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25/08/2021 MAPS - MEDICAMENTOS NA ATENÇÃO PRIMÁRIA NO SUS - https://www.unasus.unifesp.br/biblioteca_virtual/MOOCS/MAPS_2021/Modulo_1/unidade_3.html 1/6 MAPS - MEDICAMENTOS NA ATENÇÃO PRIMÁRIA NO SUS Unidade 3: Medicamentos não disponíveis no SUS Seja bem-vindo à terceira unidade do módulo que tem por objetivo: Identificar possíveis razões para um medicamento não estar disponível no SUS; Desenvolver visão crítica sobre a questão da judicialização no acesso a medicamentos no SUS. Introdução Nesse tópico, falaremos brevemente a respeito da falta de medicamentos, das vias de acesso a medicamentos não disponibilizados pelo SUS e ainda do processo da judicialização. Sabe-se que a falta de medicamentos essenciais é muito prejudicial para os pacientes, tanto pelo possível agravamento do seu quadro clínico como pelo risco de não adesão ao tratamento. Para ter acesso aos medicamentos, tem sido cada vez mais frequente a procura de pacientes por mecanismos judiciais. O crescente número de demandas judiciais tem complicado a gestão dos recursos e até mesmo a sustentabilidade do sistema de saúde em alguns municípios e estados brasileiros, o que torna muito importante o conhecimento sobre esse assunto. Discussão teórico-legal Até agora abordamos os motivos pelos quais o SUS disponibiliza ou não medicamentos, quem é responsável por financiar, adquirir e dispensar esses produtos e a importância de selecionar os medicamentos a serem disponibilizados no sistema de saúde. Mas e quando o medicamento não está disponível? As razões podem ser: I) desabastecimento ou o fato de o II) medicamento não estar incorporado à RENAME, à REMUME ou ainda ao rol de produtos dos programas federais (como Farmácia Popular e Aqui tem Farmácia Popular) e estaduais (como Farmácia Dose Certa, em São Paulo, por exemplo). I) Desabastecimento Não há muito o que discutir: o desabastecimento não deveria acontecer! Apesar disso, sabemos que essa situação é menos incomum do que gostaríamos e pode ser provocada por duas razões: Problemas logísticos + 25/08/2021 MAPS - MEDICAMENTOS NA ATENÇÃO PRIMÁRIA NO SUS - https://www.unasus.unifesp.br/biblioteca_virtual/MOOCS/MAPS_2021/Modulo_1/unidade_3.html 2/6 II) Medicamento não está incorporado Já discutimos a incorporação de medicamentos no SUS e o fato de os municípios terem suas próprias listas de medicamentos (REMUME), que devem ser elaboradas com base na RENAME. Assim, é possível que um medicamento da RENAME (elenco básico) não esteja disponível no município em que você trabalha. No entanto, a REMUME inclui medicamentos que suprem a maioria das necessidades da população local. Ainda assim, um paciente ou grupo de pacientes podem precisar de um ou mais medicamentos não disponíveis. Nesses casos, é importante verificar se: a) esse medicamento está elencado em algum dos Componentes da Assistência Farmacêutica (Unidade “Incorporação de medicamentos no SUS e as listas de referências”): pode ser o caso de encaminhar esse paciente para retirar o medicamento na farmácia do Componente Especializado, por exemplo; b) existe evidência na literatura para justificar/embasar o uso do medicamento nas condições apresentadas pelo paciente: certamente, ao realizar um pedido de aquisição, tanto ao município como ao estado, de um medicamento que não esteja disponível no SUS, será solicitada uma justificativa clínica (por exemplo o histórico do paciente no tratamento da condição clínica; alternativas terapêuticas já empregadas sem sucesso durante o processo de cuidado; resultados de exames, se pertinente) e o embasamento teórico da escolha do medicamento em detrimento dos demais já disponíveis. c) a necessidade desse medicamento é excepcional ou o prescritor considera que esse fármaco deveria estar na RENAME: se for um caso específico, uma necessidade excepcional, pode ser feita uma solicitação formal ao município ou estado. Mas se esse Falta do medicamento no mercado nacional e/ou internacional + 25/08/2021 MAPS - MEDICAMENTOS NA ATENÇÃO PRIMÁRIA NO SUS - https://www.unasus.unifesp.br/biblioteca_virtual/MOOCS/MAPS_2021/Modulo_1/unidade_3.html 3/6 medicamento deveria fazer parte da RENAME, na avaliação do profissional, ele pode solicitar a avaliação do medicamento pela CONITEC, inclusive por meio da Secretaria Municipal de Saúde. Você deve procurar saber quais as vias oficiais para solicitar medicamentos indisponíveis no seu município. Cada município e/ou estado tem regras diferentes. Segue exemplo do estado e município de São Paulo: O município de São Paulo conta com uma solicitação denominada “extra-REMUME”, por meio da qual o prescritor justifica a necessidade do medicamento – mais informações podem ser encontradas na tese de doutorado de José Ruben Ferreira de Alcântara Bonfim (http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/6/6135/tde-17092015- 084444/pt-br.php) ou no site da Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo (http://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/saude/). O estado de São Paulo publicou, em 2012, a resolução 54, que determina como devem ser solicitados medicamentos não disponíveis no SUS, com informações sobre quais formulários (http://www.saude.sp.gov.br/ses/perfil/cidadao/homepage/veja- tambem/comissao-de-farmacologia-da-ses-sp) e como devem ser preenchidos. Se não existirem meios oficiais, a sugestão é encaminhar uma solicitação protocolada à CONITEC, via serviço de saúde, com todas as informações que possibilitem a análise da solicitação, conforme descrito no site (http://conitec.gov.br/faca-sua-proposta-de- incorporacao). E o fenômeno da judicialização? O termo judicialização tem sido empregado para descrever o movimento de interferência de processos judiciais nas políticas públicas de saúde para obtenção de serviços ou produtos, sobretudo medicamentos. Anualmente, tem havido um aumento exponencial do número de processos, resultando em gastos exorbitantes, que prejudicam qualquer planejamento de uso dos recursos públicos em qualquer nível de governo – federal, estadual ou municipal (LIMA, 2012; MACHADO et al., 2011; BORGES; UGA, 2010; PEPE et al., 2010; FIGUEIREDO; PEPE; OSÓRIO-DE-CASTRO, 2010). A judicialização excessiva pode ser prejudicial ao sistema de saúde e ameaçar sua sustentabilidade. Apesar disso, não se pode negar que as demandas judiciais impulsionaram a inclusão de medicamentos no SUS e contribuíram para propiciar circunstâncias que culminaram com a organização do processo de incorporação de tecnologias e, consequentemente, a instituição da CONITEC. http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/6/6135/tde-17092015-084444/pt-br.php http://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/saude/ http://www.saude.sp.gov.br/ses/perfil/cidadao/homepage/veja-tambem/comissao-de-farmacologia-da-ses-sp http://conitec.gov.br/faca-sua-proposta-de-incorporacao 25/08/2021 MAPS - MEDICAMENTOS NA ATENÇÃO PRIMÁRIA NO SUS - https://www.unasus.unifesp.br/biblioteca_virtual/MOOCS/MAPS_2021/Modulo_1/unidade_3.html 4/6 Outro ponto que se discute é: de acordo com a Constituição Federal, o SUS deve garantir aos cidadãos o direito à assistência à saúde, incluindo a assistência farmacêutica. Portanto, o fornecimento de medicamentos não é, isoladamente, uma função do sistema de saúde. De fato, a grande maioria dos processos judiciais é gerada a partir de prescrições de serviços de saúde privados (RAMOS; FERREIRA, 2013; MACHADO et al., 2011; BORGES; UGA, 2010). Não há impedimento às pessoas com maior poder aquisitivo e/ou àquelas que tenham planos de saúde de usarem o SUS, mas o sistema público de saúde não deveria ser considerado suplementar ou encarado como simples provedor de tecnologias caras. (https://moodle2.unasus.unifesp.br/mod/quiz/view.php?id=114) Avaliação da unidade Questionário (https://moodle2.unasus. id=114) Material Suplementar Os Links listados a seguir não são de responsabilidade da UNASUS. Apenas foram selecionados e indicados por apresentarem informações úteis para os interessados em aprofundar seu conhecimento sobre os assuntosaqui discutidos. https://moodle2.unasus.unifesp.br/mod/quiz/view.php?id=114 https://moodle2.unasus.unifesp.br/mod/quiz/view.php?id=114 25/08/2021 MAPS - MEDICAMENTOS NA ATENÇÃO PRIMÁRIA NO SUS - https://www.unasus.unifesp.br/biblioteca_virtual/MOOCS/MAPS_2021/Modulo_1/unidade_3.html 5/6 (https://www.conass.org.br/biblioteca/dilemas-do-fenomeno-da-judicializacao-da- saude/) (http://www.scielo.br/pdf/rsp/v51s2/pt_0034-8910-rsp-S1518-51-s2- 87872017051007062.pdf) Dilemas do fenômeno da judicialização (CONASS) (https://www.conass.org.br/biblioteca/dilemas-do-fenomeno-da-judicializacao-da-saude/) Disponibilidade de medicamentos essenciais na atenção primária do Sistema Único de Saúde (http://www.scielo.br/pdf/rsp/v51s2/pt_0034-8910-rsp-S1518-51-s2- 87872017051007062.pdf) Considerações Finais É importante saber quais as vias para solicitar medicamentos que não são “padronizados”, ou seja, aqueles não incluídos nas listas oficiais. Quando esses medicamentos são solicitados, a evidência científica sobre sua efetividade e segurança é um dos principais fatores para a decisão favorável ou contrária à liberação do medicamento para o(s) paciente(s). Referências ANVISA. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. RDC no18, de 4 de abril de 2014. Dispõe sobre a comunicação à Agência Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA dos casos de descontinuação temporária e definitiva de fabricação ou importação de medicamentos, reativação de fabricação ou importação de medicamentos, e dá outras providências. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, 8 abr. 2014. Disponível no http://portal.anvisa.gov.br/legislacao#/visualizar/29168 (http://portal.anvisa.gov.br/legislacao#/visualizar/29168). Acesso em: 26 jan. 2017. BORGES, D. C. L.; UGA, M. A. D. Conflitos e impasses da judicialização na obtenção de medicamentos: as decisões de 1ª instância nas ações individuais contra o Estado do Rio de Janeiro, Brasil, em 2005. Cadernos de Saúde Pública, v. 26, n. 1, p. 59-69, jan. 2010. FIGUEIREDO, T. A.; PEPE, V. L. E.; OSÓRIO-DE-CASTRO, C. G. S. Um enfoque sanitário sobre a demanda judicial de medicamentos. Physis, v. 20, n. 1, p. 101-118, 2010. LIMA, G. S. Demanda judicial de medicamentos e uso de indicadores de avaliação e monitoramento no estado do Rio de Janeiro. 2012. Dissertação (Mestrado em Saúde Pública) – Pós-graduação em Saúde Pública, Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca, Fundação Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, 2012. MACHADO, M. A. A. et al. Judicialização do acesso a medicamentos no Estado de Minas Gerais, Brasil. Revista de Saúde Pública, v. 45,n. 3,p. 590-598, jun. 2011. https://www.conass.org.br/biblioteca/dilemas-do-fenomeno-da-judicializacao-da-saude/ http://www.scielo.br/pdf/rsp/v51s2/pt_0034-8910-rsp-S1518-51-s2-87872017051007062.pdf https://www.conass.org.br/biblioteca/dilemas-do-fenomeno-da-judicializacao-da-saude/ http://www.scielo.br/pdf/rsp/v51s2/pt_0034-8910-rsp-S1518-51-s2-87872017051007062.pdf http://portal.anvisa.gov.br/legislacao#/visualizar/29168 25/08/2021 MAPS - MEDICAMENTOS NA ATENÇÃO PRIMÁRIA NO SUS - https://www.unasus.unifesp.br/biblioteca_virtual/MOOCS/MAPS_2021/Modulo_1/unidade_3.html 6/6 MENGUE SS, Bertoldi AD, Ramos LR, Farias MR, Oliveira MA, Tavares NUL, et al. Acesso e uso de medicamentos para hipertensão arterial no Brasil. Rev Saude Publica. 2016;50(supl 2):8s. NASCIMENTO RCRM, Álvares J, Guerra Junior AA, Gomes IC, Costa EA, Leite SN, et al. Disponibilidade de medicamentos essenciais na atenção primária do Sistema Único de Saúde. Rev Saude Publica. 2017;51 Supl 2:10s. PEPE, V. L. E. et al.A Judicialização da Saúde e os novos desafios da gestão da assistência farmacêutica. Ciência e Saúde Coletiva, v. 15, n. 5, p. 2405-2414, 2010. RAMOS, K. A.; FERREIRA, A. S. D. Análise da demanda de medicamentos para uso off label por meio de ações judiciais na Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais. Revista de Direito Sanitário, v. 14, n. 1, p. 98-121, 2013. REIS, A. M. M.; PERINI, E. Desabastecimento de medicamentos: determinantes, consequências e gerenciamento. Ciência e Saúde Coletiva,v. 13, supl., p. 603-610,abr. 2008.
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