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CCJ0001-01-Resumo de Aula-Fundamentos das Ciências Sociais (23-02-2012)

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Turma A – Manhã - 2012.1�� HYPERLINK "http://portal.estacio.br/" \o "Estácio" �� INCLUDEPICTURE "http://portal.estacio.br/img/logo.png" \* MERGEFORMATINET ������Fundamentos das Ciências Sociais
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	Plano de Aula: 1 - Cultura e Sociedade
FUNDAMENTOS DAS CIÊNCIAS SOCIAIS
Título
1 - Cultura e Sociedade
Número de Aulas por Semana
1
Número de Semana de Aula
1
Tema
Os conceitos sócioantropológicos de indivíduo e sociedade.
Objetivos
• Mostrar ao aluno, por meio da apresentação do plano de ensino, a importância da disciplina para a formação humanística, crítica e ampla do aluno sobre a realidade social. • Possibilitar ao aluno compreender a contribuição da disciplina na sua capacitação para a vida profissional e acadêmica, em especial no que se refere aos exames da OAB e do ENADE. • Definir as ciências sociais e descrever as áreas de conhecimento que a constituem: sociologia, antropologia e política. • Apresentar as interfaces entre as Ciências Sociais e os demais campos do conhecimento. • Analisar a relação indivíduo/sociedade e sua importância para a vida social.
Estrutura do Conteúdo
Apresentação do Plano de Ensino e do Mapa Conceitual da disciplina. Conteúdo: I-O objeto das ciências sociais Por Ciências Sociais entende-se o conjunto de saberes relativos às áreas da Antropologia, Sociologia e Ciência Política. Assim, o objeto de estudo das Ciências Sociais é a sociedade em suas dimensões sociológicas, antropológicas e políticas. II- As áreas constitutivas das ciências sociais: Sociologia, Antropologia e Ciência Política. A Sociologia estuda o homem e o universo sócio-cultural, analisando as inter-relações entre os diversos fenômenos sociais. Na Antropologia privilegiam-se os aspectos culturais do comportamento de grupos e comunidades. Na Ciência Política analisam-se as questões ligadas às instituições do poder. Ao contrário de outras ciências, as Ciências Sociais lidam não apenas com o que se chama de realidade, com fatos exteriores aos homens, mas igualmente com as interpretações que são feitas sobre a realidade. III- A importância do estudo sócioantropológico na compreensão da realidade. O conhecimento científico da vida social não se baseia apenas no fato, mas na concepção do fato e na relação entre a concepção e o fato. Por estudar a ação dos homens em sociedade, de seus símbolos, sua linguagem, seus valores e cultura, das aspirações que os animam e das alterações que sofrem, as Ciências Sociais constituem ferramenta importante para o desenvolvimento de compreensão crítico-reflexivo da realidade. IV- O papel do indivíduo na sociedade. O indivíduo desempenha na realidade um papel duplo em relação à cultura. Em circunstâncias normais, quanto mais perfeito seu condicionamento e consequente integração na estrutura social, tanto mais será efetiva sua contribuição para o funcionamento uniforme do todo e mais segura sua recompensa. Entretanto, as sociedades existem e funcionam num mundo em perpétua mudança. Como uma simples unidade no organismo social, o indivíduo perpetua o status quo. Como indivíduo, ajuda a transformá-lo quando há necessidade. Desde que nenhum ambiente se apresente completamente estacionário, nenhuma sociedade pode sobreviver sem o inventor ocasional e sem sua capacidade para encontrar soluções para novos problemas. (Ralph Linton. O indivíduo, a cultura e a sociedade). Bibliografia básica: COSTA, Cristina. Sociologia: uma introdução à ciência da sociedade (3ª ed.). São Paulo, Moderna, 2005. Sugestão de leitura complementar: ARRUDA ARANHA, Maria Lúcia de. & PIRES, Maria Helena. Filosofando: Introdução à Filosofia. São Paulo, Cortez, 2001. (Capítulos 1 e 2). DA MATTA, Roberto. Relativizando: Uma introdução à antropologia social. R.J. Rocco. 1993 p.p 17 a 27.
Aplicação Prática Teórica
Questão discursiva: Leia o caso concreto abaixo descrito e responda as questões apresentadas. O menino selvagem de Aveyron Em setembro de 1799 um menino de cerca de 12 anos de idade foi encontrado perto da floresta de Aveyron, Sul da França. Estava sozinho, sem roupa, andava de quatro e não falava uma palavra. Aparentemente fora abandonado pelos pais e cresceu sozinho na floresta. O menino, a quem lhe deram o nome de Victor, foi levado para paris, onde ficou aos cuidados do médico Jean-Marc-Gaspar Itard. Durante 5 anos o Dr.Itard dedicou-se a ensinar Victor a falar, a ler, a se comportar como um ser humano, mas seus esforços foram em vão. Pouco progresso foi conseguido durante esse tempo. Victor nunca falou e aprendeu a ler somente uma palavra (leite). Não era mais o menino selvagem de quando fora encontrado, mas também, não se tornou humano. (www.forumnow.com.br). 1 - Considerando a história de Victor, o que podemos concluir sobre o que acontece aos homens quando vivem isolados? 2- Muitas lendas e mitos relatam a história de heróis que, mesmo crescendo no isolamento, tornaram-se humanos – Rômulo e Remo, Tarzan, Mogli - e apresentaram comportamentos compatíveis com o resto da humanidade. Comparando estas personagens com o caso de Victor, seria possível ou não a eles apreenderem sozinhos os comportamentos humanos? Por quê? Questão de múltipla escolha: As Ciências Sociais se dividem em três ciências específicas: A Sociologia, a Antropologia e a Ciência Política. Cada ciência social específica aborda distintos aspectos da realidade social. Essa realidade social é repartida conforme as diferenças existentes entre os diversos aspectos que a compõem. Esses aspectos constituem aos objetos das três ciências. Assinale a alternativa que expressa corretamente qual aspecto da realidade cada ciência social toma por objeto. A) O uso cultural do twitter pelos indivíduos de uma sociedade é objeto da Antropologia; o uso do twitter como fato social é objeto da Ciência Política; o uso do twitter para uma campanha eleitoral é objeto da Sociologia. B) O uso cultural do twitter pelos indivíduos de uma sociedade é objeto da Antropologia; o uso do twitter para uma campanha eleitoral é objeto da Ciência Política; o uso do twitter como fato social é objeto da Sociologia. C) O uso do twitter para uma campanha eleitoral é objeto da Sociologia; o uso cultural do twitter pelos indivíduos de uma sociedade é objeto da Ciência Política; o uso do twitter como fato social é objeto da Antropologia. D) O uso cultural do twitter pelos indivíduos de uma sociedade é objeto da Ciência Política; o uso do twitter como fato social é objeto da Sociologia; o uso do twitter para uma campanha eleitoral é objeto da Antropologia. E) O uso cultural do twitter pelos indivíduos de uma sociedade é objeto da Ciência Política; o uso do twitter como fato social é objeto da Antropologia; o uso do twitter para uma campanha eleitoral é objeto da Sociologia.
==XXX==
E-mail:
maranhaotj@hotmail.com
Livros Recomendados:
01-Cristina Costa
02-Marco Aurélio Nunes de Barros
Resumo de Aula (Waldeck Lemos)
	
	1ª AULA – Apresentação
	VER-001
	Conceito: Política (Grego: Polis) = Cidadania (Latin: Civitas).
	WIKIPÉDIA: (http://pt.wikipedia.org/wiki/Pol%C3%ADtica):
Política denomina arte ou ciência da organização, direção e administração de nações ou Estados; aplicação desta arte aos negóciosinternos da nação (política interna) ou aos negócios externos (política externa). Nos regimes democráticos,a ciência política é a atividade dos cidadãos que se ocupam dos assuntos públicos com seu voto ou com sua militância.
A palavra tem origem nos tempos em que os gregos estavam organizados em cidades-estado chamadas "polis", nome do qual se derivaram palavras como "politiké" (política em geral) e "politikós" (dos cidadãos, pertencente aos cidadãos), que estenderam-se ao latim "politicus" e chegaram às línguas européias modernas através do francês "politique" que, em 1265 já era definida nesse idioma como "ciência do governo dos Estados".
O termo política é derivado do grego antigo πολιτεία (politeía), que indicava todos os procedimentos relativos à pólis, ou cidade-Estado. Por extensão, poderia significar tanto cidade-Estado quanto sociedade, comunidade, coletividade e outras definições referentes à vida urbana.
O livro de Platão traduzido como "A República" é, no original, intitulado "Πολιτεία" (Politeía).
	WIKIPÉDIA: (http://pt.wikipedia.org/wiki/Cidadania):
Cidadania (do latim, civitas, "cidade") é o conjunto de direitos e deveres ao qual um indivíduo está sujeito em relação à sociedade em que vive.
O conceito de cidadania sempre esteve fortemente "ligado" à noção de direitos, especialmente os direitos políticos, que permitem ao indivíduo intervir na direção dos negócios públicos do Estado, participando de modo direto ou indireto na formação do governo e na sua administração, seja ao votar (direto), seja ao concorrer a um cargo público (indireto). No entanto, dentro de uma democracia, a própria definição de Direito, pressupõe a contrapartida de deveres, uma vez que em uma coletividade os direitos de um indivíduo são garantidos a partir do cumprimento dos deveres dos demais componentes da sociedade.
História: O conceito de cidadania tem origem na Grécia clássica, sendo usado então para designar os direitos relativos ao cidadão, ou seja, o indivíduo que vivia na cidade e ali participava ativamente dos negócios e das decisões políticas. Cidadania, pressupunha, portanto, todas as implicações decorrentes de uma vida em sociedade.
Ao longo da história, o conceito de cidadania foi ampliado, passando a englobar um conjunto de valores sociais que determinam o conjunto de deveres e direitos de um cidadão "Cidadania: direito de ter direito.
	VER-002
	Conceito: Dialética.
	WIKIPÉDIA: (http://pt.wikipedia.org/wiki/Dial%C3%A9tica):
Dialética (AO 1945: dialéctica) (do grego διαλεκτική (τέχνη), pelo latim dialectĭca ou dialectĭce) é um método de diálogo cujo foco é a contraposição e contradição de ideias que leva a outras ideias e que tem sido um tema central na filosofia ocidental e oriental desde os tempos antigos. A tradução literal de dialética significa "caminho entre as idéias".
"Aos poucos, passou a ser a arte de, no diálogo, demonstrar uma tese por meio de uma argumentação capaz de definir e distinguir claramente os conceitos envolvidos na discussão." "Aristóteles considerava Zenão de Eleia (aprox. 490-430 a.C.) o fundador da dialética. Outros consideraram Sócrates (469-399 AEC)".
Um dos métodos diáleticos mais conhecidos é o desenvolvido pelo filósofo alemão Georg Wilhelm Friedrich Hegel (1770-1831).
	DITO
	Platão: “Todo ser humano é ser político”.
	DITO
	Aristóteles: “O homem é um animal político”.
	VER-003
	Idéia: Tese ( Antitese. (Síntese – Consenso).
	INFOPÉDIA: (http://www.infopedia.pt/lingua-portuguesa/tese)
Tese
Nome feminino
1.
Proposição que alguém apresenta para ser defendida.
2.
(Universidade) Trabalho original escrito para obtenção do grau de mestre ou doutor; proposição sustentada publicamente, numa escola superior ou universidade, por um candidato ao mestrado ou ao doutoramento.
3.
FILOSOFIA (Hegel) primeiro momento do processo dialético, ao qual se contrapõe uma antítese, gerando-se um conflito que se resolve numa síntese.
4.
Afirmação ou conclusão de um teorema.
5.
Assunto; tema;
em tese teoricamente
(Do grego thésis, «ato de pôr», pelo latim these-, «tese; proposição»).
	VER-004
	Sociólogo: Nobert Elias ( Processo Civilizatório.
	WIKIPÉDIA: (http://pt.wikipedia.org/wiki/Norbert_Elias):
Norbert Elias (Breslau, 22 de junho de 1897 — Amsterdã, 1 de agosto de 1990) foi um sociólogo alemão.
De família judaica, teve de fugir da Alemanha nazista exilando-se em 1933 na França antes de se estabelecer na Inglaterra onde passará grande parte de sua carreira. Todavia, seus trabalhos em alemão tardaram a ser reconhecidos e ele viveu de forma precária em Londres antes de obter em 1954 um posto de professor na Universidade de Leicester.
Suas obras focaram a relação entre poder, comportamento, emoção e conhecimento na História. Devido a circunstâncias históricas, Elias permaneceu durante um longo período como um autor marginal, tendo sido redescoberto por uma nova geração de teóricos nos anos setenta, quando se tornou um dos mais influentes sociólogos de todos os tempos.
Sua tardia popularidade pode ser atribuída à sua concepção de grandes redes sociais, que encontrou aplicação nas sociedades ocidentais pós-modernas, onde a presença da ação individual não pode ser negligenciada. De fato, a demasiada ênfase na estrutura sobre o indivíduo em vigor até então começava a ser duramente criticada.
A obra mais importante de Elias foram os dois volumes de O Processo Civilizatório (Über den Prozess der Zivilisation). Originalmente publicado em 1939, foi virtualmente ignorado até sua republicação em 1969, quando o primeiro volume foi traduzido ao inglês. Este primeiro volume traça os acontecimentos históricos do habitus europeu, ou "segunda natureza", ou seja, a estrutura psíquica individual moldada pelas atitudes sociais. Elias demonstrou como os padrões europeus pós-medievais de violência, comportamento sexual, funções corporais, etiqueta à mesa e formas de discurso foram gradualmente transformados pelo crescente domínio da vergonha e do nojo, atuando para fora de um núcleo cortesão etiqueta. O autocontrole era cada vez mais imposto por uma rede complexa de conexões sociais desenvolvidas por uma autopercepção psicológica que Freud cunhou como "super-ego." O segundo volume de O processo civilizatório abordas as causas destes processos e os reconhece nas cada vez mais centralizadas e diferenciadas interconexões na sociedade.
Quando a obra de Elias foi acolhida por grandes setores da intelectulidade, inicialmente sua análise do processo social foi mal compreendida e tomada como uma forma de darwinismo social. Com leituras posteriores, está idéia foi deixada e sua obra foi entendida a partir de uma outra chave de pensamento sobre o processo social.
	WIKIPÉDIA: (http://pt.wikipedia.org/wiki/O_Processo_Civilizat%C3%B3rio):
O processo civilizador (alemão Über den Prozeß der Zivilisation) é um livro escrito pelo sociólogo alemão Norbert Elias, e que tem grande influência na Sociologia.
Publicado pela primeira vez em 1939, não foi inicialmente tomado como uma grande obra da sociologia, o que só viria a acontecer nos anos sessenta, quando também foi publicado em inglês.
O Livro Trata-se da mais importante peça de sociologia histórica escrita desde a época de Max Weber. Sua importância não apenas está no tema, mas também no método, pois aqui encontramos integradas a história, a teoria social e a psicanálise. Muitos autores, aliás, já mencionaram a necessidade de uma análise assim abrangente do desenvolvimento da cultura: Elias, porém foi um dos pouquíssimos a satisfazer essa necessidade e a fazê-lo de forma tão brilhante e excepcional.
	P/P/Aula
	LER: Introdução – Cristina Costa.
	Introdução – Cristina Costa
Tópicos:
O conhecimento como característica da humanidade.
Tornar-se humano.
As culturas humanas como processos.
A ciência como ramo do conhecimento.
O milagre grego – o espírito especulativo.
A razão a serviço do indivíduo e da sociedade.
A sociologia: um conhecimento de todos.
O uso da sociologia nos diversos campos da atividade humana.
Desafios da sociologiahoje.
	P/P/Aula
	LER: Cultura (Conceito) Capítulo I – Marco Aurélio de Barros.
	Cultura (Capítulo I) – Por Jacob Portela
Tópicos:
Cultura.
Cultura, etnocentrismo e relativismo.
	VER-005
	Conceito: Cultura.
	WIKIPÉDIA: (http://pt.wikipedia.org/wiki/Cultura):
Cultura (do latim colere, que significa cultivar) é um conceito de várias acepções, sendo a mais corrente a definição genérica formulada por Edward B. Tylor, segundo a qual cultura é “aquele todo complexo que inclui o conhecimento, as crenças, a arte, a moral, a lei, os costumes e todos os outros hábitos e aptidões adquiridos pelo homem como membro da sociedade”. Em Roma, na língua latina, seu antepassado etimológico tinha o sentido de “agricultura” (significado que a palavra mantém ainda hoje em determinados contextos), como empregado por Varrão, por exemplo. Cultura é também associada, comumente, a altas formas de manifestação artística e/ou técnica da humanidade, como a música erudita europeia (o termo alemão “Kultur” – cultura – se aproxima mais desta definição). Definições de cultura foram realizadas por Ralph Linton, Leslie White, Clifford Geertz, Franz Boas, Malinowski e outros cientistas sociais. Em um estudo aprofundado, Alfred Kroeber e Clyde Kluckhohn encontraram pelo menos 167 definições diferentes para o termo cultura.
Por ter sido fortemente associada ao conceito de civilização no século XVIII, a cultura muitas vezes se confunde com noções de: desenvolvimento, educação, bons costumes, etiqueta e comportamentos de elite. Essa confusão entre cultura e civilização foi comum, sobretudo, na França e na Inglaterra dos séculos XVIII e XIX, onde cultura se referia a um ideal de elite. Ela possibilitou o surgimento da dicotomia (e, eventualmente, hierarquização) entre “cultura erudita” e “cultura popular”, melhor representada nos textos de Matthew Arnold, ainda fortemente presente no imaginário das sociedades ocidentais.
	VER-006
	Conceito: Etnocentrismo.
	WIKIPÉDIA: (http://pt.wikipedia.org/wiki/Etnocentrismo):
Etnocentrismo é um conceito antropológico, que ocorre quando um determinado individuo ou grupo de pessoas, que têm os mesmos hábitos e caráter social, discrimina outro, julgando-se melhor, seja pela sua condição social, pelos diferentes hábitos ou manias, ou até mesmo por uma diferente forma de se vestir.
Essa avaliação é, por definição, preconceituosa, feita a partir de um ponto de vista específico. Basicamente, encontramos em tal posicionamento um grupo étnico considerar-se como superior a outro. Do ponto de vista intelectual, etnocentrismo é a dificuldade de pensar a diferença, de ver o mundo com os olhos dos outros.
O fato de que o ser humano vê o mundo através de sua cultura tem como consequência a propensão em considerar o seu modo de vida como o mais correto e o mais natural. Tal tendência, denomindada etnocentrismo, é responsável em seus casos extremos pela ocorrência de numerosos conflitos sociais.
Não existem grupos superiores ou inferiores, mas grupos diferentes. Um grupo pode ter menor desenvolvimento tecnológico, se comparado a outro mas, possivelmente, é mais adaptado a determinado ambiente, além de não possuir diversos problemas que esse grupo "superior" possui.
A tendência do ser humano nas sociedades é de repudiar ou negar tudo que lhe é diferente ou não está de acordo com suas tendências, costumes e hábitos. Na civilização grega, o bárbaro, era o que "transgredia" toda a lei e costumes da época; este termo é, portanto, etimologicamente semelhante ao selvagem na sociedade ocidental.
O costume de discriminar os que são diferentes, porque pertencem a outro grupo, pode ser encontrado dentro de uma sociedade. Agressões verbais, e até físicas, praticadas contra os estranhos que se arriscam em determinados bairros periféricos de nossas grandes cidades é um dos exemplo.
Incluem-se aqui as pessoas que observam as outras culturas em função da sua propria cultura, tomando-a como padrão para valorizar e hierarquizar as restantes.
Comportamentos etnocêntricos resultam também em apreciações negativas dos padrões culturais de povos diferentes. Práticas de outros sistemas culturais são catalogadas como absurdas, deprimentes e imorais.
	VER-007
	Conceito: Relativismo.
	WIKIPÉDIA: (http://pt.wikipedia.org/wiki/Relativismo):
O relativismo é uma doutrina que prega que algo é relativo, contrário de uma idéia absoluta, categórica. Atitude ou doutrina que afirma que as verdades (morais, religiosas, políticas, científicas, etc.) variam conforme a época, o lugar, o grupo social e os indivíduos de cada lugar.
Na filosofia, e na antropologia, Ian Jarvie diz que o relativismo é a "Postura segundo qual toda avaliação é relativa a algum padrão, seja qual for, e os padrões derivam de culturas."
Desenvolvimento
O relativismo, dessa forma, leva em consideração diversos tipos de análise, mesmo sendo análises aparentemente contraditórias. As diversas culturas humanas geram diferentes padrões segundo os quais as avaliações são geradas. Max Weber, em suas obras sobre epistemologia, abre espaço para o relativismo nas ciências da cultura quando diz que a ciência é verdade para todos que querem a verdade, ou seja, por mais diferentes que sejam as análises geradas por pontos de vista culturais diferentes, elas sempre serão cientificamente verdadeiras, enquanto não refutadas.
O relativismo é um ponto de vista extremo oposto ao etnocentrismo, que leva em consideração apenas um ponto de vista em detrimento aos demais. Porém, os críticos dessa visão apontam que o relativismo torna impossível um avanço científico nas ciências da cultura na medida em que coloca todos os tipos de análise, absurdas ou não, em igualdade de veracidade.
Assim podemos concluir que o Relativismo é um termo filosófico que se baseia na relatividade do conhecimento e repudia qualquer verdade ou valor absoluto. Todo ponto de vista é válido.
Na filosofia moderna o relativismo por vezes assume a denominação de "relativismo cético", relação feita com sua crença na impossibilidade do pensador ou qualquer ser humano chegar a uma verdade objetiva, muito menos absoluta.
Nietzsche na sua obra "A Gaia Ciência", no tópico intitulado "Nosso novo infinito", assim afirma: "o mundo para nós tornou-se novamente infinito no sentido de que não podemos negar a possibilidade de se prestar a uma infinidade de interpretações"; frase que Foucault objeta: "Se a interpretação nunca se pode completar, é porque simplesmente não há nada a interpretar...pois, no fundo, tudo já é interpretação".
No diálogo platônico "Teeteto", atribui-se a Protágoras uma concepção relativista do conhecimento, por haver afirmado que "o homem é a medida de todas as coisas". Nesse caso, cada um de nós é, por assim dizer, o juiz daquilo que é e daquilo que não é. Sócrates levanta então uma série de objeções contra essa forma radical de relativismo subjetivista, tentando mostrar a incoerência interna da suposição de que o que parece verdadeiro a alguém é verdadeiro para ele ou ela. Se são verdadeiras todas as opiniões mantidas por qualquer pessoa, então também é preciso reconhecer a verdade da opinião do oponente de Protágoras que considera que o relativismo é falso. Ou seja, se o relativismo é verdadeiro, então ele é falso (desde que alguém o considere falso). Haveria, por assim dizer, uma auto-refutação (ou uma autodestruição) do relativismo cognitivo.
Em nossos dias, o relativismo cognitivo tem assumido várias formas distintas. Nas versões mais radicais, entende-se que quaisquer opiniões são igualmente justificáveis, dadas suas respectivas regras de evidência, e que não há questão objetiva sobre qual conjunto de regras deve ser preferido ("igualitarismo cognitivo" ou tese da "equipolência das razões"). Em suma, é possível dar boas razões tanto para se admitir quanto para se recusar qualquer opinião. E, portanto, o procedimento de dar boas razões nunca permite decidir entre opiniões rivais, nunca nos obriga a substituir uma crença por outra. Nesse caso, uma crítica do relativismo cognitivo pode ser feita deacordo com a seguinte linha argumentativa (seguida, por exemplo, por Paul Boghossian em "What the Sokal Hoax Ought to Teach Us"): se toda regra de evidência é tão boa quanto qualquer outra, então para que uma opinião qualquer seja tomada como justificada basta formular um conjunto apropriado de regras em relação ao qual ela está justificada. Em particular, a opinião de que nem toda regra de evidência é tão boa quanto qualquer outra deve poder ser igualmente justificada. (E o relativista assim não consegue mostrar, mas deveria mostrar, que a sua posição é melhor que a de seu oponente.) Uma alternativa seria dizer que algumas regras de evidência são melhores do que outras; mas então deveria haver fatos independentes de perspectiva sobre o que as torna melhores do que outras, e nesse caso estaríamos assumindo a falsidade do relativismo cognitivo.
Em contraposição, há espécies de relativismo que são bastante triviais, como, por exemplo, a tese da diversidade (também chamada de "relativismo cultural"): consiste em registrar que diferentes pessoas mantêm crenças diferentes; que as opiniões variam de comunidade para comunidade, de uma época para outra. Nesse caso, não se afirma que tais crenças ou opiniões sejam verdadeiras ou justificadas, e portanto não se tem ainda um relativismo cognitivo (epistemológico). Tal diversidade de crenças é plenamente compatível com uma visão absolutista ou objetivista do conhecimento.
Todavia, não são essas formas de relativismo (extremamente fortes ou fracas) que encontramos nas filosofias de Kuhn, Rorty e até mesmo Feyerabend (em alguns de seus últimos escritos). O que eles sugerem, a partir de evidências históricas, é que as preferências por certos padrões de investigação, por certos objetivos cognitivos variam com o tempo e dependem do contexto considerado. E mais do que isso: sua validade e autoridade dependem da prática estabelecida no interior de uma comunidade. Eles questionam as tentativas de codificar a racionalidade científica mediante um certo conjunto de regras metodológicas que guiam a atividade científica; mas não apenas isso, questionam também a tese de que a racionalidade científica permaneça em grande parte estável e invariante com o passar do tempo, apesar das novas descobertas e das mudanças sociais e culturais. Eles criticam o que Shapere chamou "essencialismo": a suposição de que as marcas características da racionalidade científica não estão elas próprias sujeitas a mudanças e revisões. Eles reconhecem que as normas do que conta como "boa ciência" também se transformam ao longo da história e não devem ser consideradas como uma estrutura rígida que não sofre mudanças substanciais.
No caso específico das ciências naturais, eles reconhecem, fazendo justiça à história da ciência, que as mudanças e as divergências envolvem não apenas as teorias (não apenas afirmações fatuais), mas também os critérios e os valores característicos da prática científica. Por exemplo, é possível, em certas ocasiões, justificar uma teoria T1 com respeito aos princípios e valores de um sistema evidencial E1 (por exemplo, que permite hipóteses sobre inobserváveis) e ainda justificar uma teoria alternativa T2 (incompatível com T1) com respeito aos princípios e valores de outro sistema evidencial E2 (por exemplo, do empirismo indutivista), mesmo na ausência de uma fundamentação independente que sem petição de princípio "favoreça inequivocamente" E1 ou E2 (ou seja, um caso de incomensurabilidade) A justificação de uma crença é sempre relativa a um sistema evidencial e, havendo uma disputa entre E1 e E2, poderia não haver acordo racional quanto à aceitação de T1 ou T2, mesmo que tivéssemos à disposição todas as evidências possíveis.
Por outro lado, quando se dá preferência a um sistema evidencial a partir de um meta-sistema dominante, tal escolha racional não pressupõe que esse meta-sistema represente uma visão objetiva ou correta (em todo tempo e lugar) que permita justificar de modo absoluto. Quando ocorre de abandonarmos a ciência normal anterior, de transcendermos nossa própria tradição de pesquisa, não somos levados a um "ponto arquimediano", fora do espaço e do tempo, que defina absolutamente o que deva ser racional, visto que a própria racionalidade científica pode transformar-se no processo evolutivo da ciência. Como diz Feyerabend (1993), os padrões de um debate científico só parecem ser "objetivos" porque se omite a referência à tradição considerada, ao grupo de adeptos que os utilizam.
Assim sendo, o relativismo cognitivo não consiste apenas em afirmar que a verdade (ou a justificação) de toda crença é relativa a princípios e padrões de um sistema de regras de evidência; trata-se ainda de recusar a suposição de um sistema absoluto, neutro (independente) e universal em relação ao qual toda crença possa ser julgada. Nesse sentido, o relativista não atribui "estatuto privilegiado" a nenhuma visão particular, nem mesmo ao relativismo. O relativista não pode impedir que o absolutista sustente que o relativismo é falso; mas ainda assim é permitido ao relativista manter a preferência por sua posição (que a seus olhos se "salienta" em relação às demais), pois (segundo o relativista) o absolutista também não tem como evitar que o relativista se mantenha relativista. As tentativas de mostrar que o relativismo é inconsistente (ou se auto-refuta) baseiam-se na suposição de que o relativista deva apresentar uma defesa em que sua posição se mostre, sem petição de princípio, melhor que a de seu oponente e possa compeli-lo a optar pelo relativismo. Mas o relativista consistentemente admite que não é só o relativismo que tem boas razões em seu favor; também o absolutista pode ter suas boas razões para manter-se em tal posição, numa típica situação de incomensurabilidade. Enfim, não há nada de paradoxal em o relativismo ser mantido por uns e não por outros, pois ninguém está obrigado a aceitar todas as opiniões dos outros como sendo verdadeiras. Por exemplo, um relativista poderia acreditar que a Terra gira em torno de si mesma e que é falso que está fixa, ao mesmo tempo em que está ciente de que alguém acredita que ela se mantenha fixa. (Harré e Krausz, 1996, p. 98) O que o relativista tenciona é, nas palavras de Goodman, converter alguém ao seu ponto de vista, sem tentar fundamentar absolutamente esse seu ponto de vista. O que ele diz é: "Veja como as pessoas naquela época tinham uma outra concepção de mundo. Se você estivesse no lugar delas, não manteria suas crenças atuais". Com efeito, o relativista não se obriga a demonstrar que a partir de certas premissas segue-se inexoravelmente a verdade do relativismo.
Putnam
Voltando agora ao tema da mudança científica (que envolve teorias, métodos, valores etc.), coloca-se a seguinte questão central em nossa análise: podemos abandonar o "essencialismo" (isto é, as tentativas de apresentar cânones a-históricos, absolutos, objetivos e imutáveis de racionalidade científica) sem nos comprometermos pelo menos com uma forma moderada de relativismo acerca do valor cognitivo da ciência? Dois importantes filósofos contemporâneos, Putnam e Laudan, dizem que sim, ou seja, que podemos encontrar uma alternativa ao essencialismo (positivismo) e ao relativismo. Vejamos como isso ocorre.
Putnam utiliza-se de uma proposta de Peirce que consiste em caracterizar a verdade como o limite ideal de uma investigação conduzida racionalmente. Ou seja, a verdade é o que se obtém, a longo prazo, com a aplicação sistemática dos métodos racionais da ciência. Desenvolvida por Putnam em seu realismo interno, essa teoria da verdade encerra duas idéias centrais:
"(1) a verdade é independente da justificação aqui e agora, mas não de toda justificação. Afirmar que um enunciado é verdadeiro é afirmar que ele poderia ser justificado, e
(2) presume-se que a verdade seja estável e "convergente"; se um enunciado assim como sua negação pudessem ser "justificados", mesmo em condições tão ideais quanto se possa esperar, não haveria sentido em pensar o enunciado como tendo umvalor-de-verdade". Portanto, sem pretender formular uma exata definição de verdade, Putnam explica a noção de verdade como uma idealização da aceitabilidade racional e, portanto, como um conceito-limite objetivo e transcultural. Para Putnam (1983), a verdade é um ideal regulador em direção ao qual nossa investigação racional deve convergir. Para a maioria dos enunciados, existem condições epistêmicas melhores e piores, embora Putnam saliente que "não há uma simples regra geral ou método universal para saber que condições são melhores ou piores para justificar um juízo empírico arbitrário" (p. xvii). Ainda que Putnam reconheça que a "verdade" é tão vaga e dependente do interesse e do contexto quanto nós, e que não há uma matriz fixa e a-histórica de padrões de racionalidade, uma tese central do seu realismo interno é que se trata de uma questão objetiva a de "qual seria o veredicto se as condições fossem suficientemente boas, um veredicto a que a opinião deveria ‘convergir’ se fôssemos razoáveis". Em termos comparativos, "deve haver um sentido objetivo em que alguns juízos sobre o que é ‘razoável’ são melhores que outros", não importa qual seja o contexto histórico e cultural.
Mas se não temos a mínima idéia de o que pode ser corretamente asseverado por nós em situações epistemicamente ideais e perfeitas, que papel a verdade (no sentido do realismo interno) pode desempenhar na prática e no avanço da ciência? Tal noção idealizada de verdade não seria, do ponto de vista do agente, totalmente indiferente a suas crenças atuais sobre a realidade. Além disso, o que seria para uma investigação ter um final? De fato, é difícil imaginar um resultado da pesquisa científica que sobreviveria a todas as objeções que pudessem ser levantadas, pois não temos como antecipar tudo que possa ocorrer durante uma conversação. Concordamos com Field que não é necessário haver sistemas "maximamente bons", ou seja, para cada sistema científico, sempre poderia haver outro melhor.
Contudo, se "considerar uma certa investigação como ideal é supor que não se deveria questionar seu resultado", ou que foram eliminadas as possibilidades de erro, então podemos estar seguros (da verdade) das conclusões fundamentadas a partir de uma tal investigação. A afirmação de que uma investigação ideal conduz à verdade torna-se, entretanto, uma conseqüência trivial da própria caracterização da investigação ideal (como a que estabelece resultados para além de qualquer controvérsia) e da verdade (tal que a proposição de que p é verdadeira se e somente se p), e por isso não detém nenhuma força explicativa. Desse modo, podemos com Davidson (1990) suspeitar que "se fossem explicitadas as condições sob as quais alguém está idealmente justificado em asseverar alguma coisa, ficaria claro que ou essas condições permitem a possibilidade de erro, ou elas são tão ideais que não fazem uso da tencionada conexão com as habilidades humanas".
Por outro lado, ainda que toda investigação ideal resulte em conclusões verdadeiras, não se segue que todas as proposições verdadeiras possam ser alcançadas por uma investigação ideal. Talvez existam hipóteses que mesmo em condições ideais não poderíamos justificar sua asserção ou negação. Horwich considera, a título de exemplo, as proposições com conceitos vagos, as teorias subdeterminadas pelos dados e certas suposições probabilísticas.
Além disso, por que haveria uma situação ideal única em que as opiniões poderiam ser corretamente julgadas? Ou, em termos comparativos, por que existiriam objetivamente "melhores e piores situações epistêmicas com respeito a enunciados particulares", como supõe Putnam? Pelo contrário, as evidências históricas indicam que as preferências científicas por certas teorias, métodos e objetivos cognitivos variam com o tempo, dependem do contexto da pesquisa científica, sem que se possa vislumbrar "um término ideal" a que todas essas transformações convergem.
Laudan
Uma outra importante alternativa de compreensão da mudança científica é apresentada por Laudan. Inicialmente, Laudan (1977) também foi um adepto da tese essencialista de que "existem certas características muito gerais de uma teoria da racionalidade científica que são transtemporais e transculturais", desde o pensamento dos pré-socráticos até hoje. Todavia, a partir de sua proposta de um modelo reticulado de racionalidade, Laudan (1984) muda de posição e considera que a avaliação epistêmica é sempre feita dentro de um amplo sistema de crenças fatuais, metodológicas e valorativas, que dependem uma das outras e podem sofrer mudanças ao longo do tempo. Com o tempo, podem ocorrer revisões e mudanças racionais nos três níveis da rede de compromissos científicos. Num processo holístico de arranjos parciais no interior dessa rede, cada uma de suas partes pode ser modificada e aperfeiçoada, de modo paulatino e local (portanto, sem revoluções científicas), com base em outras partes que temporariamente são admitidas, desde que certas condições relevantes sejam satisfeitas. E diferentes caminhos racionais podem ser seguidos no intento de aumentar a consistência entre os valores explícitos e implícitos na ciência. É possível assim compreender a objetividade e racionalidade das reformas científicas (na ontologia, na metodologia ou na especificação dos objetivos epistêmicos) sem assumir que exista algum núcleo fundamental de princípios e juízos de racionalidade que permaneçam invariantes durante a evolução da ciência. Desse modo, "o reconhecimento do fato de que os valores e objetivos da ciência mudam em nada impede nosso uso de uma noção robusta de progresso científico cognitivo". No caso de uma mudança científica, espera-se um ganho na credibilidade e coerência de diversos tipos de suposições (fatuais, metodológicas e epistemológicas), explícitas ou implícitas, do corpo total da ciência. Todavia, como salientam os críticos, de diferentes modos é possível obter racionalmente coerência no sistema de proposições, regras e valores da ciência. Em certos casos, diante de uma inovação incompatível com a ciência atual, podemos rejeitar a inovação e manter a credibilidade do sistema de hipóteses científicas anterior, utilizando certos tipos de razões que autorizam essa escolha. Mas podemos, em outras circunstâncias, aceitar a inovação científica e alterar algumas suposições do sistema existente, fazendo uso de padrões metodológicos conflitantes com os precedentes. Ou seja, a "racionalidade como coerência epistêmica pode subdeterminar as mudanças científicas que ela sanciona", e assim pode haver boas razões tanto para se manter quanto para se substituir uma parte do sistema. Com isso, volta-se a admitir alguma forma de "essencialismo" (em que a racionalidade se define em termos coerenciais, num nível metametodológico) e também de relativismo cognitivo, pois abrem-se diferentes caminhos igualmente bons para se alcançar a coerência epistêmica.
As referidas propostas de Putnam e Laudan nos mostram as dificuldades dos projetos epistemológicos que buscaram combater o essencialismo sem cair no relativismo. Parece legítimo perguntar: Não seria o caso de se reconsiderar a possibilidade de admitir um relativismo "moderado"? Afinal, com ele podemos conceder "juízos de superioridade relativa" em certos domínios de investigação (em que um paradigma predomina), ainda que não exista um critério universal de validade pelo qual podemos mostrar que uma mudança científica é racional e progressiva. Como o próprio Laudan reconhece, só podemos dizer que o progresso ocorreu em relação aos padrões que hoje aceitamos. Não temos de pressupor algum tipo de medida objetiva ou investigação ideal para compreendermos as mudanças racionais da ciência. Ou seja, a possibilidade de transcender nossas práticas presentes por outras práticas futuras (que expressem o melhor de nós) não requer uma noção de "validade absoluta e universal" ou de "aceitabilidade para uma comunidade ideal". Como salienta Kuhn (1970), compreendemos o progresso da ciência (as mudanças racionais da ciência) demodo retrospectivo - avaliando comparativamente um paradigma com seus predecessores - , não como um processo dirigido a um fim último e perfeito.
Deve-se notar que em um tal relativismo epistemológico "moderado" e limitado, a existência de boas razões para uma mudança científica não exclui a possibilidade de haver outras boas razões para se defender o sistema global anterior, não exclui portanto a possibilidade de incomensurabilidade local. O que se considera ser uma "forte razão" também pode sofrer modificações, dependendo das circunstâncias e dos compromissos assumidos. Assim sendo, a apresentação de boas razões nem sempre é decisiva na escolha entre constelações alternativas de crenças científicas. Em outras palavras, mesmo que a mudança científica seja racional (com apresentação de boas razões), isso não quer dizer que não seja racional manter o sistema antigo em vez de optar pelo novo (afinal, eles não lidam com os mesmos problemas, não adotam os mesmos critérios de adequação das respostas etc.). Isso se nota quando a transição de um paradigma a outro acarreta as chamadas "perdas epistêmicas", que constituem boas razões para se resistir à mudança e manter a tradição. (Por exemplo, a mecânica newtoniana não explicava, até sua plena aceitação, por que todos os planetas do sistema solar giram em um mesmo sentido, embora tal fenômeno fosse naturalmente explicado pela teoria cartesiana dos vórtices.
Concluindo, somos levados a reconhecer que a racionalidade científica não garante a formação do consenso, no sentido de que existem legítimos desacordos racionais na ciência. Nem todo procedimento racional produz consenso, assim como nem todo consenso é racionalmente fundado (por exemplo, o consenso obtido por coerção). Mas então como devemos explicar a mudança científica, a formação do consenso em torno de um novo paradigma científico? A nosso ver, a solução não estaria em negar o relativismo cognitivo (tentando reafirmar o império da razão universal), mas sim em reconhecer os limites do que pode ser estabelecido em um debate racional, mesmo no domínio da ciência. por:Rayssa Brasil
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MD/Direito/Estácio/Período-01/CCJ0001/Aula-001/WLAJ/DP
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