Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIA DEPARTAMENTO DE GEOGRAFIA DISCIPLINA DE GEOMORFOLOGIA CLIMÁTICA DOCENTE: PROF. DR. ANTÔNIO JEOVAH DE ANDRADE MEIRELES Discente: ALANA SALES NECO - 429992 Domínios geomorfológicos do Ceará FORTALEZA 2019 ALANA SALES NECO - 429992 Domínios geomorfológicos do Ceará Relatório apresentado ao Prof. Dr. Antônio Jeovah de Andrade Meireles, docente da disciplina de geomorfologia climática, do curso de Geografia da Universidade Federal do Ceará, tendo como objetivo a obtenção de nota para a avaliação na disciplina. FORTALEZA 2019 Na busca da compreensão das paisagens cearenses faz-se necessário, segundo LIMA (2015), a análise das feições geomórficas e dos processos responsáveis pela sua evolução são fundamentais para a compreensão da configuração atual da paisagem que, em última análise, se apresenta também como o saldo das transformações pretéritas. Com isso o presente trabalho terá por finalidade a análise dos domínios geomorfológicos do Estado de Ceará, embasado em literaturas que discorrem a respeito da temática. Logo para a compreensão do território cearense é necessário uma adendo a evolução do Nordeste brasileiro, visto que os processos do mesmo exercessem grandes impactos na estruturação morfológica do Ceará e conseguinte aos seus domínios geomorfológicos. Nisso, entende-se segundo MAIA & BEZERRA (2014) que a geomorfologia do Nordeste brasileiro é notadamente marcada por estruturas deformacionais dúcteis e rúpteis impressas no embasamento cristalino pré-cambriano. Essas estruturas são representadas por um conjunto de morfologias desenvolvidas em zonas de falhas herdadas da estruturação pré-cambriana. Em termos genéticos essa estruturação se inicia a partir da orogênese Brasiliana no Neoproterozóico (BRITO NEVES, 1999) e na Tectônica Cretácea que culminou com a separação do megacontinente Pangea (PEULVAST E CLAUDINO SALES, 2003). logo, temos em grande porção do território cearense a predominância de embasamentos cristalinos, o que acaba por ter influência em seus solos e na morfologias dos relevos, tendo em maiorias serras de maciços residuais como as do maciço de Baturité. Do ponto de vista clássico a bibliografia acerca da evolução geomorfológica do Nordeste brasileiro baseou-se na adaptação do modelo de King (1956). Nessa linha, os trabalhos de Ab’ Sáber e Bigarella (1961), Bigarella (1994, 2003), Andrade e Lins (1965), Mabesoone e Castro (1975), entre outros, basearam-se na ocorrência de epirogenias pós-cretáceas, acompanhadas por fases de dissecação e pediplanação ocorridas em climas secos. Estes autores reconheceram a existência de várias superfícies escalonadas, resultantes de fases de aplainamento decorrentes de processos erosivos, dados a partir do soerguimento de um núcleo continental. De acordo com esses trabalhos, as sequências sedimentares do Mesozóico e do Cenozóico seriam o resultado de erosão decorrente do soerguimento e, consequentemente, rebaixamento do nível de base regional (MAIA & BEZERRA, 2014) Assim, a partir de um soerguimento de origem poligênica, seriam desencadeados os processos de erosão linear seccionando os vales fluviais. Tal processo originária vertentes que, submetidas à aridez, recuaram lateralmente mantendo sua altimetria, interpretada como paleo superfície (MAIA; BEZERRA; SALES, 2010), como pode ser vislumbrado na Cuesta/Glint da Ibiapaba, cuja sua formação anterior pertencia a Formação Serra Grande, na qual após sofrer processos erosivos citados acima e processos tectônicos, foi-se “afastando”, acometendo-se do processo de recuo das vertentes e com isso deixou algumas digitais em seu rastro como a Serra da Meruoca, localizada nos municípios de Meruoca, Coreaú, Alcântaras, Massapê e Sobral, e tendo como resultante a formação da Depressão Sertaneja cearense. O papel da tectônica seria evidenciado no sentido de promover as variações dos níveis de base, induzindo à dissecação. O modelo baseia-se na interpretação de morfoestruturas como produtos de períodos alternantes de soerguimento (acarretando dissecação) e estabilização (resultando superfícies de aplainamento regionais). Nesse contexto, os terraços, as superfícies de aplainamento e os depósitos correlativos seriam fonte de dados essenciais para a análise geomorfológica dos depósitos correlatos derivados da evolução das superfícies de aplainamento do Nordeste são afossilíferos, tornando-se mais difícil estabelecer sua exata cronologia. (MAIA; BEZERRA; SALES, 2010) Com isso, é possível afirmar Segundo MATOS, 1992 evolução dos eventos geológicos, que configuram na atual evolução geomorfológica do estado do Ceará, está fortemente associada ao processo de abertura do Atlântico Equatorial durante o Cretáceo sendo datado do período Aptiano, entre 125 e 110 milhões de anos, num sistema de falhamentos transcorrentes e instalação de bacias sedimentares em pequenos ou grandes rifts abortados (pull-apart basins), tais como as bacias do Araripe, Potiguar, Iguatu e Icó, implantados sobre o Escudo Pré-Cambriano das Faixas de Dobramento Nordestinas (PEULVAST et al., 2008 apud BRANDÃO & FREITAS, 2014). Compreendendo tais processos explanados acima é coerente assinalar que no processo de formação estrutural do Estado do Ceará ocorreu diversas transformações na qual influenciaram na geomorfologia atual do estado cearense, entendendo isso, será pontuado a seguir os principais domínios geomorfológicos existentes no Ceará. A Planície Costeira do Ceará Abrange uma estreita, mais extensa franja ao longo do litoral cearense, invariavelmente posicionada entre a linha de costa e os Tabuleiros Costeiros. Por vezes, esses tabuleiros atingem o litoral, formando falésias de grande beleza cênica e desnivelamentos superiores a 25 metros, com especial ênfase às diferentes colorações apresentadas pelos sedimentos do Grupo Barreiras (que variam entre branco, amarelo, laranja, vermelho e ocre), marca registrada de localidades de grande apelo turístico, como Canoa Quebrada e Morro Branco (...) Denominada de “costa semiárida” por MABESOONE (1978) ocorre um amplo predomínio de formas de relevo derivadas de processos eólicos (dunas móveis, junto à linha de costa e dunas fixas e vegetadas, à sua retaguarda), apresentando uma largura média entre 5 e 10 km (SOUZA et al., 1979 apud BRANDÃO & FREITAS, 2014). Os tabuleiros do Grupo Barreiras consistem de formas de relevo tabulares, de extensos topos planos, esculpidas em rochas sedimentares, em geral pouco litificadas, com predomínio de processos de pedogênese e formação de solos espessos e bem drenados, com baixa suscetibilidade à erosão nas áreas de topo e moderada a forte nas vertentes. Apenas a oeste de Camocim e estendendo-se pelo litoral do Piauí, os tabuleiros encontram-se mais dissecados, francamente entalhados por uma rede de canais de moderada densidade de drenagem. Esta unidade está compreendida, junto ao litoral, pelas planícies costeiras e, em direção ao interior, pelas superfícies aplainadas da Depressão Sertaneja. Frequentemente, o contato entre os tabuleiros e os pediplanos adjacentes ocorre por meio de pequenos degraus erosivos, provenientes de remoção progressiva do capeamento sedimentar (BRANDÃO & FREITAS, 2014). Os tabuleiros costeiros representam, portanto, antigas superfícies deposicionais apresentando gradientes extremamente suaves em direção à linha de costa. Estas formas de relevo encontram-se dissecadas por uma rede de canais de baixa densidade de drenagem e padrão dendrítico, formando vales rasos e encaixados em “U” de, no máximo, 20 metros de desnivelamento. Em direção ao interior, estes tabuleiros apresentam-se fragmentados em meio às superfícies cristalinas da Depressão Sertaneja, devido à remoção parcial deste capeamento sedimentar. Este fato sugere uma abrangência original significativamente mais ampla e contínua da cobertura do Grupo Barreiras, que se estendeu por várias dezenas de quilômetros adentro do territóriocearense, podendo ter alcançado o sopé do maciço do Baturité, como exemplo (BRANDÃO & FREITAS, 2014). A Depressão Sertaneja, que baseada nos estudos de BRANDÃO & FREITAS (2014), no qual, optou-se por subdividir a unidade geomorfológica Depressão Sertaneja no estado do Ceará em duas subunidades: Depressão Sertaneja I e Depressão Sertaneja II. Tal proposta reflete a necessidade de distinguir dois padrões morfológicos distintos de superfícies aplainadas regionais e em patamares altimétricos diferenciados. Segundo a denominação proposta pelo IBGE (1995), as superfícies aplainadas do estado do Ceará foram subdivididas em Depressão Sertaneja e Planalto Sertanejo. (BRANDÃO & FREITAS, 2014). Em termos gerais, a Depressão Sertaneja, no estado do Ceará está delimitada, a oeste, pela chapada da Ibiapaba; a leste, pela chapada do Apodi e pelo maciço residual de Pereiro; e a sul, pela chapada do Araripe. Ressaltam-se ainda, a ocorrência de diversos maciços residuais cristalinos que se destacam topograficamente em meio às planuras semiáridas. As condições de denudação e esculturação do relevo sob clima semiárido ao longo do Cenozóico exibem um modelo de evolução do relevo muito similar ao preconizado por KING (1953, 1956), onde se destacam processos de recuo lateral das vertentes, sendo estas demarcadas por escarpas erosivas e elaboração de pedimentos detríticos e pediplanos, além de feições residuais constituídas, invariavelmente, por rochas mais resistentes ao intemperismo e à erosão – os inselbergs – tais como os notáveis monólitos de Quixadá (BRANDÃO & FREITAS, 2014). O Domínio do embasamento cristalino, que representam um conjunto de maciços montanhosos sobrelevados em meio ao piso regional de cotas baixas, determinado pelas superfícies de aplainamento que compõem a Depressão Sertaneja. Configuram-se por imponentes relevos residuais de grandes dimensões, que atingem cotas elevadas (apresentando altitudes variadas, entre 600 e 1.100 metros) sendo que, geralmente, estas formações montanhosas, geradas por processos de erosão diferencial estão sustentadas por rochas graníticas e quartzíticas, via de regra, mais resistentes ao intemperismo e à erosão, em relação ao embasamento cristalino circundante nas superfícies aplainadas. Em diversos casos, esses maciços residuais apresentam topos ou cimeiras de relevo colinoso (tais como os maciços de Baturité e da Meruoca) o que sugere a pré-existência de antigas superfícies planálticas mais vastas que as atuais. (BRANDÃO & FREITAS, 2014). Com isso é possível perceber a variedade estrutural no Ceará, resultado de processos antigos e atuais e que ainda se dinamiza com o passar do tempo, se faz necessário pontuar que, apesar dos diversos domínios o Ceará também possui uma variedade de solos que conjunto os domínios geomorfológicos completam a geodiversidade cearense, outro adendo que se faz importante é a influência climática que modela os relevos e contribuem para o ciclo de transformações geomorfológicas cearenses. REFERÊNCIAS: BRANDÃO, Ricardo de Lima, & FREITAS, Luis Carlos Bastos. Geodiversidade do Estado do Ceará-Programa Geologia do Brasil Levantamento da Geodiversidade. Revista geológica Brasil, 40-58, 2014. DE LIMA, Flávia Jorge. Evolução geomorfológica e reconstrução paleoambiental do setor subúmido do Planalto Sedimentar do Araripe: um estudo a partir dos depósitos coluviais localizados nos municípios de Crato e Barbalha-Ceará. 2015. MAIA, Rubson Pinheiro & Bezerra, Francisco Hilário Rego.Condicionamento estrutural do relevo no Nordeste setentrional brasileiro. Mercator-Revista de Geografia da UFC, 13(1), 127-141.2014. MAIA, Rubson Pinheiro; BEZERRA, Francisco Hilário Rego & SALES, Vanda Claudino. (2010). Geomorfologia do Nordeste: concepções clássicas e atuais acerca das superfícies de aplainamento nordestinas. Revista de Geografia (Recife), 27(1. Esp), 6-19.
Compartilhar