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Aula 1 - Malária

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CURSO DE FARMÁCIA
PARASITOLOGIA CLÍNICA
DOENÇAS CAUSADAS POR HEMATOZOÁRIOS
MALÁRIA
Profa. MSc. Ká-a Machado
Paludismo, febre palustre, impaludismo, maleita ou sezão
Hipócrates descreveu suas características de ocorrência 
sazonal e de febre
Ø Séc. XIX vapores nocivos exalados dos pântanos tiberianos, designando-a "mal aria",
Ø 1880 - Charles Louis Alphonse Laveran, conseguiu observar organismos em movimento ao examinar, a fresco, o 
sangue de um paciente com malária.
Ø 1884 – Gerhardt conseguiu reproduzir a doença a partir de transfusão de sangue infectado
Ø 1885 - Golgi e cols. descreveram o ciclo assexuado do parasito
Ø 1894, Manson, ao estudar a transmissão de Wuchereria bancrofti por mosquitos, aventou a hipótese de que os 
mesmos poderiam ser os transmissores da malária.
Ø 1897 – Ronald Ross trabalhando na Índia, descobriu oocistos no estômago de mosquitos que haviam se 
alimentado sobre um paciente malarígeno
Ø No ano seguinte, e ainda na Índia, Ross conseguiu transmitir a malária aviária, passando o plasmódio de ave a 
ave através de um mosquito do gênero Culex.
Ø Esses estudos permitiram que os pesquisadores italianos Grassi, Bastianelli e Bignami, em 1898 e 1899, tivessem 
a glória de descobrir o desenvolvimento completo das três espécies de plasmódio humano em anofelinos.
1955- Programa de Erradicação da Malária
His
tóri
co
Apesar de an*ga, a malária con*nua sendo um dos principais problemas de 
saúde pública no mundo.
300-500 milhões/ano
1.7 - 2.4 milhões óbitos/ano
crianças menores de 5 anos
40% população mundial
Bagre é um dos casos mais agudos de um fenômeno
que a2nge todo o Brasil, par2cularmente a
Amazônia. Em 2017, o número de casos de malária
subiu 50% no país, chegando a 194 mil ocorrências.
O crescimento ocorreu depois de seis anos de queda
- em 2016, o Brasil registrou o menor número de
casos em 37 anos, o que foi visto como um grande
sucesso no combate à doença.
Mas, em maio do ano passado, o cenário mudou: a
malária voltou a crescer. O pico do aumento ocorreu
em setembro, quando o número de casos dobrou
em relação ao mesmo mês do ano anterior. Este ano,
a alta con2nua. Em fevereiro, o úl2mo mês com
dados disponíveis, o aumento era de 48% em
comparação com um ano antes.
P. vivax principal forma no Brasil
AGENTE ETIOLÓGICO
Filo: Apicomplexa, 
Família: Plasmodiidae
Gênero: Plasmodium
Espécies:
• Plasmodium falciparum – febre terçã maligna (36 a 48hs)
• P. vivax – febre terçã benigna (a cada 48hrs)
• P. malariae – febre quartã
• P. ovale – febre terçã benigna
O gênero Anopheles compreende insetos
pertencentes à família Culicidae,
apresentando a denominação geral de
pernilongos. Os insetos adultos medem
entre 6 e 15 mm. São os transmissores da
malária.
Os mosquitos deste gênero têm grande
importância médica por serem os principais
vetores de Plasmodium, protozoário
causador da malária, e da filaríase linfática
porWuchereria bancrofti.
Ciclo biológico dos plasmódios humanos
Hospedeiro Vertebrado - Humanos
Esporozoítos
Trofozoítos pré-eritrocí0cos
Reprodução: esquizogonia
Merozoítos
Esporozoítos: motilidade relacionada a
reorientação de proteínas na superfície do
parasito, como é o caso das proteínas
circum-esporozoíto (CS) e da proteína
adesiva relacionada com a trombospondina
(TRAP), essenciais para a invasão das
células hospedeiras.
Fase pré eritrocítica ou 
tissular
Esquizontes
Trofozoítos jovens
Esquizontes
merozoítos
Gametócitos
Ciclo sexuado: esporogônico
Fase eritrocítica
oocisto
A interação dos merozoítos com o eritrócito envolve o reconhecimento de receptores 
específicos. Para o P. falciparum, o principal receptor são as glicoforinas (glicoproteínas 
presentes no eritrócito) e para o P. vivax, a glicoproteína do grupo sanguíneo Duffy. Além 
disso, o P. vivax invade apenas reDculócitos, enquanto o P. falciparum invade hemácias de 
todas as idades. Já o P. malariae invade preferencialmente hemácias maduras.
Nas infecções por P. vivax e P. ovale, o mosquito vetor inocula populações 
geneticamente distintas de esporozoítos: algumas se desenvolvem rapidamente, 
enquanto outras ficam em estado de latência no hepatócito, sendo por isso denominadas 
hipnozoítos (o grego hypnos, sono).
Transmissão
- Anofelinos
- Apesar de infrequente, a infecção malárica pode ser transmi8da acidentalmente, como 
resultado de transfusão sanguínea, compar8lhamento de seringas contaminadas e
acidentes em laboratório
Morfologia
Esporozoíto
- Alongado
- Mede cerca de 11µm de comprimento por 1µm de largura,
- Núcleo central único
- Sua membrana é formada por duas camadas sendo a mais
externa formada principalmente pela proteína circum-
esporozoíto CS
Esquizogonia
Moléculas da superfície da hemácia 
servem de receptores para ligantes 
presentes no merozoíta
Trofozoíto
Imunidade
Resistência inata
inerente do hospedeiro e independe de qualquer contato prévio com o parasito
Fatores do hospedeiro
Ø Ausência de receptores específicos na superfície dos eritrócitos impede a interação dos merozoítos
Ex: algumas populações negras africanas não possuem o antígeno do grupo sanguíneo Duffy
P. falciparum Anemia falciforme
Indivíduos heterozigotos que apresentam o traço falciforme 
(HbAS) são protegidos e apresentam vantagens seletivas sobre 
indivíduos homozigotos (HbAA), que podem se infectar e vir a 
morrer de malária.
• Apenas o ciclo eritrocí.co é responsável pelas manifestações clínica e patologia
da malária;
• A destruição dos eritrócitos e a conseqüente liberação dos parasitos e de seus
metabólitos na circulação provocam uma resposta do hospedeiro;
• Os possíveis mecanismos determinantes das diferentes formas clínicas da doença
baseiam-se:
• Destruição dos eritrócitos parasitados;
• Toxicidade resultante da liberação de citocinas;
• Seqüestro dos eritrócitos parasitados na rede capilar, no caso específico do P. falciparum.
DESTRUIÇÃO DOS ERITRÓCITOS PARASITADOS
• Está presente em todos os tipos de malária
e em maior ou menor grau participam do
desenvolvimento da anemia.
• Anemia não se correlaciona com a
parasitemia
• destruição de eritrócitos não-parasitados pelo
sistema imune ou por aumento da
eritrofagocitose esplênica;
• participação de auto-anticorpos com afinidades
tanto para o parasito como para o eritrócito;
• disfunção da medula óssea estimulada por ação
de citocinas (diseritropoiese).
Toxicidade resultante da liberação de 
citocinas
• Ativação e mobilização de células imunocompetentes è citocinas
que agirão direta ou indiretamente sobre o parasito,
• Febre 
Liberação de citocinas (Fator de necrose tumoral, IL6,IL7, IL8) 
Hemozoína e proteínas liberadas pelo esquizonte
Sistema monocítico/macrofágico
Seqüestro dos eritrócitos parasitados na rede 
capilar
• P. falciparum = alterações na super-cie da célula parasitada para 
permi3r sua adesão a parede endotelial dos capilares
Quadro clínico
• Fase sintomá,ca inicial caracterizada por cefaleia, mal estar, cansaço 
e mialgia.
• Ataque paroxís,co agudo (acesso malárico) = calafrio, febre e 
sudorese
- P.vivax e P.ovale - acessos em dias alternados, 48 em 48 horas
- P. malariae - os acessos se repetem cada 72 horas
- P. falciparum - com intervalos de 36 a 48 horas, por vezes com febre ininterrupta.
Malária não complicada
• os acessos maláricos são acompanhados de intensa debilidade 3sica, 
náuseas e vômitos;
• Ao exame 3sico, o paciente apresenta-se pálido e com baço palpável.
Malária grave e complicada
• P. falciparum
• A hipoglicemia, o aparecimento de convulsões, vomitos repe6dos, 
hiperpirexia, icterícia e distúrbio da consciência são indicadores de 
pior prognós6co e podem preceder as seguintes formas clínicas da 
malária grave e complicada:
• Malária cerebral;
• Insuficiência renal aguda;
• Edema pulmonar agudo;
• Hipoglicemia;
• Icterícia;
• Hemoglobinúria
Diagnós(co
• O diagnóstico de certeza da infecção malárica só é possível pela
demonstração do parasito, ou de antígenos relacionados,no sangue
periférico do paciente.
• A OMS, em suas orientações atuais para o controle da malária no
mundo, preconiza tanto o diagnóstico clínico quanto o diagnóstico
laboratorial como norteadores da terapêutica da doença.
• Diagnós(co clínico: Em situações de epidemia e em áreas de di9cil
acesso da população aos serviços de saúde, indivíduos com febre são
considerados portadores de malária.
• Diagnós(co Laboratorial: tradicional pesquisa do parasito no sangue 
periférico, seja pelo método da gota espessa, ou pelo esfregaço 
sanguíneo
+ = 1- 10 parasitos por 100 campos de gota espessa
++ = 11 - 100 parasitos por 100 campos de gota espessa
+++ = 1-10 parasitos por campo de gota espessa
++++= mais de 10 parasitos por campo de gota espessa
Plasmodium falciparum
• Trofozoíto jovem: em forma de pequeno anel ou
às vezes aberto, formando vírgulas, regulares,
ligadas a uma, duas e até três pequenas massas
de croma;na. Ausência de pigmento malárico.
• Trofozoíto maduro (forma rara): compacto, com
aspecto sólido, sem vacúolo ou com pequeno
vacúolo
• Esquizonte: redondo e de tamanho variado.
Apresenta duas ou mais massas de croma;na e
massa única de pigmento malárico.
• O gametócito, em forma de “banana”,
“crescente” ou “salsicha”, é considerado Gpico
dessa espécie.
• Trofozoíto jovem: em forma de anéis pequenos, às vezes
abertos, mostrando apenas uma massa de cromatina
(raramente duas).
• Trofozoíto maduro: grande, amebóide e com vacúolo
presente. Grânulos finos de pigmento malárico escuro no
citoplasma, geralmente identificados como formas
irregulares.
• Esquizonte: grande, redondo e com menos de 12 núcleos
quando ainda jovem. Grânulos de pigmento fino, escuro e
difuso pelo citoplasma. Quando maduro, apresenta 12 a
24 merozoítos irregularmente arranjados. Grânulos de
pigmento malárico visualizado, às vezes, como pequena
massa escura numa parte do citoplasma.
• Gametócito: redondo ou oval, com única massa de
cromatina triangular ou redonda, tamanho variável.
Pigmento malárico fino, difuso e escuro sobre o
citoplasma. As formas mais evoluídas podem ser maiores
que o microlinfócito
Plasmodium vivax
• Trofozoíto: pequeno, redondo e compacto. Anéis de
forma regular, com croma8na rela8vamente grande.
Pigmento malárico mais evidente nas formas mais
compactas. Quando maduro, apresenta massa de
croma8na maior e grânulos grossos e escuros de
pigmento malárico.
• Esquizonte: quando jovem, apresenta menos de 8
núcleos, sem citoplasma evidente. Grânulos de pigmento
malárico grossos, sem formação de massa compacta.
Quando maduro, tem de 8 a 12 merozoítos, às vezes em
torno de uma massa compacta e escura de pigmento
malárico. Os núcleos podem aparecer bem separados,
sem citoplasma e espalhados de modo irregular.
• Gametócito: semelhante ao trofozoíto maduro. Massa
grande de croma8na, forma compacta, regular e
bastante pigmento malárico grosso e escuro.
Plasmodium malariae
• Trofozoíto: quando jovem, pode parecer-se com o
trofozoíto do P. vivax ou do P. malariae. Possui anéis
com citoplasma compacto, podendo apresentar
vacúolo. Quando maduro, apresenta-se redondo, com
massa de croma>na de tamanho variável. Pigmento
malárico escuro, porém mais claro que o de P. vivax e
P. malariae.
• Esquizonte: com aproximadamente 6 a 8 merozoítos,
distribuídos irregularmente ou em torno de uma
massa compacta e escura de pigmento malárico, em
aspecto de rosácea, semelhante ao do P. malariae.
• Gametócito: redondo ou oval, com única massa
grande de croma>na. Grânulos de pigmento escuro.
Plasmodium ovale
O tratamento da malária visa à interrupção da esquizogonia sanguínea, é 
também objetivo da terapêutica proporcionar a erradicação de formas 
latentes do parasito no ciclo tecidual (hipnozoítos) das espécies P. vivax e 
P. ovale, evitando assim as recaídas tardias.
P. vivax e P. ovale – cloroquina e para uma cura completa u/liza-se um
esquizon/cida tecidual, primaquina.
Pelo seu rápido metabolismo no figado, as doses terapêu/cas desse medicamento
precisam ser repe/das durante sete ou 14 dias para o sucesso terapêu/co.
P. falciparum – resistente a cloroquina
1ª escolha: quinina + doxiciclina
Mefloquina
Artemisinina
Descreva o ciclo de vida do Plasmodium

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