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____________________________________________________________________________________________________ Medicina – 2º Semestre - BCM – Bases Celulares e Moleculares Stephani Fernandes - @ste.fernandes A digestão nada mais é do que uma quebra – hidrolisar uma molécula grande em coisas melhores – até que seja tão pequeno para ser capaz de ser absorvida e transportada para dentro da nossa célula, para que possa ser usada como fonte de energia. Digerir -> Absorver -> Transportar ->Energia Em excesso os carboidratos viram gordura, pois nosso corpo armazena esse excesso em forma de ácidos graxos. Nosso corpo também extrai energia de outros componentes, como proteínas e lipídios. Quando ingerimos os carboidratos na dieta, são estruturas muito grandes, pelo processo de digestão o organismo vai hidrolisando até chegar na glicose e essa sim que vai estar preparada para entrar nos tecidos e iniciar a sua rota metabólica. Classificação dos carboidratos quanto a: Grupos funcionais – aldeídos e cetonas. Número de unidades glicosídicas que o compõem – monossacarídeo, dissacarídeo e polissacarídeo. Os carboidratos ou açúcares estão presentes em uma grande variedade de alimentos de importância para a dieta humana. É a fonte metabólica mais econômica que podemos ingerir, pois é bem fácil das células utilizarem como fonte de energia, seu produto final é H2O e CO2. São as biomoléculas mais abundantes na natureza e abrangem um dos maiores grupos de compostos orgânicos encontrados na natureza. Carboidratos ____________________________________________________________________________________________________ Medicina – 2º Semestre - BCM – Bases Celulares e Moleculares Stephani Fernandes - @ste.fernandes Por que até os vegetais apresentam carboidrato na sua composição? Pois são ricos em amido. O amido é a principal reserva de energia de glicose dos vegetais. Além do amido, possuem também celulose, que não somos capazes de digerir pois não temos enzimas que possibilitem essa digestão. A celulose é uma estrutura rígida responsável pela parede celular da célula vegetal. Função dos carboidratos: - Energética – principal fonte de produção de ATP através da oxidação da glicose. - Reserva energética – na forma de amido (vegetais) e glicogênio (animais), dois polissacarídeos de reserva com muitas unidades glicosídicas. - Estrutural: celulose, quitina e outros carboidratos são importantes moléculas estruturais. - Lubrificação: ácido hialurônico é um carboidrato com importante função na lubrificação das cartilagens articulares, e firmeza da pele. Nosso corpo produz ácido hialurônico, porém, essa produção é inversamente proporcional à nossa idade, vamos perdendo ao longo do tempo. - Sinalização celular: carboidratos complexos ligados a proteínas e lipídios funcionam como importantes sinais de localização intracelular desses compostos, também são importantes para o reconhecimento de moléculas extracelulares. - Farmacológica: heparina é um polissacarídeo com função farmacológica, um anticoagulante. Nosso foco no momento é a parte energética. ____________________________________________________________________________________________________ Medicina – 2º Semestre - BCM – Bases Celulares e Moleculares Stephani Fernandes - @ste.fernandes Principais carboidratos da dieta Humana e suas fontes Carboidrato Fonte típica Frutose (mono) Frutas, mel Glicose (mono) Frutas, mel, uvas Amilopectina (poli) Batatas, arroz, milho, pão Amilose (poli) Batatas, arroz, milho, pão Sacarose (di) Açúcar de mesa, sobremesas Trealose (di) Cogumelos jovens Lactose (di) Leite e derivados Rafinose (poli) Sementes de leguminosas Classificação dos carboidratos • Os carboidratos são classificados, de acordo com os grupos funcionais. Aldose Cetose • Os carboidratos também são classificados, de acordo com o nº de moléculas de açúcar (unidades glicosídicas). O amido pode ter de 10 mil a 1 milhão de moléculas de monossacarídeos, e é composto exclusivamente por glicose. ____________________________________________________________________________________________________ Medicina – 2º Semestre - BCM – Bases Celulares e Moleculares Stephani Fernandes - @ste.fernandes Na natureza esses carboidratos estão dispostos de forma cíclica. A união entre dois monossacarídeos formando um dissacarídeo acontece através de uma ligação glicosídica. As enzimas digestivas são cruciais para a ruptura das ligações glicosídicas, para que a gente ____________________________________________________________________________________________________ Medicina – 2º Semestre - BCM – Bases Celulares e Moleculares Stephani Fernandes - @ste.fernandes consiga liberar as estruturas mais simples, na forma de monossacarídeo. A posição da hidroxila no carbono anomérico participante nessa ligação indica se é α(trans) ou β(cis). O amido é formado por uma cadeia de amilose e amilopectina. A característica da cadeia de amilose é linear, com ligações do tipo α-1,4. Já a amilopectina é ramificada, com ligações do tipo α-1,4 na cadeia linear e α-1,6 nas ramificações. ____________________________________________________________________________________________________ Medicina – 2º Semestre - BCM – Bases Celulares e Moleculares Stephani Fernandes - @ste.fernandes Cadeias longas de açúcares Qual a diferença entre amido, glicogênio e celulose? A organização das cadeias, porque é tudo glicose. O grande problema da celulose, que faz com que nosso organismo não consiga digeri-la, são as ligações entre as cadeias de glicose na vertical, pois são pontes de hidrogênio que alinham as cadeias lineares de glicose, tornando-a bem rígida. Polissacarídeos e dissacarídeos são convertidos em monossacarídeos pelas glicosidases, enzimas que hidrolisam a ligação glicosídica entre os monossacarídeos. Nossa ingestão é principalmente de dissacarídeos e polissacarídeos. Amido, sacarose e lactose são os três mais consumidos. Digestão de Carboidratos ____________________________________________________________________________________________________ Medicina – 2º Semestre - BCM – Bases Celulares e Moleculares Stephani Fernandes - @ste.fernandes Absorção – remoção do TGI e enviar para a corrente sanguínea Processo de digestão 1. Lubrificação e homogeneização de alimentos com fluidos secretados pelas glândulas do trato gastrintestinal, começando na boca. (a digestão começa na boca, é mecânica e com auxílio de enzimas, mas o tempo que o alimento fica na boca é muito pouco, aí não dá tempo de ser digerido nesse local) 2. Secreção de enzimas que quebram macromoléculas para formar uma mistura de oligômeros, dímeros e monômeros. 3. Secreção de eletrólitos (principalmente no estômago e intestino), íons hidrogênio e bicarbonato em partes diferentes do TGI para otimizar as condições para a hidrólise enzimática. No estomago é difícil das enzimas trabalharem pois elas precisam de um pH mais básico. 4. Secreção de ácidos biliares e pancreáticos para emulsionar os lipídios da dieta, facilitando a hidrólise enzimática apropriada e a absorção. 5. Posterior hidrólise de oligômeros e dímeros por enzimas ligadas a membranas (jejuno). Para que a hidrolise seja mais efetiva. ____________________________________________________________________________________________________ Medicina – 2º Semestre - BCM – Bases Celulares e Moleculares Stephani Fernandes - @ste.fernandes 6. Transporte específico de material digerido para os enterócitos e daí para o sangue ou linfa. Fases da Digestão FASE CEFÁLICA – começa naboca • Trituração pela mastigação • Ação de enzimas produzidas pelas glândulas salivares – liberação de saliva das glândulas parótidas, da sublingual e da submaxilar: amilase salivar. FASE GÁSTRICA – começa a digestão das proteínas e a formação do quimo (bolo alimentar), com os carboidratos não acontece nada, simplesmente é preparado para a próxima fase, que será essencial. • Liberação do suco gástrico -HCl • Enzimas do suco gástrico • Secreção de pepsina (para digestão de proteínas) FASE INTESTINAL • O bolo alimentar é neutralizado (liberação de bicarbonato) • Adição de novas enzimas • Absorção Principais enzimas digestórias envolvidas na digestão de carboidratos ____________________________________________________________________________________________________ Medicina – 2º Semestre - BCM – Bases Celulares e Moleculares Stephani Fernandes - @ste.fernandes *Sacarase, Maltase, Lactase, Isomaltase e Trealase – são dissacaridases (borda em escova – microvilosidades), um grupo de enzimas bem especificas, ou seja, hidrolisam carboidratos específicos. As amilases digerem somente polissacarídeos e não dissacarídeos, estes só serão digeridos no intestino. Intestino grosso – carboidratos que não foram absorvidos anteriormente. Degradação do amido A digestão do amido inicia na boca. A glândula salivar libera a α-amilase salivar, que converte o amido em polissacarídeos menores, chamados de α-dextrinas. A α-amilase salivar é inativada pela acidez do estomago. A α-amilase pancreática e o bicarbonato são secretados pela glândula pancreática exócrina para o lúmen do intestino delgado, onde o bicarbonato neutraliza as secreções gástricas. A α-amilase pancreática continua a digestão das α-dextrinas, convertendo-as em dissacarídeos (maltose), trissacarídeos (maltotriose) e oligossacarídeos., chamados dextrinas limites. As dextrinas limites normalmente contêm de 4 a 9 moléculas de glicose e uma isomaltose α-1,4 α-1,4 α-1,2 α-1,4 β-1,4 α-1,6 α-1,1 ____________________________________________________________________________________________________ Medicina – 2º Semestre - BCM – Bases Celulares e Moleculares Stephani Fernandes - @ste.fernandes ramificada (dois resíduos glicosídicos unidos por ligações glicosídicas α-1,6). Localização das dissacaridases Digestão: dissacarídeos Os dissacarídeos da dieta, lactose e sacarose, assim como os produtos da digestão do amido, são convertidos em monossacarídeos pelas glicosidases ligadas as células digestivas da membrana em forma de escova. A diferença das atividades das glicosidades são encontradas em quatro glicoproteínas: a glicoamilase, o complexo sacarose-maltose, a menor glicoproteína trealase, e a lactase- glicosilceramidase. Essas glicosidades são coletivamente chamadas dissacaridases do intestino delgado, embora a glicoamilase seja, na verdade, uma oligossacaridase. Ação enzimática das dissacaridases ____________________________________________________________________________________________________ Medicina – 2º Semestre - BCM – Bases Celulares e Moleculares Stephani Fernandes - @ste.fernandes A intolerância à lactose corresponde a uma condição de dor, náusea e flatulência após a ingestão de alimentos contendo lactose, mais particularmente produtos provenientes do leite. Embora ela seja frequentemente causada por baixo nível de lactase, também pode ser resultante de deficiências intestinais. Para a maioria da população mundial, a atividade da lactase diminui para o nível adulto por volta dos 5 ou 7 anos de idade (o nível em adultos é 10% menor do que o presente em crianças). As populações com essa característica apresentam hipolactasia adulta (antigamente chamada de deficiência de lactase do adulto) e fenótipo de lactase não-persistente. Em pessoas com descendência principalmente do oeste ocidental e norte europeu e em dependentes de leite das tribos nômades do Sahara Africano, o nível de lactose permanece igual, ou ligeiramente inferior, aos níveis infantis durante toda a fase adulta (fenótipo de lactase persistente). Então, a hipolactasia adulta é a condição normal para a maioria da população mundial. Intolerância a Lactose ____________________________________________________________________________________________________ Medicina – 2º Semestre - BCM – Bases Celulares e Moleculares Stephani Fernandes - @ste.fernandes A intolerância à lactase pode ocorrer tanto devido à deficiência primária de produção da lactase no intestino delgado como pode ser secundária a uma patologia da mucosa intestinal, onde a lactase é normalmente produzida. A lactose que não é absorvida é convertida pela flora bacteriana em ácido láctico, gás metano (CH4) e gás H2 (ver figura). O efeito osmótico da lactose e do ácido láctico no lúmen intestinal é responsável pela diarreia frequentemente vista como parte dessa síndrome. Sintomas similares podem resultar da sensibilidade às proteínas do leite (intolerância ao leite) ou por má́ absorção de outros carboidratos da dieta. Em adultos com suspeita de deficiência de lactase, o diagnóstico é feito por dedução, quando a retirada de todos os produtos lácteos resulta no alívio dos sintomas, e a readministração desses alimentos reproduz a característica da síndrome. Se o resultado desse procedimento é equivocado, a má́ absorção de lactose pode ser mais especificamente determinada por medidas do conteúdo de H2 no hálito do paciente após o consumo de doses de lactose. Os sintomas não aparecem se forem administrados comprimidos contendo lactase quando do consumo de produtos provenientes do leite. ____________________________________________________________________________________________________ Medicina – 2º Semestre - BCM – Bases Celulares e Moleculares Stephani Fernandes - @ste.fernandes Absorção de carboidratos ▪ Carboidratos precisam ser digeridos a monossacarídeos para serem absorvidos. ▪ Monossacarídeos são absorvidos via circulação portal e distribuídos para as diferentes células. ▪ A absorção deles se dá através de transportadores celulares. SGLT – Sodium-Glucose Co-Transporter: co- transportador de Sódio/Glicose Para a glicose entrar na célula, é necessário entrar sódio também, vai pelo mesmo transportador, por transporte ativo secundário. GLUTs – transportadores de glicose que não depende de sódio, são canais de membrana de transporte passivo por difusão. É essencial tanto ____________________________________________________________________________________________________ Medicina – 2º Semestre - BCM – Bases Celulares e Moleculares Stephani Fernandes - @ste.fernandes para a absorção quanto para transportar a glicose para a corrente sanguínea. A GLUT4 é um dos transportadores que depende de insulina para fazer a captação da glicose para dentro das células. O transporte ativo é mais rápido que o passivo, pois acelera um processo que seria lento. O que são as GLUTs? São transportadores de glicose nas células. • São proteínas (cerca de 500 aa). • Função: catalisar a transferência (bidirecional facilitada) dos seus substratos através das membranas. • GLUT = Super Família de Facilitadores (em torno de 14 GLUTs) ____________________________________________________________________________________________________ Medicina – 2º Semestre - BCM – Bases Celulares e Moleculares Stephani Fernandes - @ste.fernandes Esse esquema representa o que uma GLUT faz, basicamente. Ela recebe a glicose muda sua conformação para inserir a glicose dentro da célula. Esse transporte é utilizadopara colocar a frutose para dentro da célula pela GLUT5; ou pela GLUT2 ao retirar esses monossacarídeos e jogá-los na corrente sanguínea. Esse tipo de transporte pode ser feito para ajudar na absorção e esse mesmo transporte vai ser gerado para colocar glicose para dentro das células que precisam gerar energia. A glicose entra na célula preferencialmente pelo SGLT e sai da célula para a corrente sanguínea pela GLUT2. De todas elas, a GLUT4 é a mais abundante, ela está amplamente distribuída no organismo em tecidos bem importantes, que são grandes captadores de glicose, é insulinodependente pois só vai ser ativada se tiver insulina participando do processo. Liberação de insulina por excesso de glicose no sangue Momento pós prandial – o sangue está cheio de glicose – a insulina precisa entrar em ação para auxiliar na normalização dos níveis glicêmicos. Na própria célula β-pancreática a glicose vai ser captada pela GLUT2 e colocada para dentro da célula, ela vai sofrer todo seu processo metabólico e vai produzir ATP. A alta concentração de ATP nessa célula vai bloquear um canal de potássio. O bloqueio desse canal faz com que o K+ não saia de dentro da célula pro exterior, e ai acontece o processo de despolarização da célula. Essa despolarização faz a ativação do canal de Ca+, fazendo com que o cálcio entre na célula β-pancreática. O cálcio vai estimular a ruptura ____________________________________________________________________________________________________ Medicina – 2º Semestre - BCM – Bases Celulares e Moleculares Stephani Fernandes - @ste.fernandes das vesículas/grânulos contendo a insulina e ela é liberada na corrente sanguínea. A insulina liberada vai ativar os transportadores de glicose – GLUT4 -, para que seja captada para dentro dos tecidos. E quando a concentração de insulina diminui, as GLUTs4 internalizam novamente. O papel da insulina: Diabetes tipo 2 É um defeito no receptor de insulina dos tecidos que precisam ativar as GLUT4. A insulina chega até o receptor para que este ative os transportadores de glicose, mas, por estar com defeito, ele não reconhece o sinal. Os transportadores não são ativados e a glicose permanece em concentração elevada na corrente sanguínea. Outro problema que pode acontecer é um defeito na GLUT4. Os receptores captam o sinal da insulina, liberam os transportadores, mas quando a GLUT4 vai tentar mudar a sua conformação para captar a glicose ela não consegue. Diabetes tipo 1: defeito metabólico originado da destruição autoimune das células β-pancreáticas.
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