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RESUMO: INTRODUÇÃO A CITOGENÉTICA GERAL – MARCELO GUERRA, 1988. YRIS EDUARDA DE ANDRADE MORFOLOGIA DO CROMOSSOMO METAFÁSICO MITÓTICO CITOGENÉTICA: compreende todo e qualquer estudo relativo ao cromossomo isolado ou em conjunto, condensado ou distendido, tanto no que diz respeito a sua morfologia, organização, função e replicação, quanto a sua variação e evolução. Na maioria das vezes em que se refere a cromossomos, trata-se de cromossomos metafísicos mitóticos de eucariotas, que possui grande diversidade em diferentes espécies. CROMOSSOMOS: é sempre formado por duas subunidades paralelas, as cromátides, cada uma constituída por um único fio de DNA, associado a proteínas e RNA, chamado cromonema. CROMÁTIDES: são unidas entre si por uma região mais delgada e fracamente corada, chamada de centrômero ou constrição primária. CENTRÔMERO: divide a cromátide em dois segmentos: braços cromossômicos. Com pouca frequência, pode estar em um dos extremos da cromátide, formando apenas um único braço cromossômico, denominado de telômero. CONSTRIÇÃO SECUNDÁRIA: constrição situada, em mais de 80% dos casos, no braço curto do cromossomo. SATÉLITE: segmento cromossômico situado entre a constrição secundária e o telômero. CENTRÔMERO Na maioria das espécies, os cromossomos são monocêntricos, ou seja, tem só um centrômero. Os centrômeros possuem uma estrutura globosa ou em forma de placa, de natureza proteica, chamada de cinetócoro, e é a região onde se ligam as fibras do fuso. CONSTRIÇÃO SECUNDÁRIA Também chamada de região organizadora do nucléolo (RON), pois os cromossomos que contem essa constrição são vistos frequentemente durante a prófase, associados ao nucléolo. Essa associação se deve ao fato de que nas constrições secundárias, se situam genes que produzem determinados tipos de RNA ribossomais, que constituirão grande parte do nucléolo. TELÔMERO Ao contrário das outras regiões do cromossomo, o telômero não se distingue morfologicamente do restante do braço cromossômico, impossibilitando determinar oo seu limite proximal ou a sua extensão. Mas, é uma região com propriedades importantes para o funcionamento do cromossomo, como função cicatrizante dos terminais cromossômicos quando o cromossomo é partido e tem papel importante na organização dos cromossomos dentro do núcleo interfásico e profásico; CARIOTIPO: CONCEITO E REPRESENTAÇÃO CONCEITO - CARIÓTIPO: descrição das características do conjunto cromossômico de uma espécie. É importante quando se quer comparar citogeneticamente espécies diferentes, ou examinar a variação entre indivíduos da mesma espécie. REPRESENTAÇÃO: pode ser feita na forma de cariograma ou de ideograma. o CARIOGRAMA: é construído a partir da fotografia ou de um desenho detalhado de uma metáfase em que todos os cromossomos estão bem corados e individualizados. Esses cromossomos são recortados e os homólogos são emparelhados e enumerados dentro de uma determinada ordem. o IDIOGRAMA: é uma representação esquemática do cariótipo, que utiliza valores médios da posição do centrômero e tamanho de cada cromossomo do conjunto haploide, e esses valores são obtidos por meio de medições cromossômicas feitas em várias células de um indivíduo ou de vários indivíduos de uma espécie. As características mais evidentes do cariótipo são a posição do centrômero e o número e tamanho dos cromossomos. Também é possível caracterizar os cromossomos pela quantidade de DNA, tamanho do centrômero, largura do cromossomo e vários outros parâmetros mais trabalhosos e pouco utilizados. NÚMERO DE CROMOSSOMOS Cada indivíduo possui normalmente dois números cromossômicos diferentes: o haploide ou gamético (n) e o diploide ou somático (2n), sendo este resultante da fecundação e se caracteriza pela presença de dois cromossomos de cada tipo (homólogos), que contem basicamente as mesmas informações genéticas, com exceção dos cromossomos sexuais. Além disso, no geral esses números são constantes dentro da espécie, frequentemente variando entre espécies diferentes. TAMANHO CROMOSSÔMICO O tamanho cromossômico varia de espécie para espécie, e essa variação não é distribuída inteiramente ao acaso, mas há uma tendência em determinados grupos para terem cromossomos maiores. Na maioria delas, o tamanho médio é em torno de de 5 a 6 micrômetros. POSIÇÃO DO CENTRÔMERO Este pode se localizar em qualquer posição entre o meio e a extremidade do cromossomo. CROMOSSOMO METACÊNTRICO: quando o centrômero se situa no meio ou próximo a ele, resultando em dois braços de tamanhos aproximadamente iguais. CROMOSSOMO TELOCÊNTRICO: quando o centrômero se situa exatamente na extremidade do cromossomo, resultando em um único braço. CROMOSSOMO SUBMETACÊNTRICO: quando o centrômero está localizado mais próximo ao centro do cromossomo, resultando em um braço mais curto que o outro. CROMOSSOMO ACROCÊNTRICO: centrômero mais próximo a extremidade do cromossomo, que também resulta em um braço mais curto que o outro. DIVISÃO NUCLEAR: MITOSE Há dois processos básicos de divisão nuclear nos eucariotas: MEIOSE: que reduz o número de cromossomos diploides. Nos animais, ocorre imediatamente antes da formação dos gametas; nos vegetais, após a meiose, surgem células haploides (esporos) que se dividem mitoticamente várias vezes antes de formar s gametas. Além disso, é um processo relativamente raro em ambos, estando restrito a um determinado órgão e frequentemente a uma fase do desenvolvimento. MITOSE: mantém constante o número de cromossomos. É interessante observar que a sequência de eventos na mitose ou meiose, é basicamente a mesma em todos os organismos. Ambos processos de divisão nuclear apresentam quatro fases características: prófase, metáfase, anáfase e telófase. Quando o núcleo não está em divisão, ele está em interfase. Cada ciclo nuclear inicia-se na interfase e termina no final da telófase. Faz parte do ciclo mitótico: 1. INTÉRFASE: nesse estágio, os cromossomos se encontram total ou parcialmente descondensados. O material que forma os cromossomos é a cromatina, que também preenche a maior parte do núcleo interfásico. A intérfase se divide em três períodos: G, S e G2. a. G: tem duração bem variável e é mais influenciável pelo meio externo; nele, o cromossomo é composto por uma única cromátide; b. S: ocorre a duplicação do DNA nuclear = a quantidade de DNA no final desse período é duas vezes maior que a do início; c. G2: o cromossomo apresenta duas cromátides, sendo assim, a quantidade de DNA do núcleo em G2 é duas vezes maior que em G1; 2. PRÓFASE: é a fase mais longa do processo de divisão, sendo caracterizada, nos estágios iniciais por uma gradual transformação da massa difusa do núcleo interfásico em filamentos longos e contorcidos (condensação do DNA), enquanto no citoplasmas surge o fuso acromático. O aspecto final da prófase, já com os cromossomos já razoavelmente condensados, mas ainda espalhados pelo núcleo, é conhecido como prometáfase. 3. METÁFASE: os cromossomos estão alinhados em um plano mediano da célula, formando a chamada placa equatorial ou placa metafásica. 4. ANÁFASE: fase de migração das cromátides irmãs para os polos opostos da célula. O inicio da anáfase, é marcado pela divisão do centrômero que mantinha as cromátides irmãs unidas entre si. Essa separação ocorre graças ao encurtamento das fibras do fuso que partem do cinetócoro a um dos polos da célula, e secundariamente pelo alongamento das fibras que surgem entre os cinetócoros irmãos logo após o inicio da separação. O final da anáfase é marcado pela chegada dos cromossomos aos polos opostos. 5. TELÓFASE: no início, os cromossomos se apresentam fortemente condensados e agregados, formando núcleos pequenos e densos. Já no final, os núcleos se apresentamrelativamente maiores e a cromatina difusa mais descondensada. Nessa fase, reaparecem os nucléolos e a carioteca, o fuso acromático e o cromonema desaparecem. Após a divisão nuclear (final da telófase) inicia-se a divisão da célula, ou citocinese. CAPÍTULO 2: ORGANIZAÇÃO MOLECULAR DA CROMOATINA COMPOSIÇÃO QUÍMICA DA CROMATINA Apenas uma pequena fração do cromossomo metafásico é constituída de DNA, cerca de 70% é proteína, e uma fração menor e mais variável é formada de RNA. A fração proteica é constituía por proteínas básicas (histonas) e proteínas acidas (não- histonas), cada uma dessas macromoléculas é composta por subunidades, as quais importam conhecer, pois variando as proporções dessas subunidades, variam as propriedades das macromoléculas. ESTRUTURA DO DNA O modelo de Watson e Crick é um dos modelos moleculares mais conhecidos: Relembrando alguns detalhes importantes. O DNA dos eucariotas é sempre uma dupla cadeia de forma helicoidal. Cada cadeia é formada por nucleotídeos, estes são constituídos por um grupo fosfato, uma pentose e uma base. As bases nitrogenadas podem ser: púricas (adenina e guanina) e pirimídicas (citosina e timina) As duas cadeias de DNA são mantidas por pontes de hidrogênio, estabelecidas entre as bases nitrogenadas de nucleotídeos opostos. A quantidade de bases púricas é sempre igual as de pirimídicas; A sequência de bases numa cadeia é perfeitamente dedutível a partir de uma cadeia oposta. Ainda, as informações genéticas contidas no DNA é transcrita para RNA e a partir deste poderá ser traduzida para proteínas. A passagem da informação genética do DNA para proteína é feita através de um código. A VARIAÇÃO NA QUANTIDADE DE DNA Sabemos que a quantidade de DNA varia entre muitas espécies. Seria essa variação inteiramente casual ou teria alguma relação cm o nível evolutivo dos organismos? Comparando a quantidade média de DNA em organismos de baixa complexidade com outro claramente mais complexo, encontraremos o conteúdo médio de DNA mais elevado nos organismos mais complexos. O que sugere que para a codificação de todas as informações genéticas de um determinado organismo, seja ele mais ou menos complexo, é necessária uma quantidade mínima de DNA proporcional a sua complexidade, mas alguns seres vivos, especialmente os eucariotas, não se restringem a esse mínimo, possuindo sempre um excesso de DNA, muitas vezes superior ao mínimo necessário. A SEQUÊNCIA DE BASE DO DNA Um fio de DNA eucariótico completo contém milhões de nucleotídeos, sendo assim, não é fácil de “ler”, mas existem técnicas que permitem deduzir a sequencia de bases de um segmento de DNA. Dados dispostos no livro sobre a sequência de bases em eucariotas: Os genes não se organizam de forma contígua, um ligado ao outro, mas sim, separados por um segmento de DNA conhecido como espaçador – em alguns casos, o tamanho deste é varias vez maior que o do gene, e o tamanho do DNA espaçador pode variar entre indivíduos da mesma espécie. Apenas uma parte do DNA que constitui um gene contém informação genética; o Íntrons: são segmentos que são transcritos para RNA-m e em seguida são retirados do RNA-m por enzimas altamente específicas, que deixam apenas as sequencias de RNA que contem informação genética = éxons. Os íntrons, são rigidamente controlados pela seleção natural, por não conter informação genética, e por isso variam entre espécies e entre indivíduos da mesma espécie. o Éxons: formam o RNA maduro, e são praticamente os mesmos em tamanho e sequencia entre diferentes espécies. Outra fonte de DNA em excesso, mostrou que determinados trechos do fio de DNA estão repetidos centenas, milhares ou milhões de vezes no genoma haploide. Esse DNA pode ser de duas classes distintas: 1. DNA altamente repetitivo: quando uma mesma sequencia de bases se encontra repetida mais de 100.000 vezes no genoma. 2. DNA moderadamente repetitivo: quando a repetitividade é inferior a 100.000 vezes no genoma. a. O restante do DNA é chamado de sequências únicas, pois é cntituido por sequências que não se repetem, ou se repetem muito pouco. A repetitividade do DNA e a existência de sequencias de bases sem sentido dentro e ao lado dos genes parecem explicar o excesso de genes em eucariotas, Além do fato de que a distribuição dos genes no cromossomo não é homogênea, havendo regiões ricas em genes e regiões pobres, ou até totalmente carentes de genes, estas são conhecidas como regiões de heterocromatina constitutiva. DETERMINAÇÃO DA REPETITIVIDADE DO DNA A determinação do grau de repetitividade do DNA é feita a partir de uma solução contendo o DNA isolado, fragmentado em pedaços relativamente pequenos e então desnaturados (com suas duas cadeias separadas por aquecimento), uma vez desnaturado, induz a reassociação ou renaturação de suas cadeias (diminuindo a temperatura). A velocidade da renaturação depende da concentração de cadeias simples complementares de DNA e do tempo necessário para ocorrer essa reassociação. Considerando um DNA com sequências únicas, na reassociação cada segmento de cadeia simples terá que encontrar exatamente o mesmo segmento complementar ao qual estava ligado. Se o DNA tiver 10.000 sequencias repetidas, a reassociação será bem mais rápida, pois cada segmento de cadeia simples terá 10.000 cadeias complementares idênticas a original. Dessa maneira, é possível medir a repetitividade de um determinado DNA, pois quanto mais rápida a associação, maio o grau de repetitividade do DNA testado. RNA O RNA é componente da cromatina sobre qual dispomos menos informações e representa na espécie humana cerca de 10% do cromossomo metafásico e 5% da cromatina interfásica. São conhecidos três tipos de RNA: 1. RNA-m: (mensageiro) é traduzido para proteína 2. RNA-t: (transportador) auxilia no processo de tradução 3. RNA-r: (ribossomal) auxilia no processo de tradução e constitui maior parte do RNA nuclear. HISTONAS São constituídas por um grande número de aminoácidos polimerizados, sendo dois particularmente frequentes nas histonas: lisina e arginina. Considerando o peso molecular e a carga elétrica total das histonas, e a sua constituição de aminoácidos é possível classifica-las em cinco tipos principais: 1. H1: ricas em lisina 2. H2a: ricas em lisina 3. H2b: ricas em lisina 4. H3: ricas em arginina 5. H4: ricas em arginina INTERAÇÃO HISTONAS x DNA Na cromatina interfásica, a quantidade de histonas pe aproximadamente proporcional a quantidade de DNA; na cromatina metafásica, a quantidade de histonas é sempre maior que a de DNA. Elas atuam: Participam no mecanismo de condensação do filamento de DNA; Exercem função de regulação da transcrição do RNA, bloqueando o DNA. Essas duas funções (regulação gênica e condensação) decorrem da forma como as histonas se associam com o DNA. PROTEÍNAS NÃO-HISTONICAS Compreendem todas as demais proteínas associadas a cromatina, naõ formam um grupo de proteínas estrutural ou funcionalmente semelhantes entre si, como ocorre nas histonas. Estão incluídas: 1. Proteínas contráteis 2. Proteínas ribossomais 3. Enzimas necessárias as funções do núcleo (replicação de transcrição do DNA) DA DUPLA HELICE AO CROMOSSOMO METAFÁSICO Um antigo problema da citogenética é entender como um filamento de DNA se empacota para formar o cromossomo metafásico. O primeiro estágio do empacotamento é dado pelas duas voltas do fio de DNA em torno do octâmero de histonas; os nucleossomos, por sua vez, se organizam formando uma espiral estreita, resultando na formação de um fio mais largo, denominado solenoide. Este, provavelmente dobra-se sobre si próprio, formando uma série de pequenos cronômeros que, quando distendidos formam numerosas alças. O fio formado pelo conjunto de pequenoscronômeros sofre pelo menos duas espiralizações sucessivas para formar o cromossomo metafásico. CAPÍTULO 3: HETEROCROMATINA E BANDEAMENTO CROMOSSÔMICO CARACTERÍSTICAS GERAIS DA HETEROCROMATINA As principais características da heterocromatina são: Ausência de atividade gênica; Replicação tardia do DNA, ou seja, a heterocromatina inicia sua replicação no final da fase S. TIPOS DE HETEROCROMATINA Segundo Brown, há pelo menos dois tipos distintos de cromatina: 1. HETEROCROMATINA CONSTITUTIVA: caracterizada por permanecer condensada durante todo o ciclo celular e em todas as células do indivíduo; geralmente se encontram em blocos no cromossomo; aparecem em ambos os homólogos, na mesma posição e com o mesmo tamanho; não contém genes estruturais; é o local onde se situa toda ou maior parte do DNA satélite, embora ela não seja formada exclusivamente por DNA satélite. 2. HETEROCROMATINA FACULTATIVA: é um tipo de cromatina que ora se comporta como heterocromatina (mantem-se condensada durante a interfase, apresenta replicação tardia e ausência de expressão gênica), ora como uma típica eucromatina, além disso, aparece em apenas um dos homólogos de cada cromossômico; envolve todo o cromossomo e não apenas blocos; não possui nenhuma particularidade quanto a composição do DNA. IMPORTÂNCIA DO BANDEAMENTO CROMOSSÔMICO No cariótipo humano, cada par cromossômico apresenta um padrão distinto e bem característico de bandas G. Os bandeamentos G e Q são particularmente importantes para a citogenética humana porque permitem detectar pequenas variações estruturais, como: deleções, duplicações, inversões, etc., geralmente relacionadas com determinadas anomalias do desenvolvimento e ainda é possível localizar exatamente a região do cromossomo diretamente afetada. Em outras espécies, essas técnicas têm possibilitado compreender melhor as alterações cromossômicas que se estabeleceram em cada cariótipo. Para estudos evolutivos, o bandeamento possibilitou a observação detalhada das transformações que ocorreram em grupos de espécies próximas com cariótipos semelhantes. Recentemente, tem sido desenvolvidas técnicas de bandeamento de alta resolução que produzem um efeito semelhante ao das bandas G, mas om um número muito maior de bandas. Em conjunto, essas bandas constituem hoje um dos mais poderosos instrumentos para a análise de alterações do cariótipo humano ou para comparar espécies diferentes. CAPÍTULO 8: VARIAÇÃO E EVOLUÇÃO CROMOSSÔMICA: VARIAÇÃO NUMÉRCICA A VARIAÇÃO CROMOSSÔMICA Variação cromossômica ou cariotípica pode ocorrer entre diferentes células do indivíduo, entre indivíduos diferentes da mesma população ou entre populações diferentes da mesma espécie. Essa variação pode ser: Variação programada: faz parte da programação genética da espécie e é encontrada em todos os indivíduos e populações dessa espécie. Variação não programada: são mutações cromossômicas que em relação ao cariótipo normal, podem ser vantajosas, desvantajosas ou neutras. o Mutações desvantajosas: são rapidamente eliminadas das populações e não tem significado evolutivo (ex: trissomia 21 em humanos) o Mutações neutras ou vantajosas: são transmitidas aos descendentes, contribuindo para a variação cariotípica natural das espécies, denominada polimorfismo cromossômico. Polimorfismo cromossômico: é a existência de duas ou mais formas diferentes para um mesmo cromossomo. Esse conceito se aplica tanto a uma população isolada quanto a uma espécie, gênero, etc.. Existem dois tipos principais de variações cariotípicas: 1. Numéricas: que compreende as haploidias, poliploidia, aneuploidias, disploidias, agmatoploidias e cromossomos B; são mais fáceis de serem observadas, mesmo em espécies com cromossomos muito pequenos e numerosos, e têm efeito mais drástico para o indivíduo e para a evolução da espécie. 2. Estruturais: que incluem deleções, duplicações, inversões, transposições, translocações e isocromossomos. VARIAÇÃO DO NÍVEL DE PLOIDIA NOS CICLOS VITAIS Em praticamente todos os organismos existe ao menos uma fase do desenvolvimento no estado haploide: ANIMAIS: a fase haploide é sempre unicelular e restrita aos gametas (exceto nos machos de sistema de determinação sexual haplo-diploide) FUNGOS: a fase haploide é geralmente dominante. ALGAS: há uma grande variação na extensão relativa da fase haploide e diploide. BRIÓFITAS: a duração relativa da fase haploide é maior que nas pteridófitas, e é maior nesses últimos que nas gimnospermas e angiospermas. Em todos os vegetais, o organismo diploide é chamado de esporófito, sofre meiose produzindo esporos, que se desenvolvem constituindo um organismo pluricelular, o gametófito (haploide) que se diferencia de algumas células e forma os gametas. Normalmente a fase haploide se difere morfologicamente da fase diploide, mesmo contendo basicamente os mesmos genes. HAPLOIDIA CMO UMA ALTERAÇÃO CROMOSSÔMICA Além dessa alternância normal de ploidia, excepcionalmente é possível encontrar na natureza ou em cultivo, como uma condição anômala, esporófitos haploides e gametófitos diploides. ANIMAIS: são conhecidos alguns mutantes hapoides (drosófila), mas apresentam viabilidade reduzida e esterilidade total. PLANTAS: em espécies mais estudadas de angiospermas (milho e tomate), têm sido encontradas plantas haploides com fenótipo quase idêntico a diploide; essas plantas normalmente são estéreis, mas podem produzir alguns esporos viáveis e normais e esporos deficientes. A probabilidade de se formarem esporos normais em uma planta haploide é inversamente proporcional ao seu numero cromossômico. Além disso, plantas haploides também podem formar esporos deficientes para cada cromossomo com igual probabilidade, o que é importante para a obtenção de linhagens monossômicas. POLIPLOIDIA EUPLOIDIA: é a presença de um conjunto haploide completo ou de múltiplos inteiros desse conjunto – acima do nível diploide, esta é também denominada POLIPLOIDIA. Sendo esta, um tipo de variação cromossômica dominante na evolução vegetal e de alguns grupos de invertebrados. Além de sofrer ciclos endomitóticos e tornar-se poliploide, indivíduos totalmente poliploides podem surgir esporadicamente dentro de uma espécie diploide, mas com viabilidade geralmente reduzida, podendo se desenvolver em condições de baixa competição, podendo mesmo dar origem a uma linhagem, uma população ou raça poliploide dentro da espécie diploide, sendo mais fácil observar em espécies cultivadas, mas há muitos casos de poliploides surgidos em condições silvestres. A poliploidia é um fenômeno muito comum em plantas, sendo rara em animais, especialmente os vertebrados. ORIGEM DOS POLIPLOIDES O poliploide pode se originar de um erro meiótico (não redução cromossômica) ou de uma endomitose em uma célula precursora da meiose. Autopoliploidia: contém varias copias de um único genoma; Aloliploidia: contêm várias copias de dois ou mais genomas – está relacionada a hibridização, podendo ocorrer antes ou depois da formação do hibrido. POLIPLOIDES INDUZIDOS Poliploides também podem ser induzidos artificialmente, existem vários casos de poliploides sintéticos. Geralmente a poliploidia é induzida para contornar a esterilidade cromossômica dos híbridos interespecíficos, mas também pode ser usada para induzir a esterilidade (níveis de ploidia ímpar-triploides ou pentaploides). No caso de ploidia impar, são, via de regra, estéreis, o que é completamente vantajoso para certas plantas, pois, além de aumentar o tamanho dos frutos, pelo aumento da ploidia, elimina as sementes (banana, limão e melancia triploide). ANEUPOLOIDIA É uma alteração do cariótipo que ganha ou perde um pouco dos cromossomos. Indivíduos aneuploides surgem a partir de gametas com númerocromossômico irregular. As aneuploidias são alterações cromossômicas muito frequentes e muito estudadas na espécie humana. De todas as aneuploidias, a trissomia do 21 é a mais conhecida na espécie humana, a frequência de ocorrência varia com a idade da mãe. Mais frequente e muito menos prejudicial são as aneuploidias do par cromossomo sexual. DISPLOIDIA É quando ocorre a redução do numero cromossômico sem haver alteração quantitativa, ou mesmo qualitativa, no material hereditário, e ocorre devido a rearranjos estruturais do tipo translocação e fusão ou fissão centricas. Aparentemente tiveram uma importância muito maior para a evolução do que as aneuploidias. AGMATOPLOIDIA Em organismos que apresentam cromossomos com cinetócoro difuso, cada vez que um cromossomo sofre uma quebra, os fragmentos resultantes passam a funcionar como cromossomos independentes, esta também pode causar variação numérica dentro da espécie ou mesmo dentro do indivíduo. CROMOSSOMOS B São cromossomos extras, geralmente pequenos e heterocromáticos. Nas espécies que possuem esses cromossomos, o numero deles por individuo é muito variável, essa variação se deve, em parte, ao: Comportamento meiótico irregular; Frequentemente com formação de univalentes; Migração preferencial para um dos polos; Retardo à anafásico; Pareamento com um dos cromossomos (raro); Em algumas espécies, o numero de Bs varia entre diferentes células, e isto se deve ao retardo anafásico, com eliminação do B de algumas células, ou a não disjunção mitótica . a julgar essa alta instabilidade, deveria se esperar que os Bs fossem rapidamente eliminados das espécies onde surgem, mas vários dados sugerem que, ao menos em algumas espécies, o numero de Bs é controlado geneticamente, A origem dos cromossomos B parece ser variável e não se deve a um único tipo de mecanismo evolutivo, em alguns poucos casos estudados, têm sido encontrados fortes indícios de que eles se originaram a partir de fragmentos centricos de um dos cromossomos A. CAPÍTULO 9: VARIAÇÃO E EVOLUÇÃO CROMOSSOMICA: VARIAÇÃO ESTRUTURAL Da mesma maneira que o cariótipo pode variar entre espécies ou dentro da espécie devido ao aumento ou a diminuição do numero de cromossomos, cada cromossomo pode também apresentar variações no: Tamanho; Posição do centrômero; Quantidade de DNA; Quantidade de heterocromatina; Numero e posição relativa de suas bandas C e G. Essas variações são ditas como estruturais e podem ocorrer praticamente em todas as espécies. Essas variações são reconhecidas quando afetam a morfologia cromossômica ou mudam a posição de certos marcadores cromossômicos como: Centrômero A constituição secundaria As faixas dos politênicos Os diversos tipos de bandas A maioria das alterações estruturais conhecidas envolve segmentos cromossômicos relativamente grandes que podem ser visualizados no microscópio óptico, mas, ocorre um numero muito maior de alterações pequenas, que não são vistas no exame citogenético. A identificação citológica de uma alteração estrutural pode ser feita em três situações diferentes: 1. Em CROMSSOMOS GIGANTES: pelas alterações que causam no padrão das faixas (politênicos) ou alças (plumosos); 2. Em CROMOSSOMOS METAFÁSICOS MITÓTICOS: pela medição do tamanho cromossômico, posição do centrômero e determinação do tamanho e posição das bandas; 3. Em CROMOSSOMOS MEIOTICOS de indivíduos heterozigotos para a variação estrutural; DELEÇÃO E DUPLICAÇÃO: CNCEITOS E EXEMPLOS CLÁSSICOS DELEÇÃO: ou deficiência, é a perda de um pedaço qualquer do cromossomo, que não inclua o centrômero. Pode ser: o Terminal: é a mais simples, pois envolve apenas uma quebra do cromossomo, porém, é a mais rara – aparentemente a perda do telômero compromete a viabilidade do cromossomo. o Intercalar: ou intersticial. As deleções são conhecidas em muitos organismos, principalmente no estado heterozigoto, onde é menos prejudicial. Estas, podem se originar simplesmente por quebra e eliminação cromossômicas, além disso, deleções e duplicações podem se originar simultaneamente como consequência de dois tipos de distúrbios meióticos: 1. Pareamento meiótico incorreto, seguido de permutação desigual; 2. Distribuição desigual da cromatina, como consequência de translocações ou inversões; DUPLICAÇÃO: é a repetição anormal de um segmento cromossômico qualquer – o segmento duplicado pode estar no mesmo cromossomo ou em outro. INVERSÕES As inversões ocorrem quando um cromossomo é rompido em dois pontos e reorganiza- se de forma invertida. Inversão pericêntrica: quando o segmento invertido contém o centrômero = as duas quebras ocorreram em volta do centrômero. Inversão paracêntrica: quando não contém centrômero = as duas quebras ocorreram em um único braço e portanto ao lado do centrômero. TRANSPOSIÇÃO É a transferência de um segmento cromossômico de uma região a outra do mesmo cromossomo, o segmento transposto pode manter a mesma ordem genica ou se inserir de forma invertida. Na teoria, é uma alteração que deve ser mais rara que as demais, pois exige três quebras cromossômicas simultâneas (duas em volta do segmento a ser transposto e uma no local a ser inserido) e são conhecidos poucos exemplos comprovados de transposição. A consequência genética da transposição é a mesma da inversão = bloqueio da recombinação genica. FISSÃO E FUSÃO CENTRICAS O numero de cromossomos pode aumentar ou diminuir sem que haja variação na quantidade de DNA, e esses casos são geralmente devidos a quebra do cromossomo na altura do centrômero: Fissão telocêntrica: quando a quebra do cromossomo da origem a dois cromossomos telocêntricos. Fusão cêntrica: quando ocorre o processo inverso. TRANSLOCAÇÃO É a transferência de um segmento de um cromossomo para outro não homologo, e pode ser: Simples: quando apenas um segmento é translocado de um cromossomo a outro. Recíproca: quando os cromossomos trocam partes entre si. É o tipo mais frequente. Em ambos os casos não há perda nem ganho de material genético para o individuo em que se originou a translocação, há apenas uma redistribuição do material genético entre os cromossomos. CAPÍTULO 10: A EVOLUÇAO CARIOTÍPICA Na historia evolutiva dos seres vivos, podemos distinguir três modos principais de evolução: 1. Anagênese: ou evolução filética – consiste na transformação gradual de uma espécie em outra pela fixação de novos caracteres. 2. Cladogênse: onde uma espécie se divide em duas ou mais, sendo necessária a existência de mecanismos de isolamento reprodutivo para garantir que cada espécie mantenha as suas características genicas exclusivas. 3. Evolução reticulada: é aquela na qual duas espécies se fusionam para forma uma terceira espécie. VARIABILIDADE MORFOLÓGICA E VARIABILIDADE CROMOSSÔMICA Espécies cariotipicamente estáveis: espécies nas quais não são identificados nenhum polimorfismo, ou apenas pequenas variações cromossômicas intra- ou interespecíficas, onde a evolução se da principalmente por alterações genicas ou por mudanças nas frequências genicas. Espécies crípticas: quando espécies de um determinado gênero são morfologicamente idênticas, embora possam apresentar um intenso polimorfismo inter e intraespecífico. EVOLUÇAÕ CARITÍPICA E QUANTIDADE DE DNA O fato de que qualquer cromossomo eucariótico possui uma estrutura muito semelhante, levantou-se a hipótese de que o ancestral dos eucariotas teria tido a semelhanças dos procariotas, um único cromossomo, o qual por duplicação (poliploidização) teria aumentado em número e posteriormente se diversificado gênica e morfologicamente. A evolução cariotípica não se processou da mesma maneira em todas as linhas evolutivas, em muitos grupos de organismos as alterações cariotípicas sãodevidas principalmente a um determinado tipo de mutação cromossômica. Dependendo do tipo de alteração envolvida, a evolução do grupo pode ocorrer com ou sem variação significante na quantidade de DNA, e esse ganho ou perda de DNA parece ter uma implicação maior na evolução organismal que os rearranjos que não afetam o conteúdo de DNA. Podemos reconhecer quatro alternativas evolucionarias: 1. Conservação da quantidade de DNA com estabilidade cariotípica; 2. Conservação da quantidade de DNA com reorganização cariotípica; 3. Aumento da quantidade de DNA; essas variações são geralmente devidas a um aumento ou diminuição mais ou menos equitativos da quantidade de DNA de todos os cromossomos do cariótipo; 4. Diminuição na quantidade de DNA; No caso do aumento e diminuição do DNA, parece provável que haja um controle gênico do tamanho e do conteúdo de DNA cromossomal promovendo uma rápida amplificação ou redução em cada cromossomo. Essa hipótese é apoiada pelos seguintes fatos: Em varias séries poliploides, as espécies dos níveis mais altos do poliploidia têm todos os cromossomos proporcionalmente menores que as de disploidias inferior. Nessas espécies, o conteúdo de DNA não duplica proporcionalmente ao nível de ploidia. Na maioria dos gêneros que tem o numero cromossômico constante e apresentam intensa variação na quantidade de DNA, em geral o tamanho do cromossomo varia mas a forma permanece mais ou menos constante. Ao menos em uma espécie, é sabido que o conteúdo de DNA pode variar rapidamente em resposta a uma determinada condição ambiental. Em culturas de alguns tecidos animais, especialmente de tumores malignos, observa-se alguns que cromossomos aumentam rapidamente de tamanho.
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