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A Metafísica das Ideias de Platão

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“Existe um ponto fundamental da filosofia platônica de cuja formulação dependem por
inteiro a nova disposição de todos os problemas da filosofia e o novo clima espiritual
como pano de fundo de tais problemas e suas respectivas soluções. Esse ponto
fundamental consiste na descoberta da existência de uma realidade suprassensível, ou
seja, de uma dimensão suprafísica do ser (de um gênero de ser não-físico), que a filosofia
da physis nem mesmo vislumbrara. Todos os Naturalistas haviam tentado explicar os
fenômenos recorrendo a causas de caráter físico e mecânico (água, ar, terra, fogo, calor,
frio, condensação, rarefação etc.)." 
REALE, Giovanni e ANTISERI, Dario. História da Filosofia, Filosofia pagã antiga, Vol. 1, São Paulo, Paulus, 2003, pág. 138)
O item “A” está falso, porque faz referência à sensibilidade das coisas como a realidade,
enquanto que, para Platão, o certo seria a inteligibilidade das Ideias. 
O item “B” está falso, quando “naturalista” e “físico”, quando, na verdade, para Platão, isso
não passa de uma imagem da realidade, que é, na essência, metafísica. 
O item “C” está falso, pois diz que a realidade deriva do que é “material” e “mutável”,
enquanto que, para Platão, o certo seria dizer que a realidade é inteligível (Ideias), que são
imateriais e imutáveis. 
O item “D” está falso, pois fala que não dá pra compreender a realidade, enquanto Platão
diz que é possível, através do pensamento racional. 
E o item “E”, por fim, gabarito da questão, está correto, pois fala em uma essência
metafísica da realidade.
O fragmento acima faz uma referência clara à “Doutrina das Ideias”, desenvolvida por
Platão, segundo a qual a realidade:
 
a) repousa no aspecto fundamentalmente sensível das coisas.
b) apresenta um caráter predominantemente naturalista e físico.
c) deriva de um princípio originário de caráter material e mutável.
d) impede qualquer compreensão mais profunda de sua essência.
e) encontra sua origem numa dimensão essencialmente metafísica. 
Feitosa - 2020
Resolução: E
Platão observa que o próprio Anaxágoras, apesar de ter atinado a necessidade de
introduzir uma “Inteligência universal” para conseguir explicar as coisas, não soube
explorar essa sua intuição, continuando a atribuir peso preponderante às causas físicas
tradicionais.
(REALE, Giovanni e ANTISERI, Dario. História da Filosofia, Filosofia pagã antiga, Vol. 1, São Paulo, Paulus, 2003, pág. 138)
A Cosmologia (estudo da origem do universo, de uma forma racional), para Platão, associa
a Natureza (física) à Metafísica (verdadeira realidade). Nesse sentido, o gabarito já se revela
no item “C”. O item “A” está errado, porque a natureza não pode vir da própria física, para
Platão. A religião e o mito não têm elementos suficientemente racionais para explicar a
realidade, o que invalida os itens “B” e “D”. E quanto a uma geração espontânea, o que
torna errado o item “E”, bem, Platão compreende que há uma causa racional para explicar
a origem do cosmo.
Na concepção cosmológica desenvolvida pelo filósofo Platão, a origem da natureza estaria
na:
 
a) física, de fundamento material.
b) religião, de clara origem divina.
c) metafísica, de caráter inteligível.
d) mitologia, de natureza fantástica.
e) abiogênese, de geração espontânea.
Feitosa - 2020
Resolução: C
As Ideias de que falava Platão não são, portanto, simples conceitos ou representações
puramente mentais (só muito mais tarde o termo assumiria esse significado), mas são
“entidades”, “substâncias”. As Ideias, em suma, não são simples pensamentos, mas aquilo
que o pensamento pensa quando liberto do sensível: constituem o “verdadeiro ser”, “o
ser por excelência”. Em outras palavras: as Ideias platônicas são as essências das coisas,
ou seja, aquilo que faz com que cada coisa seja aquilo que é. 
(REALE, Giovanni e ANTISERI, Dario. História da Filosofia, Filosofia pagã antiga, Vol. 1, São Paulo, Paulus, 2003, pág. 140)
As Ideias são entes reais, imateriais, imutáveis, perfeitos, eternos e invisíveis, de acordo
com a Metafísica de Platão. Elas habitam o Mundo Inteligível, numa hierarquia de
conhecimento, tendo no ápice o Bem/Uno, dotado de bondade e de beleza verdadeiras.
Nessa perspectiva, as Ideias são seres, portanto, alvo do estudo ontológico de Platão
(gabarito, item “B”). O que invalida o item “A” é dizer que as Ideias estariam num plano
religioso, quando Platão busca desenvolver um pensamento de caráter filosófico e de base
racional, logo, sem fundamentação dogmática de caráter teológico. Apesar da
importância que Platão dá à Matemática, o item “C” está falso, porque diz que as Ideias são
seres matemáticos, quando, na verdade, estariam acima destes, na estrutura do Mundo
Inteligível. O item “D” está falso, pois diz que elas são sensorialmente compreendidas,
quando seu entendimento é alcançado pela via do pensamento racional. E o item “E”, por
fim, está falso, porque diz que a compreensão das Ideias é biológica, pois seriam físicas e
orgânicas, algo completamente fora do raciocínio platônico.
Em sua filosofia, Platão apresenta as Ideias em uma dimensão
 
a) teológica, na dimensão de entidades divinas.
b) ontológica, como seres fundamentais e reais.
c) lógica, enquanto entes de caráter matemático.
d) epistemológica, compreendidos sensorialmente.
e) biológica, enquanto elementos físicos e orgânicos.
Feitosa - 2020
Resolução: B
O conjunto das Ideias (...) passou para a história sob a denominação de “Hiperurânio”,
termo usado no Fédro, que se tornou célebre, embora nem sempre entendido de forma
correta. Note-se que “lugar Hiperurânio” significa “lugar acima do céu” ou “acima do
cosmo físico” e, portanto, constitui representação mítica e imagem que, entendida
corretamente, indica um lugar que não é absolutamente um lugar. Na verdade, as Ideias
são descritas como dotadas de características tais que impossibilitam qualquer relação
com um lugar físico (não possuem figura nem cor são intangíveis etc.). Logo, o
Hiperurânio é a imagem do mundo a-espacial do inteligível (do gênero do ser
suprafísico). Finalmente, podemos concluir que, com a “Teoria das Ideias”, Platão
pretendeu sustentar o seguinte: o sensível só se explica mediante o recurso ao
suprassensível, o relativo com o absoluto, o móvel com o imóvel, o corruptível com o
eterno.
(REALE, Giovanni e ANTISERI, Dario. História da Filosofia, Filosofia pagã antiga, Vol. 1, São Paulo, Paulus, 2003, pág. 141)
Platão busca uma compreensão que seja metafísica, suprassensível, acerca da realidade
(item correto = B). O que invalida o item “A” é falar em origem sensível da realidade
inteligível, quando o correto seria o inverso. O que invalida o item “C” é falar sobre a origem
divina do mundo inteligível, quando deus (Demiurgo) criou o mundo sensível. O que
invalida o item “D” é falar em cosmogônica, em vez de cosmológica. O que invalida o item
“E” é falar em impossibilidade, quando, para Platão é perfeitamente compreensível a
cosmologia da realidade.
Com base em sua “Teoria das Ideias”, o filósofo grego Platão busca
 
a)explicitar a origem sensível da realidade inteligível.
b)estabelecer uma compreensão metafísica da realidade.
c)revelar a gênese divina acerca do mundo suprassensível.
d)apresentar uma origem cosmogônica acerca do universo.
e)demonstrar a impossibilidade de compreensão da natureza.
Feitosa - 2020
Resolução: B

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