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LINGUAGEM E FONOAUDIOLOGIA EM PSICOPEDAGOGIA

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LINGUAGEM E FONOAUDIOLOGIA EM PSICOPEDAGOGIA
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes objetivos de aprendizagem:
· Conhecer a ciência Fonoaudiologia.        
· Conhecer a função do fonoaudiógo e suas áreas de atuação.
· Articular a Fonoaudiologia e a Psicopedagogia.  
· Diferenciar o papel do fonoaudiólogo e do psicopedagogo.
· Apresentar o conceito de linguagem, fala e voz.
· Aplicar os conceitos de linguagem, fala e voz em casos clínicos.
CONTEXTUALIZAÇÃO
Neste primeiro capítulo, faremos um panorama breve da Fonoaudiologia e discutiremos a sua relação com a Psicopedagogia.
Você verá que a Fonoaudiologia vai além de “ensinar as pessoas a falar e fazer exames de audição”, conhecerá suas áreas e locais de atuação e também seus principais objetos de estudo, como a linguagem, a fala, a voz, a audição e a deglutição, etc.
Poderemos assim, juntos, entender por que a Psicopedagogia e a Fonoaudiologia estão intimamente ligadas, e como uma pode ajudar na solução de problemas da outra.
Para que você possa aprofundar seus conhecimentos a respeito da Fonoaudiologia, veremos alguns conceitos como linguagem, fala e voz, e como eles são diferentes quando aparecem em patologias. No dia a dia, parece-nos ser a mesma coisa, pois falamos, então usamos linguagem e voz.
Mas, quando nos perguntamos se uma criança surda que não fala tem linguagem, nossa primeira resposta seria dizer que não, pois é óbvio, ela não fala, então não tem linguagem.
Engano nosso, essa criança que não fala expressa sua linguagem das mais diversas formas, através da linguagem de sinais (libras), através de seu olhar, seus desenhos, da escrita, etc. Examinaremos os conceitos, sempre procurando entender como eles interferem na nossa vida e no nosso entendimento quando estudamos algo ou precisamos atender um cliente.
FONOAUDIOLOGIA E PSICOPEDAGOGIA
A idealização da profissão de fonoaudiólogo no Brasil data da década de 30, e teve origem na preocupação da Medicina e da Educação com a profilaxia, bem como com a correção de erros de linguagem apresentados pelos escolares.
Nessa época, muitas pessoas acreditavam que todo tipo de sotaque ou regionalismo era um erro de linguagem, que descendentes de outras nacionalidades falam errado ao emitirem o som de uma letra ou outras particularidades, que também os regionalismos, os costumes de uma região, cultura ou época deveriam ser “limpos” da nossa língua.De lá pra cá, o fonoaudiólogo passou a ser um profissional que se fundamenta em uma ciência. 
Profilaxia: Prevenção de doenças, que se ocupa das medidas necessárias à preservação da saúde da coletividade. (Moderno Dicionário da Língua Portuguesa Michaelis). Ou seja, tudo que fosse diferente de um modelo estabelecido de fala era considerado doença, que o fonoaudiólogo deveria corrigir. Mas, o que é afinal Fonoaudiologia? Quais as funções do fonoaudiólogo? Quais suas áreas de atuação? E, mais importante, qual a relação e as diferenças entre o fonoaudiólogo e o psicopedagogo?
Você percebeu que a Fonoaudiologia surgiu de uma necessidade na Educação?
A Fonoaudiologia é a ciência que tem por objeto o estudo da comunicação e seus distúrbios. Para tanto, focaliza os processos e aspectos participantes das ações do organismo em ambiente que requeira a comunicação, quais sejam, a linguagem oral e escrita, a articulação dos sons da fala, a voz, a fluência da fala e a audição. (Conselho Federal de Fonoaudiologia, 2007).
Você já viu este símbolo? Este é o símbolo da Fonoaudiologia!
Figura 1 – Símbolo da fonoaudiologia
Fonte: Disponível em: <www.fonoaudiologia.org.br>. Acesso em: 29 jan. 2016.
Se tiver curiosidade sobre a profissão de fonoaudiólogo, você pode acessar o site do Conselho Federal de Fonoaudiologia: www.fonoaudiologia.org.br.
Mas apesar de ter uma história antiga, a profissão de fonoaudiólogo só foi reconhecida por lei em 1981, com a lei nº 6965, de 9 de dezembro de 1981 e pelo decreto nº 87218, de 31 de maio de 1982.
Fonoaudiólogo é o profissional com graduação plena em Fonoaudiologia, que atua em pesquisa, prevenção, avaliação e terapia fonoaudiológicas na área da comunicação oral e escrita, voz e audição, bem como em aperfeiçoamento dos padrões da fala e da voz.” (lei nº 6.965, de 9 de dez de 1981, art. 1º, parágrafo único).
Especialidades em Fonoaudiologia:
· Linguagem
· Voz
· Neuropsicologia
· Audiologia
· Disfagia
· Motricidade oral
· Educacional
· Gerontologia
· Fonoaudiologia neurofuncional
· Fonoaudiologia do trabalho
· Saúde coletiva
Talvez você não conheça alguns desses termos, então, aguce sua curiosidade! Iremos falar de cada um deles nos capítulos seguintes.
Os locais de atuação do fonoaudiólogo são:
· unidades Básicas de Saúde;
· ambulatório de especialidades;
· hospitais e maternidades;
· consultórios;
· clínicas;
· home care;
· domicílios;
· asilos e casas de saúde;
· creches e berçários;
· escolas regulares e especiais;
· instituições de ensino superior;
· empresas;
· meios de comunicação;
· associações;
· ONGs.
Destacamos esses dentre outros que possam advir do trabalho fonoaudiológico. (CRFa, 2007).
Agora já sabemos o que é Fonaudiologia, e quais as funções do fonoaudiólogo, mas qual a sua relação com a Psicopedagogia?
A Psicopedagogia busca a compreensão sobre os variados processos inerentes ao aprender humano, e para que ocorra a aprendizagem, as pessoas precisam da mediação da linguagem. É através da linguagem que ocorre a aprendizagem, seja linguagem falada, gestual, escrita ou visual.
O psicopedagogo necessita compreender os processos de aprendizagem e entender as possíveis dificuldades situadas nesse processo. Durante esse processo, ocorre a transmissão e apropriação de conhecimentos, que é perpassado pela comunicação, ou seja, pela linguagem. 
Por mais de uma década a American Speech-Language-Hearing Association (ASHA) tem publicado artigos, comprovando a relação entre distúrbios de linguagem e fracasso escolar.
Você está percebendo por que a Fonoaudiologia e a Psicopedagogia estão intimamente ligadas? E você já parou para pensar o que é a linguagem? É a mesma coisa que fala e que voz?
É comum as pessoas confundirem esses termos, que usualmente acabam sendo empregados como sinônimos.
1) Como exercício, elabore um conceito de linguagem: que é linguagem para você?
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LINGUAGEM, FALA E VOZ
Existem inúmeros conceitos de linguagem. Se você fizer uma pesquisa, perceberá que cada autor conceitua linguagem de forma diferente, mas todos têm em comum que a linguagem é um processo complexo que envolve função cerebral e participa da comunicação.
A linguagem pode ser verbal ou não verbal. A linguagem verbal acontece quando utilizamos as palavras, sejam elas faladas ou escritas. Podemos citar como exemplos um discurso, um diálogo ou uma carta.
Já na linguagem não verbal não utilizamos palavras. É o que podemos observar em uma placa, um semáforo, gestos e até mesmo no choro do bebê. Um apito no jogo de futebol, o cartão vermelho e amarelo e uma dança são outros exemplos de linguagem não verbal.
Alguns exemplos de linguagem não verbal:
Figura 2 - linguagem não verbal
Fonte: Disponível em: <http://images.google.com.br>. Acesso em: 10 ago. 2009.
Quando nos comunicamos, geralmente usamos a linguagem verbal e a não verbal juntas, com palavras, expressões da nossa face e gestos.
Vejamos alguns conceitos:
Linguagem é um sistema de comunicação natural ou artificial, humano ou não-humano. Assim, podemos nos referir à linguagem corporal (humana), às expressões faciais, às reações do nosso organismo (tanto aos estímulos do meio, como do nosso pensamento, ou, mesmo, dos aspectos fisiológicos), à linguagem de outros animais, aos sinais de trânsito, à música, à maneira de nos vestirmos, à pintura, enfim, todos os meios de comunicação, sejam cognitivos (internos),socioculturais (relativos ao meio) ou da natureza, como um todo (FERNANDES, 1998, p.10).
Halliday (1978) diz que a linguagem é um produto do processo de socialização, pois a criança inicialmente cria sua própria linguagem, e depois a língua materna na interação com seu grupo social. Quando a criança aprende a linguagem, ela está construindo sua noção da realidade externa e interna e, ao mesmo tempo, aprendendo coisas através da linguagem.
Já a língua é um sistema abstrato de regras gramaticais. É através dela que podemos mais facilmente transmitir as informações. A língua é formada por palavras e regras gramaticais.
A língua é uma construção unicamente humana, constituída por um povo. Ou seja, a língua é o idioma falado por um povo. 
Em algumas línguas como o inglês, há apenas uma palavra para designar língua e linguagem (language), mas, mesmo em português, em que existem vocábulos diferentes para designar os conceitos de língua e linguagem, fazemos confusão. Também encontramos dois termos em francês (langage/langue) e em espanhol (lengaje/lengua). 
1) Qual a principal diferença entre língua e linguagem? Cite um exemplo.
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A unidade mínima da comunicação linguística é o ato da fala, ou seja, a produção de uma frase sob certas condições (ou de um grupo de frases em um determinado contexto).
Então a fala é a materialização da linguagem e da língua, ou seja, é a utilização da voz com palavras e significados. A fala é a utilização da língua articulada com todo o aparato anatômico e fisiológico das estruturas do corpo humano.
Voz é o som produzido pela vibração das pregas vocais (também conhecidas como cordas vocais) na laringe, pelo ar vindo dos pulmões. Cada pessoa tem uma voz diferente. Podemos notar alguma semelhança de voz entre familiares, mas as vozes não são exatamente iguais, em virtude da anatomia de cada laringe.
1) Vamos então ver se entendemos! Escreva o que é linguagem, fala e voz.
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ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
Podemos considerar que a linguagem é a base para a comunicação. Não adianta falarmos ou termos voz, se não desenvolvemos a linguagem. A linguagem expressa a forma como nos comunicamos com os outros e com o mundo.
Para a fala ter sentido, utilizamos a língua. Podemos falar sons combinados que não significam nada, e esses sons não deixariam de ser fala, mas a outra pessoa não nos entenderia.
E por fim, a voz é o som que fazemos quando usamos a fala e a linguagem. Ela só é possível de ser produzida porque temos um aparato anatômico e fisiológico preparado para isso no nosso corpo.
Podemos assim perceber que esses conceitos que parecem tão semelhantes vão fazer diferença, principalmente quando estudamos as patologias.
Uma professora que está rouca porque forçou demais a voz não está com um problema de fala ou de linguagem, mas sim de voz, porque suas pregas vocais não estão cumprindo seu papel fisiológico para que essa professora possa falar.
E uma criança em idade escolar que não fala não tem um problema de voz, e sim de linguagem, pois é a forma de ela se comunicar com os outros e com o mundo que está com déficit e não apenas uma alteração das pregas vocais.
Nos próximos capítulos estaremos falando mais a respeito desses conceitos.
DESENVOLVIMENTO NORMAL DE LINGUAGEM
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes objetivos de aprendizagem:
 
· Descrever o desenvolvimento normal de linguagem.
· Examinar as fases de desenvolvimento de linguagem na criança.
· Relatar a sequência de aquisição fonética e fonológica na criança.
· Valorizar a fase crítica de desenvolvimento de linguagem para a criança.
CONTEXTUALIZAÇÃO
Você sabe como a criança desenvolve a linguagem? Com certeza, você já estudou isso como pedagogo(a), e já deve ter se perguntado, muitas vezes, se esta ou aquela criança estaria com o desenvolvimento de linguagem adequado para a sua idade.
Quando nos deparamos com uma criança que troca ou omite sons na fala, procuramos saber se ela já não deveria estar falando corretamente ou se aquele tipo de troca ainda é normal para a sua idade.
O desenvolvimento de linguagem é muito complexo, e depende de muitos fatores: orgânicos, ambientais, sociais, etc.
É difícil entender, por exemplo, por que uma criança que tem o biológico e o cognitivo adequados não fala na idade em que já deveria estar falando.
Ou por que aquela criança que não consegue manter uma comunicação com outra pessoa, nem mesmo para expressar suas necessidades, decora listas de nomes de rua ou números de telefone.
Nós veremos, neste segundo capítulo, que cada criança é única, e vai desenvolver a linguagem da sua maneira e no seu tempo, mas que existem marcos nesse desenvolvimento que nos mostram se ele está ocorrendo dentro do esperado ou não.
Veremos, também, como a interação com o outro é importante nesse processo, e que quando a criança tem o aparato físico adequado, a interação é que faz toda a diferença.
Conhecendo o desenvolvimento normal de linguagem, conseguimos perceber quando algo não vai bem nesse processo, e poderemos mais cedo tomar atitudes que minimizem os transtornos para a criança e sua família.
LINGUAGEM
Conforme conversamos, você, como profissional da educação e saúde, necessitará conhecer o desenvolvimento normal da linguagem.
Mas por quê? Não me basta identificar as patologias de linguagem? Aqui é que está o X da questão... como você irá identificar o patológico sem conhecer a normalidade?  Você concorda comigo?
Então começaremos com alguns pontos importantes a serem discutidos:
•   A linguagem tem dois grandes papéis, segundo Vygotsky (1896-1934) e Luria (1902-1977): o de organizadora da cultura e o de organizadora dos processos mentais superiores.
 
•    Cada criança tem seu próprio tempo para desenvolver as habilidades linguísticas, mas todas seguem um mesmo padrão de desenvolvimento, então temos marcos de desenvolvimento, se acreditarmos que o desenvolvimento da criança é fruto do biológico e da interação com seu meio sociohistórico (VYGOTSKY, 1987).
•    O desenvolvimento se constrói com a participação ativa da criança.
•    É a partir da linguagem que o homem constrói formas superiores de comportamento, que passa da relação direta com a natureza a uma relação mediada pelos signos socialmente compartilhados, que passa do mundo concreto ao simbólico (SILVEIRA, 1998). 
Nossa, quanta coisa! É mesmo! Este capítulo é a base para os seguintes. É ele que dará suporte para que você entenda as próximas aulas.
Como a linguagem seria, então, organizadora da cultura?
O homem, segundo Vygotsky, é capaz de pensar, planejar, agir e transformar a natureza com o uso de instrumentos, criados por ele e passados às gerações seguintes, e principalmente por causa da linguagem, que lhe permite passar esses conhecimentos de geração em geração. O homem pode, através da linguagem, lidar com situações passadas, presentes e futuras, passando do concreto ao simbólico. 
OK! Entendemos que, a partir do desenvolvimento da linguagem, cada criança que nasce não precisa descobrir o fogo, por exemplo, pois os conhecimentos são passados, pela linguagem oral e escrita, de geração em geração.
Mas como a linguagem teria o papel de organizadora dos processos mentais superiores e quais são os processos mentais superiores?
Segundo Luria (1979), os processos mentais superiores são a atenção, a percepção, a memória, o movimento, o pensamento e a linguagem, sendo a linguagem a organizadora dos processos cognitivos. 
A linguagem cria um universo simbólico. Eu não preciso estar vendo uma praia paradisíaca para desejar estarnela, ou para conseguir imaginá-la através de uma gravura ou da descrição do agente de viagem.
E é através da palavra que organizamos nossas experiências e aprendizados.
1) Como a linguagem pode ser organizadora da cultura? Dê um exemplo.
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 “O elemento fundamental da linguagem é a palavra. A palavra designa as coisas, individualiza suas características. Designa ações, relações, reúne objetos em determinados sistemas. Dito de outra forma, a palavra codifica nossa experiência.” (LURIA, 1987, p. 27).
A palavra é o componente essencial da linguagem e também da fala, que é um meio especial de comunicação, como já discutimos no capítulo anterior.
1) Tente explicar para você mesmo, pode ser mentalmente, o caminho da sua casa até o trabalho, sem palavras. Agora tente imaginar como você contaria a um amigo como foi a festa de aniversário ontem à noite, sem usar as palavras.
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DESENVOLVIMENTO DE LINGUAGEM
É por meio da fala do adulto que a criança começa a desenvolver sua própria linguagem.
Silveira (1998) descreve as fases de desenvolvimento da linguagem, e também da sua organização frente ao mundo, como dependente da mediação da fala do adulto, baseada em Vygostsky, sendo que não determina idades para cumprir determinadas funções, e sim marcos de desenvolvimento:
Quando dizemos à criança “olha a bola”, “pega a outra bola”, “chuta a bola”, “olha a bola grande”, “veja quantas bolas coloridas”, estamos fazendo com que oriente sua ação de determinadas formas, nesse caso: olhar, pegar, chutar, observar, perceber. Estamos fazendo com que desenvolva uma capacidade de orientar seu comportamento. Em primeiro lugar, destaca-se um objeto frente a vários outros, ou seja, educa-se a atenção ao fazer com que a criança selecione um estímulo específico e torne-o relevante dentro de um determinado quadro perceptivo. Em segundo lugar, o fato de designar um objeto sempre pelo mesmo significante, no caso bola, faz com que a criança abstraia suas características essenciais (objeto esférico) e as separe dos seus atributos variáveis (cor, tamanho, textura, material e outros), generalizando e estabilizando sua percepção. (SILVEIRA, 1998, p. 41).
Dessa maneira, podemos perceber que aprender a falar não é só aprender a articular sons ou aprender palavras novas, mas sim conhecer e organizar o mundo que cerca a criança. E é através da fala do adulto, e da sua própria fala, que ela organiza seus processos mentais, como vimos anteriormente.
Vejamos no quadro 1 o que acontece com a linguagem, enquanto a criança interage com o adulto.
Quadro 1 – A fala como reguladora da conduta
	1º momento
	A criança ainda não fala.
É a fala do adulto que orienta o comportamento da criança.
	2º momento
	A criança começa a falar as primeiras palavras, mas só     nomeia o que vê (fala dirigida para o presente) ou ações que acabaram de acontecer (passado recente).
	3º momento
	A criança fala enquanto age, é a “fala egocêntrica” que se constitui num exercício de autorregulação.
É a fala se internalizando.
	4º momento
	A criança fala antes de agir (fala dirigida para o futuro).
A fala se internalizou.
A fala se converte em instrumento de planejamento e organização do próprio
comportamento.
Fonte: Silveira (1998, p. 42). 
Exemplo do quadro 1 é o desenho infantil. No início, a criança só o nomeia após tê-lo terminado. Num segundo momento, ela o vai nomeando e organizando enquanto desenha e, por último, nomeia antes de desenhar, caracterizando a função planejadora da linguagem.
Por volta de 1 ano e meio, 1 ano e 8 meses, a palavra começa a adquirir o caráter de substantivo, passando a ter uma significação mais precisa. Isso faz com que a criança tenha necessidade de mais palavras para diferentes objetos, provocando um aumento quantitativo no seu vocabulário.
Antes, um mesmo som podia significar várias coisas, tendo a criança que estar realizando as suas ações para o entendimento de sua fala.
Inicialmente, a criança faz maior uso dos substantivos, verbos e adjetivos (mamãe, caiu, grande).
1)    Dê um exemplo de atividade infantil, caracterizando os 4 momentos de desenvolvimento descritos por Silveira no quadro 1.
Em um segundo momento, a partir da reflexão das relações estabelecidas entre objetos do mundo que a cerca, começa a incluir preposições, pronomes, conjunções, advérbios, etc., como mostra o quadro 2.
Quadro 2 – Desenvolvimento linguístico da fala infantil
	1º momento
	A criança faz uso basicamente de substantivos, verbos e adjetivos.
	2º momento
	A criança amplia seu vocabulário, passando a fazer uso também de preposições, pronomes, conjunções, advérbios, etc.
Fonte: Silveira(1998, p. 43).
A IMPORTÂNCIA DO MODELO DO ADULTO
As fases do desenvolvimento linguístico, propostas por Luria (1979), nos mostram a importância do modelo do adulto no desenvolvimento da linguagem da criança. São elas: repetição, nomeação e fala narrativa.
Por volta de 1 ano de idade, quando começa a falar as primeiras palavras, a criança depende totalmente do modelo do adulto para realizar suas emissões. É a etapa da repetição.
Por volta de 1 ano e 6 meses, desenvolve-se a nomeação. Nessa fase, se pedirmos para uma criança contar uma estória seguindo um livro, ela irá virar as páginas e apenas nomear as gravuras.
A terceira etapa, a da fala narrativa, introduz a frase.
Até então, a criança usava a palavra-frase, uma palavra designando uma ação. Por exemplo: bola poderia significar me dá a bola.
O quadro 3 nos mostra os três momentos do desenvolvimento de linguagem:
Quadro 3 – Desenvolvimento da linguagem expressiva
	1º momento
	Repetição: necessidade do modelo do adulto.
	2º momento
	Nomeação: estabilização dos significados; diferenciação da percepção; uso de palavra-frase.
	3º momento
	Fala narrativa: formação de frases; introdução de elementos de encadeamento (preposições, conjunções, pronomes, advérbios, etc.); expressão de pensamento e julgamentos.
Fonte: Silveira(1998, p. 44).
ETAPAS DO DESENVOLVIMENTO DE LINGUAGEM
Além de estudar o desenvolvimento da linguagem como ocorrendo de forma processual e ativa por parte da criança, também precisamos ter ideia das etapas de desenvolvimento da linguagem de forma cronológica, para que tenhamos um parâmetro, quando nos depararmos com uma criança em fase de aquisição de linguagem.
...a linguagem aparece em todas as crianças normais em marcos cronológicos muito semelhantes. A aquisição da linguagem e a comunicação se desenvolvem segundo etapas de ordem constante, ainda que o ritmo de progressão possa variar de um sujeito para outro. Segundo o processo normal de desenvolvimento pode-se esperar uma variação de seis meses aproximadamente. (CRYSTAL, 1981 apud DEL RIO; VILASECA, 1992, p. 22).
Olharemos para o quadro de desenvolvimento de linguagem não como uma regra pré-fixada, em que todas as crianças terão que seguir as idades indicadas. Mas poderemos, se tivermos o quadro em mente, perceber se esta criança está com seu desenvolvimento de linguagem alterado.
A classificação de categorias por idade, listadas a seguir, é baseada no protocolo utilizado na Clínica Uni Duni Tê, em Brusque, SC.
De 1 ano a  1 e 6 meses
1. Usa uma palavra com sentido, como “dá”, ou alguma produção verbal referente a uma palavra, quando deseja algum objeto;
2. A criança bate palmas, manda beijo, dá tchau;
3. A criança compreende ordens simples;
4. A criança executa ordens simples;
5. Fala pelo menos uma palavra com sentido, parte do corpo, nome de um animal, nome de um alimento;
6. A criança brinca simbolicamente;
7. A criança aceita a intervenção do outro na brincadeira;
8. A criança apresentaintenção comunicativa.
De 1 e 6 meses a 2 anos
1. A criança une de duas a três palavras em uma frase;
2. Fala durante a brincadeira, referindo-se a acontecimentos imediatos;
3. Pede coisas de seu desejo com palavras;
4. Reconhece e fala partes do corpo;
5. Usa o pronome EU;
6. Diz oi e tchau;
7. Fala o nome de alguns objetos de casa, brinquedos, ou alimentos;
8. Usa sons onomatopéicos na brincadeira ou para se referir ao nome dos objetos;
9. As ações simbólicas são efetivas;
10. A criança tem o outro como um parceiro de troca na brincadeira;
11. Tem interesse por pequenas histórias e mantém atenção às mesmas;
12. Interessa-se por figuras.
De 2 a 3 anos
1. Usa frases com mais de três palavras sobre situações do dia a dia ou situações presentes;
2. Compreende ordens gramaticais;
3. Usa efetivamente pronomes, principalmente o “EU”, há presença de outros pronomes;
4. Diz seu próprio nome;
5. Usa o plural;
6. Seu vocabulário abrange 100 a 200 palavras;
7. Segue ordens complexas;
8. Faz perguntas;
9. Usa recorte da fala do outro como organizadora de sua linguagem;
10. A criança é capaz de relatar pequenos fatos, principalmente acontecimentos imediatos;
11. É capaz de narrar fatos do passado com o auxílio do adulto;
12. A criança já é capaz de ampliar a brincadeira e nestas inventar contextos simbólicos;
13. A fala da criança é inteligível.
3 a 4 anos e meio
1. A criança é capaz de narrar fatos passados sem o auxílio do adulto;
2. É capaz de narrar fatos com coerência de acontecimentos e coesão de idéias;
3. A criança compreende onde, quando;
4. O simbolismo é usado referenciando eventos passados e futuros;
5. Faz comentários sobre acontecimentos;
6. Toma a iniciativa para relatar eventos e ações;
7. As aquisições cognitivas estão presentes em seu discurso, classificação, noção temporal, noção de tamanho, conhecimento sobre funções.
1) O que podemos considerar como individual de cada criança no desenvolvimento de linguagem?
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AQUISIÇÃO DOS FONEMAS
Também é importante termos ideia da sequência de aquisição de fonemas (sons), no vocabulário brasileiro, por parte das crianças, para que possamos perceber por exemplo, se aquele /r/ que a criança está trocando por /l/ ainda está em período de aquisição ou já deveria ter sido adquirido.
Lembremos que, dentro de um mesmo idioma, ocorrem variações articulatórias. O que pode parecer inadequado em uma região é o adequado em outra. Temos como exemplo o sotaque alemão nas cidades colonizadas pelos alemães.
Com base em estudos de Wertzner (2000) apud Castro (2006), sobre a aquisição dos fonemas, a maioria deles já está adquirida aos três anos e meio, como: /p b t d k g f v s z l j r m n nh x/. Outros são adquiridos aos 5 anos, como o R de carro.
Os encontros consonantais que terão sido adquiridos aos 4 anos são: /pr br kr gr vr gl/; dos 4 aos 6: /dr fr kl fl/; aos 5 anos: /tr/; dos 5 aos 6: /bl/ e aos 6 anos e meio: /pl/.
Claro que não é tão simples assim observar a fala de uma criança e dizer se ela está no processo normal de desenvolvimento de fala ou não, já que são muitas as variações e condições dependentes para que este processo aconteça.
ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
Como vimos, segundo Vygotsky (1896-1934) e Luria (1902-1977), a linguagem tem dois grandes papéis: o de organizadora da cultura e o de organizadora dos processos mentais superiores.
Graças à linguagem, o homem pode passar informações e conhecimentos de geração em geração, e também lidar com situações passadas, presentes e futuras, com a passagem do concreto ao simbólico.
Vimos também que aprender a falar não é só aprender a articular sons ou aprender palavras novas, mas sim conhecer e organizar o mundo que nos cerca.
Por isso, a interação torna-se tão importante: é através desta com o adulto que a criança desenvolve a linguagem e organiza os seus processos mentais superiores, além de aprender a falar ou comunicar-se de outra forma na impossibilidade de utilização da linguagem oral, como, por exemplo, com a utilização da língua de sinais.
Podemos considerar como fases de desenvolvimento linguístico a repetição, a nomeação e a fala narrativa, sendo que essas fases são dependentes da interação da criança com o adulto.
Além de estudar o desenvolvimento da linguagem como ocorrendo de forma processual e ativa por parte da criança, também precisamos ter ideia das etapas de desenvolvimento da linguagem de forma cronológica, para que tenhamos um parâmetro, quando nos depararmos com uma criança em fase de aquisição de linguagem.
Existem marcos importantes no desenvolvimento linguístico, que podem variar em detalhes de autor para autor, mas acabam seguindo mais ou menos a mesma ordem, e podemos considerar que de 1 ano a  1 e 6 meses, a criança usa uma palavra com sentido, como “dá”, ou alguma produção verbal referente a uma palavra, quando deseja algum objeto. De 1 ano e 6 meses a 2 anos, a criança une de duas a três palavras em uma frase;  já dos  2 aos 3 anos, ela usa frases com mais de três palavras sobre situações do dia a dia ou situações presentes; e dos 3 aos 4 anos e meio, a criança é capaz de narrar fatos passados sem o auxílio do adulto.
Também é importante termos ideia da sequência de aquisição de fonemas (sons), no vocabulário brasileiro, por parte das crianças, para que possamos perceber por exemplo, se aquele /r/ que a criança está trocando por /l/ ainda está em período de aquisição ou já deveria ter sido adquirido.
Este capítulo, como dissemos anteriormente, serve de base para os próximos, em que iremos estudar as patologias de linguagem.
ALTERAÇÕES DE LINGUAGEM
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes objetivos de aprendizagem:
· Conhecer o conceito de atraso no desenvolvimento da linguagem, e de desvio fonológico e fonético.
· Apontar os sintomas do atraso no desenvolvimento da linguagem, do desvio fonológico e fonético.
· Conhecer os conceitos de gagueira, afasia e autismo.
· Apontar os sintomas da gagueira, afasia e autismo.
· Aplicar as orientações práticas para a escola e família.
CONTEXTUALIZAÇÃO
Podemos considerar que o trabalho, a linguagem e a vida humana estão intimamente relacionados, não podendo ser concebidos de forma independente das vivências humanas e de um processo constante de reelaboração e transformação do estabelecido (VARGENS, 2006).
Para Bakhtin (1979, 1929), apud Vargens, 2006, a língua não é vista como mera estrutura, concebendo-a a partir do seu uso concreto. Para o autor, a linguagem está diretamente relacionada à ação sobre o outro e se tem no enunciado uma constante resposta aos enunciados do outro e aos seus próprios enunciados. O sujeito, para expressar-se, considera a reação de seu co-enunciador ao que lhe está sendo dito e isso influencia sua fala.
Poderemos perceber, ao longo deste terceiro capítulo, essas características da linguagem na criança, principalmente nas patologias, em que esses processos ficam bastante explícitos, no momento, por exemplo, em que uma criança não considera o outro como seu interlocutor, no caso do autismo, ou como a expressão de estranhamento na face dos pais de uma criança que troca os fonemas na fala faz com que a mesma (a criança) tente corrigir sua fala e aproximar-se do modelo dado pelo adulto.
Com este capítulo iniciamos o estudo sobre as patologias fonoaudiológicas relacionadas com a linguagem, como atraso no desenvolvimento de linguagem, desvio fonético e fonológico, afasia, gagueira, e autismo.
Este texto não tem o objetivo de prepará-lo para atender terapeuticamente uma patologia fonoaudiológica, mas, sim, dar noções básicas e gerais sobre algumas patologias, cujo tratamento é de competência do fonoaudiólogo, mas que podem aparecer no seu percurso profissional.
Afinal, as pessoasnão vêm repartidinhas em pedacinhos, este pedacinho vai ao fono, este pedacinho ao psicopedagogo e este pedacinho ao pediatra... Poderíamos até achar graça desse exemplo, mas ele nos faz pensar que em nossa profissão lidamos com pessoas e não com patologias. Por isso, é responsabilidade de todos saber e dar resolubilidade às demandas do nosso cliente. E essa resolubilidade pode acontecer através de uma orientação ou até mesmo de um encaminhamento a outro profissional, mas temos que saber a que profissional encaminhar, certo?
ATRASO NO DESENVOLVIMENTO DE LINGUAGEM
Para falarmos de atraso no desenvolvimento de linguagem, teremos que considerar que a linguagem não pode se desenvolver separadamente dos aspectos orgânicos, emocionais, cognitivos e sociais, e que ela só tem significado em relação ao contexto em que se manifesta (CERVONE; FERNANDES, 2005).
Estudos mostram que até o 15º mês de vida as crianças usam principalmente os gestos e que estes, por volta dessa idade, são substituídos pela fala.
Aos dois anos, a criança desenvolve estratégias mais elaboradas para expressar seu repertório linguístico, que já se encontra mais desenvolvido devido à aquisição de regras semânticas e sintáticas.
Dos dois aos três anos, as crianças demonstram maior significação linguística através de revisões do discurso, e ocorrem então trocas rápidas no tópico do mesmo.
Aos quatro anos, já é capaz de adaptar seu discurso à idade do ouvinte, começa a produzir sentenças indiretas e aos cinco anos já possui padrão linguístico semelhante ao do adulto (CERVONE; FERNANDES, 2005).
Em pesquisa realizada com crianças de 4 e 5 anos, percebeu-se que
As crianças mais novas chamavam a atenção da avaliadora na maior parte do tempo, pediam sua afirmação ou atenção nas atividades. As crianças mais velhas pareciam mais independentes... as crianças maiores não apresentaram as funções de exibição, pedido de consentimento e pedido de rotina social, que são funções mais interativas e que requerem maior atenção e participação do ouvinte. Por outro lado, as crianças mais velhas contavam histórias, suas e dos livrinhos disponíveis (CERVONE; FERNANDES, 2005, p. 104).
Por que voltamos ao ponto do desenvolvimento de linguagem? - você poderia me perguntar. Porque, de forma bem sucinta e até reducionista, poderíamos dizer que a criança que aos dois anos não estiver expressando-se verbalmente, que aos três não faça troca de turno com seu interlocutor ou que aos cinco não estiver utilizando a linguagem em todas as suas formas, terá um atraso no desenvolvimento de linguagem. 
Troca de turno com interlocutor: duas pessoas conversando são dois interlocutores. A passagem da fala de um para o outro é a troca de turno de interlocutores.
Simples assim? Não!
Teremos que considerar vários aspectos, como já vimos no início do capítulo. 
Vejamos algumas nomenclaturas:
Atraso: a progressão da linguagem processa-se na sequência correta, mas em ritmo mais lento, sendo o desempenho semelhante ao de uma criança de idade inferior.
Dissociação: existe uma diferença significativa entre a evolução da linguagem e a das outras áreas do desenvolvimento.
Desvio: o padrão de desenvolvimento é mais alterado, verifica-se uma aquisição qualitativamente anômala da linguagem. É um achado comum nas perturbações do espectro autismo. (SCHIMER et al., 2004).
Se levarmos esses conceitos em consideração, podemos então dizer que uma criança com atraso no desenvolvimento de linguagem é aquela que se apresenta em uma fase do desenvolvimento de linguagem não condizente com sua idade, mas que as características que está apresentando não são diferentes da linguagem de uma criança mais nova. Ou seja, ela está no processo de desenvolvimento     de linguagem, só que atrasada.
Parece redundante, mas, para ficar mais claro, vamos aos sintomas:
•    a criança compreende, mas não fala, ou sua fala é ininteligível;
•    geralmente, não tem deficiência auditiva, deficiência mental, transtorno global do desenvolvimento, ausência dos órgãos fonoarticulatórios;
•    geralmente sua brincadeira também é bastante empobrecida, em decorrência da ausência ou deficiência de interação com o adulto;
•    quando quer pedir algo, aponta ou leva o adulto até o objeto desejado;
•    fica nervosa ou furiosa quando não é atendida.
Uma criança com uma patologia associada que irá interferir no desenvolvimento de linguagem, como surdez, paralisia cerebral, autismo, etc., também pode apresentar, e é bem provável que apresente, um atraso no desenvolvimento de linguagem, mas nesse caso não diremos que é um atraso simples no desenvolvimento de linguagem, e sim associado à patologia causadora. 
O atraso no desenvolvimento de linguagem não significa ausência da fala ou fala distorcida. Exemplo: é possível que uma criança com fisssura labiopalatal tenha algumas características de fala como fala soprosa e/ou nasalisada. Mas isto não caracteriza um atraso de linguagem, ela pode desenvolver a linguagem no tempo esperado.
Se pensarmos no atraso de desenvolvimento de linguagem em uma criança com desenvolvimento global adequado para sua idade, sem patologias associadas, poderíamos arriscar dizer que as possíveis causas desse atraso seriam a diminuição ou a ausência de estímulos, a superproteção familiar, a deficiência na interação entre adulto e criança e a falta de limites dos pais para a criança.
Vejamos o seguinte: por que uma criança irá pedir algo falando se, quando ela aponta, ganha de imediato o objeto de seu desejo? Você falaria?
“Por que eu vou falar? Se eu chorar todos vão me dar atenção e vão fazer o que eu quero”.
1) Caracterize uma criança com atraso no desenvolvimento de linguagem.
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a) Orientações para pais e professores de crianças com atraso no desenvolvimento de linguagem
O fonoaudiólogo irá acompanhar essa criança, sua família e a escola; e você poderá auxiliar neste processo de orientação, seja na instituição ou na clínica.
A valorização da criança enquanto interlocutor e da linguagem enquanto meio de conhecer e atuar no mundo são tão essenciais para o desenvolvimento da linguagem quanto o oferecimento de padrões de fala corretos e hábitos orais adequados. (FERNANDES, 1998, p. 24).
Para que a pessoa que estamos orientando entenda o que deve ser feito, precisamos primeiro dar uma breve noção do desenvolvimento de linguagem, como acontece e a melhor forma de estimulá-la.
Precisamos explicar que a criança aprende, inclusive, a falar, através da brincadeira; que nós, adultos, aprendemos estudando, lendo, conversando com um amigo, etc., mas que a criança só aprende brincando e interpretando as coisas do dia a dia através da brincadeira.
Devemos orientar esta família a sentar-se na altura da criança e brincar com ela, com brincadeiras de faz de conta (casinha, fazenda, posto de gasolina,etc) , que estimulam  a criança a falar, mesmo que seja apenas o som das coisas e dos animais.
O adulto deve falar corretamente com a criança, para que o modelo adequado de fala seja dado a ela, evitando usar diminutivos, pois repetir casa é mais fácil do que repetir casinha e pé do que pezinho.
Quando a criança pede as coisas apontando, não entregar imediatamente. Sempre perguntar o que ela quer, dando duas opções de resposta, por exemplo, “o que você quer? É o pão ou a bolacha? Porque, se apenas perguntamos o que ela quer, no início da aquisição da linguagem, a criança pode não saber a palavra correspondente àquele objeto, mas se dermos o modelo fica mais fácil para que ela repita.
Precisamos também explicar que não é na primeira emissão de fala que a criança irá falar a palavra corretamente, por exemplo, parabolacha, ela vai começar falando “bo” ou “acha”. E que isto é o processo de aquisição normal, mesmo que ela seja uma criança mais velha.
DESVIO FONÉTICO E FONOLÓGICO
Segundo Castro (2006, p. 33), “A aquisição dos sons da língua ocorre naturalmente e sem dificuldades, entretanto, para algumas crianças, essa tarefa é árdua. Trata-se das crianças que possuem o distúrbio fonológico”.
A aquisição dos fonemas segue padrões universais, e cada criança apresenta suas características individuais. A criança é ativa durante todo o processo, e é comum ocorrerem vários processos fonológicos (erros que acontecem durante a aquisição, que são normais) simultaneamente, sendo a fase de maior uso produtivo até os 4 anos.
O processo de aquisição e desenvolvimento do conhecimento fonológico ocorre de modo gradual até que haja o estabelecimento do sistema fonológico de acordo com a comunidade linguística em que a criança está inserida. A idade esperada para o término deste aprendizado ocorre por volta dos cinco anos, podendo estender-se dos quatro até, no máximo, os seis anos de idade (GRINDI-VIEIRA et al., 2004, p. 144).
Os processos fonológicos pertencem a diferentes categorias, como substituição, omissão ou distorção. Esses processos são considerados normais durante a fase inicial de aquisição de linguagem.
Como exemplo, citamos uma criança de 2 anos de idade que fala /alala/ ao invés de /arara/. Ela está substituindo o /r/ pelo /l/. Outro exemplo de substituição seria /xícara/ por /sícala/. Aqui a criança substituiu o /x/ pelo /s/ e o /r/ pelo /l/.
Um exemplo de omissão, também normal no início da aquisição da linguagem, seria a troca de /bolacha/ por /boacha/, ou de /guarda/ por /gada/.
As distorções acontecem quando a criança modifica um som, mas mesmo assim esse som, continua inteligível, apenas distorcido, como falar o /s/ com um chiado.
A dificuldade pode estar relacionada com a representação mental do som, com o armazenamento do som (quanto ao acesso e/ou recuperação) e/ou com a produção do som.
a) Desvio Fonético
Quando uma criança tem uma dificuldade de articulação envolvendo  a produção da fala, manifestado por inabilidade em articular os sons, esta dificuldade é considerada fonética. Por exemplo, a criança que distorce o som, mas mesmo assim ele continua a ser entendido, como o “s” falado com a língua para fora dos dentes, ou jogando o ar da cavidade oral para as bochechas e não para os lábios.
As manifestações fonéticas manifestam-se principalmente por meio de distorções, ou seja, dificuldades na produção do som. A regra fonológica encontra-se respeitada.
Em resumo, a criança não troca os sons da fala por outros. Utiliza os corretos, mas com a articulação imprecisa ou distorcida.
b) Desvio Fonológico
Já as dificuldades de comunicação de ordem linguística, envolvendo a distinção dos sons usados para diferenciar o significado entre as palavras, são consideradas de ordem fonológica.
Para algumas crianças, o processamento das informações fonológicas acontece de maneira diferente do esperado. Essas crianças têm dificuldade na organização mental dos sons que ocorrem contrastivamente na língua, no estabelecimento do sistema fonológico alvo, bem como na adequação do input recebido. Estes casos são denominados desvio fonológico.
O desvio fonológico caracteriza-se pela desorganização, inadaptação ou anormalidade no sistema de sons da criança, em relação ao sistema padrão de sua comunidade lingüística, inexistindo quaisquer comprometimentos orgânicos. O quadro clínico é representado pela fala espontânea ininteligível em idade superior a quatro anos, condições de desenvolvimento global adequadas à sua faixa etária, nível cognitivo, auditivo, psicomotor, normalidade anatomofisiológica do aparelho fonador e capacidades de linguagem expressiva e compreensiva bem desenvolvidas.
O desvio fonológico trata-se de um desvio (afastamento de uma linha), e não de uma desordem ou um distúrbio, no sentido de que a fala com desvios constitui um sistema fonológico, embora inadequado e afastado do esperado. Esse desvio é fonológico, de um dos componentes da linguagem, e não no nível articulatório. O desvio ocorre no desenvolvimento, como parte do processo de aquisição, e tem etiologia desconhecida, embora alguns trabalhos mostrem possíveis fatores influentes, como memória de trabalho, processamento auditivo e consciência fonológica.” (GRINDI-VIEIRA et al., 2004, p.145).
As alterações fonológicas manifestam-se principalmente por meio de omissões e /ou substituições, em que a criança omite ou substitui o som-alvo por outro presente em seu inventário fonético (CASTRO, 2004 apud CASTRO, 2006).
Alterações fonéticas e fonológicas podem ocorrer simultaneamente, comprometendo a articulação e o conhecimento internalizado do sistema de sons da língua. Tais crianças geralmente apresentam audição normal, assim como os aspectos cognitivos, emocionais e social (CASTRO, 2006, p. 32).
Os distúrbios fonológicos estão entre os mais frequentes distúrbios da comunicação em crianças. Afetam aproximadamente 10% da população, e 80% dos indivíduos apresentam distúrbio severo que requer tratamento (GIERUT, 1998 apud CASTRO, 2006). 
Caro(a) Pós-graduando(a), para facilitar a compreensão
dos processos fonológicos, adaptei o quadro usando o grafema
correspondente ao fonema.
Quadro 4 – Processos fonológicos usuais no desenvolvimento normal
Fonte: Adaptação de Castro(2006).
Quadro 5 – Processos fonológicos não usuais no desenvolvimento normal
Fonte: Adaptação de Castro(2006).
Velleman (2002) apud Castro (2006) alertou que as palavras derivam sua estrutura não somente dos sons que as incluem, mas também da organização desses sons dentro da palavra. A criança pode produzir consoantes e vogais adequadas à idade, mas nem sempre é hábil para produzí-las nas configurações requeridas pela língua, como consoante final, encontros consonantais, palavras multissilábicas.
1) Dê exemplo de fala de uma criança com desvio fonético e um exemplo de fala de criança com desvio fonológico.
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c) Orientações para pais e professores de crianças com desvio fonético  ou fonológico
O tratamento das alterações fonéticas e/ou fonológicas deve ser realizado pelo fonoaudiólogo, mas algumas orientações são úteis para facilitar a aquisição dos fonemas, e a principal delas é falar corretamente com a criança.
Para facilitar a aquisição de linguagem, o adulto deve falar as palavras corretamente e não usar diminutivos, como já foi colocado nas orientações de linguagem. Uma estratégia que a família e o professor podem usar para auxiliar a criança a perceber que está falando errado é a seguinte: quando a criança trocar sons na fala, o adulto deve fazer expressão de dúvida, repetindo a palavra exatamente como a criança falou, para que ela possa ouvir a sua produção, e esperar que ela se corrija. Se a mesma não conseguir, você então fala a palavra correta para que a criança tenha um modelo de fala para copiar.
É importante observar que, se a criança se aproximar do período de alfabetização e não estiver falando corretamente, deve ser encaminhada a um fonoaudiólogo, para que seja avaliada. A linguagem escrita tem relação direta com a falada, e uma alteração na fala pode interferir neste processo.
Algumas crianças ficam irritadas quando pedimos que elas repitam a palavra correta. Se este for o caso da sua criança, basta repeti-la corretamente que, aos poucos, juntamente com o trabalho terapêutico do fonoaudiólogo, ela vai adequando sua fala ao modelo dado pelo adulto.
GAGUEIRA
Na fluência, há uma transição articulatória de um fonema a outro, com regularidade e facilidade.
Todos nós já ficamos disfluentes emalgum momento da nossa vida, quando ficamos nervosos, quando tivemos que falar em público, dar uma explicação, ou quando mentimos. Você já se percebeu disfluente? Qual foi a sensação?
a) Fluência
Há um período na vida da criança, entre dois e quatro anos de idade, em que ela pode apresentar fala disfluente. Isso acontece em momentos em que ela quer contar algo, pois o pensamento ainda é mais rápido que a capacidade articulatória, e a organização do discurso está se desenvolvendo. Na maioria das vezes, a criança não percebe que está gaguejando.
Tendo em vista que 80 por cento das crianças com gagueira conseguem se recuperar espontaneamente, a recomendação usual para um pai preocupado costumava ser, até pouco tempo atrás, ter calma e esperar. O problema é que esperar pode ser muito desvantajoso para crianças que se beneficiariam da intervenção precoce. Hoje, a maioria dos especialistas em fluência recomenda que os pais procurem tratamento especializado caso a criança esteja gaguejando por mais de 6 meses, principalmente se for algo que a incomode. (CHANG, 2008, p. 1333-1344)
b) Gagueira
Segundo a Classificação Internacional de Doenças (CID-10), a gagueira é caracterizada como um distúrbio ou transtorno de fluência de fala, com o código F98.5. Muitas pessoas acreditam que a gagueira é um distúrbio emocional ou psicológico, em virtude de sua intensidade variar e da existência de momentos de fluência.
Mas, com o uso moderno de neuroimagem, em exames funcionais, pode-se constatar cientificamente que pessoas que gaguejam e pessoas fluentes exibem claras diferenças nos padrões de atividade no cérebro durante a produção da fala. Além disso, pessoas que gaguejam também exibem sutis déficits estruturais envolvendo primariamente áreas do hemisfério esquerdo responsáveis pela produção da fala fluente. (CHANG, 2008).
Então, o senso comum de que a gagueira é causada por um susto, stress, por pais rígidos, etc, está sendo desmistificado graças a exames objetivos de neuroimagem.
Podemos pensar na gagueira como um sintoma de linguagem que carrega sofrimento e não apenas uma fala que se interrompe no fluxo do tempo (OLIVEIRA; FRIEDMAN, 2006).
Algumas características:
1. esforço físico durante a fonação;
2. estado de ansiedade, tensão e medo, em relação à fala;
3. conflitos em relação à fala;
4. alterações fisiológicas durante a fonação, como: suor exagerado, alteração das batidas cardíacas;
5. dificuldade em manter o contato visual durante a fala;
6. nas palavras que considera difícil, uso de sinônimos, e às vezes, mudança até do conteúdo da mensagem;
7. desenvolvimento de manias, como passar a mão no rosto quando falar, ter sempre algo na mão;
8. fazer expressões corporais de sofrimento, como torcer as mãos, bater na mesa, bater um dos pés no chão.
 CARACTERIZAÇÃO DA GAGUEIRA
O problema central na gagueira consiste em uma dificuldade do cérebro para sinalizar o término de um som ou uma sílaba e passar para o próximo. Desta forma, a pessoa consegue iniciar a palavra, mas fica presa em algum som ou sílaba (geralmente o primeiro) até que o cérebro consiga gerar o comando necessário para dar prosseguimento com o restante da palavra.
Acredita-se que as estruturas cerebrais envolvidas com a gagueira sejam os núcleos da base, os quais são envolvidos com a automatização de tarefas (dirigir, calcular, escrever, falar, etc).
Em relação a fala, os núcleos da base atuam principalmente em situações de fala espontânea. O envolvimento dos núcleos da base tendem a diminuir em situações que não envolvem fala espontânea (exemplos, falar com animais, com crianças pequenas, sozinho), e é por isso que estas situações geralmente induzem a fluência em pessoas que gaguejam.
A dificuldade do cérebro em gerar comandos para terminar um som ou sílaba no tempo previsto manifesta-se externamente como bloqueios, prolongamentos e/ou repetições de sons e sílabas.
A gagueira é então, um distúrbio neurológico e as variações de fluência podem ser explicadas pelo maior ou menor envolvimento dos núcleos da base na fala.
A gagueira é involuntária, ou seja, a pessoa que gagueja não tem controle sobre a sua fala e não consegue evitar a ocorrência da gagueira, por mais que se esforce.
Além dos sinais esternos, a gagueira está associada com grande sofrimento interno, porque a pessoa tem o que falar, sabe o que falar, mas não consegue. Interfere na comunicação e nos desempenhos escolar e profissional.
Fonte: Disponível em: <http://www.gagueira.org.br>. Acesso em: 20 jan. 2016.
c) Orientações aos Professores
Os professores normalmente tem dúvidas sobre como proceder com crianças que gaguejam. Diante disso, apresentamos a seguir algumas orientações. Veja:
 
ORIENTAÇÕES AOS PROFESSORES: A CRIANÇA QUE GAGUEJA NA ESCOLA
 
Criança na pré escola e jardim de infância: Todas as crianças nessa faixa de idade estão ativamente aprendendo a falar, e é natural que cometam erros de fala, como hesitações/ disfluências. Algumas apresentam mais do que outras e isso é normal. Se você estiver preocupado quanto a possibilidade de gagueira em uma dessas crianças, não deixe que ela perceba qualquer atenção especial neste momento. Ao invés disso, procure um fonoaudiólogo especializado em gagueira para receber orientações e sugestões.
A criança do ensino fundamental: Nesta faixa de idade, há crianças que não somente repetem e prolongam os sons, mas também que fazem esforço e ficam tensas e frustradas com suas tentativas de falar. Elas precisam de ajuda. Sem a ajuda necessária, é provável que a gagueira afete negativamente seu desempenho em sala de aula. Fale com os pais, e sugira que procurem um fonoaudiólogo.
Os professores frequentemente tem dúvidas sobre como agir com uma criança que gagueja em sala de aula. Ela deve ser cobrada para fazer apresentações orais, ler em voz alta ou responder perguntas? O professor deve comentar com a criança a respeito de sua fala ou simplesmente ignorar?
Fale com a criança - mostre seu apoio: Normalmente, é aconselhável que você converse com a criança de forma reservada. Explique a ela que quando falamos às vezes cometemos erros (assim como acontece com outras tarefas). Nós nos atrapalhamos com os sons, repetimos palavras e nos confundimos com elas. Com a prática, melhoramos. Explique que você está lá para ajudá-la. Falar com a criança desta forma permitirá que ela saiba que você esta ciente da dificuldade e que a compreende e aceita.
Responder oralmente à perguntas: Ao fazer perguntas em sala de aula, é possível adotar certos procedimentos para tornar a situação mais fácil para a criança que gagueja:
 
– Até que ela se ajuste a turma, faça perguntas que possam ser respondidas com poucas palavras.
– Se cada criança tiver que responder uma pergunta, chame a criança que gagueja no início, porque a tensão e a ansiedade podem aumentar a medida que ela espera sua vez.
– Informe a classe que eles terão o tempo que precisarem para responder às questões e que você quer que raciocinem antes de responder e não apenas que respondam rapidamente.
Leitura em voz alta: A maioria das crianças que gaguejam são fluentes quando lêem em uníssono com outras. Ao invés de chamar a criança que gagueja, permita que leia junto com outra criança.
Permita que a classe inteira leia em duplas algumas vezes, para que a criança que gagueja não fique se sentindo especial. Gradualmente, ela pode se sentir mais confiante e conseguir ler em voz alta por conta própria.
As ridicularizações: As ridicularizações podem ser muito dolorosas para a criança que gagueja e devem ser eliminadas o mais rápido possível. Ajude a criança a entender porque os outros reagem assim e sugira formas de responder assertivamente às provocações.
Sugestões para falar com a criança que gagueja:
–  Não diga para a criança falar mais devagar ou relaxar.
–  Fale com a criança de forma calma, sem pressa, pausando frequentemente. Antes de começar a falar, ouça a criança até o fim e espere alguns segundos após ela ter concluído aquilo que queria dizer. Isso desacelerará o ritmo geral da conversa.
– Ajude todos osalunos da classe a aprender que há momentos de falar e momentos de escutar. Todas as crianças, especialmente aquelas que gaguejam, acham mais fácil falar quando há poucas interrupções e quando tem a atenção dos ouvintes.
– Use expressões faciais, contato visual e outras formas de linguagem corporal para comunicar à criança que você está prestando atenção ao conteúdo da mensagem e não somente à forma como ela está falando.
– Não subestime a criança. Espere a mesma qualidade e quantidade de trabalhos por parte das crianças que gaguejam.
–  Procure reduzir as críticas, padrões rápidos de fala e interrupções.
– Não complete as palavras para a criança, nem fale por ela.
– Converse individualmente com o aluno que gagueja sobre as modificações necessárias para sua adaptação em sala de aula. Respeite suas necessidades, sem subestimá-lo.
– Não torne a gagueira algo vergonhoso. Fale sobre a gagueira como se estivesse falando sobre qualquer outro assunto.
Fonte: Disponível em: <http://www.gagueira.org.br>. Acesso em: 25 jan. 2016. 
Para mais informações sobre a gagueira, acesse o site do Instituto Brasileiro de Fluência, que contém muitos artigos científicos. <www.gagueira.org.br>.
1) Quais as primeiras providências a tomar quando você percebe que seu aluno está gaguejando?
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AFASIA
Para você entender o que é a afasia, vamos começar estudando a afasia no adulto, que não é uma doença rara ou nova, mas é ainda pouco conhecida pela população e até mesmo no meio acadêmico.
a) Afasia no adulto
Em um conceito simplificado, a afasia é uma alteração de linguagem, em decorrência de um dano neurológico.
A afasia ou disfasia é uma patologia de linguagem, classificada no CID 10 com o código R47.0, e caracteriza-se por dificuldades na comunicação após um insulto neurológico, podendo a dificuldade apresentar-se na linguagem oral e/ou escrita.
Então vamos aos conceitos:
Joanette et al. (1995, p. 3), define afasia como:
Dificuldade para entender a linguagem dos outros, encontrar o nome das coisas, produzir sua própria linguagem, organizar o conjunto dos comandos motores responsáveis pela boa articulação das palavras: esses são alguns dos sinais possíveis desse tipo de comprometimento; é o conjunto de perturbações da linguagem oral e/ou escrita que acompanha uma lesão cerebral que designamos com o termo afasia.
Joanette et al., 1995, 8, também diz que: “A afasia não afeta o indivíduo em sua própria essência, quer dizer, no nível de seu pensamento. A afasia afeta principalmente o instrumento de comunicação a serviço deste pensamento.”
A afasia não afeta o pensamento ou a inteligência do sujeito acometido e sim a capacidade de expressar-se através da fala. Em alguns casos, afeta a capacidade de entender as palavras que escuta. Alguns relatos sugerem que o afásico escute sua língua materna como se estivesse ouvindo uma língua estrangeira nunca ouvida antes, as palavras não fazem sentido. Por isso, na maioria das vezes, tem-se a impressão de que o raciocínio está afetado, pois o mesmo não consegue entender ou fazer-se entender. 
Se falarmos com o sujeito afásico por meio de gestos, ele nos responderá com coerência, pois não terá que usar palavras.
Alguns afásicos também terão problemas com a linguagem escrita, pois ao perder a lembrança das palavras ouvidas, também perdem sua representação gráfica. Alguns conseguem escrever somente seu nome.
A afasia tem sido definida como a perda ou debilidade da função da linguagem causada por um prejuízo no cérebro. Ela é um enfraquecimento, devido a lesão cerebral, da capacidade para interpretar e formular símbolos linguísticos. A afasia é uma desordem multimodal (isto é, manifestada por dificuldades em falar, ler e escrever) e envolve uma redução na capacidade de decodificar (interpretar) e codificar (formular) elementos linguísticos com significado, (por exemplo, palavras e unidades sintáticas maiores, tais como as sentenças). O paciente afásico tem debilitada a compreensão, a formulação e a expressão da linguagem. (MURDOCH, 1997, p. 42).
Mas o que causaria esses distúrbios no cérebro?
As principais doenças do sistema nervoso que produzem distúrbios da linguagem são as doenças cerebrovasculares (conhecidas como derrame ou AVC), desordens neoplásicas (tumores benignos ou malignos), traumatismo craniano, condições tóxicas (drogas lícitas ou ilícitas, álcool), doenças degenerativas (Doença de Alzheimer, Parkinson, Esclerose múltipla, etc), e doenças infecciosas. 
Lesão neurológica, ou cerebral, ou encefálica (podem ser usadas as três nomenclaturas), é a mesma coisa, só muda o nome. 
O homem que confundiu sua mulher com um chapéu. É um livro no qual o autor descreve em forma de contos, com linguagem simples e divertida, vários casos de distúrbios neurológicos, entre eles a afasia. Vale a pena ler!
SACKS, O. O homem que confundiu sua mulher com um chapéu. São Paulo: Companhia das Letras, 1997.
As afasias têm diversas classificações, não nos cabe aqui discuti-las, basta saber que, sempre que ouvir falar em afasia, haverá um comprometimento neurológico e uma alteração de linguagem, seja ela da fala, da leitura e da escrita, ou de compreensão. 
Alguns afásicos que se recuperaram tiveram a oportunidade de descrever como é ficar trancado num mundo sem palavras. Todos os depoimentos foram retirados do livro O Afásico. Convivendo com a lesão cerebral, de 1995:
“Eu ouvia alguma coisa, mas não compreendia, era como chinês ou como... não sei o que... não uma língua estrangeira, era mais como alguma coisa que não tinha nenhum sentido; como diria, eu ouvia palavras vazias.” (C.C.)
“A gente se sente como numa caverna, escuta sua própria voz como em um precipício. Temos medo das pessoas, não queremos sair sozinhos.” (L.M.)
“Eu não sou mais o mesmo. Eu pensava ser o mesmo. Eu vivo em contradição. Eu não sou capaz de ler, não sou capaz de escrever, não sou capaz de falar e, também, não compreendo, então, nesses momentos, eu me sinto bem miserável.” (C.C.)
“Eu tinha uma sensação terrível de estar presa dentro de mim mesma.” (H.W.)
“Eu me sentia no sentido figurado, fechado, como em um túmulo.” (S.S.) 
Filmes interessantes sobre o assunto:
 
•  O escafandro e a borboleta.
•  Uma segunda chance.
b) Afasia congênita
A afasia congênita, segundo Casanova (1988), refere-se ao não surgimento da linguagem em crianças que, aparentemente, não apresentam traços de outras síndromes que poderiam explicar tal ausência (surdez, autismo, etc.).
Na afasia congênita expressiva, a primeira linguagem não aparece até os 5-6 anos e, em alguns casos, não aparece nunca.
Em geral, a criança com afasia congênita se interessa pelos objetos e pelas pessoas e integra atividades espontâneas como jogos, utilização de brinquedos e objetos familiares, mas pode ter dificuldades para expressar-se verbalmente, para compreender a fala ou ambas as coisas.
A expressão limita-se a poucas palavras, geralmente incompreensíveis para os estranhos e não se observa elaboração espontânea de enunciados que combinem várias palavras.
A compreensão também apresenta graves alterações, ainda que se situe em um melhor nível que a expressão.
c) Afasia adquirida na infância
Segundo Casanova, 1988, a afasia infantil adquirida é a que resulta do surgimento de uma lesão cerebral focalizada depois dos 2-3 anos de idade.
É raro que a compreensão seja perfeitamente normal (isto é, que coincida com a idade mental da criança). A criança tem dificuldades quando o enunciado é extenso, utiliza estruturas complicadas ou quando tem duplo sentido. Geralmente a compreensão verbal é melhor que a expressão.
Além da limitação quantitativa do léxico, existem problemasde evocação (lembrar os nomes) que se traduzem na expressão constantemente interrompida, com substituições de palavras. No nível sintático, a evolução ainda é mais lenta, as frases são ditas na ordem imposta pelo pensamento.
A linguagem se mantém unida às ações, cada enunciado é utilizado para uma única função, como nos primeiros níveis do desenvolvimento, dificilmente chegando à narração.
Trocar de registro e adaptar-se ao interlocutor é muito difícil para a criança afásica, sendo que, geralmente pela falta de desenvolvimento da intersubjetividade, só entendem e se fazem entender por um número limitado de pessoas.
As alterações na conduta social e as reações emocionais diante da aprendizagem parecem depender mais das respostas do entorno que do próprio quadro sintomatológico.
No Manual de Classificação Internacional de Doenças (CID 10) está descrita uma Síndrome em que a principal característica é a afasia.
A Síndrome de Landau- Kleffner (afasia adquirida com epilepsia), é um transtorno no qual a criança, tendo feito anteriormente progresso normal no desenvolvimento da linguagem, perde tanto a habilidade de linguagem receptiva quanto expressiva, mas mantém uma inteligência normal, a ocorrência do transtorno é acompanhada de anormalidades paroxísticas no EEG, e na maioria dos casos há também convulsões epilépticas.
Usualmente o início se dá entre os três e os sete anos, sendo que as habilidades são perdidas no espaço de dias ou de semanas.
Tem sido sugerido como possível causa deste transtorno um processo inflamatório encefalítico.
Cerca de dois terços dos pacientes permanecem com um déficit mais ou menos grave da linguagem receptiva. 
Transcrição de um texto livre sobre uma paisagem, de uma menina de 10 anos, em tratamento por afasia infantil desde os 6 anos de idade (CASANOVA, 1988, p. 262):
“A paisagem é uma orla que onde seve pem existe faz frio. A paisagem está curfada e é muito bonita felá desde esta paisagem. A paisagem tem muita casas e muitos vizinhos. Na paisagem a meninos brincam por é paisagem a muitos meninos brincando na paisagem. Há muito que vão a comerei a paisagem e cae muita chuva e a chuva cae na paisagem e se vai ao rio e ao mar.”
TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA
Os Transtornos do Espectro do Autismo (TEA) referem-se a um grupo de transtornos caracterizados por um espectro compartilhado de prejuízos qualitativos na interação social, associados a comportamentos repetitivos e interesses restritos pronunciados (BRENTANI et al, 2013). Os TEAs apresentam uma ampla gama de severidade e prejuízos. Há uma grande heterogeneidade na apresentação fenotípica do TEA, com relação à configuração e severidade dos sintomas comportamentais (GESCHWIND, 2009).
Crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA) já começam a demonstrar sinais nos primeiros meses de vida: elas não mantêm contato visual efetivo e não olham quando você chama. A partir dos 12 meses, por exemplo, elas também não apontam com o dedinho. No primeiro ano de vida, demonstram mais interesse nos objetos do que nas pessoas e, quando os pais fazem brincadeiras de esconder, sorrir, podem não demonstrar muita reação.
O diagnóstico do TEA é clínico, feito através de observação direta do comportamento e de entrevista com os pais ou responsáveis. Os sintomas costumam estar presentes antes dos 3 anos de idade, sendo possível fazer o diagnóstico por volta dos 18 meses de idade.
Em 2013, com a edição do DSM 5 (American Psychiatric Association), houve uma reformulação no nome e nos critérios de diagnóstico do autismo, que passou a se chamar transtorno do espectro do autismo.
O novo nome para a categoria, Transtorno do Espectro do Autismo, inclui o transtorno autístico (autismo), transtorno de Asperger, transtorno desintegrativo da infância, e transtorno global ou invasivo do desenvolvimento sem outra especificação.
A seguir os critérios diagnósticos do DSM-V.
 
CRITÉRIOS DE DIAGNÓSTICO
DSM-V : Transtorno do Espectro do Autismo
Deve preencher os critérios 1, 2 e 3 abaixo:
 
1. Déficits clinicamente significativos e persistentes na comunicação social e nas interações sociais, manifestadas de todas as maneiras seguintes:
2. a) Déficits expressivos na comunicação não verbal e verbal usadas para interação social;
3. b) Falta de reciprocidade social;
4. c) Incapacidade para desenvolver e manter relacionamentos de amizade apropriados para o estágio de desenvolvimento.
2. Padrões restritos e repetitivos de comportamento, interesses e atividades, manifestados por pelo menos duas das maneiras abaixo:
3. a) Comportamentos motores ou verbais esteriotipados, ou comportamentos sensoriais incomuns;
4. b) Excessiva adesão/aderência a rotinas e padrões ritualizados de comportamento;
5. c) Interesses restritos, fixos e intensos.
3. Os sintomas devem estar presentes no início da infância, mas podem se manifestar completamente até que as demandas sociais excedam o limite de suas capacidades.
[...]
1. O Transtorno do Espectro do Autismo é um transtorno do desenvolvimento neurológico, e deve estar presente desde o nascimento ou começo da infância, mas pode não ser detectado antes, por conta das demandas sociais mínimas na mais tenra infância, e do intenso apoio dos pais ou cuidadores nos primeiros anos de vida.
O DSM-5 também reconhece que indivíduos afetados variam com relação a sintomas não específicos do TEA, tais como habilidade cognitiva, habilidade de linguagem expressiva, padrões de início, e comorbidades psicopatológicas.
Apesar dos avanços genéticos em relação ao TEA, as bases genéticas associadas aos fenótipos ainda permanecem desconhecidas devido à grande heterogeneidade genética e fenotípica da doença, pois o TEA não é visto como uma doença atrelada a um único gene, mas sim uma doença complexa resultado de variações genéticas simultâneas em múltiplos genes (Iyengar and Elston 2007) junto com uma complexa interação genética, epigenética e fatores ambientais (Persico and Bourgeron 2006, Eapen 2011).
Como há uma enorme variabilidade em termos de comportamento (gravidade dos sintomas), cognição e mecanismos biológicos, construindo-se a idéia de que o TEA é um grupo heterogêneo, com etiologias distintas, eles se beneficiam de avaliação individualizada para propor a melhor composição de acompanhamento para o caso.
Aproximadamente 60-70% têm algum nível de deficiência intelectual, enquanto que os indivíduos com autismo leve, apresentam faixa normal de inteligência e cerca de 10 % dos indivíduos com autismo têm excelentes habilidades intelectuais para a sua idade (Brentani, et al. 2013).
Fonte: Disponível em: <http://goo.gl/Ckc0ha>. Acesso em: 03 mar. 2016.
Também segundo a ASA (2002), indivíduos com autismo exibem pelo menos metade das características a seguir:
1.    dificuldade de relacionamento com outras crianças;
2.    riso inapropriado;
3.    pouco ou nenhum contato visual;
4.    aparente insensibilidade à dor;
5.    preferência pela solidão, modos arredios;
6.    rotação de objetos;
7.    inapropriada fixação em objetos;
8.    perceptível hiperatividade ou extrema inatividade;
9.    ausência de resposta aos métodos normais de ensino;
10.    insistência a repetição, resistência a mudança de rotina;
11.    não tem real medo do perigo;
12.    procedimentos com poses bizarras (fixar objeto ficando de cócoras, 
     colocar-se de pé um uma perna só, impedir a passagem por uma porta, 
      somente liberando-a após tocar de uma determinada maneira os alisares);
13.    ecolalia (repete palavras ou frases em lugar de uma linguagem normal);
14.    recusa colo ou afagos;
15.    age como se estivesse surdo;
16.    dificuldade em expressar necessidades (usa gestos no lugar de palavras);
17.    acessos de raiva, demonstra extrema aflição sem motivo aparente;
18.    irregular habilidade motora, pode não querer chutar uma bola, mas 
     conseguir arrumar blocos.
No quadro a seguir, são representadas algumas das características do indivíduo com autismo. Acompanhe!!!
Quadro – 6 Características do autismo
Fonte: Extraído e adaptado de: <http://www.autismo.com.br/site.htm>.Acesso em: 10 jul. 2009. 
www.ama.org.br – Neste site você encontra todas as informações sobre o autismo. Pode se cadastrar no site e pode assistir a animações feitas com a Turma da Mônica sobre o autismo. Entre no site – clique no link O autismo – depois clique em Conceito – e então encontrará o link Turma da Mônica. Vale a pena conferir.
No site www.autismo.com.br você encontrará uma lista de referências bibliográficas para se aprofundar no assunto se for de seu interesse.
Associação Brasileira de autismo (ABRA): <www.autismo.org.br>.
Autismo e Realidade: <www.autismoerealidade.org>.
Revista Autismo: <www.revistaautismo.com.br>.
Universo Autista: <www.universoautista.com.br>.
Inspirados pelo autismo: <www.inspiradospeloautismo.com.br>.
a) Tratamentos e prognóstico
 A terapêutica pressupõe uma equipe multi- e interdisciplinar – tratamento médico (pediatria, neurologia, psiquiatria e odontologia) e tratamento não-médico (psicologia, fonoaudiologia, pedagogia, terapia ocupacional, fisioterapia e orientação familiar), profissionalizante e inclusão social, uma vez que a intervenção apropriada resulta em considerável melhora no prognóstico.  A base da terapêutica presume o envolvimento da família. A farmacoterapia continua sendo componente importante em um programa de tratamento, porém nem todos os indivíduos necessitarão utilizar medicamento, pois não existe medicação e nem tratamento específicos para o transtorno autista. A demora no processo de diagnóstico e aceitação é prejudicial ao tratamento, uma vez que a identificação precoce desse transtorno global do desenvolvimento permite um encaminhamento adequado e influencia significativamente na evolução da criança.    Os atendimentos precoces e intensivos podem fazer uma diferença importante no prognóstico do autismo. O quadro de autismo não é estático, alguns sintomas modificam-se, outros podem amenizar-se e vir a desaparecer, porém outras características poderão surgir com a evolução do indivíduo. Portanto se aconselham avaliações sistemáticas e periódicas (KUPERSTEIN, 2009).
 
Segundo Brentani, Paula e Bordini (2013, p. 69):
Escalas e instrumentos específicos devem ser usados para avaliar manifestações clínicas, e guiar a construção e monitoria de programas de tratamento abrangentes. Uma verdadeira recuperação do autismo não foi relatada na história, mas terapias educacionais, psicossociais e linguísticas, frequentemente combinadas com tratamentos adjuvantes, como terapia com drogas para sintomas específicos, estão bem estabelecidas para seus benefícios no TEA. A natureza complexa e persuasiva do TEA requer uma equipe de múltiplos profissionais para um diagnóstico apurado e cuidados clínicos.
O tratamento da criança com TEA, deve ter, ainda segundo Brentani, Paula e Bordini (2013) algumas características essenciais como:
1. Iniciar o programa de intervenção o mais cedo possível.
2. Tratamento intensivo, 5 dias por semana.
3. Uso de oportunidades de ensino planejado repetidas vezes, estruturadas
    durante breves períodos de tempo.
4. Atenção adulta, individualizada e diária.
5. Inclusão de um componente familiar, incluindo treinamento para os pais.
6. Mecanismos de avaliação contínua, com ajustes correspondentes na
    programação.
Conforme Silva, Gaiato e Reules (2012), é possível utilizar as seguintes abordagens de tratamento:
· ABA (Análise Aplicada do Comportamento): objetiva modificar os comportamentos inadequados, substituindo-os por outros mais funcionais. Comportamentos social, verbal e extinção da birra. Criar oportunidades para que a criança possa aprender e praticar habilidades por meio de incentivos e reforços positivos.
· TEACCH (Tratamento e Educação para Crianças Autistas e Crianças com Déficit relacionados com  a Comunicação): programa que combina diferentes materiais concretos e visuais, que auxilia as crianças a estruturarem seu ambiente e rotina. Através de estrutura externa , permite que as crianças criem mentalmente estruturas internas, transformando-as em estratégias para que possam se desenvolver de forma que consigam o máximo de autonomia na vida adulta.
· PECS (Sistema de Comunicação por troca de figuras): utiliza figuras para facilitar a comunicação e a compreensão, ao estabelecer uma associação entre a atividade e o símbolo. Não tem por objetivo substituir a fala, mas sim estimulá-la. Diminuem as crises de birra pela dificuldade de comunicação.
1) Das características do autismo, qual você definiria como a mais importante?
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ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
Estudamos sobre as patologias fonoaudiológicas, em especial neste capítulo, as patologias de linguagem, que irão interferir diretamente no seu trabalho como psicopedagogo. Em alguns casos, você fará parte da equipe multiprofissional que estará atendendo as crianças.
Então vamos relembrar, a criança com atraso de linguagem é aquela que está demorando para falar, ou que se apresenta em uma fase de desenvolvimento de linguagem não condizente com sua faixa etária. Já a criança que fala tudo, forma frases e narra fatos, mas troca os sons da fala, provavelmente apresenta desvio fonológico. E temos ainda, aquela que fala tudo, mas na hora de produzir alguns sons, estes saem distorcidos (desvio fonético).  O fonoaudiólgo fará o diagnóstico diferencial, que muitas vezes confunde-se quando ouvimos a criança conversar, e poderá orientar a família e a escola sobre como estimular a linguagem desta criança.
A gagueira já é mais perceptível e quase não nos traz dúvidas de que algo não está indo bem. Pode trazer desconforto ao ouvinte e a própria criança que está falando, sendo muito importante a avaliação de um fonoaudiólogo e sua orientação da conduta mais adequada.
No caso de patologias neurológicas podemos receber uma criança com afasia, com distúrbio de linguagem, que pode ser expressiva e/ou compreensiva. E o transtorno do espectro autista, em que a principal dificuldade está na interação social, comunicação e uso de comportamentos esteriotipados.
Em todos os casos, o diagnóstico e a intervenção precoce pode minimizar os sintomas, diminuir a angústia da família e potencializar o desenvolvimento da criança.
ALTERAÇÕES DE FALA E VOZ
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes objetivos de aprendizagem:
 
· Conhecer o conceito de disartria, fissura palatina e disfonia.
· Apontar os sintomas da disartria, fissura palatina e disfonia.
· Aplicar as orientações práticas para a disfonia infantil na escola.
CONTEXTUALIZAÇÃO
Neste capítulo conheceremos as patologias de fala e voz. Se tiver dúvidas, volte ao primeiro capítulo, onde apresentamos as definições.
A fala começa no cérebro. O processo de pensamento ou de resposta conduz a uma sequência de impulsos neurais, que são transmitidos para a musculatura do sistema respiratório, para a laringe e para as estruturas articuladoras. Esses impulsos neurais podem ser levados para toda a musculatura ao mesmo tempo ou para determinadas estruturas. Receptores especializados em nossas articulações, tendões e músculos fornecem informações ao cérebro sobre como as coisas vão indo (ZEMLIN, 2000).
A fala e a voz são produzidas pela ação conjunta dos pulmões, da traquéia, laringe, cavidades nasais e cavidade oral.
A corrente de ar que vem dos pulmões passa para a traquéia e finalmente para a laringe. Na laringe, encontram-se as pregas vocais, que produzem a voz através da sua vibração.
A abertura e o fechamento rápidos das pregas vocais interrompem periodicamente a corrente de ar, de modo a produzir um som no interior das cavidades faríngea, oral e nasal.
A modificação dessas estruturas

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