museu Imperial (Petrópolis), 43, 47, 50, 70, 130, 181 Museu Paulista da USP, 29 Instituições de ensino Colégio de Madame Mallet (Rio de Janeiro), 130 Colégio Sacré Coeur (Paris), 52 Seminário de N. S. da Lapa (Rio de Janeiro), 160 2 3 0 T I T Í L I A E O D E M O N Ã O Í N D I c E D E L O c A L I D A D E s 2 3 1 Igrejas e cemitérios Capela Imperial (Rio de Janeiro), 36, 37, 96, 98, 105, 157, 160, 183 Cemitério da Consolação (São Paulo), 17, 66 Cemitério dos Aflitos (São Paulo), 29 Igreja de Nossa Senhora da Glória do Outeiro (Rio de Janeiro), 35, 155 Igreja de Nossa Senhora do Monte do Carmo (Rio de Janeiro), 96, 105 Igreja de São João Batista do Morro Grande (Minas Gerais), 209 Igreja de São Francisco de Paula (Rio de Janeiro), 139 Igreja de São Francisco Xavier (Rio de Janeiro), 40, 48 Igreja do Carmo (São Paulo), 48 Igreja do Rosário (Rio de Janeiro), 162 Recolhimento de Santa Teresa (São Paulo), 48 Logradouros Avenida Rangel Pestana (São Paulo), 209 Cais de Belém (Lisboa), 44 Ladeira da Fortaleza da Conceição (atual Ladeira João Homem, Rio de Janeiro), 119 Ladeira da Glória (Rio de Janeiro), 35, 89 Largo do Palácio (atual praça XV, Rio de Janeiro), 37, 98 Ponte do Carmo (São Paulo), 26 Porto de Santos (Santos), 52 Praça do Rocio (atual praça Tiradentes, Rio de Janeiro), 139 Rua da Ajuda (parte absorvida pela av. Rio Branco, Rio de Janeiro), 130 Rua de Santo Antônio (Rio de Janeiro), 130 Rua do Carmo (São Paulo), 24 Rua do Ouvidor (Rio de Janeiro), 50, 69, 126 Rua dos Barbonos (atual rua Evaristo da Veiga, Rio de Janeiro), 119 Rua Roberto Simonsen. Ver Rua do Carmo Países estrangeiros Alemanha, 142 Argentina, 38, 69 2 3 2 T I T Í L I A E O D E M O N Ã O Í N D I c E D E I M A g E N s 2 3 32 3 2 T I T Í L I A E O D E M O N Ã O Í N D I c E D E I M A g E N s 2 3 32 3 2 T I T Í L I A E O D E M O N Ã O Í N D I c E D E I M A g E N s 2 3 32 3 2 T I T Í L I A E O D E M O N Ã O Í N DI c E D E I M A g E N s 2 3 3 Áustria, 45, 46, 47, 49, 67, 141, 142, 147, 167, 210 Espanha, 38 Estados Unidos, 18, 42 França, 18, 38, 45, 50, 104, 154, 167, 200 Inglaterra, 45, 49, 76, 80, 134, 154, 167, 199, 201 Portugal, 12, 24, 25, 38, 39, 40, 44, 48, 49, 76, 97, 101, 104, 132 Uruguai, 38, 142 Parques, chafarizes e monumentos Bica de Santa Luzia (São Paulo), 28 Chafariz das Marrecas (Rio de Janeiro), 118 Jardim Botânico (Rio de Janeiro), 113, 120 Monumento da Independência (São Paulo), 29 Passeio Público (Rio de Janeiro), 119 Teatros Casa da Ópera (São Paulo), 102 Imperial Teatro São Pedro de Alcântara (Rio de Janeiro), 138 Teatrinho Constitucional São Pedro (Rio de Janeiro), 36, 83, 96 Teatro João Caetano (Rio de Janeiro), 139 Teatro São Carlos (Lisboa), 44 2 3 2 T I T Í L I A E O D E M O N Ã O Í N D I c E D E I M A g E N s 2 3 32 3 2 T I T Í L I A E O D E M O N Ã O Í N D I c E D E I M A g E N s 2 3 32 3 2 T I T Í L I A E O D E M O N Ã O Í N D I c E D E I M A g E N s 2 3 32 3 2 T I T Í L I A E O D E M O N Ã O Í N D I c E D E I M A g E N s 2 3 3 Índice de imagens 1. Anúncio em alemão do lote ofertado pelo antiquário Karl Hiersernann e adqui- rido por mr. Archer Milton Huntington. Hispanic Society of America, Nova York. 2. Johann Moritz Rugendas. Costumes de Rio de Janeiro, s.d. Litografia. In: RU- GENDAS, Johann Moritz: Voyage pittoresque dans le Brésil. Paris: Engelman & Cie, 1835. 3. Richard, after a sketch by Mrs. Eliot, of S. Paulo. View of the city of S. Paulo, s.d. Litografia. In: KIDDER, D. P.; FLETCHER, D. J. C.: Brazil and the Brazilians, Portrayed in Historical and Descriptive Sketches. 9ª ed. Boston: Little, Brown, and Company, 1879. 4. Gianni. Alegoria ao juramento da Constituição de 1824. Paris, 1824. Litografia. 5. Jean-Baptiste Debret. Le Roi don João VI. L’empereur don Pedro Ier. Grand cos- tume (detalhe: L’empereur don Pedro I), s.d. Litografia. In: DEBRET, Jean- Baptiste. Voyage pittoresque et historique au Brésil. Paris: Firmin Didot frères, 1834/1839. 6. Francisco Pedro do Amaral (atribuído). Retrato de d. Domitila de Castro Canto e Melo, marquesa de Santos. Óleo sobre tela, s.d. Museu Histórico Nacional/ Ibram/MinC, Rio de Janeiro. 2 3 4 T I T Í L I A E O D E M O N Ã O Í N D I c E D E I M A g E N s 2 3 5 7. The largo do Paço, and rua Primeiro de Março, or Direita, s.d. Litografia. In: KIDDER, D. P.; FLETCHER, D. J. C. Brazil and the Brazilians, Portrayed in Historical and Descriptive Sketches. 9ª ed. Boston: Little, Brown, and Com- pany, 1879. S.a. 8. Simplício Rodrigues de Sá. Dom Pedro I e a imperatriz Leopoldina, 1826 (de- talhe). Óleo sobre tela. Col. Educandário Romão de Mattos Duarte, Rio de Janeiro. 9. Prosper Aimée Marie Brunellière. Marquês de Barbacena pedindo a mão de S. A. R. Amelie Auguste Eugenie Napoleone em nome de S. M. dom Pedro Im- perador do Brasil, s.l., s.d. Litografia. 10. Pierre Louis Henri Grevedon. Amélie Imperatrice du Brésil, 1830. Litografia. Col. Cláudia Thomé Witte. 11. Isabel Maria de Alcântara Brasileira, duquesa de Goiás. Litografia, s.d., s.a. 12. D. Maria Isabel, condessa de Iguaçu. Fotografia, s.d., s.a. 13. Colar formado por 14 ametistas de primeira água engastadas em ouro filigra- nado, ao centro, aplicado na ametista maior, um camafeu de concha com o busto de d. Pedro I. Museu Imperial/Ibram/MinC, Rio de Janeiro. 14. Calendário perpétuo alegórico, dedicado a Sua Majestade Senhor Dom Pedro Primeiro, Imperador Constitucional & defensor perpétuo do Brasil. S.l., s.a., circa 1826. Litografia. 15. Carta de Pedro I para a marquesa de Santos. Hispanic Society of America, Nova York. 16. Carta de Pedro I para a marquesa de Santos. Hispanic Society of America, Nova York. 17. Carta de Pedro I para a marquesa de Santos. Hispanic Society of America, Nova York. 18. Johann Moriz Rugendas. Ladeira da Glória, s.d. Litografia. In: RUGENDAS, Johann Moritz: Voyage pittoresque dans le Brésil. Paris: Engelman & Cie, 1835. 19. Jean-Baptiste Debret. Transport d’un enfant blanc, pour être baptisé a l’église, s.d. Litografia. In: DEBRET, Jean-Baptiste. Voyage pittoresque et historique au Brésil. Paris: Firmin Didot frères, 1834/1839. 20. Carta de Pedro I para a marquesa de Santos. Hispanic Society of America, Nova York. 21. Jean-Baptiste Debret. Vue de la place du palais, à Rio de Janeiro. s.d. Litografia. In: DEBRET, Jean-Baptiste. Voyage pittoresque et historique au Brésil. Paris: Firmin Didot frères, 1834/1839. 22. Barão Gerard. Sir Charles Stuart. Londres: s.d. Litografia. 2 3 4 T I T Í L I A E O D E M O N Ã O Í N D I c E D E I M A g E N s 2 3 5 23. Carta de Pedro I para a marquesa de Santos. Hispanic Society of America, Nova York. 24. Sébastien Auguste Sisson. Vista do Jardim Botânico. Rio de Janeiro, s.d. Lito- grafia. In: SISSON, S. A. Álbum do Rio de Janeiro Moderno. Rio de Janeiro: Lith. de A. Sisson, 1855. 25-26. Jean-Baptiste Debret. Planta da cidade de S. Sebastião do Rio de Janeiro (detalhes) s.d. Litografia. In: DEBRET, Jean-Baptiste. Voyage pittoresque et historique au Brésil. Paris: Firmin Didot frères, 1834/1839. 27. Johann Moriz Rugendas. São Cristóvão, s.d. Litografia. In: RUGENDAS, Jo- hann Moritz: Voyage pittoresque dans le Brésil. Paris: Engelman & Cie, 1835. 28. Ignaz Ferting. Dom Pedro I, Imperador do Brasil, Duque de Bragança. Lisboa, 1850. Litografia. 29. Filhos de d. Pedro I. Detalhes da Folhinha Nacional Brasileira para o ano de MDCCCXXXVII. Londres: Day & Haghe, 1836. Litografia. S.a. 30. The Gloria hill from the Passeio Publico, s.d., s.a. Litografia. In: KIDDER, D. P.; FLETCHER, D. J. C.: Brazil and the Brazilians, Portrayed in Historical and Descriptive Sketches. 9ª ed. Boston: Little, Brown, and Company, 1879. 31. Museu do Primeiro Reinado. Rio de Janeiro, 2010. Fotografia digital. Acervo pessoal. 32. Carta de Pedro I para a marquesa de Santos. Hispanic Society of America, Nova York. 33. Carta de Domitila de Castro, marquesa de Santos, para Pedro I, com resposta do mesmo. Hispanic Society of America, Nova York. 34. Simplício Rodrigues de Sá. D. Manoel Joaquim Gonçalves de Andrade. Rio de Janeiro, 1827. Óleo sobre tela. Museu de Arte Sacra, São Paulo. 35. Domingos António de Sequeira. Alegoria às Constituições do Brasil e de Portu- gal. Paris, 1826. Litografia de Alois Senefelder. 36. Jean-Baptiste Debret. Acceptation provisoire de la constitution de Lisbonne, à Rio de Janeiro, en 1821, s.d. Litografia. In: DEBRET, Jean-Baptiste. Voyage pittoresque et historique au Brésil. Paris: Firmin Didot frères, 1834/1839. 37. Jean-Baptiste Debret. Améliorations progressives du palais de St. Christophe, (Quinta de Boa Vista); depuis 1808, jusqu’en 1831 (detalhe: Palácio de São Cristóvão em 1831), s.d. Litografia. In: DEBRET, Jean-Baptiste. Voyage pitto- resque et historique au Brésil. Paris: Firmin Didot frères, 1834/1839. 38. Johann Moriz Rugendas. Botafogo, s.d. Litografia. In: RUGENDAS, Johann Moritz. Voyage Pittoresque dans le Brésil. Paris: Engelman & Cie, 1835. 39. Domingos José da Silva. D. Maria II, Rainha de Portugal, s.l., s.d. Litografia. 2 3 6 T I T Í L I A E O D E M O N Ã O A g r A D E c I M E N T O s 2 3 72 3 6 T I T Í L I A E O D E M O N Ã O A g r A D E c I M E N T O s 2 3 72 3 6 T I T Í L I A E O D E M O N Ã O A g r A D E c I M E N T O s 2 3 72 3 6 T I T Í L I A E O D E M O N Ã O A g r A D E c I M E N T O s 2 3 7 40. Jean-Baptiste Debret. Les Rafraichissemens de l’après diner sur la place du pa- lais. Litografia. In: DEBRET, Jean-Baptiste. Voyage pittoresque et historique au Brésil. Paris: Firmin Didot frères, 1834/1839. 41. Johann Moriz Rugendas. Costumes de San Paulo, s.d. Litografia. In: RUGEN- DAS, Johann Moritz. Voyage Pittoresque dans le Brésil. Paris: Engelman & Cie, 1835. 42. Jean-Baptiste Debret. Costumes des dames du palais. Litografia. In: DEBRET, Jean-Baptiste. Voyage pittoresque et historique au Brésil. Paris: Firmin Didot frères, 1834/1839.43. Carta da marquesa de Aguiar para Domitila de Castro. Museu Imperial/ IBRAM/MinC, Rio de Janeiro. 44. Carta de Domitila de Castro para d. Pedro I. Museu Imperial/IBRAM/MinC, Rio de Janeiro. 45. Carta de Domitila de Castro para d. Pedro I. Museu Imperial/IBRAM/MinC, Rio de Janeiro. 46. Carta de Pedro I para o marquês de Resende. Museu Imperial/IBRAM/MinC, Rio de Janeiro. 2 3 6 T I T Í L I A E O D E M O N Ã O A g r A D E c I M E N T O s 2 3 72 3 6 T I T Í L I A E O D E M O N Ã O A g r A D E c I M E N T O s 2 3 72 3 6 T I T Í L I A E O D E M O N Ã O A g r A D E c I M E N T O s 2 3 72 3 6 T I T Í L I A E O D E M O N Ã O A g r A D E c I M E N T O s 2 3 7 Agradecimentos A mr. John O’Neill, curador da seção de Manuscritos e Obras Raras da Hispanic Society of America. Ao sr. Maurício Vicente Ferreira Júnior, diretor do Museu Im- perial. À sra. Ana Luísa Alonso de Camargo, do setor de Museologia do Museu Imperial. À sra. Neibe Cristina Machado da Costa, responsável pelo Arquivo His- tórico do Museu Imperial, pela ajuda com os “etc.” e os símbolos utilizados por d. Pedro I para assinalar o fim das cartas, e na confirmação a respeito de a carta anônima ter sido escrita pelo imperador. Ao dr. José Renato Nalini, presidente da Academia Paulista de Letras à época das pesquisas para este livro, e às sras. Maria Luiza Pereira de Souza Lima e Rubenira Farias de Oliveira, bibliotecárias dessa instituição, pela gentil colaboração. Ao dr. Pierre Moreau, pentaneto de Domitila de Castro, pela atenção e pela disponibilização do material produzido pela Casa do Saber para a exposição “Marquesa de Santos e a defesa de São Paulo no Brasil independente”, realizada no Salão dos Passos Perdidos do Tribunal de Justiça de São Paulo, em setembro de 2009. À sra. Bettina Kann, diretora da biblioteca digi- tal da Biblioteca Nacional da Áustria e à dra. Patrícia de Souza Lima, do Instituto Histórico de Petrópolis, coautoras do livro D. Leopoldina: cartas de uma impe- ratriz, pelas informações prestadas. A Claudia Thomé Witte, pelo compartilhar, pelas noites ao telefone, pela leitura atenta e pelos comentários pertinentes. E a Adriana Sauerbronn de Moura, pela revisão, pelos comentários, pelo apoio e pelo companheirismo. 2 3 8 T I T Í L I A E O D E M O N Ã O A g r A D E c I M E N T O s 2 3 92 3 8 T I T Í L I A E O D E M O N Ã O A g r A D E c I M E N T O s 2 3 92 3 8 T I T Í L I A E O D E M O N Ã O A g r A D E c I M E N T O s 2 3 9 2 3 8 T I T Í L I A E O D E M O N Ã O A g r A D E c I M E N T O s 2 3 92 3 8 T I T Í L I A E O D E M O N Ã O A g r A D E c I M E N T O s 2 3 92 3 8 T I T Í L I A E O D E M O N Ã O A g r A D E c I M E N T O s 2 3 9 2 4 0 T I T Í L I A E O D E M O N Ã O A g r A D E c I M E N T O s 2 4 12 4 0 T I T Í L I A E O D E M O N Ã O A g r A D E c I M E N T O s 2 4 12 4 0 T I T Í L I A E O D E M O N Ã O A g r A D E c I M E N T O s 2 4 1 1a edição Julho de 2019 papel de miolo Polen Soft 70g/m2 papel de capa Cartão Supremo 250g/m2 tipografia Minion Pro e Paperback 2 4 2 T I T Í L I A E O D E M O N Ã O < H E A D E r > P B2 4 2 T I T Í L I A E O D E M O N Ã O < H E A D E r > P B2 4 2 T I T Í L I A E O D E M O N Ã O < H E A D E r > P B