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Kant- Esclarecimento

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Vivemos na época do 
esclarecimento? 
Por Christina Carneiro 
 
No artigo “Resposta à pergunta: O que é iluminismo” de 1784, escrito por 
Immanuel Kant, o próprio afirma que o “Iluminismo é a saída do homem da sua 
menoridade de que ele próprio é culpado” e acrescenta que a “menoridade é a 
incapacidade de se servir do entendimento sem a orientação de outrem”. Kant 
ainda por cima traz a palavra de ordem do iluminismo, Sapere Aude (Tem a 
coragem de te servires do teu próprio entendimento). Ouse pensar! 
É importante ressaltar que cinco anos mais tarde deste artigo ser pulicado, 
ocorria a Revolução Francesa, que tinha como seu slogan “Liberté, Egalité, 
Fraternité”, traduzido “Liberdade, Igualdade, Fraternidade”. A Revolução 
Francesa foi um marco, pois representou a liberdade dos homens ao lutar pelos 
seus direitos e pela mudança, marcando o fim da Idade Moderna, iniciando a 
Idade Contemporânea. 
Com isso, surge a ideia de esclarecimento, chamada por Kant de Aufklärung, 
que é justamente esta passagem da menoridade para a maioridade, havendo a 
liberdade do pensamento. Com isto retornamos a seguinte pergunta base do 
nosso texto “Nos termos de Kant, vivemos em uma época esclarecida?” 
Adianto aqui que Immanuel Kant foi um filósofo a frente do seu tempo. Pois o 
mesmo descreveu o que iria acontecer dali em diante. As épocas se tornariam 
esclarecidas com o passar do tempo, porém os homens nunca atingiram sua 
maioridade por completo, estão presos a incapacidade, e estão constantemente 
em processo para se libertar das amarras do entendimento. 
Utilizando-se de exemplo o país em que vivemos, o Brasil. E realizando uma 
retrospectiva a partir dos seus fatos históricos, logo percebemos que o mesmo 
não nasceu do iluminismo, pois foi um país que teve uma colonização 
estarrecedora promovida por europeus. Portanto há uma imposição da 
menoridade sob aqueles que foram escravizados, a catequização é um exemplo, 
pois aqueles que estavam ali sendo catequizados, não tinham a autonomia de 
pensar livremente, sem ser a partir da orientação, ou do próprio pensar do 
europeu colonizador. Ao decorrer das épocas, no Brasil houve revoluções, lutas, 
guerras; porém sempre que possível, o homem volta a se acomodar, torna-se 
preguiçoso, não consegue renunciar totalmente a sua menoridade. E isto ocorre 
em maior proporção neste momento, pois vivemos em um mundo globalizado, 
onde tudo é feito para facilitar a vida humana, e como resultado tudo está em 
suas mãos, de forma mastigada. Portanto não é necessário o pensar/entender, 
sua mente é estagnada. Do outro lado, é importante ressaltar que há aqueles 
que conseguem ter um pensamento próprio, longe de qualquer menoridade 
possível; porém muitos podem se tornar corruptos, sendo líderes e exercendo o 
domínio sobre outros. 
Kant afirma que a passagem para maioridade é um processo que requer tempo, 
e só é possível o homem ter autonomia de pensamento a partir do uso público 
da razão. O uso público da razão é aquele que é “feito por meio de uma 
discussão relacionada a um tema sob um aspecto mais acadêmico ou literário, 
com o chamado “público letrado”, como a publicação impressa de um tratado, 
um ensaio ou um artigo”. Em contrapartida o uso privado, é “aquele que se dirige 
diretamente ao público de uma associação ou grupo social, escolar ou religioso, 
em que o próprio indivíduo estabelece a decisão de divulgar e explicitar o que 
tomou para si como verdade”. 
O que observamos em maior abundancia é uso privado da razão, no que se diz 
quesito a instituições. Utilizando-se aqui do exemplo das religiosas, é perceptível 
que o ato de pensar é limitado, não é possível questionar-se, cada um tem seu 
determinado papel, portanto há uma subordinação que dificulta o 
esclarecimento. Trago aqui o exemplo de fiéis que seguem de forma cega seus 
pastores, acreditando em curas milagrosas. 
Referente a nossa questão, Kant afirmou que não vivia em uma época 
esclarecida, porque mesmo ocorrendo mudanças, as mesmas não eram 
efetivas. E é o que justamente ocorre hoje em dia. Realizando novamente um 
paralelo com o Brasil. Pouco mudou, e longe se está de se atingir o 
esclarecimento. Os homens vivem procurando coisas para se segurar, fixados 
em ideologias, vivendo sob observação constante dos seus atos e até mesmos 
pensamentos. São controlados pela mídia, líderes, religiões, vivem presos a sua 
menoridade, a qual o mesmo é culpado, pois buscam se acomodar mais e 
mais(preguiça); além de não se exigir pensar e posteriormente fazer (covardia). 
Aqui trago a divisão promovida por Kant, a qual a sociedade vive dividida em três 
grupos: esclarecidos, em esclarecimento, não esclarecidos. Quase por assim 
dizer, sinônimos das classes sociais provenientes da desigualdade: Burguesia, 
Proletário. Classe alta, média, baixa. Procuramos líderes para segui-los, 
colocamos os mesmos nos pódios, exacerbamos os ditos esclarecidos, pois 
temos medo de pôr um segundo, chegar a esse local, o local do livre pensar, do 
“Cogito, ergo sum” de Descartes. “Penso, logo existo”. 
A partir desta análise, fitamos que a resposta dita por Kant anos atrás permanece 
muito atual, como uma espécie de Déjà Vu, os homens viveram e ainda vivem 
dentro dessa complexidade do esclarecimento, pois os mesmos não atingiram 
este ápice, nem todos ou a sua maioria. Nossa época está longe de ser 
esclarecida, estamos em processo, ou até mesmo regredindo. São muitos 
obstáculos, criados por nós mesmos. Colocamos armadilhas aos nossos pés 
pois não acreditamos em nós como seres dignos dos seus saberes e dos seus 
pensares. Mas ao mesmo tempo nos colocamos como seres superiores aos 
outros quando viável. É preciso desvencilha-se dessa imaturidade naturalizada. 
Libertar-se e usar seu entendimento como arma. O problema do mundo é que 
as pessoas se acostumaram a aceitar, e quando os problemas surgem, 
procuram outros para tomar esse lugar do entendimento. Privando-se da própria 
liberdade. 
A educação é uma das precursoras para esta emancipação da racionalidade 
humana, pois a mesma orienta o sujeito para uma consciência moral. A 
academia proporciona isso em uma maior amplitude, logo que se encontra em 
público letrado, em meio a debates, artigos, ensaios, e até mesmo a 
oportunidade de publicar os seus próprios. A educação pode ser considerada a 
principal base para o homem se humanizar e construir a sua humanização por 
meio do conhecimento teórico e prático no conhecer, querer e agir, que visa 
evoluir no progresso de educar para a humanidade, ou seja, o indivíduo para o 
ser social, conforme Kant(1996).

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