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1- A relação saúde e doença destacando as mudanças dentro da sociedade através do tempo: Até o século XIX, não se conheciam as causas das doenças, sendo muitas vezes essas creditadas a maus odores, castigos dos deuses, magias e outras suposições. A responsabilidade da cura das doenças era, portanto, de religiosos, curandeiros, xamãs, feiticeiros, entre outros. A partir do descobrimento de bactérias e outros seres microscópios, veio o advento da clínica moderna. O poder religioso deu lugar aos médicos na organização de sistemas de saúde. A doença então passa a ser abordada como tendo um agente etiológico (causador), uma patogenia (progressão), um diagnóstico e um tratamento. É nesse contexto que a saúde passa a ser entendida como seu oposto lógico: a inexistência de doença, ou seja, a própria fisiologia do corpo. A visão e o conceito de saúde, assim como a própria medicina, vêm se modificando ao longo dos anos e, com certeza, ainda não chegou e talvez nunca chegará ao seu conceito final. O conceito da OMS, divulgado na carta de princípios de 7 de abril de 1948 (desde então o Dia Mundial da Saúde), implicando o reconhecimento do direito à saúde e da obrigação do Estado na promoção e proteção da saúde, diz que: “saúde é o estado do mais completo bem-estar físico, mental e social e não apenas a ausência de enfermidade”. Assim, saúde deveria expressar o direito a uma vida plena, sem privações. Nesse conceito, a saúde não está somente ligada à doença física do indivíduo, mas também relacionada à parte mental e social. Entretanto, esse conceito dado pela OMS não agradou a muitos pesquisadores da área de saúde pública, sendo considerado impraticável, utópico e subjetivo. Na visão deles, não há como mensurar bem-estar de um indivíduo ou, ainda, poderia ser encarado como uma “perfeição” de vida, o que não caracterizaria a vida de nenhum indivíduo, já que fracassos, erros e mal-estar são parte de nossa história e, desde o momento em que nosso mundo é um mundo de acidentes possíveis, a saúde não poderia ser pensada como carência de erros e sim como a capacidade de enfrentá-los. Ainda, na busca pela melhor definição de saúde, a Organização das Nações Unidas, no ano 2000, reforça o conceito de saúde dado pela OMS, apontando quatro condições mínimas para que um Estado assegure o direito à saúde ao seu povo: disponibilidade financeira, acessibilidade, aceitabilidade e qualidade do serviço de saúde pública do país. Como podemos visualizar, um conceito final e aceito por todos ainda não foi escrito e provavelmente não o será visto que a saúde abrange situações objetivas e subjetivas, sendo essas difíceis de serem mensuráveis, em que, muitas vezes, os sinais e sintomas são subdiagnosticados pelos conhecimentos e tecnologias até então disponíveis. Além disso, o conceito de saúde dependerá de concepções científicas, religiosas, filosóficas, ou seja, saúde não representa a mesma realidade para todas as pessoas. Dessa forma, embora o conceito de saúde da OMS não sejam o ideal, ainda hoje é o mais utilizado para se defini-la. 2- As principais causas do adoecimento e como prevenir: História natural da doença é o nome dado ao conjunto de processos interativos que compreendem “as inter-relações do agente, do suscetível e do meio ambiente que afetam o processo global e seu desenvolvimento, desde as primeiras forças que criam o estímulo patológico no meio ambiente, ou em qualquer outro lugar, passando pela resposta do ser humano ao estímulo, até as alterações que levam a um defeito, invalidez, recuperação ou morte” (LEAVELL & CLARK, 1976) Pode-se dizer que a história natural da doença é todo tipo de interação entre três elementos: 1- Agente ou fatores etiológicos: causadores da doença (ex.: vírus, bactéria, entre outros) 2- Suscetível (hospedeiro): o homem ou animal, organismo doente ou que pode ficar doente 3- Meio ambiente: o lugar (espaço físico) onde ocorre/pode ocorrer a contaminação/infecção do suscetível com o agente A história natural da doença, portanto, tem desenvolvimento em dois períodos sequenciados: o período epidemiológico e o período patológico. No primeiro, o interesse é dirigido para as relações suscetível-ambiente; ao segundo interessam as modificações que se passam no organismo vivo. Abrange, portanto, dois domínios interagentes, consecutivos e mutuamente exclusivos, que se completam: o meio ambiente, onde ocorrem as pré-condições, e o meio interno, lócus da doença, onde se processaria, de maneira progressiva, uma série de modificações bioquímicas, fisiológicas e histológicas próprias de uma determinada enfermidade. Durante a fase epidemiológica, conhecida também como pré-patológica, a doença ocorre quando há uma ruptura no equilíbrio da saúde do suscetível, que acaba sendo influenciada pelos determinantes que contribuem para que a doença aconteça. Alguns desses determinantes podem ser: fatores ambientais, políticos, econômicos, sociais, culturais, psicológicos, genéticos, biológicos, físicos e químicos. O período de patogênese se inicia com as primeiras ações que os agentes patogênicos exercem sobre o ser afetado. Seguem-se as perturbações bioquímicas em nível celular, continuam com as perturbações na forma e na função e evoluem para defeitos permanentes, cronicidade, morte ou cura. São considerados quatro níveis de evolução no período de patogênese: (a) interação estímulo-suscetível; (b) alterações bioquímicas, histológicas e fisiológicas; (c) sinais e sintomas; e (d) cronicidade. Deve-se prevenir e prever as doenças antes que algo aconteça ou mesmo cuidar para que não aconteça. Prevenção em saúde pública é a ação antecipada, tendo por objetivo interceptar ou anular a evolução de uma doença. A prevenção pode ser feita nos períodos de pré-patogênese e patogênese. A prevenção primária que se faz com a intercepção dos fatores pré-patogênicos inclui: (a) promoção da saúde • Moradia adequada • Escolas • Áreas de lazer • Alimentação adequada • Educação em todos os níveis • Educação em saúde • Atividade física regular • Saneamento básico (b) proteção específica • Imunização • Saúde do trabalhador • Higiene pessoal e do lar • Proteção contra acidentes • Aconselhamento genético • Controle dos vetores e reservatórios • Uso de preservativos e seringas descartáveis A prevenção secundária é realizada no indivíduo, já sob a ação do agente patogênico, no nível do estado de doença, e inclui: (a) diagnóstico precoce • Inquérito para descoberta de casos na comunidade • Exames periódicos, individuais, para detecção precoce de casos • Isolamento para evitar a propagação de doenças • Tratamento para evitar a progressão da doença (b) limitação da invalidez • Evitar futuras complicações • Evitar sequelas • Reduzir o risco de transmissão da doença Prevenção terciária consiste na prevenção da incapacidade mediante a adoção de medidas destinadas a: • Reabilitação (impedir a incapacidade total) • Fisioterapia • Terapia ocupacional • Emprego para o reabilitado • Redução da dependência familiar • Redução da dependência social • Melhoria da qualidade de vida da pessoa com sequela 3- O processo saúde-doença: O processo saúde-doença é determinado por questões biológicas, sociais, culturais, econômicas, não possui uma causa apenas. Não é algo simples, nem definido por um único fato, mas é causado pelo acesso ou não aos serviços básicos de que todos nós necessitamos, como educação, moradia, saneamento básico, alimentação saudável e diversos outros.
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