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RESENHA CRÍTICA - ARIEL, DE SYLVIA PLATH

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RESENHA 
Diego dos Santos Rocha 
 
PLATH, Sylvia. Ariel: edição restaurada e bilíngue, com os manuscritos 
originais. Tradução de Rodrigo Garcia Lopes e Maria Cristina Lenz de Macedo. 
2. ed. Campinas: Verus, 2010. 
 
Dois anos após o suicídio de Sylvia Plath, o marido da autora, o poeta 
britânico Ted Hughes, publicou uma coletânea de poemas chamada "Ariel" 
(1965), sobre a qual se faria grande parte da fortuna crítica da poesia de Sylvia 
Plath até hoje. O que não se sabia, até então, é que o "Ariel" que chegou às 
mãos do público era diferente daquele originalmente idealizado por Plath. Antes 
de morrer, Sylvia deixou em uma gaveta o manuscrito contendo a sequência 
correta dos poemas que queria publicar, o que levou ao conhecimento do público 
a alteração da obra por parte de Ted. O poeta livremente removeu 13 poemas 
que mencionavam ou faziam referência às suas constantes traições e que foram 
alvo da escrita brusca de Plath, substituindo por 13 novos poemas destinados a 
uma futura publicação. Em 2004, a filha do casal, Frieda Hughes, publicou o 
"Ariel" mantendo a sua organização inicial, planejada por Sylvia Plath, deixando 
a obra da maneira que a própria autora gostaria que fosse lida. 
"Ariel" (2004) é uma coletânea que possui 40 poemas com uma voz 
visceral e que busca exorcizar os demônios que atormentaram por anos o 
psicológico de Sylvia Plath, que enxergava a escrita como uma forma de 
extensão de si própria. Aqui, a poeta escreve abertamente a respeito de sua 
condição psicológica e a depressão que a acompanhou desde a infância, critica 
as instituições e as configurações patriarcais que foram estabelecidas ao longo 
da história, o lado não romantizado da maternidade e da vida doméstica, e, 
principalmente, desabafa com uma voz, por vezes furiosa e vingativa, a respeito 
dos adultérios cometidos por seu marido. 
Uma das temáticas que mais chamam atenção na obra são as tensões 
entre a vida e a morte, em que Sylvia tece ao leitor sua visão de mundo e como 
se desprender dos estigmas concebidos pela própria condição humana, 
compreendendo a morte como um ritual de renascimento, seja na escrita ou, 
como ocorreu em fevereiro de 1963, na própria aniquilação do ser. Uma obra 
importantíssima da poesia contemporânea e uma coletânea que explora de 
forma visceral os aspectos mais conflitantes do ser humano frente a si mesmo e 
ao mundo que o cerca.

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