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TEORIA GERAL DO PROCESSO DO TRABALHO 1 Apresentação .......................................................................................................................................... 6 Aula 1: Processo do Trabalho ............................................................................................................ 8 Introdução ........................................................................................................................................... 8 Conteúdo ............................................................................................................................................. 9 Conceito de Direito Processual do Trabalho ......................................................................... 9 Ciência jurídica .................................................................................................................................. 10 Da autonomia do Direito Processual do Trabalho ............................................................ 10 Duas correntes doutrinárias distintas ..................................................................................... 10 Órgãos do poder judiciário brasileiro ..................................................................................... 13 Conselho Nacional de Justiça .................................................................................................... 14 Início da organização da justiça do trabalho nas constituições brasileiras ........... 14 Organização da justiça do trabalho nas constituições brasileiras ............................. 15 Atividade proposta........................................................................................................................... 15 Organização da justiça do trabalho após a EC nº 24/99 ................................................ 16 Três graus de jurisdição ................................................................................................................ 16 Os juízes de direito investidos de jurisdição trabalhista ................................................. 20 Aprenda Mais .................................................................................................................................... 21 Referências ........................................................................................................................................ 21 Exercícios de fixação ...................................................................................................................... 22 Chaves de resposta ......................................................................................................................................................27 Aula 2: Princípios Gerais e Singularidades .............................................................................. 29 Introdução ......................................................................................................................................... 29 Conteúdo ........................................................................................................................................... 30 Princípios gerais do processo do trabalho............................................................................ 30 Princípios processuais constitucionais ................................................................................... 30 Princípio da igualdade ou isonomia ........................................................................................ 31 Princípio do contraditório ............................................................................................................ 31 Princípio da ampla defesa ............................................................................................................ 32 Princípio da imparcialidade do juiz .......................................................................................... 32 Princípio da motivação das decisões ...................................................................................... 32 Princípio do devido processo legal .......................................................................................... 33 Princípio da razoabilidade da duração do processo ........................................................ 33 Princípios comuns ao direito processual civil e ao direito processual do trabalho .................................................................................................................................................................. 34 Princípios peculiares do direito processual do trabalho ................................................ 38 Outros princípios peculiares no processo do trabalho ................................................... 39 TEORIA GERAL DO PROCESSO DO TRABALHO 2 Singularidade do processo do trabalho ................................................................................. 41 Case relacionado .............................................................................................................................. 42 Atividade proposta........................................................................................................................... 43 As regras processuais do trabalho ............................................................................................ 44 Atividade proposta........................................................................................................................... 45 Aprenda Mais .................................................................................................................................... 45 Referências ........................................................................................................................................ 45 Exercícios de fixação ...................................................................................................................... 46 Chaves de resposta ..................................................................................................................................................... 48 Aula 3: Jurisdição e Competência ................................................................................................. 49 Introdução ......................................................................................................................................... 49 Conteúdo ........................................................................................................................................... 50 Início do conceito de jurisdição ................................................................................................ 50 Direito processual civil ................................................................................................................... 51 Exceções do exercício da jurisdição ........................................................................................ 52 Princípios da jurisdição.................................................................................................................. 52 Características da jurisdição ....................................................................................................... 53 Jurisdição trabalhista e seu sistema de acesso individual, coletivo e metaindividual à justiça ................................................................................................................ 53 Jurisdição voluntária e contenciosa ........................................................................................ 54 Competência da justiça do trabalho ....................................................................................... 56 Jurisdição trabalhista e seu sistema de acesso individual, coletivo e metaindividual à justiça ................................................................................................................ 56 Competência normativa ...............................................................................................................58 Direito processual civil ................................................................................................................... 58 Atividade proposta........................................................................................................................... 59 Competência em razão do lugar (foro – ratione loci) .................................................... 61 Competência absoluta e competência relativa .................................................................. 64 Modificação de competência ..................................................................................................... 65 Atividade proposta........................................................................................................................... 67 Aprenda Mais .................................................................................................................................... 68 Referências ........................................................................................................................................ 68 Exercícios de fixação ...................................................................................................................... 70 Chaves de resposta ...................................................................................................................................................... 73 Aula 4: Reclamação Trabalhista ..................................................................................................... 74 Introdução ......................................................................................................................................... 74 Conteúdo ........................................................................................................................................... 75 Reclamação trabalhista ou ação trabalhista ........................................................................ 75 Regras das ações especiais .......................................................................................................... 76 TEORIA GERAL DO PROCESSO DO TRABALHO 3 Atos processuais ............................................................................................................................... 77 Classificação dos atos processuais........................................................................................... 78 Termos processuais ........................................................................................................................ 83 Vara do Trabalho .............................................................................................................................. 84 Prazos processuais .......................................................................................................................... 85 Nulidades processuais ................................................................................................................... 89 Tipos de nulidade ............................................................................................................................. 90 Vícios processuais sanáveis e insanáveis .............................................................................. 90 Preclusão .............................................................................................................................................. 92 Perempção .......................................................................................................................................... 94 Decadência ......................................................................................................................................... 95 Prescrição ............................................................................................................................................ 96 Atividade proposta........................................................................................................................... 99 Atividade proposta........................................................................................................................ 100 Aprenda Mais .................................................................................................................................. 101 Referências ...................................................................................................................................... 101 Exercícios de fixação .................................................................................................................... 102 Chaves de resposta ................................................................................................................................................... 104 Aula 5: Partes e Procuradores ....................................................................................................... 105 Introdução ....................................................................................................................................... 105 Conteúdo ......................................................................................................................................... 106 Conceito de parte segundo Chiovenda .............................................................................. 106 Partes no processo ....................................................................................................................... 106 Capacidade ....................................................................................................................................... 107 Representação e assistência .................................................................................................... 108 Assistência ........................................................................................................................................ 109 Preposto ............................................................................................................................................ 109 Partes no dissídio coletivo ......................................................................................................... 110 Responsabilidade da parte ......................................................................................................... 110 Representação por procuradores ........................................................................................... 111 Sucessão processual ..................................................................................................................... 112 Substituição processual ............................................................................................................... 114 Diferença entre a substituição processual e outros institutos ................................... 117 Atividade proposta......................................................................................................................... 118 Aprenda Mais .................................................................................................................................. 119 Referências ...................................................................................................................................... 119 Exercícios de fixação .................................................................................................................... 120 Chaves de resposta ................................................................................................................................................... 123 TEORIA GERAL DO PROCESSO DO TRABALHO 4 Aula 6: Reunião de Partes. Litisconsórcio .................................................................................. 125 Introdução .......................................................................................................................................125 Conteúdo ......................................................................................................................................... 126 Reunião de partes .......................................................................................................................... 126 Quanto à constituição ................................................................................................................. 127 Com relação à vontade ............................................................................................................... 127 Combinações possíveis de litisconsórcio ........................................................................... 130 Assistência – súmula 82 do TST .............................................................................................. 132 Os requisitos da legitimidade do assistente ....................................................................... 133 Intervenção de terceiros ............................................................................................................. 134 Intervenção espontânea e intervenção provocada ........................................................ 135 Atividade proposta......................................................................................................................... 136 Aprenda Mais .................................................................................................................................. 137 Referências ...................................................................................................................................... 138 Exercícios de fixação .................................................................................................................... 139 Chaves de resposta ................................................................................................................................................... 142 Aula 7: Petição Inicial ....................................................................................................................... 144 Introdução ....................................................................................................................................... 144 Conteúdo ......................................................................................................................................... 145 Procedimento – conceito .......................................................................................................... 145 Tipos de procedimento no processo do trabalho........................................................... 145 Procedimento comum ................................................................................................................ 146 Conceito e características ......................................................................................................... 150 Condições da ação ........................................................................................................................ 151 Elementos ..........................................................................................................................................152 Pressupostos processuais ........................................................................................................... 153 Pressupostos processuais de constituição ......................................................................... 154 Pressupostos de desenvolvimento válido e regular do processo ............................155 Classificação das ações ............................................................................................................... 157 Ações de conhecimento, cautelar ou de execução .......................................................158 Defesa do réu ................................................................................................................................... 161 Contestação, reconvenção e arguição de suspeição e impedimento ................... 162 Revelia ................................................................................................................................................. 163 Cinco dias para a apresentação .............................................................................................. 165 Da audiência trabalhista .............................................................................................................. 165 Do funcionamento da audiência ............................................................................................ 166 Três sessões ...................................................................................................................................... 166 Abertura da audiência .................................................................................................................. 167 TEORIA GERAL DO PROCESSO DO TRABALHO 5 Primeira tentativa de conciliação ........................................................................................... 167 Defesa do Réu .................................................................................................................................. 168 Atividade proposta......................................................................................................................... 171 Aprenda Mais .................................................................................................................................. 172 Referências ...................................................................................................................................... 172 Exercícios de fixação .................................................................................................................... 174 Chaves de resposta .................................................................................................................................................... 177 Aula 8: Procedimentos Processuais ............................................................................................ 179 Introdução ....................................................................................................................................... 179 Conteúdo ......................................................................................................................................... 180 Noções gerais de processo ....................................................................................................... 180 Estado-juiz: a prestação da atividade jurisdicional ........................................................ 180 Pressupostos processuais ........................................................................................................... 181 Classificação dos pressupostos processuais ...................................................................... 181 Pressupostos processuais de existência ..............................................................................182 Pressupostos processuais de validade ..................................................................................182 Momento de examinar os pressupostos processuais .................................................... 183 Tipos de procedimentos no processo do trabalho ........................................................ 183 Procedimento comum ordinário ............................................................................................ 184 Atividade proposta.........................................................................................................................185 Três partes .........................................................................................................................................188 Procedimento comum sumário .............................................................................................. 189 Procedimentocomum sumaríssimo .................................................................................... 190 Atividade proposta......................................................................................................................... 193 Aprenda Mais .................................................................................................................................. 194 Referências ...................................................................................................................................... 195 Exercícios de fixação .................................................................................................................... 196 Chaves de resposta .................................................................................................................................................. 200 Referências ......................................................................................................................................203 Conteudista ........................................................................................................................................ 204 TEORIA GERAL DO PROCESSO DO TRABALHO 6 A disciplina de Teoria Geral do Processo do Trabalho irá abordar os conceitos e fundamentos do direito processual do trabalho, proporcionando melhor atuação aos profissionais que militam no ramo trabalhista e áreas afins. Partindo do exame da legislação, das normas, e dos princípios que diferenciam o Direito Processual do Trabalho dos demais ramos do direito processual, será examinada a sua interpretação e a sua aplicação a casos concretos à luz da sua construção normativa, doutrinária e jurisprudencial. Dentro do contexto da disciplina serão, também, examinadas as fontes do Direito Processual do Trabalho, com destaque para as suas fontes específicas e suas características, natureza jurídica, limitações, eficácia e aplicabilidade. Por fim, será abordada a clássica distinção entre o processo do trabalho e o processo civil em sentido amplo e estrito, examinando os seus institutos normativos e as regras a eles aplicáveis, a exemplo da jurisdição, competência, intervenção de terceiros e regras gerais de procedimentos processuais. Sendo assim, esta disciplina tem como objetivos: 1. Identificar os fundamentos básicos do Direito Processual do Trabalho, por via das noções gerais apresentadas; 2. Descrever, explicar e aplicar os princípios peculiares do Direito Processual do Trabalho em suas articulações com as fontes gerais e TEORIA GERAL DO PROCESSO DO TRABALHO 7 específicas, o que é pressuposto indispensável para a solução de casos concretos; 3. Diferenciar as regras do Direito Processual Civil e do Direito Processual do Trabalho, com habilidade para listar, explicar e aplicar as normas jurídicas pertinentes aos sujeitos da relação de emprego, em sua regulamentação geral e suas peculiaridades. TEORIA GERAL DO PROCESSO DO TRABALHO 8 Introdução Vamos iniciar nossos estudos de Teoria Geral do Processo do Trabalho apresentando um conceito para a disciplina, assim como seus fundamentos e características. A seguir, examinaremos as fontes e os princípios do Direito do Trabalho dentro do atual contexto da flexibilização. Objetivo: 1. Conhecer a evolução do Processo do Trabalho no Brasil; 2. Compreender sua autonomia e as singularidades, como a organização da Justiça do Trabalho. TEORIA GERAL DO PROCESSO DO TRABALHO 9 Conteúdo Conceito de Direito Processual do Trabalho Para darmos início ao nosso estudo sobre o processo do trabalho, é importante entender o conceito deste assunto. Para tanto, separamos definições deste termo na perspectiva de quatro autores. Na ótica de José Augusto Rodrigues Pinto, “Direito Processual do Trabalho é o conjunto de princípios e normas jurídicas destinadas a regular a atividade dos órgãos jurisdicionais do Estado na solução dos dissídios individuais ou coletivos, entre empregadores e empregados” (PINTO, 2001). Para Amauri Mascaro do Nascimento, “Direito Processual do Trabalho é o ramo do Direito Processual destinado à solução jurisdicional dos conflitos trabalhistas”. As normas jurídicas nem sempre são cumpridas espontaneamente, daí a necessidade de se pretender, perante os tribunais, o seu cumprimento, sem o que a ordem jurídica tornar-se-ia um caos. (NASCIMENTO, 2002, p. 28). Na versão de Sérgio Pinto Martins, Direito Processual do Trabalho representa “o conjunto de princípios, normas e instituições destinados à atividade dos órgãos jurisdicionais na solução dos conflitos individuais ou coletivos entre trabalhadores e empregadores” (MARTINS, 2002). No entender de Carlos Henrique Bezerra Leite, “o Direito Processual do Trabalho como ramo da ciência jurídica, constituído por sistema de normas, princípios, regras e instituições próprias, que tem por objeto promover a pacificação justa dos conflitos decorrentes das relações de emprego e de trabalho, bem como regular o funcionamento dos órgãos que compõem a iça do Trabalho” (LEITE, 2009). TEORIA GERAL DO PROCESSO DO TRABALHO 10 Ciência jurídica Assim, podemos afirmar que o Direito Processual do Trabalho é um ramo da ciência jurídica. O direito processual constitui uma das diversas formas de investigação da ciência do direito. Do ponto de vista metodológico, o Direito Processual do Trabalho integra o elenco de disciplinas de direito público que, por sua vez, abrange o direito processual. Da autonomia do Direito Processual do Trabalho A autonomia de um ramo da ciência jurídica pode ser identificada por diversos critérios, entretanto dois são os mais conhecidos: O primeiro leva em conta: A extensão da matéria; A existência de princípios comuns; A observância de método próprio. O segundo critério baseia-se: Nos elementos componentes da relação jurídica, isto é, os sujeitos, o objeto e o vínculo obrigacional que os integra. Duas correntes doutrinárias distintas No que concerne ao Direito Processual do Trabalho, duas correntes doutrinárias distintas se apresentam. Monistas De um lado, os monistas defendem que o Direito Processual é simples desdobramento do processo civil, não possuindo princípios e institutos próprios. TEORIA GERAL DO PROCESSO DO TRABALHO 11 Entre os autores brasileiros, destaca-se Valentim Carrioni, para quem “o Direito Processual se subdivide em Processual Penal e Processual Civil (em sentido latu, ou não penal)”. As subespécies deste são o Processual Trabalhista, Processual Eleitoral, dentre outros. Todas as subespécies do Direito Processual Civil se caracterizam por terem em comum a teoria geral do processo. Separa- se dos respectivos direitos materiais (direito civil, direito do trabalho, etc.) porque seus princípios e institutos são diversos. São direitos instrumentais que, eles sim, possuem os mesmos princípios e estudam os mesmos (celeridade, oralidade, simplicidade, instrumentalidade, publicidade, etc.). Assim, do ponto de vista jurídico, a afinidade do Direito Processual do Trabalho com o Direito Processual comum (Civil, em sentido latu) é muito maior (de filho para pai) do que com o Direito do Trabalho (que é objeto de sua aplicação). O Direito Processual do Trabalho não possui princípio próprio algum, pois todos os que o norteiam são do processo civil (oralidade, celeridade, etc.); apenas deu (ou pretendeu dar) a alguns deles maior ênfase e relevo. O princípio de “em dúvida pelo mísero” não pode ser levado a sério, pois, em caso de dúvida na interpretação dos direitos materiais, será uma questão de Direito do Trabalho e não de Direito Processual. “As dúvidas de Direito Processual se resolvem por outros meios: ônus das provas, plausibilidade, fontes de experiência comum,pela observação do que ordinariamente acontece (CPC, art. 335) ou contra quem possuía maior facilidade de provar, etc.”. Dualistas De outro lado, os dualistas propugnam a existência de autonomia do Direito Processual do Trabalho em relação ao direito processual civil. Entre os dualistas, destacam-se Amauri Mascaro Nascimento, Sérgio Pinto Martins, Mozart Victor Russomano, Humberto Theodoro Junior, José Augusto Rodrigues Pinto, Wagner Giglio e Coqueijo Costa. TEORIA GERAL DO PROCESSO DO TRABALHO 12 Salvo melhor juízo, o Direito Processual do Trabalho dispõe de autonomia em relação ao Direito Processual Civil (ou Direito Processual Não Penal). Com efeito, o Direito Processual do Trabalho dispõe de vasta matéria legislativa, possuindo título próprio na Consolidação das Leis do Trabalho, que, inclusive, confere ao Direito Processual Civil o papel de mero coadjuvante. Existem princípios peculiares do Direito Processual do Trabalho, como os princípios da proteção, da finalidade social, da indisponibilidade, da busca da verdade real, da normatização coletiva e conciliação. Reconhece esta corrente doutrinaria que o Direito Processual do Trabalho não possui métodos tipicamente próprios, pois a hermenêutica, que compreende a interpretação, a integração e a aplicação das normas jurídicas processuais, é a mesma da teoria geral do direito processual. Todavia, a própria finalidade social do Direito Processual do Trabalho exige do intérprete uma postura comprometida com o direito material do trabalho e com a realidade econômica e social, o que lhe impõe a adoção da técnica da interpretação teleológica, buscando, sempre, a verdade real, e, com isso, promovendo a justiça social no campo das relações decorrentes do conflito entre o capital e o trabalho. Ademais, o Direito Processual do Trabalho possui institutos próprios, como, por exemplo, uma justiça especializada com juízes especializados e o poder normativo exercido originariamente pelos tribunais do trabalho. O direito do trabalho dispõe, atualmente, de autonomia didática, pois a disciplina tem sido ofertada separadamente nas grades curriculares; da autonomia jurisdicional, não, apenas no Brasil (CF art. 114), mas também em outros países, como Alemanha, Argentina, Uruguai, México e Espanha, de autonomia doutrinária, pois são inúmeras as obras, nacionais e estrangeiras, versando apenas Direito Processual do Trabalho. TEORIA GERAL DO PROCESSO DO TRABALHO 13 Órgãos do poder judiciário brasileiro A concepção moderna de Estado impede que haja superposição de poderes, o que geraria o arbítrio e a tirania. Surge então, a chamada teoria da tripartição dos Poderes do Estado. O exercício do poder passa, assim, a ser implementado por três órgãos distintos, independentes e harmônicos entre si. Esses órgãos são chamados de Poderes: Legislativo. Judiciário. Executivo. Atenção O Poder Judiciário, como um dos três Poderes clássicos do Estado, vem assumindo a cada dia uma função fundamental na efetivação do Estado Democrático de Direito (LEITE, 2009). De acordo com o art. 92 da Constituição Federal de 1988, com a nova redação dada pela Emenda Constitucional nº 45/2004, o Poder Judiciário brasileiro é integrado pelos seguintes órgãos: TEORIA GERAL DO PROCESSO DO TRABALHO 14 O Supremo Tribunal Federal, os Tribunais Superiores e o Conselho Nacional de Justiça têm sede na Capital Federal, sendo certo que os dois primeiros têm jurisdição em todo o território nacional. Quanto à organização do Poder Judiciário, a grande novidade introduzida pela EC nº 45/2004 foi, sem dúvida, o Conselho Nacional de Justiça, que é, em última análise, uma forma mitigada de controle externo administrativo e financeiro da atuação dos órgãos que compõem o próprio Poder Judiciário. Conselho Nacional de Justiça O STF entende que o Conselho Nacional de Justiça é órgão de natureza administrativa, com atribuições de controle da atividade administrativa, financeira e disciplinar da magistratura, sendo sua competência relativa apenas aos órgãos e juízes situados, hierarquicamente, abaixo do Supremo Tribunal Federal. Já que seus atos e decisões administrativas estão sujeitos a seu controle jurisdicional, por força do art. 102, caput, inciso I, letra r, e §4º, da CF. Portanto, o Conselho Nacional de Justiça não tem nenhuma competência sobre o Supremo Tribunal Federal. Início da organização da justiça do trabalho nas constituições brasileiras A Organização da Justiça do Trabalho no Brasil foi inspirada no sistema paritário, do governo fascista da Itália, que mantinha um ramo especializado do judiciário na solução de conflitos trabalhistas, em cuja composição figuravam representantes do: Estado (juízes togados) Classe empresarial Classe trabalhadora (juízes classistas) TEORIA GERAL DO PROCESSO DO TRABALHO 15 Organização da justiça do trabalho nas constituições brasileiras Embora a Itália tivesse abandonado esse sistema paritário no período pós- guerra, o Brasil manteve a mesma estrutura da Justiça do Trabalho desde a Constituição de 1934, (art.122) até a Emenda Constitucional nº 24, de 9.12.1999, que extinguiu a chamada representação classista. Em 1937, art. 139, a nova Constituição Federal passou a dar maior autonomia à Justiça do Trabalho, mas silenciou quanto à sua inserção no Poder Judiciário. Entretanto, o Supremo Tribunal Federal (RE nº 6.310, DJU 30.9.1943) reconheceu o caráter jurisdicional da Justiça do Trabalho ao admitir recurso extraordinário contra decisão do CNT (atualmente TST). Somente em 1946, a Constituição Federal, no art. 94, inciso V, tornou inequívoca a integração no Poder Judiciário da Justiça do Trabalho. O art. 122, dessa Constituição, também estabeleceu a estrutura da Justiça do Trabalho. Em 1967, o art. 133, da nova Constituição Federal, estabeleceu quais eram os órgãos da Justiça do Trabalho, indicando de que forma se daria a substituição por juízes de direito, no caso de inexistência de Juntas de Conciliação e Julgamento nas Comarcas, por lei ordinária. A Emenda Constitucional nº 1/69 manteve a mesma estrutura organizacional, no que foi seguida pela Constituição de 1988. Atividade proposta Como se deu a formação paritária na Justiça do Trabalho, em que período? Chave de resposta: A formação paritária na Justiça do Trabalho no Brasil teve como modelo a formação paritária do governo fascista da Itália, que em todos os graus da Justiça do Trabalho admitia a participação de juízes leigos, TEORIA GERAL DO PROCESSO DO TRABALHO 16 representantes classistas, dos empregadores e trabalhadores. Esta composição foi aplicada no Brasil no período de 1934 até a EC nº 24 de 09.12.1999. Organização da justiça do trabalho após a EC nº 24/99 A Emenda Constitucional nº 24, de 09.12.1999, extinguiu a representação classista em todos os graus de jurisdição (1º, 2º e 3º graus). Assim, a Justiça do Trabalho passou por uma grande reformulação quanto à sua composição e organização. Portanto, conforme visto anteriormente, a Justiça do Trabalho passou a ser integrada pelos seguintes órgãos: I – o Tribunal Superior do Trabalho; II – os Tribunais Regionais do Trabalho; III – os Juízes do Trabalho. Três graus de jurisdição Vale lembrar que, desde a sua criação, a Justiça do Trabalho está estruturada em três graus de jurisdição, a saber: No terceiro grau, funciona o tribunal Superior do Trabalho (TST). No segundo grau, funcionam os tribunais Regionais do Trabalho (TRTs). No primeiro grau, funcionam as Varas do Trabalho (antes da EC 24/1999, Juntas de Conciliação e Julgamento). Com a EC nº 45/2004, que acrescentou o art. 111-A ao texto constitucional, o Tribunal Superior do Trabalho passou a ser integrado por 27 ministros,escolhidos dentre brasileiros com mais de 35 e menos de 65 anos, nomeados pelo presidente da República após a aprovação pela maioria absoluta do Senado Federal, sendo: TEORIA GERAL DO PROCESSO DO TRABALHO 17 I. Um quinto dentre advogados com mais de dez anos de efetiva atividade profissional e membros do Ministério Público do Trabalho com mais de dez anos de efetivo exercício, observado o disposto no art. 94; II. Os demais dentre juízes dos Tribunais Regionais do Trabalho, oriundos da magistratura da carreira, indicados pelo próprio Tribunal Superior. Junto ao Tribunal Superior do Trabalho, funcionam: I. A Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados do Trabalho, cabendo-lhe, dentre outras funções, regulamentar os cursos oficiais para o ingresso e promoção na carreira; II. O Conselho Superior da Justiça do Trabalho, cabendo-lhe exercer, na forma da lei, a supervisão administrativa, orçamentária, financeira e patrimonial da Justiça do Trabalho de primeiro e segundo graus, como órgão central do sistema, cujas decisões terão efeito vinculante. O Tribunal Pleno é constituído pelos Ministros da Corte. Para o seu funcionamento, é exigida a presença de, no mínimo, 14 ministros, sendo necessária a maioria absoluta, quando a deliberação tratar de: I. Escolha dos nomes que integrarão a lista destinada ao preenchimento de vaga de Ministro do Tribunal; II. Aprovação de Emenda Regimental; III. Eleição dos ministros para os cargos de direção do Tribunal; IV. Aprovação, revisão ou cancelamento de Súmula ou de Precedente Normativo; V. Declaração de inconstitucionalidade de lei ou de ato normativo do poder público. Integram o Órgão Especial o Presidente e o Vice-Presidente do Tribunal, o Corregedor-Geral da Justiça do Trabalho, os sete ministros mais antigos TEORIA GERAL DO PROCESSO DO TRABALHO 18 incluindo os membros da direção, e os sete ministros eleitos pelo Tribunal Pleno. O quórum mínimo para o seu funcionamento é de oito Ministros. A seção especializada em dissídios coletivos é constituída do Presidente e Vice- Presidente do Tribunal, o Corregedor-Geral da Justiça do Trabalho e mais seis ministros. O quórum para o seu funcionamento é de cinco ministros. A Seção especializada em dissídios individuais é composta de vinte e um Ministros, sendo o Presidente e o Vice-Presidente do Tribunal, o Corregedor- Geral da Justiça do Trabalho e mais dezoito Ministros, e funciona em composição plena ou dividida em duas subseções para o julgamento dos processos de sua competência. O quórum exigido para o funcionamento da seção de dissídios individuais plena é de onze ministros. A subseção I especializada em dissídios individuais é integrada por 14 ministros: o Presidente e o Vice-Presidente do Tribunal, o Corregedor-Geral da Justiça do Trabalho e mais onze Ministros, preferencialmente os Presidentes de Turma, sendo exigida a presença de, no mínimo, oito ministros para o seu funcionamento. Integram a Subseção II da Seção especializada em dissídios individuais o Presidente e o Vice-Presidente do Tribunal, o Corregedor-Geral da Justiça do Trabalho e mais sete Ministros, sendo exigida a presença de, no mínimo, seis ministros para o seu funcionamento. As turmas são constituídas, cada uma, por três ministros, sendo presididas pelo ministro mais antigo integrante do colegiado. Para o julgamento nas turmas, é necessária a presença de três magistrados. Para compor o quórum, o presidente da turma poderá convocar, mediante prévio entendimento, Ministro de outra Turma. TEORIA GERAL DO PROCESSO DO TRABALHO 19 Composição e Funcionamento dos TRTs O art. 112, da CF, em sua redação original, previa “pelo menos um Tribunal Regional do Trabalho em cada Estado e no Distrito Federal”. A EC nº 45/2004, dando nova redação ao dispositivo em exame, suprimiu a obrigatoriedade da instalação de pelo menos um TRT em cada Estado e no Distrito Federal. Estabelece o art. 674, da CLT, que o território nacional é dividido em 24 regiões. Atualmente, existem 24 TRTs. Em São Paulo são dois, um na Capital, outro em Campinhas. Com a nova redação do art. 112 da CF não é mais obrigatória a criação dos TRTs nos Estados do Tocantins, Acre, Roraima e Amapá. Os juízes dos TRTs são nomeados pelo Presidente da República e seu número varia em função do volume de processos examinados pelo Tribunal. De acordo com o art.115 da CF, com redação dada pela EC nº 45/2004, os Tribunais Regionais do Trabalho compõem-se de, no mínimo, sete juízes, recrutados, quando possível, na respectiva região, e nomeados pelo Presidente da República dentre brasileiros com mais de 35 e menos de 65 anos, sendo: I. Um quinto dentre advogados com mais de dez anos de efetiva atividade profissional e membros do Ministério Público do Trabalho com mais de dez anos de efetivo exercício, observado o disposto no art. 94 da CF. II. Os demais, mediante promoção de juízes do trabalho por antiguidade e merecimento, alternadamente. Compete aos TRTs, originariamente, processar e julgar as ações de sua competência originária, tais como dissídios coletivos, mandados de segurança e ações rescisórias; em grau recursal, o TRT julga os recursos das decisões das Varas do Trabalho. TEORIA GERAL DO PROCESSO DO TRABALHO 20 Composição das Varas do trabalho As Varas do Trabalho são órgãos de primeira instância da Justiça do Trabalho. A jurisdição da Vara do Trabalho é local, pois abrange, geralmente, um ou alguns municípios. Cabe à lei fixar a competência territorial das Varas do Trabalho. Com a extinção da representação classista, a composição das Varas do Trabalho (antigas JCJs) sofreu substancial alteração, na medida em que a jurisdição na primeira instância da Justiça do Trabalho passou a ser exercida por um juiz singular, conforme o art. 116 da CF. Cada Vara compõe-se de um Juiz do Trabalho titular e um Juiz do Trabalho Substituto, ambos nomeados pelo Presidente do TRT, após aprovação em concurso público. O juiz titular é fixo em uma Vara do Trabalho; o Juiz substituto, não. Compete às Vara do Trabalho, em linhas gerais, processar e julgar as ações oriundas das relações de trabalho (CF, art. 114, I a IX) e aquelas que, por exclusão, não sejam da competência originária dos tribunais trabalhistas. Os juízes de direito investidos de jurisdição trabalhista Nas comarcas onde não existir Vara do Trabalho, a lei pode atribuir a função jurisdicional trabalhista aos Juízes de Direito (CLT, art. 668)? O art. 112 da CF, com nova redação dada pela EC nº 45/2004, dispõe que a “Lei criará Varas da Justiça do Trabalho, podendo, nas comarcas não abrangidas por sua jurisdição, atribuí-la aos juízes de direito, com recurso para o respectivo Tribunal Regional do Trabalho”. TEORIA GERAL DO PROCESSO DO TRABALHO 21 Aprenda Mais Material complementar Leia o capítulo 1 do livro Direito Processual do Trabalho (LEITE, 2012) e o capítulo 1 do livro Curso de Direito Processual do Trabalho (SARAIVA, 2013). Referências LEITE, Carlos Henrique Bezerra. Curso de Direito Processual do Trabalho. São Paulo: LTr, 2012. LEITE, Carlos Henrique Bezerra. Curso de Direito Processual do Trabalho. 6a ed. São Paulo: Método, 2009. NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Curso de Direito Processual do Trabalho. São Paulo: Saraiva, 2002. p.28. MARTINS, Sérgio Pinto. Direito Processual do Trabalho. 17a ed. São Paulo: Atlas, 2002. SARAIVA, Renato. Curso de Direito Processual do Trabalho. São Paulo, Método, 2013. PINTO, José Augusto Rodrigues. Processo trabalhista de conhecimento. São Paulo: LTr., 2001. p. 35. TEIXEIRA FILHO, Manoel Antônio. Curso de Direito Processual do Trabalho: São Paulo: LTr., 2009, v. I e II. TEORIA GERALDO PROCESSO DO TRABALHO 22 Exercícios de fixação Questão 1 Quando o intérprete busca os objetivos que norteiam a edição da lei, ele está fazendo uso da interpretação lógica. a) Certo b) Errado Questão 2 Os TRTs, que tem sua criação definida por lei, são compostos por, no mínimo, sete juízes, garantida a representação de um quinto dentre advogados e membros do Ministério Público do Trabalho. a) Certo b) Errado Questão 3 O TRT tem competência para apreciar os dissídios coletivos que envolvam as categorias no âmbito da respectiva região, e o TST, aqueles que ultrapassem os limites de competência de algum tribunal regional ou que possuam caráter nacional. a) Certo b) Errado TEORIA GERAL DO PROCESSO DO TRABALHO 23 Questão 4 A Justiça do Trabalho, atualmente, é dividida em vinte e quatro regiões, cada qual possuindo um TRT e tantas varas do trabalho quantas criadas por lei, nas quais exercem sua jurisdição os juízes do trabalho, segundo os limites de competência territorial próprios. Os TRTs podem funcionar descentralizados, constituindo câmaras regionais, e podem instalar juízos itinerantes, observados os limites territoriais da respectiva jurisdição a que estão vinculados. a) Certo b) Errado Questão 5 São fontes formais do Direito Processual do Trabalho: a) Apenas as leis federais e a Consolidação das Leis do Trabalho. b) As leis federais, estaduais ou municipais e a Consolidação das Leis do Trabalho. c) As leis federais, a Consolidação das Leis do Trabalho e os costumes. d) As leis federais, estaduais ou municipais, a Consolidação das Leis do Trabalho e os costumes. Questão 6 No artigo 3º, IV, da Constituição Federal de 1988, é claro em afirmar que constitui objetivo fundamental da República Federativa do Brasil promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação. Tal passagem da nossa Carta Política deixa claro que qualquer modalidade de discriminação é repudiada pelo ordenamento brasileiro. Destaque qual modalidade discriminatória abaixo relacionada carece de previsão legal federal que defina sua conduta como ilícita: TEORIA GERAL DO PROCESSO DO TRABALHO 24 a) Assédio moral. b) Dispensa de trabalhador não dirigente por filiação sindical. c) Expor idoso a trabalho excessivo. d) Exigir atestado de esterilização de trabalhadora. e) Impedir ascensão funcional por preconceito de descendência. Questão 7 Acerca de nulidade no processo trabalhista, assinale a alternativa INCORRETA: I. O ato que ofende comando de natureza cogente e colide com o interesse público configura nulidade absoluta, a qual, desde que arguida pela parte interessada, poderá ser decidida em qualquer grau de jurisdição; II. No mandado de segurança, o Ministério Público participará, obrigatoriamente, na primeira instância, sob pena de nulidade absoluta do feito; III. Não será proclamada a nulidade de ato que possa ser repetido ou cuja falta possa ser suprida, de modo que restará eficaz, a despeito de inobservância da forma ou olvidada a sua prática; IV. A arguição de nulidade deve ser sempre expressa, na primeira oportunidade processual de manifestação da parte nos autos, não se podendo substituir por mero protesto. a) A opção I é a incorreta. b) A opção II é a incorreta. c) A opção III é a incorreta. d) A opção IV é a incorreta. TEORIA GERAL DO PROCESSO DO TRABALHO 25 Questão 8 Quanto à composição dos tribunais, assinale a alternativa INCORRETA: I. Um terço dos Ministros do Superior Tribunal de Justiça serão nomeados dentre Membros do Ministério Público e advogados, um terço dentre juízes dos Tribunais Regionais Federais e um terço dentre desembargadores dos Tribunais de Justiça, oriundos da magistratura da carreira, indicados em lista tríplice elaborada pelo próprio Tribunal; II. Os Tribunais Regionais Federais compõem-se de, no mínimo, sete juízes, recrutados, quando possível, na respectiva região e nomeados pelo Presidente da República dentre brasileiros com mais de trinta e menos de 65 anos; III. O Tribunal Superior Eleitoral elegerá seu Presidente e o Vice-Presidente dentre os Ministros do Supremo Tribunal Federal, e o Corregedor Eleitoral dentre os Ministros do Superior Tribunal de Justiça. a) A opção I é a incorreta. b) A opção II é a incorreta. c) A opção III é a incorreta. Questão 9 Sobre princípios do Direito Processual do Trabalho é CORRETO afirmar que: I. O princípio de irrecorribilidade das decisões interlocutórias constitui uma das características do processo do trabalho e não permite exceções em face do princípio da celeridade processual. II. De acordo com o entendimento sumulado do Tribunal Superior do Trabalho “os empregados e os empregadores poderão reclamar pessoalmente perante a Justiça do Trabalho e acompanhar as suas reclamações até o final”. Todavia, em caso de eventual recurso extraordinário para o Supremo Tribunal Federal, deve ser subscrito por advogado, sob pena de não conhecimento. TEORIA GERAL DO PROCESSO DO TRABALHO 26 III. O princípio da imediatidade se entrelaça com o da oralidade, pois traduz a necessidade de o juiz estar em contato direto com as partes, designadamente na audiência, permitindo-lhe proceder à acareação da parte com a testemunha ou de uma testemunha com outra e, quando for o caso, indeferir diligências inúteis ou protelatórias requeridas pelos litigantes, além de tentar conduzi-los a uma solução consensual do litígio, escopo fundamental da Justiça do Trabalho. a) A opção I é a incorreta. b) A opção II é a incorreta. c) A opção III é a incorreta. Questão 10 Sobre nulidades no Processo do Trabalho, é CORRETO afirmar que: I. Pelo princípio da utilidade, se o ato anulado, é premissa necessária dos seguintes atos válidos, todos perderão seus efeitos; porém, se houver correlação e dependência, poderão ser aproveitados (utile per inutile non vitiatur). II. Pelo princípio da preclusão, as nulidades devem ser arguidas na primeira oportunidade de falar nos autos após sua ocorrência, independentemente do motivo que impediu a parte de praticar o ato. III. A nulidade apenas será declarada se resultar do ato viciado prejuízo processual à parte, referente à sua defesa (pas de nullité sans grief), ainda que o juiz, no mérito, possa decidir favoravelmente à parte que invocou a nulidade, não a decretará. a) Apenas as alternativas I e II são corretas. b) Apenas a alternativa III é correta. c) Nenhuma das alternativas. TEORIA GERAL DO PROCESSO DO TRABALHO 27 Aula 1 Exercícios de fixação Questão 1 - A Justificativa: Pode-se afirmar que o método lógico de interpretação tem como pressuposto o conteúdo da norma e não a relação desta com o contexto em que se insere. Questão 2 - A Justificativa: Correta é a primeira opção, nos termos do art. 115, da CRFB. Questão 3 - A Justificativa: Correta é a primeira opção, nos termos do art.115, §1º, da CRFB. Questão 4 - A Justificativa: Correta é a primeira opção, conforme dispõe o art. 115 e §§ 1º e 2º, da CRFB. Questão 5 - D Justificativa: Segundo a doutrina e a jurisprudência, bem como a Lei de Introdução do Código Civil, arts. 1º ao 5º. Questão 6 - E Justificativa: O art. 3º, IV, da Constituição Federal de 1988 proíbe quaisquer tipo de discriminação de raça, sexo, cor, idade, mas não tem expressa previsão quanto a descendência do trabalhador. As demais hipóteses discriminatórias citadas (letras “a” a “d”), estão previstas na Constituição Federal e na CLT. TEORIA GERAL DO PROCESSO DO TRABALHO 28 Questão 7 - A Justificativa: Com relação à nulidade do ato, também no processo do trabalho, deveremos seguir a regra descrita no CPC, ou seja,deve ser arguida pela parte a quem aproveite, na primeira oportunidade que a parte interessada tiver que falar nos autos, CPC arts.276/293 do CPC/2015, CLT, art.769. Note que a CLT também regula as nulidades nos mesmos termos do CPC, arts. 794 a 798. Questão 8 - A Justificativa: A resposta da opção I está errada quando prevê que o quinto constitucional também será integrado, além de 1/3 dentre membros do Ministério Público e Advogada..., por 1/3 dentre juízes dos Tribunais Regionais Federais e 1/3 dentre desembargadores dos Tribunais de Justiça. Questão 9 - C Justificativa: O art. 133 da CRFB não revogou o Jus Postulandi, o qual poderá ser exercido em todos os graus de jurisdição, em sede de recurso, com exceção do recurso extraordinário, no STF. (entendimento consolidado no STF, através de regulamento interno). Questão 10 - B Justificativa: Com relação à nulidade do ato, também no processo do trabalho, deveremos seguir a regra descrita no CPC, ou seja, deve ser arguida pela parte a quem aproveite, na primeira oportunidade que a parte interessada tiver que falar nos autos, CPC arts. 243/250, CLT, art.769. Desse modo, a CLT também regula as nulidades nos mesmo termos do CPC, arts. 794 a 798. Portanto, somente os atos impugnados e viciados serão anulados, os demais atos processuais poderão ser aproveitados, salvo no caso de incompetência absoluta. TEORIA GERAL DO PROCESSO DO TRABALHO 29 Introdução Vamos dar continuidade aos nossos estudos de Teoria Geral do Processo do Trabalho, apresentando um conceito para a disciplina, assim como seus fundamentos e características. A seguir, examinaremos Jurisdição e Competência e sua aplicação processual. Objetivo: Compreender os princípios gerais e singularidades do Processo do Trabalho. Os fundamentos do Processo do Trabalho, jurisdição trabalhista e competência processual. TEORIA GERAL DO PROCESSO DO TRABALHO 30 Conteúdo Princípios gerais do processo do trabalho Para darmos início ao nosso estudo sobre os princípios gerais e singularidade do processo do trabalho, é importante entender o conceito deste assunto. Princípios são as ideias mais gerais que inspiram o ordenamento jurídico de um país. Mesmo sem estar formulada nos textos, sua presença é imanente no sistema. Alguns são contingentes, isto é, frutos das ideias dominantes em determinados períodos; outros são mais permanentes, surgindo da experiência jurídica multissecular. (BARBI, Celso Agrícola. Comentários ao Código de Processo Civil, v. 1, 10. ed. Rio de Janeiro: Editora Forense, 1998, p. 390). A Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro determina expressamente que, na omissão da lei, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e os princípios gerais de direito (LINDB, art. 4º). A mesma orientação é encontrada no art.8º, da CLT. São, portanto, verdadeiras fontes de direito. (ZANGRANDO, Carlos Henrique da Silva. Resumo de Direito Processual do Trabalho. 4. ed. Editora Edições Trabalhistas. p.11). Princípios processuais constitucionais São princípios fundamentais ou gerais de direito processual: TEORIA GERAL DO PROCESSO DO TRABALHO 31 Princípio da igualdade ou isonomia Decorre da norma estabelecida no art. 5º, caput, da CF, segundo a qual todos são iguais perante a lei, e aos brasileiros ou estrangeiros residentes no País é garantida a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade. Princípio do contraditório Também é garantia constitucional, estabelecido entre nós pelo art.5º, LV, da Carta Constitucional de 1988. Esse princípio é de mão dupla, isto é, implica na bilateralidade do processo, aproveitando, portanto, o autor e o réu. O princípio em exame também é útil para estabelecer o moderno conceito de parte no processo. Vale dizer que parte é quem participa, efetiva ou potencialmente, do contraditório na relação jurídica processual. TEORIA GERAL DO PROCESSO DO TRABALHO 32 Princípio da ampla defesa Encontra-se positivado no art.5º, LV, da CF, funcionando como complemento do princípio do contraditório. Com efeito, ao não se admitir a relação processual sem a presença do réu, não teria sentido tal regramento se, comparecendo a juízo para se defender e opor- se à pretensão autoral, o réu ficasse impedido ou inibido de excepcionar, contestar, recorrer ou deduzir toda a prova de seu interesse. Princípio da imparcialidade do juiz Avocando a si o monopólio da prestação jurisdicional, salta aos olhos que, ao exercer essa função-poder, o Estado-juiz deverá agir com absoluta imparcialidade. Imparcialidade não se confunde com neutralidade. No desempenho da função jurisdicional, o juiz deverá agir com imparcialidade, isto é, sem tendências que possam macular o devido processo legal e favorecer uma parte em detrimento da outra. Como afirmou Aristóteles, o homem é um animal político. O juiz, embora agente público com responsabilidades complexas, é um ser humano como outro qualquer. Logo, não se pode ignorar que ele tenha a sua própria “visão do mundo”, com as suas preferências políticas, filosóficas e ideológicas próprias. Princípio da motivação das decisões Correlato ao princípio da imparcialidade. O princípio da motivação das decisões constitui uma garantia do cidadão e da sociedade contra o arbítrio dos juízes. TEORIA GERAL DO PROCESSO DO TRABALHO 33 Com efeito, vaticina o art. 93, IX, da CF que todos os julgamentos serão públicos e todas as decisões judiciais fundamentadas. Princípio do devido processo legal O devido processo legal, no dizer de Nelson Nery Júnior, é a base sobre a qual todos os outros princípios se sustentam. Como leciona o referido jurista, bastaria a norma constitucional haver adotado o princípio do duo process of law 1 para que daí decorressem todas as consequências processuais que garantiriam aos litigantes o direito a um processo e a uma sentença justa. Princípio da razoabilidade da duração do processo Com a promulgação da Emenda Constitucional nº 45/2004, que acrescentou o inciso LXXVIII ao art.5º, da CF, um novo princípio fundamental foi insculpido em novo sistema processual. Princípio segundo o qual... “a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoável duração do processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação”. Alguns meios que garantirão a celeridade processual foram inseridos na própria Carta Magna, por força da Emenda Constitucional nº 45/2004, tais como: A previsão de que “a atividade jurisdicional será ininterrupta, sendo vedadas férias coletivas nos juízos e tribunais de segundo grau, funcionando nos dias 1 Devido processo legal (em inglês: due process of law) é uma instituição jurídica, provinda do direito anglo-saxão (e, portanto, de um sistema diverso das tradições romanas ou romano-germanas, quais os ibéricos e francês, por exemplo), no qual algum ato praticado por autoridade, para ser considerado válido, eficaz e completo, deve seguir todas as etapas previstas em lei. TEORIA GERAL DO PROCESSO DO TRABALHO 34 em que não houver expediente forense normal, juízes em plantão permanente” (CF, art.93, XII). A previsão para que os servidores recebam delegação para a prática de atos de administração e atos de mero expediente sem caráter decisório (idem, XIV) e a determinação de que “a distribuição de processos será imediata em todos os graus de jurisdição" (idem, XV). Princípios comuns ao direito processual civil e ao direito processual do trabalho Considerando o que vimos anteriormente, passaremos ao estudo dos Princípios comuns ao direito processual civil e ao direito processual do trabalho. Veja quais são eles: PRINCÍPIODISPOSITIVO OU DA DEMANDA Na esfera civil, o poder de provocar a tutela jurisdicional foi entregue à própria parte interessada, isto é, àquela que se sentisse atingida pelo comportamento alheio, podendo ela vir a juízo apresentar a sua pretensão, se quiser ou da forma que lhe aprouver, assim como dela desistir, respeitadas as exigências legais Artigo 2º do CPC e Artigo 2º do NCPC). PRINCÍPIO INQUISITÓRIO OU DO IMPULSO OFICIAL Está consagrado expressamente no artigo 2º do NCPC, que dispõe extualmente: “O processo começa por iniciativa da parte e se desenvolve por impulso oficial, salvo as exceções previstas em lei”. Após o ajuizamento da ação, o juiz assume o dever de prestar a jurisdição de acordo com os poderes que o ordenamento jurídico lhe confere. É importante a advertência de José Cairo Júnior, para quem “o grau do caráter inquisitivo do processo do trabalho é bem mais elevado do que aquele presente no processo civil. A título ilustrativo, o Código de Processo Civil exige que o autor da ação requeira a TEORIA GERAL DO PROCESSO DO TRABALHO 35 citação do réu para responder aos termos da pretensão exposta na petição inicial, requisito dispensável na peça incoativa laboral”. PRINCÍPIO DA INSTRUMENTALIDADE O processo não é um fim em si mesmo; ao revés, o processo deve ser instrumento de justiça. É por meio dele que o Estado presta a jurisdição, diminuindo conflitos, promovendo a pacificação e a segurança aos jurisdicionados (NCPC, Artigos 277; 305, parágrafo único; e CLT, Artigo 769). PRINCÍPIO DA IMPUGNAÇÃO ESPECIFICADA Corolário do contraditório, o princípio da impugnação específica está previsto no Artigo 341 do NCPC, o qual dispõe que: “Incumbe também ao réu manifestar- se precisamente sobre as alegações de fato constantes da petição inicial, presumindo-se verdadeiras as não impugnadas, salvo se: I - não for admissível, a seu respeito, a confissão; II - a petição inicial não estiver acompanhada de instrumento que a lei considerar da substância do ato; III - estiverem em contradição com a defesa, considerada em seu conjunto.” PRINCÍPIO DA ESTABILIDADE Este princípio informa que, se o autor já propôs sua demanda e deduziu seus pedidos, e se o réu já foi citado para se pronunciar sobre eles, não poderá mais o autor modificar sua pretensão sem anuência do réu e, depois de ultrapassado o momento da defesa, nem mesmo com o consentimento de ambas as partes isso será possível. O Artigo 329 do NCPC consagra o critério subjetivo da estabilização da demanda. PRINCÍPIO DA EVENTUALIDADE As partes devem alegar, na oportunidade própria prevista em lei ou por ocasião do exercício da faculdade processual, todas as matérias de defesa ou de seu interesse. É o princípio da eventualidade, que está inserto no Artigo 336 do NCPC, in verbis: “Incumbe ao réu alegar, na contestação, toda a matéria de TEORIA GERAL DO PROCESSO DO TRABALHO 36 defesa, expondo as razões de fato e de direito com que impugna o pedido do autor e especificando as provas que pretende produzir”. PRINCÍPIO DA PRECLUSÃO O princípio da preclusão decorre do princípio dispositivo e com a própria logicidade do processo, que é o “andar para frente”, sem retornos e etapas ou momentos processuais já ultrapassados. Este princípio está inscrito no Artigo 278 do NCPC, segundo o qual: “A nulidade dos atos deve ser alegada na primeira oportunidade em que couber à parte falar nos autos, sob pena de preclusão”. PRINCÍPIO DA ECONOMIA PROCESSUAL Trata-se de princípio aplicável em todos os ramos de direito processual e consiste em obter da prestação jurisdicional o máximo de resultado com o mínimo de esforço, evitando-se dispêndios desnecessários para os jurisdicionados. Há que se ressaltar que o princípio da economia processual, no novo Código de Processo Civil, está implícito no principio da eficiência, devidamente explicitado no Artigo 8º. PRINCÍPIO DA PERPETUATIO JURISTIONIS Melhor seria falar em princípio da perpetuação da competência. Está previsto no Artigo 43 do NCPC, o qual afirma: “Determina-se a competência no momento do registro ou da distribuição da petição inicial, sendo irrelevantes as modificações do estado de fato ou de direito ocorridas posteriormente, salvo quando suprimirem órgão judiciário ou alterarem a competência absoluta”. PRINCÍPIO DO ÔNUS DA PROVA Está previsto no Artigo 373 do NCPC, que o ônus da prova incumbe: “I - ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito; II - ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor”. O direito processual do trabalho o consagra no Artigo 818 da CLT, in verbis: “A prova das alegações incumbe à parte que as fizer”. TEORIA GERAL DO PROCESSO DO TRABALHO 37 Entretanto, há que se ressaltar que, tanto na CLT quanto no CPC de 1973, a teoria do ônus da prova adotada foi a da carga estática. Contudo, o NCPC adota a teoria da carga dinâmica do ônus probatório, como pode ser notado na simples leitura dos §§1º a 4º do Artigo 373: “§1º Nos casos previstos em lei ou diante de peculiaridades da causa relacionadas à impossibilidade ou à excessiva dificuldade de cumprir o encargo nos termos do caput ou à maior facilidade de obtenção da prova do fato contrário, poderá o juiz atribuir o ônus da prova de modo diverso, desde que o faça por decisão fundamentada, caso em que deverá dar à parte a oportunidade de se desincumbir do ônus que lhe foi atribuído. §2º A decisão prevista no §1º deste artigo não pode gerar situação em que a desincumbência do encargo pela parte seja impossível ou excessivamente difícil. §3º A distribuição diversa do ônus da prova também pode ocorrer por convenção das partes, salvo quando: I - recair sobre direito indisponível da parte; II - tornar excessivamente difícil a uma parte o exercício do direito. §4º A convenção de que trata o §3º pode ser celebrada antes ou durante o processo”. Com a distribuição dinâmica do ônus probatório, atende-se aos princípios da eficiência, economia processual, celeridade processual, contraditório, ampla defesa e ao devido processo legal substancial. PRINCÍPIO DA ORALIDADE Este princípio não encontra residência em nenhuma norma expressa do NCPC ou da CLT. A rigor, ele se exterioriza interagindo com outros quatro princípios: I – princípio da imediatidade; II – princípio da identidade física do juiz; III – princípio da concentração; IV – princípio da irrecorribilidade imediata das decisões interlocutórias. TEORIA GERAL DO PROCESSO DO TRABALHO 38 Princípios peculiares do direito processual do trabalho Não há a desejável uniformidade entre os teóricos a respeito da existência de princípios peculiares ou próprios do direito processual do trabalho. Alguns entendem que os princípios do direito processual do trabalho são os mesmos do direito processual civil, apenas ressaltando ênfase maior quando da aplicação de alguns princípios procedimentais no processo laboral. Outros sustentam que existem apenas dois ou três princípios peculiares do direito processual do trabalho: PRINCÍPIO DA PROTEÇÃO Deriva este princípio da própria razão de ser do Direito do Trabalho, pois esta disciplina foi criada para compensar a desigualdade real existente entre empregado e empregador, que são, na verdade os mesmos figurantes do processo laboral. PRINCÍPIO DA FINALIDADE SOCIAL Segundo Humberto Theodoro Júnior o primeiro e mais importante princípio que informa o processo trabalhista, distinguindo-o do processo civil comum, é a finalidade social de cuja observância decorre uma quebra do princípio da isonomia entre as partes, pelo menos em relação à sistemática do direito formal. PRINCÍPIO DA BUSCA DA VERDADE REAL Deriva do princípio material da primazia da realidade. O disposto no art. 765, da CLT,confere aos juízes e tribunais do trabalho ampla liberdade na direção do processo. Para tanto, os magistrados do trabalho “velarão pelo andamento rápido das causas, podendo determinar qualquer diligência necessária ao esclarecimento delas.” A jurisprudência tem acolhido implicitamente o princípio da primazia da realidade. TEORIA GERAL DO PROCESSO DO TRABALHO 39 PRINCÍPIO DA INDISPONIBILIDADE Este princípio constitui emanação do princípio da indisponibilidade ou irrenunciabilidade do direito material no campo do processo do trabalho. Numa palavra, o processo do trabalho teria uma função finalística: “a busca efetiva do cumprimento dos direitos indisponíveis dos trabalhadores.” PRINCÍPIO DA CONCILIAÇÃO Embora o princípio da conciliação não seja exclusividade do processo laboral parece-nos que é aqui que ele se mostra mais evidente, tendo, inclusive, um “iter procedimentalis” peculiar, nos termos do art. 764 e seus parágrafos, da CLT. No mesmo sentido é o art. 831, da CLT, o qual estabelece uma condição intrínseca para a realidade da sentença trabalhista, ao estatuir que ela somente será proferida depois de rejeitada pelas partes a proposta conciliatória. PRINCÍPIO DA NORMATIZAÇÃO COLETIVA A Justiça do Trabalho é a única que pode exercer o chamado Poder Normativo, que consiste no poder de criar normas e condições (o que é atividade típica do Poder Legislativo), proferindo sentença (rectius, acórdão) normativa com eficácia ultra partes, cujos efeitos irradiarão para os contratos individuais dos trabalhadores integrantes da categoria profissional representada pelo sindicato que ajuizou o dissídio coletivo. Outros princípios peculiares no processo do trabalho Existem também outros princípios peculiares no processo do trabalho. Conheça- os abaixo: PRINCÍPIO DA ORALIDADE Os atos processuais, na sua maioria, deveriam ser praticados na forma oral. Entretanto, na prática, o processo trabalhista é quase totalmente escrito (CLT, art. 847). TEORIA GERAL DO PROCESSO DO TRABALHO 40 PRINCÍPIO DA CELERIDADE Os juízes e tribunais do trabalho terão ampla liberdade na direção do processo e velarão pelo andamento rápido das causas (art. 765, da CLT). PRINCÍPIO DA CONCENTRAÇÃO DOS ATOS E UNICIDADE DA AUDIÊNCIA Os atos processuais devem ser praticados numa única audiência, se possível, resolvendo-se no menor espaço de tempo. As audiências deverão ser contínuas, salvo motivo de força maior (art. 849, da CLT). PRINCÍPIO DA INFORMALIDADE Ou princípio da instrumentalidade das formas – os atos processuais trabalhistas não dependem de nenhuma forma rígida, podendo a defesa ser efetuada oralmente, e os recursos interpostos por meio de simples petição (arts. 840 e 899, da CLT). PRINCÍPIO DA CONCILIAÇÃO Os juízes sempre empregarão seus bons ofícios e persuasão no sentido de uma solução conciliatória dos conflitos (CLT, art. 764, § 1º). PRINCÍPIO INQUISITÓRIO O julgador poderá determinar de ofício, todas as diligências necessárias para o descobrimento da verdade e para propiciar a celeridade processual (CLT, art. 765). PRINCÍPIO DA IRRECORRIBILIDADE DAS DECISÕES INTERLOCUTÓRIAS As decisões que toma o juiz, no decorrer do processo, são irrecorríveis, devendo, se ilegais ou impertinentes, ser objeto de impugnação por via de recurso ordinário (CLT, art. 893). TEORIA GERAL DO PROCESSO DO TRABALHO 41 PRINCÍPIO DO JUS POSTULANDI A parte não precisa estar representada por advogado para propor ou contestar a ação trabalhista, ou seja, podem autor e réu postular em causa própria sem assistência jurídica, na Justiça do Trabalho, exercendo sua capacidade postulatória (art. 791, da CLT). PRINCÍPIO DO IMPULSO OFICIAL (EX OFFICIO) O juiz poderá determinar de ofício, os atos necessários ao andamento dos processos, salvo exceções previstas na lei. (art. 765, CLT). PRINCÍPIO DA GRATUIDADE INICIAL As custas serão pagas ao final pela parte sucumbente, na forma do art. 789, da CLT. O reclamante/autor somente pagará as custas no caso de improcedência do pedido ou quando der causa ao arquivamento, ou seja, extinção do processo sem julgamento do mérito. PRINCÍPIO DA APLICAÇÃO SUBSIDIÁRIA DO CPC O direito processual civil é fonte subsidiária do direito processual do trabalho, só podendo ser admitido nos casos omissos e desde que haja compatibilidade com o ordenamento processual laboral (CLT, art. 769). PRINCÍPIO DA ECONOMIA PROCESSUAL – NOTIFICAÇÃO POSTAL As comunicações dos atos processuais se farão, de ordinário, por meio postal (citações, intimações, publicidade dos atos processuais, em geral), conforme art. 841, da CLT. Singularidade do processo do trabalho Segundo Cristóvão Piragibe Tostes Malta, as generalidades abrangem o conflito de interesses individuais e coletivos de trabalho, preservando os resquícios da auto composição e autodefesa, sem desprezar a possibilidade da héterocomposição. TEORIA GERAL DO PROCESSO DO TRABALHO 42 O Estado exerce a sua soberania através da jurisdição (o poder-dever de dizer o direito). O Poder Judiciário exerce a jurisdição trabalhista, cujo pronunciamento põe em relevo os princípios e normas do direito material e processual do trabalho contidos na CLT e diversas leis esparsas; e.g. Lei nº 5.584/70, Decreto-Lei nº 779/69; Leis nº 9.957 e 9.958/2000, CPC, autorizado pelo art.769, da CLT, etc. Atenção Ressalte-se a autonomia do processo do trabalho entre os demais ramos do direito, inclusive o processual, sem, entretanto, desprezar a possibilidade de aplicação subsidiária dos demais preceitos do direito processual civil. O impulso oficial ou ex officio e as regras de competência, residual contidas no art.651, da CLT, também despontam como regras de efetividade da prestação jurisdicional e celeridade na proteção processual do trabalhador, cuja pretensão em última análise é de natureza alimentar. A CLT, apesar de ser criticada por muitos como “engessadora” das relações de emprego, prevê pagamento de direitos mínimos e nada impede que outros ajustes complementares sejam feitos. Disponível em: <http://www.trabalhismoemdebate.com.br>. Acesso em: 16 maio 2014. Case relacionado Conheça a história de Jorge Tavares, que aborda o conteúdo discutido na aula. Em seguida, diante do exposto, responda de forma objetiva e fundamentada à questão proposta. TEORIA GERAL DO PROCESSO DO TRABALHO 43 Jorge Tavares trabalhou na empresa de Construção Civil, como Pedreiro, durante dois anos, tendo sido demitido sem nada receber, embora tivesse sua CTPS anotada. Um mês depois foi convocado para realização de um Acordo perante a Comissão de Conciliação Prévia, no Sindicato Patronal. Jorge Rejeitou o Acordo, pois entendeu não ser justo o valor proposto. No mês seguinte ajuizou uma Reclamação Trabalhista, vindicando verbas resilitórias, indenização de FGTS, multas dos arts. 467 e 477/CLT, além de horas extras e demais repercussões, deixando de esclarecer ao Juízo a impossibilidade de Acordo perante a Comissão de Conciliação Prévia. No dia da audiência, inviabilizada a conciliação judicial, a Ré negou toda a pretensão, arguindo as preliminares de ausência dos requisitos e pressuposto da ação, já que o reclamante não apresentou declaração de submissão da lide à CCP e de inviabilidade de conciliação prévia, requerendo a extinção do feito, sem julgamento do mérito. Atividade proposta a) A Lei nº 9.958/2000 e a jurisprudência da submissão à Comissão de Conciliação Prévia é obrigatória ou facultativa? b) Que efeitos produziriam sobre a Reclamação proposta o acolhimento ou rejeição dessas preliminares? Chave de resposta: a) Nada obstante a redação dada pela Lei nº 9.958/2000 ao art. 625, alínea “d”, da CLT, o qual determina a obrigatoriedade
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