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Doenças Relacionadas à Agressão ao Meio Ambiente: "Cavalo de Troia"

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Matheus dos Santos Correia 
UniFG - Medicina 
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PROBLEMA 1 – CAVALO DE TROIA 
1) Definir intoxicação aguda, DL, toxicidade, antidoto, veneno e xenobiótico. 
a) Intoxicação aguda 
As intoxicações agudas são bastante prevalentes no Brasil e no mundo ocupando um lugar de 
destaque nas principais causas de mortalidade de crianças e adultos que compõe a população 
economicamente ativa. Dentre as principais causas para esse tipo de intoxicação temos as 
causadas por animais peçonhentos e plantas tóxicas, exposição a diversas substâncias químicas 
(praguicidas fármacos e drogas). Um dado que revela a tamanha importância dessas intoxicações 
é que o acidente ocasionado por picadas de cobras peçonhentas foi adicionado, pela a OMS em 
2017, a lista de doenças negligenciadas após o 10º Encontro do Grupo Consultivo Estratégico e 
Técnico para Doenças Tropicais Negligenciadas. 
As intoxicações acidentais ou intencionais apresentam uma significativa morbidade agregada, 
mortalidade e despesas em todo o mundo. A ocorrência o não dos efeitos nocivos dependem de 
diversos fatores, tais como: intensidade e frequência da exposição, a dose e a quantidade 
absorvida. Sabemos que as intoxicações são classificadas entre agudas e crônicas, sendo que 
essa classificação se baseia na intensidade e frequência da exposição ao agente nocivo. Desse 
modo, para entendermos o que significa intoxicação aguda devemos compreender que ela se 
caracteriza por uma manifestação clínica, sinais e sintomas, decorrente de uma exposição ou de 
múltiplas exposições no intervalo de 24h. 
É importante termos em mente que as intoxicações agudas são classificadas como emergência 
clínica, sendo que todo o paciente deve ser classificado com um estado potencialmente grave 
mesmo sem manifestação clínica aparente. Sendo assim, a abordagem inicial, pré-hospitalar, é 
de suma importância para garantir precocemente uma abordagem efetiva a esse indivíduo. 
b) Toxicidade 
A toxicidade está relacionada com as propriedades intrínseca e potencial associada ao agente 
químico que apresenta a capacidade de produzir algum efeito ao organismo. A toxidade não pode 
ser definida como um aspecto molecular do agente químico, mas deve ser entendida como uma 
cascata de eventos que iniciam com sua exposição, distribuição, biotransformação e eliminação. 
Desse modo, a toxidade está relacionada com todas as interações orgânicas que o agente 
químico pode estabelecer com o organismo. Para realizar a medida da toxidade de um agente 
químico deve considerar se é aguda ou crônica a intoxicação, a idade, gênero, genética, dieta e 
condição fisiológica ou estado de saúde. O fator mais importante para esse cálculo é a 
variabilidade genética, sendo que o resultado dele culmina no que chamamos de dose letal média 
(DL50). 
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c) Antídoto 
O antídoto é um agente químico que tem a capacidade de exercer um efeito antagonista com o 
agente tóxico. 
É um fármaco (substancia ou mistura) que age dentro do organismo para reverter o efeito do 
veneno, neutralizando-o quimicamente. O antidoto pode agir contra o veneno em qualquer uma 
das suas fases, seja na absorção, distribuição ou biotransformação. 
É importante dizer que os antídotos também apresentam toxicidade, sendo necessário o 
conhecimento de sua cinética e dinâmica no organismo. 
d) Veneno 
Consiste em um conjunto de substâncias que são de origem biológica (animal ou vegetal) 
capaz de causar efeitos ou alterações nocivas a órgãos ou sistema vivos quando estabelecem 
uma interação com os mesmos. 
e) Xenobiótico 
Xenobiótico é um termo que serve para designar toda e qualquer substâncias químicas 
estranhas ao organismo. Desse modo, podemos entender que os agentes poluentes da 
atmosfera e metais tipo chumbo englobam essa classificação. Não somente os agente estranho, 
mas em questão de quantidade ou concentração alguma substâncias podem ser classificadas 
como xenobiótico. Por exemplo, o manganês é uma substância importante para o nosso 
organismo, sendo que em concentrações elevadas pode causar intoxicação grave e irrevessível. 
Dependendo da exposição toda substância pode causar intoxicação ao ser vivo. Inclusive, os 
medicamentos seguem uma lógica de dose, posologia, para determinado grupo de indivíduos. 
Quanto maior a dose maior será os efeitos adversos. Dessa maneira, os fármacos podem ser 
considerados como venenos em consideração a sua posologia. 
2) Caracterizar as fases da intoxicação aguda. 
Os complexos eventos que estão envolvidos na intoxicação até o aparecimento dos sinais e 
sintomas podem ser divididos de forma didática, eles são: fase de exposição, fase toxicocinética, 
fase toxicodinâmica e fase clínica. 
 Fase de exposição 
Nessa fase as superfícies externas e internas estão em contato direto com o agente 
xenobiótico. Devemos considerar inicialmente as propriedades físico-químicas do agente, sua 
concentração, a via de exposição, a frequência e a duração da exposição. Todos esses fatores 
vão contribuir para a disponibilidade química, ou seja, a quantidade ou fração do xenobiótico que 
estará disponível para absorção. A suscetibilidade da população exposta é um fator importante a 
ser considerado. 
 
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 Fase toxicocinética 
Inclui a relação entre tecidos orgânicos e concentração dos agentes nocivos no corpo. Os 
processos que determinam a variabilidade dessa concentração, biodisponibilidade, são absorção, 
distribuição, armazenamento, biotrasformação (metabolismo) e excreção. As propriedades físico-
químicas determinam o alcance aos órgãos-alvo, bem como sua velocidade de eliminação pelo 
organismo. 
O efeito tóxico geralmente é proporcional à concentração do toxicante em um sítio de 
mecanismo ativo. Desse modo, se podermos estimar qual a quantidade de um agente tóxico em 
um tecido-alvo pode mensurar o possível dano causado. O tecido mais acessível que temos e 
que se encontra em constante contato com os sistemas é o tecido sanguíneo, ele é fundamental 
para que nós possamos estimar e avaliar esses dados matemáticos. 
 
 Absorção 
A absorção constitui uma fase em que o agente externo entra em contato com o organismo, 
logo se baseia na entrada desse agente nocivo. Uma vez introduzido ele ganha a circulação 
sistêmica e circula até chegar ao órgão-alvo. As principais vias são: dérmica, oral e respiratória, 
sendo que a intramuscular, endovenosa e subcutânea são vias bastante utilizadas para 
administração de medicamentos e a depender da dose e das condições fisiológicas do 
determinado organismo que está sendo submetido a essa inoculação pode causar algum efeito 
adverso. 
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Além disso, a entrada desse tóxico na célula necessita de um transporte pela membrana 
plasmática. Sabemos que a membrana plasmática é composta por uma bicamada lipídica a qual 
é consideravelmente hidrofóbica. Essa bicamada apresenta proteínas as quais permitem a 
presença de poros os quais são preenchidos por água. Sendo assim, quanto maior quantidade de 
poros mais hidrofílica essa célula será e mais absortiva consequentemente. Os transportes dos 
toxicantes pelas membranas biológicas se dão por transporte passivo (substânciaspequenas e 
lipofílicas, exceto íons), transporte ativo associado à presença de bombas (proteínas 
carreadoras), pinocitose (passagem de partículas líquidas) e 
difusão facilitada. 
1. Absorção dérmica 
A pele é um órgão que possui várias camadas, sendo 
responsável por 10% do peso corpóreo de um indivíduo. Sua 
camada mais externa é a epiderme, nela é interessante saber 
que existe uma camada córnea (queratinizada) a qual se 
caracteriza como uma barreira limitante da absorção de 
substâncias. A passagem desses toxicantes ocorre por difusão 
seja ele hidro ou lipofílico. Quanto maior a capacidade de 
difusão desse agente nocivo, maior será o grau de absorção. 
Sabemos que a camada córnea na palma das mãos e na 
planta dos pés se apresenta mais espessa em relação as 
outra regiões do corpo. É importante ressaltar que a 
distribuição desses toxicantes acontece também em todas as 
camadas da epiderme (extrato espinhoso, granuloso e 
germinativo). Abaixo dessa camada temos a derme a qual é 
extremamente rica em substâncias, tecido conjuntivo, MEC e, principalmente, vasos sanguíneos. 
Normalmente, a pele é impermeável a maioria dos íons e soluções aquosas, no entanto ela se 
apresenta permeável a um grande número de toxicantes sólidos, gasosos e líquidos lipossolúveis. 
As substâncias que entram em contato com a pele podem produzir efeitos deletérios locais que 
é possível de avaliar, como corrosão, sensibilização e até mesmo mutações genéticas. Outras 
substâncias que apresentam um poder de penetração maior podem ultrapassar a epiderme e 
ganhar a derme, assim, esses toxicantes podem alcançar a circulação sistêmica, sendo possível 
causar efeitos distantes do local afetado. 
Cabe destacar que a absorção pele a pele é uma das maiores responsáveis por intoxicações 
em humanos, visto que a pele cobre todo o corpo de indivíduo e que essas contaminações 
acontecem geralmente pelas mãos, coro cabeludo, braço, pescoço e face, através de respingos, 
pulverizantes e uso de roupas contaminadas. 
2. Absorção por via respiratória 
A via respiratória é porta de entrada para várias substâncias no organismo, sendo que essas 
substâncias sólidas ou gotículas suspensas no ar atmosférico podem ser inaladas atravessando 
as fossas nasais, faringe, laringe, traqueia, brônquio, bronquíolo e alvéolos. A entrada essas 
substâncias a essas determinadas estruturas depende muito do seu tamanho, quanto menor for à 
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partícula do toxicante, maior alcance ele poderá 
ter. Desse modo, partículas pequenas podem 
alcançar os alvéolos com extrema facilidade, 
assim, podendo ganhar a circulação sistêmica 
(ressaltar a extensa rede se capilares sanguíneos 
nessa região). Os efeitos tóxicos mais 
observados são inflamação e irritação da via 
respiratória superior. 
A inalação de agentes tóxicos está muito 
presente na toxicologia ocupacional em que é 
muito comum, em alguns postos de trabalho, 
profissionais apresentar sintomas e queixas advindas de uma intoxicação por via aérea. Um dado 
anatômico que ratifica a facilidade que esse trato tem que causar absorção dessas substâncias é 
o tamanho de sua área de superfície, os pulmões apresentem 90m², enquanto os alvéolos 
apresentam de 50 a 100m². 
Uma vez no trato respiratório esse toxicante pode ser dissolvido no sangue por um processo 
físico ou químico (reação química com elementos sanguíneos). Essa absorção está diretamente 
associada com o fluxo sanguíneo presente nesse órgão. Partículas que não são absorvidas 
podem ficar retidas nos alvéolos, sendo responsável por causar as pneumoconioses que 
consistem em uma reação pulmonar a inalação de substâncias orgânicas e inorgânicas. A 
transferência das partículas gasosas para o sangue não é algo muito simples, mas depende de 
um equilíbrio que está relacionado com o coeficiente de partição de cada gás. Além disso, o seu 
caráter se solubilidade pode interferir nesse processo, sendo que gases pouco solúveis 
apresentam uma taxa de dissolução dependente da perfusão sanguínea, enquanto que gases 
muitos solúvel tem seus fluxo de dissolução dependente da ventilação respiratória. 
Quando esses toxicantes atingem o sangue eles caem na 
circulação sistêmica e podem atingir diversos órgãos e tecidos. 
3. Absorção pelo trato gastrointestinal 
A absorção por essa via acontece pela mucosa que vai desde a 
oral até a anal. É sabido que poucos toxicantes são absorvidos pela 
boca, isso porque o tempo de exposição é muito pequeno. Mesmo 
não sendo absorvida pela boca a mucosa intestinal é, na maioria 
das vezes, responsável por esse processo, pois ela apresenta as 
microvilosidades que auxiliam e aumentam a taxa absortiva. Quanto 
maior concentração de toxicantes em forma não ionizada 
(lipossolúvel), maior a taxa de absorção na mucosa intestinal. 
A entrada de toxicantes pode essa via decorre da penetração 
propriamente dita, principalmente, através da forma não ionizada 
das substâncias. Substâncias ácidas e básicas podem penetrar essa 
mucosa por difusão facilitada, sendo que a perfusão e a superfície 
de contato são importantes fatores que influenciam nesse mecanismo. 
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O trato gastrointestinal dos mamíferos apresenta um sistema de bombas que servem para 
expelir os xenobióticos que invadem a mucosa. Esse complexo sistema é realizado pela 
glicoproteínas-p as quais se localizam no enterócitos. Esse sistema é responsável por promover a 
excreção pré-sistêmica ou efeito de primeira passagem. O numero de toxicantes que penetram a 
mucosa intestinal por transporte ativo é muito baixa, normalmente o transpor passivo prevalece 
nessas situações, além disso, a dimensão das substâncias é inversamente proporcional a taxa de 
absorção, semelhante ao trato respiratório. 
 Distribuição 
A distribuição consiste no transporte e caminho 
percorrido pelo tóxico pelos demais sistemas e 
tecido do organismo. É importante salientar que as 
concentrações dos toxicantes serão 
desproporcionais em diversos locais do corpo, sendo 
que o fluxo sanguíneo, superfície de contato e 
características físico-químicas dos mesmos podem 
interferir na sua distribuição. Ao circular pelo 
organismo o toxicante pode ser biotransformado, 
ligar-se a um sítio de ação, eliminado, ligar-se a um 
eritrócito e proteínas plasmáticas. Além disso, o 
toxicante pode ser armazenado, sendo que as 
proteínas plasmáticas, fígado, tecido ósseo, tecido 
adiposo, placenta, leite materno e cabelo constituem os principais locais de armazenamento de 
toxicantes. 
A distribuição dos toxicantes pelo sangue e pelos tecidos depende de coeficientes, bem como 
equilíbrio químico para que essas substâncias se dispersem. Um fator preponderante que auxilia 
na disseminação dessas substâncias é u fluxo sanguíneo, sendo assim, órgãos que recebem um 
grande fluxo, tais como coração, pulmão, rins e fígado, tem maior sensibilidade aos efeitos 
tóxicos. Após ganhar os espaços vasculares os toxicantes podem se disseminar pelos espaços 
intersticiais do organismo, aumentando a sua concentração nos sítios de ação. A efetividade 
dessa interação entre agentes tóxicos e sítios de ação depende das características lipossolúveis 
dos toxicantes, bem como a inexistênciade ligação a uma proteína plasmática. 
Como já discutimos a fração livre dos toxicantes é a parte que apresenta a capacidade de 
interagir com sítios de ação do organismo. Sendo assim, os toxicantes ficam mais concentrados 
nos locais que apresentam os sítios de ação, sendo no órgão-alvo ou não. À medida que o 
xenobiótico é biotransformado ou excretado, mais é liberado desses locais. Cabe salientar que a 
meia-vida dos toxicantes armazenados são maiores dos que se encontram ativos. 
Após ingressar no sangue, o toxicante pode se distribuir pelo organismo. A taxa de distribuição 
é determinada inicialmente pelo fluxo sanguíneo e pela taxa de difusão para fora do leito capilar, 
e depende também da afinidade do xenobiotico pelos tecidos. 
Ao circular o agente toxico pode ser biotransformado, ligar-se ao sitio de ação, ser eliminado, 
ligar-se a proteínas plasmáticas ou eritrócitos ou ser armazenado. Os principais locais de 
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Balão de comentário
FORMA LIVRE
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armazenamento são: proteínas plasmáticas, fígado, rins, tecido ósseo, tecido adiposo, placenta, 
leite materno e cabelos. Destes, cabe destacar que o fígado e os rins apresentam alta capacidade 
de ligação a diversas substancias, mais do que todos os outros órgãos. Já o armazenamento no 
tecido adiposo reduz a concentração do toxicante no tecido alvo, por isso, consequentemente 
espera-se que a toxicidade seja menos severa em um indivíduo obeso do que em um magro. 
Entretanto, a possibilidade de um aumento repentino da concentração de um agente químico no 
sangue deve ser considerada quando ocorre uma rápida mobilização de gordura. 
Biotransformação 
O organismo apresenta mecanismos de defesa que buscam diminuir a quantidade de 
substancia toxica que chega de forma ativa no tecido alvo. Para isso, é necessário diminuir a 
capacidade de difusão do toxicante e aumentar sua velocidade de excreção. A biotransformação 
é esse conjunto de alterações químicas ou estruturais que as substancias sofrem no organismo, 
geralmente ocasionadas por processos enzimáticos, que tem como objetivo diminuir ou cessar a 
toxicidade e facilitar a excreção. 
A grande maioria das substancias são biotransformadas no fígado, por meio de enzimas. No 
entanto, qualquer em órgão do corpo pode ocorrer a biotransformação. 
A biotransformação que ocorre no fígado consiste em carregar eletricamente a substancia 
toxica para que ao passar pelos túbulos renais, estes não sejam reabsorvidos. Esse processo 
pode inativar a toxina, fazendo com que modifique sua estrutura ou resulta em toxinas menos 
toxicas. Esse processo envolve dois tipos de reações, que frequentemente acontecem em 
sequência. As reações da Fase I consistem principalmente em oxidação, redução e hidrolise, 
resultando frequentemente na inativação ou na maior toxicidade da droga inicial. Já as reações 
da Fase II normalmente resultam em compostos inativos e facilmente excretáveis. 
Barreira hematecefálica 
A BHE não é uma barreira totalmente impermeável é possível identificar, com uma menor 
presença, concentrações de xenobióticos em alguns casos. Essa barreira seletiva apresenta 
quatro fatores anatômicos que auxiliam na proteção do SNC contra os toxicantes: (1) células 
endoteliais bastantes justapostas o que permite um estreitamento e redução dos espaços 
intercelulares; (2) presença de proteínas ATP, proteínas mdr as quais são importante excretoras 
de toxicantes que invadem o SNC; (3) os capilares se encontram envolvidos com astrócitos; (4) 
pouca presença de proteínas no líquido cefalorraquidiano o que impede o transporte dos 
toxicantes. 
De forma geral apenas uma pequena fração dos xenobióticos conseguem atravessar a BHE, 
sendo que suas características físico-químicas são preponderantes para esse processo. A 
lipossolubilidade aumenta ainda mais o poder de penetração desses tóxicos. Por outro lado, as 
proteínas mdr são fundamentais para promover a proteção do SNC, pois elas conseguem retirar 
rapidamente essas substâncias dos líquidos. Cabe destacar que nos recém-nascidos a BHE não 
está normalmente formada, isso justifica o fato que esses indivíduos apresentam intoxicações no 
SNC com maior frequência em relação aos adultos. 
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Passagem de toxicantes pela placenta 
É sabido que diferentes da BHE a placenta não apresenta uma barreira puramente anatômica, 
no máximo é possível encontrar seis camadas que separam a mãe do feto. Desse modo, esse 
órgão apresenta uma grande presença de complexos enzimáticos e sistemas de transporte ativos 
que protegem o feto. Entretanto, sabemos que esse mecanismo de defesa não é perfeito e 
permite a passagem de toxicantes para os bebês. Como já saberemos quanto mais lipossolúvel 
uma substância for, maior a facilidade que ela terá de atravessar essa “barreira”. Outro dado 
importante é que os bebês possuem pouco tecido adiposo, por isso, apresentam pouca 
capacidade de armazenamento de xenobióticos. 
Redistribuição 
O término do efeito toxico de uma substancia costuma ocorrer por biotransformação ou 
excreção, mas, também pode resultar da redistribuição da substancia do seu sitio de ação para 
outros tecidos. Entretanto ele ainda estará armazenado nesses locais na forma ativa e sua saída 
dependerá da biotransformação e excreção. 
 Excreção 
Os toxicantes são eliminados por várias rotas no organismo, para isso esses agentes precisam 
ser transformados em substâncias mais hidrossolúveis a fim de facilitar esse processo. No corpo 
humano todas as secreções tem a capacidade de expelir de alguma forma essas substâncias, 
tais como: suor, saliva, lagrima e leite. 
Excreção urinária 
A excreção urinária segue a lógica de excreção normal que é realizada pelos rins: filtração 
glomerular, excreção tubular por difusão passiva e secreção tubular ativa. É importante destacar 
que nem todos xenobióticos poderão ser excretados por essa via, pois devemos levar em 
consideração o tamanho da substância, bem como se ela está ligada ou não a uma proteína 
plasmática (o que impede sua passagem pelos poros do glomérulo). O toxicante é filtrado como 
toda substância no sangue, podendo ele ficar no túbulo, ser reabsorvido ou seguir a via de 
excreção. Um fator importante é que quanto mais hidrossolúvel e ionizado esse toxicante for, 
mais fácil será a sua excreção, caso contrário, a substância pode ser reabsorvida e retornar para 
o sangue. 
O mecanismo de excreção como sabemos segue propriedade físicas-químicas que auxiliam 
esse processo, tais como: a ação do gradiente de concentração e ação das bombas ativas de 
algumas famílias de proteínas presentes no glomérulo. Essas bombas tanto auxiliam na secreção 
e excreção dessas bombas, mas também participam do mecanismo de reabsorção. 
Um dado importante de ser destacado que em recém-nascidos o sistema urinário não está 
desenvolvido, isso pode justificar a maior toxidade de algumas substâncias para essa faixa etária. 
 
 
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Excreção fecal 
A excreção fecal pode acontecer pelas substâncias que não foram absorvidas no sangueatravés de um alimento ou ingestão de alguma outra substância ou pela excreção biliar. Quanto à 
excreção biliar devemos considerar alguns aspectos anatômicos e fisiológicos. A excreção biliar 
acontece pelo processo de biotransformação realizado pelo fígado. Esse mecanismo permite que 
esse órgão retire as substâncias tóxicas do sangue que são absorvidas pelo processo de 
digestão, lembrando que a circulação portal permite que o sangue da digestão passe antes pelo 
fígado para que possa alcançar a circulação portal. Desse modo, os hepatócitos têm a 
capacidade de conjugar os toxicantes, tornando-os mais hidrossolúveis, assim, facilitando sua 
excreção. 
O processo de excreção acontece pela participação de proteínas de transporte ativo realizado 
por algumas famílias específicas. Uma vez jogado no lúmen intestinal esse toxicante pode seguir 
a via de excreção ou ser reabsorvido, isso depende da capacidade das bactérias, que compõe a 
flora intestinal, de transformar essas substâncias em substâncias lipossolúveis. 
Além disso, podemos ter excreção o ativa das células que compõem a mucosa intestinal, bem 
como a participação das bactérias que compõem essa flora. Esses dois tipos de excreção são 
importantes e fundamentais para que possamos eliminar esses xenobióticos do nosso corpo. 
Excreção pelo ar exalado 
A excreção por via respiratória é bastante importante para eliminação de substâncias 
fisiológicas (CO2) e substâncias tóxicas. Esse mecanismo só é possível graças a presença de 
receptores mrp1 e P-gp que são responsáveis por realizar um transporte ativo de xenobióticos. A 
eliminação desses toxicantes só é possível se em temperatura ambiente eles se encontrarem no 
estado gasoso ou em líquido volátil. Desse modo, essa eliminação é inversamente proporcional a 
taxa de absorção de um tóxico. 
Outras rotas de eliminação 
Outras rotas de eliminação são por transporte ativo de células presentes na BHE, no leite, no 
suor e na saliva. A primeira como já discutimos acontece de forma natural, à medida que os 
toxicantes vão atravessando a barreira, proteínas especiais exercem um transporte ativo que 
permite a expulsão desses toxicantes, bem como seu contato com o SNC. A segunda é através 
do leite, quanto a esse processo podemos destacar duas situações: (1) transferência da mãe para 
o filho e (2) da vaca para o ser humano. Sabe-se que o leite é mais ácido em relação ao plasma, 
isso permite a concentração de substâncias básicas, bem como a presença de 3 a 4% de 
substâncias lipídicas (colostro) a qual pode apresentar xenobióticos lipossolúveis em sua 
composição. 
 Fase toxicodinâmica 
Consiste na fase em que as moléculas do toxicante interagem com os sítios de ação de alguns 
órgãos do organismo, de forma específica ou não, podendo levar o aparecimento do desequilíbrio 
homeostático derivado de alterações químicas e moleculares. 
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Circulação sistêmica
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Seletividade de ação 
Significa a capacidade das substâncias tóxicas em produzir efeitos que altere as condições 
fisiológicas e bioquímicas normais, em suma causar um distúrbio homeostático. É interessante 
destacar que a respostas a esses toxicantes varia de organismo para organismo. 
Mecanismos gerais 
Consiste na interação dos tóxicos com alguns componentes orgânicos do ser vivo. Esses 
toxicantes podem estabelecer interação com receptores sensoriais, os quais comandam as 
respostas do organismo, levando uma modificação das estruturas molecular, bem como no 
mecanismo de transdução desses receptores. Um segundo tipo é a sua função sobre as 
membranas excitáveis que são importantes na fisiologia do sistema nervoso, assim, há uma 
perturbação de sua função. Um exemplo desse mecanismo é uma toxina liberada pelo baiacu, a 
tetrodoxina, a qual tem a capacidade de bloquear os canais de sódio. Um terceiro tipo é a inibição 
da fosforilação oxidativa (inibição na produção de ATP e fornecimento de O2). Um exemplo desse 
mecanismo é formação de metemoglobina (hemoglobina com ferro +3) o que impende a ligação 
do ferro com o oxigênio, acarretando uma redução no seu fornecimento. Um quarto tipo é a 
complexação de biomoléculas que consiste na interação do toxicante com biomoléculas, podendo 
elas serem complexos enzimáticos (inseticidas organofosforados, N-metilcarbamatos e cianeto) e 
em proteínas (proteínas moleculares, DNA e outras) podendo acarretar um mecanismo de 
carcinogênese, mutações e necrose. Um quarto tipo se dá pela ligação de toxicantes aos lipídeos 
ocasionando a lipoperoxidadação (aumento de radiacais livres e ácidos graxos insaturados). Um 
quinto tipo se dá pela interação aos ácidos nucléicos através de uma ligação covalente, podendo 
acarretar o aparecimento de câncer e prejuízo no funcionamento celular. Um sexto tipo é a 
interferência na homeostase de cálcio aumentando seu influxo o que causa injuria celular e morte. 
 Fase clínica 
Consiste na fase em que o indivíduo apresentará os sinais e sintomas de intoxicação que 
poderão ser ratificados através de um exame físico minucioso ou toxicológico. Os efeitos nocivos 
derivam da interação toxicante e organismo. 
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3) Estudar a epidemiologia das principais intoxicações agudas. 
Segundo estimativas da Organização Mundial da Saúde (OMS), anualmente, de 1,5% a 3,0% 
da população mundial são acometida por intoxicação exógena. No Brasil, ocorrem cerca de 4,8 
milhões de casos a cada ano e, aproximadamente, 0,1 a 0,4% das intoxicações resultam em 
óbito. 
Em 1980 foi criado no Brasil o Sistema Nacional de Informações Tóxico-Farmacológicas pelo 
Ministério da Saúde com o objetivo de coordenar o processo de coleta, compilação e análise dos 
casos de intoxicação registrados pelos Centros de informação e Assistência Toxicológica (CIATs). 
Segundo dados do SINITOX, a região Nordeste do Brasil apresentou o segundo maior número de 
casos de intoxicações registradas em 2013, com 10.384 casos, ficando abaixo apenas da região 
Sudeste, com 23.625 casos. Com relação aos óbitos registrados em 2013 devido às intoxicações 
humanas, a região Nordeste contabilizou 67 óbitos, ficando atrás apenas da região Sudeste, com 
121 óbitos. 
A região Sul apresenta os maiores coeficientes de incidência para intoxicação por agrotóxicos 
de uso agrícola, por produtos veterinários e por agrotóxicos de modo geral, a região Centro-Oeste 
apresenta o maior coeficiente de incidência para intoxicação por agrotóxicos de uso doméstico, 
seguida de perto pela região Sul e a região Nordeste apresenta o maior coeficiente de incidência 
para intoxicação por raticidas. As intoxicações por agrotóxicos de uso agrícola, por raticidas e por 
agrotóxicos de modo geral têm em comum a tentativa de suicídio como sua principal 
circunstância. 
Crianças de 1 a 4 anos são as maiores vítimas das intoxicações por agrotóxicos de uso 
doméstico, por produtos veterinários e por raticidas; já os adultos jovens de 20 a 29 anos 
constituem a faixa etária mais acometida pelas intoxicações por agrotóxicos de uso agrícola e por 
agrotóxicos de modo geral. O sexo masculino está mais presente nas intoxicações por 
agrotóxicos de uso agrícola, por produtos veterinários e por agrotóxicos de modo geral, enquanto 
o sexo feminino se faz mais presente nas intoxicações por agrotóxicos de uso doméstico e por 
raticidas. Apesarde a zona urbana concentrar a maioria dos casos de intoxicação para todos os 
tipos de agrotóxicos, seus coeficientes de incidência para intoxicação por agrotóxicos de uso 
agrícola, por produtos veterinários e por agrotóxicos de modo geral são inferiores aos da zona 
rural. 
4) Determina os principais agentes toxicológicos e sua morbimortalidade. 
As intoxicações estão bastantes presentes e são muito comuns no cotidiano das diversas 
sociedades do mundo. É sabido que essa contaminação normalmente é acidental e aguda, 
acontecem na própria residência do indivíduo, acomete com enorme frequência crianças menores 
de 6 anos, medicamentos são responsáveis por 47% das causas, 25% dos casos necessitam de 
uma avaliação médicas e 5% necessitam de internação hospitalar. 
Na realidade brasileira são cerca de 3 milhões de intoxicações por ano o que torna essa 
situação bastante preocupante e de grande importância na saúde pública brasileira. As principais 
intoxicações notificadas no Brasil são por medicamentos, agrotóxicos, seguido por intoxicações 
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por animais peçonhentos que apresentam um alto índice de subnotificação. Desde 2011 as 
intoxicações são consideradas de notificação obrigatória, mas ainda é um tema negligenciado por 
muitos profissionais da saúde. 
No tocante aos agrotóxicos podemos os relacionar com os interesses econômicos e políticos 
que estão envolvidos nesses produtos. Em 2018 foi votada na Câmara e no Senado uma PL que 
foi batizada de PL do veneno em que acarretava algumas modificações em relação aos 
agrotóxicos as quais iam desde sua nomenclatura, agora eles deveriam ser chamados de 
fitossanitários e pesticidas, até sua comercialização e controle. Uma das modificações bastante 
criticada nesse projeto de lei era modificar o sistema de informação sobre o registro desses 
químicos que era realizado pelo Ministério da Saúde, Ibama e Ministério da Agricultura, passando 
a ser unificado apenas pelo Ministério da Agricultura. A justificativa das modificações eram 
modernizar nossa legislação a qual já tinha 30 anos. 
5) Compreender o centro de controle de intoxicações e suas atribuições (notificações). 
A Organização Mundial da Saúde preconiza que todo país deve ter pelo menos um sistema de 
notificação e informação toxicológica em todos os âmbitos da esfera social. No Brasil, podemos 
observar uma disparidade regional na organização e distribuição desses centros, sendo que sete 
estados não possui sequer um Centro de Controle de Intoxicações (Acre, Roraima, Rondônia, 
Amapá, Maranhão, Alagoas e Tocantins), enquanto o estado de São Paulo tem além de um 
centro, apresenta mais dois serviços públicos que prestam informação toxicológica (Instituto 
Butatã e o Centro de Assistência Toxicológica de Presidente Prudente). 
A história por trás da criação e distribuição do Centro de Controle de Intoxicações acontece 
bem antes da criação do SUS, em 1970. Em 1980, o Ministério da Saúde criou o Sistema 
Nacional de Informações Tóxico-farmacológicas, sob supervisão da Fundação Oswaldo Cruz, 
para ampliar o projeto de distribuição de CIATs pelo país por meio de convênios e repasses 
financeiros pelas Secretarias Estaduais e Municipais de Saúde, bem como Fundações e 
Universidades Públicas. O fato da elaboração desses CIATs ocorrer antes do surgimento do SUS 
explica as suas dificuldades em relação a sua distribuição não homogênea. 
Entre os anos de 2001 e 2005 foi criado a Gerência Geral de Toxicologia da Agência Nacional 
de Vigilância Sanitária com o objetivo de criar encontros para discussão sobre a abertura de 
novos centros e do incremento de dados epidemiológicos com a criação de uma Rede Nacional 
de Centros de Informação e Assistência Toxicológica (Renaciat). Tanto a criação do SINITOX, 
quanto a Renaciat permitiram a inserção desses centros na Rede de Urgência e Emergência do 
SUS a fim de dar assistência e informação aos profissionais de saúde acerca das intoxicações. 
Todos os CIATox fornecem seu serviço por via telefônica ou presencial para os hospitais 
vinculados ao SUS, em caso de um Centro presente em um hospital, esse centro não possui uma 
unidade física mas promove ações e atividades dentro desse local. 
Como já foi dito acima uma das suas atribuições é prestar informações e auxiliar os dados 
epidemiológicos referentes às intoxicações, principalmente, agudas. Além disso, essa instituição 
promove capacitações e estágios para graduados, pós-graduados e para estudantes em 
formação. O objetivo dessas capacitações é tornar esses profissionais mais aptos a receber e 
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conduzir os casos de intoxicações mais frequentes. Além de promover essa especialização de 
profissionais o objetivo final é incorporar esse profissional capacitado no seu quadro de 
trabalhadores próprios. 
Entretanto, como toda e qualquer instituição pública na saúde, os CIATox apresentam 
dificuldades financeiras que impedem a manutenção do seu corpo trabalhista, bem como o 
aumento desse material humano e oferta de serviços. A interpretação errônea de que essa 
instituição serve apenas para fornecer informação e assistência impede que os governantes 
amplie esse serviço essencial para sociedade. 
6) Descrever as principais manifestações clínicas e o protocolo de atendimento em 
casos de intoxicação aguda. 
Abordagem ao paciente intoxicado 
A. Atendimento pré-hospitalar 
Como sabemos toda intoxicação causa um desequilíbrio homeostático no organismo, sendo 
que essa desordem quando não tratada pode causar consequências fatais. A primeira 
intervenção a ser tomada é a busca pelo pulso do paciente, sendo assim, é importante avaliar o 
sistema cardiorrespiratório (tem pulso? Tá respirando?). É importante que no momento da 
identificação da intoxicação no indivíduo o profissional ligue para os centros de informação os 
quais normalmente funcionam 24h e podem auxiliar na condução de paciente para o local certo e 
da forma correta. No primeiro contato com paciente, após a verificação dos sinais vitais, o 
profissional deve minimizar a exposição do indivíduo com o tóxico, dessa maneira as roupas 
devem ser retiradas e, em caso de intoxicação por agentes gasosos, retirar a vítima transferindo 
para um local mais arejado. 
 
B. Atendimento hospitalar 
Para esse atendimento deve haver uma sistematização adequada para que o paciente possa 
ser conduzido da melhor forma. Todos os pacientes intoxicados deve seguir o protocolo de 
vítimas de trauma sugerido pelo ACLS (Advanced Cardiovascular Life Support – ACLS), assim, 
as vias aéreas, circulação e avaliação do estado neurológico devem ser analisadas. A 
capacitação e o treinamento periódico dos profissionais devem ser realizados sempre. O passo a 
passo desse atendimento é: 
I. Sinais vitais. 
II. Nível e estado de consciência. 
III. Pupilas (diâmetro e reatividade à luz). 
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IV. Oximetria de pulso. 
V. Medida de glicose capilar. 
VI. Obter ECG e realizar a monitorização eletrocardiográfica sempre que necessário. 
VII. Manter vias aéreas abertas e realizar intubação orotraqueal caso necessário. 
VIII. Obter acesso venoso calibroso. 
IX. Procurar sinaisde trauma, infecção, marcas de agulha e edema de extremidades. 
A anamnese realizada nesse paciente é pobre, pois na maioria das vezes o paciente vai 
apresentar um rebaixamento de nível de consciência o que vai limitar a história clínica. A fim de 
minimizar essa perda, o profissional da saúde deve dispor da ajuda dos acompanhantes 
(parentes, socorristas e policiais) para que algumas informações possam ser dadas quanto o que 
causou a intoxicação, o uso de medicamentos, drogas ilícitas, tentativa de suicídio, local, etc. 
Normalmente, os socorristas já trazem a vítimas com as embalagens dos medicamentos que 
encontraram no local a fim de auxiliar na identificação da substância que causou a intoxicação, 
além disso, os registros de mensagem de textos podem auxiliar os profissionais de saúde na 
identificação da motivação ou na confirmação de tentativa de suicídio (lembrando que isso só 
pode ser feito com a permissão do acompanhante ou do próprio paciente). 
O exame físico de pacientes intoxicados é limitado e pouco participativo levando em 
consideração ao estado do nível de consciência do paciente. Normalmente, esse exame físico se 
limita aos dados observacionais que podem ser obtidos sem a cooperação do paciente. Muitos 
agentes químicos podem causar alteração do pulso e da frequência respiratória, bem como no 
estado mental. Um exame físico minucioso pode contribuir para identificação da intoxicação, 
permite a conclusão do diagnóstico e a realização do tratamento adequado. O detalhamento do 
exame deve seguir através da busca de odores característicos, achados cutâneos, temperatura, 
alterações na pupila, alterações neurológicas, alterações na consciência, alterações 
cardiovasculares, anormalidades respiratórios e achados do aparelho digestório. 
As manifestações clínicas do paciente pode sugerir qual tipo de toxicante que ele foi afetado. 
Desse modo, essas manifestações podem ser de excitação, depressão ou mista. A primeira 
consiste no estímulo ao sistema nervoso, taquicardia, elevação da pressão arterial, taquipneia e 
elevação térmica. As substâncias que normalmente causam esse tipo de alteração são os 
anticolinérgicos, simpaticomiméticos e alucinógenos centrais. É importante ter em mente que 
crises de abstinência podem cursar com essas manifestações (sintomas adrenérgicos). A 
segunda acontece pela sintomatologia de depressão do SNC, sendo assim, o paciente vai 
apresentar hipotensão, redução das frequências respiratórias e cardíacas e da temperatura. Os 
principais responsáveis por esse tipo de quadro clínico são os colinérgicos, simpaticolíticos, 
opioides, sedativos e álcool. Quanto ao último quadro de sinais e sintomas ele deriva da mistura 
resultante da interação de várias drogas simultaneamente no organismo do indivíduo, chamados 
de venenos metabólicos. Esse tipo de efeito pode ser causado também pela exposição a metais 
pesados (ferro, arsênio, mercúrio e chumbo). 
Para saber reconhecer qual síndrome você está se deparando é importante que você realize 
bem o exame neurológico (foco na intensidade do tônus muscular), avalie a atividade das pupilas 
e se há atividade convulsiva. Sobre a atividade pupilar é muito importante realizar o exame para 
avaliar seu funcionamento através do reflexo e motricidade. A apresentação da pupila pode nos 
trazer várias informações acerca da droga na qual estamos nos deparando. 
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Sobre a midríase e a miose é importante termos o conhecimento básico do funcionamento do 
sistema nervoso autônomo. Normalmente, ele se comporta em antagonismo, sendo ele dividido 
entre simpático (adrenalina) e parassimpático (acetilcolina). Na pupila, como em muitos órgãos 
comandados por esse sistema, as resposta depende de qual via está ativa. Por exemplo, se o 
paciente estiver exposto por uma droga que estimule o sistema simpático ou adrenérgico o 
mesmo vai apresentar uma dilatação pupilar, caso contrário, se o mesmo estiver exposto a uma 
substância que estimule a via parassimpática o paciente apresentará uma redução do diâmetro 
pupilar. 
 
 
 Toxíndromes 
É sabido que existem 5 classes de sinais e sintomas mais típicos que um clínico deve saber 
para manejar o paciente de forma adequada as quais são a simpaticomimética, anticolinérgica, 
colinérgica, sedativas/hipnóticas e opioides, além da serotoninérgica e neuroléptica maligna. 
A síndrome simpaticomimética consiste pela uma ativação excessiva do SNA simpático. Desse 
modo, o paciente vai apresentar os sinais e sintomas semelhantes a uma ação de luta e fuga 
(simpática). Normalmente, esse tipo de síndrome é causado pela ingestão de derivados de 
anfetaminas, tipo a NMDA, as quais causam taquicardia, taquipneia, hipertensão e hipertermia, 
devio o aumento da taxa metabólica. 
A síndrome anticolinérgica ocorre por fármacos que apresentam ação antimuscarínicas a qual 
permite o bloqueio do tônus colinérgico normal interferindo tanto no sistema autônomo simpático, 
quanto no parassimpático. Os sinais e sintomas desse tipo de síndrome é delírio, hipertermia, 
midríase, rubor cutâneo, pele e mucosa secas. (louco como um chapeleiro, quente como uma 
lebre, cego com um morcego, vermelho como uma beterraba e seco como um osso). 
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A síndrome colinérgica se caracteriza pela superestimulação da porção parassimpática do 
SNA, sendo assim o paciente vai apresentar sinais e sintomas sugestivos ao descanso e 
digestão. Uma característica marcante desse tipo de síndrome é a presença de muitos fluidos, 
devido o aumento da secreção. O paciente apresenta diaforese, perda de urina, miose, 
broncorreia, êmese, lacrimejamento, letargia e salivação. Um dos principais causadores desse 
tipo de síndrome são os organofosforados e os carbamatos. O aumento da secreção desses 
fluidos dá a característica de que o paciente está se afogado nas próprias secreções. O 
tratamento desse tipo de síndrome se dá pela aplicação do antídoto ou por medicamentos 
reparadores da acetilcolinesterase. 
A síndrome sedativo-hipnótica é muito comum nos pronto-socorro e nas emergências, visto 
que a intoxicação por álcool é muito frequente em nosso país. Não só essa substância, mas 
também por barbitúricos e benzodiazepínicos, bem como drogas ilícitas. Ingestões muito 
acentuadas podem causar manifestações graves que leva perda de tônus e reflexos de proteção 
das vias aéreas. Associado a isso pode causar hipotermia, devido à supressão do metabolismo 
muscular. De forma específica, a ação do Zolpidem, sedativo-hipnótico não benzodiazepínico, 
utilizado para tratamento de insônia apresenta alguns efeitos adversos em seu tratamento, como, 
por exemplo, tolerância e dependência. Pacientes que fazem uso desse medicamento deve evitar 
realizar atividades que requer muita atenção com dirigir. Casos de intoxicação por esse fármaco o 
paciente apresenta uma depressão considerável do estado de consciência. 
A síndrome originada pela ingestão de opioides é muito semelhante a dos sedativos-
hipnóticos. Para identifica-lanormalmente se utiliza uma administração de naloxona, fármaco 
agonista que compete pelos receptores opioides. No entanto, nem todo caso apresentará uma 
resposta à administração dessa droga, o que sugere que pode ser outra síndrome ou que o 
opioide utilizado e bastante forte. A miose pupilar é bastante característica dessa síndrome, mas 
as intoxicações por pentazocaína e proporxifeno podem cursar com midríase. 
A síndrome serotoninérgica consiste no aumento da serotonina no organismo derivado de uma 
droga ou distúrbio no metabolismo desse neurotransmissor. Os antidepressivos tricíclicos, 
antipsicóticos atípicos, inibidores de receptação da serotonina e inibidores da monoamina oxidase 
(IMAOs) causam esse tipo de síndrome. Normalmente essas síndromes apresentam seus sinais 
e sintomas tardiamente, devido ao alto período de meia-vida dessas substâncias. O paciente vai 
apresentar um rebaixamento no nível de consciência, hipertermia e agitação com presença de 
clônus e diaforese. 
A síndrome neuroléptica maligna apresenta uma sintomatologia muito semelhante que a 
anterior. O que permite diferenciar esses dois tipos de manifestações é a presença de efeitos 
musculares periféricos mais rígidos, hiporeflexia nessa síndrome. O fator que colabora com essa 
manifestação é a redução da concentração da dopamina pela utilização de antagonistas 
(antipsicóticos). 
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 Desintoxicação 
Antes de iniciar esse próximo passo no atendimento ao 
paciente intoxicado é preciso reconhecer as três fases da 
intoxicação. A fase pré-clínica é uma fase que ocorre quando a 
superfície externa ou interna do organismo tenha tido o contato 
com o toxicante, mas não apresenta sinais e sintomas. A fase 
tóxica é quando esse paciente começa apresentar os sintomas de 
intoxicação. O objetivo do profissional da saúde ao se deparar 
com um paciente nessa fase é garantir a sua estabilização, 
assegurando a integridade das vias aéreas, ventilação, 
hemodinâmica e, se possível, oferecer um antídoto. A fase de 
resolução coincide com o pico dos sintomas, o objetivo dessa fase 
é esperar a resposta do paciente as intervenções realizadas. 
Após o reconhecimento dessas fases podemos partir para a desintoxicação. Essa etapa na 
abordagem do paciente intoxicado é muito importante para prevenir a absorção de mais droga ao 
organismo. Para tanto, deve-se retirar todos os utensílios do paciente que foram expostos ao 
tóxico e assim que retirados devem ser lavados de modo adequado, com utilização de água 
corrente. Em situações que ocorreu exposição do trato gastrointestinal pode ser indicada a 
lavagem gástrica, irrigação de todo intestino, endoscopia, cirurgia, diluições (carvão ativado), 
alcalinização da urina, e até mesmo o uso de xarope de ipeca que está em desuso. 
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Sobre esses métodos de desintoxicação do trato gastrointestinal devemos compreender a 
funcionalidade de algumas alternativas. O carvão ativado consiste em uma diluição de partículas 
superaquecidas que apresentam uma grande superfície de contato. O objetivo de se utilizar esse 
método é a alta capacidade que o carvão ativado tem de se adsorver nas substâncias tóxicas, 
impedindo, assim, a absorção do toxicante pelo trato gastrointestinal. No entanto, o seu tempo de 
eficácia é de até uma hora após a ingestão do toxicante, pois quando mais tempo massa, menos 
será o seu poder de desintoxicação. Ainda sobre a utilização do carvão ativado devemos 
compreender que se o paciente estiver sedado, não protegendo as vias aéreas, ou não disposto a 
beber a solução a sua utilização é contraindicada. Além disso, não se deve colocar uma sonda 
nasogástrica somente para esse fim, pois aumenta o risco da instilação de carvão ativado nos 
pulmões o que reduz a relação risco-benefício. Antes de utilizar o carvão ativado é importante que 
o médico entre em contato com as centrais regionais de intoxicação para saber se o toxicante 
ingerido é passível de adsorção pelo carvão ativado. 
 
Além da utilização do carvão ativado podemos abrir mão da lavagem gástrica. Esse método 
não é bastante eficaz e é pouco defendido pela comunidade científica. Sua realização é feita com 
uma sonda nasogástrica de grande calibre, o paciente deve estar em decúbito lateral esquerdo e 
devem ser administrados pequenos volumes de soro fisiológico. O uso desse método deve ser 
realizado apenas se o toxicante tiver mais de uma hora de ingestão, se o mesmo não for 
adsorvido pelo carvão ativado e se não houver antídoto. 
A alcalinização sérica e urinária pode ser uma boa alternativa para casos de intoxicação por 
salicilicatos, metotrexato e fenobarbital, pois permitem que essas substâncias hidrossolúveis 
sejam eliminadas com maior facilidade. É importante destacar que para os casos de intoxicação 
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por salicilicatos a utilização desse método permite não só a sua eliminação, mas também evita 
que esse toxicante atravesse a BHE, assegurando a integridade do SNC. 
Outros métodos também podem ser empregados, como no caso dos métodos dialíticos os 
quais permitem o aumento da excreção renal para a remoção das substâncias. Para a realização 
desse método utiliza-se a hemodiálise clássica (realização de uma membrana porosa sintética) e 
a hemoperfusão (passagem do sangue por filtros contendo carvão ativado). 
7) Conhecer o mecanismo de ação dos carbamatos e organofosforados. 
NEUROTRANSMISSORES PRÉ-GANGLIONARES 
Os neurônios pré-ganglionares de ambas as divisões, simpático e parassimpático liberam 
Acetilcolina. O efeito imediato é que a ACo se liga a receptores nicotínicos de acetilcolina 
(RnAco), os quais são ativados por esse neurotransmissor e evocam um rápido potencial 
excitatório pós-sináptico, que dispara um potencial de ação pós-ganglionar. A Acetilcolina 
também ativa receptores muscaríneos (RmACo) que são metabotrópicos (ligados À proteína G) e 
que causam tanto a abertura quanto o fechamento de canais iônicos, promovendo potenciais de 
ação muito lentos. Além da ACo, alguns peptídeos neuroativos como o NPY (neuropeptídeo Y) e 
o VIP (polipeptídeo vasoativo intestinal) são liberados por terminais pré-ganglionares. 
NEUROTRANSMISSORES PÓS-GANGLIONARES 
Os neurônios pós-ganglionares parassimpáticos liberam ACo, mas os neurônios do sistema 
simpático utilizam a noradrenalina (NA). A ação da ACo do parassimpático tem um efeito bastante 
local e atua nos RmAco, enquanto que a NA do simpático se difunde para longe. Em geral, 
drogas que promovem as ações da noradrenalina ou inibem as ações muscarínicas da 
acetilcolina são simpatomiméticas; causam efeitos que mimetizam a ativação da divisão simpática 
do SNV. Como é o caso da atropina, um antagonista dos RmACos, que produz sinaisde ativação 
simpática, como dilatação das pupilas. Por outro lado, drogas que promovem as ações 
muscarínicas da ACo ou inibem as ações da NA são parassimpatomiméticas; elas causam efeitos 
que mimetizam a ativação da divisão parassimpática do SNV. Por exemplo, o propranolol, um 
antagonista do receptor da NA, diminui a frequência cardíaca e a pressão arterial. 
 Mecanismo de ação dos carbamatos e organofosforados 
Essas duas substâncias químicas estão presentes nos inseticidas comercializados no Brasil e 
no mundo. Ambos apresentam o mecanismo de inibição da enzima acetilcolinesterase (enzima 
responsável pela degradação da acetilcolina), provocando o acúmulo do neurotransmissor 
(acetilcolina) no organismo. Esse acúmulo vai produzir efeitos distintos nos receptores nicotínicos 
e muscarínicos. É importante ter conhecimento que a inibição da enzima pelos organofosforados 
é irreversível, diferentemente, da ação dos carbamatos. Sendo assim, uma intoxicação por 
carbamatos é mais branda em relação a por organofosforados. Além disso, não só inseticidas 
podem causar esse tipo de intoxicação, mas também os medicamentos utilizados no tratamento 
da miastenia gravis (fraqueza muscular autoimune com redução de acetilcolina) e Alzheimer 
podem induzir efeitos parecidos, visto que os tratamentos repõem acetilcolina. 
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Esses dois tipos de toxicantes podem ser absorvidos pela pele, pulmões e trato 
gastrointestinal. A via oral normalmente é a via que apresenta o maior número de casos por 
intoxicações agudas, principalmente, por sua relação com o suicídio. Por outro lado, a via dérmica 
está relacionada com as intoxicações ocupacionais, seguido pela via respiratória. A eliminação 
dessas substâncias ocorre pela urina e fezes. 
Para entender os sintomas que o paciente vai apresentar devemos reconhecer que eles 
derivam do acúmulo do neurotransmissor acetilcolina o qual vai interagir com os receptores 
nicotínicos e muscarínicos (lembrar que os dois SNA tem esses receptores). Após 30 minutos da 
exposição por essas substâncias o organismo vai manifestar seus efeitos, sendo eles: 
 Muscarínicos: náuseas, vômitos, cólicas abdominais, incontinência fecal e urinária, 
aumento das secreções brôquicas, tosse, espirro, dispneia, sudorese, salivação, miose, 
lacrimejamento. Na intoxicação grave pode ocorrer bradicardia, bloqueio de condução, 
hipotensão e edema pulmonar. 
 Nicotínico: fasciculações, midríase, fraqueza, delírio, hipertensão, taquicardia, paralisia e 
insuficiência respiratória. 
 SNC: ansiedade, inquietação, tremor, confusão, crise convulsiva e coma. 
Ocorre bradicardia ou taquicardia? É importante ter em mente que esses dois tipos de 
sintomas podem aparecer, isso decorre do fato de um ser ocasionado por receptores 
muscarínicos e outro pelos receptores nicotínicos. Os efeitos muscarínicos costumam a 
predominar em relação aos nicotínicos, mas nem sempre isso ocorre! Além disso, as mortes 
decorrem de uma intensa depressão respiratória associada à broncorreia aumentada. 
O diagnóstico desse tipo de intoxicação é clínico, podendo ser confirmado pela utilização de 
testes que dosam a acetilcolinesterase, sendo uma redução de mais de 50% confirmatória. Além 
disso, o paciente pode apresentar um hiperglicemia maior que 5 vezes do normal, sendo 
contraindicado o uso de insulina. É importante saber que o paciente pode cursar com arritmias 
cardíacas (fibrilação atrial e ventricular) até 72h após a exposição. 
O tratamento deve ser feito imediatamente com a retirada das roupas contaminadas, lavagem 
da pele e a utilização de carvão ativado. Já o tratamento medicamentoso segue a busca pela 
restauração da homeostase, sendo assim a utilização da atropina é indicada, visto que ela 
compete pelos receptores muscarínicos do organismo, com uma dose de 2-5 mg IV a cada 5-15 
minutos até que as secreções parem ou sequem; o uso de Pralidoxima é importante para reativar 
a atividade da acetilcolinesterase em caso de organofosforados, a administração pode ser feita 
em bolus 30 mg/kg durante 30 minutos. É importante não administrar essa droga sem o uso da 
atropina. Medidas de suporte podem ser úteis nesses casos: oxigenoterapia, assistência 
ventilatória e crises convulsivas. 
8) Discutir a importância da prevenção e quais os fatores biopsicossociais que 
influenciam. 
 
Em relação às demais variáveis estudadas, a faixa etária jovem, entre 15 e 29 anos, foram a 
mais exposta à intoxicação, sendo o sexo feminino o mais acometido. Nesse caso, a literatura 
corrobora o que foi encontrado por este estudo: o predomínio dos agravos de intoxicação por 
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agrotóxicos anticolinesterásicos no sexo feminino e no perfil etário mais jovem, consonante com 
estudos descritivos sobre tentativas de suicídio. Quanto à cor ou raça, esperava-se que a parda 
alcançasse o maior percentual, pois grandes partes dos brasileiros declaram-se pardos. 
Ao se analisar a circunstância na qual ocorreram as intoxicações, observou-se importante 
ocorrência de tentativas de suicídio. De forma semelhante, Correa e Barrero detectaram ser o 
suicídio intencional, em média, três vezes mais frequente nas mulheres, ao passo que o suicídio 
propriamente dito foi em torno de três a quatro vezes maiores no sexo masculino. Segundo a 
OMS, diversas circunstâncias produtoras de estresse podem explicar o motivo da elevada 
proporção de tentativas de suicídio encontrada neste estudo. Entre esses fatores, destacam-se o 
desemprego, a pobreza, a perda de um ente querido, as discussões familiares ou com amigos, a 
ruptura de uma relação afetiva, problemas legais ou no trabalho, o uso abusivo de álcool e 
drogas, o isolamento social e os distúrbios psíquicos. 
O presente estudo também encontrou a ocorrência desse agravo em gestantes: uma gravidez 
indesejada poderia ser a causa da tentativa de aborto ou suicídio. Não obstante estudos 
relatarem que os praguicidas anticolinesterásicos não permanecem no organismo por tempo 
suficiente para exercerem efeitos teratogênicos, há referência de abortamento por intoxicação no 
primeiro trimestre de gravidez. Quando essas intoxicações ocorrem durante o segundo e o 
terceiro trimestres, a gestação pode ser levada naturalmente, gerando bebês saudáveis. 
A ocorrência de acidentes por agrotóxicos em menores de 14 anos de idade, encontrada neste 
estudo, justifica-se: pesquisas mostram que nessa fase da vida, as crianças estão em plena 
evolução e acelerada atividade, e a sede de curiosidade e descobertas expõem esse segmento 
às intoxicações acidentais. 
A substância conhecida como "chumbinho" foi a mais frequentemente utilizada. Além de se 
tratar de um produto comercializado de forma ilegal, é o principal agente envolvido nas tentativas 
de suicídio, de presença relevante também nas intoxicações pediátricas de forma acidental. Esse 
agrotóxico é registrado e autorizado exclusivamente para uso agrícola e causa intoxicações 
geralmente graves, com elevados índices de mortalidade. Esta alta mortalidade tem sido 
relacionada ao diagnóstico tardio e à conduta inadequada. 
O raticida "chumbinho" foi o principal composto envolvido nas intoxicações do estudo. Portanto, 
faz-se necessário o controle e fiscalização do comércio ilegal desse agente e sua apreensão, 
sendo indispensável a conscientização da população sobre os riscos queo produto representa. 
Vale ressaltar a importância das políticas de promoção da saúde entre jovens e mulheres, por 
serem, segundo o estudo, os grupos mais susceptíveis a esse tipo de agravo. 
Por ser o Brasil um dos maiores consumidores de agrotóxicos do mundo, mostra-se 
fundamental a construção coletiva de formas solidárias e sustentáveis de organização da vida 
social, que fortaleçam as experiências na Saúde Pública com o objetivo de diminuir a ocorrência 
desses casos, orientar a atuação da rede de atenção à saúde do Sistema Único de Saúde (SUS), 
promover experiências agroecológicas e estimular a participação ativa da sociedade na definição 
de políticas públicas combinadas com práticas produtivas respeitadoras da vida e do meio 
ambiente. 
 
 
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9) Estudar o aspecto ético e legal envolvendo paciente medica família em casos de 
intoxicação. 
Ética e toxicologia 
A Toxicologia esta engajada no processo de trabalho possibilitando entender os efeitos nocivos 
causados pelas substâncias químicas ao interagirem com os organismos vivos, tendo por objetivo 
a avaliação do risco de intoxicação, e desta forma estabelecer medidas de segurança na 
utilização e consequentemente prevenir a intoxicação, antes que ocorram alterações da saúde. 
A Forma com que a toxicologia se utiliza do monitoramento da exposição aos produtos 
químicos são as analises toxicológicas, estas realizadas através de materiais biológicos do 
trabalhador (urina, fezes, sangue, soro, saliva, secreções). Os resultados obtidos dos exames dos 
indicadores biológicos são comparados com referências apropriadas. Aqui no Brasil a legislação 
que estabelece estas referências é regulamentada pela NR –7 Portaria nº 24 de 29/12/94 da 
Secretaria de Segurança e Saúde no Trabalho, onde são definidos os parâmetros para o controle 
biológico de exposição a alguns agentes químicos. 
Estas análises são úteis no processo de adoções de medidas preventivas e de manejo do 
trabalhador no ambiente de trabalho, contudo, atualmente parece existir uma tendência 
equivocada de considerar que os exames de triagem, para detectar usuários de drogas em 
escolas ou locais de trabalho, como método de prevenção ao uso ilícito de diversas substâncias. 
Tal prática é do ponto de vista ético abominável e desvirtua qualquer possibilidade de prevenção 
possível. 
Outra aplicação das análises toxicológicas se refere ao controle de farmacodependência ou 
“dependência química” no ambiente ocupacional, ressaltando-se principalmente a vigilância de 
condutores de transporte coletivos. O diagnóstico laboratorial da intoxicação, seja ela aguda ou 
crônica, representa uma importante ferramenta para o médico no que se refere ao tratamento 
bem como no acompanhamento do paciente intoxicado ou ainda no estabelecimento do risco. 
As análises Toxicológicas apresentam, portanto, importância crucial na materialização do crime 
e no auxílio-diagnóstico das intoxicações nas diferentes áreas da Toxicologia. Se a diferença 
entre ética e moral é determinada pelas escolhas individuais, pelo caráter no primeiro caso e 
pelos costumes ou pelos modos da maioria, no segundo, há nisso uma grande carga de 
inconsciente. Pode-se estar dando vazão a preconceitos, ou interesses econômicos, ou ainda a 
questões pessoais. Considerando-se essa carga de inconsciente em nossas ações não podemos 
saber se há validade em nosso julgamento. Poderíamos então pensar que esse julgamento é 
apenas uma extrapolação de nossos preconceitos (RIOS, 1996). 
Após os resultados da triagem, realizada rotineiramente para todos os funcionários, propõe-se 
o encaminhamento para tratamento daqueles indivíduos em que foi constatado o resultado 
positivo. A mesma metodologia, supostamente, poderia ser desenvolvida com estudantes e já foi 
proposta como projeto de lei em diversos estados, no entanto esse procedimento não poderia 
sequer ser cogitado considerando-se as consequências negativas a que os estudantes estariam 
sujeitos. 
 
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Considerações: 
Frente ao exposto, considera-se de extrema importância ao enfermeiro do trabalho a adoção 
de uma postura ética, livre de preconceitos e julgamentos discriminatórios. Nota-se que este 
profissional deve ter embasamento teórico para suas ações, possibilitando defender a saúde do 
trabalhador, adaptando o trabalho ao trabalhador e prezando pela produtividade da empresa. 
Quanto à toxicologia do trabalhador, percebe-se que é uma área de notável importância na 
prevenção de doenças através do monitoramento constante dos trabalhadores expostos aos 
produtos tóxicos. Porém, este monitoramento deve permitir mudanças nas adaptações dos 
sistemas de segurança e não constituir-se apenas como um critério de exclusão de trabalhadores 
do setor. Eticamente quando o trabalhador apresentar alterações significativas nos exames o 
enfermeiro do trabalho deve tomar atitudes em prol da reabilitação deste indivíduo.

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