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1 2 SUMÁRIO HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO ESPECIAL NO BRASIL..................................................... 3 DESAFIOS DA EDUCAÇÃO ESPECIAL....................................................................... 11 COMUNICAÇÃO ALTERNATIVA E AUMENTATIVA ................................................... 22 DEFICIÊNCIA FÍSICA MOTORA ................................................................................... 47 PARALISIA CEREBRAL ................................................................................................ 50 SÍNDROME DE DOWN ................................................................................................... 52 DEFICIÊNCIA VISUAL ................................................................................................... 57 SURDEZ .......................................................................................................................... 58 MIELOMENINGOCELE (ESPINHA BÍFIDA) ................................................................. 61 DOENÇAS NEUROMUSCULARES ............................................................................... 63 AS MALFORMAÇÕES CONGÊNITAS .......................................................................... 66 LESÃO ENCEFÁLICA ADQUIRIDA (LEA) ................................................................... 68 ESTÁGIOS DO DESENVOLVIMENTO HUMANO ........................................................ 69 DISTÚRBIO DE APRENDIZAGEM ................................................................................ 74 3 HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO ESPECIAL NO BRASIL Inspirados em experiências concretizadas na Europa e Estados Unidos, alguns brasileiros iniciaram, já no século XIX, a organização de serviços para atendimento a cegos, surdos, deficientes mentais e deficientes físicos. Durante um século, tais providências caracterizaram-se como iniciativas oficiais e particulares isoladas, refletindo o interesse de alguns educadores pelo atendimento educacional das pessoas com necessidades especiais. A inclusão da "educação de deficientes", da "educação dos excepcionais" ou da "educação especial" na política educacional brasileira vem a ocorrer somente no final dos anos cinquenta e início da década de sessenta, no século XX. Não se pode falar em inclusão, sem lembrar ao menos um pouco, da parte legal que a envolve. Voltamos à época do Brasil-Império, em que na Constituição de 1824, foi consagrado o direito à educação para todos os Brasileiros. Tendo esse direito se mantido nas Constituições de 1934, 1937 e 1946. Além da Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948, aprovada pela Assembleia Geral das Nações Unidas, na qual se afirma o princípio da não discriminação e proclama o direito de toda pessoa à educação, inclusive, a com necessidades especiais. No início da República, ocorreu o fortalecimento da produção industrial no Brasil. Em 1910, o país contava com 3.424 indústrias e 159.600 operários. Nessa época, iniciavam-se os conflitos entre a burguesia industrial e a classe trabalhadora. De um lado, uma grande massa de operários que empobreceram, em condições 4 miseráveis de vida, causadas pelo achatamento dos salários, e de outro, a burguesia industrial em busca da riqueza. A luta entre a burguesia industrial e trabalhadores resultou na produção de medidas sociais na tentativa de atenuar as tensões na sociedade. As escolas são criadas nesse sentido, na condição de ocupar o tempo livre das crianças, que foram também alvo das políticas sociais. A divisão do trabalho imposta pelo emprego da máquina na indústria, que resulta na objetivação e simplificação do trabalho, permitiu o uso da força de trabalho de mulheres e crianças na produção. De 1898 até 1907, ocorreu um êxodo rural com a crise cafeeira que, juntamente com o fluxo migratório, contribuíram para a urbanização das cidades e para o crescimento industrial. A mão de obra disponível à indústria era composta em grande parte pelo emprego de mulheres e crianças: A presença da mão de obra de mulheres e crianças na produção contribuía para ampliar a oferta de trabalhadores e para o achatamento dos salários. A baixa remuneração, a ausência de Leis trabalhistas e as difíceis condições de vida dos trabalhadores, resultavam em constantes confrontos entre os operários e industriais. Tais confrontos traduziram-se em inúmeras reivindicações trabalhistas, entre elas, a regulamentação do trabalho infantil, que foi assinada em 1927. A partir de então, com a regulamentação do trabalho para menores, as crianças que antes eram trabalhadores da fábrica, passam a frequentar as escolas. Sua escolaridade ganha obrigatoriedade e a bandeira em favor da educação é levantada. No momento em que a criança ou jovem trabalhador encontra-se desocupado, tem-se a necessidade da escola. A expansão escolar sofre impulso. Surgem as campanhas nacionalistas e com elas as reformas educacionais. Revela-se o entusiasmo pela educação. O "otimismo 5 pedagógico" se faz presente nas propostas educacionais, por intermédio do ideário escola novista que penetra nas escolas, incrementando técnicas e métodos de ensino. Há certa ambiguidade na definição de políticas no âmbito da educação especial, ora pende para o público, ora para o privado. Esta oscilação entre o público e o privado, presente nas primeiras iniciativas de atendimento especial ao Plano Nacional de Educação (PNE), apresenta uma tendência crescente. As parcerias do Estado com organismos particulares são, hoje, responsáveis pela manutenção de grande parte dos serviços de assistência e educação de crianças, adolescentes e PNEs. Além de criar e subsidiar instituições e serviços especializados em alguns Estados, o governo Federal passa a promover, a partir de 1957, campanhas isoladas para alocação de recursos financeiros específicos para projetos voltados para o atendimento do PNE. A primeira a ser organizada foi a Campanha para Educação do Surdo Brasileiro - CESB, em 1957, seguida da Campanha Nacional de Educação e Reabilitação dos Deficientes da Visão, em 1958, e da Campanha Nacional de Educação e Reabilitação de Deficientes Mentais, em 1960. O objetivo geral dessas campanhas era buscar recursos para promover a educação, treinamento e assistência educacional às crianças PNEs, por meio da cooperação técnica e financeira, em todo território Nacional, entre entidades públicas e privadas que se ocupavam do atendimento das crianças deficientes. A referência legal à educação especial, de âmbito nacional, apresenta-se na Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) nº 4024/61, que no capítulo III, reservou dois artigos, 88 e 89, para a educação da pessoa com deficiência: "Art. 88 - A educação de 6 excepcionais deve no que for possível, enquadrar-se no sistema geral de ensino, a fim de integrá-lo na comunidade"; Art. 89 - "Toda iniciativa privada considerada eficiente pelos conselhos estaduais, receberá dos poderes políticos, tratamento especial mediante bolsas de estudos, empréstimos e subvenções" (Brasil, 1961). A pretensão do Estado era de enquadrar o PNE nos serviços de educação comum, enquanto se propunha a auxiliar, com repasse de verbas, a iniciativa privada. O Estado passou a formalizar a educação do PNE, no plano nacional, com a LDB, mas não garantiu a especificidade do atendimento, já que o discurso era o de promover a integração. A parceria entre o público e o privado na educação, presente na LDB 4024/61, representou compromisso de duas tendências expressas no anteprojeto da referida Lei: de um lado a defesa do ensino particular e de outro a do ensino público. Os PNEs foram também contemplados na LDB 5692/71, no cap. 1, artigo 9º, com a previsão de atendimento especial de acordo com normas fixadas pelos conselhosde educação. A atuação dos conselhos seria no sentido de regulamentar os serviços implantados nos Estados. Por ocasião desta concessão legal, dada pela nova LDB, defendia-se a educação do PNE, no bojo das políticas que privilegiavam a segurança nacional, para o desenvolvimento, trazidas pelo regime militar após 1964. A defesa da educação geral e do PNE cresce cada vez mais e os serviços de atendimento especial sofrem uma ampliação significativa na década de 70, sempre sob o argumento da educação como fator que contribui para o aumento da produtividade, como alavanca do progresso e do desenvolvimento do país. Essa tendência, presente nas primeiras iniciativas oficiais, com a criação de oficinas no interior das instituições, chega aos anos 70 com a implantação de várias propostas de preparação para o trabalho nas instituições especializadas. Tais propostas passam a ser vistas como a principal via de integração do PNE à sociedade. 7 A expansão do atendimento educacional pode ser entendida na medida em que, na década de 70, houve crescimento da produção industrial, com a adoção do modelo de desenvolvimento baseado na internacionalização da economia, o que possibilitou investimentos maciços de capital estrangeiro e a formação de imensos conglomerados econômicos, ocasionando crescente concentração de renda, processos desenfreados de urbanização e o surgimento de enormes bolsões de miséria nos centros urbanos. O empobrecimento da classe trabalhadora, trazida pelo achatamento dos salários, além da grande massa de trabalhadores desempregados, contribuiu para essa miséria. Com o salário baixo, o trabalhador se vê obrigado a prolongar sua jornada, a fazer horas-extras. Com isso, o assalariado reduz as vagas disponíveis, já diminuídas pelo emprego da tecnologia na produção. Há um aumento do desemprego. Esse modelo de desenvolvimento econômico não evitou que 2,7% da mão de obra estivessem desempregadas no final de 1973 e, que ocorresse a proliferação do subemprego (lavadores e guardadores de carros, vendedores ambulantes, entre outros) que atingiu 18,3% da população economicamente ativa na mesma época. Diante disso, a expansão educacional vem atender e assistir os trabalhadores e seus 8 filhos que não têm lugar na produção. A instituição escolar teria a função de prevenir a delinqüência e proteger as crianças para os riscos da rua: vadiagem, mendicância e outros. Assim, no Brasil, o cuidado do poder público com a parcela das crianças das camadas subalternas que estava nas ruas, aliou desde cedo à assistência à educação para o trabalho, no sentido de ocupá-las em atividades educacionais. Em 1971, a Lei 5692 faz referência ao ensino especial, conforme já estabelecido na LDB 4024/61, sempre sob a recomendação do engajamento ao ensino regular ou à educação geral. A educação especial é também contemplada no Plano Setorial de Educação e Cultura 1972/74. Este incorporou por intermédio do projeto prioritário nº 35, a educação especial no rol das prioridades do País. Este projeto deu origem em 1973, ao CENESP (Centro Nacional de Educação Especial), primeiro órgão federal, ligado diretamente à Secretaria Geral do Ministério da Educação e Cultura (MEC). Até então, a educação especial contava com ações desenvolvidas pelo Ministério da Educação e Cultura, no âmbito da educação geral. Por ocasião da criação do CENESP, utilizava-se o argumento de que para cada dólar dispensado em educação especial, havia a possibilidade de um lucro de 40 dólares, pois que liberava para o trabalho não só o "excepcional", o PNE, mas a família que cuidava dele. O CENESP, criado com a responsabilidade de planejar e promover o desenvolvimento de programas de prevenção, educação e assistência do PNE, passa a elaborar planos nacionais, visando à expansão e melhoria dos serviços de educação especial no Brasil. Entre eles, o plano de ação para o triênio 77/79, que elegeu como meta prioritária a organização e o desenvolvimento de serviços especializados de estimulação precoce de educandos com problemas de aprendizagem. A ampliação dos serviços educacionais, neste período, contou com apoio financeiro previsto para construção e adaptação das instituições de ensino regular e para criação de serviços estaduais de educação especial. Grande parte dos recursos liberados atendia também às entidades e instituições particulares. 9 Essas foram beneficiadas com 58,70% dos recursos, contra 14,5% destinados aos sistemas estaduais de ensino. Outros 27% foram utilizados para capacitação de recursos humanos, reformulação de currículos, serviços de estimulação precoce e atendimento a crianças com problemas de aprendizagem. Tais recursos (96%) eram provenientes do tesouro (ordinário não vinculado e da quota-parte do salário educação) e 4% dos convênios com órgãos federais. Com relação à capacitação de técnicos e docentes, o setor público estadual contou com 40% da verba estimada, enquanto que as instituições privadas contavam com 60% dos recursos. Isso significou priorizar as instituições privadas, as ONGs, que atendem, em sua maioria, parte da população com casos mais graves de "deficiência". Essas, não só são pioneiras no atendimento especial, como também, são as que ainda hoje atuam, de forma majoritária. Em 1986, o CENESP foi transformado na Secretaria de Educação Especial (SEESP). A educação especial torna-se novamente estrutura básica do MEC e mantém basicamente a mesma prioridade do CENESP: ampliação de oportunidades educacionais ao PNE. Com a criação do SEESP, ganha força o movimento de integração do PNE no sistema regular de ensino, iniciado na década de 70 e já referendado pela LDB 4024/61. Esse movimento teve reflexos na produção da literatura sobre educação especial que passou a ser o instrumento de retórica nos discursos e documentos oficiais, além de ser tema central dos planos estaduais, dos seminários e encontros da área. Essa 10 tendência vai ao encontro da proposta da democratização do ensino, da escola universal e gratuita para todos. A colocação do PNE no ensino regular passa a ser meta principal da educação especial. Podemos perceber que o movimento da integração ganha força no interior da educação especial, refletindo o papel da escola de assistir a todos os excedentes, sejam esses PNEs ou não. A defesa da integração pode ser entendida como um esforço maior de reafirmar a necessidade de que a escola abrace a todos: alunos comuns e especiais. Em 1990, a SEESP foi extinta e a educação especial voltou a fazer parte da Secretaria Nacional de Ensino Básico (SENEB), por meio do Departamento de Educação Supletiva e Especial (DESE). Somente em 1992 reapareceu a SEESP, nos mesmos termos em que foi criada em 1986. Todas essas mudanças na organização da educação especial provocaram certa descontinuidade nas propostas de atendimento aos PNEs. A mudança das secretarias no plano nacional reflete nos serviços organizados nos Estados que, para atender as recomendações oficiais, criam e substituem ações e projetos já implantados, ampliando a defasagem do atendimento, frente à crescente demanda. Tem-se até aqui vários direitos legais e oficiais expressos na legislação, nos planos e nas políticas de atendimento. Porém, tais direitos nem sempre se transformaram em ações, se considerar o número pouco expressivo de atendimento. Entre as décadas de 50 e 60, surge a discussão sobre o conceito de Normalização, que tem como princípio, fazer com que a pessoa com déficit intelectivo se assemelhe às condições normais de sociedade, questionando assim, as tendências segregativas e centralizadora com que eram atendidas. A educação especial no Brasil começa então, a ter um cunho educacional, apesar de ainda manter características assistencialistas. A partir dos princípios de normalização,a Educação Especial passou por importantes mudanças. No ano de 1959 com a aprovação da Declaração dos Direitos da Criança, tem assegurado no seu capítulo 7º o direito à educação gratuita e obrigatória, ao menos em nível menos elementar. Esses direitos foram mantidos nas Constituições Brasileiras de 1967 e 1969 respectivamente. Em 1974, no Brasil, 99.431 alunos foram atendidos nos serviços especializados. Até o ano de 1987, o Brasil tinha 159.325 em atendimento. Isso significa que no período de 1974 a 1987, o número de PNEs atendidos aumentou em apenas 60.061 alunos, ou seja, aproximadamente 60%. Considerando que o MEC trabalha com a 11 hipótese de que 10% da população do Brasil possui alguma deficiência e que, em 1997, essa população somava 49.7 milhões, estavam sendo atendidos apenas 3% dos PNEs. Nesse período, o setor público também é apontado como responsável pelos serviços oferecidos, seja na criação de programas ou no subsídio às entidades particulares - as ONGs. Na Constituição (1988), esses direitos não só foram mantidos, como entendidos como sendo dever do Estado e da família, no seu art. 205. O Estatuto da Criança e do Adolescente, no seu art. 54 e 66, de forma mais específica, assegura o direito à educação, em que faz referência as pessoas com Necessidades Educacionais Especiais e seus direitos, não só a educação, como também ao trabalho. DESAFIOS DA EDUCAÇÃO ESPECIAL Além de aprender a adaptar o planejamento e os procedimentos de ensino, é preciso que os educadores olhem para as competências dos alunos, e não apenas para suas limitações. 12 Educação especial deixou de ser vista como sistema paralelo O sistema educacional brasileiro passou por grandes mudanças nos últimos anos e tem conseguido cada vez mais respeitar a diversidade, garantindo a convivência e a aprendizagem de todos os alunos. As práticas educacionais desenvolvidas nesse período e que promovem a inclusão na escola regular dos alunos com deficiência (física, intelectual, visual, auditiva e múltipla), com transtorno global do desenvolvimento e com altas habilidades, revelam a mudança de paradigma incorporada pelas equipes pedagógicas. Essas ações evidenciam os esforços dos educadores em ensinar a turma toda e representam um conjunto valioso de experiências. A educação especial como modalidade de ensino ainda está se difundindo no contexto escolar. Para que se torne efetiva, precisa-se dispor de redes de apoio que complementem o trabalho do professor. Atualmente, as redes de apoio existentes são compostas pelo Atendimento Educacional Especializado (AEE) e pelos profissionais da educação especial (intérprete, professor de Braille, etc.) da saúde e da família. Neste contexto é que se descortina o novo campo de atuação da Educação Especial. Não visando importar métodos e técnicas especializados para a classe regular, mas sim, tornando-se um sistema de suporte permanente e efetivo para os alunos especiais incluídos, bem como para seus professores. Como mencionado, a Educação Especial não é mais concebida como um sistema educacional paralelo ou segregado, mas como um conjunto de recursos que a escola regular deverá dispor para atender à diversidade de seus alunos. 13 Na sala de aula: respeito aos diferentes ritmos de aprendizagem O professor, como organizador da sala de aula, guia e orienta as atividades dos alunos durante o processo de aprendizagem para aquisição dos saberes e competências. O projeto pedagógico da escola direciona as ações do professor, que deve assumir o compromisso com a diversidade e com a equalização de oportunidades, privilegiando a colaboração e a cooperação. Na sala de aula inclusiva, os conteúdos escolares são considerados objetos da aprendizagem, aos alunos cabe atribuir significados e construir conhecimentos e o professor assume a função de mediar esse processo. O papel do educador é intervir nas atividades que o aluno ainda não tem autonomia para desenvolver sozinho, ajudando o estudante a se sentir capaz de realizá-las. É com essa dinâmica que o professor seleciona procedimentos de ensino e de apoio para compartilhar, confrontar e resolver conflitos cognitivos. Quando os procedimentos de ensino privilegiam a construção coletiva e são organizados com base nas necessidades dos alunos, levam-se em conta os diferentes estilos, ritmos e interesses de aprendizagem de cada um. Ou seja, todos os estudantes são diferentes e suas necessidades educacionais poderão requerer apoio e recursos diferenciados. A avaliação da aprendizagem, por sua vez, deverá ser coerente com os objetivos, as atividades e os recursos selecionados. Se o processo de aprendizagem for redimensionado, o procedimento de avaliação também deverá ser. 14 A avaliação processual, que é realizada durante todas as atividades, poderá ser mais esclarecedora, pois fornece dados sobre o desempenho do aluno em diversas situações. Essa forma de avaliação facilita o reconhecimento das necessidades dos alunos e permite que o professor redimensione os indicadores de aprendizagem. As observações sobre o desempenho dos alunos constituem ferramentas importantes na adaptação do planejamento. Por fim, os resultados obtidos serão consistentes desde que sejam considerados indicadores de aprendizagens condizentes com a intencionalidade do ensino. O planejamento e a organização das estratégias para aprendizagem podem variar de acordo com o estilo do professor. Contudo, é preciso que o planejamento tenha flexibilidade na abordagem do conteúdo, na promoção de múltiplas formas de participação nas atividades educacionais e na recepção dos diversos modos de expressão dos alunos. O educador deverá considerar no planejamento tempo e estratégias para conhecer seus alunos - em especial aqueles que poderão requerer apoios específicos. Para fornecer boa compreensão sobre os alunos e suas condições de aprendizagem, a observação precisa utilizar diferentes estratégias e ser feita em diversos momentos da aula. Os critérios de observação devem ser selecionados com base no currículo e nas habilidades que o professor considerou no planejamento. Foco nas competências dos alunos, e não em suas limitações O professor consciente da importância de adequar seu planejamento de acordo com as necessidades dos alunos, pode se sentir despreparado para identificar suas necessidades e avaliá-los. Quando o educador possui instrumentos para identificar a potencialidade e os saberes de seus alunos, sente-se capaz de ajustar sua prática para aqueles com Necessidades Educacionais Especiais. Porém, o professor precisa estar 15 ciente de sua capacidade para tornar possível o processo inclusivo. Para isso, deverá buscar novos conhecimentos e melhorar sua formação, aprendendo novas formas de pensar e agir para atender as demandadas exigidas em sua atuação profissional. Para conhecer seus alunos, suas competências, suas necessidades educacionais específicas e possíveis formas de aprendizagem, o professor precisa de tempo. Reconhecer que cada aluno pertencente ao grupo dependerá da comunicação e da interação eficaz entre professor-aluno, aluno-aluno, assim como da observação constante durante todo o processo de aprendizagem. Os sistemas de apoio colaboram com o professor nessa tarefa, mas somente o educador, que está em sala de aula e conhece o processo de ensino e aprendizagem, a convivência com o grupo e a dinâmica de sua docência, poderá eleger os procedimentos de ensino. As diretrizes serão planejadas e atualizadas de acordo com a evolução do aluno. O período de referência desse planejamento é variável. Planejamentos de curto prazo mostram-se mais úteis. Há possibilidade de adequar o planejamento para períodos de um mês, por exemplo, ou considerar apenas uma unidade didática. A análise das necessidades professor-alunoé que vai ditar os ajustes necessários e a previsão de tempo. Durante muito tempo aprendeu-se que era preciso identificar o que os alunos não sabiam e quais eram as limitações. Quando se conhecem as características de determinadas deficiências, reconhecem-se suas restrições. Sabe-se, por exemplo, que o aluno com deficiência visual não acessará as aulas pela visão, pois sua condição restritiva é sensorial. Muitas vezes, identificar as limitações pode ter um efeito paralisante. Por outro lado, se identificar as competências, encontrará alternativas de ensino e condições favoráveis à participação nas aulas e à aprendizagem. A inclusão não prevê a utilização de práticas de ensino escolar específicas para esta ou aquela deficiência e/ou dificuldade de aprender. Os alunos aprendem nos seus limites e se o ensino for, de fato, de boa qualidade, o professor levará em conta esses limites e explorará convenientemente as possibilidades de cada um. 16 A disposição do professor diante da classe influencia diretamente a motivação e o comportamento dos alunos. Para que o projeto inclusivo seja colocado em ação, é necessário que o professor demonstre que está disponível e tenha atitude positiva para criar uma atmosfera acolhedora na classe. Porém, é preciso lembrar que esse desafio não deve ser encarado somente pelo professor. Ele deve pertencer a uma rede de apoio e sentir-se ajudado por toda a equipe de gestores e profissionais da educação especial. Nesse processo, a função do gestor e o apoio da equipe são fundamentais, legitimando o educador em suas atribuições, valorizando suas competências pedagógicas para garantir o ensino de todos os alunos. Desafios da inclusão devem ser debatidos por toda a equipe A partir do século XXI, a produção de conhecimento ocorre em um ritmo muito acelerado. O acesso à informação e ao conhecimento acontece também com muita rapidez. Com isso, há necessidade de estudo constante e atualização por parte dos profissionais. Some-se a isso o fato de a educação inclusiva ser uma prática em construção. O saber está sendo construído à medida que as experiências se acumulam, aprimoram as práticas anteriores e concretizam a inclusão. A formação e a aquisição de conhecimentos sobre a educação inclusiva são imprescindíveis para fundamentar a prática pedagógica dos professores. A formação continuada possibilita ao professor a atualização e a transformação de sua prática profissional. O acesso ao conhecimento e o exercício da reflexão permitem a 17 ressignificação dos princípios e a possibilidade de mudar os paradigmas já construídos. Quando as escolas disponibilizam espaços de integração dos professores - para que possam manifestar suas necessidades -, elas cumprem sua função na Educação inclusiva. A equipe gestora, que respeita as necessidades dos docentes, poderá organizar reuniões com temas para estudo e pesquisa para a formação continuada dos educadores. A equipe estará disposta a compartilhar questões trazidas pelos professores, como relatos das condições de aprendizagens dos alunos, situações da sala de aula e discussão de estratégias para enfrentar os desafios. A educação para a diversidade pressupõe a preparação do professor e do sistema educacional com: a valorização profissional do educador, por meio de apoio e estímulo; o aperfeiçoamento das escolas, para a oferta do ensino; o apoio e parceria da Educação especial e a promoção do trabalho em equipe. Formação inicial e continuada conectadas ao cotidiano escolar Formação continuada deve considerar a prática e as experiências do professor. Educar na diversidade exige um direcionamento para o estudo de práticas pedagógicas que valorizem as diferenças e a diversidade nas salas de aula. Devem ser considerados dois importantes eixos na formação e atualização dos profissionais: o primeiro refere-se ao conteúdo e o segundo à forma de desenvolvê-lo. O programa curricular dos cursos de formação de professores prioriza o estudo das deficiências quanto às suas caracterizações e condições específicas. Esse programa mantém o modelo conhecido da Educação especial, que sobrepõe a formação do especialista à formação do professor comum. 18 Nessa configuração, os conteúdos parecem apontar para a falta de temas pragmáticos no processo de ensino e aprendizagem; a ausência da articulação entre educação especial, rede de apoio e o ensino comum, e a carência das dimensões da perspectiva inclusiva. São visíveis no currículo as falhas de conteúdo relacionadas aos serviços de apoio inseridos na escola, à integração com a família, ao papel dos gestores, à gestão da sala de aula, etc. Quanto à metodologia os processos de análise e reflexão da própria ação são um importante instrumento para a transformação da prática do professor. Há necessidade de as informações, nos cursos iniciais, serem atualizadas e inter-relacionadas com o cotidiano escolar. As lacunas presentes nos cursos de formação podem deixar a prática dos professores desconectada da realidade dos alunos. Vale destacar que a metodologia dos programas de atualização deve considerar a prática, as experiências e o saber fazer do professor. É preciso considerá-lo protagonista no contexto em que atua. Uma boa alternativa para a atualização profissional é a implementação de espaços de discussão em que se valorize a observação, análise e reflexão crítica sobre a própria prática, com a participação de toda a equipe na própria unidade escolar. 19 Os profissionais da educação especial e dos serviços de apoio podem complementar essa formação, participando de reuniões ou proferindo encontros e cursos na própria unidade. Os gestores poderão exercer o papel de mediadores, ao articular o conhecimento dos profissionais da educação especial com as necessidades e experiências dos professores da sala regular. Professores que têm a oportunidade de participar de cursos, também podem atuar como multiplicadores de conhecimento para a equipe. Quando o conceito de inclusão escolar é efetivamente compreendido, dificuldades vivenciadas na prática são solucionadas. Muitas vezes, valores pré-concebidos pelas pessoas, informações incorretas, até mesmo a falta de informação e de conhecimento constituem os maiores obstáculos à prática inclusiva. A Educação Inclusiva é uma ruptura com os valores da escola tradicional. Rompe com o conceito de um desenvolvimento curricular único, com o de aluno padrão, de aprendizagem como transmissão, de escola como estrutura de reprodução. O educador transpôs barreiras significativas no processo de transformação que a escola vivencia nos últimos anos. O professor não pode mais ser responsabilizado pelo discurso da resistência ou da negação. A educação inclusiva é realidade no ensino regular e isso se deve aos esforços dos educadores. Precisam-se ajustar as necessidades dos profissionais da educação às necessidades dos alunos. Para isso, direcionam-se os esforços na atuação dos gestores, no aproveitamento dos recursos, na reorganização dos sistemas de ensino para que seja possível guiar o professor, como propulsor que é; apoiá-lo a não esperar esquemas pré-definidos; acompanhá-lo na construção dos saberes para que possa, com autonomia, efetivar a sala de aula inclusiva e tornar-se sujeito da aprendizagem e de sua atuação profissional. 20 Educação Inclusiva: qual é o real papel do professor? Com o auxílio de novas propostas educacionais, como a Declaração de Salamanca (na Espanha, em 1994), vem se estabelecendo no Brasil um processo de democratização do ensino, ou seja, processo de inclusão de pessoas com necessidades especiais na rede regular de ensino. No entanto, diante de salas de aulas superlotadas, a inclusão se tornou um desafio para muitos professores e instituições de ensino, trazendo à tonaalguns questionamentos: como proceder para que o aluno com deficiência se sinta realmente incluído? Qual é o papel do professor na educação inclusiva? De acordo com pesquisa feita por alunos da Universidade Federal do Acre, 70% dos professores não tiveram, durante sua formação, acesso ao ensino adequado para lecionar aos alunos com deficiência. No entanto, existem algumas estratégias que podem ser adotadas pelos educadores para tornar a inclusão uma realidade na sala de aula. O primeiro passo que o professor deve dar para incluir um aluno com deficiência é buscar uma qualificação profissional além da graduação. A especialização em educação especial inclusiva, por exemplo, fornecerá ao educador toda a capacitação de que ele necessita diariamente na sala de aula. Recursos materiais no processo de aprendizagem Alunos com deficiência aprendem com mais facilidade quando são expostos a materiais concretos, no lugar de conceitos abstratos. Dessa forma, a utilização de 21 recursos sensoriais, aliada às atividades lúdicas, impactará diretamente a apreensão da matéria pelo aluno. Atividades em duplas ou grupos A realização de atividades em duplas ou grupos tem se provado uma ótima forma de incluir alunos. Pois, a partir desse tipo de atividade, o educador cria um ambiente de cooperação e interação entre os alunos, além de promover o respeito pela diversidade. Os principais desafios na sala de aula A inserção de crianças e adolescentes com necessidades educativas especiais na escola é recheada de obstáculos. Entre eles, podemos destacar: a falta de recursos materiais, a péssima infra-estrutura, a ineficácia da metodologia de ensino padrão e o número elevado de alunos por turma. Entretanto, o principal empecilho em que o professor esbarra está justamente nos limites da sua formação profissional. Sem qualificação, o educador acaba não conseguindo amparar o aluno que exige atenção especial. Driblar esses desafios não é tarefa fácil. Porém, com um pouco de persistência e afeto, aliados à especialização, é possível plantar a semente da transformação na educação desses educandos. A relação entre professor e o aluno especial Para que professor e aluno tenham uma relação de trabalho bem sucedida, o educador, primeiramente, deve abandonar qualquer tipo de pré-conceito. Em segundo lugar, o docente deve manter em mente que o aluno com necessidades especiais possui habilidades que devem ser exploradas e desenvolvidas ao longo do percurso escolar. 22 O real papel do educador na educação inclusiva O papel do educador na educação inclusiva envolve o desenvolvimento das habilidades intelectuais e sociais do aluno, a partir de um plano de aula que contemple toda a turma, sem distinção. É importante ressaltar que, caso isso não seja possível, o professor deve adaptar as atividades de acordo com a limitação do aluno. Além disso, é imprescindível que o educador estimule o aluno e comemore as suas pequenas conquistas. Isso, pois, no momento em que uma criança percebe que possui capacidade para executar certas tarefas, ela adquire autoconfiança e passa a se sentir capaz de vencer qualquer desafio. COMUNICAÇÃO ALTERNATIVA E AUMENTATIVA O que é a comunicação alternativa? A área da tecnologia assistiva que se destina especificamente à ampliação de habilidades de comunicação é denominada de Comunicação Alternativa (CA). A comunicação alternativa destina-se a pessoas sem fala ou sem escrita funcional ou em defasagem entre sua necessidade comunicativa e sua habilidade de falar ou escrever. A CA pode acontecer sem auxílios externos e, neste caso, ela valoriza a expressão do sujeito, a partir de outros canais de comunicação diferentes da fala: gestos, sons, expressões faciais e corporais podem ser utilizados e identificados socialmente para manifestar desejos, necessidades, opiniões, posicionamentos, tais como: sim, não, olá, 23 tchau, banheiro, estou bem, sinto dor, quero (determinada coisa para a qual estou apontando), estou com fome e outros conteúdos de comunicação necessários no cotidiano. Com o objetivo de ampliar ainda mais o repertório comunicativo que envolve habilidades de expressão e compreensão, são organizados e construídos auxílios externos como cartões de comunicação, pranchas de comunicação, pranchas alfabéticas e de palavras, vocalizadores ou o próprio computador que, por meio de software específico, pode tornar-se uma ferramenta poderosa de voz e comunicação. Os recursos de comunicação de cada pessoa são construídos de forma totalmente personalizada e levam em consideração várias características que atendem às necessidades deste usuário. O termo Comunicação Aumentativa e Alternativa foi traduzido do inglês Augmentative and Alternative Communication - AAC. Além do termo resumido "Comunicação Alternativa", no Brasil também tem as terminologias "Comunicação Ampliada e Alternativa - CAA" e "Comunicação Suplementar e Alternativa - CSA". Cartões de comunicação A imagem apresenta vários cartões de comunicação com símbolos gráficos representativos de mensagens. Os cartões estão organizados por categorias de símbolos e cada categoria se distingue por apresentar uma cor de moldura diferente: cor de rosa são os cumprimentos e demais expressões sociais, (visualiza-se o símbolo "tchau"); amarelo são os sujeitos, (visualiza-se o símbolo "mãe"); verde são os verbos (visualiza-se o símbolo "desenhar"); laranja são os substantivos (visualiza-se o símbolo "perna"), azuis são os adjetivos (visualiza-se o símbolo "gostoso") e os brancos são símbolos diversos que não se enquadram nas categorias anteriormente citadas (visualiza-se o símbolo "fora"). 24 Prancha de comunicação com símbolos, fotos ou figuras Uma pasta do tipo arquivo pode ser feita para um usuário de CA, com páginas de sacos plásticos transparentes. Cada página representa uma prancha de comunicação temática e na imagem visualiza-se a prancha com o tema "animais", como exemplo. Prancha de comunicação alfabética Uma prancha que contém as letras do alfabeto e os números. Símbolos gráticos Para a confecção de recursos de comunicação alternativa como cartões de comunicação e pranchas de comunicação são utilizados os sistemas de símbolos gráficos, que são uma coleção de imagens gráficas que apresentam características comuns entre si e foram criados para responder a diferentes exigências ou necessidades dos usuários. Existem diferentes sistemas simbólicos, sendo os mais importantes: PCS, Blissymbols, Rebus, PIC e Picsyms. O que é o PCS? Um dos sistemas simbólicos mais difundidos e utilizados em todo o mundo é o PCS - Picture Communication Symbols, criado em 1980 pela fonoaudióloga estadunidense Roxanna Mayer Johnson e possui mais de 11.500 símbolos que foram originalmente 25 desenhados para criar rápidos, e economicamente, recursos de comunicação consistentes e com acabamento profissional. No Brasil, o PCS foi traduzido como Símbolos de Comunicação Pictórica. O sistema PCS possui como características: desenhos simples e claros, fácil reconhecimento, adequados para usuários de qualquer idade, facilmente combináveis com outras figuras e fotos para a criação de recursos de comunicação individualizados. São extremamente úteis para criação de atividades educacionais. O sistema de símbolos PCS está disponível no Brasil por meio dos softwares Boardmaker e Boardmaker com Speaking Dynamically Pro. Prancha com símbolos PCS Visualiza-se aqui uma prancha de comunicação com dezoito símbolos gráficos PCS, cujas mensagens servirão para escolher alimentos e bebidas. Os símbolos PCS estão organizados por cores nas categorias: social (oi, podes ajudar?, obrigada); pessoas (eu, você, nós); verbos (quero, comer, beber); substantivos (bolo, sorvete, fruta, leite,suco de maçã e suco de laranja) e adjetivos (quente, frio e gostoso). Embasamento científico A ISAAC - International Society for Augmentative and Alternative Communication (ou seja, A Sociedade Internacional para Comunicação Aumentativa e Alternativa), mundialmente conceituada e respeitada no campo da Comunicação Alternativa publica há anos o AAC Journal que apresenta importantes pesquisas sobre comunicação 26 alternativa e muitas delas apresentam trabalhos sobre os três sistemas simbólicos mais difundidos em todo o mundo: o PCS, o Blissymbols e o Rebus. Da mesma forma, a ASHA - American Speech-Language-Hearing Association (Associação Americana de Fonoaudiologia) possui uma extensa relação de pesquisas envolvendo o sistema de símbolos PCS. Utilizados por terapeutas brasileiros também desde a década de 80, encontra-se no Brasil uma grande produção científica que refere os símbolos PCS em trabalhos universitários, em programas de especialização, mestrado, doutorado e outros apresentados em congressos, como aqueles organizados pelo capítulo brasileiro de sócios da ISAAC Internacional, a ISAAC Brasil. O que são os softwares Boardmaker e o Speaking Dynamically Pro? Uma tradução livre de Boardmaker no contexto da comunicação alternativa significa "produtor de pranchas" (board: prancha; e maker: produtor/construtor). O Boardmaker é um programa de computador que foi desenvolvido especificamente para criação de pranchas de comunicação alternativa, utilizando os Símbolos PCS e várias ferramentas que permitem a construção de recursos de comunicação personalizados. Uma característica marcante do programa é sua facilidade de uso, propiciada pelas ferramentas intuitivas que dispõe em sua interface de trabalho. Com elas, pode-se criar e imprimir uma prancha de comunicação complexa em poucos minutos. Com o Boardmaker são confeccionados recursos de comunicação ou materiais educacionais que utilizam os símbolos gráficos e que serão posteriormente impressos e disponibilizados aos alunos e demais usuários. O Boardmaker poderá estar associado a outro programa chamado de Speaking 27 Dynamically Pro (SDP) que significa "falar dinamicamente". O Speaking Dynamically Pro (SDP) dá vida às “pranchas” criadas no Boardmaker, pois utiliza os recursos do computador para agregar funcionalidades poderosas como permitir que as pranchas falem através de síntese de voz, abram arquivos de música ou vídeos, interligue pranchas entre si e outras funções que permitem criar jogos e estratégias de comunicação e aprendizagem. Estes dois softwares em conjunto compõem uma importante ferramenta para a construção de pranchas que propiciam não só uma comunicação eficiente, mas também permitem a construção de atividades escolares com acessibilidade e dentro do conceito de Desenho Universal na Aprendizagem. O Speaking Dynamically Pro foi um dos primeiros programas desenvolvidos nesta área e tem sido o inspirador de outros softwares similares mais recentes, pois introduziu uma série de ferramentas de programação fáceis de usar e que permitem a criação personalizada de atividades educacionais, recreativas e de comunicação. Outra importante característica deste software é a acessibilidade. Um exemplo disso é que a seleção de teclas de mensagens ou de teclas para escrita poderá acontecer por meio de varredura e acionadores. Os recursos de comunicação são confeccionados de forma personalizada. Desta forma, devem-se utilizar imagens que fazem sentido para o usuário e se tratando de recursos de comunicação no ambiente escolar, que correspondam às atividades e conteúdos propostos no currículo e atividades educacionais. Além dos símbolos PCS que já se encontram no Boardmaker, será possível importar imagens capturadas na internet, em CDs específicos, fotografias digitais ou fotografias escaneadas de catálogos, livros de histórias ou didáticos. Todas as imagens encontradas e utilizadas na produção de materiais educacionais e/ou de comunicação podem ser categorizadas e arquivadas dentro do programa Boardmaker para que possam ser facilmente localizados em outras aplicações. Fazendo isto, o professor do AEE complementará e qualificará sua biblioteca de imagens. 28 Que tipo de recursos podem ser criados com o Boardmaker? O Boardmaker permite a construção de materiais que serão impressos e utilizados pelos usuários da CA. Conhecendo os desafios educacionais que os alunos enfrentam no cotidiano escolar e utilizando-se de muita criatividade, o professor especializado poderá criar os recursos de comunicação e acessibilidade necessários aos seus alunos por meio das várias ferramentas de seu Boardmaker. Atividades educacionais acessíveis Com o Boardmaker você pode criar várias atividades educacionais para garantir acessibilidade e participação de alunos que utilizam a CA em sala de aula. Lembre-se da importância da interlocução entre o professor do Atendimento Educacional Especializado, que construirá os recursos de acessibilidade, e o professor da sala de aula comum. Sem conhecer o plano de ensino do professor da sala comum, com seus objetivos e atividades previstas, será impossível propor, construir e disponibilizar os recursos de acessibilidade para o aluno. O professor especializado deverá também ensinar as estratégias de utilização destes recursos para o aluno, seu professor, para os colegas, comunidade escolar e família. Desta forma ajudará a todos a entender e a utilizar estas ferramentas de acessibilidade. Atividades escolares Três atividades foram construídas para que o usuário da CA possa responder questões, apontando os símbolos gráficos PCS. A primeira pede para apontar os animais; a segunda para apontar os vegetais e a terceira para apontar os minerais. 29 30 Logo após de cada questão, visualiza-se uma série de símbolos gráficos com imagens representativas dos três reinos da natureza. Na sequência, vemos uma atividade com o tema sobre "igual" e "diferente" que foi construída com o Boardmaker. Utilizando a escrita com símbolos está a pergunta: “Qual é o igual?”. Visualiza-se então o símbolo de uma boneca. Em seguida, estão três opções de símbolos: "carro", "boneca" e "sorvete". O aluno deverá apontar a resposta correta. Depois, está a outra pergunta sobre "qual é o diferente?". E visualiza-se o símbolo da "borboleta". A seguir, duas opções de resposta: "vaca" e "borboleta". Textos com símbolos Textos com símbolos são muito interessantes para favorecer e ampliar a aquisição de repertório de símbolos gráficos, favorecerem a relação símbolo e signos (algo abstrato) e auxiliam na alfabetização de alunos com deficiência intelectual, auxiliando no aprendizado do português escrito para alunos surdos. No Boardmaker a escrita com símbolos é feita com a ferramenta "Simbolar". Na sequência, vemos o primeiro verso da poesia "Leilão de Jardim", de Cecília Meireles, foi digitada com o recurso "Simbolar" do Boardmaker. Desta forma, cada palavra aparece com a representação simbólica do PCS, acima do texto escrito. 31 O verso diz: “Quem me compra um jardim com flores? Borboletas de várias cores, lavadeiras e passarinhos, ovos verdes e azuis nos ninhos?” Culinária com o Boardmaker Fichas de receitas ou receitas completas podem ser descritas com a sequência de símbolos gráficos associados com a escrita. Para confecção destes recursos a ferramenta Simbolar será muito útil. 32 Em sete frases, escritas com texto e símbolos, está uma sequência de atividades que deverão ser feitas para a preparação de um sanduíche de geleia com queijo. 33 Livros com símbolos Visualiza-se a seguir a página de um livro. A frase escrita foi também representada por símbolos PCS: "Bateu Portas e janelas com força". Visualiza-se aseguir a página de um livro construído pelos alunos. Há a ilustração de um pato. Sobre a ilustração estão colados, em sequência, de cartões de comunicação alternativa com símbolo e texto: "Lá vem o pato, pato aqui, pato acolá. Lá vem o pato para ver o que é que há?” Livros de atividades As atividades previstas no currículo escolar, ou que fazem parte do no livro didático impresso, podem ser personalizadas para usuários de CA. Para disponibilizá-las em sala de aula, o professor especializado deverá receber estas atividades do professor de sala comum com a antecedência necessária para que ele possa construí-las com o 34 Boardmaker. Um livro de atividades sobre animais domésticos, selvagens, aquáticos e em extinção foi construído com o Boardmaker. O livro de atividades possui uma prancha de símbolos móveis para que o aluno destaque o símbolo e cole, com velcro, no campo de resposta correspondente. Pranchas temáticas para interpretação de livros e conteúdos Pranchas de comunicação temáticas poderão ser construídas para que o aluno usuário da CA possa participar de atividades de interpretação de histórias ou também para que possa perguntar, responder e argumentar sobre os conteúdos estudados e atividades desenvolvidas em sala de aula. Um livro de história, que fala sobre temas de ecologia, está acompanhado de uma prancha temática, com a qual o usuário da CA poderá apontar ações positivas e negativas relativa à preservação do meio ambiente. 35 Uma lista de perguntas sobre fenômenos da natureza está relacionada. Para responder estas perguntas o usuário de CA apontará para um dos símbolos gráficos dispostos em uma coluna lateral. Na parte inferior da prancha, há uma sequência horizontal de símbolos que possibilitarão ao aluno fazer perguntas "onde", "como", "por que", "quando" e afirmar "não entendo", "incrível", "mudei de ideia", "quero saber mais". Calendários personalizados Nas "pranchas modelo" do Boardmaker você encontrará grades de calendários para serem personalizadas. Basta localizar os símbolos apropriados e colar sobre a o dia em que o evento acontecerá. Uma folha de calendário do mês de janeiro foi personalizada com os símbolos PCS. Visualizam-se símbolos representativos do verão "guarda sol" e "sorvete", símbolo da "festa de Ano Novo", "viagem", "praia", "chegada da vovó", "aniversário" e "retorno a casa". Os símbolos foram aplicados sobre as datas destes eventos. 36 Porta-pranchas Pastas do tipo arquivo, folhas laminadas e encadernadas, porta documentos, pastas do tipo cardápio (pasta dupla ou trifolder) poderão ser "portadores de pranchas". Carteira do tipo porta documentos com páginas de sacos plásticos onde estão pranchas de comunicação com símbolos de alimentos. Pasta com sacos plásticos, em tamanho ofício, encadernados em espiral, e cada página há uma prancha temática de símbolos gráficos. Pastas tipo cardápio, trifolder ou duplas, apresentam modelos de grades com diferentes tamanhos e quantidades de espaços para símbolos. Visualiza-se também uma pasta dupla onde está uma prancha para escolhas de materiais de artes. Pranchas para vocalizadores Nas "pranchas modelo" do Boardmaker, você encontrará também grades desenhadas especialmente para utilização em vocalizadores. Se você utiliza um vocalizador, procure o arquivo Boardmaker com o nome da "marca/modelo" do equipamento. Esta grade foi projetada para servir exatamente no tamanho e distância das teclas de mensagens. 37 Uma grade modelo do vocalizador GoTalk9+ foi personalizada com símbolos para comunicação em sala de aula. Depois de montar a prancha basta recortar a colocá-la no vocalizador. Aqui, visualizamos o vocalizador GoTalk9+ com suas 12 teclas de mensagens aparentes. 38 Agendas personalizadas com símbolos Com o Boardmaker você pode criar agendas escolares, atividades da turma e também de ações pessoais da rotina. A seguir, visualiza-se uma sequência de atividades individuais de um usuário da CA que se chama Paulo. As atividades ilustradas em sequência de símbolos que representam sua rotina matinal desde o acordar, vestir-se, fazer a higiene pessoal, até tomar o café da manhã. 39 O próximo exemplo é uma agenda em formato vertical que mostra uma sequência de símbolos para a primeira hora da manhã. Cinco atividades estão representadas em símbolos: tomar banho, comer, escovar os dentes, pegar a mochila, ir para escola de ônibus. Uma grade para criação de agenda que contemplam a sequência de atividades que serão desenvolvidas na escola. A seguir, vemos que o primeiro símbolo representa o grupo de alunos. Na sequência horizontal encontram-se espaços em brancos onde serão aplicados, com velcro, os cartões de comunicação representativos das atividades escolhidas pelo grupo de colegas para serem realizadas naquele dia. No final, há um espaço maior onde será colado um envelope, onde no término de cada tarefa os cartões serão guardados. 40 Agora, numa parede de fundo preto foram fixados, com fita adesiva, os cartões de comunicação laminados. A composição da agenda descreve o mês, dia, dia da semana, sensação térmica (calor) e também todas as atividades escolares propostas para este dia. Além de cartões de comunicação, há número representando o dia 7 e palavras em feltro, por exemplo, com texto pintado com cola colorida (mês de novembro e dia da semana terça feira). Sinalizações em vários ambientes Você pode utilizar o Boardmaker para criar sinalizações dos vários ambientes da escola. Da mesma forma, poderão ser criados cartazes com informações ou indicação de regras e orientações. A seguir, um cartaz com símbolos móveis para indicações de lugares e atividades 41 realizadas pela turma. Pode-se ler a frase: "Nossa turma está:", ao lado desta frase há um espaço onde será fixado com velcro o cartão de CA correspondente ao lugar/atividade "no lanche". Na parte inferior do cartaz há outras opções de cartões de mensagens "na biblioteca", "no laboratório", "no parquinho". Abaixo, um símbolo com a mensagem "Favor fechar a porta" foi confeccionado para colocar na parte interna da porta da sala de aula. No próximo exemplo, uma coleção de símbolos para sinalização da escola foi criada para ser fixada sobre a porta destes ambientes: “sala de aula”, “banheiro”, “biblioteca”, “cozinha”, “direção”, “informática”, “sala de química”, “sala de artes”, ginásio”, “recreio”. 42 Utilização de outras imagens digitais nas produções com o Boardmaker Você poderá introduzir novas imagens no seu Boardmaker e assim ampliará sua biblioteca de símbolos. As novas imagens poderão ser capturadas na internet, extraídas em banco de imagens, fotografadas com câmera digital ou também escaneadas. Você poderá arquivar as imagens digitais na biblioteca do Boardmaker o que permitirá sua fácil localização para uso em produções futuras. Em seguida, algumas fotos ilustram trabalhos feitos com o Boardmaker que utilizaram imagens capturadas de diversas origens. Abaixo, uma prancha de comunicação foi construída com fotografias e apresenta os símbolos "luva", "pantufa", "calça", "cão", "melão", "casaco", "telefone", e "rosa". A seguir, com fotografias escaneadas de um cardápio foi montada uma prancha de comunicação temática, para comprar o lanche. Contém imagens dos sanduíches, copo de refrigerante, salada e embalagem do lanche. Estas mesmas imagens aparecem 43 organizadas numa prancha de comunicação. Com fotografias feitas em passeios escolares no parque e no zoológico, foi confeccionado com o Boardmaker o registro dessas atividades. Aparecem as fotografias e a descrição, feita pelo aluno, do que foi realizado. O Boardmakeré uma ferramenta de autoria? É exatamente isso. O Boardmaker é uma ferramenta que permite construir os recursos de comunicação e aprendizado que seu aluno necessitará em cada fase de seu desenvolvimento educacional. E esta é a principal e mais importante característica deste programa. Os exemplos e modelos que o Boardmaker possui servem apenas para mostrar aos professores o potencial de criação deste software. 44 Conhecendo os desafios educacionais, os objetivos e atividades propostos para a turma e conhecendo também as características do aluno com deficiência (suas dificuldades e acima de tudo suas habilidades) o professor especializado irá projetar, construir e disponibilizar os recursos pedagógicos que garantam a acessibilidade, comunicação e participação no contexto da escola comum. Atualmente, as pesquisas existentes a respeito do ensino e da aprendizagem permitem olhar para o que o aluno produz e identificar o que ele já sabe, as dificuldades que estão impedindo a aprendizagem e determinar as que ações serão necessárias para que o seu conhecimento avance. Nas últimas décadas, tem se consolidado a concepção que considera o processo de aprendizagem como resultado da ação do aprendiz. Por isso, a função do professor é criar condições para que o aluno possa exercer sua função de aprender participando de situações que favoreçam isto. Neste sentido, com relação aos alunos com deficiência, torna-se indispensável a criação de condições de aprendizagem pelo professor, através da construção de recursos de acessibilidade. O conhecimento não é gerado do nada, é uma constante transformação a partir do conhecimento que já existe. É o que cada aluno já conhece que explica as diferentes formas e tempos de aprendizagem, bem como as dificuldades e possibilidades que o aluno apresenta. Seja nas propostas de atividades, seja na forma como os professores encorajam e desafiam os alunos a se lançar com ousadia nas propostas de aprendizagem, os recursos (materiais educacionais) têm uma função decisiva nas possibilidades de aprendizagem dos alunos. 45 O Boardmaker é uma ferramenta aberta e, portanto, servirá para confecção de recursos de acessibilidade que atendem diferentes concepções de ensino e aprendizagem. Por este motivo, é importante considerar o modelo de escola, o que se entende por aprendizagem e que postura pretende-se instigar no aluno, no sentido de ele ser ativo na construção do conhecimento. Se disponibilizar recursos ao aluno permitindo e esperando apenas que ele responda o que se considera correto, sem dar a ele oportunidades de questionar, propor alternativas, argumentar, etc., possivelmente terá um instrumento pobre de comunicação e também um instrumento pobre de educação. Portanto, a palavra de ordem é conhecer a realidade e os desafios enfrentados pelo aluno e ser criativo. Junto com ele, irá construir e utilizar os recursos que permitirão a expressão e participação ativa em desafios educacionais. O professor deve funcionar como um diretor de cena, cabendo a ele observar as condições e necessidades de seus alunos e montar o cenário, através da construção das estratégias de ensino e dos recursos de acessibilidade, para possibilitar a construção do conhecimento de seus alunos. A beleza de um software de criação é que ele possibilita inovar, construir novas alternativas e materiais educacionais cada vez mais desafiantes e inéditos. O que fazer para aprender a utilizar melhor todas as ferramentas do Boardmaker Poucas pessoas leem manuais e ficam por muito tempo subutilizando o recurso que adquiriram. A leitura do manual, paralela a uma experimentação prática das ferramentas, ajudará a desenvolver uma habilidade operacional com o software. O Manual do Usuário do Boardmaker é muito fácil de usar e dá instruções passo a passo. Você o encontrará no formato PDF, que permite ler na tela e também imprimir. Sugere- se que trabalhe/estude com o manual impresso ao lado. Desta forma, seguirá a leitura e simultaneamente experimentará as ferramentas do software ou, quando chegar uma dúvida, recorrerá ao índice e encontrará facilmente a resposta. 46 Visualiza-se a área de trabalho do Boardmaker com a indicação visual de onde encontrar o Manual do Usuário para consulta na tela e impressão. Dicas de uso Para aprender e aprimorar ainda mais o trabalho com o Boardmaker será interessante também trocar ideias com colegas, fazer grupo de estudos, compartilhar com outros os arquivos produzidos. Tudo isso ajuda a ter mais ideias de criação, acelerar o trabalho (à medida que eu personalizo para meu aluno uma grade pronta recebida de outro colega) além de fortalecer o trabalho de cada um. O que é um vocalizador? É um recurso eletrônico de gravação/reprodução que ajuda a comunicação das pessoas em seu dia a dia. Através dele, seu usuário expressa pensamentos, sentimentos e desejos pressionando uma mensagem adequada que está pré-gravada no aparelho. As mensagens são acessadas por teclas sobre as quais são colocadas imagens (fotos, símbolos, figuras) ou palavras, que correspondem ao conteúdo sonoro gravado. A maioria dos vocalizadores grava as mensagens digitalmente e a capacidade de gravação varia de um aparelho a outro. Encontram-se vocalizadores de apenas uma mensagem enquanto outros podem gravar centenas delas. Outra variável intrínseca a este equipamento é o tempo total de gravação normalmente distribuído entre as teclas de mensagem oferecidas no equipamento. Em qualquer vocalizador o conteúdo gravado em cada célula é reconhecido através de figuras ou textos aplicados em pranchas de comunicação que ficam sobre as teclas. Quando a tecla de cada figura ou texto é pressionada, sua mensagem pré-gravada é imediatamente reproduzida e com volume ajustável. Na imagem ao lado, um exemplo de vocalizador retangular com vinte e cinco áreas de mensagens visíveis, onde estão símbolos gráficos. Cada área de mensagem, ao ser pressionada, emitirá uma mensagem de voz gravada anteriormente. Apresenta alça de transporte e botões de volume e troca de níveis. 47 DEFICIÊNCIA FÍSICA MOTORA A deficiência física motora é um problema que acomete muitos indivíduos. Trata-se de uma situação em que muitos desafios precisam ser superados, mas isso não significa que essas pessoas não possam levar uma vida feliz, saudável e com acessibilidade. O que é deficiência física motora? Pode ser considerada uma deficiência física motora todas as condições que façam com que as pessoas tenham dificuldades ou estejam impossibilitadas de realizar algum movimento específico. As alterações que caracterizam uma deficiência física motora podem ser causadas na estrutura óssea, nos grupos musculares, entre outras partes do corpo. Existem diversos tipos de deficiência física motora. Os principais deles são os relacionados a seguir. 48 Paraplegia A paraplegia é uma lesão medular. Ela caracteriza uma lesão na coluna lombar ou vertebral. Assim, os movimentos se tornam limitados, o que exige o uso de equipamentos especiais, como uma cadeira de rodas. Tetraplegia A tetraplegia ocorre quando as quatro extremidades do corpo ficam imóveis. Quem tem essa condição também pode desenvolver distúrbios respiratórios, que ocasionam leves demências. Amputação A amputação acontece quando uma pessoa necessita, por conta de doenças ou acidentes, remover um ou mais de seus membros superiores ou inferiores. 49 Hemiplegia Chamamos de hemiplegia a paralisia da metade sagital, esquerda ou direita, do corpo humano. A condição se desenvolve, principalmente, quando alguém sofre um acidente vascular cerebral (AVC), que paralisa um dos lados do cérebro. Monoplegia A monoplegia é uma doença em que ocorre a paralisia de apenas um membro superior ou inferior,ou seja, um único braço ou uma única perna. Isso geralmente acontece por conta de lesões no sistema nervoso. As causas que ocasionam uma deficiência física motora são diversas. Porém, a maioria dos casos está relacionada à genética, aos acidentes e às doenças. Genética As condições genéticas são aquelas em que as pessoas já nascem com um gene que pode desencadear algum tipo de deficiência. É o caso de quem tem esclerose múltipla, por exemplo. Acidentes Os acidentes são as causas mais comuns da deficiência física motora. Ao sofrerem fortes impactos em acidentes de trânsito, por exemplo, as pessoas podem ter a coluna ou os membros prejudicados. Apesar de ser possível recuperar movimentos por meio da fisioterapia e outras técnicas, muitos quadros de deficiência física motora são irreversíveis. Doenças Existem doenças que geram a deficiência motora. A paralisia cerebral, a distrofia muscular, a esclerose múltipla, a espinha bífida, a artrite, o mal de Parkinson, entre outras patologias também podem gerar essas condições. Alguns itens, como as barras de apoio, são importantes para dar mais acessibilidade e qualidade de vida para esses indivíduos. 50 PARALISIA CEREBRAL Viver com paralisia cerebral coloca difíceis desafios físicos. Um desses desafios é a espasticidade grave, que pode atrapalhar as atividades diárias. Felizmente, existem terapias que podem minimizar a espasticidade grave em alguns indivíduos. Definição Paralisia cerebral é um transtorno de movimento postura, resultante de uma lesão ou defeito no cérebro em desenvolvimento (dano cerebral). Causas Paralisia cerebral pode ser causada por lesão cerebral durante a vida intra-uterina ou no nascimento. Também podem ser adquirido após o nascimento. Neste caso, paralisia cerebral geralmente é causada por lesões cerebrais nos primeiros meses ou anos de vida. Fatores de risco Vários fatores de risco podem aumentar a probabilidade de paralisia cerebral. No entanto, é importante saber que esses fatores de risco não necessariamente resultarão na doença. Estes fatores de risco estão normalmente presentes: Durante o desenvolvimento fetal, antes, durante ou logo após o nascimento; Durante a infância. 51 Fatores de risco para a paralisia cerebral incluem: Nascimento prematuro; Baixo peso ao nascer; Má nutrição intra-uterina; Falta de fatores de crescimento durante a vida intra-uterina; Incompatibilidade de Rh ou tipo de sangue A-B-O entre a mãe e a criança; Infecção da mãe com sarampo alemão ou outras doenças virais no início da gravidez; Infecção bacteriana da mãe, do feto ou criança que ataca direta ou indiretamente o sistema nervoso central do bebê Perda prolongada de oxigênio antes ou durante o parto; Icterícia grave logo após o nascimento. Sintomas Os primeiros sinais de paralisia cerebral geralmente aparecem antes de uma criança completar 18 meses de idade. Crianças com paralisia cerebral são frequentemente lentas para atingir marcos do desenvolvimento, tais como aprender a rolar, sentar, engatinhar, sorrir ou caminhar. Os pais muitas vezes são os primeiros a suspeitar que seu bebê não está desenvolvendo habilidades motoras normalmente. Sintomas que podem acompanhar a paralisia cerebral incluem: Espasticidade; Movimento involuntário; Problemas andando ou movendo-se; Dificuldade de deglutição; Problemas com a fala. Paralisia cerebral varia de leve a grave. Sinais físicos de paralisia cerebral incluem fraqueza e hipotonia dos músculos, ou espasticidade e rigidez. Em alguns casos, doenças neurológicas (tais como retardo mental ou convulsões) também ocorrem em crianças com paralisia cerebral. Diagnóstico Paralisia cerebral é geralmente diagnosticada cedo na vida. O médico irá revisar seu histórico médico e familiar e realizar uma avaliação física. Além de verificar os sintomas típicos, o médico pode realizar testes especializados para ajudar a diagnosticar a condição. O médico pode ajudar a distinguir variações normais no desenvolvimento, 52 resultantes de um distúrbio do desenvolvimento. Sobre espasticidade devido à paralisia cerebral Espasticidade é causada por dano ou prejuízo de uma parte do sistema nervoso central (cérebro ou medula espinhal) que controla o movimento voluntário. Este dano interrompe sinais importantes entre o sistema nervoso e músculos, criando um desequilíbrio que aumenta a atividade muscular ou espasmos. Espasticidade pode dificultar o movimento, postura e equilíbrio. Ela pode afetar a habilidade de uma pessoa para mover um ou mais membros, ou para mover um lado do corpo. Às vezes, a espasticidade é tão severa que atrapalha as atividades diárias, padrões de sono e os cuidados. Em determinadas situações, essa perda de controle pode ser perigosa para o indivíduo. SÍNDROME DE DOWN O que é Síndrome de Down? A síndrome de Down (CID 10 - Q90) é uma condição genética que leva a características físicas singulares e propensão a algumas doenças. Ela é chamada de trissomia 21 e causada por um cromossomo extra no par 21. Embora apresentem deficiências intelectuais e de aprendizado, pessoas com síndrome de Down têm personalidade única, estabelecem boa comunicação e também são sensíveis e interessantes. Quase sempre, quanto maior o estímulo dado a essas crianças durante a infância, menor o "grau" de presença dos sintomas. Normalmente, os humanos apresentam em suas células 46 cromossomos, que vêm em 23 pares. Crianças com síndrome de Down têm 47 cromossomos, pois têm três cópias do cromossomo 21, ao invés de duas. O que esta cópia extra de cromossomo provocará no organismo varia de acordo com a 53 extensão dessa cópia, da genética familiar da criança, além de fatores ambientais e outras probabilidades. A síndrome de Down pode ocorrer em todas as etnias humanas e efeitos semelhantes já foram encontrados em outras espécies de mamíferos, como chimpanzés e ratos. Causas A trissomia 21 é um acidente genético que ocorre no momento da concepção em 95% dos casos. Com o avanço da idade materna existe uma maior probabilidade de gestar um bebê com alterações cromossômicas como a Síndrome de Down, principalmente acima dos 35 anos de idade. Isso acontece porque os folículos que darão origem aos óvulos da mulher já nascem com elas, e células mais velhas tem maiores chances de terem erros durante seu processo de divisão, o que pode causar a presença de um cromossomo a mais ou a menos nos óvulos. Uma grávida de 30 anos tem 1 em 1000 chance de ter um bebê Down. Aos 35 anos, as chances são de 1 em 400. Aos 40, 1 em 100, e aos 45 as chances são de 1 em 30. No entanto, mulheres com menos de 35 anos também podem gestar uma criança com síndrome de Down. 54 Sintomas de Síndrome de Down Características da síndrome de Down: Olhos amendoados, devido às pregas nas pálpebras; Olhos menores em tamanho; Mãos com uma única prega na palma, em vez de duas; Membros mais curtos; Tônus muscular mais fraco; Língua protrusa, maior do que o normal. Problemas de saúde e de aprendizado podem ocorrer, mas estes variam de criança para criança. Cada pessoa com síndrome de Down é única, os sintomas e sinais podem ser de moderados a severos. Pessoas com síndrome de Down têm maior risco sofrer com alguns problemas de saúde, como: Problemas cardíacos congênitos; Problemas respiratórios; Doença do refluxo esofágico; Otites recorrentes; Apneia do sono; Disfunções da tireoide, daí o fato de serem propensas ao sobrepeso. A deficiência intelectual, com dificuldades de aprendizado, sempre está presente em graus diferentes de criança para criança. Como descobrir a Síndrome de Down ainda na gravidez Atualmente existem testes genéticos que podem identificara possibilidade de que o bebê tenha a síndrome de Down a partir da nona semana de gravidez. Coleta-se uma amostra de sangue materno do qual são retirados fragmentos de DNA fetal. O teste rastreia o DNA do bebê para procurar problemas cromossômicos específicos. Os resultados são bastante confiáveis – 99,99% de acerto, já comprovados em estudos clínicos. 55 Outros dois testes estão disponíveis para checar os cromossomos dos bebês. Um é o teste do Vilo Coriônico (CVS), que pode ser realizado entre a 10ª e a 12ª semana de gravidez. Outro é o teste de aminiocentese, que pode ser feito a partir da 15ª semana de gravidez. Ambos os testes geram um risco para o bebê, pois se tratam de um procedimento invasivo. Depois do nascimento, o diagnóstico clínico é comprovado pelo exame do cariótipo (estudo dos cromossomos), que também ajuda a determinar o risco de recorrência da alteração em outros filhos do casal. Tratamento de Síndrome de Down As limitações de uma criança com síndrome de Down são um desafio para os pais desde o nascimento. Diversos aspectos contribuem para um desenvolvimento satisfatório da criança com a síndrome, o que muitas vezes compreende a intervenção de diversos profissionais. O médico assistente estará atento aos problemas fisiológicos, especialmente os de ordem cardiológica e respiratória, que podem causar preocupações na tenra idade (geralmente, menores de 10 anos). Muitas vezes, é necessária a intervenção de um cirurgião cardíaco para fixar problemas congênitos. Geralmente, a cirurgia não é complicada e tem grande índice de sucesso. A função tireoidiana será sempre controlada e medicada quando necessário. Devido ao fato de apresentarem redução do tônus dos órgãos envolvidos com a fala, será necessária a intervenção de um profissional de fonoaudiologia, para garantir a qualidade da comunicação e desenvolvimento da linguagem da criança. O fator mais importante para garantir o bom desenvolvimento e convívio social da 56 criança com síndrome de Down é o bom ambiente familiar. Pais atentos e bem informados, capazes de intervir desde cedo nos processos de aprendizagem, nas práticas vocacionais, servindo-se da colaboração de profissionais especializados quando necessário. O empenho individual dos pais, professores e terapeutas pode produzir resultados positivos surpreendentes. No final das contas, os cuidados com a criança com síndrome de Down não são radicalmente diferentes daqueles que são prestados às crianças sem a síndrome. É o mesmo carinhoso processo de ajudar a crescer, estimular a independência, acompanhar o aprendizado, cuidar do viver diário com carinho e amor, de forma natural e espontânea, aceitando e respeitando as limitações individuais. Complicações possíveis Obstrução das vias respiratórias durante o sono; Trauma por compressão da medula espinhal; Endocardite; Problemas oculares; Frequentes infecções auditivas e maior risco de outras infecções; Perda da audição; Problemas cardíacos; Obstrução gastrointestinal; Fraqueza dos ossos da parte superior do pescoço. Prevenção Cerca de 1 em 800 bebês nascem com a síndrome de Down. Na maioria dos casos, a 57 síndrome acontece por acaso, é um acidente genético, portanto é difícil prevenir o problema. Não há culpados e não há nada que se possa fazer, antes ou durante a gravidez, que possa causar ou prevenir a síndrome de Down. Atualmente, através da fertilização in vitro (FIV) pode-se escolher embriões livres da mutação genética, o processo é chamado de diagnóstico genético pré-implantacional (PGD). Casais que se submetem a FIV tem essa opção preventiva na qual já são transferidos para o útero materno embriões sabidamente normais. DEFICIÊNCIA VISUAL Caracterizada pela limitação ou perda das funções básicas do sistema visual e do olho, a deficiência visual é hoje a realidade para mais de 6,5 milhões de pessoas no Brasil. O grau de visão passa por amplas possibilidades, desde a cegueira total, até a visão total ou perfeita. A deficiência visual compreende a cegueira e a baixa visão. Segundo o Ministério da Educação, chama-se de baixa visão a alteração da capacidade funcional decorrente de fatores como rebaixamento significativo da acuidade visual (identificar o contorno e a forma dos objetos), redução importante do campo visual e da sensibilidade aos contrastes e limitação de outras capacidades. Entre os dois extremos da capacidade visual estão situadas patologias como miopia, estrabismo, astigmatismo, ambliopia, hipermetropia, que não constituem necessariamente deficiência visual, mas que na infância devem ser identificadas e tratadas o mais rapidamente possível, pois podem interferir no processo de desenvolvimento e na aprendizagem. Uma definição simples de baixa visão é a incapacidade de enxergar com clareza suficiente para contar os dedos da mão a uma distância de 3 metros, à luz do dia; em outras palavras, trata-se de uma pessoa que conserva resíduos de visão. 58 Diagnóstico Quando a dificuldade visual for detectada, a pessoa deve ser encaminhada ao oftalmologista que o encaminhará para serviços especializados. Após testes em que são analisadas todas as funções visuais, o diagnóstico é dado. É importante ressaltar que se houver a perda visual, o tratamento precoce, atendimento educacional adequado, programas e serviços especializados levam a uma vida independente e produtiva. A importância da inclusão As pessoas com deficiência visual têm conquistado cada vez mais espaço na sociedade. Mas ainda há um longo caminho para percorrer. Nesse sentido, existem instituições como a Fundação Dorina Nowill para Cegos, que trabalha pela autonomia de crianças, jovens, adultos e idosos com deficiência visual (cegos e com baixa visão). Além dos serviços gratuitos e especializados de habilitação e reabilitação, a Fundação Dorina oferece cursos de qualificação e consultoria para que a inclusão desses profissionais no mundo do trabalho aconteça de forma efetiva. SURDEZ Em termos médicos, a surdez (ou hipoacúsia) é categorizada de acordo com o nível da perda auditiva, que podemos chamar também de grau da perda auditiva. Audição normal Pessoas com audição normal ouvem em torno de 20 decibéis. Para facilitar a compreensão deste volume, podem-se citar um sussurro, o roçar das folhas, o canto dos passáros, o tic-tac de um relógio, uma torneira pingando. Se a pessoa conseguir ouvir somente sons acima de 20 decibéis, possui perda auditiva; 59 Perda auditiva leve Pessoas com perda auditiva leve possuem certa dificuldade em manter uma conversa a dois em tom de voz baixa, quase sussurrando. Em média o som mais suave experimentado está entre 25 a 40 dB (decibéis), por exemplo: o motor de uma geladeira, um ar-condicionado. Perda auditiva moderada Pessoas com perda auditiva moderada têm muita dificuldade de manter um diálogo, não ouvem bem quase nenhum som em nível de voz natural, sendo preciso falar alto para que ouçam. Em média, o som mais suave experimentado está entre 40 a 70 dB (decibéis), por exemplo: um aspirador de pó moderado, um bebê chorando. Perda auditiva severa Pessoas com perda auditiva severa não ouvem nenhum som de fala, poucos sons são percebidos. Em média o som mais suave experimentado está entre 70 a 90 dB (decibéis), por exemplo: um piano tocando forte, uma avenida de tráfego intenso, um cachorro latindo forte, um telefone tocando em volume máximo. Perda auditiva profunda Pessoas com perda auditiva profunda ouvem pouquíssimos sons. Em média, o som mais suave experimentado é acima de 90 dB (decibéis) ou mais, por exemplo: um helicóptero próximo, a decolagem de um avião a jato, uma moto sem escapamento, uma serra elétrica, uma furadeira, uma britadeira, motosserra, tiro de arma de fogo,
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