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AULA 03 ANÁLISE DE CRÉDITO E RISCO - CONFIRMAÇÃO DAS INFORMAÇÕES E AVALIAÇÃO DO RISCO

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ANÁLISE DE CRÉDITO E RISCO 
AULA 3 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Prof. Cleverson Luiz Pereira 
 
 
 
2 
 
CONVERSA INICIAL 
O propósito principal desta aula é conhecer uma metodologia de avaliação 
de crédito. Ao utilizarmos uma sistemática de análise, poderemos buscar os 
dados coletados nas bases internas e externas, avaliar sua veracidade e levantar 
riscos inerentes ao cliente consumidor de crédito e à operação a ser contratada 
por ele. 
A sistemática que será apresenta em nossa aula será a mais utilizada pelo 
mercado financeiro na hora de conceder crédito, a avaliação dos Cs do crédito. 
Por meio dela, será possível desenhar um perfil do cliente, da operação e ainda 
realizar um levantamento de possíveis riscos e, de acordo com o grau, como 
podemos gerenciá-lo. 
 
CONTEXTUALIZANDO 
A probabilidade de sucesso em uma análise de crédito está no fato de 
seus analistas serem preparados. Quanto mais capacitados e experientes forem 
os analistas de crédito, maiores serão as chances de cautela na análise das 
operações de crédito. Nas aulas anteriores, desenvolvemos estudos de 
fundamentação de uma análise, pois abordamos o conceito e a prática do 
crédito, riscos que uma operação e um cliente tomador de crédito podem gerar 
quando emprestam dinheiro, descobrimos o objetivo de um crédito na atividade 
comercial e empresarial, coletamos e registramos dados em caráter interno 
(cliente) e externo (mercado) e agora é chegada a hora de analisarmos uma 
proposta de crédito apurando o perfil do cliente, da operação e avaliando os 
riscos que estaremos expostos ao conceder o valor. 
De acordo com Arruda, 
Na grande maioria das vezes a ferramenta mais utilizada para análise de 
crédito são os 5 Cs do crédito criado em 1972 por Weston e Brigham que é 
composto por: Caráter, Capacitação, Capital, Condições e Colateral. Em 
2000, no Brasil, Silva acrescentou o 6º “C” que acrescentaria a análise 
Conglomerado. 
 
A análise Conglomerado objetiva estudar o tomador e suas unificações 
em grupos de outras empresas e famílias. 
 
 
 
 
3 
 
A técnica dos Cs do crédito possui variações em suas aplicações de uma 
instituição ou empresa para outra. Isso ocorre em virtude da política praticada 
por cada uma delas. 
Um ponto muito importante que deve ser observado em nossos estudos 
é o fato de que as técnicas de avaliação de crédito são aplicadas a um cenário 
considerado lícito, ou seja, não se espera avaliar golpistas, estelionatários, entre 
outros que buscam crédito com intuito de cometer crimes. Para esses 
malfeitores, os princípios de coleta de dados e verificação da veracidade das 
informações podem inibir ações criminosas deles. 
Portanto, a análise de crédito parte do princípio de que o tomador de 
crédito e o cedente possuem uma relação comercial sustentada para ocorrer a 
concessão de recursos monetários ou não de uma para o outro. 
 
TEMA 1 – ANÁLISE DE CRÉDITO: OBJETIVO E IMPORTÂNCIA 
Quando um cliente chega ao banco e deseja emprestar dinheiro, 
rapidamente, o atendente busca atualizar seus dados por meio de documentos 
comprobatórios e, na sequência, pergunta o valor de crédito necessário, o prazo 
para pagamento e qual a finalidade do dinheiro. Muitos questionam o motivo que 
os bancos perguntam sobre a finalidade do dinheiro. O motivo é parte integrante 
da análise do crédito, pois saber se o cliente utilizará o valor de forma útil e 
consciente é importante para tomar a decisão de conceder, uma vez que ele 
pode estar com as finanças deficitárias e, ainda assim, querer comprar um carro 
novo sem o momento corresponder com suas necessidades. 
Segundo Rodrigues (2011), 
Para fazer uma concessão de crédito com critérios e gestão de risco devem 
respeitar as seguintes etapas: 
 - análise retrospectiva do cliente para observar comportamento; 
 - análise de tendências da situação futura do cliente; 
 - capacidade creditícia do cliente, levando em consideração seu 
comportamento passado, sua situação atual e as tendências a que estará 
sujeito. 
 
Em resumo, podemos dizer que a concessão de crédito é uma avaliação 
de informações sobre o perfil passado, atual e futuro do tomador de crédito, seja 
ele pessoa física ou pessoa jurídica. 
Os históricos exponenciais de inadimplência em qualquer instituição, seja 
ela financeira ou empresa, vem de encontro a falhas ou falta de observação 
 
 
4 
específica em uma das etapas abordadas. Isso muitas vezes se deve ao fato de 
busca por crescimento quantitativo e não qualitativo por parte do ofertador do 
crédito. A busca por resultados em um mercado competitivo levou as empresas 
a muitas vezes ignorar fundamentos e parâmetros para conceder crédito, 
buscando apenas vender, mesmo que no futuro a inadimplência possa corroer 
seu lucro. 
Para isso a importância de estruturar uma análise de crédito transparente 
e efetiva passou a ser necessidade básica em um mercado cada vez mais veloz 
em informações geradas pela tecnologia. 
A facilidade de levantar e armazenar dados e informações por meio da 
tecnologia e a busca pela qualidade na hora de conceder crédito fizeram da 
política creditícia no país uma verdadeira propulsora de crescimento ao Produto 
Interno Bruto do Brasil, assim como em outras economias do mundo. 
 
TEMA 2 – AVALIAÇÃO DE DOCUMENTOS E CRUZAMENTO DE 
INFORMAÇÕES 
Todos os dados coletados para uma análise e concessão de crédito 
devem vir acompanhados por documentos que comprovem a existência real 
dessas informações. Os bancos e as empresas possuem disponíveis para uso 
softwares altamente qualificados a fim de descobrir se os documentos 
apresentados são verdadeiros ou falsos. Para isso, é necessário tempo e 
recursos humanos capazes de realizarem de forma detalhada uma avaliação 
qualitativa nos documentos recepcionados. 
A maioria dos bancos e instituições financeiras atua com o conceito de 
crédito investigativo, isto é, avaliar toda a documentação enviada e gerar um 
perfil do tomador de crédito, por meio do qual as informações podem ser 
confirmadas e cruzadas para apresentar a uma analista um documento de 
proposta de crédito com dados embasados. 
Para termos uma noção da importância dos documentos levantados, 
vamos levar em consideração o caso prático apresentado a seguir. 
O Sr. Antunes é gerente de um banco e concedeu o valor de R$ 100 mil 
para a empresa JUTAS Ltda. no ano passado com o prazo de pagamento em 24 
parcelas. Na etapa de coleta de dados, ele não se atentou a pedir cópias 
atualizadas das matrículas dos imóveis em nome da empresa conforme o 
cadastro inicial que a empresa tinha no banco desde agosto de 2000. Atualmente 
 
 
5 
a empresa JUTAS Ltda. está com 3 parcelas atrasadas do capital de giro e o 
banco do Sr. Antunes solicitou a ele que a cobrança seja conduzida de forma 
judicial. Em termos jurídicos, quanto mais provas documentadas tivermos do 
tomador de crédito, maior será sua responsabilidade sobre o compromisso de 
honrar o pagamento do crédito com o cedente. 
No entanto, quando foi realizada a operação, não se atentaram à 
atualização dos documentos dos imóveis, não avaliando documentos na base 
de dados e, assim, a empresa Jutas vendeu 70% de seus imóveis, sendo que 
os 30% restantes não cobrem o valor de dívida do capital de giro. A falha pode 
acarretar uma perda de crédito ou conforto de o cliente manter atrasada a 
operação, uma vez que o banco não atualizou suas informações e não percebeu 
que ele reduziu seu patrimônio. 
Por isso, essa fase investigativa em avaliar e cruzar informações é 
fundamental para reduzir possíveis perdas no futuro. 
Vejamos os documentos de suma importância para análise de 
documentos e cruzamento das informações: 
Documentos importantes a serem coletados na pessoa jurídica: 
 cartão CNPJ, Contrato Social original e últimas alterações, BP 
(Balanço Patrimonial) e DRE (Demonstrativo de Resultados no 
Exercício) dos últimos 3anos, balancete dos meses mais recentes, 
comprovante de endereço da empresa, matrículas de imóveis, 
documento de veículos (CRLV), declaração mensal de faturamento 
dos últimos 3 anos assinados pelo contador e sócios da empresa, 
relação do endividamento bancário, declaração do imposto de 
renda da empresa do último ano. 
 documentos particulares dos sócios: RG, CPF, comprovante de 
residência, declaração de imposto de renda e documentos 
comprobatórios dos bens imóveis e móveis. 
De posse desses documentos, podemos confrontar informações 
consultando cartórios, sites de informações sobre a idoneidade da empresa e 
sócios. Além disso, verificar o posicionamento estratégico de mercado, a 
concentração de receitas em poucos clientes, entre outros. Com isso, nosso 
dossiê de informações fortalecerá a decisão favorável e com segurança de um 
analista. 
 
 
 
6 
 
Documentos importantes a serem coletados na pessoa física: 
 RG, CPF, cópia dos últimos três registros em carteira de trabalho, 
comprovante de renda (holerite e IRPF), comprovante de 
residência e de propriedades de bens. 
Mediante a posse desses documentos, é possível realizar o cruzamento 
de dados para fortalecer a responsabilidade do tomador de crédito bem como as 
informações prestadas por ele. 
 
TEMA 3 – CONFIRMAÇÃO DA VERACIDADE DAS INFORMAÇÕES 
A informação se torna a cada dia o principal instrumento para estruturar 
perfis do consumidor de crédito e proporcionar base de dados para 
armazenamento e confirmar se eles são verdadeiros. 
A obrigação de um banco e de uma empresa confirmar se os dados são 
verdadeiros quando concederem crédito a seus clientes ocorre pelo fato de que, 
se o tomador de crédito for um criminoso ou golpista, o sinistro da operação será 
de responsabilidade de quem concedeu. A política de crédito no país não pode 
ser afetada por falhas de instituições financeiras ou bancos, ou seja, eles são os 
canalizadores do crédito na economia, logo, devem ser cautelosos para não 
gerar crises financeiras (falta de liquidez) no sistema. 
Muitos criminosos se aproveitam de um pedido de concessão de crédito 
para praticar crimes como a lavagem de dinheiro. Por isso, os bancos seguem 
regras e normativos rigorosos impostos pelo Conselho de Controle de Atividades 
Financeiras (COAF). 
Para o COAF, o crime de lavagem de dinheiro caracteriza-se por um 
conjunto de operações comerciais ou financeiras que buscam a incorporação na 
economia de cada país, de modo transitório ou permanente, de recursos, bens 
e valores de origem ilícita e que se desenvolvem por meio de um processo 
dinâmico que envolve, teoricamente, três fases independentes que, com 
frequência, ocorrem simultaneamente. 
Em março de 1998, dando continuidade a compromissos internacionais 
assumidos a partir da assinatura da Convenção de Viena de 1988, o Brasil aprovou 
a Lei de Lavagem de Dinheiro ou Lei n. 9613, de 1998. 
Essa lei atribuiu às pessoas físicas e jurídicas de diversos setores 
econômicos e financeiros maior responsabilidade na identificação de clientes e 
 
 
7 
manutenção de registros de todas as operações e na comunicação de operações 
suspeitas, sujeitando-as ainda às penalidades administrativas pelo 
descumprimento das obrigações. 
Para efeitos de regulamentação e aplicação das penas, o legislador 
preservou a competência dos órgãos reguladores já existentes, cabendo ao 
COAF a regulamentação e a supervisão dos demais setores. 
Em 2012, a Lei n. 9.613, de 1998, foi alterada pela Lei n. 12.683, de 2012, 
que trouxe importantes avanços para a prevenção e o combate à lavagem de 
dinheiro, tais como: 
 a extinção do rol taxativo de crimes antecedentes, admitindo-se 
agora como crime antecedente da lavagem de dinheiro qualquer 
infração penal; 
 a inclusão das hipóteses de alienação antecipada e outras medidas 
assecuratórias que garantam que os bens não sofram 
desvalorização ou deterioração; 
 inclusão de novos sujeitos obrigados, tais como cartórios, 
profissionais que exerçam atividades de assessoria ou consultoria 
financeira, representantes de atletas e artistas, feiras, dentre 
outros; 
 aumento do valor máximo da multa para R$ 20 milhões. 
 
Como os bancos e as instituições financeiras utilizam o cadastro como 
ferramenta para registrar as informações devidamente confirmadas, cabe a eles 
gerenciar e atualizar esses dados constantemente para inibir a ação de 
criminosos por meio de práticas ilícitas como a lavagem de dinheiro. 
 
Saiba Mais 
Para mais informação sobre o assunto, acesse: 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9613compilado.htm 
 
 
TEMA 4 – AVALIAÇÃO DOS RISCOS: OS CS DO CRÉDITO 
Uma lógica muito utilizada por Instituições Financeiras e Bancos para 
avaliar o risco do tomador de crédito é a aplicação da metodologia dos Cs do 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9613compilado.htm
 
 
8 
crédito, sendo eles: Caráter, Capacidade, Capital, Condições, Colateral e 
Conglomerado. 
Vamos conhecer cada um deles abaixo: 
 
Caráter 
É demonstrado por meio da integridade e da honestidade e pode ser 
julgado de maneira mais precisa ao longo de vários anos de negócios com a 
pessoa. Na pessoa física, são avaliados comportamentos em créditos passados 
no que se refere a pagamentos pontuais e disciplina na geração de condições 
para honrar com o contratado. Já no caso das pessoas jurídicas, a linha de 
análise é realizada por um estudo dos sócios e administradores da empresa. 
A avaliação do caráter contempla as informações. São elas: 
• Pontualidade – disciplina no pagamento do valor contratado e, em 
caso de não cumprimento, verificar a razão do atraso ou não 
pagamento. 
Caso o atraso ou o não pagamento tenha ocorrido por problemas 
financeiros, e não por falta de caráter, também estes precisam ser considerados 
porque impactarão em outros "Cs". 
• Restrições – são considerados restrições, entre outros, os 
seguintes eventos: protestos, recuperação judicial/extrajudicial, 
falência, ações judiciais, emissão de cheques sem fundos e atraso 
no pagamento de impostos. 
• Experiência em negócios – tratando-se de cliente que já vem 
tomando crédito, é de grande importância considerar fatos 
desabonadores que eventualmente tenham marcado esse 
relacionamento. Além da questão da impontualidade em negócios, 
considere também pendências jurídicas discutindo cláusulas 
contratuais em negócios realizados, questionamentos sobre taxas 
de juros, entre outros. 
• Atuação na praça – o histórico da empresa, sua tradição no ramo 
do negócio e formas de relacionamento com a comunidade, o 
respeito ao consumidor e a condução dos negócios de forma ética 
são itens importantes para a formação do conceito sobre caráter. 
 
 
 
 
9 
 
Capacidade 
Os empréstimos e financiamentos são pagos com o caixa gerado pelos 
clientes. A capacidade demonstra a geração de receitas pela pessoa física ou 
jurídica capazes de promover a sobra necessária para liquidar os compromissos 
de crédito firmados junto aos cedentes. 
A capacidade refere-se aos fatores internos, tais como, de acordo com 
Bisneto: 
habilidade, competência empresarial do indivíduo ou do grupo de indivíduos, 
potencial de produção, administração e comercialização da empresa. 
Quanto à habilidade administrativa ou técnica do pessoal à disposição da 
empresa, pode-se analisar o currículo de seus administradores, objetivando 
identificar se são conhecedores do ramo em que atuam. Como visto o “C” 
de Capacidade refere-se à competência do cliente e constitui-se num dos 
aspectos mais difíceis de serem avaliados, dada a sua abrangência. A 
capacidade integra o risco subjetivo, sendo que a responsabilidade pela 
verificação é do profissional que está em contato direto com o cliente. É 
considerada como aspecto subjetivo do risco, uma vez que os resultados 
obtidos estão muito mais ligados à percepção de quem analisa do que com 
dados e informaçõespropriamente ditos 
Verifique os pontos fundamentais a serem levantados em uma visita in 
loco ao tomador de crédito. 
 
Estratégia empresarial 
É necessário conhecer a missão ou as metas a que se propõe a empresa 
com relação ao seu negócio, que podem ser: 
• aumentar a fatia do mercado; 
• proteger a fatia de mercado e a posição competitiva de negócio; 
• maximizar os ganhos e o fluxo de caixa; 
• obter vantagem competitiva em relação aos seus concorrentes. 
 
Organização e funcionamento 
A atuação deve estar voltada à gerência e à gestão do negócio. Para 
tanto, devem ser verificados os seguintes itens: 
• Condições gerais das instalações e equipamentos, tais como 
obsolescência, uso eficiente e ociosidade. 
• Organização e limpeza da fábrica e do escritório. 
• Observar se os funcionários estão comprometidos, preparados e 
se dão um bom atendimento aos clientes. 
 
 
10 
• Tempo que a empresa está atuando e qual a sua imagem no 
mercado. 
• Tipo de produto ou serviço que a empresa produz ou vende e se 
são de primeira necessidade ou não. 
• Se existe algum projeto de expansão ou melhoria da empresa em 
andamento ou futuro. 
• No caso de comércio, verificar o tipo, a qualidade e a disposição da 
mercadoria. 
 
Capacitação dos dirigentes 
O primeiro passo é identificar os dirigentes, saber quem são, quais as 
suas atribuições, competências e alçadas (esses dados constam no contrato 
social ou estatuto e atas da empresa). A partir da correta identificação, podemos 
avaliar seus conhecimentos e experiências. Para isso, é preciso saber: 
• se a formação técnica e/ou acadêmica é compatível com a função 
que exercem; 
• se conhecem a atividade que estão administrando e há quanto 
tempo atuam; 
• se forem administradores profissionais, verificar sua procedência, 
empresas em que atuaram e suas experiências anteriores 
(sucessos e fracassos); 
• se for administração familiar, verificar a idade do principal dirigente, 
se há sucessores e quais as suas competências para assumir a 
empresa; 
• verificar quais as expectativas dos dirigentes para a empresa nos 
próximos anos. 
 
Condições 
O “C” de Condições estuda exatamente o fator condicionamento, ou 
seja, o que pode ocorrer no ambiente externo à empresa ou a profissão de uma 
pessoa física que pode gerar incertezas, tais como: 
• fatores ligados à atividade e à concorrência; 
• fenômenos naturais e imprevisíveis (enchentes, secas, geadas etc.). 
Para fazer uma análise adequada, é necessário obter informações sobre 
os seguintes aspectos, presentes em Clóvis: 
 
 
11 
 
• Informações sobre o mercado e os produtos; 
• Ambiente macroeconômico e setorial; 
• Ambiente competitivo e 
• Dependência do governo 
 
Informações sobre o mercado e os produtos 
O relatório de visitas in loco deve indicar os principais clientes e 
fornecedores, a concentração de vendas e de compras, os principais 
concorrentes e a participação no mercado. Além disso, esse relatório deve 
indicar: 
• os produtos ou serviços produzidos e comercializados; 
• os canais de distribuição; 
• as vendas mensais durante o ano; 
• os dados sobre o mercado, o seu tamanho, as taxas de 
crescimento etc. 
 
Ambiente macroeconômico e setorial 
Afeta indiretamente uma série de outras empresas, pois os reflexos da 
política cambial ou da taxa de câmbio muitas vezes atingem o mercado como 
um todo. 
A política monetária, ou seja, a taxa de juros e as demais condições de 
crédito (prazos e contingenciamento) atingem todas as empresas em diferentes 
proporções, mais fortemente aquelas que forem muito dependentes de capital 
de terceiros, porém afeta também as vendas. A falta de financiamento ou o 
financiamento muito caro inibe os consumidores, e a consequência é a queda do 
faturamento. 
No que se refere ao ambiente setorial, é preciso perceber como os 
diversos setores respondem às medidas de política econômica. Verifique na sua 
região de atuação quais são os setores preponderantes e observe quais os 
aspectos favoráveis e desfavoráveis e se estão em expansão ou em recessão. 
Além da avaliação dos riscos relativos ao setor em que a empresa atua, 
a questão da sazonalidade do produto e da moda deve estar presente, 
sobretudo, na análise da oportunidade (época) do crédito. 
É normal, por exemplo, a empresa demandar crédito nos picos de 
demanda ou de preparação dela, principalmente na formação de estoque. 
 
 
12 
 
Contudo, em fim de estação ou na baixa do período de sazonalidade, o 
normal é a liquidação dos compromissos e a aplicação das sobras financeiras. 
 
Ambiente Competitivo 
Para avaliação do risco do ambiente competitivo, devem ser levados em 
conta os seguintes aspectos: 
• a concorrência entre as empresas; 
• o poder de barganha dos fornecedores; 
• o poder de barganha dos compradores; 
• a ameaça de entrada de novas empresas no setor e 
• a ameaça de novos produtos e serviços. 
Com relação à concorrência, a avaliação envolve o conhecimento dos 
principais concorrentes da empresa e seu tamanho relativo, de taxa de 
crescimento do setor e da disputa em termos de preços dos produtos. 
O poder de barganha dos fornecedores deve ser examinado sob a ótica: 
• da quantidade de empresas fornecedoras; 
• da facilidade de substituição dos produtos; 
• da importância do cliente junto aos fornecedores e 
• da ameaça de o próprio fornecedor entrar no negócio. 
Os riscos crescem na medida em que o fornecimento do produto ou 
insumo está concentrado em um número pequeno de empresas, em que é difícil 
encontrar produtos ou insumos substitutos e em que as empresas (clientes) não 
sejam importantes para os fornecedores e exista tendência de os próprios 
fornecedores entrarem no negócio. 
Em um ambiente competitivo, o poder de barganha dos 
compradores/clientes está relacionado com a distribuição das vendas: 
• pelo número de clientes; 
• pela padronização do produto; 
• pela facilidade que os consumidores têm em mudar de fornecedor; 
• pela essencialidade do produto e 
• pelo grau de informação que os consumidores têm sobre os preços 
e custos de produção do produto. 
 
 
 
 
13 
 
O risco de crédito cresce à medida que: 
• exista maior concentração das vendas do cliente em poucos 
compradores; 
• seja elevado o grau de padronização dos produtos 
comercializados; 
• haja facilidade para os consumidores de trocar de fornecedor; 
• os produtos não são essenciais na vida dos consumidores e 
• os produtos comercializados têm seus custos e preços conhecidos 
pelos compradores. 
A possibilidade de entrada de novos concorrentes está relacionada com: 
• a escala de produção/vendas; 
• a questão das marcas dos produtos e fidelidade do consumidor; 
• o montante de investimentos necessários para viabilizar o negócio; 
• a flexibilidade dos canais de distribuição; 
• o grau de tecnologia envolvido; 
• a eficiência das empresas estabelecidas no ramo e 
• as exigências feitas pelo governo que limitam a entrada de novas 
empresas no setor. 
Segundo Preisler, 
Os riscos aumentam na medida em que a escala de produção seja pequena, 
que não haja ou que seja reduzida a fidelidade do consumidor, que os 
investimentos necessários não sejam muito elevados, que os canais de 
distribuição sejam de baixa complexidade quanto à operacionalização, que 
seja de fácil acesso o fator tecnológico envolvido, que a experiência na 
produção/comercialização não seja fator determinante de sucesso do 
negócio e que não haja proteção do governo sobre o setor. A questão dos 
produtos substitutos deve ser analisada sob a ótica de que a competição 
setorial não está limitada às empresas existentes e abrange outras que 
possam fabricar/comercializar produtos substitutos. Os riscos de crédito 
aumentam na medida em que os produtos comercializados/fabricados pelas 
empresas tenham outros substitutos no mercado. 
A dependência de vendas a órgãos do governo traduz-se em fator de risco 
relevantena avaliação de crédito, tendo em vista as peculiaridades e oscilações 
da administração pública. 
 
Capital 
O Capital representa a quantificação dos recursos materiais e monetários 
que a empresa ou pessoa física possuem. As principais fontes para avaliação do 
capital são: 
 
 
14 
 
• os demonstrativos contábeis; 
• a declaração do Imposto de Renda. 
Quando falamos de Demonstrativos Contábeis, estamos nos referindo ao 
Balanço ou Balancete e à Demonstração de Resultados. 
No caso de empresas menores nas quais não há balanço, com certeza 
possuem alguns tipos de relatórios de controle contábil tais como: relação de 
bens, relatório de contas a pagar e a receber, entradas e saídas de estoques, 
fluxo de caixa etc. 
Muito embora alguns desses controles não sejam oficiais, trazem 
informações riquíssimas para apuração da situação financeira do cliente. 
Enquanto registros contábeis, os balanços trazem informações valiosas, 
que serão básicas para a concessão de crédito, observadas as atividades de 
cada uma das empresas. 
 
Conglomerado 
Nas palavras de Bisneto, 
O “C” de Conglomerado refere-se ao grupo econômico. A análise do 
conglomerado sugere não apenas o exame de uma empresa específica que 
esteja pleiteando crédito, mas a análise do conjunto de empresas no qual a 
pleiteante do crédito esteja inserida. 
O conceito do referido C parte do pressuposto de que não é válida a 
análise individual de uma pessoa física ou jurídica quando esta faz parte ou está 
ligada a outras pessoas físicas ou empresas. 
 
Colateral 
Refere-se à capacidade do cliente em oferecer garantias. A garantia 
possui a função de materializar um recebimento futuro em caso de não 
pagamento. 
Segundo Bisneto, “A garantia é um elemento acessório da operação de 
crédito, que visa melhor assegurar o cumprimento das obrigações assumidas 
pelo devedor”. 
Alguns fatores relevantes que devem ser considerados na definição da 
garantia são: 
• o risco representado pelo cliente e pela operação; 
• a praticidade na sua constituição; 
 
 
15 
• os custos incorridos para sua constituição; 
• o valor da garantia em relação ao valor da dívida, que deve ser 
suficiente para cobrir o principal mais os encargos; 
• a liquidez, ou seja, a facilidade com que a garantia pode ser 
convertida em dinheiro; 
• o controle do tomador de crédito sobre a própria garantia. 
O “C” de Colateral deve ser incorporado à análise de operação após a 
análise dos outros “Cs” e a apuração do risco que o cliente oferece. Assim, 
quanto maior for o risco do cliente, maior deverá ser o cuidado na definição e 
escolha da garantia. 
 
TEMA 5 – RISCO DO CLIENTE E DA OPERAÇÃO 
Como já definimos na aula 01, risco de crédito é a probabilidade do não 
cumprimento de pagamento por parte do tomador de crédito ao cedente, e o 
risco é avaliado por meio do cliente e da operação. Vamos relembrar: 
O Risco do Cliente é o fator ligado diretamente à exposição em que o 
cedente do crédito se encontra em relação ao tomador. Por isso, é importante o 
levantamento das informações para localizar o grau de risco de um cliente. 
Como já conhecemos os Cs do crédito, vamos apontar o risco do cliente 
por meio de uma avaliação dos Cs do crédito. Neste caso, cada um dos Cs é 
classificado, de forma individual, em forte ou fraco. 
A partir de forte ou fraco, ele é classificado em uma escala de 1 a 4. Logo, 
temos: 
• Grau 1: se todos os Cs forem fortes, o risco será excelente; 
• Grau 2: se muitos Cs forem fortes e poucos fracos, o risco será 
razoável; 
• Grau 3: se poucos Cs forem fortes e muitos fracos, o risco será 
duvidoso; 
• Grau 4: se todos os Cs forem fracos e poucos fracos, o risco será 
alto. 
Vale lembrar que o C do Colateral não entra na classificação do risco do 
cliente, e, sim, no risco da operação, conforme veremos a seguir. 
O Risco da operação está fundamentado em dois pontos importantes, 
sendo o primeiro o objetivo do tomador com o crédito, ou seja, para qual 
finalidade está tomando o valor e o segundo é a formalização da garantia a ser 
 
 
16 
disponibilizada à operação. A garantia é muito importante na estruturação de 
operações sempre que o risco do cliente for elevado, quando o prazo da 
operação for longo ou quando a incerteza aumentar. 
Após recordar o estudo da aula 01 e conhecer os conceitos e práticas de 
avaliação de riscos, por meio dos Cs do crédito, podemos a partir de agora 
construir uma proposta de crédito para ser analisada com fundamentos e 
parâmetros que asseguram ao analista um bom cenário quanto à exposição de 
riscos. 
 
Leitura obrigatória 
Realizar leitura do capítulo 2, do arquivo em PDF, referente a uma 
dissertação de mestrado que aborda a gestão do risco de crédito: análise dos 
impactos da resolução 2682, do conselho monetário nacional, na transparência 
do risco de carteira de empréstimos dos bancos comerciais brasileiros, 
disponível em: 
http://bibliotecadigital.fgv.br/dspace/bitstream/handle/10438/3995/000305
726.pdf?sequence=1 
 
 
Saiba mais 
A lei da prevenção à lavagem de dinheiro e a lei da segurança da 
informação são importantíssimas para proteger os bancos e instituições 
financeiras contra possíveis criminosos que tentam agir constantemente nelas. 
Proteger a informação dada pelo cliente e verificar se ela é de origem lícita 
são funções básicas das duas leis que devem ser seguidas para conceder 
crédito. 
Para saber, assista aos vídeos que falam sobre a conjuntura econômica 
do país, disponível em: 
https://www.youtube.com/watch?v=aM0-X2J7HiMh 
 
TROCANDO IDEIAS 
Após estudarmos metade do nosso conteúdo em Análise de Crédito e 
Risco, começamos a desenhar uma sequência fundamental para o processo 
completo de concessão de crédito. 
 
http://bibliotecadigital.fgv.br/dspace/bitstream/handle/10438/3995/000305726.pdf?sequence=1
http://bibliotecadigital.fgv.br/dspace/bitstream/handle/10438/3995/000305726.pdf?sequence=1
https://www.youtube.com/watch?v=aM0-X2J7HiMh
 
 
17 
 
Primeiro estudamos o conceito de crédito e construímos a ideia de que 
ele está diretamente ligado à confiança. Logo, para gerar confiança, é necessário 
apontar os riscos existentes. 
Segundo, para encontrarmos os riscos, precisamos avaliar o cliente e a 
operação. Para conhecer o perfil de um cliente, é necessário fazer uma coleta 
de seus dados e confirmar sua veracidade. 
E, em terceiro, conhecemos a avaliação de riscos utilizando os Cs do 
crédito, conforme estudamos nesta aula. 
 
NA PRÁTICA 
Vamos conhecer o caso da empresa DYTZ empreendimentos que possui 
um faturamento condizente com a parcela que vai assumir no financiamento de 
construção que pegará junto ao banco. Logo, ela está enquadrada em qual C da 
análise de crédito? 
 
Resposta: 
A resolução para a questão acima está concentrada na variável 
faturamento, que afirma no enunciado que a empresa possui potencial de 
geração de caixa. Logo, o C do crédito em que ela está enquadrada é o da 
capacidade. 
 
SÍNTESE 
Em resumo, vimos que é importante definir o objetivo que o tomador de 
crédito está contratando à operação e levantar todos os dados sobre sua pessoa, 
seja física ou jurídica, confirmando a veracidade das informações. 
De posse de informações confiáveis, passamos para a primeira etapa de 
avaliação do crédito, que é a análise de riscos por meio da aplicação dos Cs do 
crédito. 
A metodologia dos Cs do crédito apresenta um critério de avaliação de 
grau de risco de 1 a 4 capaz de demonstrar claramente o risco a que estaremos 
expostos no caso de liberar o crédito para o tomador. 
 
 
18 
 
REFERÊNCIAS 
AMARAL, L. Lavagem de dinheiro. Disponível em: 
<http://www.coaf.fazenda.gov.br/menu/pld-ft/sobre-a-lavagem-de-dinheiro>. 
Acesso em: 16 out. 2016. 
ARRUDA, B. Gestão do risco de crédito. Disponível em: 
<http://www.administradores.com.br/artigos/academico/gestao-no-risco-de-
credito/98458/>. Acesso em: 9 out2016. 
BISNETO, J. C. P. Análise de crédito: ferramentas e critérios para sua 
concessão/deferimento. Disponível em: 
<http://tcc.bu.ufsc.br/Contabeis291340>. Acesso em: 9 out. 2016. 
BRASIL. Lei 9.613, de 3 de março de 1998. Lei de crime de lavagem 
de dinheiro. Disponível em: 
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9613compilado.htm>. Acesso em: 16 
out. 2016. 
CLÓVIS, F. Administração bancária: uma visão aplicada. Disponível em: 
<https://books.google.com.br/books?id=biuHCgAAQBAJ&printsec=frontcover&
hl=pt-BR&source=gbs_ge_summary_r&cad=0#v=onepage&q&f=false>. Acesso 
em: 11 out. 2016. 
CLÓVIS, F.; CROUHY, M.; GALAI, D.; MARK, R. Gerenciamento do 
risco: abordagem conceitual e prática. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2004. 
FORTUNA, E. Mercado financeiro: produtos e serviços. Rio de Janeiro: 
Qualitymark, 2002. 
PREISLER, A. M. Análise de risco e crédito para micro e pequenas 
empresas – Uma proposta orientativa. Disponível em: 
<https://pt.scribd.com/document/4813925/Analise-de-Credito-proposta-
orientativa>. Acesso em: 9 out. 2016. 
RODRIGUES, C. M. Análise de crédito e risco. Curitiba: Ibpex, 2011. 
 
 
 
 
 
19 
 
SEBRAE. Como elaborar um plano de cadastro, crédito e cobrança. 
Disponível em: 
<http://www.bibliotecas.sebrae.com.br/chronus/ARQUIVOS_CHRONUS/bds/bd
s.nsf/6791375CF782DC23832573D90041DBD9/$File/NT0003748E.pdf>. 
Acesso em: 13 out. 2016. 
SILVA, J. P. da. Gestão e análise de riscos de crédito. São Paulo: Atlas, 
2000.

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