Buscar

APELAÇÃO SORAIA X ELETRONICOS SA

Prévia do material em texto

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DR JUIZ DE DIREITO DA 1ª VARA CÍVEL DA COMARCA DE YYYYY
Processo nº.: XXXXXX-XX.XXXX.XX.XXXX
SORAIA, brasileira, solteira, portadora da cédula de identidade XXXXXXX-X, inscrita no CPF: XXXXXXXXX-XX, residente e domiciliada na Rua XXXX, n.ºXXX, Bairro XXX, CEP: XXXXX-XXX, por seu advogado abaixo assinado, conforme instrumento de procuração anexado aos autos, inconformada, data vênia, com a sentença que julgou improcedente a Ação de Indenização por danos morais e estéticos proposta em face de Eletrônicos/SA, objeto do processo em epígrafe, vem perante Vossa Excelência, interpor o presente
RECURSO DE APELAÇÃO
Consoante as razões anexas, já tendo recolhido o preparo recursal (Anexo 01), o que faz tempestivamente e com fulcro nos artigos 1.009 e seguintes do Código de Processo Civil, pedindo que, após a intimação dos Recorridos para contrarrazoar, sejam os autos encaminhados ao Colendo Tribunal de Justiça do Estado, para julgamento do presente recurso, que deve ser recebido nos efeitos devolutivo e suspensivo, de acordo com o que preceitua o art 1.012 do CPC.
Termos em que pede deferimento
XXXX, XX de XXXX de XXXX
Advogado
OAB: XXXXXX
EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE XXXX
COLENDA CÂMARA CÍVEL
NOBRES JULGADORES
Apelante: SORAIA
Apelado: ELETRÔNICOS S.A
Processo nº XXXXXXX-XX.XXXX.X.XX.XXXX
1. DA ADMISSIBILIDADE
1.1 Da Tempestividade
Inicialmente cumpre informar que o presente Recurso é interposto tempestivamente, a publicação da sentença ocorreu em XX/XX/XXXX, assim, teve como termo inicial o dia XX/XX/XXXX e como último dia do prazo a data de XX/XX/XXXX, portanto, dentro do prazo previsto de 15 (quinze) dias úteis para a interposição do presente Recurso, o que demonstra sua tempestividade, conforme dispõe o CPC em seu art. 1.003 e § 5º. 
1.2 Do preparo
A apelante, conforme dispõe o Art 1007 do CPC acosta o comprovante do recolhimento do preparo, cuja guia segue em anexo.
1.2. Do Cabimento
Em conformidade com o CPC em seu art. 1.009, cabe recurso de apelação, fato que represente o presente processo, tendo em vista o indeferimento do pedido da Autora, ora apelante, à indenização por danos morais e estéticos, em relação ao acidente de consumo após a explosão de um aparelho de televisão, que atingiu superaquecimento após permanecer por horas ligado, da marca da Ré, ora apelada. 
2. BREVE RELATO DO PROCESSO E DA SENTENÇA RECORRIDA
Trata-se, com efeito, de Ação de Indenização por danos morais e estéticos proposta pela ora apelante SORAIA, contra a empresa ELETRÔNICOS/SA, objetivando a obtenção de sentença que julgasse procedente os pedidos de indenização. 
A Apelante sofreu um acidente de consumo após sua mãe comprar uma TV da marca Eletrônicos S.A, 2 meses antes. A referida TV atingiu superaquecimento após permanecer por 24 horas ligada e explodiu, atingindo a Apelante no rosto, causando perda de visão em seu olho direito. 
A Apelante, adolescente na época do ocorrido, muito abalada e com vergonha por perdido sua visão, entrou com pedido de reparação moral e estética apenas 7 anos depois, o que fez mediante a ação recorrida no presente recurso, em que acostou aos autos as provas documentais para alcançar sua pretensão, inclusive laudo pericial que apontava haver defeito do produto. 
A Ação foi recebida pelo juiz “a quo”, o Magistrado da 1ª Vara Cível da Comarca Y, que determinou a citação da ré, ora apelada, que ofereceu citação, na qual não requereu a produção de provas. 
Sobreveio, então, a sentença recorrida (mov. 85.1), a qual julgou improcedente a pretensão inicial, basicamente mediante os seguintes argumentos:
Julgo improcedente os pedidos formulados pela autora, na pretensão de obter indenização por danos morais e estéticos, tendo em vista a prescrição da pretensão da autora, em razão do transcurso do prazo de três anos, previsto no Art. 206, § 3º, inciso V, do Código Civil. Ainda, a improcedência se deve a inexistência de relação de consumo, com consequente inaplicabilidade do Código de Defesa do Consumidor, pois a vítima/autora da ação já alegou, em sua inicial, que não participou da relação contratual com a ré, visto que foi sua mãe quem adquiriu o produto na época. 
 Ou seja, em suma, entendeu o douto juízo sentenciante que, em que pese a apelante ser menor (13 anos na data do fato), haveria a prescrição de sua pretensão e não considerou a relação de consumo existente por não ter sido a apelante a ter realizado a negociação da compra do referido aparelho de TV, merecendo a sentença ser reformada.
3. DAS RAZÕES DA REFORMA DA SENTENÇA 
3.1 Da caracterização da relação de consumo
O conceito de consumidor pode ser encontrado no art. 2º, caput do Código de Defesa de Consumidor, que diz: 
CDC, art 2º: Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final. Parágrafo único. Equipara-se a consumidor a coletividade de pessoas, ainda que indetermináveis, que haja intervindo nas relações de consumo.
O referido artigo afasta a alegação do juízo “a quo”, de que é improcedente a ação da autora, por não ter participado da relação contratual, devido ao fato de ter sido sua mãe a ter comprado o bem que causou o dano, fato que não é impeditivo para a caracterização da relação de consumo. 
Ademais, o fato da Apelante não ter realizado a compra do aparelho, não descaracteriza ser considerada consumidora, pois há a equiparação à consumidor àqueles que são vítimas do efeito nocivo do produto, como nos mostra o art. 17, CDC.
CDC, art.17: Art. 17. Para os efeitos desta Seção, equiparam-se aos consumidores todas as vítimas do evento.
Além disso, o mesmo diploma legal, em seu art. 3º nos diz quem é considerado fornecedor nessa relação, sendo este o papel ocupado pela Ré no caso em apreço. 
CDC, art 3º: Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividade de produção, montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços.
Assim, é inquestionável haver relação consumerista entre Apelante e Apelada, devendo ser a presente demanda analisada com fulcro na Legislação consumerista. 
3.2 Da Responsabilidade Objetiva do Fornecedor
É inafastável o entendimento de se tratar de responsabilidade OBJETIVA, bastando apenas a existência de dano e do nexo causal, sendo indiferente a comprovação do elemento culpa ou dolo, conforme demonstrado no art. 12, do CDC, a dispor: 
CDC, art. 12. O fabricante, o produtor, o construtor, nacional ou estrangeiro, e o importador respondem, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos decorrentes de projeto, fabricação, construção, montagem, fórmulas, manipulação, apresentação ou acondicionamento de seus produtos, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua utilização e riscos.
Pelo exposto, é evidente que a situação gerou transtornos à Apelante, ultrapassando o mero dissabor, sendo os efeitos gerados gravíssimos, ainda mais se tratando de uma adolescente, devendo ser aplicado o disposto no art. 6º, VI, do CDC, que prevê:
Art. 6º São direitos básicos do consumidor:	 VI - a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos e difusos.
Deste modo, amparado pela lei, doutrina e jurisprudência pátria, a autora, deverá ser indenizado pelos danos que lhe forem causados, visto que foram incluídos aos autos do processo o laudo pericial apontando defeito no produto, havendo, portanto, relação com o dano ocasionado. 
3.3 Da prescrição 
Na sentença recorrida, o juiz sentenciante considerou prescrita a pretensão da Apelante aos pedidos de indenização por danos morais e estéticos, fundamentado no art. 206, §3º, que diz a pretensão prescrever em 3 (três) anos. 
Ocorre que, o fundamento utilizado não deve prosperar, visto que devido aos fundamentos já expostos, trata-se de relação consumerista, devendoser utilizado o CDC quanto ao prazo para prescrição. Nesse sentido, temos no art. 27 do citado diploma legal, diz ser o referido prazo de 5 (cinco) anos. 
CDC: art. 27. Prescreve em cinco anos a pretensão à reparação pelos danos causados por fato do produto ou do serviço prevista na Seção II deste Capítulo, iniciando-se a contagem do prazo a partir do conhecimento do dano e de sua autoria.
Em que pese o prazo prescricional citado, há que se ressaltar, que na prolação da sentença, o juízo “a quo”, deixou de considerar que a Autora, com 13 anos, era absolutamente incapaz, o que afasta a prescrição alegada, segundo nos mostra o art. 198, inciso I, do Código Civil.
Vejamos: 
CDC, art. 198. Também não corre a prescrição: I - contra os incapazes de que trata o art. 3º.
O art. 3º do Código Civil nos mostra quem são os incapazes, em que se enquadrava a Apelante à data do fato:
CDC, art. 3º: São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil os menores de 16 (dezesseis) anos.
Nesse sentido, a autora, ora apelante, na presente data com 20 anos, teve seu prazo prescricional iniciado na idade de 16 anos, ainda não tendo transcorrido os 5 (cinco) anos de prazo prescricional. 
4. DOS PEDIDOS
Ante o exposto, considerando que a pretensão da Apelante encontra fundamento nas disposições legais acima arguidas, requer de Vossa Excelência:
a. Que seja a presente apelação acolhida em relação ao afastamento da prescrição reconhecida pelo juízo “a quo”. 
b. O julgamento pelo Douto Tribunal sem o retorno do processo ao Juízo de primeiro grau, como dispõe o art. 1.013, §4º.
c. A admissibilidade do presente recurso de apelação e o provimento em todos os seus termos para a reforma da sentença de primeiro grau, para condenar condenação da ré ao pagamento da quantia de R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais) a título de danos morais e R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais) pelos danos estéticos sofridos.
d. Condenar do agravado ao pagamento de honorários advocatícios recursais, nos termos do art. 85, §1º do CPC, a ser fixado pelo juízo.
e. A admissibilidade do recolhimento das custas recursais, conforme comprovante anexo. 
Termos em que pede deferimento
XXXXX, XX de XXXXX de XXXX
Advogado
 OAB: XXXXXX
6

Continue navegando