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ARTIGO Do Código Buzaid ao novo Código de Processo Civil - RPro

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Prévia do material em texto

2017	-	03	-	03
Revista	de	Processo
2015
REPRO	VOL.	246	(AGOSTO	2015)
HISTÓRIA	DO	DIREITO
História	do	Direito
1.	Do	Código	Buzaid	ao	novo	Código	de	Processo	Civil:	uma
análise	das	influências	culturais	sofridas	por	ambas	as
codificações
From	the	Buzaid	Code	to	the	new	Procedure	Civil	Code:	an
analysis	of	the	cultural	influences	of	the	both	codings
CAMILA	NUNES
Mestranda	em	Direito	pela	UFRGS.	Membro	do	Grupo	de	Pesquisa	CNPQ	Mercosul	e	Direito	do	Consumidor	-	UFRGS.
Bolsista	Capes.	mendes.nunes@ufrgs.br
Sumário:
1.	Introdução
2.	Breve	apanhado	histórico:	o	direito	processual	como	ciência
3.	O	Código	Buzaid:	análise	de	seu	aspecto	cultural,	sob	a	perspectiva	da	fase	metodológica	em	que
nasceu
4.	O	novo	Código:	o	contexto	social	de	seu	nascimento
5.	A	influência	dos	aspectos	culturais	na	estruturação	do	direito	processual	civil:	principais	mudanças	e
críticas
6.	Considerações	finais
7.	Referências	bibliográficas
Área	do	Direito:	Processual
Resumo:
Com	a	aprovação	do	novo	Código	de	Processo	Civil,	faz-se	necessário	o	estudo	do	novo	regramento	introduzido
no	sistema	processual	brasileiro.	Nessa	linha,	o	presente	artigo	destina-se	ao	estudo	comparativo	dos	aspectos
culturais	do	Código	de	Processo	Civil	de	1973	e	a	novel	legislação.	Sob	uma	perspectiva	histórica,	analisa-se	o
contexto	cultural	em	que	nasceram	as	codificações,	para	avaliar	as	ideias	em	que	se	basearam,	entender	seus
contornos	atuais,	e	desvelar	o	que	poderá	mudar	com	a	nova	legislação	processual	civil.
Abstract:
With	the	approval	of	the	new	Code	of	Civil	Procedure,	it	is	necessary	the	research	of	the	new	law	introduced	in
the	Brazilian	procedure	system.	In	this	perspective,	this	article	aims	to	the	comparative	analysis	of	the	cultural
aspects	of	Civil	Procedure	Code	of	1973	and	the	new	the	code.	Under	a	historical	perspective,	we	will	do	the
analysis	 the	cultural	 context	 that	 the	codes	was	born,	 to	 identify	 the	basic	 ideas,	 to	understand	 the	current
contours,	and	to	discover	what	can	change	with	the	new	civil	procedure	system.
Palavra	Chave:	Processo	-	Código	Buzaid	-	Novo	Código	-	Comparação	-	Aspectos	culturais.
Keywords:	Procedure	-	Buzaid	Code	-	New	Code	-	Comparison	-	Cultural	aspects.
Recebido	em:	02.04.2015
Aprovado	em:	30.07.2015
1.	Introdução
Entra	em	vigor,	em	março	de	2016,	a	Lei	13.105, 1	de	16.03.2015,	o	novo	Código	de	Processo	Civil	brasileiro.	É	o
momento,	 pois,	 de	 se	 estudar	 e	 aprofundar	o	novo	 regramento.	 E,	 assim,	 faz-se	 relevante,	 para	um	correto
entendimento	da	matéria,	um	estudo	comparativo	entre	o	Código	antigo	e	o	novo	Código.
É	por	 isso	que	o	presente	artigo	destina-se	ao	estudo	comparativo	dos	aspectos	culturais	dos	dois	códigos,	o
que	 certamente	 poderá	 embasar	 o	 entendimento	 de	 toda	 a	 análise	 mais	 aprofundada	 sobre	 o	 novel
regramento.
Em	sede	de	 introdução,	 importante	esclarecer,	as	denominações	que	serão	utilizadas	no	decorrer	do	artigo.
Para	 se	 fazer	 referência	 ao	Código	de	 Processo	Civil	 de	 1973,	 proposto	 por	Alfredo	Buzaid,	 será	utilizada	 a
expressão	Código	Buzaid. 2	O	Código	aprovado	em	dezembro	de	2014,	e	 sancionado	em	março	de	2015,	 será
chamado	aqui	de	novo	Código.
Inicialmente,	será	realizado	no	presente	estudo	uma	apanhado	histórico,	para	se	ter	claro	o	momento	em	que
o	processo	civil	surge	como	ciência	autônoma.	Após	tal	abordagem,	intenta-se	analisar	os	aspectos	culturais	de
ambos	os	Códigos,	examinando,	assim,	em	que	contexto	cultural	nasceram,	um	do	século	XIX	e	outro	do	século
XXI,	para	que	se	possa	entender	a	essência	do	sistema	por	eles	inserido.
Essa	análise	histórica	se	reveste	de	fundamental	importância, 3	pois	o	direito	processual	é	fenômeno	cultural,
e	 não	 meramente	 técnico,	 sendo	 que,	 para	 que	 se	 possa	 compreendê-lo	 de	 forma	 adequada	 e	 sólida,	 são
impositivas	aproximações	históricas. 4
Não	há	dúvidas	que	o	direito	se	relaciona	intimamente	com	a	cultura	da	sociedade,	e,	como	salienta,	Daniel
Mitidiero	“se	encontra	intimamente	imbricado	com	a	experiência	e	a	cultura	do	povo”. 5
O	direito	caminha	e	evolui	com	a	sociedade,	devendo	ser	compreendido	de	acordo	com	o	contexto	social	em
que	 está	 inserido.	 Resta	 indagar	 se	 também	assim	deve	 ser	 compreendido	 o	 processo	 civil.	 Se	 o	 processo	 é
instrumento	 do	 direito	 material,	 seria	 correto	 afirmar	 que	 ele	 também	 não	 é	 estático?	 Será	 que	 sofre	 as
influências	culturais	da	sociedade?
São	indagações	que	se	pretende	responder	ao	longo	desse	artigo,	tomando-se	como	ponto	de	partida	o	estudo
comparativo	 entre	 o	 Código	 Buzaid	 e	 o	 novo	 Código.	 A	 partir	 dessa	 comparação,	 será	 possível	 avaliar	 se
realmente	o	processo	sofreu	influência	da	evolução	da	sociedade.
Faz-se,	assim,	a	indagação:	em	que	contexto	social	os	códigos	aqui	analisados	foram	criados?	Em	que	ideias	se
basearam?	Para	entender	os	contornos	atuais	de	tais	codificações,	são	muito	importantes	tais	análises.
Ao	fim,	pretende-se	analisar	as	influências	sofridas	pelas	codificações,	para	explicar	o	que	muda	com	o	passar
do	 tempo	 na	 ciência	 processual.	 A	 começar	 pelos	 aspectos	 estruturais	 dos	 regramentos,	 procurando-se
responder	se	os	aspectos	culturais	 têm	influência	sobre	a	estrutura	da	normativa,	 indo	até	as	 tendências	da
ciência	processual:	o	que	se	espera	a	partir	de	agora?
A	 partir	 desses	 questionamentos,	 pretende-se,	 ao	 final,	 identificar	 as	 mudanças	 inseridas	 no	 sistema
processual	brasileiro	com	o	novo	Código.
μμ_j7vi:S:J2.	Breve	apanhado	histórico:	o	direito	processual	como	ciência
Historicamente,	 pode-se	 colher	 do	 caminho	 percorrido	 pelo	 direito	 processual	 civil,	 a	 existência	 de	 quatro
fases	 metodológicas	 (diferentes	 maneiras	 de	 compreender	 o	 processo	 civil):	 praxismo,	 processualismo,
instrumentalismo	e	 formalismo-valorativo.	Através	dessa	análise	histórica	 (da	ciência	processual)	é	possível
abordar	a	relação	entre	processo	civil	e	cultura, 6	por	isso	a	relevância	ao	presente	estudo.
O	praxismo	é	apontado	como	a	pré-história	do	processo	civil,	ou	seja,	considerado	tudo	o	que	existia	antes	de
seu	 surgimento	 como	ciência.	Como	marco	 cronológico,	 essa	 fase	vai	 até	a	 segunda	metade	do	 século	XIX. 7
Nessa	época,	adotava-se	uma	postura	metodológica	 sincrética,	que	via	o	processo	 civil	 como	algo	acessório,
que	só	existia	em	razão	e	se	ligado	ao	direito	material.	Os	conhecimentos	eram	empíricos,	não	havia	método
definido.	O	processo	era	visto	como	mero	procedimento,	conjunto	de	atos,	a	realidade	física	exterior	possível
de	 se	 ver. 8	 Em	 resumo,	 no	 praxismo,	 estudava-se	 apenas	 os	 aspectos	 práticos	 do	 processo,	 sem	 maiores
preocupações	 científicas. 9	 O	 processo	 era	 acessório	 do	 direito	 material,	 sendo	 praxe	 dos	 doutrinadores
tratarem	do	processo	apenas	ao	final	de	exposições	sobre	direito	material. 10
O	processualismo,	movimento	cultural	da	idade	moderna	no	processo	civil,	surge	após	o	praxismo,	e	tem	como
mote	maior	a	“tecnicização	do	direito	e	a	despolitização	de	seus	operadores”, 11	como	ensina	Daniel	Mitidiero.
Assim,	predominava	a	técnica,	preocupava-se	com	a	“construção	dogmática	das	bases	científicas	dos	institutos
processuais”. 12	Utilizava-se	do	método	científico	ou	autonomista,	com	a	ideia	de	retirar	do	estudo	do	processo
civil	 qualquer	 ligação	 com	 o	 direito	material.	 Aqui,	 o	 processo	 civil	 ganha	 caráter	 eminentemente	 técnico,
totalmente	 desvinculado	 de	 valores	 e	 anseios	 culturais. 13	 Com	 o	 desenvolvimento	 científico	 de	 categorias
jurídicas,	demarcaram-se,	pois,	as	fronteiras	entre	direito	processual	e	material. 14
É,	pois,	no	processualismo	que	o	direito	processual	surge	como	ciência.	Sua	origem	tem	raízes	na	Alemanha,
onde	nasceu,	no	final	do	século	XIX, 15	sob	forte	influência	do	direito	romano	clássico. 16	Oscar	Bülow	publica,
nesse	período,	sua	obra	clássica	Die	Lehre	von	den	Processeinreden	und	die	Processvoraussetzungen	(1868).	Em
seu	estudo	Bülow,	busca	embasar	a	separação	do	direito	processual	do	direito	material,	considerandoque	o
processo	poderia	existir	sem	o	direito	material,	e	vice-versa,	desde	que	atendesse	requisitos	próprios	de	cada
uma	dessas	relações	jurídicas	(os	chamados	pressupostos	processuais). 17
Assim,	a	obra	de	Bülow	é	considerada	marco	para	a	caracterização	do	processo	como	ciência	autônoma	frente
à	relação	de	direito	material,	com	objeto	próprio,	qual	seja	a	prestação	da	tutela	jurisdicional. 18	Surge	assim	a
ideia	de	independência	do	direito	processual	em	relação	ao	direito	material.
Como	 era	 próprio	 da	 pandectística, 19	 Bülow	 tenta	 promover	 a	 construção	 de	 conceitos	 jurídicos	 sem
influência	 das	 questões	 culturais.	 Assim,	 Bülow	 buscava	 promover	 uma	 dupla	 purificação:	 primeiro,	 um
refinamento	conceitual	que	retirasse	do	conceito	do	objeto	de	sua	pesquisa	tudo	o	que	não	fosse	estritamente
jurídico	 –	 ideia	 de	 direito	 processual	 atemporal;	 segundo,	 retirar	 do	 estudo	 do	 processo	 toda	 e	 qualquer
referência	ao	direito	material. 20
Dessa	 forma,	 é	 nesse	momento	histórico,	 final	 do	 século	XIX,	 que	 é	 reconhecida	 a	 autonomia	 da	 ação	 com
relação	ao	direito	material	e	também	ganha	reconhecimento	a	relação	jurídica	processual	em	face	do	direito
material,	pois	a	relação	jurídica	processual	difere	em	seus	sujeitos,	objeto	e	pressupostos	da	relação	de	direito
material. 21	 Define-se	 o	 objeto	 específico	 e	 se	 estabelece	 o	 método	 próprio	 do	 direito	 processual.
Anteriormente,	 ele	 era	 visto	 como	 mero	 apêndice	 do	 direito	 privado, 22	 sem	 vida	 própria,	 mero	 adjetivo,
sempre	 dependente	 da	 existência	 do	 direito	 material	 para	 existir. 23	 A	 partir	 de	 agora,	 o	 processo	 é
reconhecido	como	ciência	autônoma.
Todavia,	 essa	 absoluta	 separação	 do	 direito	material	 do	 processo	 gerou	 problemas:	 comprometeu	uma	das
finalidades	 do	 processo,	 qual	 seja	 de	 servir	 à	 realização	 do	 direito	material	 com	 justiça;	 e	 culminou	 num
processo	atemporal,	que	não	evoluía	junto	com	os	fatos	sociais	(uma	ciência	processual	descomprometida	com
a	cultura). 24
Viu-se	a	necessidade	de	 se	 resgatar	a	 finalidade	principal	do	processo:	 realizar	o	direito	material.	 E,	 assim,
surge	o	instrumentalismo:	o	processo	visto	como	instrumento	de	realização	do	direito	material.	O	enfoque	é
técnico,	predomina	o	direito	positivo,	ressaltando-se	apenas	a	efetividade	como	valor.	A	jurisdição	é	o	centro
da	teoria	do	processo. 25
Essa	visão	também	não	foi	suficiente.	Reduzia	o	papel	do	juiz	no	processo,	apenas	como	declarador	do	direito,
ignorando	 o	 papel	 reconstrutor	 da	 ordem	 jurídica.	 Ainda,	 ignorava	 a	 necessidade	 de	 o	 processo	 civil	 ser
pensado	na	perspectiva	dos	direitos	fundamentais,	a	partir	do	direito	constitucional	contemporâneo. 26
Dessa	forma,	na	idade	contemporânea,	identifica-se	o	movimento	cultural	denominado	formalismo-valorativo
(também	chamado	de	Neoprocessualismo 27),	destinado,	como	refere	Daniel	Mitidiero,	“a	concretizar	valores
constitucionais	no	tecido	processual”. 28
Nesse	momento,	o	processo	não	é	mais	visto	como	mera	técnica,	mas	como	fenômeno	cultural.	A	finalidade
principal	 do	 processo	 volta-se	 à	 concretização	 da	 justiça	material,	 e	 não	mais	 a	mera	 realização	 do	 direito
material.	Direitos	fundamentais	ganham	características	de	normas	principais.	O	juiz	é	cooperativo	de	acordo
com	o	modelo	de	democracia	participativa	conquistada	pelo	direito	contemporâneo. 29
E,	assim,	em	linhas	gerais	nasceu	e	cresceu	o	direito	processual	como	a	ciência	que	hoje	se	estuda.	Após	essa
análise,	passa-se	ao	estudo	do	contexto	cultural	de	nascimento	das	codificações	objeto	desse	trabalho,	podendo
agora	 identificar	 a	 que	momento	 histórico	 da	 ciência	 processual	 pertencem,	 para,	 assim,	 entender	melhor
seus	fundamentos.
3.	O	Código	Buzaid:	análise	de	seu	aspecto	cultural,	sob	a	perspectiva	da	fase	metodológica
em	que	nasceu
Como	visto,	foi	no	final	do	século	XIX,	que	o	direito	processual	civil	nasceu	como	ciência,	na	Alemanha,	tendo
na	obra	de	Oscar	Bülow	marco	inicial.	Torna-se	aí	um	ramo	autônomo	do	direito. 30
Interessa,	 neste	momento	 do	 estudo,	 identificar	 em	 que	momento	 histórico	 –	 e	 de	 que	 forma	 –	 tais	 ideias
apontam	 no	 direito	 brasileiro.	 E,	 para	 falar	 da	 história	 do	 processo	 civil	 no	 Brasil,	 os	 nomes	 dos	 mestres
europeus	Adolph	Wach,	Giuseppe	Chiovenda,	Piero	Calamandrei	e	Enrico	Tullio	Liebman,	são	de	referência
obrigatória.	Nesse	passo,	o	presente	estudo	se	utilizará	da	obra	e	pensamentos	desses	grandes	processualistas
para	traçar	a	linha	de	desenvolvimento	da	ciência	processual	no	direito	brasileiro. 31
O	reconhecimento	do	direito	processual	 como	ciência	 se	deu	no	Brasil	 através	das	mãos	do	mestre	 italiano
Enrico	Tulio	Liebman	que,	como	assevera	Alfredo	Buzaid,	 “é	o	 fundador	da	ciência	processual	brasileira”. 32
Mas	como	se	seu	esse	caminho	da	Alemanha,	onde	nasceu	com	Oscar	Bülow,	até	a	Itália?
Nesse	passo,	 imprescindível	falar	de	Adolf	Wach.	Com	sua	pesquisa,	Wach	segue	Bülow	para	a	formação	do
processualismo	 na	 Alemanha.	 Consolida	 os	 estudos	 de	 processo,	 com	 sua	 obra	 (Handbuch	 des	 Deutschn
Civilprozessrechts,	1885),	desenvolvendo	o	conceito	de	relação	jurídica	processual,	e	assim	surgem	as	funções
processuais	 distintas	 no	 plano	 do	 processo:	 conhecimento,	 execução	 e	 cautelar	 (sem	 ligação	 com	 o	 direito
material). 33	Ainda,	salienta	Chiovenda,	que	o	reconhecimento	da	autonomia	do	direito	processual	 tornou-se
completo	 com	Wach,	 em	 sua	monografia	 fundamental	 sobre	 ação	 declaratória	 (Der	 Feststellungsanspruch,
1888),	que,	pelo	ângulo	da	ação,	não	do	processo,	defende	que	a	ação	é	claramente	distinta	do	direito	do	autor
à	prestação	do	réu,	sendo	um	direito	que	se	constitui	por	si. 34
No	 início	do	 século	XX,	 influenciado	por	Wach	e	 conhecedor	do	direito	alemão,	Giuseppe	Chiovenda	 leva	à
Itália	 o	 programa	 científico	 alemão,	 valendo-se	 também	 do	 método	 histórico-dogmático,	 praticado	 pela
processualística	 alemã.	 Chiovenda	 procura	 construir	 conceitos	 puros	 e	 precisos.	 Dedica-se	 ao	 estudo	 do
processo	 de	 conhecimento,	 destinando	 à	 função	 processual	 de	 conhecimento	 um	 processo	 próprio.	 Há	 a
intenção	de	purificar	o	processo,	para	que	cada	um	contenha	apenas	a	sua	própria	função	(diferentes	funções
processuais	correspondem	a	diferentes	processos). 35
Chiovenda	acentua	 a	 autonomia	do	direito	 processual	 ao	direito	material.	O	mestre	 ensina	que	 a	 ação	 tem
estreita	relação	com	lesão	de	determinado	direito	(direito	substancial),	mas	não	se	confundem.	Consigna	que
se	trata	de	mera	conexão	(porque	a	ação	é	um	dos	direitos	que	podem	surgir	da	lesão	de	um	direito),	que	era
exagerada	 a	 ponto	 de	 haver	 confusão	 entre	 os	 dois	 conceitos,	 tratava-se	 de	 “uma	 concepção	 estritamente
privada	do	processo,	considerado	como	simples	instrumento	a	serviço	do	direito	subjetivo,	como	um	instituto
servil	ao	direito	substancial,	mesmo	como	uma	relação	de	direito	privado”. 36	E,	assim,	Chiovenda	definiu	ação
como	um	“direito	potestativo”. 37
No	desenvolvimento	do	direito	processual	na	Itália,	juntam-se	à	Chiovenda	(que	se	dedicou	principalmente	ao
processo	 de	 conhecimento),	 Piero	 Calamandrei,	 que	 estuda	 o	 processo	 cautelar,	 e	 Enrico	 Tullio	 Liebman,
dedicado	ao	processo	de	execução.	Assim,	com	a	união	dos	estudos	Chiovenda,	Calamandrei	e	Liebman,	extrai-
se	a	autonomia	dos	processos	de	conhecimento,	de	execução	e	cautelar,	propondo-se	um	esquema	padrão	para
tutela	 dos	 direitos	 com	 base	 apenas	 em	 conceitos	 processuais	 (não	 há	 qualquer	 referência	 de	 direito
material). 38
Pois	bem,	importa	saber	nesse	momento	como	tais	ideias	aportaram	no	direito	brasileiro.
Como	dito	antes,	foi	pelas	mãos	de	Enrico	Tulio	Liebman	que	tais	ideias	chegaram	ao	Brasil.	Por	volta	de	1940,
o	mestre	 chega	 ao	 Brasil,	 ficando	 até	 1946,	 tendo	 lecionado	 em	Minas	 Gerais,	 Rio	 de	 Janeiro	 e	 São	 Paulo.
Lídimo	 representante	 de	 Giuseppe	 Chiovenda,	 como	 acentua	 Alfredo	 Buzaid,Liebman	 traz	 ao	 Brasil	 o
nascimento	do	direito	processual	como	sistema	científico.	No	Rio	de	Janeiro,	em	passagem	curta,	 já	prepara
uma	 escola	 dirigida	 por	 Eliézer	 Rosa.	 Em	 São	 Paulo,	 Liebman	permaneceu	 por	mais	 tempo,	 o	 que	 foi	 uma
“dádiva	maior”,	como	ressalta	Alfredo	Buzaid.	Além	dos	ensinamentos	em	sala	de	aula	na	Faculdade	de	Direito
de	São	Paulo,	Liebman	recebia	em	casa,	aos	sábados,	um	grupo	de	estudiosos	para	discutir	temas,	após	leitura
previamente	 indicadas.	 Como	 salienta	 Alfredo	 Buzaid,	 que	 fazia	 parte	 do	 seleto	 grupo	 de	 estudantes, 39	 a
residência	“se	transforma	no	berço	do	movimento	de	renovação	científica	do	direito	processual	civil”. 40
Liebman,	 assim,	 trouxe	os	 ensinamentos	da	 ciência	 europeia,	 que	 influenciaram	 todo	o	 estudo	do	processo
civil	brasileiro,	a	ponto	de	ser	considerado	o	pai	da	ciência	processual	civil	brasileira. 41
Esse	 período	 influenciou	 diretamente	 a	 formação	 do	 Código	 Buzaid.	 Após	 vinte	 anos	 do	 magistério	 de
Liebman	no	Brasil,	do	qual	o	próprio	Alfredo	Buzaid	se	intitula	discípulo,	este	foi	convidado,	pelo	Ministro	da
Justiça,	 Dr.	 Oscar	 Pedroso	 Horta,	 a	 elaborar	 o	 Anteprojeto	 de	 Código	 de	 Processo	 Civil.	 Em	 1964,	 Buzaid
entregou	o	Anteprojeto	do	Código.	Anos	depois,	o	documento	fora	revisto	por	uma	Comissão 42	de	Juristas,	e,
em	1972,	foi	encaminhado	ao	Congresso	Nacional,	discutido	e	aprovado	nas	duas	Casas	do	Congresso,	restou
sancionado	como	a	Lei	5.869,	de	11.01.1973. 43
Nesse	 contexto,	 nota-se	 a	 forte	 influência	 da	 processualística	 alemã	 e	 italiana	 para	 a	 formação	 do	 Código
Buzaid.	 Não	 resta	 dúvida	 sobre	 essa	 constatação,	 frente	 à	 afirmação	 de	 Buzaid	 de	 que	 seu	 código	 é
considerado	“um	monumento	imperecível	de	glória	a	Liebman,	representando	o	fruto	do	seu	sábio	magistério
no	plano	da	política	legislativa”. 44
Chega-se	 aqui	 a	 um	 ponto	 chave	 do	 presente	 estudo.	 Isso	 porque,	 a	 essa	 altura,	 concluiu-se	 pela	 forte
influência	europeia	para	a	formação	do	Código	Buzaid.	Portanto,	já	se	pode	concluir	que	foi	influenciado	pelo
contexto	social	da	Europa	do	final	do	século	XIX.
Ainda,	o	Código	Buzaid	foi	elaborado	quando	em	vigor	o	Código	Civil	de	1916,	tendo,	pois,	em	conta	as	relações
sociais	e	situações	jurídico-materiais	do	Código	Civil	de	Clóvis	Beviláqua.
O	Código	Civil	de	1916	sofreu	grande	influência	do	Code	Civil	 francês	de	1804, 45	bem	como	das	Codificações
portuguesa,	espanhola	e	italiana,	e	da	doutrina	alemã	Pandectista,	e	dos	Códigos	e	projetos	alemão	e	suíço. 46
Foi	o	primeiro	Código	Civil	brasileiro,	projetado	em	1899, 47	tipicamente	oitocentista,	e	muito	criticado	por	ser
individualista,	feito	para	uma	sociedade	rural	e	conservadora,	sem	preocupação	com	questões	de	índole	social
suficiente. 48
É	 a	 época	 do	 livre	 exercício	 da	 vontade,	 da	 autonomia	 individual	 como	 dogma.	 A	 cultura	 é	 movida	 pela
propriedade	 imobiliária,	 inerente	à	produção	de	 riquezas	pelos	 fazendeiros,	que	 faziam	crescer	na	época	a
economia	nacional.	O	Código	Civil	de	1916	é	preocupado	com	o	binômio	indivídio-patrimônio,	sem	atentar	à
dignidade	da	pessoa	humana	e	seus	direitos	de	personalidade. 49
Daniel	Mitidiero	destaca	que	o	Código	Buzaid	tinha	como	característica	a	individualidade,	a	patrimonialidade
e	o	foco	em	uma	tutela	repressiva.	Destaca,	ainda,	o	que	chama	de	“valores	centrais	do	Código	Buzaid”: 50	(a)
valor	liberdade	individual:	a	execução	é	forçada,	não	é	possível	coagir	a	vontade	do	executado	para	colaborar
para	 a	 obtenção	 da	 tutela	 jurisdicional.	 Ainda,	 as	 técnicas	 processuais	 executivas	 são	 estritas	 às	 hipóteses
previstas	na	lei,	nenhuma	outra	maneira	de	agressão	à	esfera	jurídica	do	executado	pode	ser	realizada,	o	que
determina	a	não	intervenção	do	Estado	nos	domínios	do	indivíduo,	salvo	quando	expressamente	autorizado
por	 lei;	 (b)	 valor	 segurança:	 consubstanciada	 na	 garantia	 do	 status	 quo.	 O	 processo	 de	 conhecimento	 é	 de
cognição	plena	e	exauriente,	que	permite	a	decisão	apenas	após	ampla	dilação	probatória,	com	base	em	juízo
de	certeza	do	julgador.	Não	é	possível	antecipar-se	decisão	de	mérito.
Dessa	 forma,	 pode-se	 considerar	 que	 o	 Código	 Buzaid	 abarcava	 um	 sistema	 processual	 civil	 individualista,
patrimonialista,	 pensando	 a	 partir	 da	 ideia	 de	 dano	 e	 voltado	 tão	 somente	 a	 sua	 repressão,	 assim	 como
centrado	nos	valores	liberdade	e	segurança.
E	é	 importante	destacar,	por	 fim:	por	 todas	as	 influências	que	 sofreu,	o	Código	Buzaid	 inaugura,	no	direito
processual	 brasileiro,	 a	 adoção	 do	 processualismo,	 através	 de	 um	 método	 científico,	 afastando-se	 da
realidade. 51	 Assim,	 perenizou	 o	 contexto	 cultural	 do	 século	 XIX,	 em	 um	 código	 reproduzido	 no	 século	 XX:
isolou	o	direito	da	realidade	social. 52
4.	O	novo	Código:	o	contexto	social	de	seu	nascimento
Importante	 iniciar	o	ponto	referindo	que	o	novo	Código	 será	o	primeiro	Código	de	Processo	Civil	brasileiro
editado	 sob	os	auspícios	da	atual	Constituição	Federal	de	1988,	que,	 sabe-se,	 inseriu	uma	nova	 forma	de	 se
pensar	e	aplicar	o	direito	no	ordenamento	jurídico	brasileiro:	marca	a	passagem	do	Estado	Legislativo	para	o
Estado	 Constitucional. 53	 Essa	 constatação	 é	 de	 extrema	 importância	 ao	 estudo	 da	 novel	 codificação,
principalmente	para	se	entender	de	forma	plena	suas	premissas.
Em	 razão	 dessa	 constatação,	 releva	 aqui	 destacar	 brevemente	 o	 que	 significou	 a	 passagem	 do	 Estado
Legislativo	ao	Estado	Constitucional.
O	Estado	Legislativo	é	o	Estado	fundado	tão	somente	na	lei,	sendo	que	o	Estado	fundado	na	Constituição,	em
que	há	o	reconhecimento	da	força	normativa	da	Constituição,	que	é	considerada	a	principal	fonte	normativa
do	ordenamento	jurídico,	com	eficácia	imediata	e	independente,	é	o	Estado	Constitucional.	E	essa	mudança	é
uma	das	mais	importantes	características	do	pensamento	jurídico	atual. 54
Mas	importa	indagar:	quais	as	mudanças	reais	que	essa	passagem	insere	no	ordenamento	jurídico?
Para	 tal	 reflexão,	 importante	uma	 inicial	 análise	 dos	 valores	 trazidos	 pela	 Constituição	de	 1988.	 Conhecida
como	“Constituição	Cidadã”,	privilegia	uma	categoria	de	direitos	extrapatrimoniais	e	afirma	a	preponderância
do	coletivo	sobre	o	individual,	ao	incorporar	os	princípios	da	dignidade	da	pessoa	humana,	do	valor	social	do
trabalho	 e	 da	 livre	 iniciativa,	 da	 solidariedade	 social	 e	 da	 igualdade	 substancial,	 bem	 como	 ao	 incluir	 a
proteção	do	consumidor	como	uma	garantia	de	linhagem	constitucional. 55
Sua	 promulgação	 acarretou	 uma	 mudança	 de	 pensamento,	 que	 se	 volta	 à	 busca	 da	 justiça	 material	 e	 à
promoção	da	dignidade	da	pessoa	humana	nas	relações,	num	movimento	de	releitura	de	toda	ordem	jurídica
à	luz	da	Constituição, 56	para	submissão	a	seu	crivo	e	confrontação	com	seus	valores,	no	processo	chamado	de
“constitucionalização	do	direito”. 57
Fredie	Didier	 afirma	 que	 “a	 constitucionalização	 do	 direito	 processual	 é	 uma	 das	 características	 do	 direito
contemporâneo”. 58	Não	foi	diferente	no	direito	processual	civil.	As	novas	diretrizes	traçadas	pela	Constituição
Federal	de	1988	influenciam	de	forma	direta	o	processo	civil	brasileiro.	Nesse	contexto,	o	Código	Buzaid,	de
caráter	individualista	e	liberal,	já	estava	em	contradição	com	as	linhas	do	sistema	constitucional	brasileiro. 59
Com	essa	base,	consegue-se	identificar	a	mudança	de	orientação	de	todo	o	sistema	jurídico	impulsionada	pela
Constituição	 de	 1988.	Necessário	 investigar,	 a	 partir	 de	 agora,	 o	 que	 alterou	 em	 específico	 na	 realidade	 do
direito	processual	civil.
Em	linhas	gerais,	consegue-se	destacar	como	principais	alterações:	o	reconhecimento	da	força	normativa	da
Constituição,	 assim	 como	 da	 eficácia	 normativa	 dos	 princípios;	 o	 reconhecimento	 do	 papel	 criativo	 e
normativo	da	atividade	jurisdicional,	do	que	é	exemplo	a	expansão	da	técnica	legislativa	das	cláusulas	gerais,
que	impõe	uma	posição	mais	ativa	do	órgão	jurisdicionalna	criação	do	direito;	e,	por	fim,	a	consagração	dos
direitos	fundamentais,	impondo-se	ao	direito	positivo	um	conteúdo	ético	mínimo	com	respeito	à	dignidade	da
pessoa	humana. 60
Daniel	Mitidiero	refere	o	Estado	Constitucional	proporcionou	uma	alteração	na	 forma	de	se	compreender	o
direito,	em	três	aspectos:	o	primeiro	aspecto	se	refere	à	teoria	da	norma,	vez	que	os	princípios	ganham	força
normativa,	não	ficando	esse	papel	tão	somente	às	normas	propriamente	ditas;	o	segundo	aspecto	se	situa	na
alteração	da	 técnica	 legislativa,	 que	 trasmuda	de	uma	 técnica	puramente	 casuística 61	 para	um	 regramento
que	 utiliza	 a	 técnica	 casuística	 e	 a	 técnica	 aberta, 62	 o	 que	 propicia	 que	 o	 ordenamento	 jurídico	 possa
acompanhar	de	forma	mais	eficaz	a	evolução	da	sociedade;	por	fim,	o	terceiro	aspecto	concerne	ao	significado
da	interpretação	jurídica	e	à	própria	compreensão	a	respeito	da	natureza	do	direito:	no	Estado	Legislativo	o
direito	era	pronto,	bastando	ao	intérprete	aplicá-lo	ao	caso	concreto,	declarando	a	vontade	do	legislador;	no
Estado	Constitucional,	o	material	legislativo	é	parcialmente	dado,	devendo	ser	reconstruído	ao	ser	conectado	a
elementos	factuais	quando	aplicado. 63
E,	nessa	perspectiva,	Daniel	Mitidiero	defende	que	o	processo	civil	responde,	no	Estado	Constitucional,	a	dois
fundamentos:	a	dignidade	da	pessoa	humana	e	a	segurança	 jurídica,	dois	princípios	 fundamentais	da	nossa
ordem	jurídica	 (ou	seja,	 tem	como	objetivo	 tutelar	os	direitos	nessas	duas	dimensões).	E	com	essa	alteração
avulta-se	uma	significativa	mudança.	O	processo	civil	agora	não	se	preocupa	mais	só	com	a	solução	do	caso
concreto,	conferindo	uma	decisão	justa	às	partes;	o	processo	civil	passa	a	responder	pela	unidade	do	direito,
através	da	formação	de	precedentes	–	assim,	tem	por	função	“dar	tutela	ao	direito”. 64
A	dignidade	da	pessoa	humana,	fundamento	do	Estado	Democrático,	encontra-se	no	ápice	da	hierarquia	dos
valores	previstos	constitucionalmente	(art.	1.º,	III,	CF/1988 65),	estando,	conforme	Maria	Cristina	De	Cicco,	“no
centro	 do	 sistema	 e	 representa	 o	 eixo	 em	 torno	 do	 qual	 gira	 todo	 o	 ordenamento,	 com	 a	 consequente
subordinação	das	relações	patrimoniais	aos	valores	existenciais”. 66	A	pessoa	representa,	pois,	o	valor	máximo
do	ordenamento.
Assim,	é	claro	que	a	dignidade	da	pessoa	humana	deve	ser	sempre	preservada,	e	o	Estado	é	o	instrumento	de
concretização	desse	princípio.	Nesse	 contexto,	 em	 sendo	a	dignidade	da	pessoa	humana	uma	 imposição,	 os
direitos	 fundamentais	 devem	 ter	 alcance	 em	 todos	 os	 âmbitos	 dos	 direitos.	 Marcelo	 Duque	 ensina	 que	 “o
objetivo	principal	a	ser	buscado	pela	dogmática	jurídica	é	o	asseguramento	da	dignidade	da	pessoa	humana
pelo	direito”. 67
E,	nesse	sentido,	é	impossível	pensar-se	o	processo	civil	sem	uma	perspectiva	da	pessoa	como	centro.	Qualquer
teoria	que	defenda	a	aplicação	da	vontade	concreta	da	lei,	sem	a	preocupação	com	a	pessoa	humana,	está	em
descompasso	com	os	compromissos	sociais	da	Constituição	Federal. 68
A	 garantia	 da	 segurança	 jurídica	 fundamenta	 o	 Estado	 de	 Direito	 (o	 Estado	 submete-se	 ao	 ordenamento
jurídico	com	a	finalidade	de	garantir	segurança	jurídica	a	seus	cidadãos). 69
Difere	do	valor	segurança	baseada	na	lei,	típica	do	Estado	Legislativo.	Essa	noção	de	segurança	jurídica	deve
ser	compreendida	com	cognoscibilidade	 (viabilizar	o	conhecimento	e	a	certeza	do	direito),	confiabilidade	 (o
direito	 deve	 ser	 estável	 e	 não	 sofrer	 alterações	 repentinas	 e	 drásticas),	 calculabilidade	 (capacidade	 de
antecipação	das	consequências	normativas)	e	efetividade	(realização	efetiva	do	direito).	Claro	que	todos	esses
aspectos	não	podem	deixar	de	levar	em	conta	que	é	inerente	ao	direito	seu	caráter	cultural,	sendo	impossível
assegurar	sua	imutabildade,	pois	está	sempre	aberto	às	transformações	sociais. 70
E,	assim,	com	base	nesses	dois	fundamentos	–	dignidade	da	pessoa	humana	e	segurança	jurídica	–	o	processo
se	destina	à	tutela	dos	direitos	através	da	prolação	de	decisões	justas	e	a	formação	de	precedentes.	Extrai-se
assim	a	dupla	direção	da	tutela	no	processo:	dirige-se	às	partes	(através	da	decisão	justa 71)	e	à	sociedade	em
geral	(através	do	precedente 72).	Tem-se,	pois,	uma	tutela	dos	direitos	em	dimensão	particular	e	em	dimensão
geral.
E	os	fundamentos	–	dignidade	da	pessoa	humana	e	segurança	jurídica	–	denotam	essa	dupla	direção.	É	o	foco
em	ambos	que	nos	dará	a	dupla	direção.
Assim,	 pode-se	 dizer,	 hoje	 o	 processo	 civil	 do	 Estado	 Constitucional	 tem	 como	 função,	 nos	 planos	 jurídico,
político	 e	 social,	 a	 solução	 razoável	 às	 exigências	 da	 sociedade	 na	 superação	 de	 conflitos	 e	 na	 pacificação
social,	 atingindo,	 então,	 uma	 justiça	 adequada	 ao	 caso	 concreto. 73	 O	 novo	 Código	 insere-se	 no	 contexto	 do
Estado	Constitucional	e	encampa	suas	características. 74
Tem-se,	pois,	como	finalidade	do	processo	civil	a	efetividade	dos	direitos	proclamados	pela	ordem	jurídica. 75
Na	exposição	de	motivos	do	novo	Código,	 percebe-se,	 nitididamente,	 a	 intenção	do	 legislador	de	 amoldar	 a
sistemática	 do	 processo	 civil	 brasileiro	 às	 diretrizes	 constitucionais.	 Ressalta	 a	 importância	 de	 um	 sistema
processual	eficiente,	sob	pena	de	tornar	ineficiente	todo	o	ordenamento	jurídico. 76
Ainda,	refere-se	que	uma	das	linhas	principais	objetivada	foi	a	de	“resolver	problemas”,	dando	ao	processo	a
característica	de	concretizador	de	valores	constitucionais.	Assim,	estabelece-se	como	objetivo	fundamental	a
coerência	substancial	em	absoluto	aos	ditames	constitucionais,	pois	“é	na	lei	ordinária	e	em	outras	normas	de
escalão	 inferior	 que	 se	 explicita	 a	 promessa	 de	 realização	 dos	 valores	 encampados	 pelos	 princípios
constitucionais”. 77
Em	última	análise,	 o	 foco	hoje	 é	 a	 pessoa,	 a	 preservação	de	 sua	dignidade	 em	 todas	 as	 relações,	 visando	o
alcance	da	justiça	material	em	cada	caso,	em	um	sistema	em	que	a	Constituição	Federal	é	o	guia,	e	todas	as
legislações	e	decisões	devem	estar	de	acordo	com	suas	diretrizes	e	princípios.	Esse	é	o	contexto	de	nascimento
do	novo	Código.
5.	A	influência	dos	aspectos	culturais	na	estruturação	do	direito	processual	civil:	principais
mudanças	e	críticas
Sem	 dúvidas,	 o	 contexto	 social	 influencia	 também	 a	 estruturação	 das	 codificações.	 A	 ciência	 do	 direito
processual	 é	 um	 produto	 cultural,	 devendo	 ser	 estudada	 a	 partir	 dos	 fenômenos	 culturais,	 não	 só	 da
sociedade,	como	também	da	própria	ciência	jurídica. 78
A	 inflluência	 do	 direito	 processual	 europeu,	 como	 se	 viu	 anteriormente,	 é	 percebida	 nitidamente	 na
organização	estrutural	que	recebeu	o	Código	Buzaid.	O	Anteprojeto	entregue	por	Buzaid	continha	a	redação
dos	 três	 primeiros	 livros	 do	 Código,	 na	 seguinte	 organização:	 Processo	 de	 Conhecimento	 (arts.	 1	 a	 612),
Processo	de	Execução	(arts.	613	a	845)	e	Processo	Cautelar	(arts.	846	ao	913).
Destaca-se,	 aqui,	 a	 forte	 influência	 das	 ideias	 de	 Chiovenda,	 Calamandrei	 e	 Liebman	 (como	 referido
anteriormente),	 que	 desenvolveram	 o	 esquema	 padão	 para	 tutela	 dos	 direitos:	 processo	 de	 conhecimento,
execução	e	cautelar.	Não	há	dúvidas	que	suas	obras,	além	de	 terem	 influenciado	a	construção	de	conceitos
básicos	do	processo	civil,	também	fundamentaram	a	estrutura	do	Código	Buzaid. 79
A	 redação	 do	 livro	 quarto,	 atinente	 aos	 procedimentos	 especiais,	 não	 inclui	 o	 anteprojeto.	 Diz-se	 que	 a
ausência	 da	 redação	do	quarto	 livro	 se	 dá	 justamente	 pelo	 intento	 de	Buzaid	de	 separar	 direito	material	 e
processual,	fixando	conceitos	puramente	processuais.	Para	ele	bastavam	os	três	livros.
Também	se	explica	esse	fato	em	razão	de	que	posteriormente	a	nomenclatura	utilizada	por	Buzaid	no	Livro
IV.	Utilizou-se	da	denominação	Procedimentos	Especiais,	visto	que,	sendo	estritamente	vinculados	ao	direito
material,	 ali	 não	 existiam	 processos,	 mas	 apenas	 procedimentos	 especiais.	 Lembre-se	 da	 metodologia	 do
processualismo,para	 a	 qual	 “processo	 é	 conceito	 da	 ciência	 processual	 que	 não	 pode	 ser	 adjetivado	 com
conceitos	ligados	ao	direito	material,	sob	pena	de	ameaçada	a	sua	autonomia”. 80
Pois	 bem,	no	 esquema	padrão	 formulado	por	Buzaid,	 cada	 livro	 tinha	 sua	 função	 específica:	 o	 processo	de
conhecimento	é	o	que	busca	dar	razão	a	uma	das	partes	por	meio	de	uma	sentença	declaratória,	constitutiva
ou	condenatória;	o	processo	de	execução	visa	a	efetividade	do	direito	da	parte;	a	 transformação	do	mundo
fático,	 baseado	 no	 título	 executivo;	 o	 processo	 cautelar	 visa	 prevenir	 um	 dano	 jurídico,	 que	 possa	 ser
ocasionado	 pela	 demora	 de	 uma	 decisão,	 ou	 mesmo	 de	 inefetividade,	 através	 de	 um	 provimento
cautelar/liminar. 81
Esta,	pois,	a	estrutura	do	Código	Buzaid,	nitidamente	influenciada	pelo	direito	processual	europeu	do	século
XIX,	no	processualismo	surgido	na	Alemanha	e	desenvolvido	na	Itália.
Nascido	 sob	 a	 égide	 da	 Constituição	 Federal	 de	 1988,	 o	 novo	 Código	 inaugura	 um	novo	 tempo,	 com	 se	 viu
acima.	Importa	agora	analisar	como	a	novel	legislação	foi	estruturada	para	esse	“novo	direito”.
O	Projeto	do	Código	de	Processo	Civil	foi	apresentado	com	970	artigos,	e	com	a	seguinte	divisão	5	livros	(Livro	I
–	 Parte	Geral;	 Livro	 II	–	 Processo	de	Conhecimento	 e	Cumprimento	de	 Sentença;	Livro	 III	–	Do	Processo	de
Execução;	Livro	IV	–	Dos	Processos	nos	Tribunais	e	dos	Meios	de	Impugnação	das	Decisões	Judiciais;	Livro	V	–
Das	Disposições	Finais	e	Transitórias). 82
Da	forma	como	estruturado	o	novo	Código,	denota-se,	 segundo	Arruda	Alvim,	a	 intenção	de	descomplicar	o
processo,	 imprimindo	 maior	 organicidade	 e	 simplicidade	 à	 normativa	 processual	 civil.	 Ao	 julgador,	 é
permitido,	sempre	que	possível,	não	se	preocupar	excessivamente	com	o	processo,	como	se	fosse	um	fim	em	si
mesmo,	mas	privilegiar	a	atenção	ao	direito	material	posto	em	juízo.	Dessa	forma,	“pretende-se	descartar	uma
processualidade	excessiva,	desvinculada	do	objetivo	do	direito	material”. 83
Aliás,	este	foi	um	dos	objetivos	estabelecidos	pela	comissão	que	elaborou	o	Projeto:	“criar	condições	para	que	o
juiz	possa	proferir	decisão	de	forma	mais	rente	à	realidade	fática	subjacente	à	causa”. 84
Importante	 frisar,	 ainda,	que	o	novo	Código	 foi	 cauteloso	quanto	à	manutenção	da	 segurança	 jurídica	 e	da
estabilidade	da	jurisprudência.	Incentiva	a	uniformidade	da	jurisprudência	e	sua	estabilidade. 85
Daniel	Mitidero	e	Luiz	Guilherme	Marinoni,	analisando	o	Anteprojeto	apresentado,	destacam	algumas	críticas,
sob	 a	 perspectiva	 do	 Estado	 Constitucional.	 Para	 eles,	mostra-se	 desnecessária	 a	 abertura	 de	 título	 próprio
para	 tratamento	 do	 litisconsórcio,	 que	 deveria	 ser	 tratado	 no	 título	 das	 partes;	 a	 melhor	 alocação	 para	 a
matéria	de	provas	é	na	parte	geral,	haja	vista	servir	tanto	para	o	processo	de	conhecimento	quanto	para	o	de
execução,	 quando,	 por	 exemplo,	 há	 embargos	 à	 execução;	 não	 há	 razão	 para	 processo	 dos	 tribunais	 e	 dos
recursos	em	livro	próprio,	devendo	o	assunto	ser	 tratado	na	parte	geral	ou	no	processo	de	conhecimento;	a
organização	a	partir	das	funções	processuais	–	conhecimento	e	execução	–	não	se	mostra	suficiente	para	um
Código	que	objetiva	a	concretização	dos	fins	sociais	do	Estado	Constitucional	e	a	construção	do	processo	civil	a
partir	da	tutela	dos	direitos	e	da	realidade	social	em	que	inserido. 86
Os	autores	propõem	o	que	para	eles	seria	o	modelo	ideal	de	um	Código	para	o	Estado	Constitucional,	ou	seja,
um	 código	 que	 deveria	 ser	 estruturado	 a	 partir	 da	 ideia	 de	 tutela	 jurisdicional:	 função	 jurisdicional	 como
consequência	natural	do	dever	do	Estado	de	proteger	os	direitos.	Assim,	eles	propõem	uma	nova	estrutura:
Quatro	livros	–	 I	–	Parte	Geral;	 II	–	Tutela	 Jurisdicional	Comum	(deve	compreender	a	 tutela	 jurisdicional	de
conhecimento	e	executiva,	ou	seja,	todo	o	procedimento	que	leva	à	prestação	da	tutela	jurisdicional	efetiva);
III	–	Tutela	Jurisdicionals	Diferenciada	(deve	compreender	a	execução	de	título	extrajudicial,	procedimentos
cautelares	e	especiais);	IV	–	Disposições	Finais	e	Transitórias.
Todavia,	o	novo	Código	foi	aprovado	e	permaneceu	com	a	estruturação	inserida	pelo	substitutivo	da	Câmara
dos	Deputados. 87
Pois	bem,	seguindo	a	linha	do	presente	estudo,	é	de	se	registrar	que	o	novo	Código,	aprovado	sob	a	égide	da
atual	 Constituição	 Federal	 de	 1988,	 insere-se	 no	 contexto	 do	 Estado	 Constitucional.	 Como	 visto,	 princípios
como	a	dignidade	da	pessoa	humana	e	a	segurança	jurídica,	fundamentos	do	Estado	Constitucional,	são	norte
ao	diploma	legal	(são	termos	que	estão	expressos	no	texto	legal 88).
Ainda,	a	novel	legislação	traz	diversos	dispositivos	que	conferem	ampla	participação	e	liberdade	das	partes	no
transcorrer	 do	 processo.	 Confere,	 por	 exemplo,	 poderes	 às	 partes	 para	 transacionarem	 sobre	 o	 direito
material	 discutido	 no	 caso,	 bem	 como	 sobre	 o	 próprio	 processo,	 dispondo	 sobre	 direitos,	 deveres,	 ônus	 e
faculdades	 processuais.	 Ainda,	 prevê,	 no	 art.	 191, 89	 a	 possibilidade	 de	 as	 partes,	 em	 conjunto,	 sob	 a
coordenação	do	juiz,	estipularem	o	calendário	processual,	determinando,	previamente,	os	momentos	em	que
os	 atos	 processuais	 serão	 realizados.	 Tome-se,	 ainda,	 como	 exemplo	 a	 liberdade	 de	 as	 partes	 indicarem	 o
perito	que	elaborará	o	correspondente	laudo,	cabendo	ao	juiz	fiscalizar	a	higidez	do	procedimento. 90
E,	se	o	foco	aqui	é	demonstrar	como	tais	premissas	se	amoldam	ao	Estado	Constitucional,	é	de	se	consignar
que,	 primando	 pela	 participação,	 liberdade	 e	 igualdade	 no	 processo,	 o	 novo	 Código	 prestigia	 e	 preserva	 a
dignidade	das	partes. 91
Nesse	sentido,	também	é	possível	extrair	do	novo	Código	a	preocupação	com	a	segurança	jurídica,	quando	traz
regras	que	estimulam	a	uniformização	e	a	estabilização	da	jurisprudência. 92	Veja	o	art.	926 93	do	novo	Código
que	 estabelece	 que	 devem	 os	 tribunais	 velar	 pela	 uniformização	 e	 pela	 estabilidade	 da	 jurisprudência,
devendo	 editar	 enunciados	 de	 sua	 súmula	 de	 jurisprudência	 dominante	 e	 seguir	 a	 orientação	 firmada	 em
precedentes	de	seus	próprios	órgãos	internos	e	dos	tribunais	superiores.
Diversas	 outras	 normas	 denotam	 esse	 caráter	 do	 novo	 Código,	 preocupado	 em	 preservar	 as	 diretrizes
impostas	pelo	Estado	Constitucional.	Esses	foram	apenas	exemplos	extraídos	de	seu	texto	para	demonstrar	sua
adequação	ao	atual	sistema	de	direito	que	tem	a	pessoa	como	centro,	e	foco	de	todas	as	preocupações:	o	que
interessa	hoje	é	alcançar	a	justiça	material	no	caso	concreto,	tutelando	os	direitos	direitos	das	pessoas,	sempre
de	acordo	com	o	ditames	constitucionais.
6.	Considerações	finais
Inicia-se	 um	 novo	 tempo.	 O	 processo	 civil	 brasileiro	 –	 que	 já	 sofria	 transformações	 a	 partir	 da	 ordem
constitucional	inserida	pela	Constituição	de	1988	–	ganha	uma	nova	feição.
O	rigor	científico	do	processualismo	–	modelo	adotado	pelo	Código	Buzaid	–	sede	espaço	à	preocupação	com	o
processo	 eficaz,	 que	 coloca	 a	 pessoa	 humana	 e	 a	 solução	 de	 seu	 probelma	 no	 foco,	 a	 partir	 dos	 valores
constitucionais,	 conforme	 o	 modelo	 do	 formalismo-valorativo,	 já	 vislumbrado	 anteriormente,	 e	 agora
consagrado	em	nosso	sistema	processual.
A	dupla	direção	que	exige	o	processo	civil	preocupado	com	a	tutela	dos	direitos	torna	indispensável	a	estrita
observância	 de	 dois	 fundamentos	 básicos:	 dignidade	 da	 pessoa	 humana	 e	 segurança	 jurídica.	 Assim,
indispensável	perceber	esse	duplo	discurso	do	processo:	um	ligado	às	partes	(tutela	do	direito	em	dimensão
particular)	e	um	ligado	à	sociedade	(tutela	do	direito	em	dimensão	geral).
O	novo	Código,	aprovado	sob	a	égide	da	atual	Constituição	Federal	de	1988,	 insere-se	no	contexto	do	Estado
Constitucional,	tendo	como	norte	princípios	como	a	dignidade	da	pessoa	humana	e	a	segurança	jurídica.
Destacam-se,	 nesse	 sentido,	 dispositivos	 que	 prestigiam	 a	 ampla	 participação,	 liberdadee	 colaboração	 das
partes	no	processo	(podendo,	inclusive,	determinar	o	calendário	de	atos	processuais),	bem	como	artigos	que
prestigiam	a	 uniformização	 e	 a	 estabilização	 da	 jurisprudência,	 com	 exigência	 de	 respeito	 aos	 precedentes
jurisprudenciais.
Espera-se	 efetividade,	 eficiência,	 comprometimento	 com	 a	 justiça.	 O	 novo	 Código	 é	 um	 belo	 instrumento,
máquina	a	ser	guiada.	Depende	de	cada	um	daqueles	que	têm	essa	capacidade,	os	operadores	do	direito	(sim,
também	são	os	operadores	da	máquina).	O	 futuro	dirá	como	será	guiada	essa	máquina,	 se	ela	 terá	 fôlego	e
potência	para	evoluir	com	a	sociedade,	solucionando	seus	problemas,	com	o	ideal	de	justiça	substancial	como
regra	cimeira.
7.	Referências	bibliográficas
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FOOTNOTESFOOTNOTES
1
BRASIL.	Lei	13.105,	de	16.03.2015.	Código	de	Processo	Civil.	Disponível	em:	[www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm].	Acesso
em:	01.04.2015.
2
O	Código	Buzaid	manteve-se	da	forma	como	proposto	até	o	ano	de	1994,	quando	começaram	as	reformas	estruturais	no	Código	de	Processo	Civil,	que,
por	 esse	motivo,	 passou	a	 ser	 chamado	por	muitos	de	Código	Reformado	 (MITIDIERO,	Daniel.	O	processualismo	e	 a	 formação	do	Código	Buzaid.
RePro	183/165-194,	maio	2010).
3
Ensina	o	mestre	Clóvis	do	Couto	e	Silva:	“Para	conhecer	a	situação	atual	de	um	sistema	jurídico,	ainda	que	em	suas	grandes	linhas,	é	necessário	ter
um	ideia	de	seu	desenvolvimento	histórico,	das	influências	que	lhe	marcaram	as	soluções	no	curso	dos	tempos”	(SILVA,	Clóvis	Veríssimo	do	Couto	e.
O	direito	civil	brasileiro	em	perspectiva	histórica	e	visão	de	futuro.	Revista	de	Informação	Legislativa	97/163-180,	jan.-mar.	1988).
4
OLIVEIRA,	Carlos	Alberto	Alvaro	de;	MITIDIERO,	Daniel.	Curso	de	processo	civil.	2.	ed.	rev.	e	atual.	São	Paulo:	Atlas,	2012.	vol.	1,	p.	12.
5
MITIDIERO,	Daniel.	Elementos	para	uma	teoria	contemporânea	do	processo	civil	brasileiro.	Porto	Alegre:	Livraria	do	Advogado,	2005.	p.	12.
6
OLIVEIRA,	Carlos	Alberto	Alvaro	de;	MITIDIERO,	Daniel.	Curso	de	processo	civil.	2.	ed.,	rev.	e	atual.	São	Paulo:	Atlas,	2012.	vol.	1,	p.	13.
7
OLIVEIRA,	Carlos	Alberto	Alvaro	de;	MITIDIERO,	Daniel.	Curso	de	processo	civil.	2.	ed.,	rev.	e	atual.	São	Paulo:	Atlas,	2012.	vol.	1,	p.	13.
8
MITIDIERO,	Daniel.	Elementos	para	uma	teoria	contemporânea	do	processo	civil	brasileiro.	Porto	Alegre:	Livraria	do	Advogado,	2005.	p.	18.
9
DIDIER	 JÚNIOR,	 Fredie	 Souza.	 Curso	 de	 direito	 processual	 civil:	 Teoria	 geral	 do	 processo	 e	 processo	 de	 conhecimento.	 12.	 ed.	 rev.	 ampl.	 e	 atual.
Salvador:	JusPodivm,	2010.	vol.	1,	p.	27.
10
OLIVEIRA,	Carlos	Alberto	Alvaro	de;	MITIDIERO,	Daniel.	Curso	de	processo	civil.	2.	ed.	rev.	e	atual.	São	Paulo:	Atlas,	2012.	vol.	1,	p.	13.
11
MITIDIERO,	Daniel.	Elementos	para	uma	teoria	contemporânea	do	processo	civil	brasileiro.	Porto	Alegre:	Livraria	do	Advogado,	2005.	p.	18.
12
OLIVEIRA,	Carlos	Alberto	Alvaro	de;	MITIDIERO,	Daniel.	Curso	de	processo	civil.	2.	ed.	rev.	e	atual.	São	Paulo:	Atlas,	2012.	vol.	1,	p.	14.13
MITIDIERO,	Daniel.	Elementos	para	uma	teoria	contemporânea	do	processo	civil	brasileiro.	Porto	Alegre:	Livraria	do	Advogado,	2005.	p.	19.
14
DIDIER	 JÚNIOR,	 Fredie	 Souza.	 Curso	 de	 direito	 processual	 civil:	 Teoria	 geral	 do	 processo	 e	 processo	 de	 conhecimento.	 12.	 ed.	 rev.	 ampl.	 e	 atual.
Salvador:	JusPodivm,	2010.	vol.	1,	p.	27.
15
Interessante	lembrar	que	a	cultura	da	época,	ditada	pela	pandectística	alemã	do	século	XIX,	“tinha	por	objetivo	purificar	o	direito,	sistematizando	as
fontes	romanas,	opondo-se	ao	jusnaturalismo	racionalista	que	dominava	a	cultura	jurídica	francesa	de	então”	(MITIDIERO,	Daniel.	O	processualismo
e	a	formação	do	Código	Buzaid.	RePro	183/165-194,	maio	2010).
16
O	direito	romano	clássico	tinha	uma	estruturação	bifásica	para	o	processo	civil:	as	questões	processuais	eram	analisadas	pelo	praetor,	 sendo	que,
vencida	essa	 fase,	 era	o	 iudex	 que	 colhia	as	provas	 e	 julgar	a	 causa.	Daí	 a	base	de	Bülow	para	 legitimar	uma	 relação	de	preliminariedade	entre
questões	processuais	e	de	mérito.	(MITIDIERO,	Daniel.	O	processualismo	e	a	formação	do	Código	Buzaid.	RePro	183/165-194,	maio	2010).
17
OLIVEIRA,	Carlos	Alberto	Alvaro	de;	MITIDIERO,	Daniel.	Curso	de	processo	civil.	2.	ed.	rev.	e	atual.	São	Paulo:	Atlas,	2012.	vol.	1,	p.	14.
18
Ovídio	Baptista	e	Fábio	Gomes	ponderam,	enfatizando	a	modernidade	do	processo	como	ciência,	que:	“Embora	antigo	o	processo,	é	moderníssima	a
ciência	processual.	Mesmo	que	a	partir	do	advento	da	ordenança	francesa,	outorgada	por	Luís	XIV	em	1667,	a	regulação	do	processo	tenha	tomado
fisionomia	 legislativa	 própria,	 continuou	 ele	 sendo	 tratado	 como	 apêndice	 do	 direito	material;	 não	 houve	 preocupação	 com	 a	 ordem	 científica,
limitando-se	seu	conteúdo	ao	aspecto	externo,	com	proliferação	das	práticas	e	das	praxes.	O	processo	como	ciência	jurídica	só	surgiu,	realmente,	a
partir	da	obra	de	Bullow,	em	1868”	(SILVA,	Ovídio	Araújo	Baptista	da;	GOMES,	Fábio	Luiz.	Teoria	geral	do	processo	civil.	6.	ed.	atual.	e	rev.	São	Paulo:
Ed.	RT,	2011.	p.	34).
19
Pandectística	é	a	ciência	 jurídica	 “baseada	na	perspectiva	do	direito	do	positivismo	científico,	o	qual	deduzia	as	normas	 jurídicas	e	sua	aplicação
exclusivamente	a	partir	do	sistema,	dos	conceitos	e	dos	princípios	doutrinais	da	ciência	jurídica,	sem	conceder	a	valores	ou	objectivos	extra-jurídicos
(por	exemplo,	religiosos,	sociais	ou	científico)	a	possibilidade	de	confirmar	ou	infirmar	as	soluções	jurídicas”	(WIEACKER,	Franz.	A	história	do	direito
privado	moderno.	3.	ed.	(trad.)	Antonio	Manuel	Botelho	Hespanha.	Lisboa:	Fundação	Calouste	Gulbenkian,	2004.	p.	492).
20
MITIDIERO,	Daniel.	O	processualismo	e	a	formação	do	Código	Buzaid.	RePro	183/165-194,	maio	2010.
21
DINAMARCO,	Candido	Rangel.	Instituições	de	direito	processual	civil.	São	Paulo:	Malheiros,	2001.	p.	43.
22
Era	o	momento	cultural	do	praxismo	da	Idade	Média,	como	se	falou	anteriormente.
23
DINAMARCO,	Candido	Rangel.	Instituições	de	direito	processual	civil.	São	Paulo:	Malheiros,	2001.	p.	50.
24
OLIVEIRA,	Carlos	Alberto	Alvaro	de;	MITIDIERO,	Daniel.	Curso	de	processo	civil.	2.	ed.	rev.	e	atual.	São	Paulo:	Atlas,	2012.	vol.	1,	p.	14.
25
OLIVEIRA,	Carlos	Alberto	Alvaro	de;	MITIDIERO,	Daniel.	Curso	de	processo	civil.	2.	ed.	rev.	e	atual.	São	Paulo:	Atlas,	2012.	vol.	1,	p.	15.
26
OLIVEIRA,	Carlos	Alberto	Alvaro	de;	MITIDIERO,	Daniel.	Curso	de	processo	civil.	2.	ed.	rev.	e	atual.	São	Paulo:	Atlas,	2012.	vol.	1,	p.	15-16.
27
Fredie	Didier,	em	seu	“Curso	de	direito	processual	civil”,	denomina	essa	fase	de	Neoprocessualismo	e	faz	a	ressalva:	“Na	Universidade	Federal	do	Rio
Grande	 do	 Sul	 (Brasil),	 sob	 a	 liderança	 de	 Carlos	 Alberto	 Alvaro	 de	 Oliveira,	 costuma-se	 denominar	 esta	 fase	 do	 desenvolvimento	 do	 direito
processual	de	formalismo-valorativo,	exatamente	para	destacar	a	importância	que	se	deve	dar	aos	valores	constitucionalmente	protegidos	na	pauta
de	 direitos	 fundamentais	 na	 construção	 e	 aplicação	 do	 formalismo	 processual.	 As	 premissas	 desse	 pensamento	 são	 exatamente	 as	 mesmas	 do
chamado	Neoprocessualismo	(DIDIER	JÚNIOR,	Fredie	Souza.	Curso	de	direito	processual	civil:	Teoria	geral	do	processo	e	processo	de	conhecimento.	12.
ed.	rev.	ampl.	e	atual.	Salvador:	JusPodivm,	2010.	vol.	1,	p.	29).
28
MITIDIERO,	Daniel.	Elementos	para	uma	teoria	contemporânea	do	processo	civil	brasileiro.	Porto	Alegre:	Livraria	do	Advogado,	2005.	p.	19.
29
OLIVEIRA,	Carlos	Alberto	Alvaro	de;	MITIDIERO,	Daniel.	Curso	de	processo	civil.	2.	ed.	rev.	e	atual.	São	Paulo:	Atlas,	2012.	vol.	1,	p.	16.
30
MITIDIERO,	Daniel.	A	tutela	dos	direitos	como	fim	do	processo	civil	no	Estado	Constitucional.	RePro	229/51-74,	mar.	2014.
31
Muitos	 outros	 grandes	 nomes	 foram	 importantes	 para	 o	 desenvolvimento	 do	 direito	 processual	 civil,	 como	 bem	 observa	 Daniel	 Mitidiero
(MITIDIERO,	Daniel.	O	 processualismo	 e	 a	 formação	do	Código	Buzaid.	RePro	 183/165-194,	maio	 2010).	 Todavia,	 esclarece-se	 a	 referência	 a	 esses
quatro	grandes	pensadores,	justamente	por	serem	o	ponto	de	ligação	entre	o	direito	europeu,	que	influenciou	o	direito	processual	brasileito,	tanto
que	veio	a	culminar	na	adoção,	na	estrutura	do	Código	Buzaid,	do	esquema	de	tutela	de	direitos	desenvolvido	pelos	mestres	italianos,	como	se	verá	a
seguir.
32
Introdução	de	Alfredo	Buzaid	à	3.ª	edição	da	obra:	CHIOVENDA,	Giuseppe.	Instituições	de	direito	processual	civil.	3.	ed.	São	Paulo:	Saraiva,	1969.	vol.	I,
p.	7.
33
MITIDIERO,	Daniel.	O	processualismo	e	a	formação	do	Código	Buzaid.	RePro	183/165-194,	maio	2010.
34
CHIOVENDA,	Giuseppe.	Instituições	de	direito	processual	civil.	3.	ed.	São	Paulo:	Saraiva,	1969.	vol.	I,	p.	22-24.
35
MITIDIERO,	Daniel.	O	processualismo	e	a	formação	do	Código	Buzaid.	RePro	183/165-194,	maio	2010.
36
Reflete	o	mestre:	“Encarava-se	a	ação	como	um	elemento	do	próprio	direito	deduzido	em	juízo,	como	um	poder,	inerente	ao	direito	mesmo,	de	reagir
contra	a	violação,	como	o	direito	mesmo	em	sua	tendência	a	atuar”	(CHIOVENDA,	Giuseppe.	Instituições	de	direito	processual	civil.	3.	ed.	São	Paulo:
Saraiva,	1969.	vol.	I,	p.	21).
37
O	 autor,	 em	 sua	 obra,	 dá	 diversos	 exemplos,	 dentre	 eles:	 “Ação	 e	 obrigação	 são	 dois	 direitos	 subjetivos	 distintos,	 que	 somente	 juntos	 e	 unidos
preenchem	plenamente	a	vontade	concreta	da	lei.	A	ação	não	se	assimila	à	obrigação,	não	é	o	meio	para	atuar	a	obrigação,	não	é	a	obrigação	em	sua
tendência	para	a	atuação,	não	é	um	efeito	da	obrigação,	não	é	um	elemento	nem	uma	 função	do	direito	de	obrigação,	mas	um	direito	distinto	e
autônomo,	que	exsurge	e	pode	extinguir-se	 independente	da	obrigação”	 (CHIOVENDA,	Giuseppe.	 Instituições	de	direito	processual	 civil.	 3.	 ed.	 São
Paulo:	Saraiva,	1969.	vol.	I,	p.	22-24).
38
MITIDIERO,	Daniel.	O	processualismo	e	a	formação	do	Código	Buzaid.	RePro	183/165-194,	maio	2010.
39
Também	 faziam	 parte	 desse	 grupo:	 Luís	 Eulálio	 de	 Bueno	 Vidigal,	 Benvindo	 Aires,	 Bruno	Affonso	 de	 André	 e	 José	 Frederico	Marques	 (BUZAID,
Alfredo.	A	influência	de	Liebman	no	direito	processual	civil	brasileiro.	RePro	27/12,	jul.	1982).
40
Introdução	de	Alfredo	Buzaid	à	3.ª	edição	da	obra:	CHIOVENDA,	Giuseppe.	Instituições	de	direito	processual	civil.	3.	ed.	São	Paulo:	Saraiva,	1969.	vol.	I,
p.	13-14.
41
Conforme	 salienta	 Alfredo	 Buzaid:	 “A	 vida	 de	 Enrico	 Tullio	 Liebman,	 conquanto	 tivesse	 sido	 curta	 a	 sua	 permanência	 entre	 nós,	 incorpora-se
definitivamente	na	história	do	direito	processual	civil	brasileiro	como	um	marco	fundamental,	como	um	apostolado	da	ciência,	como	um	templo	do
saber.	 Antes	 dele	 houve	 grandes	 processualistas,	 mas	 não	 houve	 escola;	 depois	 dele	 houve	 escola,	 no	 seio	 da	 qual	 floresceram	 grandes
processualistas.	Ele	foi	um	divisar	que,	pondo	remate	a	certo	estilo	de	atividade	processual,	 inaugurou	entre	nós	o	método	científico,	que	os	seus
discípulos	abraçaram	apaixonadamente”	(BUZAID,	Alfredo.	A	influência	de	Liebman	no	direito	processualcivil	brasileiro.	RePro	27/12,	jul.	1982).
42
A	 comissão	 era	 constituída	 pelos	 eminentes	 juristas	 José	 Carlos	 Moreira	 Alves,	 Luís	 Antônio	 de	 Andrade,	 José	 Frederico	 Marques	 e	 Cândido
Dinamarco	(BUZAID,	Alfredo.	A	influência	de	Liebman	no	direito	processual	civil	brasileiro.	RePro	27/12,	jul.	1982).
43
BUZAID,	Alfredo.	A	influência	de	Liebman	no	direito	processual	civil	brasileiro.	RePro	27/12,	jul.	1982.
44
BUZAID,	Alfredo.	A	influência	de	Liebman	no	direito	processual	civil	brasileiro.	RePro	27/12,	jul.	1982.
45
Registra-se	que	das	codificações	estrangeiras	que	influenciaram	o	Código	Civil	de	1916,	o	Code	Civil	 francês	de	1804	foi	a	que	influenciou	o	maior
número	de	 artigos:	 172	 artigos	do	Código	Civil	 de	 1916	 reputam-se	 influenciados	pela	 codificação	 francesa	 (MARQUES,	 Claudia	Lima;	MIRAGEM,
Bruno.	O	novo	direito	privado	e	a	proteção	dos	vulneráveis.	São	Paulo:	Ed.	RT,	2012.	p.	52).
46
Sobre	as	influências	sofridas	pelo	direito	brasileiro,	interessante	a	lição	de	Claudia	Lima	Marques	e	Bruno	Miragem:	“No	Brasil	do	século	XVIII	e	XIX
a	recepção	e	aceitação	das	ideias	jurídicas	europeias	pelo	direito	civil	era	comum,	em	face	da	necessidade	de	atualizar	as	Ordenações	portuguesas,
aplicar	a	Lei	da	Boa-Razão	e,	mesmo	com	poucas	Faculdades	de	Direito,	construir	uma	filosofia	do	direito	e	dogmática	jurídica	adaptada	à	realidade
do	país,	tudo	sobre	a	forte	influência	do	pensamento	jurídico,	econômico,	político	e	social	europeu”	(MARQUES,	Claudia	Lima;	MIRAGEM,	Bruno.	O
novo	direito	privado	e	a	proteção	dos	vulneráveis.	São	Paulo:	Ed.	RT,	2012.	p.	46).
47
Importante	 destacar	 que,	 apesar	 de	 o	 projeto	 aceito	 ser	 datado	 de	 1899,	 “a	 elaboração	 deste	 marco	 codificador	 para	 a	 história	 do	 direito	 civil
brasileiro	 começou	 muito	 antes,	 com	 a	 Independência	 de	 Portugal	 em	 1822.	 Segundo	 Lei	 de	 20.10.1823,	 continuaram	 vigemdo	 no	 Império	 as
Ordenações	 Filipinas,	 Leis	 e	 Decretos	 promulgados	 pelos	 reis	 de	 Portugal	 até	 25.04.1821,	 enquanto	 não	 se	 organizasse	 um	 novo	 Código,	 ou	 não
fossem	aqueles	alterados.	Da	mesma	forma	previu	o	art.	179,	XVIII,	da	Constituição	 imperial	do	Brasil	de	1824:	“Organizar-se-á,	quanto	antes,	um
Código	Civil	e	um	Criminal,	 fundado	nas	sólidas	bases	da	Justiça	e	da	Equidade”.	Numerosos	projetos	 serão	elaborados	até	que	os	 trabalhos	mais
importantes	 e	 pioneiros	 como	 o	 de	 Teixeira	 de	 Freitas	 em	 1860	 sejam	 preparados”	 (MARQUES,	 Claudia	 Lima;	MIRAGEM,	 Bruno.	O	 novo	 direito
privado	e	a	proteção	dos	vulneráveis.	São	Paulo:	Ed.	RT,	2012.	p.	61).
48
MARQUES,	Claudia	Lima;	MIRAGEM,	Bruno.	O	novo	direito	privado	e	a	proteção	dos	vulneráveis.	São	Paulo:	Ed.	RT,	2012.	p.	45.
49
MITIDIERO,	Daniel.	O	processualismo	e	a	formação	do	Código	Buzaid.	RePro	183/165-194,	maio	2010.
50
MITIDIERO,	Daniel.	O	processualismo	e	a	formação	do	Código	Buzaid.	RePro	183/165-194,	maio	2010.
51
MITIDIERO,	Daniel.	Elementos	para	uma	teoria	contemporânea	do	processo	civil	brasileiro.	Porto	Alegre:	Livraria	do	Advogado,	2005.	p.	38.
52
MITIDIERO,	Daniel.	O	processualismo	e	a	formação	do	Código	Buzaid.	RePro	183/165-194,	maio	2010.
53
CUNHA,	Leonardo	Carneiro	da.	O	processo	civil	no	Estado	Constitucional	e	os	fundamentos	do	projeto	do	novo	Código	de	Processo	Civil	brasileiro.
RePro	209/349-374,	jul.	2012.
54
DIDIER	 JÚNIOR,	 Fredie	 Souza.	 Curso	 de	 direito	 processual	 civil:	 Teoria	 geral	 do	 processo	 e	 processo	 de	 conhecimento.	 12.	 ed.	 rev.	 ampl.	 e	 atual.
Salvador:	JusPodivm,	2010.	vol.	1,	p.	25.
55
GREGORI,	Maria	Stella.	O	novo	paradigma	para	um	capitalismo	de	consumo.	RDC	75/255,	São	Paulo,	jul.-set.	2010.
56
Gustavo	Tepedino,	falando	do	movimento	doutrinário	motivado	pela	Constituição	de	1988	no	direito	privado,	refere:	“Revisitou-se,	pouco	a	pouco,	a
partir	de	então,	a	metodologia	do	direito	privado,	mediante	a	reconstrução	de	seus	conceitos	 fundamentais,	e	procurou-se	 fazer	do	compromisso
para	com	a	pessoa	humana	e	a	Justiça	social	a	fonte	de	inspiração	para	a	produção	intelectual,	preocupação	esta	que	se	refletiria	inevitavelmente	na
jurisprudência.	 O	 direito	 civil,	 então,	 procurou	 superar	 a	 perspectiva	 patrimonialista	 que	 o	 distinguia,	 e	 voltou-se	 para	 a	 promoção	 dos	 valores
constitucionais,	especialmente	no	que	concerne	à	dignidade	da	pessoa	humana,	à	solidariedade	social,	à	igualdade	substancial	e	ao	valor	social	da
livre	 iniciativa”	 (TEPEDINO,	 Gustavo.	 O	 direito	 civil-constitucional	 e	 suas	 perspectivas	 atuais.	 In:	 TEPEDINO,	 Gustavo	 (org.).	 Direito	 civil
contemporâneo:	novos	problemas	à	luz	da	legalidade	constitucional:	anais	do	Congresso	Internacional	de	Direito	Civil-Constitucional	da	Cidade	do	Rio
de	Janeiro.	São	Paulo:	Atlas,	2008.	p.	357-371).
57
MARANHÃO,	Ney	Stany	Morais.	Responsabilidade	civil	objetiva	pelo	risco	da	atividade	–	Uma	perspectiva	civil-constitucional.	São	Paulo:	Método,	2010.
p.	149.
58
DIDIER	 JÚNIOR,	 Fredie	 Souza.	 Curso	 de	 direito	 processual	 civil:	 Teoria	 geral	 do	 processo	 e	 processo	 de	 conhecimento.	 12.	 ed.	 rev.	 ampl.	 e	 atual.
Salvador:	JusPodivm,	2010.	vol.	1,	p.	29.
59
Tanto	que	 já	vinha	 sofrendo	diversas	 reformar	por	 leis	 esparsas,	que,	 aos	poucos,	 iam	modificando	o	processo	 civil,	 amoldando-o	à	nova	ordem
constitucional	(OLIVEIRA,	Carlos	Alberto	Alvaro	de.	Do	formalismo	no	processo	civil.	4.	ed.	rev.,	atual.	e	aum.	São	Paulo:	Saraiva,	2010.	p.	151-152).
60
DIDIER	 JÚNIOR,	 Fredie	 Souza.	 Curso	 de	 direito	 processual	 civil:	 Teoria	 geral	 do	 processo	 e	 processo	 de	 conhecimento.	 12.	 ed.	 rev.	 ampl.	 e	 atual.
Salvador:	JusPodivm,	2010.	vol.	1,	p.	25.
61
Na	técnica	casuística	a	norma	traz	previsão	exata	dos	casos	a	serem	disciplinados,	determinando	as	condutas	e	consequências	legais;	a	técnica	aberta
utiliza-se	de	conceitos	 jurídicos	 indeterminados	e	cláusulas	gerais	 (MITIDIERO,	Daniel.	A	 tutela	dos	direitos	como	fim	do	processo	civil	no	Estado
Constitucional.	RePro	229/51-74,	mar.	2014).
62
As	cláusulas	gerais,	por	exemplo,	são	uma	técnica	aberta	de	legislar,	e	foram	amplamente	utilizadas	no	Código	Civil	de	2002,	e	–	deve-se	destacar	–
propiciam	mais	 fortemente	a	concretização	dos	direitos	 fundamentais,	visto	que	permitem	a	 interpretação	das	 relações	 jurídicas	à	 luz	da	ordem
principiológica	 constitucional,	 não	 ficando	 limitada	 apenas	 à	 norma	 infraconstitucional	 e	 seus	 conceitos	 específicos	 (ANDRIGHI,	 Fátima	 Nancy.
Cláusulas	gerais	e	proteção	da	pessoa.	In:	TEPEDINO,	Gustavo	(org.).	Direito	civil	contemporâneo:	novos	problemas	à	luz	da	legalidade	constitucional:
anais	do	Congresso	Internacional	de	Direito	Civil-Constitucional	da	Cidade	do	Rio	de	Janeiro.	São	Paulo:	Atlas,	2008.	p.	289-295).
63
MITIDIERO,	Daniel.	A	tutela	dos	direitos	como	fim	do	processo	civil	no	Estado	Constitucional.	RePro	229/51-74,	mar.	2014.
64
MITIDIERO,	Daniel.	A	tutela	dos	direitos	como	fim	do	processo	civil	no	Estado	Constitucional.	RePro	229/51-74,	mar.	2014.
65
“Art.	1.º	A	República	Federativa	do	Brasil,	 formada	pela	união	 indissolúvel	dos	Estados	e	Municípios	e	do	Distrito	Federal,	 constitui-se	em	Estado
Democrático	de	Direito	e	tem	como	fundamentos:	III	–	a	dignidade	da	pessoa	humana;”
66
CICCO,	Maris	Cirstina	de.	A	pessoa	e	o	mercado.	 In:	TEPEDINO,	Gustavo	José	Mendes	 (org.).	Direito	civil	contemporâneo:	novos	problemas	à	 luz	da
legalidade	constitucional:	anais	do	Congresso	Internacional	de	Direito	Civil-Constitucional	da	Cidade	do	Rio	de	Janeiro.	São	Paulo:	Atlas,	2008.	p.	103.
67
DUQUE,	Marcelo	 Schenk.	A	proteção	do	 consumidor	 como	dever	de	proteção	 estatal	de	hierarquia	 constitucional.	RDC	 71/147,	São	Paulo,	 jul.-set.
2009.
68
MITIDIERO,	Daniel.	A	tutela	dos	direitos	como	fim	do	processo	civil	no	Estado	Constitucional.	RePro	229/51-74,	mar.	2014.
69
CUNHA,	Leonardo	Carneiro	da.	O	processo	civil	no	estado	constitucional	e	os	fundamentos	do	projeto	do	novo	Código	de	Processo	Civil	brasileiro.
RePro	209/349-374,jul.	2012.
70
MITIDIERO,	Daniel.	A	tutela	dos	direitos	como	fim	do	processo	civil	no	Estado	Constitucional.	RePro	229/51-74,	mar.	2014.
71
A	formação	de	uma	decisão	justa	se	alcança	com	a	conjugação	de	critérios	ligados	à	individualização,	interpretação	e	argumentação	jurídica	(para	o
que	interessa	a	dimensão	global	–	início	ao	fim	–	do	processo	e	a	necessidade	de	o	discurso	jurídico	ser	racional	e	coerente);	à	adequada	verificação
da	verdade	dos	fatos	alegados	(para	o	que	importa	a	colocação	da	busca	da	verdade	como	objetivo	da	prova);	e	à	justa	estruturação	do	processo	(para
o	que	importa	os	direitos	fundamentais	do	processo	–	direito	ao	processo	justo,	com	observância	do	direito	de	ação,	defesa,	contraditório,	prova	e	o
dever	da	fundamentação	das	decisões)	(MITIDIERO,	Daniel.	A	tutela	dos	direitos	como	fim	do	processo	civil	no	Estado	Constitucional.	RePro	229/51-
74,	mar.	2014).
72
O	 respeito	 ao	 precedente	 e	 a	 correta	 aplicação	 é	 corolário	 de	 um	 sistema	 que	 confere	 adequada	 tutela	 jurisdicional	 às	 partes	 –	 propicia	 a
concretização	do	direito	à	igualdade	no	processo,	segurança	jurídica	e	duração	razoável	do	processo	e	evita	danos	às	partes	(que	teriam	de	recorrer
às	 Cortes	 Supremas	para	 ver	 seu	direito	 aplicado)	 e	 ao	 próprio	 Poder	 Judiciário	 (que	 teria	 que	 trabalhar	 para	 reafirmar	 o	 que	 já	 está	 decidido)
(MITIDIERO,	Daniel.	A	tutela	dos	direitos	como	fim	do	processo	civil	no	Estado	Constitucional.	RePro	229/51-74,	mar.	2014).
73
MACEDO,	Elaine	Harzheim;	MACEDO,	Fernanda	dos	Santos.	O	direito	processual	civil	e	a	pós-modernidade.	RePro	204/351,	fev.	2012.
74
CUNHA,	Leonardo	Carneiro	da.	O	processo	civil	no	Estado	Constitucional	e	os	fundamentos	do	projeto	do	novo	Código	de	Processo	Civil	brasileiro.
RePro	209/349-374,	jul.	2012.
75
MITIDIERO,	Daniel.	A	tutela	dos	direitos	como	fim	do	processo	civil	no	Estado	Constitucional.	RePro	229/51-74,	mar.	2014.
76
BRASIL.	Congresso	Nacional.	Senado	Federal.	Comissão	de	Juristas	responsável	pela	elaboração	de	anteprojeto	de	Código	de	Processo	Civil.	Código	de
Processo	Civil:	anteprojeto.	Brasília:	Senado	Federal,	Presidência,	2010.	p.	11-14.
77
BRASIL.	Congresso	Nacional.	Senado	Federal.	Comissão	de	Juristas	responsável	pela	elaboração	de	anteprojeto	de	Código	de	Processo	Civil.	Código	de
Processo	Civil:	anteprojeto.	Brasília:	Senado	Federal,	Presidência,	2010.	p.11-14.
78
MACEDO,	Elaine	Harzheim;	MACEDO,	Fernanda	dos	Santos.	O	direito	processual	civil	e	a	pós-modernidade.	RePro	204/351,	fev.	2012.
79
MITIDIERO,	Daniel.	O	processualismo	e	a	formação	do	Código	Buzaid.	RePro	183/165-194,	maio	2010.
80
MITIDIERO,	Daniel.	O	processualismo	e	a	formação	do	Código	Buzaid.	RePro	183/165-194,	maio	2010.
81
MITIDIERO,	Daniel.	O	processualismo	e	a	formação	do	Código	Buzaid.	RePro	183/165-194,	maio	2010.
82
O	projeto	do	novo	Código	sofreu	texto	substitutivo	da	Câmara	dos	Deputados,	e	ficou	com	a	seguinte	estruturação	(com	a	qual	foi	aprovado):	Parte
Geral	contém	6	livros:	Livro	I	–	Das	Normas	Processuais	Civis;	Livro	II	–	Da	Função	Jurisdicional;	Livro	III	–	Dos	Sujeitos	do	Processo;	Livro	IV	–	Dos
Atos	Processuais;	Livro	V	–	Da	Tutela	Provisória;	Livro	VI	–	Formação,	Suspensão	e	Extinção	do	Processo.	Parte	Especial	contém	4	livros:	Livro	I	–	Do
Processo	de	Conhecimento	e	do	Cumprimento	de	Sentença;	Livro	II	–	Do	Processo	de	Execução;	Livro	III	–	Dos	Processos	nos	Tribunais	e	dos	Meios	de
Impugnação	das	Decisões	Judiciais;	Livro	Complementar	–	Das	Disposições	Finais	e	Transitórias.
83
ALVIM,	Arruda.	Notas	sobre	o	projeto	de	novo	Código	de	Processo	Civil.	RePro	191/299,	jan.	2011.
84
BRASIL.	Congresso	Nacional.	Senado	Federal.	Comissão	de	Juristas	responsável	pela	elaboração	de	anteprojeto	de	Código	de	Processo	Civil.	Código	de
Processo	Civil:	anteprojeto.	Brasília:	Senado	Federal,	Presidência,	2010.	p.11-14.
85
ALVIM,	Arruda.	Notas	sobre	o	projeto	de	novo	Código	de	Processo	Civil.	RePro	191/299,	jan.	2011.
86
MARINONI,	Luiz	Guilherme;	MITIDIERO,	Daniel.	O	projeto	do	Código	de	Processo	Civil:	crítica	e	propostas.	São	Paulo:	Ed.	RT,	2010.
87
Vide	nota	de	rodapé	82.
88
Veja	o	que	estabelecem	os	arts.	8.º,	927	do	novo	Código	 (destaques	aos	 termos	dignidade	da	pessoa	humana	e	segurança	 jurídica,	 inexistentes	no
Código	Buzaid):
“Art.	8.º	Ao	aplicar	o	ordenamento	jurídico,	o	juiz	atenderá	aos	fins	sociais	e	às	exigências	do	bem	comum,	resguardando	e	promovendo	a	dignidade
da	pessoa	humana	e	observando	a	proporcionalidade,	a	razoabilidade,	a	legalidade,	a	publicidade	e	a	eficiência.
Art.	927.	(...)
§	 3.º	 Na	 hipótese	 de	 alteração	 de	 jurisprudência	 dominante	 do	 Supremo	 Tribunal	 Federal	 e	 dos	 tribunais	 superiores	 ou	 daquela	 oriunda	 de
julgamento	de	casos	repetitivos,	pode	haver	modulação	dos	efeitos	da	alteração	no	interesse	social	e	no	da	segurança	jurídica.
©	edição	e	distribuição	da	EDITORA	REVISTA	DOS	TRIBUNAIS	LTDA.
§	 4º.	 A	modificação	 de	 enunciado	 de	 súmula,	 de	 jurisprudência	 pacificada	 ou	 de	 tese	 adotada	 em	 julgamento	 de	 casos	 repetitivos	 observará	 a
necessidade	de	fundamentação	adequada	e	específica,	considerando	os	princípios	da	segurança	jurídica,	da	proteção	da	confiança	e	da	 isonomia”
(BRASIL.	 Lei	 13.105,	 de	 16.03.2015.	 Código	 de	 Processo	 Civil.	 Disponível	 em:	 [www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13105.htm].
Acesso	em:	01.04.2015).
89
Veja	a	redação	do	artigo:	Art.	191.	De	comum	acordo,	o	juiz	e	as	partes	podem	fixar	calendário	para	a	prática	dos	atos	processuais,	quando	for	o	caso.
90
CUNHA,	Leonardo	Carneiro	da.	O	processo	civil	no	Estado	Constitucional	e	os	fundamentos	do	projeto	do	novo	Código	de	Processo	Civil	brasileiro.
RePro	209/349-374,	jul.	2012.
91
Nessa	perspectiva,	a	orientação	de	Maria	Cristina	de	Cicco,	que	destaca	que	a	dignidade	é	um	valor	que	deve	ser	associado	à	liberdade	e	à	igualdade
(CICCO,	Maris	Cristina	de.	A	pessoa	e	o	mercado.	In:	TEPEDINO,	Gustavo	José	Mendes	(org.).	Direito	civil	contemporâneo:	novos	problemas	à	luz	da
legalidade	constitucional:	anais	do	Congresso	Internacional	de	Direito	Civil-Constitucional	da	Cidade	do	Rio	de	Janeiro.	São	Paulo:	Atlas,	2008.	p.	113).
92
CUNHA,	Leonardo	Carneiro	da.	O	processo	civil	no	Estado	Constitucional	e	os	fundamentos	do	projeto	do	novo	Código	de	Processo	Civil	Brasileiro.
RePro	209/349-374,	jul.	2012.
93
Veja	o	teor	do	artigo:
“Art.	926.	Os	tribunais	devem	uniformizar	sua	jurisprudência	e	mantê-la	estável,	íntegra	e	coerente.
§	1.º	Na	forma	estabelecida	e	segundo	os	pressupostos	fixados	no	regimento	interno,	os	tribunais	editarão	enunciados	de	súmula	correspondentes	a
sua	jurisprudência	dominante.
§	2.º	Ao	editar	enunciados	de	súmula,	os	tribunais	devem	ater-se	às	circunstâncias	fáticas	dos	precedentes	que	motivaram	sua	criação.”

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