Buscar

Psicologia em Estetica

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 68 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 68 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 68 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

PSICOLOGIA EM ESTÉTICA 
PROF.A MA. CARLA FERNANDA BARBOSA MONTEIRO
Reitor: 
Prof. Me. Ricardo Benedito de 
Oliveira
Pró-Reitoria Acadêmica
Maria Albertina Ferreira do 
Nascimento
Diretoria EAD:
Prof.a Dra. Gisele Caroline
Novakowski
PRODUÇÃO DE MATERIAIS
Diagramação:
Alan Michel Bariani
Thiago Bruno Peraro
Revisão Textual:
Fernando Sachetti Bomfim
Marta Yumi Ando
Simone Barbosa
Produção Audiovisual:
Adriano Vieira Marques
Márcio Alexandre Júnior Lara
Osmar da Conceição Calisto
Gestão de Produção: 
Aliana de Araújo Camolez
© Direitos reservados à UNINGÁ - Reprodução Proibida. - Rodovia PR 317 (Av. Morangueira), n° 6114
 Prezado (a) Acadêmico (a), bem-vindo 
(a) à UNINGÁ – Centro Universitário Ingá.
 Primeiramente, deixo uma frase de 
Sócrates para reflexão: “a vida sem desafios 
não vale a pena ser vivida.”
 Cada um de nós tem uma grande 
responsabilidade sobre as escolhas que 
fazemos, e essas nos guiarão por toda a vida 
acadêmica e profissional, refletindo diretamente 
em nossa vida pessoal e em nossas relações 
com a sociedade. Hoje em dia, essa sociedade 
é exigente e busca por tecnologia, informação 
e conhecimento advindos de profissionais que 
possuam novas habilidades para liderança e 
sobrevivência no mercado de trabalho.
 De fato, a tecnologia e a comunicação 
têm nos aproximado cada vez mais de pessoas, 
diminuindo distâncias, rompendo fronteiras e 
nos proporcionando momentos inesquecíveis. 
Assim, a UNINGÁ se dispõe, através do Ensino a 
Distância, a proporcionar um ensino de qualidade, 
capaz de formar cidadãos integrantes de uma 
sociedade justa, preparados para o mercado de 
trabalho, como planejadores e líderes atuantes.
 Que esta nova caminhada lhes traga 
muita experiência, conhecimento e sucesso. 
Prof. Me. Ricardo Benedito de Oliveira
REITOR
33WWW.UNINGA.BR
U N I D A D E
01
SUMÁRIO DA UNIDADE
INTRODUÇÃO ................................................................................................................................................................4
1. A CIÊNCIA DO COMPORTAMENTO HUMANO .......................................................................................................5
1.1 A PSICOLOGIA COMO CIÊNCIA ..............................................................................................................................5
1.1.1 SENSO COMUM .....................................................................................................................................................6
1.1.2 A CIÊNCIA .............................................................................................................................................................. 7
1.1.3 OBJETIVIDADE DO MÉTODO CIENTÍFICO E IDEOLOGIA NAS CIÊNCIAS .......................................................9
1.1.4 OS PRIMÓRDIOS DA PSICOLOGIA CIENTÍFICA ............................................................................................... 10
1.1.5 PRINCIPAIS TEORIAS DA PSICOLOGIA NO SÉCULO XX ..........................................................................................12
1.1.6 AS FASES DO DESENVOLVIMENTO HUMANO SEGUNDO A PSICANÁLISE ................................................... 16
1.1.7 A PSICOLOGIA HOJE ............................................................................................................................................ 18
CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................................................................................................... 19
PSICOLOGIA: COMPREENDENDO A CIÊNCIA 
DO COMPORTAMENTO HUMANO 
PROF.A MA. CARLA FERNANDA BARBOSA MONTEIRO 
ENSINO A DISTÂNCIA
DISCIPLINA:
PSICOLOGIA EM ESTÉTICA 
4WWW.UNINGA.BR
PS
IC
OL
OG
IA
 E
M
 E
ST
ÉT
IC
A 
 |
 U
NI
DA
DE
 1
EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
INTRODUÇÃO
Seja muito bem-vindo(a)! Na Unidade 1, pretendemos apresentar, de maneira clara e 
didática, a ciência psicológica e seus referenciais científicos, bem como sua aplicabilidade e suas 
correntes teóricas mais influentes do século XX. Nosso propósito é demonstrar o caráter múltiplo 
da psicologia e suas facetas, objetivando refletir nosso compromisso social com o bem-estar e 
com a saúde integral do ser humano.
Compreendemos o humano e sua saúde para além de uma visão individual e cartesiana, 
partindo de um ponto de vista que nos considera co-construtores de nossa realidade material e 
psíquica, a qual, por sua vez, está embasada em um plano de fundo histórico e social (BOCK; 
FURTADO; TEIXEIRA, 2009). Portanto, estar doente não pressupõe simplesmente a presença 
de algum mal-estar ou qualquer diagnóstico negativo. Antes, pressupõe uma série de condições 
psíquicas e realidades materiais que, somadas, constroem um panorama de adoecimento, mas 
que pode ser alterado.
Em uma abordagem construcionista social, a saúde é um complexo dialético dinâmico e 
plural, construído a partir das relações entre a esfera individual e social (SPINK, 2010). “Estar” 
saudável é, assim, fruto de uma série de fatores congruentes. 
Destarte, nosso objetivo nesta unidade será apresentar a Psicologia como ciência e 
sua relação com a sociedade e a saúde. À medida que avançarmos, conheceremos os detalhes 
dos diferentes sistemas psicológicos que se propuseram a compreender o ser humano em suas 
múltiplas faces. Desejamos a você uma excelente leitura!
5WWW.UNINGA.BR
PS
IC
OL
OG
IA
 E
M
 E
ST
ÉT
IC
A 
 |
 U
NI
DA
DE
 1
EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
1. A CIÊNCIA DO COMPORTAMENTO HUMANO
1.1 A Psicologia como Ciência
 
A psicologia é caracterizada como a ciência que estuda o comportamento humano e a 
relação desse sujeito com o mundo. Psi significa “mente” ou “alma”, e logia significa “estudo”. Por 
“ciência”, compreende-se “[...] um conjunto de conhecimentos sobre fatos ou aspectos da realidade 
(objeto de estudo), expresso por meio de uma linguagem precisa e rigorosa” (BOCK; FURTADO; 
TEIXEIRA, 2009, p. 19). Tais conhecimentos devem ser descritos de maneira sistematizada e 
metodológica para que seja possível a posterior averiguação dos resultados. Logo, a experiência 
pode ser retida e mais eficazmente desenvolvida.
Em função dessa característica da ciência, ela não objetiva provar algo. Seu compromisso 
é a descrição apurada e metodológica da realidade, em um contínuo movimento de averiguação, 
repetição e desenvolvimento. Isso viabiliza que a produção científica não seja estática, mas que 
procure sempre descobrir novos aspectos da realidade para, assim, avançar.
A psicologia é um conjunto de teorias que versam sobre os seguintes objetos: a mente 
humana, o comportamento humano, o fenômeno psíquico e suas relações com o mundo. Para 
tanto, utiliza-se de diferentes métodos, a depender da corrente teórica em que se fundamenta o 
psicólogo.
Para o senso comum, são inúmeros os estereótipos relacionados à ciência psicológica. 
Um deles seria a ilusória capacitação inata que todos teriam para ser psicólogo; outro é a atitude 
de menosprezar a importância das questões psíquicas e emocionais em nosso cotidiano. 
Situações como essas se evidenciam em falas do tipo “Não se preocupe com isso, é 
psicológico!” ou “Sou meio psicólogo(a), sempre ouço o desabafo de minhas colegas de trabalho”. 
Pergunta-se: em quê essas situações se relacionam ao nosso conteúdo? Elas tão somente 
demonstram o conhecimento do senso comum, ou seja, o que a população leiga crê que sabe 
sobre o assunto. 
Bock, Furtado e Teixeira (2009) afirmam que existem outras áreas do conhecimento 
além da ciência e do senso comum, tais como arte, religião e filosofia. Igualmente, elas são 
práticas humanas que buscam dar significado à nossa existência. Os conhecimentos produzidos 
conjuntamente por essas diferentes áreas formam nosso saber sobre o mundo.
Diante do exposto, vejamos as características do senso comum e sua comparação com a 
produção de conhecimento baseado no método científico.
6WWW.UNINGA.BR
PS
IC
OL
OG
IA
 E
M
 E
ST
ÉT
IC
A 
 |
 U
NI
DA
DE
 1
EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA1.1.1 Senso comum
Chauí (2000) difere o conhecimento científico do conhecimento advindo do senso 
comum. Este se caracteriza por ser um saber assistemático, produzido socialmente com o objetivo 
de informar, sem necessariamente comprometer-se com veracidade ou neutralidade. 
São características dos saberes produzidos pelo senso comum:
a. Apresentam afirmações subjetivas sobre aspectos da realidade, ou seja, exprimem 
sentimentos e opiniões pessoais. Por exemplo: “Ela é depressiva, vive sempre de cabeça 
baixa, anda devagar e fala baixo”. Dizer que alguém é depressivo baseando-se apenas em 
supostas evidências explicita uma opinião pessoal, e não uma averiguação científica. 
b. São qualificantes. Nós, ao julgarmos, conferimos “qualidades” a algo ou a alguém. 
Comumente, fazemos isso no cotidiano ao indicarmos o trabalho de um profissional 
em quem confiamos. Por exemplo: “Vá ao doutor Fulano, ele é um excelente médico, 
sempre nos atende bem”. A recomendação é baseada na experiência pessoal e individual 
e expressa julgamento (positivo, nesse caso), mas em nada revela dados que comprovam 
a eficácia e o profissionalismo do médico.
c. São heterogêneos, porque percebemos os acontecimentos como diversos, sem conexão. 
Por exemplo: “Meu filho adolescente está muito quieto em seu quarto, parece estar bravo 
comigo, não sei o que está acontecendo”. No senso comum, a resposta normalmente se 
baseia na experiência do interlocutor e não se preocupa em analisar a demanda com base 
na ciência do desenvolvimento humano, por exemplo. Facilmente poderíamos ter uma 
resposta tal como: “O meu primo também passou por isso. Quando percebemos, já estava 
usando drogas!”.
d. São generalizadores. Por exemplo: “Os animais”; “as plantas”; “as crianças”, “os homens” 
etc. Busca-se generalizar comportamentos, o que naturaliza e solidifica práticas e, 
infelizmente, até legitima situações negativas. Por exemplo: “Todas as crianças são assim. 
Isso é normal”.
e. São centrados em causa e efeito. O senso comum desconsidera o processo e restringe a 
compreensão da realidade a descrições simplistas. Por exemplo: “Se seu filho estiver muito 
agitado na escola, deve ser Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH)!”.
f. Desconsideram a regularidade. Julga-se previamente determinado acontecimento ou 
comportamento sem considerar seu contexto. Por exemplo: “Professora, percebi que 
tenho mania de fechar a porta da casa duas vezes seguidas. Isso pode ser Transtorno 
Obsessivo Compulsivo (TOC)?”.
g. Confunde-se ciência com magia. Um exemplo ocorre quando alguém diz acreditar ou não 
em determinado tratamento. Na linguagem científica, averiguaríamos sua efetividade e 
resultados uma vez que não se trata de uma questão de fé. Mas, no senso comum, ouvimos 
com frequência que determinados tratamentos são misteriosos ou perigosos pela falta de 
conhecimento que, em geral, tem-se de seus métodos e bases teóricas. 
h. Fazem-se projeções. As projeções, no senso comum, são extremamente comuns, 
especialmente nas relações cotidianas. Por se sentir inseguro, o parceiro diz que não gosta 
que o outro esteja sempre em dúvida ou que lamenta por ele(a) não ser mais incisivo(a). 
Ou, no âmbito profissional, dizemos que o governo está perdido e não sabe o que faz 
quando o fato é que nós (população) lamentavelmente também nos encontramos em tal 
situação.
7WWW.UNINGA.BR
PS
IC
OL
OG
IA
 E
M
 E
ST
ÉT
IC
A 
 |
 U
NI
DA
DE
 1
EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Enfim, conforme Chauí (2000), o senso comum é a descrição dos aspectos da realidade que 
tem por objetivo a construção do conhecimento informativo e informal. Não tem compromisso 
em ser fiel à realidade uma vez que apresenta todos esses aspectos descritos anteriormente, que o 
abastecem de subjetividade.
É evidente que os conhecimentos do senso comum têm sua contribuição na compreensão 
do fenômeno psíquico. Porém, como cientistas em formação, devemos nos esforçar na descrição 
e análise de nosso objeto de estudo (psiquismo e relações humanas) pautadas em métodos 
sistematizados capazes de serem replicados e continuamente atualizados. 
 
O senso comum, na produção desse tipo de conhecimento, percorre um caminho 
que vai do hábito à tradição, a qual, quando estabelecida, passa de geração para 
geração. Assim, aprendemos com nossos pais a atravessar uma rua, a fazer o 
liquidificador funcionar, a plantar alimentos na época e de maneira correta, 
a conquistar a pessoa que desejamos e assim por diante (BOCK; FURTADO; 
TEIXEIRA, 2012, p. 17).
Os autores reafirmam que, por mais que seja um modo de entendimento talvez simplificado 
ou cindido, o senso comum nos serve como ponto de partida para a produção de nossas práticas 
e crenças cotidianas.
O cotidiano e o conhecimento científico que temos da realidade aproximam-se e 
se afastam: aproximam-se porque a ciência se refere ao real; afastam-se porque a 
ciência abstrai a realidade para compreendê-la melhor, ou seja, a ciência afasta-
se da realidade, transformando-a em objeto de investigação – o que permite 
a construção do conhecimento científico sobre o real (BOCK; FURTADO; 
TEIXEIRA, 2012, p. 16).
1.1.2 A ciência
O que distingue o conhecimento popular (vulgar, o senso comum) do científico são a 
forma, o modo/método e os instrumentos do conhecer. Segundo Lakatus e Marconi (2003), a 
ciência se configura como um conjunto de atitudes e atividades racionais, dirigidas ao sistemático 
conhecimento com objeto limitado, capaz de ser submetido à verificação. 
A ciência, como expresso anteriormente, tem a obrigatoriedade de se mostrar falível, 
apta a ser refutada, pois não se baseia em crenças ou julgamentos tampouco na razão. Antes, 
fundamenta-se na descrição de fatos observados na realidade, encontrados e descritos a partir de 
determinada metodologia.
Dessa forma, dizemos que o que a ciência e o senso comum têm em comum é a realidade. 
Os dois modos de produção do conhecimento partem da descrição da realidade. Um é sem 
método, e o outro possui todo o rigor metodológico. Obviamente, seria inviável que apenas 
uma ciência fosse capaz de descrever toda a realidade. Até porque o que entendemos por mundo 
ou realidade está em constante mudança. E isso é uma das dificuldades da ciência (TOMANIK, 
2004).
Portanto, cada ciência tem seu campo de pesquisa. Faz-se um recorte na realidade e esse 
recorte se torna seu objeto de pesquisa, a parte da realidade sobre a qual dada ciência pretende 
realizar seus estudos.
Tomanik (2004) também aponta que, no momento em que adota determinado aspecto da 
realidade como seu objeto de estudo, cada ciência procura desenvolver procedimentos capazes 
de lhe permitir conhecer aquele objeto. Esses procedimentos são chamados de métodos. Por fim, 
entendemos que a busca de conhecimentos científicos não se fecha em si mesma. É uma atividade 
sempre realizada como meio para se atingir outros fins, exteriores a ela. 
8WWW.UNINGA.BR
PS
IC
OL
OG
IA
 E
M
 E
ST
ÉT
IC
A 
 |
 U
NI
DA
DE
 1
EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Os fins a que a ciência visa atingir são chamados de objetivos. Assim sendo, um mesmo 
objeto de estudo pode ser pauta de diferentes ciências, com diferentes objetivos. Essas ciências 
pesquisarão o fenômeno por vias metodológicas diferentes, na tentativa de compor a descrição 
mais fiel possível daquela realidade.
A Metáfora do Elefante e dos Sábios Cegos
Certo dia, um príncipe indiano mandou chamar um grupo de cegos de nascença 
e os reuniu no pátio do palácio. Ao mesmo tempo, mandou trazer um elefante 
e o colocou diante do grupo. Em seguida, conduzindo-os pela mão, foi levando 
os cegos até o elefante para que o apalpassem. Um apalpava a barriga; outro, a 
cauda; outro, a orelha; outro, a tromba; outro, uma das pernas. Quando todos os 
cegos tinham apalpado o paquiderme, o príncipe ordenou que cada um explicasse 
aos outros como era o elefante. Então, o que tinha apalpado a barriga disse que 
o elefante era como uma enorme panela. O que tinha apalpado a cauda até os 
pelos da extremidadediscordou, dizendo que o elefante se parecia mais com uma 
vassoura. “Nada disso”, interrompeu o que tinha apalpado a orelha. “Se há alguma 
coisa com a qual se parece, é com um grande leque aberto”. O que apalpara a 
tromba deu uma risada e interferiu: “Vocês estão por fora. O elefante tem a forma, 
as ondulações e a flexibilidade de uma mangueira de água”. “Essa não”, replicou o 
que apalpara a perna, “Ele é redondo como uma grande mangueira, mas não tem 
nada de ondulações nem de flexibilidade, é rígido como um poste”. Os cegos se 
envolveram numa discussão sem fim, cada um defendendo seu ponto de vista, 
querendo provar que os outros estavam errados. Evidentemente, cada um se 
apoiava na sua própria experiência e não conseguia entender como os demais 
podiam afirmar o que afirmavam. O príncipe deixou-os falar para ver se chegavam 
a um acordo, mas, quando percebeu que eram incapazes de aceitar que os outros 
podiam ter tido outras experiências, ordenou que se calassem. “O elefante é tudo 
isso que vocês falaram”, explicou. “Tudo isso que cada um de vocês percebeu é só 
uma parte do elefante. Não devem negar o que os outros perceberam. Deveriam 
juntar as experiências de todos e tentar imaginar como a parte que cada um 
apalpou se une às outras para formarem esse todo que é o elefante.”
 
9WWW.UNINGA.BR
PS
IC
OL
OG
IA
 E
M
 E
ST
ÉT
IC
A 
 |
 U
NI
DA
DE
 1
EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
1.1.3 Objetividade do método científico e ideologia nas ciências 
Então, vejamos. Se temos diferentes modos de conhecer o mundo, em especial as questões 
psicológicas, por que optarmos pela via científica? 
Teoricamente, porque o método científico será neutro, empírico e não subjetivo, portanto, 
sem contaminar a realidade descoberta. Mas saibamos mais sobre o método que fundamenta a 
prática do cientista.
Na visão empirista, o homem deveria classificar tudo que existe na natureza como 
fato, reconhecer as relações que um fato tem com outro e descrever suas sequências, aplicando 
determinado método científico. Quando fizesse isso com tudo o que existe, então, estaria 
terminada a missão do cientista. O espírito científico, na prática, se traduz por uma mente crítica, 
objetiva e racional (CERVO; BERVIAN, 1976 apud TOMANIK, 2004, p. 60).
Essa prática de estudos voltada para tudo o que existe deveria se basear nos seguintes 
passos:
• Observação.
• O experimento.
• O raciocínio empirista.
• A aplicação da ciência.
Figura 1 - Os cegos e o elefante. Fonte: McClintock (2015).
Assim como os cegos, as diferentes áreas do conhecimento só podem refletir uma 
pequena parte do todo. Todo conhecimento difere dos outros por sua metodologia 
e objeto de estudo. Não sabemos tudo sobre tudo.
10WWW.UNINGA.BR
PS
IC
OL
OG
IA
 E
M
 E
ST
ÉT
IC
A 
 |
 U
NI
DA
DE
 1
EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Na prática, o que se descobre é que, embora exista um compromisso do cientista para com 
a veracidade e neutralidade, é difícil esperar isso de uma prática humana. Não seria um equívoco 
de nossa parte? Já que somos fruto de um contexto social, histórico e ideológico, seria possível 
produzir uma ciência “limpa” de nossos valores e crenças contaminadoras, especialmente no que 
tange às ciências psicológicas? 
Segundo D’Oliveira (1984), de modo geral, pensamos ciência como a produção de novos 
conhecimentos e descobertas. E, para isso, é necessário cumprir determinado protocolo: observar, 
realizar experiências, construir instrumentos, submeter hipóteses e testes, publicar resultados e 
esperar que tal descoberta modifique o cotidiano da população, produzindo bem-estar social.
Desse modo, cada cientista poderá dar mais ênfase a determinado aspecto em detrimento 
de outro. Se imaginamos a ciência como uma atividade padronizada a partir de regras semelhantes 
e estáticas, devemos nos preparar para outra realidade. Os cientistas estão em uma atividade, um 
“estar fazendo”. Por se tratar de uma produção humana, a ciência está em constante mudança 
no decorrer dos tempos históricos e reflete múltiplas diferenças entre aqueles que a pensam e a 
produzem (D’OLIVEIRA, 1984).
Tendo em vista nosso pertencimento, cabe aos cientistas sociais conhecer as ideologias 
que perpassam sua prática científica e considerá-las no processo de elaboração do conhecimento. 
A ciência tem compromissos sociais e deve assumi-los para que possa ser também colocada à 
prova (TOMANIK, 2004).
Por fim, compreendemos que, no nosso cotidiano, acabamos utilizando muitos 
conhecimentos da psicologia do senso comum, pois vamos aprendendo a fazer a leitura de 
determinados comportamentos humanos simplesmente por estarmos mais atentos ao sofrimento 
psíquico de outrem. E não há nada de errado nisso; no entanto, devemos estar cientes de que essa 
prática não se configura como a prática do psicólogo.
Em suma, objetivou-se neste tópico apresentar o princípio de que a produção de 
conhecimento humano sobre o fenômeno psíquico está também em construção e apresenta 
diferentes pontos de vista. Vejamos, portanto, o que a psicologia científica nos diz.
1.1.4 Os primórdios da psicologia científica
O marco inicial, considerado o nascimento da Psicologia, deu-se na Alemanha, ao final do 
século XIX. Os nomes em destaque dessa emergência foram Wilhelm Wundt, Weber e Fechner, 
que trabalharam juntos na Universidade de Leipzig. O objetivo desses cientistas era comprovar 
a vida psíquica como objeto de estudo da ciência da Psicologia (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 
2012).
Wilhelm Wundt foi o fundador do primeiro laboratório de Psicologia Científica na 
Universidade de Leipzing, na Alemanha, em 1879. Desenvolveu a concepção de Paralelismo 
Psicofísico. O método de introspecção foi o utilizado no laboratório.
A partir desse movimento, a Psicologia se afasta da filosofia e se aproxima das ciências 
naturais para obter, inclusive, o status de Ciência. Foi, no entanto, nos Estados Unidos que a 
Psicologia Científica obteve grande crescimento, pois suas técnicas de avaliação psicológica 
de perfis contribuiu para a lógica de produção capitalista, baseada, naquele momento, em um 
ideal fordista: The rigth men in the rigth place (“Os homens certos, no lugar certo”, em tradução 
livre). Esse ideal favoreceu um “[...] campo para um rápido crescimento, resultado do grande 
avanço econômico que colocou os Estados Unidos na vanguarda do sistema capitalista” (BOCK; 
FURTADO; TEIXEIRA, 2012). E assim, nos próprios Estados Unidos, diferentes abordagens ou 
escolas em Psicologia deram origem às inúmeras teorias que existem atualmente.
11WWW.UNINGA.BR
PS
IC
OL
OG
IA
 E
M
 E
ST
ÉT
IC
A 
 |
 U
NI
DA
DE
 1
EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Essas abordagens são: o Funcionalismo, de William James (1842-1910), o Estruturalismo, 
de Edward Titchner (1867-1927) e o Associacionismo, de Edward L. Thorndike (1874-1949).
Até aquele momento histórico, a Psicologia era considerada uma área da Filosofia que 
estudava a alma. A Psicologia Científica vem com o objetivo de romper com essa questão “não 
palpável” de seu objeto de estudo e nasce quando Wundt preconiza a Psicologia “sem alma” 
(BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 2012). Essa Psicologia moderna se aproxima muito mais da 
medicina que da filosofia, assumindo um critério rigoroso de construção do conhecimento como 
método de investigação das ciências naturais.
A partir dessa mudança, desenvolveram-se as principais correntes teóricas que 
fundamentam a psicologia até os dias atuais.
Em resumo:
• Por meio do desenvolvimento científico baseado na racionalidade é que se desenvolveram 
os estudos modernos sobre a psique.
• Era preciso que o homem dominasse e entendesse a natureza e a si mesmo.
• “Para se conhecer o psiquismo humano passa a ser necessário compreender os mecanismos 
e o funcionamento da máquina de pensar do homem – seu cérebro” (BOCK; FURTADO; 
TEIXEIRA, 2012, p. 39).
• A Psicologia como ciência surge a partir da Fisiologia, Neuroanatomia e Neurofisiologia.
Figura 2 - Wilhem Wundt (1832-1920). Fonte: Azevedo (2016).
12WWW.UNINGA.BR
PSIC
OL
OG
IA
 E
M
 E
ST
ÉT
IC
A 
 |
 U
NI
DA
DE
 1
EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
1.1.5 Principais teorias da psicologia no século XX
As três principais correntes teóricas da Psicologia no século XX, segundo inúmeros 
autores, foram o Behaviorismo ou Teoria (S-R) (do inglês Stimuli-Respond, “Estímulo-Resposta”), 
a Gestalt e a Psicanálise.
O Behaviorismo iniciou-se a partir de Watson e teve seu desenvolvimento nos Estados 
Unidos. Com suas aplicações práticas, tornou-se importante por ter definido o fato psicológico, 
privilegiando questões concretas a partir da noção de comportamento (behavior). Segundo 
o dicionário Michaelis (2016), é a “[...] teoria cujo método de investigação se fundamenta na 
observação e análise do comportamento humano e dos animais, ou seja, no estudo das reações 
visíveis do organismo aos estímulos exteriores, e consequente negação do método introspectivo”. 
Posteriormente, nos EUA, recebe influência do psicólogo norte-americano Burrhus Frederic 
Skinner, autor da obra “Behaviorismo Radical”, teoria que contribuiu fortemente para o 
desenvolvimento da corrente desde os anos 1950 até os dias atuais.
Figura 3 - John Watson. Fonte: Conhecimento Científico (2019).
Na posição de segunda corrente teórica mais influente, não em sentido de importância, 
mas apenas a título de organização, está a Gestalt. Tal teoria teve seu berço na Europa, surgindo 
como “[...] uma negação da fragmentação das ações e processos humanos, realizada pelas 
tendências da Psicologia científica do século XIX” (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 2012, p. 50). 
Seus princípios fomentam a necessidade de se compreender o homem como uma totalidade. 
Pode ser considerada a tendência teórica mais ligada à Filosofia.
Como já exposto, a psicologia se consolidou, ao longo do século XIX, como uma vertente 
filosófica e científica. Nesse período, ela estudava tão somente o comportamento, as emoções e 
a percepção. O que prevalecia era o modelo atômico, isto é, buscava-se compreender o todo a 
partir do conhecimento das partes, sendo possível perceber uma imagem por meio apenas de 
seus elementos. Em oposição a esse processo, nasceu a Gestalt, corrente filosófica que, apoiada 
em pressupostos existencialistas, sugere que o todo é maior do que a soma das partes. Seus mais 
famosos praticantes foram Friederich Salomon Perls (o fundador da corrente), Kurt Koffka, 
Wolfgang Köhler e Max Werteimr.
13WWW.UNINGA.BR
PS
IC
OL
OG
IA
 E
M
 E
ST
ÉT
IC
A 
 |
 U
NI
DA
DE
 1
EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
A Figura 4 traz uma ilusão de ótica publicada em 1915 por um cartunista britânico, 
William Ely Hill. Ele a desenhou para uma revista de humor com o título My Wife and My Mother-
in-Law (“Minha esposa e minha sogra”, em português). A legenda já instigava a ambiguidade: “As 
duas estão na imagem. Tente encontrá-las”.
 
Figura 4 – Cartão-postal alemão do século XIX. Fonte: Battaglia (2018).
Guardada a surpresa que o cartão-postal nos traz, as ilusões de ótica são ícones da Gestalt 
que servem para ilustrar que determinada situação, vivência, conceito, problema etc., ou seja, 
qualquer realidade, seja ela material ou não, é contemplada e percebida como um todo de uma 
maneira singular por cada sujeito. Como o termo sugere, o nome Gestalt é de origem germânica, 
sem tradução ideal para o português. Assemelha-se a algo como “completude”, “figura”, “totalidade”. 
Além disso, afirma que o ser humano tem uma tendência por buscar razões, sentido e completude.
Psicólogos gestaltistas encaram sintomas (tais como dores, momentos deprimi-
dos ou dificuldades nas relações) como um caminho de explicação para o adoe-
cimento de clientes.
O Sintoma – O Caminho da Explicação
Grande parte das vezes, o cliente, ao buscar a psicoterapia, tem uma demanda: 
uma queixa somática, uma dificuldade relacional com alguém com quem ele pre-
cisa conviver, uma perda não superada, dentre outras. Esse desconforto é, talvez, 
a primeira oportunidade para que o psicoterapeuta participe da dinâmica existen-
cial do cliente e possa começar a construir um vínculo de confiança.
Ginger e Ginger (1995) afirmam que “[...] em Gestalt, o sintoma corporal é delibe-
radamente utilizado como ‘porta de entrada’ que permite um contato direto com 
o cliente, respeitando a via que ele mesmo ‘escolheu’, embora, com frequência, 
involuntariamente” (GINGER; GINGER, 1995, p. 161).
14WWW.UNINGA.BR
PS
IC
OL
OG
IA
 E
M
 E
ST
ÉT
IC
A 
 |
 U
NI
DA
DE
 1
EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Figura 5 - Sigmund Freud, por Max Halberstadt, em 1922. Fonte: Wikipedia (2020). 
A Psicanálise, que nasce com Freud, na Áustria, a partir da prática médica, recupera 
para a Psicologia a importância da afetividade e postula o inconsciente como objeto de estudo, 
quebrando a tradição da Psicologia como ciência da consciência e da razão (BOCK; FURTADO; 
TEIXEIRA, 2012).
Fundamenta a teoria a partir de duas grandes tópicas. Na primeira tópica, são apresentadas 
três qualidades dos processos psíquicos. A mente teria aspectos conscientes, subconscientes e 
inconscientes (PILLETI; ROSSATO; ROSSATO, 2014).
• Consciente: é formado pelas informações que estão em nossa lembrança e que obtemos a 
partir da percepção. São sentimentos e conteúdos do cotidiano, conhecimentos que estão 
em nosso campo de memória acessível.
Esse sintoma, essa demanda ou queixa representa, geralmente, uma falência nas 
possibilidades de a pessoa lidar com suas dificuldades. E ela tem necessidade de 
entender o porquê do seu sofrimento; busca as causas, perguntando-se: “Quem 
começou a discussão?”, “Por que eu disse aquilo?”, “Por que tudo deu errado?”, 
“Por que eu não dou conta?”, “Por quê?”. A legitimidade de seu questionamento 
encontra suporte na necessidade humana de dar um sentido à vida. Procuramos 
a todo momento captar a linearidade dos acontecimentos à nossa volta, resgatan-
do a historicidade daquilo que estamos vivendo. O sentido que tanto almejamos 
quase sempre é buscado nessa perspectiva histórica da existência num exercício 
de explicar a realidade segundo essa lógica (ALMEIDA, 2010).
15WWW.UNINGA.BR
PS
IC
OL
OG
IA
 E
M
 E
ST
ÉT
IC
A 
 |
 U
NI
DA
DE
 1
EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
• Subconsciente ou pré-consciente: é uma parte maior do conteúdo da mente, que estaria 
abaixo do nível da consciência, mas que poderia ser acessada a qualquer momento 
quando desejado. Por exemplo: memórias da infância, uma música ou uma certa situação 
do passado.
• Inconsciente: instância do aparelho psíquico preenchida pelas ideias, sentimentos e 
experiências que não podem ser acessados diretamente pela consciência, porque foram 
reprimidos (bloqueados) por serem muito pesados para que pudéssemos lidar com eles. 
Esses conteúdos, no entanto, embora não estejam em nosso campo de memória acessível, 
influenciam nossos comportamentos de maneira inconsciente. Além disso, o inconsciente 
é atemporal e não segue uma lógica linear. Ainda que esses conteúdos não adentrem a 
consciência, certa parte deles pode escapar e aparecer de forma distorcida, emergindo, 
por exemplo, por meio dos sonhos, de maneira irracional, fantasiosa, simbólica, sem 
provocar tanta angústia ao indivíduo (PILLETI; ROSSATO; ROSSATO, 2014).
Figura 6 - A persistência da memória (Salvador Dali, 1931). Fonte: Borges (2020).
A obra surrealista de Dali (1931 – Figura 6) alude ao modo atemporal e ilógico do 
inconsciente, em que o tempo e as regras não funcionam como na realidade. Faz-nos refletir 
sobre a diferença entre a realidade material e a realidade psíquica.
16WWW.UNINGA.BR
PS
IC
OL
OG
IA
 E
M
 E
ST
ÉT
IC
A 
 |
 U
NI
DA
DE
 1
EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Já na segunda tópica, Freud explicita que o aparelho psíquico é regulamentado por forças 
opostas (Id e Superego) em constante conflito, mediado por uma terceira parte (Ego).
O superego opõe-se ao id na tentativa de inibir seu impulso à gratidão imediata, 
interferindo sobre este. Seu desenvolvimento ocorre na medida em que são 
constituídas as normas, tradições e interposições de conduta dospais sobre as 
crianças, do meio que circunda o indivíduo, da sociedade; ou seja, é conduzido 
pelas restrições morais. Id e superego estão em constante conflito. O mediador 
desses conflitos é o ego, que busca integrar a personalidade, para tanto se 
fundamenta no princípio da realidade [...], [na] demanda do mundo externo 
(PILLETI; ROSSATO; ROSSATO, 2014, p. 48).
 
Freud também escreve, em sua teoria do desenvolvimento psicossexual, que todos os 
seres humanos, desde a mais tenra idade, são seres sexuados, o que causou grande espanto e 
recusa à sociedade da época. O teórico dividiu os períodos ou fases do desenvolvimento em cinco 
etapas: fase oral, fase anal, fase fálica, latência e genitalidade. Em cada uma dessas fases, a libido 
ou energia vital se localizaria em determinada zona erógena.
1.1.6 As fases do desenvolvimento humano segundo a Psicanálise
• Fase oral - de 0 a 1 ano, aproximadamente. A região pela qual o desejo é manifesto e 
que dá mais prazer à criança é a boca. É pela boca que a criança entra em contato com o 
mundo. O principal objeto de desejo dessa fase é o seio da mãe, que proporciona alimento, 
satisfação e acolhimento.
• Fase anal – de 2 a 4 anos. É nessa fase que o bebê passa a adquirir o controle dos esfíncteres, 
e a região de maior satisfação é o ânus. Tem controle das fezes, podendo oferecê-las como 
presente ou usá-las como algo agressivo. Surgem a noção de higiene e a posse de objetos 
fora de seu corpo.
• Fase fálica - de 4 a 6 anos. A atenção da criança volta-se à região genital, tendo ela um 
comportamento narcisista. É momento quando se elaboram teorias sobre o pênis e a falta 
dele.
• Latência – de 6 a 11 anos. Há dormência da libido. Nesse período, as crianças deslocam 
a libido sexual para atividades socialmente aceitas. Gostam de jogos competitivos, com 
regras estabelecidas, são moralistas e “odeiam” o sexo oposto. Gastam a energia em 
atividades sociais e escolares.
• Genitalidade: ocorre a retomada dos impulsos sexuais. O adolescente passa a buscar o 
objeto de amor fora do contexto do núcleo familiar. Há perda da identidade infantil, 
luto pelos pais idealizados e agressividade em busca de identidade adulta. É a chamada 
“síndrome normal da adolescência”. Nesse movimento, o adolescente procura se 
diferenciar do outro e, ao mesmo tempo, se identificar com grupos e estilos próprios.
Para a ciência psicológica, o ser humano está em constante desenvolvimento e só passa 
por ele por meio da relação com o outro. O desenvolvimento é fomentado pela companhia, 
linguagem e cultura para diferentes abordagens teóricas. Daí advém a importância de se frisar 
que o homem é um ser social, condição sem a qual não se tornaria humanizado. Toda a nossa 
condição humanoide (casca) só se torna humana de fato (dotada de conteúdo, inteligência, 
pensamento e consciência) por meio do que somos juntos.
17WWW.UNINGA.BR
PS
IC
OL
OG
IA
 E
M
 E
ST
ÉT
IC
A 
 |
 U
NI
DA
DE
 1
EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
O filme Freud, além da alma, de 1962, mostra o início dos 
trabalhos de Freud em Viena, enfocando su a teoria sobre 
a interpretação dos sonhos. O filme mostra também a 
rejeição da comunidade médica às suas ideias. Depois de 
ter assistido ao filme, você compreenderá com mais clareza 
o desenvolvimento da teoria psicanalítica. Você já parou 
para pensar em como é árduo e ainda deficitário o caminho 
da humanidade no que se refere ao autoconhecimento? 
Sabemos muito pouco sobre nós mesmos.
Para mais informações sobre as diferentes 
correntes em psicologia, recomendamos a leitura 
da obra:
TELES, M. L. S. O que é Psicologia. 2. ed. São Paulo: 
Brasiliense, 2010.
 
A partir da leitura desse pequeno livro, você 
compreenderá que a Psicologia apresenta 
diferentes maneiras de interpretar o fenômeno 
psíquico e a relação do homem com o mundo. 
A leitura, inclusive, proporcionará a você a 
oportunidade de se identificar e de aprimorar 
seus conhecimentos quanto a uma dada corrente 
específica.
Fonte: Books Google (2017).
18WWW.UNINGA.BR
PS
IC
OL
OG
IA
 E
M
 E
ST
ÉT
IC
A 
 |
 U
NI
DA
DE
 1
EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
1.1.7 A Psicologia hoje
Como discutido anteriormente, o objeto de estudo da psicologia é o homem (no sentido 
humano), em todas as suas expressões, as visíveis e as invisíveis, as genéricas e as singulares 
(BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 2009). Portanto, onde quer que o ser humano esteja, há conteúdo 
para investigação e intervenção psicológicas.
 A profissão de psicólogo é reconhecida no Brasil por meio da Lei nº 4.119, de 1962. Os 
Conselhos Federal e Estaduais de Psicologia foram criados por meio da Lei nº 5.766, de 20 de 
dezembro de 1971. E o Código de Ética que rege a profissão é o quarto de sua história, oficializado 
no ano de 2005.
A Psicologia exerce um papel central no meio científico e social, pois seus saberes afetam 
ambos os meios e oferecem subsídios para a fundamentação de inúmeras práticas, as quais, acima 
de tudo, buscam colaborar para a promoção da saúde, a valorização da subjetividade e a proteção 
dos direitos humanos (LEME; BUSSAB; OTTA, 1989).
Algumas das possíveis áreas de atuação da psicologia são: saúde e assistência social por 
meio do Sistema Único de Saúde (SUS) e Sistema Único de Assistência Social (SUAS), área 
jurídica, psicologia do trânsito, psicologia escolar, psicologia clínica, pesquisador, psicologia 
organizacional e do trabalho, psicologia do esporte, psicologia hospitalar, dentre outras mais.
19WWW.UNINGA.BR
PS
IC
OL
OG
IA
 E
M
 E
ST
ÉT
IC
A 
 |
 U
NI
DA
DE
 1
EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
Iniciamos a Unidade 1 esclarecendo de que maneira os conteúdos do senso comum estão 
presentes na construção social de nossos valores e conhecimentos gerais. Além disso, percebemos 
que a própria psicologia está presente em nosso cotidiano, mais do que imaginávamos. 
Posteriormente, compreendemos os detalhes do método científico e as implicações 
ideológicas, das quais, embora tentemos nos desvencilhar, ainda assim nos acompanham. 
Compreendemos que qualquer ciência, seja ela natural, biológica ou humana, será inevitavelmente 
trespassada pelo fator humano.
A ressalva a se fazer é, portanto, a de garantir que, como pesquisadores e investigadores 
em formação, estejamos sempre buscando novas respostas e testando as que já estão vigentes, 
nesse movimento conhecido como ciência.
Após isso, retomamos brevemente o histórico da Psicologia Científica, bem como seu 
desenvolvimento e aplicabilidade. Passamos, ademais, pelas mais influentes correntes psicológicas 
do século XX: o Behaviorismo, a Gestalt e a Psicanálise, focalizando o desenvolvimento por fases 
e apresentando a importância da relação do ser humano com o mundo e com o outro. Sem esse 
mix, não seria possível a produção da subjetividade humana tal como a conhecemos. Estamos 
em um processo de autoconhecimento lento, mas progressivo, buscando compreender melhor as 
relações intrapsíquicas e relacionais dos seres humanos.
2020WWW.UNINGA.BR
U N I D A D E
02
SUMÁRIO DA UNIDADE
INTRODUÇÃO ............................................................................................................................................................... 21
1. BELEZA, IDENTIDADE E MERCADO .......................................................................................................................22
2. A SOCIEDADE E OS PADRÕES DE BELEZA ...........................................................................................................23
3. A AUTOESTIMA E A ESTÉTICA...............................................................................................................................25
4. TRANSTORNOS DE IMAGEM E TRANSTORNOS ALIMENTARES .......................................................................26
5. A RELAÇÃO ENTRE PROFISSIONAL E PACIENTE ............................................................................................30
CONSIDERAÇÕES FINAIS ..........................................................................................................................................33ESTÉTICA, CONSUMO E SOCIEDADE: RELAÇÕES ENTRE 
ESTETICISTA, PACIENTE, FAMÍLIA E SOCIEDADE
PROF.A MA. CARLA FERNANDA BARBOSA MONTEIRO 
ENSINO A DISTÂNCIA
DISCIPLINA:
PSICOLOGIA EM ESTÉTICA 
21WWW.UNINGA.BR
PS
IC
OL
OG
IA
 E
M
 E
ST
ÉT
IC
A 
 |
 U
NI
DA
DE
 2
EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
INTRODUÇÃO
Nesta unidade, trataremos de assuntos relacionados à estética, às relações humanas e à 
saúde, assim como àquilo que envolve e acompanha um procedimento estético e suas entrelinhas. 
Sabe-se que, na atualidade, a busca pela estética tornou-se uma corrida contra o tempo, pois, a 
cada instante, surgem novas opções de procedimentos, cirurgias, medicamentos, cremes e demais 
produtos relacionados a essa busca incansável pela estética dita perfeita. A vaidade é uma forte 
característica da sociedade em geral apesar da predominância do sexo feminino quando se trata 
do assunto em questão.
Os indivíduos buscam seguir um padrão de acordo com regras e critérios estabelecidos 
pelo meio do qual fazem parte. Para que não sofram exclusão ou rejeição pelo seu meio, os 
indivíduos buscam incansavelmente métodos com vistas a que os padrões sejam alcançados. Tal 
busca envolve profissionais, como dentistas, biomédicos, cabeleireiros, profissionais de educação 
física, nutricionistas, cirurgiões, fisioterapeutas e esteticistas. Os meios que levam a essa busca 
são associados, na maior parte dos casos, à mídia, relativa a redes sociais (Twitter, Facebook e 
Instagram), desfiles de moda, televisão, dentre outros aspectos (BARROS; OLIVEIRA, 2017).
As mídias são grandes veiculadoras deste novo culto. Há uma enorme quantidade 
de anúncios publicitários onde aparecem corpos considerados perfeitos, 
induzindo os leitores a consumirem uma imensa parafernália para conseguirem 
a boa forma desejada. Isto seria um investimento e considerado um bem de 
altíssimo valor. Convencidos disso, quem pode e deseja recorre às operações 
plásticas, próteses e outros artifícios (MARTINS, 2004, p. 5).
Os profissionais da área da estética devem compreender que as razões pelas quais um 
indivíduo busca procedimentos estéticos não são apenas superficiais. Esses procedimentos 
resultam em mudanças significativas na vida de quem os realiza e também na vida de quem está 
à sua volta (BARROS; OLIVEIRA, 2017). Sendo assim, devem-se compreender a cultura e as 
relações sociais envolvidas na realização dos procedimentos estéticos, percebendo-se o desejo 
como um todo social, cultural, psicológico, físico e psíquico do indivíduo.
22WWW.UNINGA.BR
PS
IC
OL
OG
IA
 E
M
 E
ST
ÉT
IC
A 
 |
 U
NI
DA
DE
 2
EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
1. BELEZA, IDENTIDADE E MERCADO
Para compreender o conceito de beleza, é válido retroceder até o surgimento desse termo e 
estudar, de maneira aprofundada, a forma como ele é visto na atualidade. Segundo Pollachi (2012), 
a primeira menção ao termo beleza remete à Grécia Antiga. Os gregos relacionavam a beleza à 
ética, pois o belo associava-se ao bom e ao verdadeiro. Podemos perceber a importância dada à 
beleza por intermédio das impecáveis esculturas e obras gregas. Nelas, o antropomorfismo foi 
inigualável. Enquanto os homens da época frequentavam barbearias, as mulheres se maquiavam 
com sombra e pó facial (o qual, por conter chumbo, acabou causando muitas mortes) e até se 
depilavam. A própria palavra “cosméticos” deriva do grego kosmetikós, que significa “o que serve 
para ornamentar”.
Os romanos antigos foram reconhecidos pela criação das casas de banho, belas construções 
em espaço público, com partes separadas para homens e mulheres. Os procedimentos estéticos 
nesses locais eram realizados por meio de massagens e tratamentos com vapor. Após os banhos, 
óleos eram aplicados na pele para mantê-la saudável e atraente. Os asiáticos, similarmente, 
seguiam alto padrão de beleza e boa aparência. Para exemplificar, citemos as gueixas. Elas 
removiam os pelos do corpo com uma técnica semelhante ao que hoje chamamos de depilação 
com linha (POLLACHI, 2012). Logo, podemos perceber que alguns desses rituais da antiguidade 
permanecem atuais.
Na Idade Média, a religião cumpria papel dominante na vida das pessoas. O clero 
combatia a maquiagem com todas as forças já que a prática era tida como sedutora, conduzindo 
os indivíduos ao pecado. Foi somente a partir do século XIX que nascem a sociedade do consumo 
e uma nova era nas concepções de beleza. As indústrias passaram a produzir artigos de beleza em 
grande escala, tornando-os mais baratos e acessíveis (SUENAGA et al., 2012). Anteriormente, 
os artigos de beleza eram utilizados apenas pela realeza vez que a nobreza fazia uso de joias e 
maquiagens para denotar poder.
O século XX foi marcante e revolucionário nesse mercado da estética e dos padrões 
de beleza. Tais mudanças ocorreram, principalmente, devido à fusão entre culturas e à 
industrialização das civilizações. Os meios de informação, como jornais, revistas, cinema e rádio, 
foram grandes auxiliares na disseminação desses padrões. Comportamentos até então executados 
exclusivamente por homens passaram a ser reproduzidos por mulheres, dentre eles: fumar, beber 
em público, discutir política, afirmar a sexualidade e seguir uma profissão. Nos anos 1990, o visual 
unissex foi definitivamente consagrado. Calças jeans, sapatos baixos e cabelo comprido passaram 
a ser utilizados por ambos os sexos. Apesar dessa tentativa de aproximação, as diferenças entre 
homens e mulheres continuavam bem demarcadas: os homens deviam ser másculos e apresentar 
agressividade, e as mulheres apresentavam corpos malhados e depilados. Os cabelos eram 
pintados para esconder os fios brancos, e cremes de beleza rejuvenescedores eram usados para 
manter esse ideal de beleza (SUENAGA et al., 2012). A ciência renovou o mercado da beleza, as 
pesquisas se multiplicaram, a revolução da cosmetologia avançou, e a maquiagem passou a ser 
considerada item fundamental no cotidiano das mulheres.
Apesar de toda a diferença entre culturas, civilizações e indivíduos, existe uma forte 
tendência em favor da “globalização” dos padrões estéticos. Vale ressaltar, no entanto, que sempre 
existem grupos que destoam desse padrão de beleza, como os punks, nerds, hippies etc. Ou seja, a 
relação entre indivíduo e beleza também varia de acordo com a inserção social. Apesar dos grupos 
sociais e da suposta globalização mencionada, os padrões impostos pelas culturas passadas ainda 
se encontram presentes na atualidade (SUENAGA et al., 2012).
23WWW.UNINGA.BR
PS
IC
OL
OG
IA
 E
M
 E
ST
ÉT
IC
A 
 |
 U
NI
DA
DE
 2
EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Segundo Sampaio e Ferreira (2009), a beleza tem se tornado algo a ser conquistado e 
desejado pela sociedade contemporânea. Um recorte para exemplificar tal fala pode ser encontrado 
no fato de as academias, os centros de estética e os consultórios de cirurgia plástica estarem 
em grande expansão no mercado. As celebridades são reconhecidas por serem belas apesar de 
possuírem outras tantas competências. As campanhas publicitárias nos meios de comunicação 
diariamente testam nossa autoestima, colocando em questionamento a visão que possuímos do 
próprio corpo e imagem.
Em um mundo orientado pelo mercado, não ficaria à parte do sistema de 
produção um objeto de tal resplandecência. Assim, o corpo passa a ser objeto 
de manipulação por parte do mercado, com suas atuais estruturas de produção e 
consumo, por meio de um aparelho ideológico alimentado pela mídia de massa, 
o que favorece que o indivíduo desenvolva representações acerca de seu próprio 
corpo: o corpo como capital e como objeto de consumo. De tal processo decorre 
a necessidade de se investir no corpo com toda a determinação, tanto no sentido 
econômico como na acepção psíquica do termo (SAMPAIO; FERREIRA, 2009, 
p. 15).
2. A SOCIEDADE E OS PADRÕES DE BELEZA
 
Conforme discutido no tópico anterior, o termo beleza e seus padrões foram se 
estabelecendo e se modificando com o passar dos anos. No século XXI, o padrão de beleza tornou-
se o mais rígidode todos os tempos, trazendo à sociedade uma imensa frustração. A mídia impôs 
um padrão que não corresponde à maioria das mulheres do mundo, padrão esse que ultrapassa os 
limites até mesmo do que é considerado um corpo saudável (SCHMIDT; OLIVEIRA; GALLAS, 
2008). Na Figura 1, compreendemos a rigidez dos padrões de beleza impostos na atualidade.
Figura 1 – Padrão a ser quebrado. Fonte: Vilar (2020).
 
24WWW.UNINGA.BR
PS
IC
OL
OG
IA
 E
M
 E
ST
ÉT
IC
A 
 |
 U
NI
DA
DE
 2
EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Adolescentes, homens e mulheres não satisfeitos com seus corpos buscam, a qualquer 
custo e sem medir esforços, alcançar um padrão de estética inalcançável. Em boa parte dos casos, 
essa corrida pela beleza está relacionada à idade. E o uso de instrumentos para a recuperação da 
juventude está cada dia mais evoluído, seja nos procedimentos estéticos seja nas intervenções 
cirúrgicas. Essa constante busca pela preservação da juventude, do vigor e da beleza é incentivada 
pelos avanços tecnológicos que vêm acontecendo na estética, na medicina e no mercado de 
cosméticos (SCHMIDT; OLIVEIRA; GALLAS, 2008).
A evolução do cosmético e da medicina possibilita um leque de opções ao consumidor, 
levando-o a buscar e a investir cada vez mais para alcançar os almejados padrões de beleza. Os 
fabricantes de cosméticos estão atentos às tendências, materializando os desejos e as necessidades 
dos consumidores por meio de novos produtos. É um mercado em ascendência que torna tudo 
muito atrativo ao consumidor, fazendo com que ele consuma cada vez mais, formando-se um 
ciclo de consumo sem fim (SCHMIDT; OLIVEIRA; GALLAS, 2008).
O consumo alienado de mercadorias faz do corpo um objeto de consumo que 
tem a capacidade de ser reinventado todos os dias. A busca da perfeição corporal 
é confundida com felicidade e realização ao ocupar o lugar dos valores morais e 
éticos, o que acaba gerando grandes frustrações. Quem lucra com essa inversão 
das prioridades humanas é a milionária indústria da beleza (MIRANDA, 2010, 
p. 2).
Segundo Pinheiro e Castro Jr. (2015), os padrões de beleza atualmente estão ligados à 
magreza embora seja óbvio que a beleza e a magreza não têm afinidade natural. A supervalorização 
corporal vem instigando os indivíduos a uma série de comportamentos com diversas consequências, 
como transtornos alimentares (bulimia e anorexia), transtorno dismórfico corporal, compulsões 
alimentares, tratamentos estéticos invasivos e intervenções cirúrgicas. Pode-se afirmar que esse 
culto à magreza é resultado dos padrões impostos pela sociedade, isso sem contar os meios de 
comunicação e as agências de modelos que usam padrões irreais em seus desfiles.
A ‘fabricação do corpo’ na contemporaneidade é tão forte quanto na era 
primitiva: a sociedade pós-moderna infringe sobre o corpo humano a marca 
de seu momento sócio-histórico atual, utilizando na ‘fabricação do corpo pós-
moderno’ todas as tecnologias disponíveis no mais alto grau de conhecimento 
humano. Laser como peeling, cirurgia plástica e implante de cabelos; químicas 
e farmacologia para emagrecer, aumentar, endurecer e estreitar as formas; 
materiais sintéticos como silicone para aumentar os seios, metais como ouro, 
platina e cobre para segurar a face e esticar os ossos, tudo para tornar o corpo 
o ícone do momento presente: o belo e o ideal de acordo com sua cultura 
(PINHEIRO; CASTRO JR., 2015, p. 3). 
Sendo assim, o corpo tem sido objeto de atenção especial no que tange à beleza, fazendo 
com que o indivíduo dedique parte de sua vida a cuidados especiais em busca da estética 
perfeita ou da manutenção e transformação do corpo, sempre visando a se encaixar nos padrões 
estabelecidos pela sociedade. Multiplicam-se atitudes que mantêm a supervalorização do corpo 
como algo indissociável da condição de ser e estar no mundo, gerando reflexões a respeito dos 
valores humanos: o que é superlativo e o que é superficial (o corpo efêmero), movendo-se o foco 
do diminutivo para o essencial (a própria essência humana) (PINHEIRO; CASTRO JR., 2015).
25WWW.UNINGA.BR
PS
IC
OL
OG
IA
 E
M
 E
ST
ÉT
IC
A 
 |
 U
NI
DA
DE
 2
EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Hoje, vivemos numa sociedade de imagens, que corporificam pessoas magras, 
jovens e sem rugas, modelo atrás do qual todas correm. Tal fato gera uma forma 
de cobrança indireta especialmente nas mulheres. Mas é um tipo de beleza que 
não tem a ver com nossa cultura. A mistura de raças que há no Brasil resulta 
numa mulher curvilínea, por exemplo. Aquilo que chamamos de ‘morenidade’ 
da brasileira desapareceu para dar espaço às figuras esguias, loiras e de seios 
grandes, enquanto a brasileira é mais baixa, e tem seios pequenos. Isso é grave, 
pois temos um país com minorias negras muito grandes. Esse modelo perverso 
deixa a autoestima de muitas meninas e mulheres fragilizada, o que acaba 
sacrificando a identidade física brasileira (MARTINS, 2004, p. 4).
3. A AUTOESTIMA E A ESTÉTICA
Pesquisas afirmam que, na atualidade, os indivíduos buscam uma melhora em sua 
autoestima e bem-estar por meio da estética. Cuidar do corpo e da aparência deixou de ser 
atividade supérflua e passou a ser questão de saúde, que gera empregos, renda e divide o País. 
Os seres humanos dificilmente encontram-se em um estado pleno de satisfação, e o mercado 
oferece inúmeros cosméticos, serviços e produtos com a finalidade de oferecer essa tão buscada 
satisfação, saúde, beleza e bem-estar (BORBA; THIVES, 2011).
A pressão externa, advinda da mídia, altera a percepção que o indivíduo tem de si, 
afetando sua autoestima e seu bem-estar. Logo, a beleza passa a ter valor social e o poder de 
garantir sucessos ou fracassos, seja nas relações pessoais seja nas profissionais. Os profissionais 
conseguiram captar essa conexão e o interesse dos indivíduos de buscarem, por intermédio da 
estética, se sentir bem, melhores e mais bonitos.
Segundo Borba e Thives (2011), a autoestima nada mais é que a autoaceitação ou não em 
relação a si mesmo; a aprovação ou reprovação da própria imagem, princípios, crenças e valores. 
Relaciona-se também ao convívio interpessoal e particular na vida social das pessoas. É comum 
confundir-se a definição de autoestima com a definição de autoimagem: a principal diferença 
entre ambas é que a autoestima é como o indivíduo vê a si mesmo, e a autoimagem é como os 
outros o veem.
Quando o indivíduo se posiciona frente ao espelho e não gosta da imagem que vê, na 
maioria dos casos, inicia-se a busca para alterar sua aparência a partir de produtos, cosméticos, 
academias, salões de beleza, centros de estética e cirurgias plásticas. A estética possui forte 
influência nessa causa, ajudando os pacientes a manterem ou melhorarem a boa aparência e 
auxiliando no equilíbrio entre autoimagem e autoestima (BORBA; THIVES, 2011).
26WWW.UNINGA.BR
PS
IC
OL
OG
IA
 E
M
 E
ST
ÉT
IC
A 
 |
 U
NI
DA
DE
 2
EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
4. TRANSTORNOS DE IMAGEM E TRANSTORNOS ALIMENTARES
 
Segundo Saikali et al. (2004), a imagem corporal é a imagem de nosso próprio corpo que 
formamos em nossa mente. O conceito de imagem corporal envolve três componentes:
• Perceptivo: relacionado à precisão da nossa própria aparência física.
• Subjetivo: envolve aspectos relacionados à satisfação com a nossa própria aparência.
• Comportamental: focaliza situações evitadas pelo indivíduo após experimentar 
desconforto associado à aparência corporal.
Percebe-se que o mundo social discrimina indivíduos não aparentes e que as crenças 
culturais determinam normas sociais com relação ao corpo humano. Práticas de embelezamento, 
manipulação e mutilação fazem do corpo um terreno de significados simbólicos. As mudanças 
sociais no formato do rosto e do corpo comunicam a posição social do indivíduo e, muitas vezes, 
alteram seu status social. A sociedade é um modelo de preocupações com medidas corporais. E 
essas preocupações resultam em dietas excessivas, comportamentos não saudáveis de controle de 
peso e compulsões alimentares, como ressaltam Saikaliet al. (2004).
[...] existem evidências que dão suporte de que a mídia promove distúrbios da 
imagem corporal e alimentar. Análises têm estabelecido que modelos, atrizes e 
outros ícones femininos vêm se tornando mais magras ao longo das décadas. 
Indivíduos com transtornos alimentares sentem-se pressionados em demasia 
pela mídia para serem magros e reportam terem aprendido técnicas não-
saudáveis de controle de peso (indução de vômitos, exercícios físicos rigorosos, 
dietas drásticas) através desse veículo (SAIKALI et al., 2004, p. 31).
O comportamento alimentar tem duas principais funções: manter a quantidade de 
nutrientes necessários à nossa sobrevivência – os processos fisiológicos – e dar o prazer que o 
ato de comer nos proporciona, liberando neurotransmissores responsáveis pelo prazer e bem-
estar (dopamina e serotonina). Outro fator que interfere no comportamento alimentar é o 
metabolismo, que muda conforme a idade. Quando nosso sistema está em desequilíbrio, é possível 
que se desencadeiem alguns transtornos alimentares, como a anorexia, bulimia e obesidade. 
Esses transtornos podem ser caracterizados como doenças causadas por aspectos psicológicos ou 
emocionais, que levam a pessoa a ter obsessão por determinado tipo de comportamento (SOUZA 
et al., 2011).
Segundo Appolinário e Claudino (2000), a anorexia geralmente se inicia na infância ou 
na adolescência, porém, pode ser desencadeada também em mulheres na fase adulta. O início é 
marcado por dietas extremamente restritivas que eliminam alimentos “engordantes” do cardápio, 
como aqueles que contêm carboidrato. As pacientes apresentam forte insatisfação quanto a seu 
corpo, e o medo de engordar é um dos sintomas principais desse transtorno. Gradativamente, 
as pacientes passam a viver exclusivamente em função da dieta, do peso, da comida e da forma 
corporal, restringindo seu campo de interesse, num gradativo isolamento social.
 
27WWW.UNINGA.BR
PS
IC
OL
OG
IA
 E
M
 E
ST
ÉT
IC
A 
 |
 U
NI
DA
DE
 2
EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Segundo o sistema classificatório da última edição do Diagnostic and Statistical 
Manual of Mental Disorders (DSM-IV2), existem dois tipos de apresentação 
clínica da doença: no primeiro, as pacientes apenas empregam comportamentos 
restritivos associados à dieta (‘tipo restritivo’); no outro grupo (‘tipo purgativo’) 
ocorrem episódios de compulsão alimentar e/ou comportamentos mais 
perigosos, como os vômitos auto-induzidos, o abuso de laxativos e de diuréticos. 
A classificação dos transtornos mentais e do comportamento da Classificação 
Internacional de Doenças ¾ 10ª Edição (CID-103) já não distingue tipos de 
anorexia e, portanto, pacientes anoréticas que apresentam episódios bulímicos 
podem receber os dois diagnósticos: anorexia e bulimia (APPOLINÁRIO; 
CLAUDINO, 2000, p. 22). 
A anorexia é considerada um transtorno de difícil tratamento cuja base terapêutica é uma 
integração das seguintes abordagens médicas: médica, psicológica e nutricional. A constituição 
de uma equipe multiprofissional é de extrema importância para o sucesso terapêutico, e os 
profissionais envolvidos devem trabalhar de forma integrada. Apesar de não existir um agente 
farmacológico específico para a anorexia, vários medicamentos têm se mostrado úteis. O 
uso de ansiolíticos e antidepressivos pode ser indicado para pacientes que desenvolvem uma 
comorbidade psiquiátrica associada. A psicoterapia em suas diversas modalidades (cognitiva, 
comportamental, interpessoal e de família) ainda é um dos pilares centrais do tratamento 
(APPOLINÁRIO; CLAUDINO, 2000).
A bulimia, por sua vez, caracteriza-se pela grande ingestão de alimentos de maneira 
descontrolada, seguida por uma sensação de descontrole, caracterizada como episódios 
bulímicos. Em um episódio bulímico, calcula-se a ingestão média de três a quatro mil calorias, 
porém, existem relatos de episódios da ingestão de até 20 mil calorias. Na maioria dos casos, 
tais episódios acontecem após longos períodos de jejum ou restrição severa de alimentação. Os 
pacientes desse transtorno buscam compensar esses episódios com o uso de laxantes, diuréticos, 
prática excessiva de exercícios ou vômito autoinduzido (CAMPOS; HAACK, 2012).
Segundo Appolinário e Claudino (2000), o vômito autoinduzido ocorre em cerca de 
90% dos casos, sendo, portanto, o principal método compensatório utilizado. No começo do 
transtorno, o paciente necessita de métodos para induzir o vômito, como a introdução do dedo 
ou de algum objeto na garganta. Com a evolução do transtorno, a estimulação mecânica deixa de 
existir. Alguns pacientes bulímicos com quadros mais graves, com vários episódios de vômitos 
por dia, podem apresentar até ulcerações no dorso da mão pela indução do mesmo. 
O episódio de compulsão alimentar é o sintoma principal e costuma surgir no 
decorrer de uma dieta para emagrecer. No início, pode se achar relacionado à 
fome, mas posteriormente, quando o ciclo de compulsão alimentar-purgação 
já está instalado, ocorre em todo tipo de situação que gera sentimentos 
negativos (frustração, tristeza, ansiedade, tédio, solidão). Inclui um aspecto 
comportamental objetivo que seria comer uma quantidade de comida 
considerada exagerada se comparada ao que uma pessoa comeria em condições 
normais; e um componente subjetivo que é a sensação de total falta de controle 
sobre o seu próprio comportamento. Estes episódios ocorrem às escondidas 
na grande maioria das vezes e são acompanhados de sentimentos de intensa 
vergonha, culpa e desejos de autopunição (APPOLINÁRIO; CLAUDINO, 2000, 
p. 22). 
28WWW.UNINGA.BR
PS
IC
OL
OG
IA
 E
M
 E
ST
ÉT
IC
A 
 |
 U
NI
DA
DE
 2
EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
O tratamento para pacientes bulímicos, assim como na anorexia, também deve ser 
conduzido por uma equipe multiprofissional. Em relação aos fármacos, os estudos fazendo uso 
da fluoxetina no controle de episódios de compulsão alimentar têm gerado grande entusiasmo 
quanto ao uso da fluoxetina por pacientes anoréxicos. O tratamento é extra-hospitalar, devendo-
se tentar um período inicial de abordagens, como a psicoterapia cognitivo-comportamental, o 
aconselhamento nutricional e o uso de psicofármacos, podendo resultar em melhora dos pacientes. 
A necessidade de internação hospitalar nos casos de bulimia está relacionada à presença de 
complicações médico-psiquiátricas, ciclos incoercíveis de compulsão alimentar, vômitos, abuso 
de laxativos e/ou outras drogas, além de outros comportamentos de risco (APPOLINÁRIO; 
CLAUDINO, 2000).
As complicações clínicas são decorrentes principalmente das manobras 
compensatórias para perda de peso: erosão dos dentes, alargamento das parótidas, 
esofagites, hipopotassemia e alterações cardiovasculares, dentre outras. Como 
na AN, parece haver uma ocorrência aumentada de transtornos do humor e de 
transtornos de ansiedade em pacientes com BN. Assim, um grande número de 
pacientes com BN (46% a 89%) evidencia um transtorno depressivo associado 
em algum momento de sua evolução clínica. Particular atenção deve ser dada 
à ocorrência de transtornos de personalidade e de abuso de substâncias no 
diagnóstico das pacientes com BN. Os abusos de álcool e de psicoestimulantes 
são descritos, mas também podemos encontrar o abuso múltiplo de substâncias 
(APPOLINÁRIO; CLAUDINO, 2000, p. 22).
Segundo dados da Organização Mundial de Saúde, a obesidade tem sido considerada, 
mundialmente, a mais importante desordem nutricional. A modernização das sociedades 
desencadeou um novo modo de vida ao homem contemporâneo, no qual a oferta e o consumo 
de alimentos aumentaram expressivamente. As modificações na alimentação estão ligadas à 
crescente aderência da população à dieta ocidental ou dieta moderna. São dietas caracterizadas por 
serem ricas em gorduras, açúcar refinado e alimentos refinados. Em contrapartida, há quantidade 
reduzida de fibras e outros carboidratos complexos (WANDERLEY; FERREIRA, 2010).
No que diz respeito à atividade física, ainda segundo esses autores, houve 
transformaçõesna estrutura das ocupações de trabalho. Observa-se nas últimas 
décadas a mecanização do processo de trabalho e o aumento da participação 
da população no setor terciário da economia, cujas ocupações requerem 
menor demanda energética que nos demais setores, tais como o secundário e 
primário. E a redução nas atividades do setor primário. Tal situação relaciona-se 
ao fenômeno da transição demográfica, com a concentração da população nas 
áreas urbanas do país e, ainda, em decorrência do desenvolvimento tecnológico 
(WANDERLEY; FERREIRA, 2010, p. 4). 
A obesidade tem causas multifatoriais e resulta da interação de fatores genéticos, 
metabólicos, sociais, comportamentais e culturais. Na maioria dos casos, associa-se ao abuso 
da ingestão calórica e ao sedentarismo, em que o excesso de calorias se armazena como tecido 
adiposo, gerando balanço energético positivo. O balanço energético pode ser definido como a 
diferença entre a quantidade de energia adquirida e a quantidade de energia gasta na realização 
das funções vitais e de atividades em geral. Segundo a Organização Mundial da Saúde, classifica-
se a obesidade conforme o índice de massa corporal (IMC) do indivíduo, definido pelo cálculo 
do peso corporal (em quilogramas), dividido pelo quadrado da altura (em metros quadrados) e 
também pelo risco de mortalidade associada (TAVARES; NUNES; SANTOS, 2010).
29WWW.UNINGA.BR
PS
IC
OL
OG
IA
 E
M
 E
ST
ÉT
IC
A 
 |
 U
NI
DA
DE
 2
EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Os maiores problemas sociais enfrentados pelos obesos são problemas de preconceito 
e discriminação no trabalho, na sociedade em geral e nos relacionamentos interpessoais. O 
preconceito contra a obesidade começa em face de crianças com seis anos de idade. Elas são 
descritas como preguiçosas, sujas, burras, mentirosas e feias. Os obesos, para alguns tipos de 
trabalho, são classificados como menos qualificados, com problemas emocionais e interpessoais, 
tendo ainda menos chance de serem admitidos em escolas de prestígio ou em profissões mais 
atraentes. Por tudo isso, pode-se afirmar que a obesidade tem impacto na saúde, bem-estar, 
psicológico e longevidade dos sujeitos (TAVARES; NUNES; SANTOS, 2010).
A obesidade constitui-se em condição médica crônica de etiologia multifatorial, 
o que requer tratamento de múltipla abordagem. A orientação dietética, a 
programação de atividade física e o uso de fármacos antiobesidade constituem 
os seus principais pilares.  O tratamento convencional para a obesidade de 
grau III, entretanto, continua produzindo resultados insatisfatórios, com 95% 
dos pacientes recuperando seu peso inicial em até dois anos. A indicação de 
cirurgia bariátrica vem se tornando mais frequente devido à dificuldade da 
abordagem clínica de obesos graves. Deve também procurar a obtenção de mais 
conscientização da equipe de saúde envolvida no processo terapêutico de obesos 
sobre a importância da assistência multidisciplinar, buscando a melhora física, 
psíquica e social, visando a aprimorar e melhorar a qualidade da assistência 
oferecida (TAVARES; NUNES; SANTOS, 2010, p. 3).
Segundo Souza et al. (2005), a família tem papel importante, seja para manter a 
superalimentação e inatividade seja para desenvolver melhores padrões de alimentação e 
atividade. Os autores afirmam, ainda, que a família poderá ajudar o paciente por meio de ações 
que sirvam de exemplo a que ele torne saudáveis seus hábitos alimentares. Assim, não basta que 
o familiar dê conselhos ao obeso sobre o que é certo, mas que o familiar também se envolva 
no tratamento, procurando, por exemplo, acompanhar o obeso em caminhadas ou modificando 
os seus próprios hábitos alimentares. Nesse sentido, a família representaria uma fonte de apoio 
social que promoveria mudanças.
[...] observa-se que as pacientes estão inseridas em um contexto propício 
à acumulação de peso: padrão de comportamento alimentar incorreto e 
desorganizado, falha no autocontrole desse comportamento, influência do 
estresse e de sentimentos negativos e ausência de apoio social e familiar na 
perda de peso e consequentemente na manutenção. Assim, comprova-se que a 
obesidade é uma condição complexa, na qual estão envolvidos múltiplos fatores 
e o tratamento é difícil, uma vez que requer mudanças comportamentais e de 
hábitos pelo resto da vida (SOUZA et al., 2005, p. 1).
O apoio social é definido como qualquer auxílio oferecido por grupos ou pessoas, 
que causam efeitos emocionais ou efeitos comportamentais positivos. O apoio social provoca 
consequências físicas (influenciando o comportamento das pessoas) e ajuda a evitar maus 
hábitos e comportamentos de risco que poderiam alterar os sistemas imunológico, nervoso e 
cardiovascular. Esse apoio faz sobressair o papel ativo que os indivíduos podem desempenhar na 
resolução dos seus problemas (SOUZA et al., 2005). No caso do paciente obeso, o apoio social é 
de suma importância para o fortalecimento e permanência no tratamento.
30WWW.UNINGA.BR
PS
IC
OL
OG
IA
 E
M
 E
ST
ÉT
IC
A 
 |
 U
NI
DA
DE
 2
EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
5. A RELAÇÃO ENTRE PROFISSIONAL E PACIENTE 
O relacionamento entre profissional e paciente é a base para todo tratamento, e a 
qualidade desse relacionamento exerce impacto direto sobre a saúde. Essa relação é construída por 
intermédio da comunicação verbal e não verbal, e a qualidade dessa comunicação (acompanhada 
de um bom vínculo terapêutico e da sensibilidade do profissional em perceber o contexto na 
totalidade) é propulsora de uma eficiente atenção à saúde integral do paciente e de um bom 
resultado no tratamento, seja ele qual for. Por mais aprimorada que seja uma técnica, ela se torna 
ineficiente caso a relação entre paciente e profissional não se estabeleça de forma confiável e 
agradável para ambas as partes (ASSUNÇÃO; QUEIROZ, 2015).
Seguindo essa linha de raciocínio, podemos afirmar que o tratamento voltado ao paciente 
deve ser um tratamento humanizado. Humanizar é estar coeso com os valores. É certificar o 
humano na ação, e isso se refere ao cuidado, porque só o ser humano tem a capacidade de cuidar 
no sentido total, isto é, de maneira consciente. Na humanização, encontra-se a dignidade da 
pessoa humana, o interesse pela vida do outro, que é vulnerável (SARTORI; ALVARENGA, 2016).
De acordo com a Política Nacional de Humanização (BRASIL, 2005), a 
humanização é um pacto, uma construção coletiva que só pode acontecer a 
partir da construção e troca de saberes, através do trabalho em rede com equipes 
multiprofissionais, da identificação das necessidades, desejos e interesses dos 
envolvidos, do reconhecimento de gestores, trabalhadores e usuários como 
sujeitos ativos e protagonistas das ações de saúde, e da criação de redes solidárias 
e interativas, participativas e protagonistas (MOTA; MARTINS; VÉRAS, 2006, 
pp. 329-330).
As equipes multiprofissionais são de extrema importância para a vida do paciente que 
busca os procedimentos estéticos. Elas demonstram isso ao visarem que os recursos terapêuticos, 
quando bem utilizados, por exemplo, podem acelerar a recuperação do indivíduo, o qual logo 
poderá retornar às suas atividades sociais. Devido à grande busca por profissionais da estética 
após procedimentos operatórios, esses mesmos profissionais vêm buscando cada vez mais 
qualificar-se frente ao mercado por meio de especializações voltadas às áreas de maior procura 
(SDREGOTTI; SOUZA; PAULA, 2009).
De acordo com o projeto de Lei nº. 959, de 2003, destacam-se as funções voltadas 
para o profissional que esteja em caso de pós-operatório: anamnese de pele, limpeza de pele 
profunda, procedimentos pré- e pós-cirúrgicos (drenagem linfática), eletroterapia geral com fins 
estéticos, massagem mecânica e cosmética, vacuoterapia, bandagens, esfoliação corporal, além da 
atuação em equipes multidisciplinares dos estabelecimentos de saúde quanto aos procedimentos 
dermatológicos e de cirurgia plástica (SDREGOTTI; SOUZA; PAULA, 2009).
Conforme já estudado, a autoestima é responsável por movimentaros desejos e os anseios 
da vida de um indivíduo. Porém, transformar a beleza em um único agente regulador de sucessos 
pessoais pode desencadear uma expectativa muito alta acerca dos procedimentos estéticos. Sendo 
assim, é papel do profissional da estética ajudar as pessoas a enxergarem o que elas veem em si 
mesmas, abrindo-lhes a mente para as infinitas possibilidades do que é considerado belo.
Os problemas de autoimagem são mais frequentes do que se supunha e aparecem 
basicamente em clínicas dermatológicas, estéticas e de cirurgia plástica, dado 
que a pessoa ‘se vê feia’, ou com algum defeito imaginado e espera que a correção 
estética, apenas, resolva o problema, o que não acontece (IKEMATSU, 2017, p. 
4).
31WWW.UNINGA.BR
PS
IC
OL
OG
IA
 E
M
 E
ST
ÉT
IC
A 
 |
 U
NI
DA
DE
 2
EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Para identificar transtornos psicológicos decorrentes da autoestima, é necessário 
identificar os sinais na ficha de avaliação desse paciente. Eis um exemplo: a pessoa evita ao 
máximo se olhar no espelho ou observa incansavelmente sua imagem através dele; o tema 
“aparência” é dominante em suas conversas; sente-se oprimida ou evita tirar fotos por causa da 
aparência; busca insistentemente tratamentos estéticos (cirúrgicos ou não); e acha que, por conta 
da aparência “horrível”, não vale a pena viver (IKEMATSU, 2017). Tais transtornos geram uma 
expectativa muito alta em relação aos resultados dos procedimentos estéticos, fazendo surgir 
conflitos entre pacientes e profissionais.
Embora teoricamente todos possam se beneficiar da melhor estética, na prática 
existem casos de pessoas que não usufruem dos resultados. Permanecem 
insatisfeitas mesmo diante de intervenções cirúrgicas tecnicamente perfeitas, 
demonstrando que a intervenção estética, por si só, não foi suficiente, e atentam 
à necessidade da atuação psicológica conjunta, sem a qual o ‘defeito estético’ 
continuará a ser percebido. Longe de terminar, seus problemas mal começaram 
(IKEMATSU, 2017, p. 5).
Pode-se concluir, a partir daí, que cabe ao profissional da estética realizar um atendimento 
humanizado aos pacientes, tendo em mente que os procedimentos estéticos não podem ser a 
solução total para os problemas da vida desse indivíduo. Isso significa que o profissional necessita 
ter outros cuidados, tais como: não interferir nem insistir na realização de procedimentos físicos 
em pacientes/clientes emocionalmente alterados; identificar os sinais de alteração, considerando 
faixa etária, sexo, profissão e, principalmente, a expectativa em relação ao tratamento estético. 
Agindo dessa forma, o profissional estabelece limites no tratamento, evitando problemas futuros.
Por que o esteticista  é o profissional do futuro?
Está comprovado, por meio de pesquisas, que a procura por procedimentos 
estéticos não cirúrgicos cresceu 390% nos últimos 2 anos. Isso demonstra que 
a população está buscando por procedimentos mais seguros para conquistar o 
seu sonho de beleza. O profissional esteta vai na contramão da crise no País. Em 
2017, os brasileiros gastaram 206 bilhões de reais só em estética. As pessoas 
buscam a beleza e preferem não correr riscos, optando, então, pela estética ao 
invés de cirurgias plásticas – tornando, assim, a estética uma profissão almejada 
para o futuro. 
Para mais informações a respeito do culto ao corpo na 
contemporaneidade, indicamos a obra:
DANTAS, J. B. Um ensaio sobre o culto ao corpo na contemporaneidade. 
Rio de Janeiro: UVA, 2011.
O material pode ser acessado em http://www.revispsi.uerj.br/
v11n3/artigos/pdf/v11n3a10.pdf.
http://www.revispsi.uerj.br/v11n3/artigos/pdf/v11n3a10.pdf
http://www.revispsi.uerj.br/v11n3/artigos/pdf/v11n3a10.pdf
32WWW.UNINGA.BR
PS
IC
OL
OG
IA
 E
M
 E
ST
ÉT
IC
A 
 |
 U
NI
DA
DE
 2
EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Como é que um desfile de moda do porte da São Paulo Fashion Week continua 
na passarela após um de seus modelos sofrer um mal súbito e cair? Os 
questionamentos e as críticas fizeram com que a marca emitisse uma nota de 
esclarecimento com um pedido de desculpas após o ocorrido em sua 47ª edição. 
Determinados assuntos não deveriam ser tratados com tanta frieza e desdém, pois 
a indústria da moda é um dos segmentos que mais crescem no mundo conforme o 
passar dos anos. As empresas que empregam profissionais para desfiles de moda 
deveriam tomar exames de saúde como pré-requisito de contratação visto que o 
modelo que sofreu o mal súbito possuía problema cardíaco não diagnosticado 
anteriormente. Que esse exemplo, infelizmente, sirva de alerta às demais agências 
e marcas e também aos profissionais da área, alertando-os para que se cuidem 
para além da beleza aparente, priorizando, antes, sua saúde física.
Para compreender o padrão de beleza citado durante toda a Unidade 2, assista 
ao filme Good Hair, de 2009. Não se prenda às partes de comédia apresentadas 
durante o filme, mas, sim, aos depoimentos de padronização que as clientes 
trazem até o salão. Nesse fascinante documentário, é mostrada a obsessão das 
mulheres em modificar a forma natural do cabelo, o que as leva a recorrer até 
mesmo a produtos tóxicos. O comediante Chris Rock mergulha no mundo dos 
cabelos das afro-americanas.
 Fonte: Evaristo (2014).
Acreditamos que, após assistir ao filme, você compreenderá a importância do 
tratamento humanizado estabelecido entre profissional e paciente. É um ótimo 
momento para refletir sobre os padrões de beleza impostos pela sociedade e o 
sofrimento que esses padrões podem trazer aos indivíduos que tentam a qualquer 
custo neles se encaixar. Afinal, você já parou para pensar em como seria o mundo 
se cada um seguisse o padrão de beleza que lhe faz bem?
33WWW.UNINGA.BR
PS
IC
OL
OG
IA
 E
M
 E
ST
ÉT
IC
A 
 |
 U
NI
DA
DE
 2
EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
Na Unidade 1, pudemos compreender o conceito de beleza, como ele foi inserido desde a 
Antiguidade até os dias atuais e qual foi a bagagem atribuída por intermédio de nossos ancestrais, 
seja por meio de produtos, métodos ou procedimentos. Traçamos uma pequena linha do tempo 
para compreender o conceito da palavra autoestima e como ela afeta a vida da sociedade na 
atualidade, diferenciando autoestima de autoimagem. 
Na Unidade 2, compreendemos a importância do tratamento humanizado e a boa relação 
entre paciente e profissional da estética, buscando um melhor resultado e uma proximidade 
maior com o cliente/paciente. É necessário que haja uma anamnese completa para compreender 
melhor os motivos que levaram o dado paciente a realizar o tratamento, quais seus planos e suas 
expectativas futuras, visando à busca da satisfação completa desse cliente.
A junção da psicologia com a estética é de extrema importância tanto para os indivíduos 
que buscam os procedimentos estéticos quanto para os profissionais que realizam tais tratamentos. 
Para os pacientes/clientes, a junção garante atendimento de qualidade e maior conforto ao se 
sentir confiança no profissional, criando uma relação para além da relação convencional entre 
paciente e profissional. Em relação ao profissional, possuir um mínimo conhecimento psicológico 
garante maior sucesso no procedimento. A partir desse conhecimento, o profissional pode captar 
se existe apenas um desejo físico de mudança ou se existem transtornos psicológicos por trás do 
desejo de mudança, que levam o indivíduo a buscar os tratamentos estéticos. 
Em suma, um tratamento estético eficaz e de qualidade vai para além da técnica: é 
necessário que exista uma relação humanizada fundamentando todo o atendimento. Antes de 
se iniciar qualquer tipo de tratamento, algumas perguntas são importantes: Quais são os sinais 
emocionais e psicológicos que esse paciente carrega consigo? Qual será o grau de satisfação após 
esse tratamento? Será necessária a inserção de uma equipe multidisciplinar para esse caso? Se 
não é simples definir expectativas saudáveis para si mesmo, imagine para pacientes/clientes 
portadores de transtornos psicológicos de autoestima!

Continue navegando