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PRÉ- MODERNISMO

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PRÉ- MODERNISMO – RESUMO – 3º BIMESTRE –
Pré-modernismo é como ficou conhecido o período literário brasileiro que vai de 1902 até 1922. Na Europa, o período que antecedeu ao modernismo foi marcado pela tensão política entre os países imperialistas e pelo surgimento dos movimentos de vanguarda. Já no Brasil, a Proclamação da República, o surgimento das favelas e a Guerra de Canudos são alguns fatos históricos que levaram os autores desse período a realizarem críticas sociais, econômicas e políticas em suas obras.
Por ser um período de transição, o pré-modernismo apresenta traços de estilos do século XIX, como: realismo, naturalismo, parnasianismo e simbolismo. Além disso, é marcado por um nacionalismo crítico, ou seja, sem idealizações românticas. Desse modo, autores como Lima Barreto, Graça Aranha e Monteiro Lobato mostraram, em prosa, um Brasil sem retoques, enquanto o poeta Augusto dos Anjos revelava sua descrença na espécie humana.
Contexto histórico do pré-modernismo
O final do século XIX e início do século XX, na Europa, foi marcado pela competição entre as grandes potências em relação à expansão imperialista, ou seja, a exploração econômica de países subdesenvolvidos. Isso gerou, portanto, um clima de tensão entre as nações dominantes e causou o crescimento de discursos nacionalistas que fomentavam essa rivalidade, desencadeando a Primeira Guerra Mundial (1914-1918).
Já no Brasil, em 1889, ocorreu a Proclamação da República. A partir desse evento histórico, as grandes cidades do país iniciaram um processo de reestruturação do espaço urbano. O objetivo era eliminar as marcas da arquitetura portuguesa e, por extensão, do período monárquico. Assim, em cidades como o Rio de Janeiro, ocorreu o chamado “bota-abaixo”.
Como resultado dessa intervenção no espaço urbano, houve o deslocamento de pessoas pobres, que residiam em cortiços, para regiões periféricas. Surgiram, dessa forma, as favelas. Além disso, os escravos libertos, substituídos pela mão de obra europeia, estavam entregues à própria sorte, sem nenhuma ajuda para sobreviverem. Entretanto, em contraposição a essa miséria, o estado de São Paulo enriquecia com a cultura de café.
Foto de Flávio de Barros — sobreviventes da Guerra de Canudos, em 1897.
Já no Nordeste, o motivo da miséria era outro: a seca. Nesse contexto de desesperança, ganhou força a voz de um líder, o beato Antônio Conselheiro (1830-1897). Ele conseguiu, com suas profecias sobre o fim do mundo, juntar muitos seguidores, pessoas que, diante da realidade difícil, não tinham outro recurso a não ser recorrer à fé. Essa situação levou à Guerra de Canudos (1896-1897).
É nesse contexto, marcado por disparidades sociais e conflitos políticos, que surgiu o pré-modernismo. Assim, os autores desse período acabaram refletindo, em suas obras, essa realidade. Não havendo mais espaço para idealizações, mostrar a realidade crua do país tornou-se uma missão para eles.
Características do pré-modernismo
O pré-modernismo não é considerado um estilo de época, pois apresenta uma multiplicidade de temáticas. É entendido como um período literário brasileiro que faz a transição entre o simbolismo e o modernismo. Por isso, é possível encontrar, nas obras dessa época, características de estilos passados, como: parnasianismo, realismo, naturalismo e simbolismo. Assim, estão inseridos nessa fase os livros publicados entre 1902 e 1922.
No mais, os autores desse período imprimiam em suas obras elementos que preanunciavam o modernismo, tais como: nacionalismo crítico, realismo, crítica social, política e econômica. Portanto, a obra inaugural dessa fase é Os sertões, de Euclides da Cunha, em que o jornalista mostra não o lado dos vitoriosos, mas o dos revoltosos da Guerra de Canudos.
Em Portugal, durante esse período, o simbolismo ainda estava em voga. Iniciado em 1890, teve seu fim em 1915, quando o modernismo português foi inaugurado. Produziam nessa época, portanto, autores simbolistas como Eugénio de Castro (1869-1944) e Camilo Pessanha (1867-1926).
Pré-modernismo na Europa
Na Europa, o período que antecedeu o modernismo foi marcado pelos movimentos de vanguarda, criados numa época em que se via o aparecimento de muitas inovações tecnológicas. Além disso, com o surgimento da psicanálise, no final do século XIX, Sigmund Freud (1856-1939) colocou em foco o inconsciente, esse lugar onde a lógica e a moralidade não comandam. Assim, o consciente é o espaço da repressão; e o inconsciente, da liberdade de ação. Essa visão, portanto, ampliou a forma de entender-se a humanidade e a sociedade.
Nesse período, surgiu também a teoria da relatividade, de Albert Einstein (1879-1955). Nessa teoria, o tempo não é absoluto, como defendia Isaac Newton (1643-1727), mas relativo, pois depende do ponto de vista do observador. Essa quebra radical com a física clássica foi mais um elemento do século XX que colocou em xeque as certezas do passado e trouxe a ideia de que um novo mundo estava surgindo.
Nesse contexto, alguns artistas entenderam que a arte também precisava de renovação para estar de acordo com o novo século, uma época de franca evolução tecnológica, comandada pela velocidade, pelas possibilidades, mas também pelas incertezas. Assim como Einstein, na ciência, esses artistas questionaram, nas artes, teorias já cristalizadas. Surgiram, assim, as vanguardas europeias.
Esse período, na Europa, ficou conhecido como Belle Époque. Segundo Paula da Cruz Landim, doutora em Arquitetura e Urbanismo:
“Se há um período histórico onde tudo mudou rapidamente é a Belle Époque europeia, com revoluções acontecendo em todos os campos. Esse foi o período onde as vanguardas artísticas faziam coro no enfrentamento às concepções extremamente rígidas da arte acadêmica, engessada em uma estética que tinha um pé no renascentismo.”|1|
Foi por meio dessa perspectiva revolucionária de quebra com os valores tradicionais que se forjaram as bases do modernismo europeu, que tem caráter transgressor. Evidentemente, as questões políticas que levaram à Primeira Guerra Mundial deram ao novo estilo que surgia o seu caráter nacionalista.
Autores e principais obras do pré-modernismo no Brasil
No período que compreende os anos de 1902 a 1922, várias obras literárias importantes foram publicadas no Brasil. A primeira delas é Os sertões (1902), de Euclides da Cunha, na qual o autor busca entender os motivos que levaram à revolta de Canudos, com base em um olhar jornalístico e científico, em franca consonância com o naturalismo. Assim, o livro é dividido em três partes:
· A terra: descrição detalhada e científica do sertão nordestino.
· O homem: apresentação do sertanejo pela visão naturalista, que defendia a influência do meio e da raça sobre o indivíduo.
· A luta: narração da luta entre as tropas do governo e os seguidores de Antônio Conselheiro.
O livro Triste fim de Policarpo Quaresma (1915), de Lima Barreto, traz um personagem ingênuo que idealiza o Brasil, mas, no final do romance, a realidade social, econômica e política do país impõe-se à fantasia de Policarpo Quaresma. Essa obra traz um nacionalismo crítico que se opõe ao nacionalismo ufanista do romantismo, ironizado nela.
Em Canaã (1902), Graça Aranha coloca em foco a imigração, acontecimento histórico do final do século XIX e início do século XX. A obra é considerada um romance-tese, já que é permeada por reflexões filosóficas. Esse tipo de romance é típico do naturalismo. Também é marca desse estilo a temática racial. 
Já Monteiro Lobato, em seu livro de contos Urupês (1918), traz a figura do Jeca Tatu, o caipira. Ao contrário do homem do campo idealizado no romantismo, o caipira de Lobato é cheio de defeitos, incluindo, entre eles, a preguiça:
“Porque a verdade nua manda dizer que entre as raças de variado matiz, formadoras da nacionalidade e metidas entre o estrangeiro recente e o aborígine de tabuinha no beiço, uma existe a vegetar de cócoras, incapaz de evolução, impenetrável ao progresso. Feia e sorna, nada a põe de pé.”
Nessas obras, é possível apontar as seguintes características pré-modernistas:· o nacionalismo (de caráter crítico),
· as críticas sociais,
· a análise de questões raciais (muitas vezes, em diálogo com o naturalismo),
· a crítica ao romantismo.
Por fim, temos o único poeta desse período: Augusto dos Anjos. Sua poesia é tipicamente de transição. Isso porque não possui idealizações, é realista, e, também, porque apresenta marcas do naturalismo (vocabulário cientificista), do parnasianismo (rigor formal: metrificação e rimas) e do simbolismo (referências místicas, entre outras marcas).
Autor de um livro só, chamado Eu (1912), Augusto dos Anjos traz para a literatura brasileira uma poesia que, muitas vezes, dialoga com o grotesco. Em seu soneto “Versos íntimos”, o eu lírico mostra-se pessimista em relação à humanidade. Nesse poema, além do realismo (falta de idealização), é possível perceber a influência parnasiana (decassílabos), simbolista (maiúscula alegorizante — Ingratidão e Homem) e naturalista (influência do meio: “Mora entre feras, sente inevitável/ Necessidade de também ser fera):
Pré-modernismo e modernismo
O pré-modernismo foi uma espécie de ensaio para o modernismo brasileiro. Durante os anos de 1902 a 1922, o modernismo foi sendo forjado até fixar as suas bases. Nesse período, os problemas sociais, econômicos e políticos tornaram-se mais evidentes, e falar sobre eles era inevitável. Não havia mais espaço para idealizações, o novo Brasil que se descortinava no início do século XX precisava ser discutido.
Era um Brasil republicano, em que a economia não dependia mais do trabalho escravo, e o ambiente urbano, com suas indústrias, passava a ter protagonismo na história econômica e cultural do país, que entrava, enfim, na modernidade. Assim, o pré-modernismo fez a ponte entre o passado rural, escravocrata e imperial e o futuro urbano, republicano e dependente da força de trabalho do operariado.
Quando, em 1922, durante a Semana de Arte Moderna, o modernismo foi inaugurado no Brasil, suas bases já estavam fixadas. O novo estilo mostrava uma atitude antipassadista, realista e nacionalista, além de apresentar um caráter revolucionário, questionador e experimental. Em busca de uma identidade brasileira, os autores do período recorreram ao regionalismo, à crítica social, econômica e política, e à valorização da diversidade étnica e cultural.

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