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1 – Diferenciar os direitos de aposentadoria dos trabalhadores rurais sem carteira assinada dos trabalhadores informais De acordo com o artigo 143 da lei 8.213/91, todo trabalhador que comprove o exercício da atividade rural por 15 anos, além da idade mínima, tem direito de solicitar o benefício, de um salário mínimo. Art. 143. O trabalhador rural [...] pode requerer aposentadoria por idade, no valor de um salário mínimo, durante quinze anos, contados a partir da data de vigência desta Lei, desde que comprove o exercício de atividade rural, ainda que descontínua, no período imediatamente anterior ao requerimento do benefício, em número de meses idêntico à carência do referido benefício. Atualmente, o trabalhador informal pode se aposentar, mesmo sem carteira assinada, contribuindo para o INSS como contribuinte individual. É necessário, no mínimo, 62 anos para mulheres ou 65 anos para homens com 15 anos de contribuição. Há dois tipos de contribuição: o plano normal, em que se contribui 20% do rendimento mensal até R$ 1.220,21, aposentando-se com o teto de R$ 6.101,06; e o plano simplificado, em que se contribui 11% do salário mínimo vigente, aposentando-se com um salário mínimo. Referências bibliográficas BRASIL. Lei n° 8.213, de 24 de julho de 1991. Artigo 143. Diário Oficial da União, Brasília, DF. BRASIL. Proposta de Emenda à Constituição n° 6, de 2019. Câmara dos Deputados, Brasília, DF. 2 – Investigar os direitos de aposentadoria para os pacientes portadores de Alzheimer Os pacientes portadores de Alzheimer podem aposentar-se por invalidez, pois a patologia provoca redução permanente da capacidade laborativa e está especificada em lista elaborada pelos Ministérios da Saúde e da Previdência Social. A aposentadoria por invalidez consistirá numa renda mensal correspondente a 100% do salário-de-benefício e, como há necessidade da assistência permanente de outra pessoa, há um acréscimo de mais 25% do valor. Referências bibliográficas BRASIL. Lei n° 8.213, de 24 de julho de 1991. Dispõe sobre os Planos de Benefícios da Previdência Social e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF. BRASIL. Instrução Normativa n° 77, de 21 de janeiro de 2015, do INSS. Imprensa Nacional. 3 – Explicar geneticamente a fisiopatogenia do Alzheimer A doença de Alzheimer (DA) é uma afecção neurodegenerativa progressiva e irreversível de aparecimento insidioso, que acarreta perda de memória e diversos distúrbios cognitivos. O fator genético é considerado atualmente como preponderante na etiopatogenia da DA. A patologia causa atrofia cerebral e acúmulo de placas amiloides, o que compromete a memória e a cognição, dificultando o raciocínio e pensamento, além de gerar alterações comportamentais. Cerca de um terço dos casos apresentam familiaridade e comportam-se de acordo com um padrão de herança monogênica autossômica dominante. Uma intrigante associação entre a DA e a síndrome de Down levou à descoberta do primeiro gene da DA no cromossomo 21, que é o cromossomo extra, envolvido na síndrome de Down. Logo, praticamente todos apresentam DA. Dados genéticos e bioquímicos sugerem que o acúmulo da -amiloide é central para iniciar a patogênese da DA. Ela é um fragmento proteolítico da proteína precursora de -amiloide – essa clivagem tem função de neuroproteção. Se essa clivagem não ocorre de forma adequada, a - amiloide torna-se neurotóxica, formando agregados neurofibrilares com a proteína tau hiperfosforilada. Mecanismos genéticos envolvidos: • Herança autossômica dominante (9,9%) e recessiva (0,1%) – mutações e polimorfismos o Genes APP, PSEN 1 e PSEN 2 – especialmente envolvidos com DA familiar de início precoce • Herança multifatorial (90%) – mutações, polimorfismos e gatilhos ambientais o Gene APOE – especialmente envolvido com DA de início tardio o Fatores de risco importantes: história familiar e ser do sexo feminino • DA também está ligada à síndrome de Down – importante fator de risco Principais genes descritos • APP – gene da proteína precursora da -amiloide • PSEN1 – gene da presenilina 1 (14q24.3) • PSEN 2 – gene da presenilina 2 (1q31-q42) • APOE – gene da apoliproteína E (19q13.2) o Codifica a glicoproteína APOE, altamente expressa no cérebro e fígado, realizam importante papel de mobilização e distribuição do colesterol o Polimorfismos nesse gene levam a uma agregação da APOE com fragmentos de beta-amiloide, acelerando seu acúmulo e neurodegeneração o Está diretamente ligada à velocidade de degradação e/ou acúmulo de beta-amiloide no espaço extracelular dos neurônios O gene da PSEN1 é responsável por cerca de 40% dos casos familiares e de acometimento precoce da DA. Os genes da ApoE4, da a-2-macroglobulina e da catepsina D, envolvidos no metabolismo da -amilóide, foram caracterizados como fatores de risco para a DA. O gene da ApoE4 é fator de risco em cerca de 50% dos casos de DA esporádicos e de acometimento tardio. Muitos outros genes foram ainda associados à DA e são apresentados brevemente. É apresentado como mecanismo comum às síndromes progeróides genéticas, como a DA, a alteração da atividade dos genes ribossômicos. Referências bibliográficas SMITH, Marília de Arruda Cardoso. Doença de Alzheimer. Rev. Bras. Psiquiatr., São Paulo , v. 21, supl. 2, p. 03-07, Oct. 1999 FRIDMAN, Cintia et al. Alterações genéticas na doença de Alzheimer. Rev. psiquiatr. clín., São Paulo , v. 31, n. 1, p. 19-25, 2004 4 – Relacionar a perda de peso do Alzheimer à cetonúria e a defina A doença de Alzheimer (DA) é uma afecção neurodegenerativa progressiva e irreversível de aparecimento insidioso, que acarreta perda de memória e diversos distúrbios cognitivos. Sendo assim, é comum que, nas últimas fases da patologia, o paciente se esqueça de comer ou de mastigar, dificultando a alimentação. Desse modo, frequentemente ocorre jejum prolongado e déficit de nutrientes, levando a uma acentuada perda de peso. Define-se cetonúria como a presença elevada de corpos cetônicos na urina. Com a alimentação deficitária do paciente de Alzheimer, há maior utilização da via metabólica da lipólise, catabolizando a gordura corporal, pois há muito pouco dos nutrientes necessários para as outras vias metabólicas. A lipólise produz grande quantidade de acetil-CoA, que, em excesso, é utilizado na síntese de corpos cetônicos (acetona, acetoacetato e beta-hidroxibutirato). Esses são liberados na corrente sanguínea e liberados na urina – essa condição é denominada cetonúria. Normalmente, apenas uma pequena quantidade de acetil-CoA é convertida em corpos cetônicos no fígado, já que os seus destinos metabólicos principais são a oxidação pelo ciclo de Krebs ou o consumo pela síntese de lipídios. A decisão entre os dois caminhos dependerá da situação fisiológica vigente. A produção de corpos cetônicos é anormalmente elevada quando a degradação de triacilgliceróis não é acompanhada pela degradação de carboidratos. Realmente, para a oxidação eficiente de acetil-CoA pelo ciclo de Krebs, há necessidade de níveis compatíveis de oxaloacetato, para promover a reação de condensação que inicia o ciclo. Na ausência de carboidratos, diminui a concentração de piruvato e, consequentemente, a sua conversão a oxaloacetato. Ainda mais, quando não há oferta de glicose, o organismo lança mão da gliconeogênese que consome oxaloacetato, obtido de aminoácidos, principalmente. A baixa concentração de oxaloacetato reduz drasticamente a velocidade de oxidação de acetil-CoA pelo ciclo de Krebs: a acetil-CoA acumulada condensa-se, formando os corpos cetônicos. Quando a produção ultrapassa o aproveitamento pelos tecidos extra-hepáticos, estabelece- se uma condição denominada cetose, caracterizada por uma concentração elevada (até centenas de vezes maior do que a normal) de corpos cetônicos no plasma (cetonemia)e na urina (cetonúria). Outro sintoma peculiar de indivíduos com cetose é o odor de acetona de seu hálito. Acetoacetato e β-hidroxibutirato são transportados para o plasma por um simporte com prótons. Por isto, quando a concentração celular destes corpos cetônicos se eleva, a cetonemia resulta em acidose (diminuição do pH sanguíneo), que pode ocasionar coma e morte; esta condição é denominada cetoacidose. Referências bibliográficas MARZZOCO, Anita; TORRES, Bayardo Baptista. Bioquímica básica. 4. ed. Guanabara Koogan. 5 – Discorrer o processo de comunicação com o paciente de Alzheimer de acordo com as fases da doença O paciente com Alzheimer sofre mudanças em sua habilidade de comunicar-se, o que pode variar de acordo com a fase da doença. Na fase inicial da patologia, o indivíduo ainda é capaz de participar em conversas e atividades sociais; entretanto, ele pode repetir histórias, sentir-se sobrecarregado por estímulo excessivo ou ter dificuldade em achar a palavra certa. Não se deve exclui-lo de conversas e fazer suposições a respeito de sua habilidade de comunicação; deve-se falar diretamente com ele e não com seu companheiro ou cuidador, dar-lhe tempo para responder. A fase moderada do Alzheimer é geralmente a mais longa e pode durar anos. Conforme progride, o indivíduo terá maior dificuldade de comunicação e necessitará de um cuidado mais direto. Deve-se falar lenta e claramente, manter contato visual, ser paciente, perguntar questões simples e uma de cada vez, evitar criticar e argumentar. Na fase avançada do Alzheimer, o indivíduo pode depender de comunicação não verbal, como expressões faciais ou sons vocais. Deve-se aproximar-se dele pela frente e identificar-se, estimular a comunicação não verbal, pedir-lhe para apontar ou fazer gestos quando não for compreensível; tratá-lo com dignidade e respeito e usar o toque e os 5 sentidos como forma de comunicação. Referências bibliográficas ALZHEIMER’S ASSOCIATION. Communication and Alzheimer’s. Disponível em: https://www.alz.org/help-support/caregiving/daily-care/communications. Acesso em: 18 Nov. 2020. 6 – Descrever a cavidade oral anatomicamente A região oral compreende a cavidade oral, os dentes, a gengiva, a língua, o palato e a região das tonsilas palatinas. A cavidade oral é o local onde o alimento é ingerido e preparado para digestão no estômago e no intestino delgado. O alimento é mastigado pelos dentes, e a saliva proveniente das glândulas salivares facilita a formação do bolo alimentar. A deglutição é iniciada voluntariamente na cavidade oral. A fase voluntária do processo empurra o bolo da cavidade oral à faringe, onde ocorre a fase involuntária da deglutição. A cavidade oral (boca) tem duas partes: o vestíbulo da boca e a cavidade própria da boca. É na cavidade oral que se sente o sabor dos alimentos e bebidas e que o alimento é mastigado e manipulado pela língua. O vestíbulo da boca é o espaço semelhante a uma fende entre os dentes e a gengiva e os lábios e as bochechas. O vestíbulo comunica-se como exterior através da rima (abertura) da boca. O tamanho da rima é controlado pelos mm. periorais. A cavidade própria da boca é o espaço entre as arcadas dentais maxilar e mandibular. É limitada lateral e anteriormente pelos arcos dentais. O teto da cavidade oral é formada pelo palato. Posteriormente, a cavidade oral comunica-se com a orofaringe. Quando a boca está fechada e em repouso, a cavidade oral. Os lábios são pregas musculofibrosas móveis que circundam a boca, estendendo-se dos sulcos nasolabiais e narinas lateral e superiormente até o sulco mentolabial inferiormente. Eles contêm o m. orbicular da boca e músculos, vasos e nervos dos lábios superior e inferior. Os lábios são cobertos externamente por pele e internamente por túnica mucosa. Atuam como as válvulas da rima da boca, contendo o esfíncter (m. orbicular da boca), que controla a entrada e saída da boca e dos sistemas digestório superior e respiratório. Os lábios são usados para apreender o alimento, sugar líquidos, manter o alimento fora do vestíbulo da boca, produzir a fala e osculação. O palato forma o teto curvo da boca e o assoalho das cavidades nasais. Separa a cavidade oral das cavidades nasais e da parte nasal da faringe. A face nasal (superior) do palato é coberta por túnica mucosa respiratória, e a face inferior (oral) é coberta por túnica mucosa oral, densamente povoada por glândulas. O palato tem duas regiões: o palato duro, anterior, e o palato mole, posterior. O palato duro tem formato de abóbada; o espaço é ocupado principalmente pela língua quando está em repouso. Os 2/3 anteriores do palato têm um esqueleto ósseo formado pelos processos palatinos da maxila e as lâminas horizontais dos palatinos. O palato mole é o terço posterior móvel do palato e fica suspenso na margem posterior do palato duro. Ele não tem esqueleto ósseo, mas sua parte aponeurótica anterior é reforçada pela aponeurose palatina, que se fixa à margem posterior do palato duro. A aponeurose tem a parte anterior espessa e a parte posterior fina, na qual se funde uma parte muscular posterior. Na parte posteroinferior o palato mole tem margem livre curva da qual pende um processo cônico, a úvula. Durante a deglutição, primeiro o palato mole é tensionado para permitir que a língua seja pressionada contra ele, levando o bolo alimentar (alimento mastigado) para a parte posterior da boca. Em seguida, o palato mole é elevado posterior e superiormente contra a parede da faringe, impedindo, assim, a entrada de alimento na cavidade nasal. Na parte lateral, o palato mole é contínuo com a parede da faringe e é unido à língua e à faringe pelos arcos palatoglosso e palatofaríngeo, respectivamente. Há algumas papilas gustativas no epitélio que cobre a face oral do palato mole, a parede posterior da parte oral da faringe e a epiglote. As fauces são o espaço entre a cavidade oral e a faringe. O limite superior é o palato mole, o inferior é a língua e o limite lateral são os pilares das fauces, os arcos palatoglosso e palatofaríngeo. O istmo das fauces é o espaço estreito e curto que faz a conexão entre a cavidade própria da boca e a parte oral da faringe. O limite anterior do istmo são os arcos palatoglossos e o limite posterior são arcos palatofaríngeos. As tonsilas palatinas, frequentemente denominadas “as tonsilas”, são massas de tecido linfoide, uma de cada lado da parte oral da faringe. Cada tonsila está localizada em uma fossa (seio) tonsilar, limitada pelos arcos palatoglosso e palatofaríngeo e pela língua. A língua é um órgão muscular móvel recoberto por túnica mucosa que pode assumir vários formatos e posições. Uma parte da língua está situada na cavidade oral e outra na orofaringe. As principais funções são: articulação e compressão do alimento para a orofaringe como parte da deglutição. A língua está associada à mastigação, ao paladar e à limpeza da boca. A língua é dividida em raiz, corpo e ápice. A raiz é a parte posterior fixa que se estende entre a mandíbula, o hioide e a face posterior, quase vertical, da língua. O corpo da língua corresponde aproximadamente aos dois terços anteriores, entre a raiz e o ápice. O ápice (ponta) da língua é a extremidade anterior do corpo, que se apoia sobre os dentes incisivos. O corpo e ápice são muito móveis. O dorso da língua tem textura áspera por causa de numerosas pequenas papilas linguais: • Papilas circunvaladas: grandes e com topo plano, situam-se diretamente anteriores ao sulco terminal e são organizadas em uma fileira em formato de V. São circundadas por depressões circulares profundas, cujas paredes estão repletas de calículos gustatórios. Os ductos das glândulas serosas da língua abrem-se nas depressões. • Papilas folhadas: pequenas pregas laterais da túnica mucosa lingual. São pouco desenvolvidas nos seres humanos. • Papilas filiformes:longas e numerosas, contêm terminações nervosas aferentes sensíveis ao toque. Essas projeções cônicas e descamativas são rosa-acinzentadas e estão organizadas em fileiras com formato de V, paralelas ao sulco terminal, exceto no ápice, onde tendem a se organizar transversalmente. • Papilas fungiformes: pontos em formato de cogumelo, rosa ou vermelhos, dispersos entre as papilas filiformes, porém mais numerosos no ápice e nas margens da língua. A túnica mucosa da parte posterior da língua é espessa e livremente móvel. Não tem papilas linguais, mas os nódulos linfoides subjacentes conferem a essa parte da língua uma aparência irregular, em pedra de calçamento. Os nódulos linfoides são conhecidos coletivamente como tonsila lingual. As glândulas salivares são as parótidas, submandibulares e sublinguais. Elas, junto das glândulas mucosas da cavidade oral, secretam um líquido viscoso transparente, insípido e inodoro – a saliva. A saliva é responsável por manter a túnica mucosa da boca úmida, lubrificar o alimento durante a mastigação, iniciar a digestão de amidos, atuar como colutório intrínseco e previne cáries dentais e no paladar. Referências bibliográficas MOORE, Keith L.; DALLEY, Arthur F.; AGUR, Anne M. R. Anatomia orientada para a clínica. 8. ed. Guanabara Koogan 7 – Explicar o processo embriológico da cavidade oral Já com a derivação a partir do intestino primitivo, no início da formação dos órgãos do sistema digestório, o embrião apresenta uma grande curvatura. O ectoderma epidermal, então, sofre uma invaginação próxima à região inicial do intestino anterior, formando a cavidade oral primitiva, também chamado de estomodeu. A princípio, não há comunicação dessa cavidade com a faringe – existe a membrana bucofaríngea que as separa. A comunicação só ocorre com o rompimento dessa membrana, por volta do final da 4ª semana de desenvolvimento. A primeira indicação do desenvolvimento da língua surge ao final da 4ª semana quando a saliência lingual mediana (ou tubérculo ímpar) surge no assoalho da faringe primitiva. Na 5ª semana, formam-se duas saliências linguais laterais, em cada lado da saliência lingual mediana. Essas laterais aumentam rapidamente de tamanho, fundem-se uma com a outra e crescem sobre a mediana. As laterais continuam crescendo durante toda vida embrionária e fetal, formando os dois terços anteriores da língua. A formação do terço posterior da língua é indicada por duas elevações que se desenvolvem caudalmente ao forame cego, chamadas de cópula. As partes anterior e posterior da língua se fundem e essa região é marcada pelo sulco terminal. Durante seu desenvolvimento inicial, a língua sofre um rápido alargamento e se diferencia em um órgão muscular. Referências bibliográficas SADLER, T.W. Langman – Embriologia Médica. 13. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2016. MOORE, K., PERSAUD, T.V.N. Embriologia Clínica. 10. ed. Rio de Janeiro: Elsevier; 2016. 8 – Descrever histologicamente a arquitetura do sistema digestório Todos os componentes do sistema digestório apresentam certas características estruturais em comum. Trata-se de um tubo oco composto por um lúmen, ou luz, cujo diâmetro é variável, circundado por uma parede formada por quatro camadas distintas: mucosa, submucosa, muscular e serosa. A camada mucosa é composta por: (a) próximo ao lúmen, tecido epitelial estratificado pavimentoso (b) uma lâmina própria de tecido conjuntivo frouxo rico em vasos sanguíneos e linfáticos e células musculares lisas, algumas vezes apresentando também glândulas e tecido linfoide (c) uma muscular da mucosa, que separa a camada mucosa da submucosa e geralmente consiste em duas subcamadas delgadas de células musculares lisas, uma circular interna e outra longitudinal externa. Essas subcamadas promovem o movimento da camada mucosa, independentemente de outros movimentos do sistema digestório, aumentando o contato da mucosa com o alimento. A camada submucosa é composta por tecido conjuntivo moderadamente denso com muitos vasos sanguíneos e linfáticos e um plexo nervoso submucoso (também denominado plexo de Meissner). Essa camada pode conter também glândulas esofágicas e tecido linfoide. Ela tem como função dar suporte à camada mucosa e nutri-la. A camada muscular do órgão contém, de acordo com a região, tecido muscular estriado esquelético e/ou células musculares lisas orientadas em espiral, divididas em duas subcamadas, de acordo com o direcionamento principal. Na subcamada mais interna, a orientação é geralmente circular; na subcamada externa, é majoritariamente longitudinal. Entre essas duas subcamadas, observam-se o plexo nervoso mioentérico (ou plexo de Auerbach) e o tecido conjuntivo contendo vasos sanguíneos e linfáticos. Assim, as contrações da camada muscular, geradas e coordenadas pelos plexos nervosos, realizam movimento peristáltico, impulsionando e misturando o alimento ingerido no sistema digestório. A camada adventícia ou serosa é formada por uma camada delgada de tecido conjuntivo frouxo, revestida por um epitélio pavimentoso simples, denominado mesotélio. Na cavidade abdominal, a serosa que reveste os órgãos é denominada peritônio visceral e está em continuidade com o mesentério (membrana delgada revestida por mesotélio nos dois lados), que suporta os intestinos, e com o peritônio parietal, uma membrana serosa que reveste a parede da cavidade abdominal. Em locais em que o órgão digestivo está unido a outros órgãos ou estruturas, no entanto, a serosa é substituída por uma adventícia espessa, que consiste em tecido conjuntivo e tecido adiposo contendo vasos e nervos, sem o mesotélio. Referências bibliográficas JUNQUEIRA, Luiz Carneiro; CARNEIRO, José. Histologia Básica. 13. ed. Guanabara Koogan, 2013. 9 – Sequenciar os passos da sonda nasogástrica e discorrer as indicações e contraindicações Para a instalação das sondas nasogástricas, recomenda-se que o paciente esteja em jejum alimentar pelo menos 4 horas, pois a presença de alimentos no estômago reduz os movimentos gástricos, importantes para o posicionamento da sonda e favorece a ocorrência de náuseas e vômitos. Uma medida seria manter o paciente em jejum, logo após a última refeição do dia, e realizar a passagem da sonda pela manhã. Ao realizar o procedimento, as etapas abaixo são as recomendadas. 1. Explicar e orientar o paciente sobre a importância e a necessidade do uso da sonda e deixar que ele a manuseie. Esta etapa é fundamental para que o procedimento seja mais fácil. 2. Colocar o paciente sentado ou deitado com a cabeceira do leito elevada a 45 graus. 3. Medir a extensão da sonda, que deve ser introduzida, colocando-se seu orifício distal na ponta do nariz, estendendo-a até o lóbulo da orelha e daí até o apêndice xifoide. (quando houver indicação do posicionamento no estômago, introduzi-la até este ponto. Para o posicionamento na segunda/terceira porção do duodeno ou jejuno, deverá migrar espontaneamente com o estímulo peristáltico 25 cm ou mais). 4. Depois de ser determinada a porção da sonda que será introduzida, umedecê-la com água. Após verificar se o paciente tem alguma obstrução nasal, selecionar a narina, observar, também, se existe desvio de septo, o que poderá dificultar a passagem da sonda. Pequena quantidade de anestésico local pode ser colocada na narina para diminuir o desconforto. Algumas vezes, o uso do próprio anestésico local pode ser causa de desconforto passageiro. 5. Introduzir delicadamente a sonda na narina, acompanhando o septo nasal e superfície superior do palato duro. 6. Orientar o paciente para relaxar os músculos da face e, quando sentir que a sonda chegou à garganta, orienta-lo para inspirar e “engolir fortemente”, para evitar a sensação de náusea, causada pela presença da sonda na faringe. 7. Se o paciente está consciente, oferecer água e pedir-lhe para dar“pequenos goles”. Em cada deglutição da água, introduzir lenta e delicadamente a sonda através da narina, avançando até o esôfago e estômago, guiando-se pela medida feita anteriormente. Nos pacientes com reflexos diminuídos, flectir a cabeça para que a glote se feche e proteja as vias aéreas. Quando, após cada deglutição, a sonda “caminha espontaneamente” na mão do profissional, não há dúvida de que a sonda está se posicionando corretamente no esôfago. A movimentação peristáltica do esôfago é voluntária no seu terço superior e involuntária nos 2/3 distais (mesmo em pacientes inconscientes), e as vias aéreas não têm tal capacidade. 8. Observar se o paciente apresenta tosse, dificuldade respiratória, cianose, agitação, que podem ser manifestações de um desvio na sonda para as vias aéreas. Nesse caso, deverá ela ser retirada e reintroduzida. A flexão da cabeça obstrui as vias aéreas superiores, portanto nunca tentar passar a sonda com a cabeça em extensão. 9. Quando sentir resistência na introdução as sonda, verificar se ela já atingiu o estômago. Isto pode ser verificado por meio de uma das formas: aspirar suco gástrico com seringa de 20 ml (seringas menores são contraindicadas, porque oferecem pressão excessiva e podem danificar a sonda e lesar a mucosa gástrica); Introduzir de 10 a 20 ml de ar através da sonda e auscultar com o estetoscópio, logo abaixo do apêndice xifoide (deve-se auscultar um ruído, indicando que a extremidade da sonda está no estômago e está pérvia; mergulhar em água a extremidade proximal da sonda e verificar se há saída de bolhas de ar. Isto indica que ela está nas vias aéreas. Fazer este último procedimento com cuidado, para se evitar ocorrência rara de aspiração do líquido para o pulmão. Além das manobras indicadas, observar se o paciente apresenta dispneia, cianose, prostração ou ainda dificuldade para falar. Antes de iniciar a administração todos os teste de posicionamento da sonda devem ser rigorosamente feitos, para que não existam dúvidas quanto a sua presença no estômago. O método considerado padrão ouro é o RX de abdômen ou fluoroscopia. Indicações: • Intoxicação exógena; (conjunto de efeitos nocivos representados por manifestações clínicas ou laboratoriais que revelam o desequilíbrio orgânico produzido pela interação de um ou mais agentes tóxicos com o sistema biológico) • Alívio de distensão abdominal; • Presença de vômitos persistentes; • Comprometimento da via oral; • Pessoas que necessitam de complementação nutricional; • Pessoas que não podem se alimentar por via oral devido algum comprometimento; • Administração de medicamentos; • Coleta de material para exame do suco gástrico. Contraindicações: • Absoluta: esofagite, varizes esofagianas, obstruções esofagianas, lesões esofagianas, obstrução gástrica e sinusite (posicionamento nasal) • Relativa: nasal (paciente com fratura de base de crânio, desvio de septo nasal); oral (pacientes conscientes, desorientados, grandes lesões de cavidade oral, fraturas de mandíbula e de maxilar e fixações cirúrgicas de mandíbula); nasal e oral (varizes ou lesões esofagianas) Referências bibliográficas UNAMUNO, Maria do Rosário D L De; MARCHINI, Julio S. Sonda nasogástrica/nasoentérica: cuidados na instalação, na administração da dieta e prevenção de complicações. Medicina, Ribeirão Preto,35: 95-101, jan./mar. 2002. GHARIB A.M; STERN EJ; SHERBIN VL & ROHRMANN CA. Nasogastric and feeding tubes. The importance of proper placement. Postgrad Med 99: 165-168, 1996. 10 – Explicar a formação embriológica do esôfago O esôfago desenvolve-se a partir do intestino anterior imediatamente caudal à faringe. A separação da traqueia do esôfago ocorre pelo septo traqueoesofágico. Inicialmente, o esôfago é curto, mas ele se alonga rapidamente, graças, principalmente, ao crescimento e à descida do coração e dos pulmões. O esôfago alcança o seu comprimento final relativo durante a sétima semana. Seu epitélio e suas glândulas são derivadas do endoderma. O epitélio prolifera e oblitera, parcial ou completamente, a luz; entretanto, a recanalização do esôfago normalmente ocorre no final do período embrionário. O músculo estriado que forma a camada muscular externa do terço superior do esôfago é derivado do mesênquima dos arcos faríngeos caudais. O músculo liso, principalmente no terço inferior do esôfago, se desenvolve do mesênquima esplâncnico circunjacente. Estudos recentes indicam uma transdiferenciação das células do músculo liso na parte superior do esôfago para o músculo estriado, que é dependente de fatores reguladores miogênicos. Ambos os tipos de músculo são inervados por ramos dos nervos vagos (nervo craniano X), que suprem os arcos faríngeos caudais. Referências bibliográficas SADLER, T.W. Langman – Embriologia Médica. 13. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2016. MOORE, K., PERSAUD, T.V.N. Embriologia Clínica. 10. ed. Rio de Janeiro: Elsevier; 2016. 11 – Descrever topograficamente o esôfago O esôfago é um tubo muscular (aproximadamente 25 cm de comprimento) com um diâmetro médio de 2 cm, que conduz alimento da faringe para o estômago. Ele possui três constrições, onde estruturas adjacentes deixam impressões: • Constrição cervical (esfíncter superior do esôfago): em seu início na junção faringoesofágica, a aproximadamente 15 cm dos dentes incisivos; causada pela parte cricofaríngea do m. constritor inferior da faringe • Constrição broncoaórtica (torácica): onde ocorre primeiro o cruzamento do arco da aorta, a 22,5 cm dos dentes incisivos, e depois o cruzamento pelo brônquio principale esquerdo, a 27,5 cm; a primeira constrição é observada em vistas anteroposteriores, a segunda em vistas laterais. • Constrição diafragmática: no local onde atravessa o hiato esofágico do diafragma, a aproximadamente 40 cm dos dentes incisivos O conhecimento dessas constrições é importante ao introduzir instrumentos no estômago através do esôfago e ao examinar radiografias de pacientes com disfagia. O esôfago: • Segue a curva da coluna vertebral ao descer através do pescoço e do mediastino – a divisão mediana da cavidade torácica • Tem lâminas musculares circulares internas e longitudinais externas. Em seu terço superior, a lâmina externa consiste em músculo estriado voluntário; o terço inferior é formado por músculo liso, e o terço médio tem os dois tipos de músculo • Atravessa o hiato esofágico elíptico no pilar muscular direito do diafragma, logo à esquerda do plano mediano, no nível da vértebra T X • Termina entrando no estômago no óstio cárdico do estômago (Figura 5.33C), à esquerda da linha mediana, no nível da 7a cartilagem costal esquerda e da vértebra T XI O alimento atravessa o esôfago rapidamente em razão da ação peristáltica de sua musculatura, auxiliado pela gravidade, mas não depende dela (é possível engolir de cabeça para baixo). O esôfago está fixado às margens do hiato esofágico no diafragma pelo ligamento frenicoesofágico, uma extensão da fáscia diafragmática inferior. Esse ligamento permite o movimento independente do diafragma e do esôfago durante a respiração e a deglutição. A parte abdominal do esôfago, em forma de trompete, com apenas 1,25 cm de comprimento, vai do hiato esofágico no pilar direito do diafragma até o óstio cárdico do estômago, alargando-se à medida que se aproxima em posição anterior e à esquerda na sua descida. A face anterior é coberta por peritônio da cavidade peritoneal, contínuo com aquele que reveste a face anterior do estômago. Encaixa-se em um sulco na face posterior (visceral) do fígado. A face posterior da parte abdominal do esôfago é coberta por peritônio da bolsa omental, contínuo com aquele que reveste a face posterior do estômago. A margem direita do esôfago é contínua com a curvatura menor do estômago; entretanto, sua margem esquerda é separada do fundo gástricopela incisura cárdica existente entre o esôfago e o fundo gástrico. A junção esofagogástrica situa-se à esquerda da vértebra T XI no plano horizontal que atravessa a extremidade do processo xifoide. Os cirurgiões e endoscopistas designam a linha Z, uma linha irregular em que há mudança abrupta da túnica mucosa esofágica para a túnica mucosa gástrica, como a junção. Imediatamente acima dessa junção, a musculatura do pilar direito do diafragma que forma o hiato esofágico funciona como um esfíncter esofágico inferior extrínseco que contrai e relaxa, geralmente em conjunto com um revestimento muscular espessado de modo variável em torno do óstio cárdico do estômago. Exames radiológicos mostram que o alimento para momentaneamente nesse ponto e que o mecanismo esfincteriano normalmente é eficiente para evitar refluxo do conteúdo gástrico para o esôfago. Quando uma pessoa não está comendo, o lúmen do esôfago normalmente encontra-se colapsado acima desse nível para evitar a regurgitação de alimentos ou suco gástrico para o esôfago. Topograficamente, o esôfago inicia-se dorsalmente à cartilagem cricóidea da laringe e acompanha a traqueia ao longo do pescoço, no início inclinando-se para a esquerda, mas reassumindo uma posição simétrica acima da traqueia antes ou logo depois de chegar ao tórax. No tórax, segue no mediastino e, prosseguindo-se além da bifurcação traqueal, passa sobre o coração antes de penetrar no hiato esofágico do diafragma. Segue, então sobre a borda dorsal do fígado e une-se ao estômago na cárdia. A parte cervical segue no espaço visceral do pescoço, estando relacionada com os músculos subvertebrais dorsalmente e o lado esquerdo medioventralmente da traqueia. Durante grande parte de seu comprimento, é acompanhado pela artéria carótida comum esquerda, veia jugular interna e pelos nervos vagossimpático e laríngo recorrente. A parte torácica relaciona-se com o lado direito do arco aórtico e com a bifurcação da traquéia, passa por trás do coração e atinge a abertura do diafragma mais caudalmente (hiato esofágco), suas bordas dorsal e ventral são acompanhadas pelos troncos nos quais se reagrupam as fibras dos nervos vagos direito e esquerdo. A parte abdominal é a menor, geralmente com apenas 2 cm de comprimento, logo após atravessar o hiato esofagiano o esôfago desvia-se para a esquerda e alcança o estômago na junção esofagogástrica. Referências bibliográficas MOORE, Keith L.; DALLEY, Arthur F.; AGUR, Anne M. R. Anatomia orienteada para a clínica. 8. ed. Guanabara Koogan 12 – Investigar o encaminhamento para o especialista e o papel do assistente social no caso Os Assistentes Sociais que atuam nas UPA são servidores do quadro da Secretaria do Estado de Saúde do Distrito Federal – SES/DF, vinculados tecnicamente a Gerência de Serviço Social e administrativamente à Gerência de cada UPA. Sendo assim, faz-se necessária a elaboração de um Protocolo de Atendimento que normatize as ações deste profissional no âmbito das Unidades de Pronto Atendimento – UPA 24 horas. O objetivo principal é estabelecer rotinas e fluxos de atendimento que direcionam a atuação do profissional em relação à prestação de serviço à população. Além disso, o presente Protocolo visa ampliar a compreensão do processo de trabalho do Assistente Social, bem como, apoiar e complementar a execução das rotinas na unidade de urgência e emergência. As atividades são realizadas de forma integrada com outras políticas públicas e apoio de órgãos governamentais e não governamentais inseridos na rede de proteção social existente. O paciente e sua família são atendidos com vistas à promoção social, pessoal, econômica e fortalecimento de vínculos familiares e comunitários. Ademais, vê-se que a elaboração de um Protocolo de Atendimento do Serviço Social também contribui para uma maior clareza sobre o papel dos Assistentes Sociais nas UPA pelos outros atores que compõe a equipe multiprofissional. O profissional de Serviço Social apresenta um olhar diferenciado, utilizando uma avaliação ampliada da situação social com o intuito de identificar “as condições de vida e de trabalho dos usuários, bem como os determinantes sociais que interferem no processo saúde-doença” O encaminhamento do paciente ao nutricionista deve ser realizado quando todos os recursos terapêuticos de nível primário (APS) foram utilizados para atender às demandas do paciente. O encaminhamento pode ser realizado por médicos da atenção primária (em UBS, ESF) e médicos da atenção especializada. Os encaminhamentos devem conter as seguintes informações: • História clínica resumida • Tentativas de tratamento • Diagnóstico/hipótese diagnóstica • Antropometria (histórico de peso, altura, IMC, e demais parâmetros relevantes) • Exames bioquímicos – últimos 6 meses (glicemia, colesterol, triglicérides, HDL, LDL e outros) • Medicamentos em uso Referências bibliográficas Comissão Permanente de Protocolos de Atenção à Saúde da SES-DF – CPPAS. Protocolos de Atendimento do Serviço Social nas Unidades de Pronto Atendimento – UPA 24h. Secretaria Municipal de Saúde do Sistema Único de Saúde – SUS de Ribeirão Preto. Protocolo de encaminhamento para nutricionista.
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