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JÚLIA MARINOT – TURMA XXV FÍGADO, VESÍCULA E PÂNCREAS EMBRIOLOGIA FÍGADO E VESÍCULA BILIAR Possui duas origens embrionárias distintas, uma é o mesoderma proveniente do septo transverso que da origem ao tecido fibroso hepático, tecido hematopoiético e células de Kupffer. A outra é o endoderma advindo do intestino anterior e dando origem ao parênquima, vesícula biliar e vias biliares. Inicialmente ocorre um brotamento no intestino anterior na quarta semana de desenvolvimento (estimulado por fatores de crescimento liberados pelo coração), denominado divertículo hepático. Esse divertículo migra em direção ao septo transverso e sua conexão com o intestino anterior se estreita formando o ducto biliar. Posteriormente, passa a ser dividido em duas porções: a cranial ou maior que dá origem ao fígado e a caudal ou menor que dá origem à vesícula biliar e ducto cístico. Na sexta semana o fígado passa a ter função hematopoiética, na décima semana ele tem aproximadamente 10% do peso corporal total e na décima segunda semana ele passa a secretar bile (inicialmente as vias biliares estão ocluídas e posteriormente se canalizam por degeneração celular). • ANOMALIAS DA VESÍCULA BILIAR: Pode ocorrer ATRESIA BILIAR EXTRA-HEPÁTICA que consiste na obstrução dos ductos gerando severa icterícia e fezes acólicas, pode ser um defeito passível de correção cirúrgica ou apenas resolvido com transplante de fígado. Além da ATRESIA DAS VIAS BILIARES INTRA-HEPÁTICAS podendo ser decorrente de alguma infecção fetal, em geral essa condição pode ter um curso benigno prolongado. JÚLIA MARINOT – TURMA XXV PÂNCREAS O pâncreas é derivado do endoderma do intestino primitivo, por meio da formação de dois brotos pancreáticos e cresce entre as camadas de mesentério. Primeiramente cresce o broto dorsal (cranial ao ventral) entre as camadas de mesentério dorsal e forma a maior parte do pâncreas. Posteriormente ocorre o crescimento do broto ventral entre as camadas de mesentério ventral (próximo à entrada do ducto biliar no duodeno), formando o processo uncinado e parte da cabeça do pâncreas. Quando ocorre a rotação do duodeno para a direita (adquirindo formato de C), a porção ventral do pâncreas e levada dorsalmente, passando a se localizar posterior à dorsal. Por fim os dois brotos se fundem e os ductos se anastomosam. • ANOMALIAS PANCREÁTICAS: Uma das anomalias do pâncreas é o PÂNCREAS ANULAR no qual ele comprime e obstrui o duodeno, isso ocorre provavelmente devido ao crescimento de um broto ventral bífido ao redor do duodeno que se fundem e formam um anel pancreático. JÚLIA MARINOT – TURMA XXV ANATOMIA FÍGADO O órgão está situado no quadrante superior direito do abdome (ocupando hipocôndrio direito, epigástrio e se estendendo até hipocôndrio esquerdo), sendo protegido pela caixa torácica (profundo às costelas VII a XI) e pelo diafragma. • FACES: Possui uma FACE DIAFRAGMÁTICA que é em formato de cúpula e diretamente relacionada com a concavidade inferior do diafragma. Toda coberta de peritônio visceral, exceto na área nua. Essa face possui alguns recessos (extensões superiores da bolsa peritoneal que possuem líquidos de lubrificação), dentre eles estão: subfrênicos que estão entre o diafragma e a parte anterior e superior do fígado (dividido em direito e esquerdo pelo ligamento falciforme); sub- hepático localizado logo abaixo do fígado; e hepatorrenal (Bolsa de Morison) localizado entre o fígado e o rim/suprarrenal direitos (possui conexão com o subfrênico direito). Já sua ÁREA NUA é uma porção da região diafragmática desprovida de peritônio (onde está o sulco da VCI) e marcada por meio de ligamentos decorrentes das reflexões do peritônio visceral. Dentre esses ligamentos estão o ligamento coronário direito anterior e posterior que juntos formam o ligamento triangular direito. E os ligamentos coronários esquerdo anterior e posterior que juntos formam o ligamento triangular esquerdo. JÚLIA MARINOT – TURMA XXV Por sua vez, a FACE VISCERAL do fígado é também totalmente coberta de pertônio exceto na fossa da vesicula biliar e porta do fígado. Essa porção é marcada por algumas fissuras e impressões resultantes do contato com outros órgãos: fissura sagital direita que anteriormente é formado pela fossa da vesicula biliar e posteriormente pelo sulco da veia cava; e a fissura sagital esquerda ou umbilical que anteriormente é formada pela fissura do ligamento redondo (remanescente da veia umbilical) e posteriormente pela fissura do ligamento venoso (remanescente do ligamento venoso fetal). O omento menor é a porção que encerra a tríade portal, se estende pela curvatura menor do estomago e desce dois centímetros abaixo do duodeno. Na região hepática, ela forma os ligamentos hepatoduodenal (do fígado ao duodeno) e hepatogaástrico (do fígado à curvatura menor do estômago). JÚLIA MARINOT – TURMA XXV • LÓBULOS HEPÁTICOS: A divisão em lóbulos conta com a divisão anatômica e funcional. A DIVISÃO ANATÔMICA divide o fígado em lóbulos direito e esquerdo de acordo com as fissuras coronárias e ligamento falciforme e divide ainda os lóbulos quadrado e caldado por meio do sulco da veia cava inferior que passa transversalmente. Já sua DIVISÃO FUNCIONAL ocorre de acordo com a irrigação, pois ao entrarem no fígado a veia e artéria hepática se dividem em direita e esquerda irrigando esses dois lóbulos. Pode-se considerar ainda o lobo caldado como lobo acessório, visto que possui irrigação independente da mesma forma. • VASCULARIZAÇÃO: O fígado possui uma irrigação dupla, a maior parte do sangue vem por meio da veia porta (formada pela junção da mesentérica superior e esplênica), essa veia trás quase todos os nutrientes absorvidos pelo trato gastrointestinal, exceto os lipídeos (que vão à linfa). Já a artéria hepática (ramo do tronco celíaco) representa menor porcentagem do sangue que chega ao fígado. Esse órgão é expansível e armazena sangue. Na porta do fígado, a artéria e a veia se ramificam em direita e esquerda e penetram nos lóbulos direito e esquerdo do fígado. Continuam se ramificando e passam entre os lóbulos hepáticos por meio das tríades portais interlobulares, a parti dali saem os sinusóides que nutrem os hepatócitos. Esse sangue sai dos lóbulos por meio da veia central, que formam as veias coletoras e por fim as veias hepáticas direita, intermediaria e esquerda que por fim se abrem na veia cava inferior. JÚLIA MARINOT – TURMA XXV VIAS BILIARES A bile é produzida nos hepatócitos e secretada por eles nos canalículos biliares por meio de microvilosidades que se projetam para a luz desses pequenos canais que vão se tornando progressivamente maiores. Eles logo se tornam Canais de Hering que possui atividade contrátil e atua como reservatório de células precursoras hepáticas. A bile continua fluindo até os ductos biliares intra-hepáticos que desembocam nos ductos interlobulares. Estes se unem para a formação dos ductos hepáticos direito e esquerdo que se transforma no ducto hepático comum, esse desemboca no ducto cístico que vai até a vesícula biliar e posteriormente vira ducto biliar comum ou colédoco que se une ao pancreático e desemboca no duodeno por meio do esfíncter de Oddi. JÚLIA MARINOT – TURMA XXV VESÍCULA BILIAR Está localizada na fossa da vesícula biliar, na face visceral do fígado, entre os dois lóbulos hepáticos. Possui formato piriforme, abrigando cerca de 50ml de bile e está totalmente coberta de peritônio (que adere o corpo e colo ao fígado, já sua porção visceral é aderida ao fígado por tecido conjuntivo da cápsula fibrosa externa). Possui uma divisão em partes: fundo é a porção mais expandida da vesículaque está na porção direita do fígado e se projeta da parte inferior na altura da nona cartilagem costal; corpo que está completamente aderida ao fígado e possui contato com o colo transverso e o duodeno; e colo porção na extremidade oposta ao fundo, mais afunilada, possuindo uma pequena curvatura que vai de encontro ao ducto cístico. Por sua vez, o DUCTO CÍSTICO possui a função de unir a vesícula biliar ao ducto hepático comum, objetivando deixar fluir a bile para dentro da vesícula. Para tanto, ela possui uma prega espiral formada de túnica mucosa do colo que permite o ducto se manter aberto para o caso do retorno da bile em momentos que o esfíncter de Oddi está fechado. Além de evitar esvaziamento repentino em casos de aumento da pressão intra-abdominal. • IRRIGAÇÃO: Ocorre por meio da artéria cística (proveniente da hepática direita). Já sua drenagem do fundo e corpo drenam por meio das veias do fundo e corpo para os sinusóides hepáticos e a drenagem do colo e ducto vão por meio das veias císticas para a veia porta. • INERVAÇÃO: Se da por meio do plexo celíaco (fibras aferentes de dor e simpáticas), nervo vago (parassimpático – contrai a vesícula) e nervo frênico direito (fibras aferentes somáticas). JÚLIA MARINOT – TURMA XXV DUCTO COLÉDOCO Esse ducto possui a função de secretar bile no intestino por meio da união do ducto cístico com o hepático comum. Ele possui cerca de 5 a 15cm de comprimento passa por trás do duodeno e está localizado em um sulco na região posterior da cabeça do pâncreas. Do seu lado esquerdo ele se une com o ducto pancreático e forma uma pequena dilatação, chamada de Ampola de Vater. Sendo que na porção terminal dessa ampola está o Esfíncter de Oddi ou o músculo esfíncter do ducto colédoco. • IRRIGAÇÃO: Proveniente das artérias cística (parte proximal), pancreaticoduodenal, hepática direita (parte média), gastroduodenal superior posterior (parte retroduodenal). Já a drenagem ocorre por meio da veia pancreaticoduodenal superior posterior que vai à veia porta ou tributarias. PÂNCREAS É uma glândula acessória da digestão, retroperitoneal, sobrejacente e transversal às vertebras LI e LII, na parede posterior do abdome. Ele está atrás do estômago, com o duodeno a sua direita e baço a esquerda. Ele está dividido em cabeça, colo, corpo e cauda. JÚLIA MARINOT – TURMA XXV Sua CABEÇA é a porção expandida da glândula e está circundada pela porção em formato de C do duodeno (aderido a ele por tecido conjuntivo), à direita dos vasos mesentéricos superiores. Ele possui o PROCESSO UNCINADO uma projeção inferior do pâncreas que se estende para a esquerda atrás dos vasos mesentéricos superiores (apoiado na cava inferior, artéria renal direita e esquerda e veia renal esquerda). Por sua vez, o COLO está anteriormente coberto de peritônio, sobreposto aos vasos mesentéricos superiores (em sua porção posterior a mesentérica superior se une a esplênica para formação da veia porta hepática). Já o CORPO do pâncreas está sobreposto à vertebra LII e à aorta abdominal, possuindo à sua direita os vasos mesentéricos superiores, sua porção anterior é toda coberta de peritônio e a posterior possui contato direto com vasos (aorta, mesentérica superior e renal esquerda) e órgãos (rim e suprarrenal esquerdas). Por fim a CAUDA do pâncreas está anterior ao rim e à flexura esquerda do colo. O DUCTO PANCREÁTICO PRINCIPAL possui sua origem na região caudal do pâncreas, se estende até a cabeça, onde flete para baixo e se encontra na ampola de Vater com o ducto colédoco para desembocar no duodeno. A IRRIGAÇÃO do pâncreas se da por meio da artéria esplênica que origina as artérias pancreáticas, já sua DRENAGEM também ocorre a partir das veias pancreáticas para a veia esplênica. Por fim, a INERVAÇÃO da glândula, se da por meio de nervos vagos e esplâncnico abdominopélvico, plexos celíaco e mesentérico superior (fibras simpáticas). JÚLIA MARINOT – TURMA XXV HISTOLOGIA FÍGADO O fígado possui externamente uma camada de tecido conjuntivo fibroso denominado CAPSULA FIBROSA DE GILSON, circundada por camada SEROSA. Seus componentes internos são as unidades funcionais, chamadas de LÓBULOS HEPÁTICOS, eles possuem o parênquima: com placas organizadas de hepatócitos com a espessura de uma célula; os sinusóides: originados da artéria hepática e da veia porta das tríades portais interlobulares, eles são responsáveis pela nutrição dos hepatócitos por meio de seu endotélio descontinuo e fino (devido a sua grande permeabilidade, ocorre grande formação de linfa no fígado), além de possuírem as células de Kupffer que atuam na fagocitose de hemácias e corpos estranhos; os espaços de Disse ou perissinusoidais: espaço entre o endotélio vascular dos sinusóides e os hepatócitos (por meio das microvilosidades que os hepatócitos projetam para esse local ocorre a troca de substâncias), contém células Ito que são responsáveis por armazenar vitamina A. OBSERVAÇÃO! TIPOS DE LÓBULOS – os clássicos são pilhas anastomosadas de hepatócitos mesclados com um sistema de vasos sinusóides que fazem perfusão celular, no centro está a veia central para onde drena os sinusóides; porta são os lóbulos que tem como eixo morfológico o ducto biliar, suas margens são linhas entre as veias ventrais; e ácino que é a menor unidade funcional e possui diferentes intensidades de irrigação em suas áreas. JÚLIA MARINOT – TURMA XXV • HEPATÓCITOS: São células que formam a maior parte do lóbulo. Eles possuem núcleos esféricos e centrais, podendo ser binucleadas. Seu citoplasma é acidófilo possuindo algumas regiões basófilas. Possui numerosas mitocôndrias e muitos complexos de Golgi associados a produção de bile. Existem ainda peroxissomos relacionados a desintoxicação e extenso reticulo endoplasmático liso que degrada toxinas e produz lipoproteínas. Pode ainda ser encontrado ribossomos para depósitos de ferro. Além de depósitos de glicogênio e gotículas lipídicas. VIAS BILIARES Todo o sistema de canais por onde passa a bile são revestidos por colangiócitos (em alguns locais associados a hepatócitos) unidos por fortes zônulas de oclusão e que emitem microvilosidades para o lúmen que identifica possíveis alterações no fluxo biliar. Externamente possui ainda fibras musculares e elásticas. JÚLIA MARINOT – TURMA XXV VESÍCULA BILIAR A vesícula biliar possui uma camada MUCOSA formada por um epitélio colunar alto de células (colangiócitos) com junções apicais e microvilosidades, numerosas mitocôndrias e muitos transportadores Na+/K+. Já sua lâmina própria possui muitos vasos sanguíneos, linfócitos e plasmócitos, pode conter também glândulas secretoras de mucina. Possui ainda uma camada MUSCULAR EXTERNA com fibras musculares organizadas de maneira irregular, além de fibras colágenas e elásticas. E uma camada ADVENTÍCIA de tecido conjuntivo denso que se fixa a superfície do fígado ou, na região livre, SEROSA externamente de mesotélio associado a tecido conjuntivo frouxo com quantidade variável de tecido adiposo e vasos. PÂNCREAS Revestida externamente por uma camada de TECIDO CONJUNTIVO FROUXO que forma uma capsula e se expande para o interior do órgão, o septando e formando lóbulos mal definidos. Já o ducto pancreático também é circundado por TECIDO CONJUNTIVO FROUXO que possui pequenas glândulas mucosas que esvaziam no interior dos ductos. JÚLIA MARINOT – TURMA XXV Internamente ele possui suas unidades funcionais, os ACINOS PANCREÁTICOS (unidades secretoras de formato acinoso ou tubuloacinoso), formados por células serosas piramidais que são basófilas na superfície basal e acidófilas na superfície apical (devido aos grânulos de zimogênio). O interior desse ácino possui as células centroacinosas pavimentosas (marcam o início do sistema ductal) no interior do ácino se inicia o ductointercalar (à ducto intralobular à interlobular -revestido de epitélio colunar baixo, com células caliciformes e enteroendócrinas - à pancreático principal). JÚLIA MARINOT – TURMA XXV FISIOLOGIA FÍGADO • PRODUÇÃO DE PROTEÍNAS PLASMÁTICAS: Possui a função primordial de produção de proteínas, principalmente a albumina que regula a pressão oncótica e os volumes plasmáticos; lipoproteínas (principalmente o VLDL) que participam do transporte de triglicerídeos a partir dos tecidos para o fígado e a partir do fígado para os tecidos; além da protrombina, fibrinogênio, globulina aceleradora e fator VII que fazem parte do mecanismo de coagulação sanguínea; e a alfa e beta globulinas não imunes que também atuam na pressão coloidosmótica e no transporte de substâncias. • ARMAZENAGEM E CONVERSÃO: Uma das funções do órgão também é armazenar algumas substâncias e atuar na conversão delas, o fígado armazena vitamina A por meio das células estreladas ou de Ito, além de produzir a proteína RBP que transporta a vitamina no plasma; armazena também vitamina B12; vitamina K (proveniente da alimentação e da ação da microbiota intestinal) essencial para produção de fatores de coagulação; e ferro sob a forma de ferritina. • DEGRADAÇÃO DE FÁRMACOS E TOXINAS: A maioria das substâncias tóxicas não podem ser eliminadas na urina, devido seu caráter hidrofóbico, o fígado as torna em moléculas que possuem mais afinidade com a água, facilitando sua eliminação. Essa função de desintoxicação ocorre em duas etapas: inicialmente ocorre a fase I de oxidação por meio da hidroxilação e carboxilação (realizada nas mitocôndrias e reticulo endoplasmático liso), seguindo para a fase II de conjugação com ácido glicurônico, glicina ou taurina (tornando-o mais hidrossolúvel). • VIAS METABÓLICAS: O fígado também participa de algumas vias metabólicas, entre elas está a do metabolismo dos carboidratos por meio da conversão inicial da glicose e da regulação do nível de glicose plasmáticos, por meio do armazenamento de glicogênio; metabolismo de lipídeos por meio da degradação de ácidos graxos, síntese de colesterol (para membranas plasmáticas e sais biliares) e fosfolipídios (também para a formação das membranas) e formação de corpos cetônicos, essencial para o metabolismo de alguns órgãos; síntese de ureia a partir de amônia; síntese e conversão de aminoácidos essenciais. • FUNÇÃO ENDÓCRINA: Principal responsável pela degradação de hormônios pancreáticos; possui função de produzir IGF1 a partir do estimulo do GH; faz a desiodação do T4 para se transformar na forma mais ativa (T3); além de atuar na conversão da vitamina D (advinda da alimentação e da conversão na pele) em sua forma mais ativa. JÚLIA MARINOT – TURMA XXV • SECREÇÃO DE BILE: A solução inicial é produzida pelos hepatócitos e secretada por eles nos canalículos biliares, ela é constituída por sais biliares provenientes do metabolismo de colesterol (convertido em ácido cólico ou ácido quenodesoxicólico que se combinam com taurina e glicina) e demais substâncias orgânicas. Quando percorre os ductos biliares, que ficam progressivamente maiores, são acrescidos à bile solução aquosa de íons e bicarbonato. o ANÁLISE LABORATORIAL HEPÁTICA: Ao analisarmos o aumento de transaminase oxalacética ou aparato aminotransferase (TGO) e de alanina aminotransferase (TGP), deve-se considerar uma lesão hepática por agressão aos hepatócitos (principalmente TGP que é produzida principalmente no fígado. Já ao analisar aumento de Gamaglutamil transpeptidase (Gama GT) e de fosfatase alcalina deve-se associar a lesão das vias viliares por agressão aos colangiócitos. VESÍCULA BILIAR A bile é continuamente secretada dos hepatócitos, para tanto, é necessário que nos períodos interdigestivos ela seja armazenada na vesícula biliar. Para tanto, a vesícula realiza a concentração da bile, pois por ser pequena pode armazenar pequenas quantidades do produto. O processo de concentração consiste na contínua absorção de água e eletrólitos pela parede da vesícula biliar, por meio de transporte passivo de H2O (mediado por aquaporinas AQP1 e AQP8) ou transporte ativo (mediado por transportadores Na+/K+ localizados no epitélio vesicular). Esse transporte ativo é realizado por meio do deslocamento de bicarbonato, Cl- e Na+ para o espaço intercelular. Isso gera um gradiente osmótico que expulsa a água também para o espaço intercelular, ocasionando em uma pressão hidrostática que finalmente joga água na lâmina própria para ser absorvida para o sangue. Finalmente, a bile deve ser excretada no intestino, isso decorre de estímulos neuro-hormonais. O principal deles é a liberação de colecistocinina pelas células duodenais sob a estimulação de presença de produtos da hidrólise de lipídeos, ela faz com que a vesícula se contraia e o esfíncter de Oddi se relaxe. Ocorre ainda a liberação de secretina pelas células duodenais estimuladas pelo pH ácido do quimo, estimulando a secreção de solução aquosa JÚLIA MARINOT – TURMA XXV de íons sódio e bicarbonato pelos ductos biliares. Por fim ocorre ainda a estimulação vagal para contração da vesícula. Quando chega ao intestino a bile exerce sua função detergente nos lipídeos, aumentando sua superfície de contato para ação das lipases, além de formar micelas semissolúveis que facilitam a absorção de lipídeos. A bile ainda constitui um meio de excreção de substâncias como colesterol e bilirrubina. Boa parte da bile é reabsorvida pelo intestino e retorna ao fígado, isso gera um feedback positivo para maior formação. JÚLIA MARINOT – TURMA XXV o METABOLISMO DA BILIRRUBINA: A bilirrubina é o produto de degradação da hemoglobina, um pimento amarelo. Quando as hemácias completam se ciclo de aproximadamente 120 dias, suas membranas celulares se rompem (ou são diretamente fagocitadas pelo macrófago) liberando a hemoglobina. Essa substância sofre fagocitose por macrófagos liberando a globulina e o anel do grupo heme, o anel se abre (pela ação da Heme oxigenasse – reação que libera CO) liberando o ferro livre que passa a ser transportado pela transferritina e a anel tetrapirrólico (substrato da bilirrubina). Essa cadeia logo se torna biliverdina que é rapidamente convertida, pela biliverdina redutase, em bilirrubina livre, indireta ou não conjugada, por sua vez, essa se liga com a albumina. Em questão de horas, a bilirrubina não conjugada é absorvida pelos hepatócitos (por meio de transportador intracelular citoplasmático) em seu interior ela se desliga da albumina e passa a ser conjugada (se torna direta) com o ácido glicurônico (glicuronídeo de bilirrubina) e ao sulfato (sulfato de bilirrubina) no retículo endoplasmático. Sendo assim, em seguida ela é excretada dos hepatócitos por meio de transporte ativo, vão aos canalículos (MPR2) ou ao sangue (MPR3). Ao chegar ao intestino a bilirrubina conjugada é convertida em bilirrubina indireta, por ação bacteriana, em urobilinogênio (muito solúvel e incolor). Esse composto é em maioria absorvido de volta para o fígado, o restante é excretado na urina e ao entrar em contato com o ar se transforma em urobilina ou nas fezes onde é alterado e oxidado para formar estercobilinogênio (incolor) e posteriormente estercobilina. JÚLIA MARINOT – TURMA XXV OBSERVAÇÃO! – EM RECÉM-NASCIDOS não existem bactérias no estomago para a transformação da bilirrubina direta em indireta (a colonização bacteriana é realizada principalmente nos primeiros cinco dias de vida, quando o pH estomacal ainda é menos ácido). Dessa forma, a primeira excreção do recém-nascido é o mecônio (não tem fezes, é um resíduo formado de células do líquido amniótico, produtos da bile e células descamadas do intestino). A transformação ocorre por meio de um cicloenterro-hepático por meio da enzima beta-glicuronidase (nos adultos ela é de origem bacteriana) que está presente no leite materno e na parede do intestino. Dessa forma, recebe e acumula muita bilirrubina indireta, o resultado prático é que mais da metade dos recém-nascidos tem icterícia fisiológica (BI é agente antioxidante, protetora em um momento que o organismo está se expondo ao oxigênio ambiental), que não precisa ser tratada (apenas se a bilirrubina chegar em um patamar de risco). PÂNCREAS O órgão participa da digestão dos principais nutrientes no intestino (carboidratos, lipídeos e proteínas) por meio da secreção de enzimas pancreáticas pelas células acinares (principalmente de forma inativa para sofrerem ativação no intestino), além de secretarem grande quantidade de solução aquosa de íons sódio e bicarbonato, pelas células dos ductos, que tamponam o pH ácido do quimo e tornam o pH ideal para a atuação das enzimas. • PORÇÃO PROTEICA: O conteúdo enzimático secretado pelas células acinares é formado por meio da captação de aminoácidos pelas células que os conjugam com proteínas nascentes no retículo endoplasmático rugoso. Após conjugadas, essas JÚLIA MARINOT – TURMA XXV enzimas formadas serão transportadas para grânulos apicais de zimogênio e quando a célula sofre estímulo externo, a membrana desses grânulos se funde com a membrana apical da célula, liberando conteúdo no lúmen acinar. Essa parte do suco pancreático contém enzimas para a degradação de: CARBOIDRATOS por meio da amilase pancreática (amidos, glicogênio e outros carboidratos à dissacarídeos e trissacarídeos); LÍPIDEOS por vias de lipase pancreática (hidrolisa gorduras neutras à ácidos graxos e monoglicerídeos), colesterol esterase (hidrolisa ésteres de colesterol) e fosfolipase (cliva ácidos graxos dos fosfolipídios); e PROTEÍNAS que por meio de tripsina e quimotripsina (não chegam a clivar aminoácidos individuais) e carboxipolipeptidase quebram as cadeias longas de aminoácidos. ATENÇÃO! – AS ENZIMAS PROTEOLÍTICAS SÃO SECRETADAS DE FORMA INATIVA evitando assim o dano pancreático, isso ocorre por meio da secreção concomitante de inibidor de tripsina. O tripsinogênio, quimotripsinogênio e a procarboxipolipeptidase são somente ativadas quando chegam ao intestino, isso ocorre por meio da conversão do tripsinogênio em tripsina pela enterocinase (secretada pela mucosa intestinal). A tripsina ativada pode ativar as outras duas. • PORÇÃO AQUOSA DE ÍONS SÓDIO BICARBONATO: A secreção dessa porção do suco pancreático se da inicialmente pela absorção de CO2 que passa a ser conjugado com a água, formando ácido carbônico (por meio da anidrase carbônica). Logo depois ocorre dissociação em íon bicarbonato e íon hidrogênio. O bicarbonato (que também entra em troca do hidrogênio) é lançado no lúmen em troca de cloro. Já a porção formada correspondente aos íons hidrogênio são trocados por íons sódio (também entram em troca do bicarbonato), dessa forma o sódio é transportado pela borda luminal para o lúmen. O movimento dos íons sódio e bicarbonato, gera pressão osmótica que causa fluxo de água. JÚLIA MARINOT – TURMA XXV • FASES DA SECREÇÃO PANCREÁTICA: 1. Fase cefálica e gástrica: essas fases correspondem a estímulos decorrentes de ativação de vibras vagais parassimpáticas com a liberação de acetilcolina (receptor M3) sendo que a cefálica corresponde a cerca de 20% da secreção e a gástrica cerca de 5 a 10% (no entanto uma pequena porção chega ao intestino, devido à falta de secreção contínua de líquido); 2. Fase intestinal: é a fase com secreção mais significativa de suco pancreático em razão dos estímulos de secretina que proporciona a secreção de solução aquosa de íons sódio e bicarbonato e colecistocinina (receptor CCKA e CCKB – que também respondem à gastrina) com estímulo à secreção enzimática. OBSERVAÇÃO! – INIBIÇÃO DA SECREÇÃO ocorre por meio da liberação de glucagon e somatostatina. JÚLIA MARINOT – TURMA XXV PATOLOGIA ICTERÍCIA É definida como alterações na formação de bile que se tornam clinicamente evidentes como uma coloração (sinal) amarelada na pele e esclera pela retenção de bilirrubina conjugada ou não (bilirrubina conjugada é aquela associada ao ácido glicurônico ou sulfato). Os valores normais de bilirrubina não devem exceder 1,2mg/dL, sendo que a icterícia apenas se torna evidente quando os valores de bilirrubina excedem 2,0mg/dL (valores entre 1,2mg/dL e 2mg/dL são classificados como hiperbilirrubinemia). Apesar das duas poderem ser retidas nos tecidos corporais, a bilirrubina não conjugada (indireta) é aquela quase completamente insolúvel na agua e existe na forma de complexos ligados à albumina ou como ânions livres, essa forma não pode ser excretada na urina mas os ânions tem a capacidade de se difundir para os tecidos (particularmente cérebro) e causar lesão tóxica (o que pode ocorrer principalmente na doença hemolítica do recém-nascido - Kernicterus). Já a bilirrubina conjugada (direta) é hidrossolúvel e está ligada frouxamente à albumina, por essas razões pode ser excretado na urina. Porém uma fração pode estar covalentemente ligada à albumina, denominada fração de bilirrubina direta. O acumulo de ambas formas de bilirrubina é derivada do rompimento de equilíbrio entre a produção e eliminação de bilirrubina, decorrente dos possíveis seguintes mecanismos: produção extra-hepática excessiva de bilirrubina (por hemólise excessiva de hemácias), redução da captação ou transporte pelos hepatócitos, prejuízo na conjugação, diminuição na excreção hepatocelular, prejuízo no fluxo biliar. Sendo que nas três primeiras causas não obstrutivas predomina a bilirrubina não conjugada (indireta) e nas duas últimas obstrutivas a conjugada (direta). JÚLIA MARINOT – TURMA XXV JÚLIA MARINOT – TURMA XXV OBSERVAÇÃO! – CONJUGAÇÃO DEFICITÁRIA por falta de hormônio tireóideo que estimula ação enzimática. OBSERVAÇÃO! – FACIES decorre de ativação desses ossos a produzirem hemácias depois que já deveriam ter parado de produzir. JÚLIA MARINOT – TURMA XXV OBSERVAÇÃO! – SÓ ICTERÍCIA por defeito de conjugação, sem nada a mais. OBSERVAÇÃO! – nesses casos ocorre AUMENTO DE AMINOTRANSFERASES HEPÁTICAS visto que ocorre a lesão do fígado. Caso ocorra redução de transaminases com melhora do quadro clínico significa uma melhora da situação geral do paciente, já quando ocorre redução de transaminases com piora do quadro significa o início de um quadro de falência hepática. JÚLIA MARINOT – TURMA XXV Nos casos de coletasse hepatocelular e colestase intra-hepática o quadro clínico do paciente cursa com aumento da bilirrubina direta (podendo aumentar a indireta nos casos de intensa lesão hepatocelular), fezes hipocólicas (redução do estercobilinogênio), colúria, redução do urobilinogênio e elevação de sais biliares na urina e no sangue. JÚLIA MARINOT – TURMA XXV Já no caso da obstrução extra hepática, ocorre também o aumento da bilirrubina direta (podendo secundariamente aumentar a indireta), fezes acólicas (pela completa ausência de estercobilinogênio), colúria, ausência de urobilinogênio na urina e elevação dos sais biliares no sangue e na urina. JÚLIA MARINOT – TURMA XXV CIRROSE HEPÁTICA Subversão difusa da arquitetura hepática normal por nódulos de hepatócitos em regeneração circundados por tecido conjuntivo (é a fase final de diversas doenças). Baseia-se principalmente em neoformação conjuntiva em todo o órgão, formação de nódulos de parênquima (principalmente hepatócitos em regeneração) circundados por fibrose e subversão da arquitetura lobular. Tudo isso altera o funcionamento, fluxo sanguíneo e drenagem da bile no órgão. Sua patogêneseestá associada a necrose hepatocelular (agressões hepatocelulares de grande porte por mecanismos imunitários, vírus ou agentes tóxicos), proliferação de componentes estromais (fibrose e neoformação de vasos) e regeneração hepatocitária. Essa grande alteração no fluxo sanguíneo decorrente tanto da neovascularização como da pressão exercida pelos nódulos sobre o sistema resulta em ausência de nutrientes para hepatócitos e ausência do mecanismo de depuração de substâncias tóxicas e antigênicas. Já a neoformação conjuntiva decorre de níveis aumentados de colágeno (principalmente I, III, IV e V), formado principalmente pelas células estreladas ou células de Ito quando ativadas por diversos fatores (muitos relacionados com mediadores inflamatórios). Uma das principais consequências da cirrose hepática é a insuficiência hepática aguda (com necrose extensa do fígado por ingestão de substâncias químicas, infecções virais e doenças autoimunes) ou crônica. Suas principais repercussões são a icterícia, diminuição da síntese de proteínas e fatores de coagulação (podendo gerar edemas e hemorragias), hiperestrogenismo (pela redução na metabolização de estrógenos que pode gerar eritema palmar, ginecomastia e atrofia testicular), síndrome hepatorrenal, encefalopatia hepática (falência do fígado em metabolizar substâncias tóxicas para o sistema nervoso e desvio do sangue portal para o sistema cava sem passar pelo fígado). Além de também desencadear a hipertensão portal derivado do aumento da pressão hidrostática no interior do sistema porta gerado principalmente por obstruções mecânicas dentro ou fora do fígado (tromboses, invasão neoplásica, fibrose, intoxicação, doenças cardíacas, entre outros). Isso pode gerar formação de circulação colateral (podendo resultar em varizes esofagianas), ascite. Em geral, pacientes cirróticos são assintomáticos por um longo período. Porém, suas principais manifestações são: anorexia, emagrecimento, dores abdominais, eritema palmar, atrofia testicular, ginecomastia, aranhas vasculares, hemorragia digestiva (hematêmese e/ou melena), hálito hepático, edema de membros inferiores, ascite e manifestações da encefalopatia hepática. JÚLIA MARINOT – TURMA XXV HEPATITES VIRAIS São doenças de notificação compulsória e regular (devem ser registrados no SINAM). Seu diagnóstico pode ser por acaso (triagem em bancos de sangue por exemplo) ou etiológico (apenas possível com exames sorológicos e/ou de biologia molecular). OBSERVAÇÃO! – AS TRANSAMINASES são marcadores de lesão no parênquima, mas não são especificas de nenhuma hepatite. • DIAGNÓSTICO LABORATORIAL: Ocorre por meio da detecção de marcadores virais presentes no sangue, soro, plasma ou fluido oral de pessoas infectadas, realizado por meio de imunoensaios e/ou detecção de ácido nucleico viral (biologia molecular). 1. Imunoensaios ELISA: detecção de antígeno ou anticorpo específico. a. IgM – identifica uma infecção aguda ou IgG – identifica uma infecção passada (contato ou vacina); b. HBsAg – antígeno de superfície vírus B ou Anti-HCV – anticorpo contra o vírus C. 2. Teste molecular (PCR): permite diagnostico e quantificação do vírus. OBSERVAÇÃO! – JANELA IMUNOLÓGICA • HEPATITE A: É um RNA vírus não envelopado, sua prevalência e incidência varia de acordo com condições socioeconômicas (mais comum em crianças), já que sua transmissão é fecal-oral. Possui período de incubação de 15 a 50 dias (28 dias) e pode ter progressão sintomática ou assintomática (em crianças é mais comum a forma anictérica benigna, sendo as formas mais graves comuns à adultos). Seu quadro clínico cursa com febre, mialgia, anorexia, prostração, vômito, diarreia, icterícia, colúria, acolia fecal e hepatomegalia (sendo os quatro últimos mais comuns). Ocorrem elevações em TGO, TGP e bilirrubinas. ATENÇÃO! - NUNCA EVOLUI PARA CRONICIDADE // POSSUI VACINA Para diagnóstico deve-se solicitar o Anti-VHA (anticorpo contra o vírus A) IgM e IgG: 1. Anti-VHA IgM (+) reagente + transaminases TGO e TGP elevadas = HEPATITE A AGUDA; 2. Anti-VHA IgG (+) reagente + Anti-VHA IgM (-) não regente = IMUNIDADE POR VACINA OU INFECÇÃO PRÉVIA. JÚLIA MARINOT – TURMA XXV • HEPATITE B: É um DNA vírus envelopado de fita dupla. Ele é transmitido por via sexual, parenteral ou vertical. Seu período de incubação é de 60 dias. Seu quadro clínico cursa com adinamia, mal estar, mialgia, anorexia, náuseas, vômitos, febre, cefaleia, icterícia, colúria e acolia fecal, podendo ocorrer hepatomegalia ao exame físico. ATENÇÃO! – NA MAIORIA DOS CASOS EVOLUI PARA CRONICIDADE // POSSUI VACINA Para diagnostico, pode-se solicitar o HBsAg, HBcAg, HBeAg, Anti-HBs, Anti-HBc e Anti-HBe: 1. HBsAg (antígeno de superfície do vírus B) = INFECÇÃO PELO VHB (cronicidade se presente por + 6M); 2. HBcAg (antígeno central) = MARCADOR DE REPLICAÇÃO (presente apenas no tecido hepático); 3. HBeAg (antígeno E pré core) = REPLICAÇÃO VIRAL E INFECTIVIDADE; 4. Anti-HBs reagente = IMUNIDADE AO VÍRUS B; a. IMUNIDADE POR VACINAÇÃO = Anti-HBs (+) Anti-HBc (-); b. IMUNIDADE POR CONTATO PRÉVIO = Anti-HBs (+) Anti-HBc (+). 5. Anti-HBc a. IgM (+) = INFECÇÃO AGUDA; b. IgG (+) = CONTATO PRÉVIO. 6. Anti-HBe (controla limitadamente a infecção) = AUSÊNCIA OU BAIXA REPLICAÇÃO VIRAL. • HEPATITE C: É um RNA vírus envelopado. Sua transmissão é percutânea (transfusão de sangue, compartilhamento de seringas, tatuagens, hemodiálises, ocupacional, entre outros), mais raramente sexual ou perinatal. Seu período de incubação é de 15 a 160 dias (60 dias). Sua principal causa é o transplante hepático. ATENÇÃO! – NA MAIORIA DOS CASOS EVOLUI PARA CRONICIDADE // NÃO TEM VACINA Para diagnóstico pode ser usado o RNA-HCV e menos especificamente o Anti-HCV: 1. RNA-HCV = DIAGNÓSTICO DE INFECÇÃO ATUAL; 2. Anti-HCV = indica contato com o vírus, porém não é possível determinar imunidade nem se é uma infecção passada ou atual. JÚLIA MARINOT – TURMA XXV • HEPATITE E: É um RNA vírus não envelopado, seu período de encubação é de 15 a 60 dias (40 dias). Sua transmissão é por via fecal-oral, com quadro clínico semelhante às demais e tratamento apenas de indivíduos sintomáticos. OBSERVAÇÃO! – PODE EVOLUIR PARA CRONICIDADE (MAIS PROVÁVEL EM IMUNOSSUPRIMIDOS E TRANSPLANTADOS). • HEPATITE D: É um vírus delta RNA dependente de HBsAg para se replicar (ou seja, apenas pode se desenvolver se o indivíduo tiver o vírus B, aqueles imunes ao B não pegam o E), com período de incubação de 21 a 45 dias e altamente prevalente na região amazônica. Sua transmissão é sexual ou parental. JÚLIA MARINOT – TURMA XXV COLELITÍASE A colelitíase significa a formação de cálculos na vesícula biliar. Seus fatores de risco para desenvolvimento é a idade avançada, sexo feminino, uso de contraceptivos orais, dieta hipercalórica, obesidade, diabéticos, cirróticos, estase vesicular, entre outros. Pode evoluir de forma assintomática ou cursar com cólica biliar (forte dor concentrada principalmente no hipocôndrio direito). Uma de suas precursoras pode ser a lama biliar, uma mistura de bilirrubinato de cálcio, muco e colesterol monoidratado. Ela pode acarretar a formação de cálculos macroscópicos, ou não ter consequência alguma ao paciente. Os cálculos biliares podem ser aqueles de colesterol, essa substância é naturalmente solubilizada na bile, porém seu excesso pode acarretar incapacidade de solubilização; mistos formados por bilirrubina e sais de cálcio; e pigmentados quando são misturas complexas de bilirrubina não conjugada (possui relação com índices elevados de BI na bile) e sais de cálcio não orgânicos. Sua formação decorre de uma precipitação do colesterol que acaba por formar pequenos cristais pela colestase (desencadeada por irritação da parede vesicular),isso gera intensa secreção de muco e consequentemente a formação de grandes cálculos biliares. As complicações envolvem empiema, perfuração, fístulas, colangite, inflamação da vesícula e colestase. OBSERVAÇÃO! – COLEDOCOLITÍASE consiste na presença de cálculos nos ductos biliares, isso pode acarretar icterícia obstrutiva e precisa de imediata intervenção cirúrgica. JÚLIA MARINOT – TURMA XXV COLECISTITE Consiste em uma inflamação da vesícula biliar podendo ser aguda ou crônica. Suas formas agudas em geral possuem como fator desencadeante a isquemia ou coledocolitíase, já que ocorre irritação química e irritação da mucosa obstruída, desencadeando ação de fosfolipase que degradam a camada protetora de glicoproteína, expondo e epitélio à ação detergente dos sais biliares. Ela cursa com um quadro de dor intensa, febre, anorexia, náuseas, vômitos, taquicardia e sudorese. Já sua forma crônica pode evoluir de forma assintomática por muitos anos. As possíveis complicações dessas condições estão associadas a sepse, perfuração de vesícula com formação de abcesso ou peritonite difusa, fistula entérica e agravamento de condições médicas preexistentes. PANCREATITE Consiste em uma inflamação no pâncreas associada a uma disfunção do parênquima pancreático exócrino. Suas manifestações clínicas variam desde sintomas leves a mais graves que podem levar a um processo inflamatório agudo que ameaça a vida do paciente. A doença é dividida em aguda quando o pâncreas pode voltar ao normal depois de curada a inflamação ou crônica no qual ocorre uma fibrose pancreática com perda de função irreversível. • PANCREATITE AGUDA: As principais CAUSAS da aguda que podem ser destacadas são o abuso de álcool, uma obstrução do sistema ductal pancreático (de caráter neoplásico, lama biliar, cálculos e parasitas), medicações, infecções, distúrbios metabólicos (hipertrigliceridemia, hiperparatireoidismo), lesões isquêmicas, trauma e genética. Sua MORFOLOGIA varia de acordo com a gravidade de apresentação da doença, porém sempre possui um exsudato inflamatório, com extravasamentos microvasculares, necrose por enzimas lipolíticas, destruição proteolítica e de vasos sanguíneos com consequente hemorragia. Pode variar desde a branda uma leve inflamação com pequenas áreas de necrose, necrosante aguda com tecidos acinares necróticos além de áreas hemorrágicas e hemorrágica com extensa necrose acompanhada de hemorragia abundante. JÚLIA MARINOT – TURMA XXV O QUADRO CLÍNICO do paciente cursa com dor abdominal forte e contínua (podendo ser referida nas costas ou no ombro esquerdo), náuseas, vômitos, febre, taquicardia e hipotensão, emagrecimento e esteatorreia, ocorrendo aumento de amilase e lipase. Suas principais COMPLICAÇÕES incluem coagulação intravascular disseminada, retenção de fluidos, síndrome da angústia respiratória aguda e necrose gordurosa difusa. • PANCREATITE CRÔNICA: Se caracteriza como uma inflamação seguida de presença de fibrose com destruição do parênquima exócrino e consequentemente do parênquima endócrino (em fase tardia). Pode se manifestar com repetidos episódios de pancreatite aguda (apesar de que nem todos os pacientes seguem esse padrão). Suas CAUSAS mais comuns estão relacionadas ao uso abusivo de álcool a longo prazo, obstruções a longo prazo e mutações genéticas. A PATOGENIA da doença cursa com o aumento do conteúdo proteico no suco pancreático principalmente em decorrência de obstruções, o que geraria a formação de cálculos aderidos aos ductos. Associados aos efeitos tóxicos de álcool e seus metabolitos que geram um estresse oxidativo por radicais livres, levando a expressão de quimiocinas para inflamação e promoção de fusão de lisossomos e grânulos de zimogênio com necrose acinar. Seu QUADRO CLÍNICO e possíveis COMPLICAÇÕES são semelhantes à aguda. JÚLIA MARINOT – TURMA XXV • PANCREATITE ALCOÓLICA: O álcool sozinho não possui a capacidade de causar a pancreatite, sua ação consiste em tornar o órgão mais predisposto a ação de agentes que não causam pancreatite ou agravar quadros que normalmente causam pancreatite, por meio de seus subprodutos metabólicos. Ou seja, o álcool predispõe e fatores externos se tornam o gatilho, eles podem ser predisposição genética, dieta rica em lipídeos, cigarro e infecções. Ela está relacionada com a ativação inapropriada de enzimas digestivas que levam a autodigestão do pâncreas. Porém, para progressão da doença, de forma concomitante ocorre a ativação do fator nuclear kB que regula uma grande variedade de genes e medeia a resposta inflamatória no órgão. Outras alterações derivadas são: ativação do poro transitório de permeabilidade mitocondrial, estresse do reticulo endoplasmático, autofagia e encontro de lisossomos com enzimas digestivas. OBSERVAÇÃO! – AMBOS CAMINHOS produzem radicais livres. A ELEVAÇÃO SUSTENTADA DOS NÍVEIS DE CÁLCIO CITOPLASMÁTICOS está associado a ativação inapropriada de enzimas digestivas (pois a secreção dos grânulos de zimogênio é controlada pela liberação de pequenas quantidades de cálcio), já que o íon possui um papel muito importante tanto no metabolismo fisiológico quanto no patológico das células acinares (dano mitocondrial contribui para elevação de cálcio). E a INIBIÇÃO DA MATRIZ permite a formação de tecido fibroso. JÚLIA MARINOT – TURMA XXV o ENVOLVIMENTO DAS CÉLULAS ESTRELADAS PANCREÁTICAS: Assim como o fígado, o pâncreas possui uma população de células que armazenam vitamina A, as células estreladas. Elas possuem a função de produzir proteínas da matriz extracelular, metaloproteínas e manter a arquitetura do órgão por meio da regulação de deposição e degradação da matriz extracelular. Porém, em resposta à injuria as células estreladas são ativadas e se tornam miofibroblastos muito proliferativos que secretam grandes quantidades de proteínas da matriz extracelular, além de secretar colágeno tipo I e metaloproteínas da matriz.
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