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Matheus dos Santos Correia UniFG - Medicina 1 PROBLEMA 4 – CUIDADO COM O CORTICOIDE 1- Estudar ciclo da parasitose, quadro clínico, diagnostico, tratamento e prevenção (estrongiloidíase, áscaris, Necator americanos – Ancylostoma duodonale, ancilostomíase). Estrongiloidíase Ciclo de vida Strongyloides stercoralis é o nome da espécie que causa estrongiloidíase. Essa espécie é um nematodo de tamanho pequeno. A fêmea adulta é a forma parasitária adulta dessa doença, cabe destacar que a fêmea é partenogenética a qual vive na mucosa duodenal e jejunal do ser humano, além de se apresentar em forma livre no solo. Devido essa espécie apresentar duas formas de vida, livre e parasitária, ele é classificado como dimorfobiótico. Esse tipo de nematódeo tem uma propriedade importante para que possamos compreender seu ciclo de vida que é a capacidade da fêmea realizar partenogênese. Para entendê-la é importante saber que a fêmea parasita, a qual apresenta a capacidade de depositar seus ovos embrionados na intimidade da mucosa intestinal, apresenta uma característica triploide (3n) isso permite que ela dê origem a três linhagens distintas: (1) larvas rabditóides triploides (3n) – que se transformam em filarióides infectantes, ciclo direto – (2) larvas diploides rabditoides (2n) – que dão origem as fêmeas de vida livre; (3) larvas rabditoides haploides (1n) machos de vida livre. O conhecimento dessas três linhagens distintas permite o conhecimento dos diferentes ciclos de vida que esse tipo de verme possui. mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar Matheus dos Santos Correia UniFG - Medicina 2 O ciclo evolutivo da Strongyloides stercoralis é muito semelhante a dos ancilostomídeos, devido a presença de dois tipo de formas larvais e método de infecção, sendo que as larvas filarioides apresentam a capacidade de penetrar a pele sã. O ciclo dessa doença pode ser divido em direto e indireto. As fêmeas parasitas residem na mucosa duodenal e mucosa intestinal, mergulhada nas criptas, sobretudo, nas glândulas de Liberkuhn (as formas graves dessa doença pode ser apresentar espalhadas na porção pilórica do estômago até o intestino grosso). As fêmeas depositam seus ovos nessa mucosa, dando origem a larvas rabditoides (L1). Essas larvas seguem o fluxo intestinal e ganham o meio externo junto com as fezes. No ciclo direto as larvas rabditoides (L1) se transformam em filarioides (L2), forma infectante, as quais sobrevivem no solo até que penetre a pele de outro indivíduo. Nesse processo, uma vez que essas larvas penetram a pele de hospedeiro elas apresentam a capacidade de ganhar a circulação sistêmica através da circulação sanguínea e linfática, alcançando os pulmões, por meio dos seus capilares. Essa larva apresenta a capacidade de atravessar os alvéolos e penetrar a árvore respiratória até chegar a laringe, onde ela pode expectorada (eliminada) ou deglutida até ser destinada para seu habitat preferido, o duodeno e jejuno. No ciclo indireto as larvas rabditoides ao invés de se desenvolverem em filarioides e infectantes, elas se amadurecem em machos e fêmeas de vida livre. Esse macho e fêmea fecundam no solo, põem seus ovos nesse local, onde vai ocorrer a maturação de rabditoide em filarioide e daí a entrada dessa larva infectante (3n), novamente, no ciclo direto. A autoinfecção é talvez o mais importante processo envolvido no ciclo dessa larva. Esse nematodo tem a capacidade de autoinfestação no corpo humano que pode ser interna ou externa. A primeira acontece quando essas larvas rabditoides ainda no cólon se maturam em filarioides completando o ciclo pulmonar. Esse fato explica como o parasitismo da estrongiloidíase pode durar anos, mesmo na ausência de uma reifecção. Em casos raros desse tipo de infestação é possível encontrar fêmeas nos pulmões, ocorrendo quando a doença está associada a uma mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar Matheus dos Santos Correia UniFG - Medicina 3 constipação ou uma imunossupressão do hospedeiro. O outro tipo de autoinfecção é a externa, quando larvas da região perianal penetram ativamente a pele e completam seu ciclo. Esse tipo, geralmente, acomete crianças ou idosos que fazem o uso de fraudas, basta ver que esse mecanismo de infestação está relacionado com os hábitos de higiene. Em algumas situações de imunossupressão ou o uso de corticoides favorece a autoinfecção por esse nematoto, visto que pode agravar o seu caos, devido a sua intensa disseminação para vários órgãos, até mesmo órgãos que não fazem parte do ciclo natural desse ser vivo. Essa situação é classificada como hiperinfecção. Cabe destacar que essas larvas normalmente levam consigo bactérias e fungos o que pode ocasionar várias infecções secundárias, como pneumonia, meningite, peritonite, endocardite e sepse, sobretudo, por Gram-negativos. Patogenia A patogenia envolvida no processo de infestação por esse helminto está relacionada com a capacidade de resposta imune do hospedeiro nos locais de infecção. Essa resposta pode ser localizada ou restrita graças aos mecanismos de defesa do hospedeiro e a desensibilização da ação dos eosinófilos no processo. A resposta imune envolvida nesse mecanismo é a humoral associada a ativação do sistema complemento. mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar Matheus dos Santos Correia UniFG - Medicina 4 A cronicidade da infestação derivada da capacidade de autoinfecção permite a sensibilização do organismo em vários locais, visto que essa forma se apresenta disseminada no organismo, o que resulta na formação de anticorpos. O principal anticorpo envolvido é o IgE o qual uma vez ligado na superfície do parasita permite a degranulação dos mastócitos e eosinófilos para liberação de citocinas pró-inflamatórias e histamina. A uma relação muito intensa entre o IgE e os eosinóifilos, sendo que eles desempenham uma proteção do hospedeiro, sendo assim, em indivíduos imunocompetentes é esperado que uma eosinofilia seja identificada, enquanto em imunossuprimidos a eosinopenia é sinal de mau prognóstico. Além da ação das imunoglobulinas é possível ver a ação humoral das células T, sobretudo, em uma resposta Th2 com respostas anti-inflamatórias na tentativa de resolver o problema. É sabido que essas respostas imunes sozinhas não são capazes de conter a ação do parasita. No processo de patogenia é importante ressaltar que o uso de corticoides ou a presença de seus metabólitos acarreta um efeito estimulante para as larvas, permitindo sua conversão rapidamente em filarioides e favorecendo a autoinfecção. Além disso, essas substâncias permitem o aumento da postura de ovos. Quadro clínico O inicio da infecção por esse tipo de verme, normalmente, começa de forma assintomática. Quando há o aparecimento de sintomas, eles seguem a lógica do ciclo evolutivo desse nematodo o que vai permitir o aparecimento de sinais e sintomas decorrente da sua localização e inflamação em diversos órgãos. Na maioria das vezes a infestação por essa larva pode desenvolver uma duodenojejunite que cursa principalmente com dor epigástrica em queimação a qual apresenta uma piora quando há a ingestão de alimentos. Esse achado pode simular a úlcera péptica duodenal. A diarreia é um sintoma frequente, alguns pacientes podem apresentar dor abdominal, mal-estar, pirose, sonolência, náuseas e vômitos. A eosinofiliaé um achado frequente. A infestação, sobretudo, na mucosa intestinal vai ocasionar uma síndrome disabsortiva (perda da absorção de alguns nutrientes, já que a função principal do intestino delgado é absorver), o paciente pode apresenta esteatorreia, hipoalbubinemia e anasarca (inchaço) associado com a atrofia das vilosidades. Na endoscopia digestiva é possível notar um duodeno edemaciado, com erosões e espessamento. Em casos graves é possível notar rigidez difusa da parede. Um diagnóstico diferencial a ser traçado é com a tuberculose intestinal, doença de Crohn e linfoma intestinal. A estrogiloidíase faz parte do grupo das doenças que causam a síndrome de Loeffler, sendo marcada por um quadro brando de tosse, sibilância e infiltrados pulmonares migratórios. Manifestações dérmicas também estão presentes marcando 90% dos pacientes apresentam uma irritação dérmica causada pela hipersensibilidade derivada da entrada da larva diretamente. Em alguns casos pode apresentar um achado denominado de larva currens que é uma lesão característica puriginosa de aspecto linear, simulando o trajeto percorrido pela larva. mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar Matheus dos Santos Correia UniFG - Medicina 5 Diagnóstico O diagnóstico da estrongiloidíase pode ser subdividido entre específico e inespecífico. Quanto ao diagnóstico específico podemos fazer a utilização do exame parasitológico de fezes através do método de Bearmann-Moraes o qual apresenta alta sensibilidade e especificidade. Esse método consiste na coleta de fezes durante três dias consecutivos, visto que nem sempre a fêmea vai por ovos, somente assim será possível ter uma análise mais completa da doença. Além desse, temos o aspirado duodenal através da endoscopia ou a utilização de uma cápsula gelatinosa que é deglutida e recuperada depois de algumas horas para análise do conteúdo duodenal. Esses dois últimos métodos são poucos utilizados, devido a seu caráter invasivo o que dificulta sua utilização na rotina médica. Na estrongiloidíase disseminada em que o verme se encontra em vários órgãos e líquidos, inclusive no líquor, podemos dispor de testes sorológicos como ELISA (teste imunológico que permite a identificação de imunoglobulinas produzidas por algumas doenças), hemaglutinação indireta e imunoflorescênica indireta. Cabe destacar que os anticorpos permanecem elevados no organismo por muito tempo, isso impede a diferenciação entre os casos agudos e crônicos em estudos nos locais endêmicos para esse tipo de doença. O diagnóstico inespecífico pode ser realizado através de um leocograma na identificação de uma eosinofilia. Sabemos que a eosinofilia em casos crônicos e não complicados se apresenta de forma discreta, enquanto em situações de hiperinfecção não há eosinofilia, Em achados de eosinopenia é classificado com mau prognóstico para essa doença. Tratamento O tratamento é indicado para toda pessoa infectada, bem como os membros da família, sendo que em casos coletivos é importante que todos sejam tratados. O controle de cura é identificado 7º, 14º e 21º da instauração do tratamento. Bastante utilizados, mas devido seus efeitos adversos, intolerância gástrica e sintomas neurológicos (sonolência), deixaram de ser utilizados como primeira escolha. mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar Matheus dos Santos Correia UniFG - Medicina 6 A profilaxia é muito importante para esse tipo de doença, já que é sabido que essas doenças fazem parte das doenças negligenciadas e prevalentes nos países em desenvolvimento. Como as larvas filarioides encontram-se espalhadas do solo é importante à adoção de medidas de higiene, tratamento sanitário adequado, lavagem dos alimentos e utilização de calçados. Uma curiosidade é que pacientes portadores de HIV devem ser acompanhados e deve ser investigada a presença desse tipo de doenças, embora tenham um baixo risco de disseminação. Além disso, ficar atento para o parasitismo sub-clinico na utilização de corticoides para tratamento de outras doenças. Ascaridíase Ciclo de vida O Ascaris lumbricoides comumente conhecido como “lombriga” é muito presente em casos de doenças ocasionadas pela falta de saneamento básico e condições de higienes adequadas. O macho é menor que a fêmea, ele atinge 20 cm enquanto ela 35 cm. Esse tipo de verme infesta o intestino do homem geralmente o jejuno e/ou íleo. O Ascaris faz parte do grupo de vermes que realizam o ciclo pulmonar de Looss, resultante de síndrome eosinofílica de pulmonar de Loeffler. A infestação por essa doença se deve a ingestão dos ovos contaminados no solo, água ou nos alimentos. Esses ovos apresentam uma característica importante que os confere resistência, sendo que eles só “amolecem” em situações favoráveis para infecção. Sendo assim, eles podem permanecer em estado latente durante meses e anos, isso depende muito das condições climáticas as quais eles são submetidos. Estes ovos são ingeridos pelo homem, tendo sua casca amolecida ao passar pelo estômago. Ao chegar ao duodeno às larvas são libertas e iniciam o ciclo de infestação. Elas ganham a circulação sistêmica através da penetração na mucosa intestinal no nível de ceco, invadindo o fígado através da drenagem venosa pela veia porta. Do fígado ela ganha a circulação sistêmica ao alcançar a veia cava inferior, assim, chegando ao coração direito e indo em direção aos pulmões. A sua chega aos pulmões (atraídos pelo O2) é um marco importante o qual coincide com o quarto ou quinto dia de infecção. Nos pulmões a larva sofre um processo de muda, sendo possível ela atravessar os alvéolos e subir toda árvore traqueobrônquica com auxílio dos cílios. Uma vez que chegam à faringe, a larva do Ascaris é deglutida e vai em direção ao seu habitat preferido: o intestino delgado, onde eles se transformam em mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar Matheus dos Santos Correia UniFG - Medicina 7 adultos. Todo o ciclo tem duração de 60 a 75 dias que vai desde a ingestão dos ovos, até a postura de novos. Cabe destacar que o Ascaris não se multiplica no hospedeiro humano, a quantidade de larvas é diretamente proporcional a ingestão de ovos. O tratado de infectologia, Veronesi, apresenta uma classificação didática das formas larvais para melhor compreensão do seu ciclo. A larva dentro do ovo apresenta várias mudas e estágios de maturação, sendo que quando a larva está no estágio L3 (já sofreu duas mudas) se encontra no estado infectante. É nesse estágio infectante que a larva permanece até que encontre condições favoráveis para sua infestação no organismo humano. Ao penetrar o organismo e ganhar circulação sistêmica, sobretudo, quando chega aos pulmões durante o quinto dia ocorre a terceira muda, passando a ser agora L4. Após alguns dias, a larva passar por sua quarta muda, passando agora a ser L5, penetrando os alvéolos e ganhando a árvore traqueobrônquica. A longeividade dos Ascaris adultos pode alcançar 2 anos, sendo que eles se alimentam dos produtos da digestão do ser humano, sobrevivendo no lúmen intestinal, mesmo sobre a presença de peristaltismo desse órgão. Quadro clínico Na presença isolada de um exemplar desse verme não causa sintomas no hospedeiro, no entanto, quando o número aumentacomeça a surgir os sintomas que na sua maioria são inespecíficos. A dor abdominal, náuseas, vômitos e diarreia são frequentes. Como esses vermes mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar Matheus dos Santos Correia UniFG - Medicina 8 estão presentes no intestino do hospedeiro humano vai haver competição pelos resultados da digestão o que pode reduzir o estado nutricional do hospedeiro, muito evidente em crianças. Quando há um enorme número de larvas pode cuasar uma obstrução intestinal, frequentemente, na valva ileocecal, sobretudo em crianças (famoso “bolo de áscaris”). Esse pode ser o mecanismo de pelo menos 40% dos casos de obstruções intestinais em crianças em países subdesenvolvidos. Um aspecto peculiar desse tipo de larva é sua intensa movimentação o que permite o alcance de algumas estruturas intestinais que apresentam intenso movimento e atividade. Essa característica permite com que esse tipo de verme possa alcançar orifícios importantes na árvore biliar ou pancreática. Sendo assim, o paciente pode apresentar uma dor abdominal intensa aguda, com uma cólica biliar. A presença de icterícia é incomum, mas quando há o comprometimento do ducto colédoco pode se evidenciar. Quando a larva obstrui o ducto pacreático o paciente pode cursar com uma sintomatologia de pancreatite aguda (dor abdominal intensa, peritonite, irradiando para lombar). Diagnóstico O diagnótico é atingido através dos exames parasitológicos de fezes através dos métodos de sedimentação de Lutz ou Hoffman ou métodos de suspensão de Faust, para avaliar o peso do ovo e sua quantificação. Exames radiológicos podem revelar falhas de enchimento que nada mais é do que o bolo de áscaris. Tratamento O tratamento visa destruir todas as formas adultas residentes no hospedeiro humano. É importante se atentar para as complicações como a formação de bolos de áscaris, sendo que mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar Matheus dos Santos Correia UniFG - Medicina 9 drogas do grupo benzimidazólicos devem ser evitadas, pois seu mecanismo de ação é irritar o verme, provocando sua migração. Ancilostomíase (Amarelão) Ciclo biológico Necatur americanus e Ancylostoma doudenalis são dois helmintos da classe nematoda que causa a infecção denominada de ancilostomíase. Ambos são parasitas que vivem no duodeno e jejuno proximal do ser humano. Seu ciclo apresenta uma importante diferença em relação ao do Ascaris, pelo fato que sua infeção se deve ao fato da penetração da larva infectante e não da ingestão dos ovos. As fêmeas põem seus ovos no lúmen intestinal os quais são exteriorizados junto com as fezes do hospedeiro. A eclosão desse ovo ocorre quando o mesmo está esposto em condições favoráveis (alta temperatura e umidade), dando início ao ciclo larvar. A larva inicial é a rabditoide (L1) a qual sofre duas mudas passando a ser infectante (L3). A larva infectante é denominada de filarioide, cujo pescoço apresenta um aspecto mais alongado. Esse tipo tem a capacidade de locomoção bem acentuada através de movimentos serpentiformes e a capacidade de penetrar a pele do hospedeiro. Sobre essa penetração é importante destacar que ela normalmente acontece quando os indivíduos encontram-se descalços ou quando a larva penetra os espaços interdigitais dos folículos pilosoos. As larvas filarioides ao penetrar no hospedeiro alcançam a circulação sistêmica através dos vasos sanguíneos e linfáticos superficiais. Uma vez na circulação sanguínea essas larvas caem no coração direito e alcança os vasos pulmonares, sendo atraídos pelo oxigênio. Nesse momento, elas sofrem a última muda e se maturam em L4. Nos pulmões elas migram pela árvore mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar Matheus dos Santos Correia UniFG - Medicina 10 traqueobrônquica de forma ascendente e são deglutidas. Elas resistem à passagem pelo estômago e se depositam no duodeno e jejuno. Após 6-7 semanas desse mecanismo a fêmea já está pronta para produzir novos ovos e reiniciar o ciclo. Quadro clínico O quadro clínico das infestações causadas por esses dois agente vai cursar de forma semelhante. É sabido que esses dois nematódeos tem a capacidade de ancorar no duodeno no hospedeiro, sendo assim, ele é capaz de formar pequenas hemorragias através de pequenas erosões e ulcerações da mucosa. Os vermes ingerem e digerem o sangue do hospedeiro, por meio da liberação de anticoagulantes que inibem os fatores Xa e VIIa contra a agregação plaquetária. A ingestão de sangue varia de espécie para espécie, sendo que N. americanos consome em média 0,05 mL/dia, enquanto a A. duodenale 0,2 mL/dia. O consumo de sangue vai ocasionar o aparecimento de uma anemia ferropriva. Embora os casos de infestações por esses helmintos sejam assintomático, quando há o aparecimento de sintomas os principais fazer parte do quadro gastrointestinal agudo: náuseas, vômitos, dor abdominal e flatulências. Sinais e sintomas da síndrome disabsortiva também estão presentes: hipoalbuminemia, desnutrição proteica e anasarca. O achada periférico de eosinofilia leve e moderada pode está presente. Além disso, os achados da síndrome de Loeffler: tosse seca e sibilância. Diagnóstico O diagnóstico é o mesmo, com a análise do exame parasitológico nas fezes para a identificar a presença de ovos e determinar sua quantidade, através de métodos específicos de Lutz, Willis ou Faust, e Kato-Katz. Tratamento 2- Abordar o mecanismo de ação dos corticoides e efeitos adversos. Compreender a interação dos corticoides com a parasitose. Fisiologia da glândula suprarrenal mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar Matheus dos Santos Correia UniFG - Medicina 11 A glândula suprarrenal como já sabemos está localizada na parte superior dos rins, sendo um importante componente do sistema endócrino do ser humano. Essa glândula é dividida em duas partes, córtex e medula, para que possamos compreender seu funcionamento fisiológico, bem como ressaltar as diferenças embriológicas que existem. Inicialmente, a medula está relacionada com a síntese e secreção de epinefrina e outras catecolaminas, enquanto o córtex está envolvido na produção de esteroides. O córtex é dividido em três camadas, sendo que cada uma possui um função distinta. (1) camada glomerulosa está relacionada com os mineralocorticoides – balanço eletrolítico; (2) camada fasciculada os glicocorticoides – função anti-inflamatória; (3) zona reticulada está relacionada com a síntese de DHEA – percursor de hormônios andrógenos. As três zonas do córtex utilizam o colesterol como matéria prima para síntese de seus produtos, sendo que o que difere entre essas camadas é a presença de proteínas CYP específicas que são responsáveis pelo metabolismo do colesterol. EIXO HIPOTALÁMICO-HIPOFISÁRIO-SUPRARRENAL Esse eixo envolve o hipotálamo, a hipófise e a suprarrenal. O início desse eixo ocorre por meio do Hipotálamo, no qual promove a secreção do CRH (hormônio liberadorde corticotropina) e a APV (arginivasopressina) no sistema porta-hipofisário. O CRH estimula a liberação do ACTH, enquanto a AVP aumenta a interação da CRH e as células da hipófise, aumentando a liberação do ACTH. Em resposta, a hipófise libera o ACTH, que ao chegar à adrenal promove a secreção dos glicocorticoides.Que vai gerar uma retroalimentação em nível de hipófise e hipotálamo. Essa retroalimentação negativa dos glicocorticoides possui uma Via Indireta, no qual ela vai regular a liberação através do hipotálamo. Enquanto que na Via Direta essa regulação é feita à nível de hipófise. Utilizando os receptores GR. Além disso, a regulação desse eixo pode ser feita por meio do Ritmo circadiano, no qual promove uma manutenção dos níveis basais de cortisol, com um pico que promove o despertar. Farmacocinética O cortisol ou hidrocortisona é uma substância que exerce várias funções no organismo, incluindo regulação do metabolismo intermediário, função cardiovascular, crescimento e imunidade. É importante ressaltar que seus níveis são regulados por um sistema de retroalimentação negativo de acordo com seu nível sérico, independente dele ser endógeno ou exógeno. No adulto a concentração de cortisol circulante segue a lógica de pulsátil, sendo ela de 10 a 20 mg por dia. A sua velocidade de secreção depende como foi dito do pico de ACTH o qual está intimamente relacionado com o ciclo circadiano. Na circulação o cortisol se liga a proteínas plasmáticas, sendo a principal a alfa-2 globulina a qual é sintetizada pelo fígado, sendo Matheus dos Santos Correia UniFG - Medicina 12 responsável pelo transporte de 90% do cortisol pelo organismo. Outra porcentagem pode ser distribuída através da albumina, no entanto sua interação com esses corticoides são mais fracas, por exemplo, a dexametasona em maior parte se liga a albumina e não a CBG. É importante dizer que essa proteína sintetizada pelo fígado pode se apresentar em alta concentração na gravidez ou na ingestão de progesterona, bem como, reduzida quando há problemas na síntese hepática causada por um hipotireoidismo ou defeitos genéticos. A meia-vida do corticoide é de 90 minutos podendo se elevar quando se aumenta sua concentração em situações de estresse ou administração de novos medicamentos. À medida que o cortisol vai sendo distribuído pelos tecidos ele ao passar pelo fígado vai sendo biotransformado, sendo que sua metabolização ocorre nesse órgão. Seus metabólitos são conjugados com o ácido glicurônico ou sulfato para ser excretado através da urina. Farmacodinâmica O mecanismo de ação desses fármacos é semelhante aos corticoides endógenos, eles interagem com os receptores nucleares das células induzindo uma cascata de eventos de transcrição. Esses receptores por ser nuclear interagem com o DNA e ativa mecanismos de transcrição específicos que auxiliam na desestimulam os fatores de crescimento, perda da síntese de citosinas inflamatórias, gerando uma imunossupressão. Efeito anti-inflamatório Um dos principais usos terapêuticos dos corticoides é devido sua ação anti-inflamatória. Esse efeito é atingido através da redução da função e quantidade de leucócitos, bem como a redução de citocinas e fatores agregantes que são importantes para o mecanismo de inflamação. Como sabemos, toda inflamação vai resultar em extravasamento do plasma e atração (quimiotaxia) de células de defesa, sendo assim os corticoides agem contra essas duas propriedades. Os corticoides têm ação tanto nos macrófagos, como nas células apresentadoras de antígenos, essas últimas tem sua função reduzida o que impede dos macrófagos reconhecer os corpos estranhos e realizar sua atividade fagocitária. Sendo assim, há uma redução na função dos macrófagos. Além dessa capacidade, os macrófagos perdem a ação de produzir o fator de necrose tumoral alfa, IL-1, metaloproteinases e o ativador de plasminogênio. Além disso, há intensa redução na produção da IL-2 e interferon-gama que são importantes na resposta Th1 dos linfócitos T. Matheus dos Santos Correia UniFG - Medicina 13 Outra capacidade desse grupo é redução na síntese de prostaglandinas, leocotrienos e fator de agregação plaquetária. Além de reduzir a síntese da ciclo-oxigenase-2. Os corticoides causam uma vasoconstrição quando aplicados topicamente, por inibir a degranulação dos mastócitos, além de reduzir a permeabilidade vascular pela redução de secreção de histamina pelos basófilos e mastócitos. Estabiliza as membranas dos lisossomos (impedindo a liberação de enzimas) Inibe a formação de citocinas Bloqueio da via do ácido araquidônico (bloqueando a síntese de COX-2 e aumentando a síntese de lipocortina 1 a qual inibe a fosfolipase A2) O corticoide não altera a síntese de prostaglandina E1 e E2, sendo assim não exerce efeitos sobre o muco protetor gástrico e nem sobre o fluxo sanguíneo. (ela aumenta a secreção de muco) EFEITOS ADVERSOS Quando os glicocorticoides são usados por um curto período (<2 semanas) não é comum observar a ocorrência de efeitos colaterais graves, mesmo com a administração de doses moderadamente grandes. No entanto, naqueles pacientes que utilizam corticoides por mais de duas semanas, sofrem uma series de alterações denominadas de Síndrome de Cushing iatrogênica. Observa-se a presença de um rosto arredondado, ocorrência de tumefação. A gordura costuma ser redistribuída para o tronco e nuca. Pode-se verificar o aparecimento da acne pontilhada induzida por esteroides, além da ocorrência de insônia e aumento do apetite. A degradação continua de proteínas e o desvio os aminoácidos para a produção de glicose aumenta as necessidades de insulina e com o passar do tempo, resulta em ganho de peso, miopatia, diabetes. Outros efeitos colaterais incluem ulceras pépticas e suas consequências. 3- Relacionar os fatores socioambientais com a ocorrência das parasitoses. Cada tipo de parasitose tem a sua própria maneira de contaminação. A maioria delas pode ser evitada por medidas simples de higiene e limpeza, saneamento básico e uso de calçados. CONTAMINAÇÃO FECAL-ORAL É a maneira mais simples e mais comum de infestação. Os ovos dos vermes são eliminados do organismo através das fezes. Quando os ovos são ingeridos com a água ou a alimentação, os parasitas ativos encontram condições propícias para o seu desenvolvimento e a infestação do novo organismo hospedeiro. Para evitar-se este tipo de parasitose, são importantes: 1. O tratamento adequado das fezes. O saneamento básico é fundamental. A utilização do vaso sanitário conectado à rede de esgoto tratado é a grande arma para o controle das parasitoses. Na ausência da rede de esgoto, a utilização de fossa cavada a boa distância da fonte de água potável, fechada e isolada, é solução mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar mathe Destacar Matheus dos Santos Correia UniFG - Medicina 14 satisfatória para quem reside em chácara ou no meio rural. Jamais evacuar no solo e, muito menos, utilizar as fezes para adubar plantações de alimentos. 2. O tratamento adequado da água. Deve-se filtrar a agua para torna-la potável. Se a água não for clorada na rede, você deve fervê-la ou adicionar cloro (que é fornecido gratuitamente na rede pública), depois, filtrá-la. Purificadores de água também são boa opção para substituir o processo de filtragem. 3. O tratamento adequado dos alimentos. Todos os vegetais como frutas, verduras, tubérculos e legumes, devem ser cuidadosamente lavados em água corrente e clorados, para eliminarem-se eventuais ovos de parasitas presentes no solo. 4. Os hábitos de higiene. Hábitos de higiene são fundamentais para evitar a contaminação e a infestação parasitária pelo mecanismo fecal-oral. Ensinar, habituar e insistir para que a criança lave as mãos após ir ao banheiro e antes das refeições é a melhor maneira de evitar que os minúsculos ovos de parasitas alojados nas mãos e unhas sejam ingeridos, fechando o ciclo vicioso ou disseminando a doença para outras pessoas. Manter as unhas sempre bem aparadas evita o acúmulo de sujeira e a contaminação subsequente. CONTAMINAÇÃO PELA PELE 1. Penetraçãode larvas presentes no solo. Alguns parasitas conseguem adentrar o organismo humano através da pele desprotegida. É o caso dos vermes que causam o amarelão (ancilostomose) e os comuns bichinhos de areia (larva migrans cutânea), cujas larvas, presentes no solo ou na areia contaminada por fezes humanas ou de animais, penetram ativamente na pele descoberta. Para evitar a contaminação, é importante a eliminação das fezes humanas e o uso de calçados ao andar na terra e na areia. 2. Penetração de larvas presentes na água. É o caso de graves parasitoses, como a esquistossomose mansônica (barriga-d'água), cuja contaminação acontece em lagos ou pequenos cursos d'água infectados através de caramujos, que servem como hospedeiros intermediários. Para evitá-las, basta não nadar em águas de rios e lagos onde não se tenha absoluta certeza da inexistência dos caramujos transmissores. 4- Entender a relação da eosinofilia com o diagnóstico de parasitose. A eosinofilia consiste no aumento do número de eosinófilos no sangue periférico, ultrapassando os limites de referência (500/ µL). A sua contagem é realizada através de contadores eletrônicos que detectam seus pigmentos os quais podem apresentar erro quando contem um pigmento malárico fagocitado pelo neutrófilo, confundindo essa célula com um eosinófilo. O número de eosinófilos circulantes no corpo é relativamente baixa, apresentam uma maior concentração quando se trata de tecidos abdominais, como intestinos. A sua incidência aumentada pode ser considerada quando nos tratamos em pessoas que apresentam um baixo Matheus dos Santos Correia UniFG - Medicina 15 nível socioeconômico, visto que as parasitoses têm a capacidade de aumentar o nível sérico de eosinófilos, eosinofilia. A sua interpretação pode ser distinta, um aumento pode traduzir um efeito danoso pró- inflamatório, ou benéfico quando nos deparamos com parasitoses. A análise do leucograma a contagem de eosinófilos e o nível sérico de IgE podem estar elevados em várias situações, inclusive em parasitoses. O normal como foi dito acima até 500 células/ µL, sendo uma porcentagem de 3%. O eosinófilos são células binucleadas com grânulos específicos de eosina (acidófilos), compostos por compostos por lisossomas ricos em fosfatase ácida. Eles apresentam uma vida média de 18h na corrente sanguínea, sendo que quando são recrutados por alguns órgãos e tecidos podem permanecer até 2 semanas. A eosinofilia é considerada quando ultrapassamos o limite de 500 células, sendo de caráter leve de 500-1500 células, moderadas de 1501-5000 células e intensa acima 5000 células. Nem todas as infestações parasitárias conseguem induzir uma eosinofilia, sendo que parasitas que vivem livres na luz intestinal podem não induzir, mas quando há invasão tecidual eles induzem a eosinofilia. A principal função do eosinófilo não é a fagocitose, mas sim a liberação por exocitose PBM (proteína básica maior) a qual é tóxica para os parasitas. As infestações por parasitas podem ser dividas em formas agudas e crônicas, o que também reflete na resposta dos eosinófilos. Na fase aguda pode haver irritação da mucosa pulmonar e intestinal a depender do ciclo de vida do parasita em questão. Desse modo, há uma indução de eosinofilia, bem como o aumento do IgE específico, produto da resposta humoral, que é fundamental para o recrutamento dos eosinófilos. Quando há a cronicidade da infestação o IgE total pode aumentar e variar de acordo com o ciclo do parasita, sendo que ele consiste na soma do IgE específico e policlonal apresenta um aumento na sua cronicidade quando há um equilíbrio na relação do hospedeiro e o parasita, não deixando de existir a infecção. RESPOSTA IMUNE AOS HELMINTOS Vamos ter a predominância da resposta imune adaptativa contra os helmintos. Isso acontece, porque as infecções por helmintos geralmente são crônicas. Inicialmente, as células apresentadoras de antígenos vão reconhecer os helmintos, e através do MHC II vai apresentar esse antígeno a uma célula TCD4. Com a ativação da TCD4 ela vai se diferenciar em uma célula THelper 2 por ação da interleucina 4 liberada principalmente pelos mastócitos ou pela própria TH2. O TH2 vai determinar a produção do IgG4 e do IgE. A IgG vai realizar a neutralização dos patógenos, além de ativar o complemento e realizar a opsonização. Matheus dos Santos Correia UniFG - Medicina 16 No entanto, a atuação do IgE se torna mais importante, pois ela vai se ligar aos eosinófilos e mastócitos ativando essas células. Os eosinófilos a partir do momento que são ativadas vai produzir a proteína básica principal que tem uma ação citotóxica que lesa as células dos helmintos. Já os mastócitos ativados vão produzir histamina, que aumenta a secreção de muco no intestino, facilitando a neutralização do helminto, pois o muco é uma barreira física. Além disso, aumenta o peristaltismo no intestino, facilitando a saída dos helmintos no organismo. Além disso, a Th2 vai produzir algumas citocinas, como a IL-4 e a IL-13 que vão aumentar a secreção de muco. E a IL-5 que vai atuar ativando eosinófilos.
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