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Evolução da saúde, doença e psicologia

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EVOLUÇÃO DA SAÚDE E DOENÇA NO ÂMBITO DA PSICOLOGIA
 PABLO BERINI LEMGRUBER – MEDICINA FAMINAS 
Embora todas as civilizações tenham sido afetadas por doenças, cada uma delas as compreendia e tratava de formas diferentes. 
1) Período pré-histórico: Para os indivíduos da era pré industrial, que enfrentavam com frequência as forças hostis de seu ambiente que acabavam adoecendo os indivíduos, a sobrevivência se constituía como uma tensão vigilante constante contra essas forças misteriosas que acabavam acontecendo. Como não tinha ainda na época formas de explicar por meio da lógica e da ciência alguns eventos que aconteciam, como por exemplo, doenças degenerativas e mudanças ambienstais, o que eles faziam era atribuir as doenças os fatores míticos. A fraqueza frente a uma força mais forte, que muitas vezes vinha através de um adoecimento físico e/ou mental desse indivíduo era atribuído a questões como feitiçaria, possessão, ou seja, o espírito da pessoa estaria possuído por um espírito maligno. 
Se a doença era uma feitiçaria/possessão a ideia seria tirar esse espírito de qualquer jeito, daí a ideia de fazer a trepanação, que consistia em fazer buracos na cabeça das pessoas no objetivo de tentar de tentar liberar essas energias do mal que acabavam aparecendo e no entendimento deles, seriam essas forças míticas. Porém, muitos imprevistos aconteciam e as pessoas morriam pelas diversas infeccções da época e pelas condições precárias que esses procedimentos s
2) Egito Antigo: A visão mística ainda existia, mas também essa civilização começou a compreender que um aspecto muito básico do cuidado da saúde e doença era também importante: a questão da higiene. Dessa forma, além da saída mística encontradas, as ideias nesse período foram muito de tentar melhorar a higiene das pessoas para que os fatores de adoecimento pudessem ser reduzidos. Vários rituais de limpeza pública e extrema das pessoas visando impedir que vermes causadores de doenças
3) Medicina grega e romana: Principalmente na medicina grega, tivemos alguns avanços em saúde pública, saneamento e sistemas de prevenção de saúde. Na Grécia Antiga, temos o famoso pai da Medicina, Hipócrates, filósofo que começou a ver de forma diferente toda essa questão do adoecimento e da saúde, tentando se diferenciar um pouco da compreensão da saúde-doença por influência mítica de espíritos/possessão. Ele considerava isso como um fenômeno mais natural, e não espiritual. E dessa forma, seria possível estudar as causas, os tratamentos, e formas de prevenção. Ele também, por enxergar a doença como um fenômeno natural, a enxergar a relação com aspectos psicológicos. Não descreve tão especificamente como vemos hoje, no modelo biopsicossocia, mas elabora em sua época uma teoria humoral, que teria a ver com os humores e fluidos corporais, e que saúde seria o equilíbrio entre eles (sangue, bia amarela, bile negra e fleuma). Doença seria pertubações nesses humores, tanto aspectos físicos quanto mentais. Dessa forma, é o primeiro a ver uma possibilidade da interferência de traços de personalidade na ligação com esses fluidos corporais que ele postulou. Então, neste sentido, ele trabalha alguns pontos e aspectos psicológicos do adoecimento. 
Como ele tratava dessa complexidade maior e buscava enxergar isso na saúde e doença dos pacientes, ele enxergava não apenas a doença do indivíduo, mas um entendimento mais completo e individual. 
‘’É melhor conhecer o paciente que tem a doença do que a doença que o paciente tem’’. 
Outra grande figura na história da Medicina Ocidental foi o Claudius Galeno, que também aparece nesse sentido buscando expandir e investigar mais a teoria humoral. Além dessas investigações mais profundas nos estudos de Hipócrates, também desenvolveu um sistema mais elaborado de farmacologia 
que acabou servindo como base para vários profissionais durante muito tempo e, principalmente, para alguns aspectos de medicina alternativas. Ou seja, nesses casos da medicina grega e romana esses filósofos/médicos já tinham uma ideia um pouco diferente da questão mística que já era apresentado, procurando entender o que seria mais objetivamente o processo do adoecer do indivíduo. 
4) Medicina não ocidental: Ao mesmo tempo em que a medicina ocidental estava emergindo, aconteceram também diferentes tradições de cura e cuidado em outras culturas. A medicina oriental tradicional a ideia é buscar uma harmonia interna para manter uma boa saúde, também levando em consideração outros eventos além do biológico, fisiológico e genético. Sendo que essa harmonia é atingida através da busca da energia vital, ou força de vida dos indivíduos e que acaba oscilando pelo bem-estar físico, mental e emocional de cada pessoa. Até hoje a medicina oriental acaba evidenciando alguns outros aspectos associados a essa energia/força vital, que constituem o indivíduo. 
 Na china antiga forças da natureza desequilibradas causavam a doença, dessa forma a forma de tratamento era através da medicina de ervas e da acupuntura, práticas que trazem muitos benefícios e presentes até nos dias de hoje. 
5) Idade Média: Na Idade Média, temos muito o poder da igreja, o que acaba voltando as explicações sobrenaturais voltadas para o espiritual para a saúde e doença, principalmente no contexto da Europa. Sendo que então o adoecimento seria considerada como uma punição de Deus por algum mal realizado. Muito que tratam esses aspectos tem a ver com o contexto que estava sendo vivenciado ali naquele momento, com as ideias que estavam mais presentes naquela sociedade e com as possibilidades das explicações dos fenômenos, às vezes ideias como a própria teoria humoral do Hipócrates, hoje em dia visto como muito mais relevante, na época tentou romper com alguns paradigmas que estavam vigentes e que muitas vezes só alguns anos depois essas explicações se tornaram mais evidentes de fato. Muitas das próprias questões de adoecimento, da forma que as pessoas lidam com doença e saúde, tem a vez também com a influência do meio social, a própria psicologia social fala sobre como o contexto influencia diretamente na percepção e constituição de cuidados em saúde, prevenção, tratamento, de aderência, etc. o que é muito visto na história ao longo do histórico do processo de entendimento de saúde e de doença das pessoas. 
Ainda nessa época da Idade Média, as e epidemias eram vistas como ‘’Iras’’ de Deus, uma punição ainda mais extrema, e que o tratamento se constituía de formas muito rústicas, como por exemplo, a questão de expulsar os espíritos do corpo através de diversas metodologias (não mais à trepanação), mas a manutenção na crença de retirar os espíritos do mal do corpo com outras formas (flebotomia, por exemplo). 
No final do século XV nascia uma nova Era, a Renascença, onde temos o ressurgimento da hipótese mais ligada à investigação científica, uma evidência maior à essas ideias. Um dos mais influentes pensadores nesse período foi o filósofo e matemático René Descartes, cujo primeira inovação foi o conceito do corpo humano como uma máquina, o que influenciou diversas formas de entendimento e teorias relacionadas aos seres humanos, as formas de aprendizado, a como eles são e agem no ambiente em que eles estão inseridos, e muito dessa ideia também se relacionou com o entendimento de saúde e doença, sendo que, se o corpo humano funcionava como se fosse uma máquina, a doença seria quando ela não estava funcionando como deveria, e o médico seria a forma de ‘’consertar’’ essa máquina. Ou seja, o foco então era apenas na doença e naquilo que não estava funcionando como deveria ser, fora de um padrão de funcionamento. E isso foi muito relevante para criação de um dualismo entre mente e corpo, uma separação entre essas duas instâncias do indivíduo já que as máquinas poderiam ser consertadas era aquilo que poderia ser visto, medido, tocado, e como lidar com aspectos mentais nesse sentido? Nessa época nem se pensava nas formas que o indivíduo lidam com determinadas situações poderiam colocar ele como umavivência em fatores de risco, e que tendem a gerar mais adoecimento para a pessoa, ou seja, às vezes alguns fatores relacionados à doença são por exposição, o que não era levado em consideração naquela época. 
Descartes foi o percursor do dualismo mente-corpo (dualismo cartesiano) no qual mente e corpo são separados, tem processo de funcionamento autônomos e separados e que vão interagir minimamente seguindo diferentes leis de causalidade. 
Ele e outros grandes pensadores do período da renascença, em um esforço para romper com o misticismo e as superstições do passado, acabavam rejeitando vigorosamente a noção de que a mente influenciava o corpo, porque dentro das possibilidades ali da época isso abria brechas para que questões religiosas, espirituais, pudessem continuar persistindo. Essa nova forma de enxergar, de se separar mente e corpo de forma tão objetiva foi muito importante pois permitiu que novas pesquisas foram realizadas, construindo evidências experimentais bem claras para que se possa ter mais confiança na ciência e no pensamento racional. Porém, em contrapartida, acabou criando uma separação que perdurou por muitos anos e até hoje ainda temos alguns vestígios que permanecem em relação à importância dos processos psíquicos e sociais no entendimento da saúde e da doença das pessoas. Ou seja, Descartes e outros pensadores da renascença, rejeitavam vigorosamente a noção de que a mente influencia o corpo. Hoje isso já caiu por terra, é sabido que mente e corpo estão altamente interligados, sendo que um corpo doente pode gerar impactos na saúde mental do indivíduo ao mesmo tempo em que a saúde psíquica pode desencadear doenças físicas. A gastrite, por exemplo, é uma doença que é altamente influenciada por questões psíquicas. 
 O racionalismo pós renascença
Após esse período em que começaram as ideias de Descartes e o dualismo mente-corpo, a concentração dos médicos da área das pesquisas e conhecimento eram altamente nas causas biológicas das doenças. Da teoria humoral que tinha alguma consideração dos fatores de personalidade envolvidos com os quatro humores passamos para uma teoria mais anatômica na qual as doenças estão na parte interna, no funcionamento anatômico e fisiológico dessas pessoas. E isso que era estudado e levado em consideração. Nesse sentido, a ciência e medicina acabaram tendo diversas descobertas significativas nesses períodos e mudaram rapidamente durante o século XVII e XVIII muito motivadas pelos avanços que se teve na área da tecnologia, principalmente com a invenção do microscópio, o que permitiu que micro-organismos muito elementares pudessem ser então mais investigados, o que reforçava ainda mais essas causas biológicas do adoecimento. 
 A partir do século XX os avanços que foram evidenciados devido a essas descobertas tecnológicas a medicina excluía pensamentos, emoções, sentimentos e focava apenas na anatomia e na fisiologia, ou seja, apenas causas físicas e biológicas. E isso deu brecha para a criação do modelo biomédico da saúde, no qual ainda persistia essa ideia do corpo sendo uma máquina e a doença um defeito da máquina, e esse mecanicismo também proporcionou que houvesse uma fragmentação do conhecimento, porque para entender melhor as peças da máquina seria preciso desmontá-la e entender cada o funcionamento de cada uma dessas peças. E nesse sentido, o estudo dos estados psíquicos, questões mentais e transtornos ficou relacionado a religião, ao cuidado religioso e também para algumas especulações filosóficas que buscavam entender como funcionava a mente humana. O mínimo de diferença entre as pessoas era considerado como um indivíduo que deveria ser afastado da sociedade, que não deveria ficar no mesmo lugar que as outras pessoas ‘’normais’’. 
Nesse modelo biomédico, assim como pressupõe o modelo de entendimento do indivíduo baseado no mecanicismo, entende a doença voltada apenas à causas biológicas, e a tarefa médica se delimitava no entendimento, cuidado e tratamento dessas partes biológicas do indivíduo. 
Isso abriu brecha para um tecnicismo muito grande, então não se levava em consideração aspectos subjetivos do indivíduo o mais ideal nesse sentido era ter um cuidado muito mais técnico do que humanizado na saúde. Além disso, também se ressalta o aspecto da super especialização, ou seja, uma fragmentação muito grande do conhecimento, surgindo as várias especialidades e as várias formas de se trabalhar e curar cada uma dessas partes da pessoa, o que levou a uma perda da visão integral do ser e dos cuidados, não se vendo mais o indivíduo como um todo mas sim apenas suas partes. 
Características básicas do modelo biomédico de saúde: 
1. A doença como resultado de um patógeno (micro-organismo, vírus, bactéria... sempre é isso que causaria a doença) modelo reducionista
2. Utiliza-se da doutrina cartesiana do dualismo mente-corpo (como se fosse a revisão da literatura para que o modelo biomédico se baseava, servindo como referência/embasamento ) 
3. Considera saúde apenas como ausência de doença. 
 A perspectiva integral do ser não pode ser confundida com a ideia de que tudo deve ser abordado simultaneamente. Ou seja, não se sabe de tudo e não seria possível tratar do ser humano complexo em todos os seus aspectos sozinhos. A ideia seria que exista essa fragmentação sim e que haja uma interação entre esses conhecimentos. A especialização se torna uma necessidade fundamental para o crescimento e a evolução de todos os campos de conhecimento, delimitando o campo do conhecimento nas áreas de pesquisa. O problema surge quando a especialização torna-se extrema (especialismo complexo de Procusto), como por exemplo o sufixo –ismo, utilizado para designar doenças, para ‘’homossexualismo’’ quando na verdade seria homossexualidade. 
Nesse sentido, esse especialismo poderia gerar até o complexo de Procrusto, no qual Procrusto era um bandido que sequestrava as pessoas e tinha umas camas para colocar essas pessoas que ele sequestrava, como se fossem leitos, de mesmo tamanho, e as pessoas que eram maiores ele simplesmente cortava as partes da pessoa para acomodar na cama, e as pessoas menores ele de certa forma acomodava no tamanho que ele queria. Isso que não pode acontecer dentro da prática, querer colocar algo que não é do campo do conhecimento, dentro, para que se possa ser tratado ali naquela visão. Não é que todo mundo tem que entender de tudo, mas sim que a abordagem do físico e psíquico devem ser vistas não de formas opostas, mas sim complementares, contribuindo para a visão mais ampla das pessoas e do processo de saúde e doença delas. 
Essa forma de enxergar o físico e o psíquico como algo complementar acabou dando o embasamento teórico para um modelo alternativo ao modelo biomédico de saúde. O modelo biomédico que tinha como foco nos patógenos, e que proporcionou avanços significativos no entendimento e no tratamento da doença, era incapaz de explicar alguns fenômenos que aconteciam, por exemplo, com Sigmund Freud, que era neurologista antes de ser psicanalista. As pacientes, por exemplo, chegavam para Freud paralisada, e com os exames que eram possíveis na época não detectavam nada de físico, sendo inexplicável a causa orgânica pelo modelo biomédico. 
As pacientes exibiam vários sintomas, como paralisia, fala, surdez, e Freud acreditava que esses males eram causados por conflitos emocionais inconscientes que acabavam sendo convertidos em sintomas físicos. Dessa forma, precisou-se considerar que o mental não poderia ser objeto de estudo somente da religião e da filosofia, mas também passando a ser campo de estudo da ciência. Nesse sentido, surge uma medicina psicossomática, ainda anterior ao modelo biopsicossocial, buscando levar em consideração a interação maior entre mente e corpo, uma ideologia sobre a saúde, o adoecer e sobre as práticas de saúde desenvolvidas por um psicanalista, em 1940, que se concentra no diagnóstico e tratamento de doenças físicas causadas por conflitos psicológicos do indivíduo. Pressupõe-se uma prática de uma medicina maisintegral, não tão reducionista quanto no modelo biomédico, evidenciando um aspecto multifatorial e não apenas físico causador de adoecimento. Isso trouxe uma visão mais humanista para a vivência do ato médico. 
Medicina Psicossomática: é um ramo da medicina que se concentra no diagnóstico e tratamento de doenças físicas causadas por processos mentais deficientes. Cada doença física seria resultado de um conflito psicológico fundamental ou nuclear, que deu origem ao modelo do conflito nuclear. Por exemplo, a repressão da raiva poderia contribuir com que a pessoa desenvolvesse Artrite. No entanto, também fica no extremo, agora no extremo oposto, pois nem sempre uma doença física é resultado de um conflito psicológico fundamental. 
Ela buscava trazer o que estava faltando no modelo biomédico, porém tinha também suas inconsistências, pois era fundamentada muito nos casos de Freud, acabando sendo reducionista também pois envolvia todas as doenças causas mentais não elaborados pela pessoa, ou seja, um único problema psicológico ou falha de personalidade seria suficiente para desencadear uma doença. 
Posteriormente, ainda na primeira metade do século XX, o movimento behaviorista dominou a psicologia norte-americana, exatamente o que era visto no modelo biomédico, de que precisava ter essa validação científica dos fenômenos que haviam sendo estudados. Então, em 1970 começa a aparecer a Medicina Comportamental, que explorava o papel dos comportamentos aprendidos na saúde e na doença das pessoas, não tinha esse extremismo da medicina psicossomática evidenciava dos aspectos mentais. A partir daí também começou a se vincular a questão de saúde e doença com o comportamento dos indivíduos, que podem expor eles a situações de maior risco para casos de adoecimento, por exemplo, o que estava muito em alta na ciência naquele momento. Acreditava-se, por exemplo, que o controle da pressão arterial e o relaxamento da frequência cardíaca, parte da ciência desses estados, ou seja, seria possível controlar a pressão através do relaxamento (biofeedback), uma resposta a essa questão biológica do indivíduo. Começou-se a tentar perceber que havia coisas a mais envolvidas para além dos fatores mentais, mas também comportamentais, no entendimento de saúde e doença. 
Medicina Comportamental: campo interdisciplinar que integra as ciências comportamentais e biomédicas para promover saúde e tratar doenças. 
Já a questão do campo interdisciplinar acabou dando maior atenção á formação e a prática do profissional que não se limitasse exclusivamente aos aspectos biológicos e nem apenas aos aspectos mentais especificamente, mas sim nessa inter relação de saberes. 
Um pouco mais pra frente, com essa brecha da interdisciplinaridade e do cuidado com a pessoa, surge em 1977 o modelo biopssicosocial da saúde, que também visava investigar essa relação entre questões psíquicas e sintomas físicos/somáticos de fato. O desafio de entender a ligação misteriosa entre mente e corpo acabou também vindo da ideia dos pacientes de Freud, mas também pelas próprias evoluções que estavam acontecendo no campo da Medicina a procurar fundações para os fenômenos mentais.
Enquanto isso, entendendo também as possibilidades de tratamento efetivo para os pacientes cujo sintomas eram enigmáticos e desconcertantes para a medicina da época. 
Esse modelo demonstrou que o reducionismo, o entendimento de um único patógeno como causa da doença, acabava trazendo uma imagem incompleta do entendimento do indivíduo tanto dos seus processos de adoecimento ou não, reconhecendo ou não que forças biológicas, psicológicas e socioculturais ajam em conjunto para determinar saúde e a vulnerabilidade do indivíduo a doença, ou seja, a saúde e a doença precisam ser explicadas levando-se em consideração os contextos múltiplos nos quais as pessoas estão inseridas e que fazem partes. Não apenas a causa orgânica e a causa mental. 
Como o modelo biopsicossocial leva em consideração esses múltiplos contextos, ele está pautado na teoria sistêmica do comportamento, ou seja, na interação entre os VÁRIOS fenômenos que estão envolvidos no entendimento humano, envolvido por vários contextos, situações e fatores que contribuem para a sua saúde ou para a sua situação de adoecimento. 
 
A saúde aqui é entendida como uma hierarquia de sistemas compostos de modo simultâneo por subsistemas, e por uma parte de sistemas maiores e mais abrangentes, como na imagem mostra, compondo o estado final do indivíduo. 
Modelo Biopssicosocial
 Contexto biológico: O modelo chama atenção para aqueles aspectos do nosso corpo que influenciam a saúde e doença, como por exemplo, conformação genética, sistema nervoso, endócrino e imune. 
 Contexto psicológico: Um fator fundamental para determinar o quanto uma pessoa consegue lidar com uma experiência, como o estresse, que por si só modifica alguns fenômenos biológicos, por também tirar as pessoas do eixo da forma com que elas estão habituadas a interagir e a lidar com os diversos fenômenos. Nesse sentido, alguns fatores afetam diretamente, como os psicológicos, que afetam no enfrentamento do estresse. 
 Contexto social: Somos influenciados pelos mesmos fatores históricos e sociais da nossa coorte de nascimento, como por exemplo, na pandemia existem grupos muito característicos que tem muito mais chances de ter efeitos mais prejudiciais nesse contexto, que tem a ver com os aspectos abaixo:
Surge então, em 1973, a psicologia da saúde com o advento do modelo biopsicossocial, buscando explorar o papel da psicologia primeiramente na medicina comportamental, e depois com os avanços dos fatores envolvidos no entendimento de saúde e doença, com o objetivo de estudar de forma científica as causas e origens de determinadas doenças. Ou seja, com uma visão diferente do modelo biomédico, buscando entender a CAUSA desse adoecimento a partir de uma visão dentro desse modelo que ela está inserido. Promove a saúde muito através de comportamentos assertivo que influenciam diretamente no cuidado, na prevenção e no tratamento de doenças buscando ajudar as pessoas nas adesões aos tratamentos diversos, nas adaptações que são necessárias, promovendo políticas de saúde pública e o aprimoramento do sistema de saúde.
Dentro desse contexto de psicologia de saúde surge a Psicologia Médica, que traz as noções de psicologia que contribuem para informar e formar o médico a fim de melhorá-lo seu trabalho e sua formação, proporcionando uma conceitualização ampla do conceito psicobiológico e psicossocial da saúde e da enfermidade. Inclui tanto a condição física e mental de estudante, do médico, do paciente, das relações humanas no contexto médico, da família e do próprio contexto institucional dessas relações. 
O objetivo da psicologia médica tem a ver com a compreensão do homem em sua totalidade, conforme pressupõe o modelo no qual ela trabalha em conjunto, e um diálogo permanente entre mente e corpo.

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