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Obstetrícia Michele Barreiro Mecanismo de Parto Introdução O mecanismo de parto envolve: Conceitos da bacia obstétrica; Relações Útero-fetais; Contratilidade uterina. O mecanismo de parto é o conjunto de fenômenos passivos e ativos, que sofre o feto, durante sua passagem pelo canal de parto. É mecanimo, não pela força do bebê. Apresentação cefálica fletida: Apresentação mais comum; 96,5% das apresentações são cefálicas e as fletidas são 97% dessas. Variedades de posição – Cefálica fletida Ponto de reparo → Occipício (O); Ponto de referência → Lambda (fontanela); Perto do occipto → Dorso (referência fetal). Linha de orientação → Sutura sagital. Tempos do mecanismo de parto 6 tempos: Insinuação: Flexão cefálica; Assinclitismo e sinclitismo; Cavalgamento do crânio fetal. Descida; Rotação interna; Obstetrícia Michele Barreiro Desprendimento cefálico; Rotação externa; Desprendimento do ovóide córmico. Insinuação – Primeiro tempo Passagem do diâmetro biparietal (9,5 cm) pelo estreito superior. A sutura sagital coincite com o maior diâmetro do estreito superior da bacia → Diâmetro transverso máximo (12 cm). Na primigesta: 90% das vezes ocorre até 2 semanas antes do parto; Polo cefálico ultrapassa o estreito superior e chega no nível das espinhas isquiáticas → Plano 0 de De Lee; Quando ocorre a insinuação → Certeza de que o estreito superior é adequado para o feto. No exame de toque vaginal, no final da gravidez, o colo está bem fino, fechado e a apresentação baixa → Já está insinuado. Na multípara: Feto insinua quando a paciente já está em trabalho de parto, com a bolsa rota e dilatação total. Flexão cefálica Substituição dos diâmetros → Vão ficando cada vez menores Começa com o diâmetro occipitofrontal (12 cm), depois diâmetro suboccipitofrontal (10,5 cm) e finalmente o diâmetro suboccipitobregmático (9,5 cm). A flexão cefálica consiste em uma vantagem para o feto conseguir passar pelo estreito superior para o inferior. Incidência de apresentações e posições Mais de 60% dos casos no estreito superior, o feto insinua em uma apresentação transversa esquerda ou direita (OET e ODT) Obstetrícia Michele Barreiro O que determina o lado é para que lado o lambda (ponto de referência fetal) está voltado para extremidade do diâmetro transverso da mãe. Teoria de Zweifel Mecanismo de flexão cefálica → Teoria da alavanca. A cabeça e a coluna vertebral representam uma alavanca. A contração uterina exerce uma força sobre a coluna, com isso a cabeça fetal de encontro com as bordas da pelve, faz com que a cabeça fetal sofra uma flexão A articulação da cabeça com o corpo forma uma alavanca de braços desiguais. → O menor sendo o occipício e o maior sendo a fonte. A contração uterina + Resistência da pelve → Força de reação → Flexão anteroposterior da cabeça do feto. Insinuação: Assinclitismo e Sinclitismo Inclinação lateral do polo cefálico para que uma das metades do crânio desça antes da outra. Tipos: Assinclitismo posterior; Sinclitismo; Assinclitismo anterior. Teoria de Selheim: Todo corpo na forma de elipse (polo cefálico), que precise ultrapassar um conduto de diâmetro inferior ao seu tamanho é preciso se dividir. Dispor-se de modo oblíquo e cada metade passar sucessivamente. Assinclitismo Posterior: A sutura sagital está mais próxima da pube. Então, mais comum começar pelo posterior → 75% Nas primigestas: a musculatura tem uma boa contenção, por isso é mais comum → O dorso no bebê é jogado para trás. Obstetrícia Michele Barreiro Sinclitismo: Satura sagital fica na mesma distância entre o pube e o sacro → Quando já começou a descer o outro parietal. Assinclitismo anterior: Sutura sagital está mais próxima do sacro → Descendo primeiro o parietal anterior. Nas pacientes multíparas, com musculatura flácida, o corpo do feto está mais em anteversão. O dorso no bebê é jogado para frente, então o parietal anterior pode descer primeiro. Insinuação: Cavalgamento do crânio fetal Fenômenos plásticos: Para que exista a redução dos diâmetros necessária para vencer o estreito da bacia. Redução do diâmetro anteroposterior: Osso occipital → Fica localizado atrás dos ossos parietais. Osso frontal → Fica localizado abaixo dos ossos parietais. Redução dos diâmetros transversos: Ossos parietais → Um fica locado abaixo do outro osso. Redução de cerca de 0,5 a 1 cm dos diâmetros biparietal e da circunferência suboccipitobregmática. Obstetrícia Michele Barreiro Planos de De Lee: O feto está insinuado quando a ponta do polo cefálico está no nível das espinhas isquiáticas. Espinhas isquiáticas → O de De Lee → Feto insinuado! Quando a paciente está em trabalho de parto diz-se que a apresentação está em +1. Representa que o polo cefálico está 1 cm das espinhas isquiáticas; O bebê nasce quando estiver + 5, que é quando desprende o polo cefálico → Graus de descida. Descida – Segundo tempo Passagem do polo cefálico do estreito superior para o inferior. Graus de descida (De Lee): Móvel: > -3 cm; Ajustada ou fixada: -3, -2, -1 cm; Insinuada: 0 cm; Fortemente insinuada: +1, +2, +3 cm; Baixa: +4 ou +5 cm. Fortemente insinuada → Quando faz uso do fórcipe para abreviar o trabalho expulsivo (demorando demais, posição está púbica), faz no mínimo quando estiver em +3 cm. Canal de parto: Cilindro em formato de “J”; Para o feto vencer o canal de parto, ele deve usufruir desses mecanismos de flexão, assinclitismo e de fenômenos plásticos. Rotação interna – Terceiro tempo Mecanismo no qual o diâmetro anteroposterior do polo cefálico irá coincidir com o maior diâmetro do estreito inferior da bacia. Obstetrícia Michele Barreiro Maior diâmetro do estreito inferior da bacia é o diâmetro cóccix sub-púbico (sínfise púbica até a ponta do cóccix) → Diâmetro anteroposterior → Nesse local, ocorre a retropulsão do cóccix, para aumentar o diâmetro. Então, o feto deve rodar para descer: Ele se encontra do diâmetro transverso (maior diâmetro do estreito superior); O feto precisa rodar para coincidia com o diâmetro anteroposterior cóccix sub-púbico, do estreito inferior; Então para coincidir, ultrapassar o estreito médio, o feto precisa que a sutura sagital se alinhe com o diâmetro anteroposterior → Por isso a rotação interna do feto. Para que isso ocorra: A cabeça deve rosar, fazendo um arco de circunferência; Pode fazer rotação anterior ou posterior; Ocorre em 2/3 dos casos quando a apresentação chega no assoalho pélvico e 1/3 depois. Rotação interna Anterior: Traz o ponto de referência fetal (occipício) para frente, junto com a pube. Rotação interna Posterior: Traz o ponto de referência fetal (occipício) para trás, em direção ao sacro. 45º nas Anteriores OEA e ODA 90º nas Transversas OET e ODT 135º nas Posteriores OEP e ODP Rotação interna Anterior: O ponto de referência fetal (occipício) vai para frente, junto com a pubes. Nasce olhando para baixo! Occipito púbica (OP) A tendência nas apresentações anteriores e transversas é que a rotação seja anterior. Obstetrícia Michele Barreiro Rotação interna Posterior: Ponto de referência fetal (occipício) vai para trás, em direção ao sacro. O bebê nas olhando para cima! Occipito Sacra (OS). Posição mais difícil → Parto mais moroso. Nas apresentações posteriores existe uma maior frequência para rotação posterior. OEP e ODP. Desprendimento cefálico – Quarto tempo Movimento de deflexão ou extensão da cabeça fetal para que ocorra a exteriorização do maciço frontal Desprendimento cefálico → Após a rotação interna! Obstetrícia Michele Barreiro Desprendimento cefálico: a cabeça fetal desprende-se com o auxilio da retropulsão do cóccix. O bebê deflete aos poucos e ocorre a substituição dos diâmetros.Nas cefálicas fletidas → O desprendimento é por movimento de deflexão; Ocorre mais rapidamente em occipitopúbica (OP) do que na occipitosacra (OS); Desprendimento cefálico em occipitopúbica (OP): Então, nesse caso é um desprendimento cefálico após rotação anterior. Substituição dos diâmetros: Diâmetro suboccipitobregmático (9,5 cm) é substituído pelo diâmetro suboccipitofrontal (10,5 cm) e finalmente o diâmetro suboccipitomentoniano (9,5 cm); Hipomóclio: fixação do suboccipício na borda inferior da sínfise púbica → Alavanca; Desprendimento cefálico em occipitosacra (OS): Então, nesse caso é após a rotação posterior. Substituição de diâmetros: Diâmetro suboccipitofrontal (10,5 cm), ou seja 1,0 cm a mais do que na apresentação OP, porque na apresentação OP o primeiro diâmetro a ser substituído é o suboccipitobregmático que equivale a 9,5 cm; A extensão a ser vencida pelo occipício para formação do hipomóclio é de 10 a 15 cm Portanto, o parto nessas apresentações é muito demorado → Mas, não é indicação para parto cesária. Obstetrícia Michele Barreiro Rotação externa – Quinto tempo Movimento de restituição, por voltar o occipício ao lado materno que ocupava no interior do canal de parto. Para que ocorra o desprendimento dos ombros; Ou seja, se o occipício estava em uma apresentação esquerda anterior, o lado de referência vai voltar para esquerda. O ombro está no sentido transverso, para sair ele deve se encontrar no maior diâmetro, que é o anteroposterior. Acontece sozinho! Pode ajudar, se caso souber o lado do dorso do bebê, mas não precisa. Ocorre a restituição do Occipito à orientação observada antes da rotação interna, após a saída da cabeça fetal Desprendimento das espáduas Desprendimento do ovóide córmico → Exteriorização da cintura escapular e pélvica do feto. Existe uma assistência, que são movimentos suaves: Movimento de abaixamento para liberar a cintura escapular anterior; Movimento de elevação para liberar a escápula posterior; Movimento de abaixamento para exteriorizar o ombro anterior; Movimento de elevação para exteriorizar o ombro posterior. Demora em torno de 24 segundos entre o desprendimento cefálico e o ombro. Nessa fase, pode ocorrer a distocia de ombro, ocorre em 1 a 4% dos partos. Apresentação das Cefálicas Fletidas: Ponto de referência: Occipício – Lambda. Linha de orientação: Sutura sagital. Desprendimento: Deflexão. Diâmetro AP de insinuação: Suboccipitobregmático (9,5 cm). Obstetrícia Michele Barreiro Apresentações das Cefálicas Defletidas: Defletida de 1º Grau: Desprendimento: flexão seguida por deflexão. O diâmetro de apresentação na insinuação: é o occipitofrontal (12 cm) Causas: vício pélvico, laceração perineal, rotura prematura de membranas ovulares e placenta prévia. Defletida de 2º Grau: Desprendimento: maior apresentação de distocia, com indicação de cesárea quando há persistência; ➔ Indicação de cesárea → Não passa pelo estreito superior! O diâmetro da apresentação na insinuação: é o occipitomentoniano (13-13,5 cm) Causas: vício pélvico, tumores pélvicos. Defletida de 3º Grau: Desprendimento: flexão; Diâmetro de insinuação é o submentobregmático (9,5 cm); Diâmetro passa no transverso do estreito superior. Distocia do Bisacromial (Ombro) Emergência obstétrica! Quando o tempo entre o desprendimento cefálico e a liberação do ombro MAIOR que 60 segundos ou a necessidade de manobras para terminar o parto. Incidência: 0,2 – 2,0% Aumenta progressivamente com o peso fetal; 50% doas casos ocorre em feto com peso maior que 4000 g; Encravamento do ombro anterior acima da pube ou do ombro posterior acima do promontório. Fatores de risco: Macrossomia fetal; Diabetes Mellitus materno. Diagnóstico: Desprende o polo cefálico e a face do bebe fica cada vez mais roxinha → Face pletórica. Face pletórica; Rotação externa difícil; Dificuldade de abaixar ou erguer os ombros. Sinal da tartaruga. Tem apenas 5 minutos para retirar o feto, quando isso ocorre. Cada minuto que passa o pH cai 0,04; Depois de 5 minutos existe um risco importante de sequela neurológica. Obstetrícia Michele Barreiro Evitar Iatrogenias: Esforço expulsivo: não pedir para a mãe fazer mais força; Não puxar o polo cefálico, aumenta a chance de lesar o plexo braquial. Rotação excessiva do pescoço: risco de lesão transitória ou permanente do plexo braquial. Pressão no fundo do útero: piora o encravamento. Depois de realizar o processo deve-se documentar pois o bebê corre risco de sequelas. Distocia do Bisacromial – Procedimentos Etapa inicial: Chamar ajuda! Equipe completa com enfermagem, anestesista, obstetra, pediatra; Importante que uma pessoa meça o tempo e avise a cada 30 segundos para mudar as manobras sem sucesso. Posição correta da gestante; Episiotomia ampla: Ampliação do anel vulvar; Não resolve o problema da distocia do ombro, mas ajuda nas manobras. Sondagem vesical. Manobras: Manobra de McRoberts: Faz uma Hiperflexão da perna sobre a coxa e da coxa sobre a bacia e abdução das pernas da gestante Efeito: Não aumenta o diâmetro; Eleva a sínfise púbica 9 mm e 28 mm em direção cranial; Facilita o aumento da pressão uterina e consequentemente facilita o desprendimento do ombro. ➔ Pressão supra-púbica. Essa manobra sozinha resolve 60% dos casos! Manobra de Woods: No ombro posterior, na fossa clavicular, faz um movimento de rotação em direção ao dorso do feto. Obstetrícia Michele Barreiro Tira o feto da posição anteroposterior e o coloca na posição oblíqua. Manobra de Rubin: Manobra de rotação. No ombro anterior, na sua porção posterior, com dois dedos, faz uma força em direção a face fetal. Roda o bebê e tira do diâmetro anteroposterior e joga para o oblíquo. Manobra de Jacquemier: Consiste na retirada do braço posterior. O auxiliar eleva a apresentação, o obstetra usa a mão do lado do dorso, pega o braço, dobra ele e traz pela porção anterior do tórax. Efeito: Diminui o diâmetro bisacromial e passa a ter o diâmetro axilocromial, conseguindo retirar o ombro. Muito difícil: O espaço que tem para fazer é muito pequeno! Risco de fratura do úmero se a técnica não for correta! Antes Depois Obstetrícia Michele Barreiro Manobra Gaskin “all-fours”: Paciente não está anestesiada Alguns protocolos começam com ele, mas se ela está em posição ginecológica e anestesiada não é possível se fazer. Paciente fica em 4 apoios: O ombro posterior vira o anterior; Existe a ajuda da gravidade para tirar o ombro anterior. Etapa final: Outras manobras: Fratura de clavícula: Proposital; Por pressão com dois dedos. Zavanelli: Desfaz a rotação externa, introduz o feto para dentro do canal de parto e faz a cesárea. Sequelas muito grandes → Porque o feto já teve uma leve hipóxia e ainda demorará o tempo da cesárea. Sinfisiotomia: Contar a sínfise púbica ao meio. Não se faz mais! Complicações após manobras: Maternas: Lacerações perineais de 3º Grau (3,8%); Atonia uterina com hemorragia (11%); Rotura uterina. Fetais: Lesões do Plexo Braquial (17%); Fratura da clavícula (10%); Fratura do úmero (4%). ALERTA! Ajuda → Avisar a paciente, assistência extra, controlar o tempo (30-60 segundos para cada passo); Levantar as pernas → McRoberts; Externa → Pressão supra púbica → Rubin I; Episiotomia → Avaliar necessidade; Remover o braço anterior → Jacquemier; Toque → Manobras internas → Woods; Alterar a posição do paciente → Gaskin “All-fours” Obstetrícia Michele Barreiro
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