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Inserir Título Aqui Inserir Título Aqui Gestão Estratégica de Custos Introdução aos Custos (Gestão, Contabilidade e Controle) Responsável pelo Conteúdo: Prof. Me. Rodrigo De Souza Marin Revisão Textual: Prof. Me. Natalia Conti Nesta unidade, trabalharemos os seguintes tópicos: • Introdução à Gestão e Contabilidade de Custos. Fonte: Getty Im ages Objetivos • Entender a evolução histórica da contabilidade e gestão de custos, sua influência na to- mada de decisão gerencial; • Abordar as principais diferenças entre custos e despesas, bem como os métodos contá- beis atualmente aceitos para a boa prática contábil; • Compreender que a gestão de custos bem amarrada com os dados contábeis é de suma importância para a perpetuidade em crescimento e evolução empresarial das empresas; • Demostrar a importância da análise, da formação de preço de venda e dos principais métodos de avaliação de estoques envolvendo o mundo dos custos. Normalmente, com a correria do dia a dia, não nos organizamos e deixamos para o úl- timo momento o acesso ao estudo, o que implicará o não aprofundamento no material trabalhado ou, ainda, a perda dos prazos para o lançamento das atividades solicitadas. Assim, organize seus estudos de maneira que entrem na sua rotina. Por exemplo, você poderá escolher um dia ao longo da semana ou um determinado horário todos ou alguns dias e determinar como o seu “momento do estudo”. No material de cada Unidade, há videoaulas e leituras indicadas, assim como sugestões de materiais complementares, elementos didáticos que ampliarão sua interpretação e auxiliarão o pleno entendimento dos temas abordados. Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discussão, pois estes ajudarão a verificar o quanto você absorveu do conteúdo, além de propiciar o contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e aprendizagem. Bons Estudos! Introdução aos Custos (Gestão, Contabilidade e Controle) UNIDADE Introdução aos Custos (Gestão, Contabilidade e Controle) Contextualização Em um contexto tão globalizado, são cada dia mais notórias as características de custos em nosso dia a dia, quer pessoais, quer corporativas. Existem inúmeros desafios que o atual gestor deve conhecer para ter pleno conhecimento dos custos e da gestão de custos. A todo tempo, as companhias se dedicam à redução de custos, se esforçando para cortá-los e também os gastos e maximizar os resultados. Certamente que a correta e precisa gestão e contabilização de custos por parte do gestor de finanças é a chave para o sucesso empresarial e a busca da diferenciação corporativa. Focaremos também em assuntos relacionados à aná lise de custos - tanto sob o ponto de vista de um empresá rio quanto do financista, vemos que o trabalho do administrador financeiro está a cada dia mais centrado na precisa interpretaç ã o dos nú meros reporta- dos pela contabilidade. A globalizaç ã o impõ e novos desafios para os gestores. Desafios estes que diferenciam gestão e perpetuidade das empresas. E é exatamente neste cená rio desafiador que o estudante ou profissional da área contábil focará nos próximos anos. Por fim, trabalharemos com a avaliação de estoque (PEPS, UEPS e MPM), seus apectos e funcionalidades. Devemos sempre lembrar que o papel da contabilidade no dia a dia do registro das alteraç õ es ocorridas no patrimô nio de uma entidade, no que certamente inclui a apuração do lucro e suas principais subtrações, e o registro dos cus- tos de operaç ã o de um negó cio são essenciais e talvez primordiais para a obtenç ã o das metas e objetivos da firma, ou seja, resultados e lucros crescentes ao longo dos perí odos. 6 7 Introdução à Gestão e Contabilidade de Custos Em muitas ocasiões, quando nos deparamos com o conceito de custos, logo surge em nossa mente perguntas com a seguinte temática: Quanto custou? Qual o preço de venda? Qual foi a margem de lucro que o produto teve? Mas ao perguntar a um leigo nos assuntos relacionados a custos qual o preço de uma Coca-Cola, por exemplo, ele responderá com toda certeza que esse refrigerante custa R$ 5,00, sendo que neste caso, o custo tem a conotação de preço de venda. Quando abordamos os conceitos de custos sob a ótica do empresariado, temos uma visão totalmente diferente que a apresentada acima. Devemos ter em mente que existem diversas interpretações sobre aplicações e ferramentas que regem os custos à gestão ordenada no negócio. Para Beulke (2012), os custos tem papel fundamental no controle das empresas, podendo assumir várias dimensões, como: controle e planejamento de materiais, controle do processo e a admi- nistração do ciclo operacional da empresa. O foco correto que o empresariado deve ter com relação aos custos é o amplo conceito de custos que engloba a gestão dos custos contábeis, dos custos de oportunidade, dos custos financeiros e dos demais custos ple- nos ou integrais da empresa. Panorama histórico sobre Gestão e Contabilidade de Custos Voltando algum tempo ao passado, no século XVIII, em plena Revolução Indus- trial, basicamente existia a Contabilidade Geral (Escritural), tendo como foco o resultado das empresas mercantilistas. Neste cenário histórico, tanto para apuração de resultado, como para fechamento do balanço final, bastava simplesmente o confronto entre as contas de estoques, aquisições e saldos finais de estoque. Chegando a uma clássica dis- posição (MARTINS, 2018): (=) Estoques Iniciais (+) Compras (–) Estoques Finais (=) Custo das Mercadorias Vendidas (CMV) Outra abordagem histórica dá-se por pesquisadores, a partir da qual a Contabilidade de Custos teria surgido da necessidade de se conhecer os CPV’s (custos dos produtos vendidos) para avaliar estoques e apurar o resultado das indústrias, tornando-se esse o seu objetivo principal. No século XX, com a crescente complexidade do mundo empre- sarial, a Contabilidade de Custos tornou-se cada vez mais importante na área gerencial da empresa, passando a ser utilizada no planejamento, no controle de custos, na tomada de decisões e no atendimento a exigências fiscais e legais. 7 UNIDADE Introdução aos Custos (Gestão, Contabilidade e Controle) DISPOSIÇÃO BÁSICA DE CUSTOS (=) Estoques Iniciais (+) Compras (–) Estoques Finais (=) Custo das Mercadorias Vendidas (CMV) Muitas vezes os produtos eram produzidos por pessoas que sequer tinham qualquer conceito sobre custos e/ou gestão de custos. As empresas eram essencialmente comer- ciais, sendo que os comerciantes compravam o produto por determinado preço e preci- savam somente inserir uma margem de ganho, sendo que o valor original da aquisição estava em seus registros financeiros históricos. Com a solidificação das indústrias, os custos começam a tornar-se mais densos, e normalmente uma função destinada a contadores ou profissionais que se dedicassem exclusivamente a compor estes números e cálculos. O contador surge neste novo cená- rio, na tentativa de associar o mundo dos custos comerciais com os custos industriais. Os custos industriais eram mais complexos e trabalhosos de operacionalizar. Teve início toda uma adaptação dentro do mesmo foco de raciocínio, com a formação dos critérios de avaliação de estoques (VICECONTI, 2013). Introdução aos custos industriais Ao introduzirmos os custos industriais, devemos entender que os itens fabricados pelas indústrias correspondem ao valor de compras das empresas comerciais até aqui estudado. Com isso, passaram a compor o CPV (Custo do produto vendido), os fatores diretos e indiretos utilizados na produção para obtenção do produto acabado à disposi- ção do seu consumidor final. Este tipo de avaliação tem sido aplicada por longos anos e a cada dia aprimorada, continuando em vigor com a mesma estrutura principalmente por duas razões, conforme Martins (2018): Primeira: Com o desenvolvimento do Mercado de Capitais nos EUA e em alguns países europeus, fazendo com que milharesde pessoas se tornassem acionistas de grandes empresas, interessadas agora na análise de seus balanços e resultados, e também com o aumento da complexidade do sistema bancário e distanciamento do banqueiro com relação à pessoa do proprietário ou administrador da companhia ne- cessitada do crédito, surgiu a figura da Auditoria Independente. (...) Essa consagração por parte dos Auditores Externos foi a responsável, então, pela manutenção dos princípios básicos da Contabilidade de Custos até hoje, no que diz respeito a sua finalidade de avaliação de estoques. Segunda: Com o advento do Imposto de Renda, provavelmente em função da influência dos próprios princípios de Contabilidade já então disseminados, houve a adoção do mesmo critério fundamental para a medida do lucro tributável; no cálculo do resultado de cada período, os estoques industrializados deviam ser avaliados sob aquelas regras. (...) (MARTINS, 2010) 8 9 Este processo evolutivo em custos possibilitou resolver os problemas mais complexos sobre custos e valorização dos estoques, bem como as operações realizadas pela empre- sa, com o foco na concepção da informação direcionado a 3 nichos de atuação: 1. proceder à apuração detalhada dos resultados; 2. auxiliar o controle dos gastos; 3. subsidiar as tomadas de decisão. A grande preocupação dos contadores, auditores e fiscais, de maneira geral, com relação à Contabilidade de custos, é a forma de resolver seus problemas com relação à mensuração adequada e tecnicamente correta dos estoques. Um eficiente sistema de custos deve constituir-se em prioridade de qualquer administração, ter instrumentos que o auxiliem nos controles e nas tomadas de decisão (JOHNSON, 1994). A Contabilidade de Custos possibilita à empresa: • apurar o custo dos produtos/serviços vendidos (no caso das empre- sas comerciais, o custo das mercadorias vendidas); • ter dados para o estabelecimento de padrões, orçamentos e outras formas de previsão; • acompanhar os gastos efetivamente ocorridos e compará-los com os valores anteriormente definidos; • estabelecer preços de vendas compatíveis com o mercado em que atua; • conhecer a lucratividade de cada produto; • decidir sobre corte de produtos: opção de compra ou de fabricação; • reduzir custos; • determinar o Ponto de Equilíbrio; • avaliar o desempenho. (VICECONTI, 2013) Conhecer os custos da empresa é importante por várias razões. Entre elas, podem ser citadas as tomadas de decisão adequadas para enfrentar a concorrência e o conheci- mento do lucro (ou prejuízo) resultante das operações da empresa. A relação entre Contabilidade, Custos e Gestão Estratégica de Custos A contabilidade financeira (Escritural) tem por objetivo: “controlar o patrimô nio das empresas e apurar o resultado (variaç ã o do patrimô nio) (VICECONTI, 2013). A contabilidade tem por objetivo: “controlar o patrimônio das empresas e apurar a variação do patrimônio”. (VICECONTI, 2013). 9 UNIDADE Introdução aos Custos (Gestão, Contabilidade e Controle) A contabilidade deve prestar informações a usuários externos para auxiliá-los na tomada de decisão ideal. Além disso, estas informações gerenciais, desde que estejam em conformidade com as práticas contábeis geralmente aceitas, servirão como base de outros interessados na informação contábil, como entidades financeiras que irão lhe conceder empréstimos, e quaisquer pessoas que desejem adquirir ações da empresa, caso seja de capital aberto. Com o método das paridas dobradas, o contabilista tem a possibilidade de exercer a plena função contábil, sendo o objetivo principal o patrimônio e suas peças contábeis mais conhecidas de acordo com o IAS 1, são elas: • Balanço patrimonial ao final do período; • Demonstração do resultado do período (DRE); • Demonstração do resultado abrangente do período; • Demonstração das mutações do patrimônio líquido do período (DMPL); • Demonstração dos fluxos de caixa do período (DFC); • Notas explicativas (ALMEIDA, 2014). Estas demonstrações contábeis devem ser elaboradas com base nos princípios con- tábeis geralmente aceitos, para fins de padronização e uso na análise comparativa com outras empresas ou com o desempenho histórico ou projeções futuras para a empresa. Após toda esta abordagem fica nítido o quanto a avaliação de estoque é fundamen- tal. É fá cil perceber que a avaliaç ã o dos estoques desempenha um papel fundamental na apuraç ã o do resultado da empresa comercial, uma vez que influencia o valor do lu- cro bruto diretamente e a apuraç ã o do resultado do exercí cio, indiretamente. Podemos afirmar que, cœteris paribus: quanto menor o estoque inicial de mercadorias, maior o lucro bruto; b) quanto maior o estoque final de mercadorias, maior o lucro bruto. Estas relaç õ es ficam facilmente compreendidas utilizando-se as seguintes fó rmulas: CPV = Estoques Iniciais + Gastos na Produç ã o – Estoques Finais Lb = Vendas – Custo dos Produtos Vendidos (CPV) As empresas devem realizar contagens regulares em seus estoques, pois são itens de alta relevância financeira, em muitas ocasiões a primeira prévia do lucro (antes do Imposto de Renda), que depende apenas da avaliação do estoque final para certificar o seu valor definitivo. A apuraç ã o do Resultado Lí quido nas empresas comerciais obedece à seguinte sequê ncia: RESULTADO BRUTO (Lb) 10 11 (–) DESPESAS − Comerciais − Administrativas − Financeiras (=) RESULTADO LÍ QUIDO Subtraindo-se o valor do CPV da Receita Lí quida de Vendas, têm-se como Resultado Bruto Industrial, e deduzindo-se deste as despesas comerciais, administrativas e finan- ceiras, o Resultado Lí quido, à semelhanç a das empresas comerciais. Com isso pode-se observar que o Custo de Produç ã o foi totalmente absorvido, seja pelos estoques finais de produtos, seja pelo custo dos produtos vendidos. Este tipo de custeamento chama-se Custeio por Absorç ã o e será melhor abordado posteriormente neste material. Toda estrutura e conceito do custeio por absorção esta lastreado no CPC - Comitê de Pronunciamentos Contá beis 00 - Estrutura Conceitual da Contabilidade, no Princí pio do Registro pelo Valor Original, no Princí pio da Competê ncia. A gestão de estratégia de custos tem por objetivo fornecer informaç õ es extraí das dos dados contá beis, que ajudem os administradores das empresas no processo de tomada de decisõ es, tais como os citados por Viceconti (2013): • Se a capacidade de produç ã o da fá brica é insuficiente para atender todos os pedidos dos clientes, qual produto ou linha de produtos deve ser cortado? • Como fixar o preç o de venda de um produto? • Deve-se continuar comprando maté rias-primas de terceiros ou inte- ressa fabricá -las na pró pria empresa? • Deve-se comprar equipamento novo ou reformar o antigo? • Deve-se aceitar um pedido de compra do exterior a um preç o infe- rior ao de venda no mercado interno? • Quais sã o os produtos da empresa que lhe dã o lucro ou prejuí zo? Adicionalmente temos como objetivo da Gestão estratégica de Custos fornecer infor- mações para os administradores da empresa que lhes permitam gerenciar o desempe- nho da mesma, avaliando se foram cumpridas as metas previstas no orçamento (funç ã o de controle). O enfoque primordial é o atendimento aos usuários internos para o pro- cesso de tomada de decisão ser cada vez mais assertivo. A Gestão estratégica de Custos també m se vale, em suas aplicaç õ es, de outros campos de conhecimento (estatí stica, administraç ã o financeira e de produç ã o, aná lise das demonstraç õ es financeiras etc.). A Gestão estratégica de Custos tem como funç ã o inicial fornecer evidências para avaliaç ã o dos estoques e apuraç ã o do resultado, além disso serve também para utilizaç ã o dos dados de custos para auxí lio ao controle e para tomada de decisõ es. 11 UNIDADE Introdução aos Custos (Gestão, Contabilidade e Controle) Terminologia e Conceituação dos Custos Quando nos referimos a custos, preços, despesas de bens e serviços,existem termi- nologias e conceituações específicas que são normalmente utilizadas. Quando nos referimos à formaç ã o de custos e preç os de bens ou serviç os, devemos lanç ar mã o de termos té cnicos especí ficos, normalmente utilizados neste meio. Conhe- cidos na contabilidade geral, esses termos nos auxiliam a compreender melhor todos os aspectos relativos à contabilidade de custos e suas peculiaridades, a saber: • Gastos são um sacrifício financeiro (Martins, 2018) de uma empresa necessário para a fabricação do produto ou prestação de serviço, classificados contabilmen- te como custos ou despesas, dependendo do caso. Dentro do conceito de gasto, podemos incluir o custo, a despesa, o investimento e a perda. (Crepaldi, 2018) Representados por entrega ou promessa de entrega de ativos (geralmente dinheiro). Somente são considerados gastos no momento em que existe o reconhecimento contábil da dívida ou da redução do ativo dado em pagamento. Os gastos podem ser classificados em: » investimentos; » custos; » despesas; » perdas ou desperdícios. • Investimento é um gasto, ou seja, um sacríficio financeiro, ativado em funç ã o de sua vida ú til ou benefí cios atribuí veis a perí odos futuros (Martins, 2018), nor- malmente previsto para mais de um ano. Exemplos de investimentos sã o os bens imó veis e aplicaç õ es financeiras. • Custos sã o os gastos relativos ao bem ou serviço utilizado na produção de bens ou prestação de serviços (Martins, 2018), como, por exemplo, (MP) matérias-primas utilizadas no processo produtivo, a (MO) mão de obra do processo produtivo, a (EE) energia elétrica ou gás natural consumidos no processo e demais gastos efetuados (Crepaldi, 2018). Ao adquirir uma determinada matéria-prima para a sua produção, quando de sua utilização no processo produtivo de um bem, esta passa a ser classi- ficada como custo, para entã o tornar-se investimento por sua ativaç ã o no estoque, até a sua venda. • Despesa é todo bem ou serviç o consumido, quer direta ou indiretamente, para obtenç ã o de receita (faturamento) (Martins, 2018). As despesas nã o estã o direta- mente relacionadas com a produç ão, representando, portanto, o dispê ndio efetua- do em outras á reas da empresa, como, por exemplo, o departamento comercial ou administrativo (Santos, 2015). • Desembolso é todo pagamento efetuado pela empresa durante suas atividades fabris ou comerciais, independentemente do que será consumido, seja produto ou serviço. 12 13 • Perda, valor involuntário e anormal de perdas nas empresas, decorrente de eventos não usuais, anormais, desastres naturais, entre outros. A perda deve ser lançada como despesa com sua contrapartida no resultado da empresa. Diferenciando custos e despesas O foco mais intrigante em custos e finanças de uma maneira geral é a diferenciação entre custos e despesas. As dúvidas sempre surgirão, e neste tópico o principal foco é a classificação e separação destes importantes conceitos. Os custos prioritariamente serão a princípio guardados nos estoques e posteriormente consumidos no processo produ- tivo. Já as despesas estão associadas com a geração de receitas e não com os custos. Conforme Beulke (2011, p. 19), os custos constituem a expressã o monetá ria dos insumos e consumos ocorridos para a produç ã o e ven- da de um determinado produto ou serviç o. Assim, podemos ainda di- zer que os custos sã o todos os gastos que representam a aquisiç ã o de bens e serviç os usados na produç ã o ou na prestaç ã o de serviç os por parte da firma durante a sua atividade produtiva, constituindo-se em elemento inerente ao seu processo de produç ã o. Vejamos, portanto, que essa definiç ã o se difere da ‘despesa’, que se trata de gasto incorri- do para a manutenç ã o da estrutura organizacional. Pode-se dizer que os custos estão relacionados a um valor monetário que será utili- zado para o objeto fim da atividade produtiva da empresa. Podemos dar de exemplo de custos a compra de matéria-prima, salários e encargos com pessoal da produção, depre- ciação de máquinas e equipamentos. Como destacado, estes custos farão parte do lucro ou do prejuízo após a venda do produto fabricado, sendo influenciados diretamente da DRE (Demostração Resultado do Exercício) como redutor de receitas. (Crepaldi, 2018) Já as despesas sã o reconhecidas no momento de seu uso, ou seja, na ocorrê ncia do fato gerador, conforme destacamos no Princí pio da Competê ncia estudado exaustiva- mente no mundo contábil. Assim, temos como exemplo os gastos com aluguel mensal do escritó rio administrativo, o seguro do escritó rio, os salá rios e encargos do departa- mento financeiro, o pessoal da seguranç a do escritó rio, dentre outros gastos. Como essas despesas nã o estã o associadas diretamente à produç ã o, sã o lançadas no DRE (Demonstraç ã o do Resultado do Exercício), subtraindo nos períodos de sua ocorrência para o descobrimento do LAIR (Lucro Antes do Imposto de Renda). Princípio da competência: https://youtu.be/1_vC8ujRiv0 Avaliação e custos dos estoques Custos dos estoques Os estoques são contabilizados pelo custo histórico, ou seja, o custo de aquisição no momento t inicial. Este também é o custo de transformação na associação com a MOD (Mão de Obra direta), geralmente demostrados da seguinte forma: 13 Luis Fernando Realce Luis Fernando Realce Luis Fernando Realce Luis Fernando Realce Luis Fernando Realce Luis Fernando Realce Luis Fernando Realce Luis Fernando Realce Luis Fernando Realce Luis Fernando Realce Luis Fernando Realce Luis Fernando Realce Luis Fernando Realce Luis Fernando Realce UNIDADE Introdução aos Custos (Gestão, Contabilidade e Controle) Mercadorias destinadas à venda – preç o de compra do fornecedor, custos de seguro, custos de frete e tributos nã o recuperá veis. Produtos acabados destinados à venda – custos das maté rias- primas, dos materiais, da mã o de obra e dos gastos gerais de fabricaç ã o aplicados na produç ã o do produto. Produtos em processo de elaboraç ã o – custos das maté rias-primas, dos materiais, da mã o de obra e dos gastos gerais de fabricaç ã o apli- cados na elaboraç ã o do produto. Maté rias-primas destinadas à produç ã o de produtos – preç o de compra do fornecedor, custos de seguro, custos de frete e tributos nã o recuperá veis. Materiais destinados à produç ã o de produtos – preç o de com- pra do fornecedor, custos de seguro, custos de frete e tributos nã o recuperá veis. (CPC 16, 2015) O CPC 16 – Estoques, define de forma geral alguns importantes conceitos sobre os estoques e seus custos: Tabela 1 Item Conceito no CPC Item 10 – Custo de Estoque O valor de custo do estoque deve incluir todos os custos de aquisição e de transformação, bem como outros custos incorridos para trazer os estoques à sua condição e localização atuais. Item 11 – Custo de Aquisição O custo de aquisiç ã o dos estoques com- preende o preç o de compra, os impostos de importaç ã o e outros tributos (exceto os recuperá veis junto ao fisco), bem como os custos de transporte, seguro, manuseio e outros diretamente atribuí veis à aquisiç ã o de produtos acabados, materiais e serviç os. Descontos comerciais, abatimentos e outros itens semelhantes devem ser deduzidos na determinaç ã o do custo de aquisiç ã o. Item 12 – Custo de Transformação Os custos de transformação de estoques incluem os custos diretamente relacionados com as unidades produzidas ou com as linhas de produção, como pode ser o caso da mã o-de-obra direta. També m incluem a alocaç ã o sistemá tica de custos indiretos de produç ã o, fixos e variá veis, que sejam incorridos para transformar os materiais em produtos acabados. Crité rios de valorizaç ã o As metodologias de valorizaç ã o dos estoques sã o as seguintes: PEPS (primeiro que entra é o primeiro que sai) UEPS (último que entra é o primeiro que sai) MPM (Média Ponderada Móvel) O método PEPS (primeiro a entrar é o primeiro a sair) – pressupõe que os itens de estoque queforam comprados ou produzidos primeiro sejam vendidos em primeiro lugar e, consequentemente, os itens que permanecerem em estoque no fim do período sejam os mais recentemente comprados ou produzidos. 14 Luis Fernando Realce Luis Fernando Realce 15 Segue um exemplo do método PEPS na prática: Tabela 2 PEPS ou FIFO Compras Consumo Saldo Dia Quant. Kg Custo Unit. $ Valor Total Custo Médio Quant. Kg Valor Total Quant. Kg Valor Total 3 1.500 10,00 15.000 10,00 1.500 15.000 8 2.500 12,00 30.000 12,00 4.000 45.000 12 10,00 1.500 15.000 2.500 30.000 25 1.000 13,00 13.000 13,00 3.500 43.000 30 12,00 2.000 24.000 1.500 19.000 58.000 39.000 Outra forma até mais usual em micro e pequenas empresas, é o MPM (média ponde- rada móvel) a Média Ponderada móvel – o custo de cada item é determinado a partir da mé dia ponderada do custo de itens semelhantes no começ o de um perí odo e do custo dos mesmos itens comprados ou produzidos durante o perí odo. Segue um exemplo da MPM: Tabela 3 CUSTO MÉDIO PONDERADO Compras Consumo Saldo Dia Quant. Kg Custo Unit. $ Valor Total Custo Médio Quant. Kg Valor Total Quant. Kg Valor Total 3 1.500 10,00 15.000 10,00 1.500 15.000 8 2.500 12,00 30.000 11,25 4.000 45.000 12 11,25 1.500 16.875 2.500 28.125 25 1.000 13,00 13.000 11,75 3.500 41.125 30 11,75 2.000 23.500 1.500 17.625 58.000 40.375 Já a metodologia UEPS não é autorizada pelo Fisco Brasileiro, mas muitas empresas multinacionais a utilizam e em muitas ocasiões devem se reportar em UEPS para as matrizes em outros países. Segue um exemplo de UEPS, mesmo não sendo autorizado no Brasil. Tabela 4 UEPS ou LIFO Compras Consumo Saldo Dia Quant. Kg Custo Unit. $ Valor Total Custo Médio Quant. Kg Valor Total Quant. Kg Valor Total 3 1.500 10,00 15.000 10,00 1.500 15.000 8 2.500 12,00 30.000 12,00 4.000 45.000 12 12,00 1.500 18.000 2.500 27.000 25 1.000 13,00 13.000 13,00 3.500 40.000 15 Luis Fernando Realce Luis Fernando Realce UNIDADE Introdução aos Custos (Gestão, Contabilidade e Controle) UEPS ou LIFO Compras Consumo Saldo Dia Quant. Kg Custo Unit. $ Valor Total Custo Médio Quant. Kg Valor Total Quant. Kg Valor Total 30 13,00 1.000 13.000 2.500 27.000 30 12,00 1.000 12.000 1.500 15.000 58.000 43.000 O VLR (Valor lí quido realizá vel) é o preç o de venda estimado no curso normal dos negó cios, deduzido dos custos estimados para sua conclusã o e dos gastos estimados necessá rios para se concretizar a venda (CPC 16, item 9). Tipos de Gastos Custo primário ou direto Custo de transformação Custo total, contábil ou fabril Gastos totais ou custo integral MD Materiais Diretos Matéria-Prima Embalagem MOD Mão-de-Obra Direta Mensurada e identi�cada de forma direta CIF Custos Indiretos Custos que não são MD nem MOD Despesas Gastos não associados à produção Fonte: Adaptado de Martins, 2018 Custo Primário ou direto são a soma dos Materiais Diretos, compostos por MP (Ma- téria Prima) + Embalagens + MOD (Mão de Obra Direta); Custos de Transformação são a soma da MOD (Mão de Obra Direta) + os CIF (Custos indiretos de Fabricação); Custo total ou fabril é a soma dos MD + MOD + CIF; Gastos Totais são o custo fabril + as Despesas. Quanto à Unidade Custo Direto é o diretamente incluído no cálculo dos produtos; materiais diretos e mão de obra direta; perfeitamente mensuráveis de maneira objetiva. Consideram-se como custos diretos todos aqueles que sã o diretamente qualificáveis e quantificáveis ao produto ou serviç o, isto é , mensurá veis em relaç ã o à mesma, não necessitando de cri- térios subjetivos (rateios) para a divisão plena do item. Como exemplo de custos diretos, temos: MP - maté ria-prima, MOD - mã o de obra direta etc. (Santos, 2015). 16 Luis Fernando Realce Luis Fernando Realce Luis Fernando Realce Luis Fernando Realce Luis Fernando Realce Luis Fernando Realce Luis Fernando Realce 17 Por outro lado, custos indiretos sã o todos os outros custos, necessitam de aproxima- ções, rateio. Nã o existe uma relação clara e imediata com o produto, sempre necessitará de um critério de aproximação. Nesse sentido, o custo indireto normalmente foca na unidade mais elementar, ou seja, a unidade ou peça; em outros casos: quilos, metros, dú zias etc. Tabela 5 – Custos fi xos e variáveis Tipo Descrição Fixo: é aquele que não sofre alteração em decorrência do aumento ou diminuição da quantidade produzida. É variável por unidade. Valor $ Quantidade Produzida Custos Fixos Exemplo: Aluguel Semi-Fixo: é aquele que contém uma parte fixa e outra variável. Valor $ Quantidade Produzida Custos Semi�xos Exemplo: Conta de Água Variável: é aquele que sofre modificação em relação à quantidade produzida. É fixo por unidade. Valor $ Quantidade Produzida Custos Variáveis Exemplo: Mat Diretos Semi Variável: é aquele que contém uma parte fixa e outra variável. Valor $ Quantidade Produzida Custos Semivariáveis Exemplo: Copiadora Fonte: Adaptado de Martins (2018) Tabela 6 – Quadro sintético de Contabilidade de Custos GASTOS É todo sacrifício financeiro que implique desembolso imediato ou futuro de recursos (capital) da empresa. CUSTOS Gastos incorridos na produção de novos bens ou serviços DESPESAS Gastos incorridos no processo de geração de receitas FIXOS Total constante em relação ao volume produzido VARIÁVEIS Total variável em relação ao volume produzido FIXOS Total constante em relação ao volume de receitas VARIÁVEIS Total constante em relação ao volume de receitas INDIRETOS Apropriados de forma subjetiva por critérios de rateio DIRETOS Apropriados de forma objetiva por meio de controles INDIRETOS Apropriados de forma subjetiva por critérios de rateio DIRETOS Apropriados de forma objetiva por meio de controles Fonte: Adaptado de Matrins, 2018 17 Luis Fernando Realce Luis Fernando Realce UNIDADE Introdução aos Custos (Gestão, Contabilidade e Controle) Material Complementar Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Sites CPC 16 – Estoque – Correlação às Normas Internacionais de Contabilidade – IAS 2 (IASB) https://goo.gl/vJMxyH Vídeos Como calcular o CMV (PEPS, UEPS e MPM) https://youtu.be/WMVM1Nm_tm4 Contabilidade de Custos – Conceitos Básicos https://youtu.be/K_0wEkXNMIE Leitura Contabilidade de Custos: Um Estudo Bibliométrico em Periódicos Brasileiros https://goo.gl/Jses1r Contabilidade de Gestão, Contabilidade Gerencial ou Controladoria: Mesmo Vinho, Outros Rótulos ou Bebidas Diferentes? https://goo.gl/cvqNiu 18 19 Referências ALMEIDA, Marcelo Cavalcanti. Curso de contabilidade introdutória em IFRS e CPC: atende à programação do 1o ano dos cursos de ciências contábeis, administração de empresas e economia – São Paulo: Atlas, 2014. BEULKE, R. Gestão de Custos. 2. ed. Sã o Paulo: Saraiva, 2012. BRUNI, Adriano Leal; FAMÁ , Rubens. Gestão de Custos e Formação de Preços: com Aplicação na Calculadora HP12C e Excel. 5. Ed. Sã o Paulo: Atlas. 2010. JOHNSON, H. T.; KAPLAN, R. S. Contabilidade gerencial: restauração da relevância perdida. São Paulo: Campus, 1994. CREPALDI, S. A., CREPALDI, G. S. – Contabilidade de custos - 6. ed. – São Paulo: Atlas, 2018. MARTINS, E. Contabilidade de custos. 11. ed. – Sã o Paulo : Atlas, 2018. COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS. PRONUNCIAMENTO TÉCNICO CPC 16 – ESTOQUES. Disponível em: <http://www.cpc.org.br/CPC/Documentos- -Emitidos/Pronunciamentos/Pronunciamento?Id=47>. Acesso em: 18 jan. 2018. SANTOS, J. L.; SCHMIDT, P. PINHEIRO, P. R.; NUNES, M. S. Manual de contabili- dade de custos – Sã o Paulo: Atlas, 2015. VICECONTI, Paulo Eduardo Vilchez. Contabilidade de custos – 11. ed., rev. e atual. – Sã o Paulo: Saraiva, 2013. 19
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