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História – Focado na Esa 2021 REVOLTAS NATIVISTAS As primeiras revoltas nativistas (anticolonialistas) surgiram nos fins do século XVII e início do século XVIII, e foram resultado direto da nova política colonial adotada por Portugal depois da Restauração. Nesse contexto, as contradições entre a metrópole e a colônia se manifestaram de várias de diversas maneiras. Destaque: Aclamação de Amador Bueno (1641), Revolta de Beckman (1684), Quilombo dos Palmares (1694), Guerra dos Emboabas (1707-1709), Guerra dos Mascates (1709- 1711) e Revolta de Vila Rica (1720). Todas essas revoltas tiveram por base a contradição metrópole x colônia, e, no caso de Palmares, senhore x escravos. Entretanto, cada rebelião possuía o seu caráter especifico e apresentou grande complexidade. Porém, as revoltas coloniais até o final do século XVIII, não chegaram a propor claramente a separação de Portugal. ACLAMAÇÃO DE AMADOR BUENO – 1641- SÃO PAULO Com a União Ibérica, significou na prática o fim do tratado de Tordesilhas e a crise de escravos africanos em terras brasileiras. Nesse contexto ocorrerá a ascensão dos bandeirantes no interior da colônia para capturar indígenas como opção de mão de obra escrava. A comercialização desses índios escravizados desenvolveu-se a ponto dos bandeirantes estabelecer contatos com os colonizadores espanhóis da região do Rio da Prata. Toda essa rede de negócio (apresador) ao longo do século XVI e XVII, representava uma importante atividade comercial no interior da colônia. Com o fim da União Ibérica, em 1640, a Coroa portuguesa interferiu diretamente na questão da escravização indígena. Portugal proibiu a escravização dos índios. Com tal medida, a Coroa portuguesa buscava ampliar seus lucros com o comércio dos escravos africanos trazidos das regiões da costa africana. Sentindo- se prejudicados, um grupo de bandeirantes paulistas organizou uma represália que expulsou os jesuítas da Vila de São Paulo. Além disso, eles tentaram aliar-se ao fazendeiro e bandeirante Amador Bueno nessa revolta contra a administração lusitana. Os bandeirantes paulistas pretendiam elevar Amador Bueno à condição de governador de São Paulo. Amador Bueno, temendo alguma represália de Portugal, não aderiu ao movimento e jurou fidelidade à Coroa. Com isso, o movimento dos bandeirantes paulistas perdeu a força e a ordem pelo fim da escravização indígena foi mantida. A Aclamação de Amador Bueno é considerado a Primeira Revolta de Caráter Nativista. REVOLTA DE BECKMAN – 1684 - MARANHÃO No século XVII, o Estado do Maranhão enfrentava uma crise econômica, pois desde a expulsão dos holandeses do Nordeste, a empresa açucareira regional não tinha condições de arcar com os altos custos de importação de escravos africanos. Com altos custos na compra de escravos africanos, e os jesuítas dificultando a escravização dos indígenas, houve uma crise na mão-de-obra. Em 1682, afim de solucionar o problema a coroa criou a Companhia do Comércio do Maranhão. A nova companhia deteria o monopólio de todo o comércio do Maranhão por um período de vinte anos, com a obrigação de introduzir dez mil escravos africanos. Entretanto, sem conseguir cumprir o acordo, a operação da companhia agravou a crise econômica e fez crescer o descontentamento na região: os comerciantes locais sentiam-se prejudicados pelo monopólio da companhia; e os grandes proprietários rurais entendiam que os preços oferecidos pelos seus produtos eram insuficientes. No dia 24 de fevereiro de 1684, aproveitando-se da ausência do governador Francisco de Sá Meneses, a revolta iniciou-se na festividade de Nosso Senhor dos Passos. Com a liderança dos irmão Manuel e Tomás Beckman, senhores de engenho na região, e de Jorge de Sampaio de Carvalho, com a adesão de outros proprietários e comerciantes insatisfeitos com o governo, um grupo de homens mobilizou-se para a ação, assaltando os armazéns da companhia. No dia seguinte ao golpe, a revolta estava consolidada, dia 25 de fevereiro de 1684, os revoltosos criaram uma Junta Geral do Governo, composta por seis membros. As principais medidas tomadas por essa Junta foram: a deposição do governador; extinção da Companhia do Comércio e do monopólio; e a expulsão dos jesuítas, assim facilitaria a escravização dos nativos. A Junta enviou Tomás Beckman como emissário à Corte em Lisboa, visando convencer as autoridades metropolitanas que o movimento era procedente e justo. Sem sucesso, recebeu voz de prisão e foi trazido preso de volta ao Maranhão, para ser julgado com seus demais revoltosos. A coroa portuguesa reagiu, em 15 de maio de 1685 enviou um novo governador para o Estado do Maranhão, Gomes Freire de Andrade, esse chegou em São Luís com um efetivo militar, aonde não encontraram qualquer resistência. Gomes restabeleceu todas as autoridades depostas pela revolta, ordenando a prisão e julgamento de todos os envolvidos no golpe. Manuel Beckman resolvera fugir, posteriormente chegaria a ser capturado. Manuel Beckman e Jorge de Sampaio foram acusados como líderes e receberam a sentença de morte pela forca, enquanto os demais envolvidos receberam prisão perpetua, pondo um fim a revolta. Na segunda metade desse século a administração do Marquês de Pombal tentou encaminhar soluções para as graves questões da região, criando a Companhia Geral do Grão-Pará e Maranhão, que em meados do século XVIII foi responsável por incentivar a produção de algodão na região. GUERRA DOS MASCATES – 1709-1722 - PERNAMBUCO Durante os séculos XVI e XVII, Olinda fora sede da capitania de Pernambuco, aonde florescia a economia açucareira. Ali cresceram muitos senhores de engenho que controlavam a política local. Com a conquista holandesa no Nordeste, Recife deixou de ser um povoado de pescadores e ganhou pontes, porto, residências e até palácios. Com a retomada do nordeste, muitos ricos comerciantes portugueses se estabeleceram em Recife. Com esses fatores, a futura capital pernambucana se tornou um importante centro comercial. Com o crescimento de Recife, tornando-se a principal liderança econômica da capitania, ocupando o lugar que antes pertencia a Olinda. Os senhores de engenho de Olinda, que se alto titulavam “Os nobres da Terra”, e começaram a chamar os recifenses pejorativamente de “Mascates”. Cientes de seu poderio História – Focado na Esa 2021 econômico, os mascates começaram a exigir a autonomia política de Recife, sendo assim, Recife de um povoado seria chamado de vila, podendo criar uma Câmara Municipal, isso era o que os olindenses mais temiam, pois sabiam que isso poderia levar o senhores de Olinda a ruínas. Em 1709 contrariando os Olindenses, o rei Dom João V elevou Recife ao status de vila, e em fevereiro do ano seguinte os recifenses fizeram a sua primeira eleição. A reação dos senhores de engenho de Olinda veio em novembro, quando uma tropa de mil homens invadiu Recife e o governador foi deposto. Os recifenses bem armados, chegaram a prender o novo governador posto por Olinda, e alguns líderes de Olinda. O conflito durou dois anos, 1711, e teve seu fim com a chegada de um representante da corte. GUERRA DOS EMBOABAS – 1707-1709 – MINAS GERAIS “Emboabas”, que em língua tupi significa “pés cobertos”, era um termo pejorativo usado pelos paulistas em referência aos forasteiros (maioria portugueses), que usavam botas, já que os paulistas (bandeirantes) andavam descalços. Embora minoritários, os paulistas hostilizavam e eram hostilizados pelos emboabas. Julgavam-se donos das Minas por direito de descoberta. A principal rivalidade entre paulistas e emboabas era pela exclusividade na exploração de ouro em Minas, mas também tinha outros motivos mais significativos. O comércio de abastecimento das Minas era controlado por alguns emboabas que davam grandes lucros. Destaque para o português, Manuel NunesViana, rico português e principal líder dos emboabas. O estopim da guerra foi o desentendimento entre Nunes Viana e Borba Gato. Borba Gato era guarda-mor de Minas, e representava o poder real. A fim de combater o contrabando, a Coroa proibiu o comércio entre Minas e Bahia. Apesar dessa determinação, o comércio continuou sob a liderança de Nunes Viana. Desta maneira, Borba Gato determinou a expulsão de Nunes Viana das Minas. Nunes Viana não acatou e foi apoiado pelos emboabas, já que Minas, a maior parte era ocupada pelos emboabas. Sendo minoritário, os paulistas se retiraram, mas um grupo deles, a maioria de índios, foi cercado pelos emboabas, que exigiram a rendição, prometendo poupar-lhe a vida caso depusesse as armas. Os paulistas se renderam e depuseram as armas, mas mesmo assim, foram exterminados pelos emboabas. O local ganhou o nome de Capão da Traição. Expulsos de Minas, os paulistas penetraram em Goiás e Mato Grosso, onde novas jazidas foram descobertas. REVOLTA DE VILA RICA – 1720 – MINAS GERAIS Em 1718, o Rei de Portugal estava insatisfeito com as tributações em Minas e pelo contrabando que ocorria. Assim, secretamente, o Rei ordenou os seus funcionários trabalharem para a instalação das Casas de Fundição nas Minas. Segundo esse novo regime, os mineradores seriam obrigados a enviar o ouro em pó para ser fundido e transformado em barras com o selo real nas Casas de Fundição, onde o ouro automaticamente seria taxado (quinto). Em 1719, o governador de Minas, contava com uma tropa recém criada, os dragões, que foi imediatamente utilizada para sufocar as rebeliões. Em 29 de junho de 1720, eclodiu em Vila Rica, um sério levante organizador e liderado pelo tropeiro português, Felipe dos Santos. Em 16 de julho de 1720, conde Assumar reocupou Vila Rica com 1500 soldados e pôs fim ao movimento. Felipe dos Santos foi condenado, executado e posteriormente esquartejado. Em homenagem ao líder, o conflito também é chamado de Revolta de Felipe dos Santos. No dia 21 de julho de 1720, entraram em funcionamento as Casas de Fundição. QUILOMBO DOS PALMARES – 1630-1694 - ALAGOAS A resistência dos escravos, assumiu formas muito variadas: fuga, suicídio, assassinato, passividade no trabalho, etc. A fuga foi a mais significativa forma de resistência e rebeldia. Não pela fuga em si, mas pelas suas consequências: os fugitivos se reuniam e se organizavam em núcleos fortificados no sertão, desafiando as autoridades coloniais. Esses núcleos eram formados por pequenas unidades, os mocambos (reunião de casas), que, no conjunto, formavam os quilombos. Cada mocambo, possuía um chefe, que, por sua vez, obedecia ao chefe do quilombo, denominado zumbi. Os quilombolas, se dedicavam ao trabalho agrícola e chegavam a estabelecer relações comerciais com os povoados vizinhos. Palmares (atual Alagoas) foi o maior quilombo formado no Brasil. Sua origem foi a partir de 1630, quando a invasão holandesa desorganizou os engenhos, que a fuga maciça de escravos tornou Palmares um quilombo de grandes proporções. Em 1675, a sua população era de 30 mil habitantes. Com a expulsão dos holandeses em 1654 e a escassez de mão de obra, as autoridades coloniais, apoiadas pelos senhores, decidiram destruir Palmares. Várias expedições foram feitas contra Palmares, mas nenhuma teve sucesso. Foi necessário contratar os serviços dos bandeirantes, liderado pelo veterano Domingos Jorge Velho, com apoio bélico e homens, Jorge Velho conseguiu destruir finalmente Palmares em 1694. O chefe do quilombo, Zumbi, não foi capturado na ocasião. Somente um ano depois foi encontrado e executado. REVOLTA DA CACHAÇA – 1660-1661 – RIO DE JANEIRO Revolta ocorrida no Rio de Janeiro devido aos excessivos aumentos de impostos cobrados pelos produtores de aguardente. O governador do Rio de Janeiro, visando melhorar o aparelhamento de suas tropas coloniais, instituiu uma taxa sobre as posses dos habitantes. Quando a cobrança chegou na freguesia de São Gonçalo, vários proprietários da região se recusaram a pagar. Na madrugada de 08 de novembro de 1660, os senhores de engenho, liderado por Jeronimo Barbalho Bezerra atravessaram a baia de Guanabara e convocaram a população para o fim do imposto. As tropas portuguesas combateram o levante em 06 de abril de 1661. Os envolvidos foram julgados e enviados para a metrópole. O líder Jeronimo Bezerra foi condenado a morte pela forca, e posteriormente decapitado e esquartejado, como era de costume. MONTINS DO MANETA – 1711 – SALVADOR Em 1710, o rei da França, Luís XIV, ordenou a invasão do Rio de Janeiro. Pediu para os seus corsários colocarem a bandeira inglesa História – Focado na Esa 2021 para facilitar a invasão. Entretanto, o governados do Rio de Janeiro conseguiu armar as suas tropas e combater os invasores franceses. Entretanto, com um contingente maior, retornaram em 1711, e conseguiram se estabelecer. O próximo alvo seria a capital, Salvador. Assim, para custear as tropas, o governador as taxas do sal e instituiu um imposto por cada escravo. O comerciante João de Figueiredo da Costa, apelidado de “Maneta” comandou a sublevação em 19 de outubro de 1711. Ocorreu uma segunda sublevação em 02 de dezembro do mesmo ano. Por sorte dos colonos, as frotas francesas pegaram uma tempestade e vários navios naufragaram, e os franceses seguiram para a Caiena, que futuramente seria chamada de Guiana Francesa (Tratado de Utrecht – 1713). GUERRA DOS AIMORÉS – 1555-1558 – ESPÍRITO SANTO Foi um conflito entre colonizadores portugueses e os indígenas nos territórios atuais da Bahia e Espírito Santo. O motivo do conflito foi a tentativa da escravização indígenas pelas entradas do bandeirante Fernão de Sá. Os aimorés venceram e as feitorias dos bandeirantes foram destruídas. GUERRA DO IGUAPE – 1534-1536 – SÃO PAULO Em 1534, o espanhol Ruy Garcia de Moschera instalou-se nos arredores da província de São Vicente, desrespeitando o Tratado de Tordesilhas. Moschera realizou aliança com os índios carijós e venceram a luta contra corsários franceses que encontravam-se na região. As forças luso-brasileiras enfrentaram os invasores espanhóis, mas foram derrotados. No entanto, em virtude das incursões sistemáticas das forças luso-brasileiras e de aliados indígenas, os espanhóis foram forçados a se retirarem de São Vicente, indo para a Ilha de Santa Catarina. LEVANTE DOS TUPINAMBÁS – 1617- 1619 – BELÉM Entre os anos de 1614 e 1615, os portugueses resolveram começar a expandir seu território em direção à região amazônica. A ocupação da Amazônia durante a União Ibérica. A conquista do Amazonas começou no final de 1615, quando os portugueses venceram os franceses (França Equinocial) e conseguiram ocupar São Luís. Nessa expedição foi fundado Belém e a construção do forte de Presépio. O objetivo do forte era proteger a região do extremo norte que estava invadida por ingleses e holandeses. Os portugueses criaram campanhas militares para defender o território amazônico e garantir a entrada do Rio Amazonas. Para se estabelecer na região, os portugueses fizeram aliança com os tupinambás, povo indígena da região. Em 1617 os portugueses cometeram inúmeros abusos com os indígenas e começaram a explorar a mão de obra deles. Em 13 de janeiro de 1618, o líder dos Tupinambás, Tuxaua (cabelo de velha), reuniu diversos povos indígenas de Belém para travar uma luta contra os portugueses. As disputas culminaram no ataque dos tupinambás ao Forte do Presépio em 1619. Com a morte de Cabelo de Velha, os portugueses aproveitaram para invadir e atacar cruelmente as aldeias de Iguape e Guamá. CONFEDERAÇÃO DOS CARIRIS – 1683- 1713 – NORDESTE A confederação dos Cariris também é chamada de Guerra dos Bárbaros foi um conflito indígena na nação Cariri contra a dominação portuguesa na região do nordeste (atuaisestados Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba e Pernambuco) entre 1683 e 1713. A revolta começou por causa dos abusos cometidos pelos portugueses aos povos indígenas, tais como: massacre de tribos, escravização, abusos sexuais e usurpação de suas terras. Os indígenas criaram uma Confederação que começaram realizar ataques em vilas e fazendas. Após anos de luta, a confederação foi extinta e massacrada militarmente, ganhando o nome de “Guerra dos Bárbaros”. Destaque para os serviços prestados do bandeirante Domingos Jorge Velho para destruir a resistência dos Cariris.
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