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Postagem Final TCC

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UNIP - Universidade Paulista 
Educação à Distância 
Curso: Pedagogia 
 
 
 
 
 
CADERNO DE DESENHO: 
UMA VITRINE DA JORNADA CRIATIVA DO ALUNO 
 
 
 
 
 
 
 
SILVA, Viviani Jacusso Vasconcellos Lopes 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Polo ITES - Taubaté 
2019
ii 
 
Viviani Jacusso Vasconcellos Lopes Silva 
 
 
 
 
 
 
 
 
CADERNO DE DESENHO: 
UMA VITRINE DA JORNADA CRIATIVA DO ALUNO 
 
 
 
 
 
 
 
Trabalho Monográfico – Curso de Graduação – 
Licenciatura em Pedagogia, apresentado à 
comissão julgadora da UNIP EaD sob a 
orientação da professora Ana Beatriz Lopes 
Françoso 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Polo ITES - Taubaté 
2019 
iii 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Aos meus filhos Márcio, Flávio e Aline, 
razão da minha vida. 
Ao meu marido, meu maior 
incentivador e companheiro de vida. 
Amo vocês! 
iv 
 
AGRADECIMENTOS 
 
 
 
Quero agradecer à minha família pelo suporte oferecido ao longo 
desta jornada. 
 A todos que me apoiaram e motivaram, expresso o meu 
agradecimento, em especial à minha tia Marilda que muito me auxiliou no 
decorrer de todo o curso. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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"Numa folha qualquer eu desenho um sol amarelo 
E com cinco ou seis retas é fácil fazer um castelo..." 
(Toquinho) 
 
 
vi 
 
SUMÁRIO 
 
1. INTRODUÇÃO 10 
 
2. O DESENHO........................................................................ 12 
 2.1 O desenho na história..................................................... 12 
 2.2 O desenho infantil............................................................ 13 
 2.3 O desenho na escola de Educação Infantil................... 14 
 
3. AS FASES DO DESENHO.................................................. 17 
 3.1 Visão teórica de Luquet.................................................. 17 
 3.1.1 Realismo fortuito.............................................................. 17 
 3.1.2 Realismo fracassado........................................................ 19 
 3.1.3 Realismo intelectual......................................................... 19 
 3.1.4 Realismo visual................................................................ 20 
 3.2 Visão teórica de Lowenfeld............................................ 21 
 3.2.1 Estágio das garatujas....................................................... 21 
 3.2.2 Estágio pré esquemático.................................................. 21 
 3.2.3 Estágio esquemático........................................................ 22 
 3.2.4 Estágio do realismo.......................................................... 23 
 3.3 Visão teórica de Piaget.................................................... 23 
 3.3.1 Garatuja........................................................................... 23 
 3.3.2 Pré esquematismo........................................................... 24 
 3.3.3 Esquematismo................................................................. 25 
 3.3.4 Realismo.......................................................................... 26 
 3.3.5 Pseudo naturalismo......................................................... 26 
 3.4 O meio cultural como fator contribuinte no processo 
de desenvolvimento gráfico........................................... 
 
27 
 
4. O CADERNO DE DESENHO NA EDUCAÇÃO INFANTIL 29 
 4.1 Relevância do caderno.................................................... 29 
 4.2 Frequência do uso........................................................... 30 
 4.3 O desenho cultivado........................................................ 31 
 4.3.1 Desenho livre................................................................... 32 
 4.3.2 Desenho de apreciação................................................... 33 
 4.3.3 Desenho com interferência.............................................. 34 
 4.3.4 Desenho temático............................................................ 34 
 4.3.5 Desenho gêmeo............................................................... 35 
 4.3.6 Desenho de imaginação.................................................. 36 
 4.3.7 Desenho de observação.................................................. 37 
 4.3.8 Desenho de memória....................................................... 38 
 4.3.9 Desenho ditado................................................................ 38 
 4.4 Registro de avaliação...................................................... 39 
 
 CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................. 41 
 
 REFERÊNCIAS................................................................... 43 
 
vii 
 
LISTA DE FIGURAS 
 
 
 
FIGURA 1......... Desenho Involuntário - 2013................................... 18 
FIGURA 2......... Desenho voluntário - 2013...................................... 18 
FIGURA 3......... Realismo fracassado - 2013.................................... 19 
FIGURA 4......... Realismo intelectual - 2016..................................... 20 
FIGURA 5......... Realismo visual - 2016............................................ 20 
FIGURA 6......... Figuração de garatuja - 2013.................................. 21 
FIGURA 7......... Figuração pré esquemática - 2013......................... 22 
FIGURA 8......... Figuração esquemática - 2013................................ 22 
FIGURA 9......... Figuração realista - 2016......................................... 23 
FIGURA 10....... Garatuja - 2018....................................................... 24 
FIGURA 11....... Pré esquema - 2013................................................ 25 
FIGURA 12....... Esquematismo - 2018............................................. 25 
FIGURA 13....... Realismo - 2018...................................................... 26 
FIGURA 14....... Pseudo naturalismo - 2018..................................... 27 
FIGURA 15....... Desenho livre - 2013............................................... 32 
FIGURA 16....... Desenho de apreciação - 2013............................... 33 
FIGURA 17....... Desenho com interferência - 2013.......................... 34 
FIGURA 18....... Desenho temático - 2018........................................ 35 
FIGURA 19....... Desenho gêmeo - 2010........................................... 35 
FIGURA 20....... Desenho de imaginação - 2013.............................. 36 
FIGURA 21....... Desenho de observação - 2013.............................. 37 
FIGURA 22....... Desenho de memória - 2009................................... 38 
FIGURA 23....... Desenho ditado - 2013............................................ 39 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
viii 
 
RESUMO 
 
 
O desenho infantil, além de ser uma forma de expressão e comunicação, é 
uma atividade lúdica que favorece o desenvolvimento da criança. Junto ao seu 
desenvolvimento caminha sua trajetória desenhista. Este percurso criador é 
marcado pela aquisição de novas habilidades e competências que permitem à 
criança compreender o mundo e o ressignificar. É necessário, portanto, que o 
desenho infantil seja percebido pela escola e família como um valioso recurso no 
processo ensino/aprendizagem, visto que ele possibilita uma singular 
expressividade no mundo, permitindo que o aluno se sinta participante do 
processo educativo e consequentemente um ser social ativo. O papel do 
professor é essencial para mediar e fornecer propostas educativas capazes de 
promover o desenvolvimento das crianças nos aspectos cognitivo, social, 
emocional e afetivo. Alimentar e cultivar o percurso criador de seus alunos exige 
que o professor compreenda a evolução desenhista da criança, valorize sua 
importânciae seja capaz de propor desafios e atividades significativas, 
entendendo que o processo ensino/aprendizagem acontece de forma contínua. 
Para possibilitar esse acompanhamento e avaliação do progresso dos alunos, o 
registro e arquivamento dos trabalhos são fundamentais, constituindo-se em 
dados que permitam não só ao professor, mas aos próprios alunos e familiares 
observarem e verificarem os avanços obtidos no percurso criador. 
 
 
PALAVRAS-CHAVE: desenho infantil, percurso criador, processo ensino/aprendizagem 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ix 
 
ABSTRACT 
 
 
Children's drawing, besides being a form of expression and communication, 
is a playful activity that favors the child's development. Along with its development 
walks its designer trajectory. This creative path is marked by the acquisition of new 
skills and competences that allow the child to understand the world and re-signify 
it. It is therefore necessary that children's drawing be perceived by the school and 
family as a valuable resource in the teaching / learning process, as it enables a 
unique expression in the world, allowing the student to feel participant in the 
educational process and consequently a social being. active. The teacher's role is 
essential to mediate and provide educational proposals capable of promoting 
children's development in cognitive, social, emotional and affective aspects. 
Feeding and cultivating the creative path of their students requires the teacher to 
understand the child's drawing evolution, value its importance and be able to 
propose significant challenges and activities, understanding that the teaching / 
learning process happens continuously. To enable this monitoring and evaluation 
of student progress, the recording and archiving of works are essential, 
constituting data that allow not only the teacher, but also the students and their 
families to observe and verify the advances made in the creative path. 
 
Key words: Children's drawing, creative path, creative path 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
10 
 
1. INTRODUÇÃO 
 
O desenho é uma linguagem muito antiga, presente no desenvolvimento 
humano desde a pré-história, onde os homens utilizavam dos desenhos em 
paredes para se expressar ou comunicar algo, tornando possível, através da 
interpretação dessas gravuras, compreender como era seu modo de vida. A partir 
daí, os desenhos foram se aperfeiçoando e assumindo diferentes papéis sociais, 
contribuindo inclusive para o desenvolvimento da linguagem e da escrita. 
Assim como o desenho dos povos primitivos tornou-se uma forma de 
expressão para aquele povo, o mesmo ocorre para as crianças. 
 
O desenvolvimento progressivo do desenho implica mudanças 
significativas que, no início, dizem respeito à passagem dos 
rabiscos iniciais da garatuja para construções cada vez mais 
ordenadas, fazendo surgir os primeiros símbolos. (RCNEI, 1998, 
p. 92) 
 
A criança, muitas vezes, expressa sua percepção sobre as coisas através 
dos traços ou desenhos, mesmo que seja apenas interpretado por ela mesma. 
É por meio do desenho que a criança ressignifica o mundo de modo muito 
particular e, por ser uma fase onde o lúdico é muito presente e significativo, o 
desenhar torna-se fundamental para o desenvolvimento da criança, permitindo 
que ela expresse sua forma de ver o mundo. 
Além de nos revelar muito sobre a criança, o desenho a estimula no 
processo de descoberta e aprendizagem, sendo fundamental para o 
aprimoramento da coordenação motora, construção da noção de espaço, 
organização do pensamento, dentre tantos outros aspectos cognitivos e 
expressivos. 
Visto que se faz necessário um olhar atento às produções das crianças, 
observou-se durante o período de estágio o não aproveitamento do caderno de 
desenho na Educação Infantil. 
Levando em conta que em muitas escolas as crianças recebem este 
material gratuitamente e pensando acerca da realidade educacional do nosso 
país, ponderou-se sobre não abrir mão de nenhum recurso ao qual a criança 
tenha acesso. Surgiu então a ideia de propor uma melhor utilização para este 
material. 
11 
 
Dessa forma, buscou-se pensar em alternativas para utilizá-lo da melhor 
forma possível, aproveitando ao máximo as possibilidades de trabalho que este 
suporte oferece a fim de favorecer o planejamento de intervenções que atinjam 
não só avanços, mas que promovam a valorização dos trabalhos das crianças e 
avaliação contínua. 
Assim, o caderno de desenho pode ser utilizado como um portfólio do 
percurso criador do aluno, possibilitando que o professor resgate a qualquer 
momento do processo, as atividades realizadas, permitindo que identifique sua 
evolução pois, segundo o RCNEI (1998, p. 101): " Guardar, organizar a sala e 
documentar as produções são ações que podem ajudar cada criança na 
percepção de seu processo evolutivo e do desenrolar das etapas de trabalho". 
Portanto, com base nos estudos de Piaget, Luquet e Lowenfeld e 
amparados também pela abordagem de Rosa Iavelberg , o objetivo deste 
trabalho é propor o uso do caderno de desenho como uma importante ferramenta 
de observação ao professor do desenvolvimento do criativo e cognitivo do aluno e 
como apoio ao planejamento do seu trabalho na realização de interferências 
coerentes e significativas, que venham a instigar novas aprendizagens. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
12 
 
2. O DESENHO 
 
2.1 - O desenho na história 
 
A história do desenho inicia junto à história do homem. Os primitivos 
desenhavam nas paredes das cavernas, as chamadas pinturas rupestres, como 
forma de retratar algum acontecimento, sendo portando a gravura sua primeira 
forma de comunicação e expressão, o que possibilitou mais tarde o 
desenvolvimento da linguagem oral e escrita. 
O desenho esteve presente em todos os momentos e épocas históricas, 
sendo que em algumas delas com valor inestimável, quase sagrado, como no 
Egito Antigo, onde haviam registros em templos e tumbas, através do qual era 
permitido compreender o cotidiano daquele povo, como a sociedade era dividida, 
sua cultura e até mesmo suas crenças religiosas, inclusive como acreditavam ser 
a vida após a morte. Podemos perceber a importância quase sagrada do desenho 
para essa civilização, quando por alguma circunstância, após a morte, a pessoa 
tinha as inscrições de sua tumba apagadas, fato este que era visto como uma 
grave punição. 
No período clássico da história antiga, os gregos usavam os desenhos para 
representarem seus deuses e criaturas mitológicas. Da mesma forma, os 
romanos também faziam uso das imagens a fim de representar seus deuses. 
Já na Mesopotâmia, o desenho era usado para registrar as rotas comerciais, 
dando origem ao que mais tarde ficou conhecido como representação 
cartográfica. 
Foi no período do Renascimento que o desenho ganhou novos contornos, 
adquirindo perspectivas, passando assim a se tornar mais realístico, retratando 
com fidelidade o ambiente e os cenários ao seu redor. Com um maior 
conhecimento da anatomia humana, também desenvolvida naquela época, os 
desenhos de pessoas também tornaram-se mais ricos e fidedignos, já que 
passaram a utilizar luz e sombra, cores e proporções nas imagens. 
Posteriormente, no período da Revolução Industrial, surge uma categoria de 
desenho direcionada à concepção de máquinas e instrumentos, o que ficou 
conhecido como desenho industrial. 
13 
 
Já no final do século XIX, surge a revista em quadrinhos, uma modalidade 
nova que atraiu a atenção de muitos. Após a Primeira Guerra Mundial ganham 
popularidade as charges e caricaturas que passam a fazer parte dos jornais da 
época. 
Nos dias de hoje, os desenhos estão mais presentes do que nunca em 
nossas vidas, nas mais diversas modalidades: caricaturas, charges, grafite, 
animes, cartuns, mangás entre tantas outras. Com técnicas que evoluem a cada 
dia é possível que se criem cadavez mais novos estilos de desenho, capaz de 
agradar qualquer tipo de público. 
 
2.2 - O desenho infantil 
 
A percepção do desenho infantil só foi possível após a mudança na forma 
de se ver a própria infância, já apontada por Jean Jacques Rousseau no século 
XVIII, onde concebeu a criança como sendo diferente do adulto. Mas, somente no 
final do século XIX surgem os primeiros estudos acerca do desenho infantil e de 
sua originalidade. De acordo com Mèredieu (2017, p. 16): “A descoberta de leis 
próprias da psique infantil, a demonstração da originalidade de seu 
desenvolvimento, levaram a admitir a especificação desse universo.” 
Ninguém nasce sabendo desenhar, esta é uma linguagem que se 
conquista aos poucos, ao longo de toda a infância. No decorrer do processo do 
aprimoramento do desenho existem diversos fatores que podem influenciar a 
forma de cada um desenhar, entre eles o meio em que vive, suas possibilidades, 
a cultura do seu grupo entre tantos outros aspectos particulares da vida de cada 
um. De acordo com Luquet (1969, p. 23): “O repertório gráfico da criança, assim 
como a sua experiência visual, está condicionado pelo meio onde ela vive.” 
Ainda no que diz respeito às influências no processo de desenvolvimento 
do desenho, afirma: 
 
Mas, mesmo tendo em conta as suas singularidades, pode 
considerar-se regra geral a criança representar nos seus 
desenhos tudo o que faz parte da sua experiência, tudo o que 
está aberto à sua percepção. Mesmo as diferenças de interesse 
por tal ou tal categoria de objetos são determinadas não só pelos 
gostos pessoais do desenhador, mas também pelas condições da 
sua experiência, e variam com elas. (LUQUET, 1969, p. 22) 
14 
 
Entretanto, apesar de tudo isso, os pesquisadores do desenho infantil 
perceberam que independente de qualquer cenário existem características 
comuns que permitem que se pensem em fases universais no desenvolvimento 
do desenho. 
Dividiremos mais à frente o desenvolvimento do desenho em fases, 
mesclando importantes autores, mas vale ressaltar que as fases não são 
estanques, nem desconectadas umas das outras, essa divisão é utilizada apenas 
para facilitar a compreensão do processo de evolução do desenho. 
Junto a isso, também analisaremos as fases do desenvolvimento cognitivo 
propostas por Piaget, que nos permitirão entender o desenvolvimento do desenho 
paralelamente ao desenvolvimento da inteligência e a forma dele se relacionar 
com o mundo. 
 
2.3 - O desenho na escola de Educação Infantil 
 
Ainda hoje percebe-se que o desenho, como linguagem expressiva da 
criança, é pouco valorizada na Educação Infantil, havendo uma preocupação 
maior em prepara-la para o ingresso no Ensino Fundamental. 
O ato de desenhar é uma linguagem extremamente importante e 
significativa na vida infantil, porém, muitos ainda veem o desenho apenas como 
um meio para determinados fins. Diversas vezes, observa-se a utilização do 
desenho apenas como meio de aprimorar a coordenação motora fina da criança, 
relegando o fazer artístico ao segundo plano. 
 
O desenho da criança merece ser estudado. Situá-lo na história 
da educação, além de compreendê-lo por intermédio de autores e 
pesquisadores que o analisaram, pode colaborar na formação dos 
professores, psicólogos, arte-educadores, psico-pedagogos, entre 
outros profissionais que lidam com desenho. Sem contar os pais, 
que também querem compreender melhor o que acontece quando 
seus filhos desenham. (IAVELBERG, 2008, p. 11) 
 
O desenvolvimento gráfico, vivido pelas crianças de 4, 5, 6 anos (período 
da Educação Infantil) é considerada a fase de ouro do desenho, pois, para 
representar situações e objetos é capaz de criar soluções muito criativas, que 
seguem uma lógica própria, sempre carregadas de muita imaginação. 
15 
 
Porém, percebe-se que na prática, predominam as atividades sendo 
realizadas com finalidade em si mesma, priorizando o produto final em detrimento 
do processo de produção do desenho. É fundamental que haja elaboração de 
propostas que priorizem o processo de criação. 
 
O desenho natural, decorativo, geométrico e pedagógico, este 
último usado para ilustrar aulas, compunha o programa de 
desenho da escola tradicional. Numa didática afeita ao treino de 
habilidade e aprendizagem por cópia de modelos, com passos de 
dificuldade progressiva orientada pela lógica adulta, não se 
consideram as diferenças individuais. (IAVELBERG, 2008, p. 14) 
 
Essas abordagens não colaboram para que o aluno se reconheça como 
sujeito pertencente e ativo no processo de aquisição de conhecimento, apenas 
coloca a criança na posição de sujeito passivo, remetendo a uma concepção de 
escola tradicional. 
 
É assim que, por meio do desenho, a criança cria e recria 
individualmente formas expressivas, integrando percepção, 
imaginação, reflexão e sensibilidade, que podem então ser 
apropriadas pelas leituras simbólicas de outras crianças e adultos. 
(RCNEI, 1998, p. 93) 
 
Como visto, no cotidiano da Educação Infantil é ainda comum enxergar o 
desenho como atividade secundária, não raras vezes, sendo utilizados para 
passar o tempo, como forma de acalmar os alunos. Nesses momentos não há 
uma intenção em ampliar, explorar e instigar o processo criador da criança. 
Desse modo, não cabe mais no espaço escolar tal abordagem do desenho 
infantil. 
 
Na escola renovada o desenho é compreendido como atividade 
expressiva, livre e natural da infância, com centro no indivíduo, na 
exploração livre de materiais e técnicas (com foco no processo, e 
não no produto) e no desenvolvimento do potencial criador. 
(IAVELBERG, 2008, p. 15) 
 
Se o professor compreender toda a trajetória evolutiva do desenho infantil, 
será capaz de perceber toda a beleza e riqueza presente nos desenhos de seus 
alunos e a partir daí adquirir ferramentas para dialogar com eles e por que não, a 
partir disso, desenvolverem juntos propostas de atividades significativas, onde 
16 
 
caminharão juntos em favor do percurso criador da criança, uma vez que, 
segundo o RCNEI (1998, p.91): "O percurso individual da criança pode ser 
significativamente enriquecido pela ação educativa; porém a criação artística é um 
ato exclusivo da criança". 
O professor deve se tornar um apreciador do desenho infantil e o primeiro 
passo é a aproximação dos alunos. Ao observarmos os traços dos alunos com 
atenção é possível enxergar certas particularidades das crianças, podendo ser 
visto como um reflexo dela ou mesmo uma fonte documental. 
Através de seus traçados e rabiscos, a criança representa a imagem que 
tem de si, dos outros e do mundo a sua volta. Portanto, conhecendo mais do 
universo do desenho das crianças, o professor conhecerá mais de seu aluno. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
17 
 
3. AS FASES DO DESENHO 
 
Neste capítulo veremos os principais conceitos que embasam o estudo do 
desenho infantil, de acordo com a visão teórica de George Henry Luquet, Viktor 
Lowenfeld e Jean William Fritz Piaget. Também destacaremos a visão atual que 
se tem do desenho infantil, levando em conta o contexto cultural, amparados 
pelos estudos de Rosa Iavelberg. 
 
3.1 Visão teórica de Luquet 
 
Georges-Henri Luquet foi um dos pioneiros na análise do desenho infantil e 
sua pesquisa permitiu uma nova forma de se ver e analisar as produções gráficas 
das crianças, proporcionando uma melhor compreensão dessa fase, no que se 
refere à evolução cognitiva. 
Em seus estudos percebeu que os desenhos sofrem mudanças 
significativas de acordo com seu estágio de desenvolvimento em que a criança se 
encontra. Segundo Luquet (1969, p. 135): “O desenho infantil não mantem as 
mesmas características do princípio ao fim. Portanto, convém fazer sobressair o 
caráter distintivo das suas fases.” 
Luquet classificou os desenhos em quatro etapas. 
 
3.1.1 Realismo Fortuito 
 
A primeira etapa se iniciapor volta dos dois anos e está dividida em duas 
fases: desenho involuntário e voluntário. 
No desenho involuntário a criança rabisca o papel sem ter uma intenção 
definida do que vai desenhar, faz somente pelo prazer do movimento e do que 
observa no papel. 
 
 
 
 
 
 
18 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Esta obra involuntária poderia parecer a um adulto insignificante e 
sem qualquer interesse; mas para a criança é um produto da sua 
atividade, uma manifestação da sua personalidade, uma criação. 
(LUQUET, 1969, p. 136) 
 
No desenho voluntário a criança continua a desenhar sem intencionalidade, 
porém, enxerga no seu desenho semelhanças com objetos já conhecidos por ela. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 1- Desenho involuntário 
 
Fonte: rodadeinfancia.blogspot.com - /2013 
 
Figura 2- Desenho voluntário 
Fonte: rodadeinfancia.blogspot.com - 2013 
 
19 
 
3.1.2 Realismo Fracassado 
Nesta segunda etapa, cujo início se dá por volta dos quatro anos, a criança 
já tem uma intencionalidade no desenho e tenta desenhar de forma mais próxima 
à realidade, mas ainda encontra certa dificuldade. Muitas vezes desenha vários 
objetos, porém desconectados um do outro. Também é comum nessa fase 
exagerar ou omitir partes. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Sobre essa etapa o autor diz que, uma vez chegada ao desenho 
propriamente dito, a criança quer ser realista. Mas a intenção 
choca ao princípio com obstáculos que dificultam a sua 
manifestação. O desenho quer ser realista mas não chega a sê-lo. 
(LUQUET, 1969, p. 147) 
 
 
3.1.3 Realismo Intelectual 
Nesta terceira etapa a criança usa seu conhecimento para desenhar não 
somente o que vê, mas o que sabe. Os desenhos já tem delimitações horizontais, 
transparência e profundidade. 
 
 
 
 
 
Figura 3 - Realismo fracassado 
Fonte: rodadeinfancia.blogspot.com - 2013 
 
20 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3.1.4 Realismo Visual 
Nesta quarta e última etapa, a criança tenta representar o objeto como de 
fato é. Nessa fase a criança dá mais ênfase à realidade em detrimento da 
imaginação. 
A criança está então, no que diz respeito ao desenho, próxima do 
período adulto; só a habilidade técnica desenvolvida por uma 
cultura especial estabelece, nesse ponto de vista, diferenças entre 
os indivíduos, e muitos adultos não serão capazes em toda a sua 
vida de desenhar sensivelmente melhor que crianças de 10 ou 12 
anos. (LUQUET, 1969, p. 212) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 4 - Realismo intelectual 
Fonte: pedagogiadaartefeevale.wordpress.com - 2016 
Figura 5 - Realismo visual 
Fonte: pedagogiadaartefeevale.wordpress.com - 2016 
 
21 
 
3.2 Visão teórica de Lowenfeld 
Viktor Lowenfeld definiu o desenho infantil em quatro estágios, objetivando 
compreender melhor como se dá o desenvolvimento da criança. Vale ressaltar 
que a transição de uma etapa para outra não é facilmente percebida. 
 
3.2.1 Estágio das Garatujas 
A primeira é o Estágio das Garatujas, onde a criança rabisca de forma não 
intencional e desordenada (garatuja desordenada). Aos poucos vai ganhando 
percepção de seus movimentos e controlando-os (garatuja ordenada) e mais 
tarde verbaliza e nomeia seus desenhos (garatuja nomeada). Esta fase ocorre do 
1 aos 4 anos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3.2.2 Estágio Pré Esquemático 
A segunda fase é o Estágio Pré-Esquemático, que vai dos 4 aos 7 anos 
aproximadamente. Neste estágio a criança já faz relação entre o que vai desenhar 
e a realidade, ou seja, tenta fazer um desenho mais realista, porém, ainda de 
maneira desproporcional e desordenada. 
 
 
Figura 6 - Figuração de Garatuja 
Fonte: rodadeinfancia.blogspot.com - 2013 
 
22 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3.2.3 Estágio Esquemático 
A terceira etapa Lowenfeld denominou de Estágio Esquemático, que 
geralmente vai dos 7 aos 9 anos. Nesta fase os desenhos já são mais 
organizados e representativos. Já se percebe a noção de espaço e observa-se 
que os personagens são desenhados na parte inferior do papel, representando 
como se estivessem no chão. Também é possível identificar a transparência nos 
desenhos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 7 - Figuração pré esquemática 
Fonte: rodadeinfancia.blogspot.com - 2013 
 
Figura 8 - Figuração Esquemática 
Fonte: rodadeinfancia.blogspot.com - 2013 
 
23 
 
3.2.4 Estágio do Realismo 
A quarta e última fase é o Estágio do Realismo, abrangendo dos 9 aos 12 
anos aproximadamente. Embora ainda carregada de simbologia, já há maior 
representação do real, Observa-se que o desenho deixa de ser espontâneo e se 
torna mais condicionado ao senso crítico. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3.3 Visão teórica de Piaget 
Jean William Fritz Piaget, um dos estudiosos mais influentes na área da 
educação, foi um biólogo que se dedicou à observação científica acerca do 
processo de aquisição do conhecimento, sobretudo das crianças, criando um 
campo denominado de epistemologia genética. 
Em seu livro “A formação do símbolo na criança”, Piaget analisa o universo 
infantil através das imagens e do pensamento da criança. Para ele o desenho é 
um jogo, pelo qual se percebe em que fase do desenvolvimento cognitivo a 
criança se encontra. 
Abordaremos aqui as fases do desenvolvimento gráfico das crianças 
propostas por Piaget, que são divididas por ele em cinco fases. 
 
3.3.1 - Garatuja 
Figura 9 - Figuração Realista 
Fonte : metamorfoseexpressiva.wordpress.com - 2016 
https://metamorfoseexpressiva.wordpress.com/
24 
 
Segundo Piaget, esta fase se divide em desordenada e ordenada e tem 
início por volta dos 2 anos, fase esta que corresponde a fase Sensória Motor e 
parte da fase Pré-Operatória. Pode-se dizer que nesta fase a criança usa o corpo 
para se relacionar e descobrir o mundo. 
Como nessa fase a criança usa a imitação como forma de aprendizagem, 
além de imitar sons e gestos, ela também imita a ação de riscar o papel. Nesse 
estágio, que corresponde as garatujas, a imitação logo dá lugar ao prazer de 
desenhar, visto que ela se sente satisfeita ao ver as marcas que deixa no papel. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3.3.2 - Pré-Esquematismo 
Esta etapa ocorre por volta dos 3 aos 7 anos, que corresponde a fase Pré-
Operatória, a criança começa a representar a figura humana de acordo com as 
percepções que tem do próprio corpo. Nessa fase, marcada pelo faz de conta, a 
criança brinca com seu desenho e não há cores certas para pintar, um homem 
pode ser azul, o sol roxo e a árvore vermelha. 
 
A criança desenha para se divertir. O desenho é para ela um jogo 
como quaisquer outros e que se intercala entre eles... Convém 
notar que é um jogo tranquilo que não exige companheiro e ao 
qual se pode dedicar em casa tão comodamente como ao ar livre. 
(LUQUET, 1969, p. 15) 
 
 
 
Figura 10 - Garatuja 
Fonte:luzpedagogica.blogspot.com - 2018 
25 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3.3.3 - Esquematismo 
Neste terceiro estágio, que se inicia por volta dos 7 anos, está relacionado 
a fase das Operações Concretas, onde já há esquemas representativos e o 
espaço já possui uma definição, inicialmente com a linha de base e mais tarde 
com o plano e superposição. Já há conceitos acerca da figura humana, porém 
com a presença de exageros e omissões. Ocorre a relação entre cor e objeto e os 
desenhos podem apresentar transparência e rebatimento. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 11 - Pré esquema 
Fonte: rodadeinfancia.blogspot.com - 2013 
 
Figura 12 - Esquematismo 
Fonte:luzpedagogica.blogspot.com - 2018 
 
26 
 
3.3.4 - Realismo 
No quarto estágio, que corresponde ao final da fase das Operações 
Concretas, as crianças utilizam as formas geométricas, rigidez e formalidade nos 
traços. Surge neste período a utilização do plano, que é a colocação dos objetos 
de acordo com sua visão, assim como évista na realidade. Ao final desse estágio, 
a criança e estabelece em seus desenhos a distinção de sexo, utilizando roupas 
para diferenciá-los. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3.3.5 - Pseudo Naturalismo 
Esta etapa ocorre na fase das Operações Abstratas e se inicia dos 10 anos 
em diante. Nesse período o desenho perde a espontaneidade e surgem 
tendências realistas e subjetivas. Essa etapa apresenta maior riqueza nos 
detalhes e há a investigação da personalidade, apresentando objetividade, 
subjetividade e profundidade. 
 
 
 
 
 
 
Figura 13 - Realismo 
Fonte:luzpedagogica.blogspot.com - 2018 
 
27 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3.4 O meio cultural como fator contribuinte no processo de desenvolvimento 
gráfico 
Os estudos realizados pelos autores citados anteriormente são valiosos 
para se compreender como se dá o desenvolvimento do desenho da criança, 
porém, não levam em consideração os fatores externos. 
Contrapondo, porém sem desconsiderar os estudos dos autores 
anteriormente citados, há pesquisadores contemporâneos, como Rosa Iavelberg, 
que incorporam em seus estudos a influência que o processo histórico e cultural 
exercem sobre os desenhos das crianças. 
 
Hoje sabemos que não se pode generalizar aquilo que se passa 
nos desenhos infantis em termos de fases. As variáveis culturais 
geram modos de pensar o desenho, as quais transcendem um 
único sistema explicativo que dê conta da produção de todas as 
crianças. (IAVELBERG, 2008, p. 28) 
 
A autora defende que a criança tenha contato com diferentes trabalhos 
artísticos, como forma de enriquecer seu repertório desenhista e promover o 
desenvolvimento do seu percurso criador. 
Figura 14 - Pseudo naturalismo 
Fonte:luzpedagogica.blogspot.com - 2018 
 
28 
 
Diferentemente de Lowenfel que concebe a auto-expressão completamente 
livre das ideias e influências dos outros, considerando a imitação como 
submissão, a autora destaca a cópia como possibilidade de assimilação de novos 
conceitos. 
 
As pesquisas psicogenéticas demonstram que na ação 
assimilativa através da imitação, os erros e as deformações 
realizados pela criança na cópia de modelos estão ligados às 
possibilidades de assimilação do sujeito e por isso são 
denominados erros construtivos[...] (IAVELBERG,2008, p. 42) 
 
Deve haver um empenho em ofertar às crianças um vasto repertório de 
possibilidades para se trabalhar o desenho. A sensibilidade do professor em 
perceber os interesses e habilidades de cada aluno é essencial para organizar os 
grupos de desenhistas. Estes são elementos fundamentais para o sucesso dessa 
abordagem interacionista, promovendo a aprendizagem compartilhada. 
Alguns fatores poderão ser obstáculos para esse método de 
desenvolvimento gráfico. O desafio aqui é não permitir que aconteça a 
comparação, de forma que um aluno se sinta menos capaz que outro. Um dos 
fatores que mais prejudica a trajetória criativa é a cobrança de critérios estéticos 
que permite que a criança julgue o seu desenho como ruim. 
Cabe sempre ressaltar que o desenho de uma criança não tem a 
obrigatoriedade de parecer com o objeto desenhado, mas sim representar a 
percepção que a criança tem em relação ao objeto. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
29 
 
4. O CADERNO DE DESENHO NA EDUCAÇÃO INFANTIL 
 
4.1 Relevância do caderno 
Como já vimos, o desenhar para a criança pequena, em idade 
correspondente à Educação Infantil, é explorar, imaginar, representar, comunicar 
e se expressar. Porém, com o início da vida escolar, percebe-se uma gradativa 
diminuição na produção dos desenhos, visto que com a progressiva aquisição da 
escrita elas tornam-se concorrentes. A criança acaba deixando de lado o desenho 
(sua forma particular de expressão) para seguir um padrão que é imposto a ela. 
Portanto, a fase da Educação Infantil se faz especialmente importante no 
que diz respeito a incentivar a capacidade expressiva da criança, tornando o 
professor um agente incentivador do processo expressivo quanto um mediador do 
percurso criador do aluno. 
Como sabemos, o desenho é uma linguagem que se conquista aos 
poucos, cuja trajetória evolui, porém nunca se finda. Para visualizar este percurso 
criador do aluno, deve-se estar atento e observar a sutil, mas progressiva 
ampliação de seu repertório imaginário e gráfico. Alimentar a trajetória criativa, 
propondo desafios que enriqueçam este repertório é papel essencial do professor. 
Sabendo que o percurso nunca termina, conhecer e compreender como se dá o 
processo de desenvolvimento do desenho infantil é fundamental ao educador, 
sobretudo na Educação Infantil. 
Para contribuir com o progresso gráfico de seus alunos o professor deve 
ter um olhar atento e regular em relação às produções das crianças, a fim de 
planejar ações e intervenções que promovam avanços e que valorizem as 
produções dos pequenos. 
Se o educador souber compreender toda a trajetória do processo criador 
de seu aluno, certamente terá maior sucesso na mediação dessa conquista da 
criança. Para que isso ocorra, é fundamental o uso de ferramentas que permitam 
um registro e que possibilitem o acompanhamento e avaliação dos ganhos e 
conquistas de seus alunos, no que se refere às produções gráficas. 
Nesse sentido, o caderno de desenho surge como uma importante 
ferramenta de observação ao professor do desenvolvimento criativo e cognitivo do 
aluno e como apoio ao planejamento do seu trabalho na realização de 
30 
 
interferências coerentes e significativas, que venham a instigar novas 
aprendizagens. 
Assim, o caderno de desenho pode ser utilizado como um portfólio do 
percurso criador do aluno, possibilitando que o professor resgate a qualquer 
momento do processo, as atividades realizadas, além de permitir que as próprias 
crianças acompanhem sua evolução. Esse registro oportuniza ao aluno avaliar 
sua própria aprendizagem, fazendo reflexões acerca de seus registros e, dessa 
forma, configurando um processo de metacognição. 
 
4.2 Frequência de uso 
Sabemos que a frequência da produção de desenhos é fator importante 
para o sucesso do aluno no processo de desenvolvimento de sua trajetória 
criativa. Essa regularidade é fundamental para a melhora da destreza e da 
flexibilidade, tão importantes no ato de desenhar. Isso exige a organização, 
dedicação, incentivo e orientação do professor, nunca esquecendo que o aluno 
precisa enxergar o valor, significado e relevância do conteúdo que aprende, para 
que enfim se aproprie dele. 
 
Ter oportunidade para realizar muitos desenhos pode favorecer 
progressos, pois a criança observa seus procedimentos e 
resultados, além de aprender com os próprios trabalhos. Ela 
encontra soluções a partir das tentativas que faz e pode se 
surpreender com os próprios resultados. (IAVELBERG, 2008, p. 
74) 
 
Atentar-se para essa concepção de construção de conhecimento nos 
remete a importância do processo de avaliação, cabendo aqui destacar outro tipo 
de ação que se faz pertinente, o registro de datas nas produções gráficas dos 
alunos. 
No que concerne ao acompanhamento do percurso individual dos alunos, a 
datação dos desenhos permite que o professor possa resgatar a qualquer 
momento as produções dos alunos e verificar seus avanços e ganhos. Esta 
prática garante que se observe as idas e vindas da trajetória de cada criança, 
permitindo, tanto ao professor quanto ao aluno, que se visualize cada etapa do 
percurso criador de cada criança. 
 
31 
 
4.3 O desenho cultivado 
O desenho cultivado é uma visão contemporânea da produção das 
crianças, que inclui em seu desenvolvimento artístico as imagens que elas 
observam, dentro e fora da sala de aula, ou seja, leva em consideração o aspecto 
social e interacional, estabelecendo a criança como sujeito central do processo 
criativo, capaz de reproduzir o mundo com marca própria. 
 
O desenho cultivado é um conceito por meio doqual é possível 
ver que desde cedo a criança observa e imita atos e formas de 
desenhos realizados em sua presença, incorporando-os em seu 
repertório por intermédio de assimilação recriadora. (IAVELBERG, 
2008, p. 44) 
 
Sob a perspectiva atual de educação e nos apoiando nos estudos e 
descobertas dos autores aqui citados, não podemos agir passivamente, apenas 
observando o amadurecimento das crianças no curso de suas produções 
artísticas. Cabe aos educadores a responsabilidade de oportunizar situações 
reais de aprendizagem, estimulando, desafiando e oferecendo ferramentas para 
que os alunos avancem em seus conhecimentos e habilidades. 
 
O questionamento da livre expressão e da ideia de que a 
aprendizagem artística era uma consequência automática dos 
processos de desenvolvimento resultaram em um movimento, em 
vários países, pela mudança nos rumos do ensino de arte. Surge 
a constatação de que o desenvolvimento artístico é resultado de 
formas complexas de aprendizagem e, portanto, não ocorre 
automaticamente à medida que a criança cresce. (RCNEI, 1998, 
p. 88) 
 
Partindo sempre dos conhecimentos prévios das crianças, o professor deve 
sempre planejar cuidadosamente as propostas de atividades, contemplando os 
saberes de cada um e possibilitando a cooperação entre os alunos, para que 
juntos, compartilhem e construam novos saberes. 
O desenho deve fazer parte do dia a dia escolar, proporcionando a 
apreciação dos desenhos de todos os colegas da classe ou de obras de artistas, 
propiciando a produção, apreciação e reflexão. Há diversas propostas que podem 
e devem ser trabalhadas com os alunos, abordando novos questionamentos e 
desafios que possibilitem que a trajetória criativa da criança seja alimentada. 
 
32 
 
Conviver com diferentes manifestações artísticas, culturais e 
científicas, locais e universais, no cotidiano da instituição escolar, 
possibilita às crianças, por meio de experiências diversificadas, 
vivenciar diversas formas de expressão e linguagens, como as 
artes visuais [...] Essas experiências contribuem para que, desde 
muito pequenas, as crianças desenvolvam senso estético e crítico, 
o conhecimento de si mesmas, dos outros e da realidade que as 
cerca. Portanto, a Educação Infantil precisa promover a 
participação das crianças em tempos e espaços para a produção, 
manifestação e apreciação artística, de modo a favorecer o 
desenvolvimento da sensibilidade, da criatividade e da expressão 
pessoal das crianças, permitindo que se apropriem e 
reconfigurem, permanentemente, a cultura e potencializem suas 
singularidades, ao ampliar repertórios e interpretar suas 
experiências e vivências artísticas. (BNCC, 2017, p. 41) 
 
Abordaremos algumas possibilidades de trabalhar os desenhos, de forma a 
subsidiar o fazer artístico da criança através de propostas pertinentes e 
significativas. 
 
4.3.1 Desenho livre 
Nesta proposta o professor não deve intervir, objetivando que o aluno 
utilize o momento para criar a partir de seu próprio repertório. Essa modalidade 
permite que a criança exteriorize toda sua imaginação e criatividade, sendo a 
espontaneidade a principal característica de sua produção. 
Muitas vezes, tamanha liberdade que esta abordagem oferece, a criança 
tem receio de não agradar e fica insegura. Neste momento, cabe ao professor ser 
o incentivador do aluno, porém, sem forçá-lo caso não se sinta seguro. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 15 - Desenho livre 
Fonte: culturainfantilearte.blogspot.com - 2013 
33 
 
4.3.2 Desenho de apreciação 
A proposta é que seja oferecido ao aluno a apreciação de livros infantis 
(ilustrações), obras de diversos artistas ou desenhos da própria turma. A ideia é 
ampliar o repertório gráfico, conhecer as variedades de produções artísticas e 
ampliar seu conhecimento de mundo. Através dessa atividade o aluno percebe 
que há mais de uma forma de se representar determinado objeto. 
Apreciar o desenho de colegas e artistas amplia o repertório desenhista da 
criança e oferece diversas possibilidades para resolver as situações em um 
desenho. Ler desenhos de vários momentos da história ajuda o aluno a perceber 
as mudanças gráficas que ocorreram com o tempo e revelam o estilo e a época 
de quem os produziu. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
No que diz respeito às leituras de imagens, deve-se eleger 
materiais que contemplem a maior diversidade possível e que 
sejam significativos para as crianças. É aconselhável que, por 
meio da apreciação, as crianças reconheçam e estabeleçam 
relações com o seu universo, podendo conter pessoas, animais, 
objetos específicos às culturas regionais, cenas familiares, cores, 
formas, linhas etc. Entretanto, imagens abstratas ou 
renascentistas, por exemplo, também podem ser mostradas para 
as crianças. Nesses casos, há que se observar o sentido narrativo 
que elas atribuem a essas imagens e considerá-lo como parte do 
processo de construção da leitura de imagens. (RCNEI, 1998, p. 
103) 
 
 
Figura 16 - Desenho de apreciação 
Fonte: culturainfantilearte.blogspot.com - 2013 
34 
 
4.3.3 Desenho com interferência 
Essa proposta visa subsidiar as produções. A interferência pode ser a partir 
de um pedaço de papel colado, um traço, uma linha, forma geométrica etc. 
Ao planejar as interferências o professor deve considerar o conhecimento 
de cada aluno da sala, compreender os percursos individuais e propor desafios 
que possam estimular a solução do desafio proposto, visto que as interferências 
são estímulos que visam oferecer aos alunos a expansão de suas possibilidades 
artísticas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
As interferências, se bem elaboradas pelo professor, são capazes de dar 
novo rumo ao percurso criador dos alunos. Essa proposta permite que as crianças 
enxerguem novas possibilidades e utilizem suas habilidades e todo seu repertório 
criativo diante da interferência proposta pelo professor. 
 
4.3.4 Desenho temático 
Aqui o professor indica um tema qualquer, como personagens de 
desenhos, brincadeira, autorretrato, animais, família etc. 
 
Os temas e as intervenções podem ser um recurso interessante 
desde que sejam observados seus objetivos e função no 
desenvolvimento do percurso de criação pessoal da criança. É 
preciso, no entanto, ter atenção quanto a programação de 
Figura 17 - Desenho com interferência 
Fonte: culturainfantilearte.blogspot.com - 2013 
35 
 
atividades para as crianças para se favorecer também aquelas 
originárias das suas próprias ideias ou geradas pelo contato com 
os mais diversos materiais. (RCNEI, 1998, p. 101) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4.3.5 Desenho gêmeo 
A ideia é copiar o desenho de um colega ou o próprio desenho. 
 
[...] partindo das produções já feitas pelas crianças, sugerir-lhes, 
por exemplo, que copiem seus próprios desenhos em escala 
maior ou menor. Esse tipo de atividade possibilita que a criança 
reflita sobre seu próprio desenho e organize de maneira diferente 
os pontos, as linhas e os traçados no espaço do papel. (RCNEI, 
1998, p. 100) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 18 - Desenho temático 
Fonte: amenteemaravilhosa.com.br - 2018 
Figura 19 - Desenho gêmeo 
Fonte:educadores.diaadia.pr.gov.br - 2010 
36 
 
Ao observar um parceiro de sala desenhando formas que ainda 
não domina, a criança tem nele um mediador de procedimentos e 
dicas e, assim sendo, pode a ele recorrer para alcançar faturas 
desejadas. (IAVELBERG, R.; MENEZES, F. C., 2012, p. 664) 
 
Claro que para que isso ocorra de maneira significativa, deve haver a 
intencionalidade do professor de organizar momentos propícios e muito bem 
organizados para a realização da proposta. 
 
4.3.6 Desenho de imaginação 
A proposta é que a criança crie algo novo ou que tenha sua criação 
estimulada. Por exemplo, a criança pode ser convidada a colocar a mão dentro de 
uma caixa para, através do tato, descobrir o objeto que está lá. Então, deve fazer 
umdesenho do objeto que acredita estar na caixa e após terminado, conferir se 
acertou. 
O professor também pode sugerir uma situação para que os alunos a 
imaginem e desenhem. 
 
O desenho de imaginação pode ser proposto pelo professor para 
que o aluno se exercite como desenhista e como criador de 
imagens. O professor pode fazê-lo através de temas sugeridos 
pelos estudantes como: meu quarto depois do jogo do Brasil, 
minha cidade, meus amigos, dentro do túnel. (IAVELBERG, 2008, 
p. 75) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 20 - Desenho de imaginação 
Fonte: culturainfantilearte.blogspot.com - 2013 
37 
 
4.3.7 Desenho de observação 
Essa modalidade de desenho permite que o aluno olhe e desenhe o objeto 
ao mesmo tempo. Não se trata de uma cópia, mas de proporcionar um momento 
para que o aluno se atente aos detalhes, olhando com mais calma e atenção o 
objeto em questão. 
 
O desenho de observação a partir de outros desenhos e do 
mundo físico, é realizado na presença do modelo a ser 
reproduzido pelo aluno. É bom lembrar que essas tarefas são 
realizadas dentro das possibilidades do aluno e denotam seu 
estilo, ou seja, o aluno pode representar o modelo segundo seus 
esquemas desenhistas. Não é possível esperar que um aluno 
desenhe como um adulto desenvolvido ou represente a réplica de 
desenhos de artistas. Tais propostas servem para expandir seu 
repertório, incorporar regularidades, desenvolver habilidades, e 
tem como finalidade aprimorar o percurso criador do aluno 
enquanto desenhista, ao propor suas poéticas. (IAVELBERG, 
2008, p. 75) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Quanto maior for a variedade de modelos oferecidos pelo professor, mais 
enriquecedor será o repertório gráfico e o conhecimento de mundo das crianças. 
 
É interessante propor às crianças que façam desenhos a partir da 
observação das mais diversas situações, cenas pessoas e 
objetos. O professor pode pedir que observem e desenhem a 
partir do que viram. Por exemplo, as crianças podem perceber as 
formas arredondadas dos calcanhares, distinguir os diferentes 
tamanhos dos dedos, das unhas, observar a sola do pé e a parte 
superior dele, bem como as características que diferenciam os 
pés de cada um. (RCNEI, 1998, p. 101) 
Figura 21 - Desenho de observação 
Fonte: escoladavila.com.br - 2013 
38 
 
4.3.8 Desenho de memória 
A criança é convidada a lembrar de alguma situação e registrar as imagens 
que estão em sua mente. Esta proposta se baseia em lembranças de 
determinados lugares e acontecimentos que ficaram registrados em sua memória. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O desenho de memória é realizado a partir de memória visual de 
determinadas situações, locais, objetos do cotidiano ou artísticos. 
Serve para ativar os recursos desenhistas e a memória visual, que 
tem presença importante na construção do desenho. O professor 
pode propor desenho de memória por meio de temas como: o 
lugar onde eu moro, as coisas da minha casa, minha roupa de 
dormir, um bicho de que gosto muito. Observar longamente um 
objeto ou imagem e depois retirá-lo para ser desenhado é um 
excelente exercício de memória visual. (IAVELBERG, 2008, p. 76) 
 
 
4.3.9 Desenho ditado 
A ideia é que o professor vá ditando aos alunos o que desenhar e onde 
desenhar. Exemplo: Desenhe uma casa no meio da folha. Agora, do lado direito 
um carro. Do lado esquerdo uma árvore. Em cima da casa um passarinho. 
Outra possibilidade é o professor narrar uma história, e a medida que conta 
as crianças desenham o que ouvem, ou seja, a história e o desenho acontecem 
concomitantemente. Vale destacar a importância de se narrar a história 
pausadamente para que as crianças possam acompanhá-la. 
 
 
Figura 22 - Desenho de memória 
Fonte : novaescola.org.br - 2009: 
39 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4.4 Registro e avaliação 
O registro dos trabalhos desenvolvidos pelas crianças é fundamental no 
processo educativo. Sabendo-se que a avaliação deve ocorrer sempre de forma 
contínua, o arquivamento dos trabalhos permite, não só ao professor, mas as 
próprias crianças que acompanhem suas conquistas e avanços no decorrer do 
processo. De acordo com o RCNEI (1998, p.112): A avaliação deve buscar 
entender o processo de cada criança, a significação que cada trabalho comporta, 
afastando julgamentos, como feio ou bonito, certo ou errado, que utilizados dessa 
maneira em nada auxiliam o processo educativo. 
O registro das atividades, tendo neste presente trabalho como proposta a 
utilização do caderno de desenho como um portfólio da trajetória criativa do aluno, 
é um instrumento que proporciona uma visão geral e detalhada de todo o 
processo de aprendizagem dos alunos, tornando-o um instrumento valioso no 
processo de avaliação de cada criança. 
Além de explicitar todo o caminho percorrido pelas crianças na aquisição 
de novas habilidades e competências, norteia o professor nas tomadas de 
decisões e elaboração dos próximos passos no processo ensino aprendizagem. 
Durante certo tempo, o portfólio era visto como uma seleção das atividades 
das crianças, um modo burocrático de apresentar os trabalhos aos pais. 
Atualmente é considerado um importante recurso de avaliação, que dá visibilidade 
Figura 23 - Desenho ditado 
Fonte: arteemprocessos.blogspot.com - 2013 
40 
 
a todo o processo educativo, propondo uma reflexão e evidenciando as novas 
percepções dos alunos. Não é, portanto, uma mera amostragem das atividades 
realizadas, mas um documento que evidencia a participação efetiva dos alunos e 
os coloca como sujeito central no processo educativo. 
 
Quando se aborda a questão da avaliação em Artes Visuais, 
surge inevitavelmente a discussão sobre a possibilidade de 
realizá-la, posto que as produções em artes são sempre 
expressões singulares do sujeito produtor e, sendo assim, não 
seriam passíveis de julgamento. Em Artes Visuais a avaliação 
deve ser processual e ter um caráter de análise e reflexão sobre 
as produções das crianças. Isso significa que a avaliação para a 
criança deve explicitar suas conquistas e as etapas do seu 
processo criativo; para o professor, deve fornecer informações 
sobre a adequação de sua prática para que possa repensá-los e 
estruturá-los sempre com mais segurança. (RCNEI, 1998, p. 113) 
 
Dessa maneira, o portfólio é vivo e está em constante construção. 
Apresenta-se como um conjunto de dados que expõe as aquisições de cada 
aluno, apresentando as mudanças de conceitos que ocorreram, no jeito de pensar 
e de fazer de cada um. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
41 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
Ao longo do trabalho pudemos entrar em contato com algumas concepções 
acerca do desenho infantil. Amparados por estudiosos que se tornaram referência 
no processo educacional, pudemos compreender como se dá a evolução da 
criança, refletida em seu desenho. Os ganhos e aquisições acontecem 
gradativamente, alinhadas ao seu desenvolvimento cognitivo e sócio emocional. 
O estudo sobre o desenho infantil foi incorporando novos conceitos e 
descobertas ao passar dos anos. Hoje sabe-se que o percurso criador da criança 
não é livre de influências externas, sobretudo as culturais. 
Desde pequena a criança se expressa através dos desenhos. Enquanto 
não domina a linguagem escrita é pelo desenho que ela comunica o que sente, 
pensa e o modo que enxerga o mundo. Ela cria e recria o espaço que a cerca, 
imprimindo em cada traço seu modo particular de percepção. 
No decorrer deste trabalho, o desenho infantil foi se apresentando como 
ferramenta singular no processo de desenvolvimento cognitivo, social, afetivo e 
emocional da criança. Compreender o processo de evolução gráfica dos alunos, 
permite ao professor valorizar o percurso criador da criança, levando sempre em 
consideração os estágios gráficos em que se encontram, sem, contudo, 
desconsiderar as influências exercidas pelo meio social ao qual a criança 
pertence.Nesse contexto, o papel do professor como mediador do processo ensino-
aprendizagem torna-se fundamental. Dessa forma, saber promover momentos 
educativos com propostas significativas de aprendizagem, que visem oferecer 
ferramentas para que os alunos adquiram novas habilidades e competências, 
requer do educador especial atenção e comprometimento, devendo utilizar-se de 
todo seu conhecimento formativo e experiência profissional. 
Para que haja a apropriação de conhecimentos pela criança é fundamental 
que seja proporcionado à ela contato com variadas possibilidades de desenho a 
fim de estimular sua reflexão, perceber novas maneiras de representação, 
ampliando assim, seu repertório artístico e criativo. 
42 
 
Nesse sentido, o registro de seus trabalhos torna-se especialmente 
importante. O uso do caderno de desenho como portfólio da trajetória criativa do 
aluno, possibilita a todos os atores envolvidos no processo de aprendizagem que 
acompanhem e avaliem, a qualquer momento, todo o caminho percorrido pelo 
aluno. 
Essa abordagem garante protagonismo ao aluno no processo educativo 
(tendo sempre o professor como seu incentivador), contribuindo para que haja a 
assimilação e acomodação de novos conceitos, técnicas e saberes, subsidiando 
assim, sua evolução artística e criativa. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
43 
 
REFERÊNCIAS 
 
 
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