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Tabela de Conteúdos I�NDICE PREFA� CIO INTRODUÇA� O Capıt́ulo I MITOS COSMOLO� GICOS E CONTOS DE ORIGENS GERAÇA� O ESPONTA� NEA: VIDA E MORTE OS GOVERNADORES DO MUNDO: A LUTA ENTRE O SOL DA DEUSA E A TEMPESTADE DE DEUS MAIS CONFLITOS E COMPROMISSOS EPISO� DIOS E MITOS DE ORIGEM CRENÇAS A RESPEITO DA ALMA O PARAI�SO BUDISTA E OS CUSTODIOS DO MUNDO Capıt́ulo II LEGENDAS LOCAIS E OSS DE CULTOS COMUNAIS TOPOGRAFIA E DIVISA� O EM CLA� S Capıt́ulo III FADAS, SERES CELESTIMOS, OS HOMENS DA MONTANHA A ORIGEM DOS CONTOS DE FADAS AS FADAS DOME� STICAS AS FADAS BUDISTAS, O TENNIN E OS RYUJIN 4. OS TAOISTAS IMORTAIS Capıt́ulo IV DEMO� NIOS, VAMPIROS E OUTROS SERES FANTASMA O DIABO O FANTASMA COM FOME E O ESPI�RITO IRRITADO OUTROS SERES FANTASMA https://translate.googleusercontent.com/translate_f https://translate.googleusercontent.com/translate_f https://translate.googleusercontent.com/translate_f https://translate.googleusercontent.com/translate_f https://translate.googleusercontent.com/translate_f https://translate.googleusercontent.com/translate_f https://translate.googleusercontent.com/translate_f https://translate.googleusercontent.com/translate_f https://translate.googleusercontent.com/translate_f https://translate.googleusercontent.com/translate_f https://translate.googleusercontent.com/translate_f https://translate.googleusercontent.com/translate_f https://translate.googleusercontent.com/translate_f https://translate.googleusercontent.com/translate_f https://translate.googleusercontent.com/translate_f https://translate.googleusercontent.com/translate_f https://translate.googleusercontent.com/translate_f https://translate.googleusercontent.com/translate_f https://translate.googleusercontent.com/translate_f https://translate.googleusercontent.com/translate_f https://translate.googleusercontent.com/translate_f Capıt́ulo V HISTO� RIAS ROMA� NTICAS Capıt́ulo VI CONTOS HERO� ICOS Capıt́ulo VII HISTO� RIAS DE ANIMAIS I. ANIMAIS GRATOS ANIMAIS VENGATIVOS E MALICIOSOS A SERPENTE O AMOR E O CASAMENTO DOS ANIMAIS INSETOS, ESPECIALMENTE BORBOLETAS Capıt́ulo VIII HISTO� RIAS DE PLANTAS E FLORES A� RVORES MI�TICAS OS GE� NIOS DAS PLANTAS AS FADAS DA FLOR 4. O CALENDA� RIO FLORAL Capıt́ulo IX HISTO� RIAS DE ENSINO, HUMOR E SATRIES A ADAPTAÇA� O DE HISTO� RIAS PARA FINS DE ENSINO A HISTO� RIA DE BONTENKOKU HUMOR E SATYRE UM TEMPO DE DESCONTENTE E SATYRE APE� NDICE BIBLIOGRAFIA Sobre o autor https://translate.googleusercontent.com/translate_f https://translate.googleusercontent.com/translate_f https://translate.googleusercontent.com/translate_f https://translate.googleusercontent.com/translate_f https://translate.googleusercontent.com/translate_f https://translate.googleusercontent.com/translate_f https://translate.googleusercontent.com/translate_f https://translate.googleusercontent.com/translate_f https://translate.googleusercontent.com/translate_f https://translate.googleusercontent.com/translate_f https://translate.googleusercontent.com/translate_f https://translate.googleusercontent.com/translate_f https://translate.googleusercontent.com/translate_f https://translate.googleusercontent.com/translate_f https://translate.googleusercontent.com/translate_f https://translate.googleusercontent.com/translate_f https://translate.googleusercontent.com/translate_f https://translate.googleusercontent.com/translate_f https://translate.googleusercontent.com/translate_f https://translate.googleusercontent.com/translate_f https://translate.googleusercontent.com/translate_f -MITOLOGIA JAPONESA- * MASAHARU ANESAKI © 1947 Masaharu Anesaki Design da capa: Aroa Graphics Ilustração da capa: Mishitsume Kawi ÍNDICE Prefácio Introdução Capítulo I. Mitos e histórias cosmológicas das origens I. Geração Espontânea: Vida e Morte II. Os governantes do mundo: a luta entre a deusa-sol e o deus- tempestade III. Mais con�litos e compromissos 4. Episódios e mitos das origens V. Crenças Relacionadas à Alma SERRAR. O paraıśo budista e os guardiães do mundo Capítulo II. Lendas locais e cultos comunitários Capítulo III. Fadas, seres celestiais, homens das montanhas I. A Origem dos Contos de Fadas II. As fadas-donzelas III. As fadas budistas, o Tennin e o Ryujin 4. Os Imortais Taoıśtas Capítulo IV. Demônios, vampiros e outros seres fantasmagóricos I. O diabo II. O Fantasma Faminto e o Espıŕito Enfurecido III. Outros seres fantasmagóricos https://translate.googleusercontent.com/translate_f https://translate.googleusercontent.com/translate_f https://translate.googleusercontent.com/translate_f https://translate.googleusercontent.com/translate_f https://translate.googleusercontent.com/translate_f https://translate.googleusercontent.com/translate_f https://translate.googleusercontent.com/translate_f https://translate.googleusercontent.com/translate_f https://translate.googleusercontent.com/translate_f https://translate.googleusercontent.com/translate_f https://translate.googleusercontent.com/translate_f https://translate.googleusercontent.com/translate_f https://translate.googleusercontent.com/translate_f https://translate.googleusercontent.com/translate_f https://translate.googleusercontent.com/translate_f https://translate.googleusercontent.com/translate_f https://translate.googleusercontent.com/translate_f https://translate.googleusercontent.com/translate_f https://translate.googleusercontent.com/translate_f Capítulo V. Histórias Românticas Capítulo VI. Contos heróicos Capítulo VII. Histórias de Animais I. Grato Incentiva II. Animais Vingativos e Maliciosos III. A serpente 4. O amor e casamento de animais V. Insetos, especialmente borboletas Capítulo VIII. Histórias de plantas e �lores I. A� rvores Mıt́icas II. Os gênios das plantas III. As fadas das �lores 4. O Calendário Floral Capítulo IX. Histórias de ensino, humor e sátiras I. A adaptação de histórias para �ins didáticos II. A história de Bontenkoku III. Humor e sátira 4. Uma época de descontentamento e sátira Apêndice Folclore japonês em canções tradicionais Bibliogra�ia Sobre o autor https://translate.googleusercontent.com/translate_f https://translate.googleusercontent.com/translate_f https://translate.googleusercontent.com/translate_f https://translate.googleusercontent.com/translate_f https://translate.googleusercontent.com/translate_f https://translate.googleusercontent.com/translate_f https://translate.googleusercontent.com/translate_f https://translate.googleusercontent.com/translate_f https://translate.googleusercontent.com/translate_f https://translate.googleusercontent.com/translate_f https://translate.googleusercontent.com/translate_f https://translate.googleusercontent.com/translate_f https://translate.googleusercontent.com/translate_f https://translate.googleusercontent.com/translate_f https://translate.googleusercontent.com/translate_f https://translate.googleusercontent.com/translate_f https://translate.googleusercontent.com/translate_f https://translate.googleusercontent.com/translate_f https://translate.googleusercontent.com/translate_f https://translate.googleusercontent.com/translate_f https://translate.googleusercontent.com/translate_f https://translate.googleusercontent.com/translate_f PREFA� CIO O objetivo deste livro não é contar histórias engraçadas para o divertimento dos curiosos, mas dar ao leitor sério uma visão geral do personagem e da variedade de mitos e contos japoneses tradicionais. Consequentemente, as histórias são narradas da forma mais concisa possıv́el, tendo-se tomado grande cuidado em apontar as conexões, conceituais ou históricas, que existem entre as diferentes narrativas. Muito se tem falado sobre as crenças religiosas que fundamentam essas histórias, uma vez que o autor considera que a atividade mitológica da mente humana é indissociável de seus credos religiosos. No entanto, não tira quaisquer conclusões sobre a natureza exata da conexão entre os dois ou a prioridade de umsobre o outro. Por outro lado, o autor sabe muito bem que muitas ideias ou histórias devem sua existência às circunstâncias da vida social dos povos que variam em cada perıódo de sua história. Esta visão das questões foi seguida em alguns casos, embora não tão completamente como o autor teria feito se não estivesse limitado pelo espaço disponıv́el. Algo mais será dito a esse respeito na obra do autor de Arte Japonesa em sua Relação com a Vida Social. Muitos livros foram escritos sobre mitologia e literatura japonesas, mas eles geralmente se limitam a uma parte especı�́ica do tópico ou apenas querem entreter. O presente trabalho pode talvez ser considerado como um tratado mais ou menos sistemático sobre todo o assunto. O autor espera que esse fato remunere o leitor, em certa medida, por achar o livro pouco divertido. O autor tentou incluir um capı́tulo sobre o épico Heike Monogatar[1] i, porque sua história, tanto o enredo principal quanto os episódios secundários, foram amplamente recitados pelas rapsódias e se tornou a origem de muitas narrativas https://translate.googleusercontent.com/h dramáticas. Mas as limitações de espaço o forçaram a pular esse capı́tulo e deixar o tópico para uma publicação separada. M. A������ Karuizawa, Japão, janeiro de 1927 à INTRODUÇÃO AS PESSOAS, A TERRA E O CLIMA EM RELAÇA� O A� MITOLOGIA E AO FOLCLORE O arquipélago alongado que serpenteia pelos mares orientais da A� sia, conhecido hoje como Japão, nos tempos primitivos era habitado por aborı́genes cabeludos chamados Ainus. A palavra Ainu signi�ica "homem" em sua lı́ngua. Dois ou três mil anos atrás, grupos invasores começaram a migrar do continente, com toda a probabilidade pousando em vários pontos, em momentos diferentes. Esses invasores foram gradualmente empurrando os nativos do paı́s, primeiro para o Leste e depois para o Norte. Não se sabe ao certo de onde vieram esses conquistadores, embora a hipótese mais provável seja que eles cruzaram o Mar do Japão a partir do continente asiático, pela penı́nsula coreana. Devemos esquecer que o núcleo básico dos japoneses, como o dos coreanos, difere em muitos aspectos do dos chineses. A origem dos japoneses deve ser buscada mais ao norte do que a dos chineses ou da raça Han. Por outro lado, a a�inidade dos coreanos com os japoneses está bem estabelecida.[2] e é possı́vel que um dia seja possı́vel veri�icar satisfatoriamente essa a�inidade com outras raças que habitam o Norte da A� sia. Mas os japoneses são um povo mesclado, e a raça até parece ter mudado por meio de várias imigrações, mais frequentemente da costa oriental da China ou das ilhas do sul e, ocasionalmente, do lado ocidental do Mar do Japão. Os diferentes núcleos são diferenciados pela maioria dos especialistas da seguinte maneira: os japoneses autênticos geralmente têm uma face oblonga com um nariz aquilino; o elemento chinês, por outro lado, tem o rosto mais achatado e as maçãs do rosto mais proeminentes; e o tipo sulista ou malaio é marcado por um rosto redondo em formato de bola e olhos muito estreitos. As caracterıśticas predominantes dos chineses nas ilhas ocidentais são naturalmente explicadas pela fácil conexão por mar entre aquela parte do Japão e a foz do rio Yangtze. https://translate.googleusercontent.com/h Por outro lado, a existência de um elemento meridional pode ser inferida do fato de que os setores meridionais das ilhas ocidentais, de acordo com a história lendária, foram perturbados de tempos em tempos por invasores turbulentos do extremo sul, chamados Hawkmen (Haya-para) e a raça de urso (Kuma-so). Além disso, nesta parte do paıś, principalmente na provıńcia de Satsuna, onde os nomes pessoais compostos de "urso" são dados com mais frequência. Além disso, a costa sul da Ilha Shikoku é rica em nomes como "Cavalo de fulano", e essas praias eram naturalmente as mais favorecidas pelos imigrantes do sul. Deve-se ter em mente que esses aumentos pré-históricos da população do arquipélago, registros semi-históricos e históricos frequentemente mencionam a imigração da China e da Coréia; e essas imigrações posteriores foram muito ativas na disseminação de sua civilização mais avançada pelas ilhas. Tendo visto as hipóteses dos especialistas atuais, vamos ver o que as lendas antigas nos dizem[3] sobre a origem e chegada dessas pessoas à sua residência atual. Diz-se que os criadores das ilhas foram dois "deuses celestiais". Falaremos mais sobre eles ao considerar os mitos cosmológicos. Uma de suas �ilhas era a deusa do Sol, que governa o universo do Céu e era a progenitora da famıĺia que governa no Japão. Certa vez, em agosto, a deusa do Sol olhou para a "Terra-média onde os juncos crescem abundantemente", isto é, o arquipélago japonês; então ele viu que o paıś foi abalado por vários "espıŕitos malignos", e que eles estavam se agitando e esvoaçando como "moscas azuis". A deusa enviou mensagens a esses espıŕitos malignos e, mais tarde, enviou várias expedições punitivas contra eles e os deuses terrenos, que �inalmente entregaram suas terras aos "deuses celestiais". Entre aqueles que foram assim dominados estavam os descendentes do deus da tempestade, irmão da deusa do sol, que governava as costas do mar do Japão, em oposição às costas orientais da Coreia. Assim que a estrada foi pavimentada, a deusa do Sol enviou seu a�ilhado às ilhas para "governar o paıś até a eternidade". O grupo do https://translate.googleusercontent.com/h a�ilhado chegou à ilha de Tsukushi (atual Kyus hu), no topo de um pico muito alto, e se estabeleceu no Himukai (a terra "que olha para o sol"), na costa do Pacı�́ico da ilha ocidental. Na verdade, essa região é rica em montes antigos, que agora estão sendo escavados, graças aos quais muitas relıq́uias interessantes da antiguidade pré-histórica vêm à tona. Da região "voltada para o sol", ondas de migração e conquista marcharam para o leste ao longo da costa do Mar Interior. O alvo era a região central, conhecida como Yamato,[4] que eventualmente alcançou Jimmu Tenno, o lendário fundador da dinastia imperial. Mais uma vez, os conquistadores encontraram a resistência das "Aranhas da Terra", das "Pequenas Corujas-Oitenta", das "Pernas Longas", das "Fúrias Gigantes", etc. mas havia outros do seu lado que pertenciam à mesma tribo dos conquistadores e que haviam se estabelecido anteriormente na região central. Nessas batalhas, os descendentes da deusa do Sol foram derrotados uma vez lutando na frente do sol, de modo que a partir de então eles lutaram com o sol em suas costas. No �inal, os descendentes solares saı́ram vitoriosos e se estabeleceram na região de Yamato, que se tornou a sede da residência imperial até o �inal do século VII. A principal massa de japoneses, representada pelos descendentes desses conquistadores, passou a ser chamada de raça Yamato. Qualquer que seja o signi�icado mı́tico ou valor histórico dessas lendas, a raça Yamato sempre acreditou em sua descida do céu e em adorar a deusa do Sol como a precursora da famı́lia governante, senão de todo o povo. Eles também tentaram incutir essa crença nas pessoas subjugadas, e em parte conseguiram impressioná- los com esse eu. Depois de associadas ideias, listas, lendas e crenças, junto com as práticas religiosas, eles formaram a religião original da raça Yamato, conhecida hoje como Xintoı́smo, do qual falaremos mais tarde. Dados Xintoı́stas da Antiguidade[5] foram compilados no século 18, com o objetivo de con�irmar a origem celestial da raça Yamato e perpetuar a história daquela cidade. Esses dados contêm mitos cosmológicos e também histórias lendárias, todas extraı́das principalmente da tradição oral, mas modi�icadas por ideias chinesas; Além disso, muito do folclore é bordado com as lendas da https://translate.googleusercontent.com/h https://translate.googleusercontent.com/h raça, já que os japoneses sempre reverenciaram qualquer tipo de tradiçãoancestral. Estes dados o�iciais do xintoı́smo contém a massa principal da mitologia antiga, e mantiveram-se relativamente livre de in�luências estrangeiras nos últimos anos tiveram um grande efeito sobre literatura e arte japonesa. Naturalmente, a propensão das pessoas a contar histórias e usar suas próprias ideias sobre fenômenos naturais e sociais mitologicamente acrescentou mais material mıt́ico ao dos arquivos de dados o�iciais. Parte dela, sem dúvida, foi introduzida por imigrantes de outras terras e, portanto, estranhas às tradições primitivas da raça. Não faremos qualquer reclamação sobre o "caráter racial" ou a "inclinação inata" do povo, manifestada em suas ideias ou imagens nativas. Mas não se pode negar que diferentes povos obviamente oferecem diferentes traços mentais e espirituais na visualização de sua existência e em suas reações a diferentes ambientes. As caracterıśticas naturais e o clima da terra habitada por um povo têm uma grande in�luência em sua atividade de formação de mitos. Mas como eles reagem a essas condições externas é determinado por seu temperamento, sua massa de ideias tradicionais e as in�luências externas às quais foram submetidos. Os japoneses sempre foram suscetıv́eis às impressões da natureza, sensıv́eis aos vários aspectos da vida humana e prontos para aceitar sugestões estrangeiras. Vamos considerar como essas condições in�luenciaram o desenvolvimento do folclore e da mitologia japonesas. A natureza parece ter favorecido o povo japonês apresentando os aspectos mais suaves e charmosos. As ilhas fornecem quase todas as fases da formação geológica, e o clima varia do calor semitropical do sudoeste aos invernos frios do norte. A magnitude continental é, claro, zero, mas a paisagem é diversi�icada de forma belıśsima por montanhas e rios, enseadas e promontórios, planıćies e �lorestas. E� fácil imaginar fadas vagando pelas �lorestas e pelas principais cachoeiras; na névoa da primavera e entre as nuvens do verão, os seres semicelestes podem ser facilmente visualizados; a superfıćie escura dos lagos enrolados por penhascos e picos imponentes também é adaptada para a morada de espıŕitos sinistros, ou para ser palco de con�litos entre gênios fantásticos. As �lores de cerejeira são produzidas, diz a lenda, a inspiração de uma Dama-que- faz-as-árvores �lorescer, e as folhas vermelhas dos bordos são obra de uma Dama-que-tece-brocado. O espıŕito do urso borboleta surge na noite de primavera, vestido com roupas rosa e velado com tule esverdeado. No canto lamentoso do "percevejo do pinheiro", o povo escuta a voz do ente querido que renasceu entre os arbustos do campo. Nos altos picos dos picos nevados podem habitar grandes divindades, e entre as nuvens iridescentes é possıv́el ouvir música celestial. Além do horizonte distante do mar �ica a terra perpetuamente verde do palácio do Rei do Mar. A suscetibilidade das mentes das pessoas ao ambiente é demonstrada no inıćio do advento de uma poesia em que a beleza da natureza e o pathos da vida humana, o amor e a guerra são cantados. Esta poesia inicial é simples na forma e muito ingênua no sentimento, mas é emocional e delicada. O povo se sentia em sintonia com os aspectos mutáveis da natureza, exibidos nos fenômenos das estações, nas variedades da �lora, nos concertos de pássaros cantores e insetos. Seus sentimentos em relação à natureza sempre foram expressos em termos de emoções humanas; as coisas da natureza foram personi�icadas e os homens foram representados como seres vivos no coração dessa natureza. O homem e a natureza estavam tão próximos um do outro que os fenômenos personi�icados nunca foram dissociados de suas origens naturais. Os observadores ocidentais frequentemente interpretam mal esta circunstância, declarando que os japoneses não têm o poder personi�icador da imaginação. Mas a verdade é que o grau de personi�icação não é tão completo como na mitologia grega, e que a imaginação nunca chegou a obscurecer sua origem no mundo fıśico real. Também é verdade que os mitos e histórias do Japão não são tão bem conectados e sistematizados entre os povos arianos. Na mitologia japonesa, há um certo ciclo de ideias cosmológicas, mas os vıńculos muitas vezes se perdem e muitas histórias estão totalmente dissociadas. A leveza da execução é caracterıśtica da imaginação japonesa, e a facilidade de improvisação não é menos evidente. A insistência cuidadosa no relato o�icial dos ancestrais do povo poderia estar em con�lito com a falta de um sistema que aparece em toda parte, e a in�luência budista certamente modi�icou as caracterıśticas peculiares que determinaram a mitologia da raça. No entanto, o budismo foi adaptado pelos japoneses de acordo com sua disposição mental, e o grande sistema da mitologia budista foi desmembrado em contos soltos ou rebaixado ao nıv́el mais humilde da experiência humana. Delicado, imaginativo, agradável, mas nunca isolado, sensıv́el, mas não muito penetrante, é assim que poderıámos caracterizar o temperamento das pessoas, manifestado na sua mitologia e poesia, na sua arte e na sua música. Como consequência desses traços, falta em sua mitologia uma força trágica. Os japoneses não têm ideia de uma tremenda catástrofe no mundo; os con�litos quase nunca terminam em tragédias sublimes, mas em concessões. Mesmo as tragédias de histórias e dramas posteriores são caracterizadas por uma dolorosa submissão do herói, e apenas excepcionalmente pelo con�lito de uma vontade demonıáca com o destino. Isso pode ser devido, pelo menos em parte, à in�luência moderada da terra e do clima, embora na realidade seja o resultado do caráter do povo, visto considerando suas ideias religiosas nativas. A religião primitiva dessa cidade era chamada de Shinto[6] que signi�ica "Caminho dos Deuses" ou "Espı́ritos". Essa crença remonta a uma visão animista do mundo, associada ao culto tribal das divindades do clã. A palavra animismo é usada aqui para indicar a doutrina de que as coisas na natureza são animadas, como nós, por uma alma ou por um tipo especial de vitalidade. Vendo o mundo sob esta luz, os japoneses adoram tudo, tanto um objeto natural quanto um ser humano, desde que o adorado pareça manifestar poder ou beleza incomuns. Cada um desses objetos ou seres é chamado de kami, uma divindade ou espı́rito. A natureza é habitada por uma coorte in�inita dessas divindades ou espı́ritos, e a vida humana está intimamente associada a seus pensamentos e ações. O gênio de uma montanha que inspira medo é chamado de divindade da montanha, e pode ser considerado ao mesmo tempo com o progenitor da tribo que vive ao pé da montanha ou, se não como o https://translate.googleusercontent.com/h ancestral, pode pelo menos ser invocado como o deus guardião da tribo. Portanto, a religião Shinto é uma combinação de adoração da natureza e adoração ancestral, e na maioria dos casos o mito-natureza é inseparável da história sobre a divindade ancestral e sua adoração, porque a curiosidade de saber as origens das coisas atua com enorme força tanto para o mundo fıśico quanto para a vida individual e social de cada um. Por esta razão, as tradições xintoıśtas combinam a poesia simples da natureza com especulações �ilosó�icas sobre a origem das coisas. Esses dois aspectos do xintoıśmo estão tremendamente misturados nos cultos comunitários existentes e deram origem a muitos mitos e lendas locais. Em tais histórias, a fantasia desempenha um papel proeminente, mas nunca há exclusão da crença religiosa. Isso se deve à tenacidade das lendas xintoıśtas entre as pessoas. A in�luência estrangeira mais importante de todos os que vieram para o Japão, certamente em termos de religião, arte e literatura, foi a do budismo. No campo da mitologia, o budismo introduziu uma grande quantidade da imaginação indiana no Japão, caracterizada pela grandeza de escala, a riqueza das imagens, osamplos voos da fantasia. A literatura budista, importada para o Japão e muito bem recebida pelo povo, pertencia ao ramo do budismo conhecido como Maliayana, ou a " Comunhão Mais Ampla ". Nestes livros, diz-se que existe um número in�inito de terras ou paraıśos de Buda, e cada uma delas é descrita em uma linguagem colorida e fantasiosa. Em um desses paraıśos existem avenidas com árvores enfeitadas com joias, lagos cheios de �lores de lótus, pássaros que cantam perpetuamente um concerto com a música tocada pelos seres celestiais. O ar está cheio de perfumes milagrosos e a terra é pavimentada com pedras preciosas. Inúmeras variedades de ser é celestial, Budas, santos, anjos e divindades habitam esses paraıśos. Quando se fala em grandes números, eles sempre signi�icam "mirıádes de bilhões" (koti-niuta- asankhya). Uma longa época é descrita assim: Suponha que você pulverize os "grandes milhares" de mundos e os transforme em uma poeira muito �ina e que você carregue cada partıćula para um dos inúmeros mundos espalhados por todo o vasto cosmos; o tempo necessário para essa tarefa in�inita pode ser comparado ao número de perıódos terrestres que o Buda gastou em seu trabalho. Não apenas o desenvolvimento da mitologia japonesa expandiu e estimulou os voos da imaginação budista, mas a mirı́ade de histórias budistas in�luenciou muito o nascimento do folclore japonês. O Buda foi retratado como tendo vivido incontáveis existências passadas, vidas que oferecem aventuras inesgotáveis e atos compassivos, encontrados nos Jatakas ("Histórias de Nascimento"), Nielarias e Avadarías (histórias das causas da iluminação do Buda). As doutrinas budistas também são elucidadas por muitas comparações e parábolas coloridas. Como os estudantes de literatura indiana e budista bem sabem, quase todas essas histórias falam da experiência do Buda e de outros seres relacionados à sua existência em todas as formas de humanos, animais ou plantas. [7]. Essas histórias eram frequentemente usadas para �ins didáticos em sermões budistas, embora também ajudassem a estimular o folclore, familiarizando as pessoas com a ideia de animais e plantas personi�icados e fornecendo aos fabulistas temas e moralidade. Destes canais do folclore japonês, ele derivou muito do material cuja origem era a mesma de que Esopo tirou suas fábulas, e muitas histórias indianas tornaram-se tão completamente naturalizadas no Japão que as pessoas ignoram sua proveniência estrangeira. Neste livro, consideraremos apenas algumas dessas histórias indo-japonesas e não mais enfatizaremos o tema da in�luência indiana nesse folclore nativo. Devemos chamar a atenção, entretanto, para o fato de que o folclore japonês é afetado, não apenas por essas contribuições estrangeiras, mas também pelo tipo geral de ideia e imaginação adotada pela religião budista. O budismo é antes de tudo uma religião preeminentemente panteıśta, ensinando que todo ser, consciente ou não, está em comunhão espiritual conosco e está destinado, junto conosco, a atingir o manto de Buda. Todos os seres estão aparentemente separados, mas unidos em uma continuidade, unidos por um vıńculo indissolúvel de causalidade moral e baseados em uma mesma realidade. A https://translate.googleusercontent.com/h continuidade da vida que permeia todas as existências é o que inspirou os japoneses com grande compaixão por seus compatriotas e todos os seres vivos, bem como pela natureza de seu ambiente. O ideal religioso do budismo consiste em compreender em pensamento esta verdade da unidade da existência e em viver uma vida cheia da maior compaixão. Vendo o universo sob esta luz, é apenas uma fase da comunhão espiritual, e nada nele está fora da comunhão mais próxima. Este ensinamento, este último ideal fundamental, foi levado ainda mais perto de nossa vida de compaixão graças ao ensinamento do karma, que signi�ica o vıńculo da causação moral. De acordo com essa doutrina, a vida presente deve ser considerada como um elo na cadeia in�inita de causalidade moral; a vida presente do ser é determinada pelas qualidades dos acontecimentos passados de cada um e está destinada a determinar a vida futura. Esta é a "continuidade serial" da nossa existência, mas também existe uma continuidade colateral. Essa expressão signi�ica que a vida individual não é o produto isolado do próprio carma, mas sempre desempenha um papel no destino comum mais amplo, desfrutado ou sofrido junto com os outros. "Até mesmo o simples roçar das mangas de duas pessoas, por mero acaso, é fruto do carma que as une." Esse sentimento é experimentado em todas as relações humanas. Pais e �ilhos, marido e mulher e outras relações menos ıńtimas são manifestações da continuidade que persiste ao longo da vida e pode persistir no futuro. Não apenas os relacionamentos humanos, mas os ambientes fıśicos da vida também estão conectados pelo mesmo vıńculo do carma. «Se um budista vê uma borboleta voando entre as �lores, ou uma gota de orvalho brilhando na folha de uma planta de lótus, ele acredita que a conexão e a a�inidade que existe entre esses objetos são fundamentalmente como os laços que unem os seres humanos em seus relacionamentos vitais. O fato de desfrutarmos o canto alegre das cigarras entre as �lores de ameixa é devido à necessidade do carma que nos conecta com essas criaturas. " Em uma religião panteıśta, há sempre um grande incentivo na realização de uma fantasia poética, bem como uma necessidade constante de simpatia ıńtima com outros seres e com o ambiente fıśico. O próprio Buda, de acordo com os relatos indianos, experimentou em suas inúmeras reencarnações uma in�inita variedade de vidas animais. E� por isso que seus seguidores podem ter passado por tais experiências, e muitas histórias contam como o narrador já foi um pássaro que cantava entre as �lores e cujo espıŕito mais tarde se tornou sua esposa. Se o budismo estimula a imaginação que se refere aos laços que relacionam nossa vida com outras existências, o taoıśmo representou e representa o gênio poético e a tendência romântica do vale de Yutzu chinês em contraste com os traços práticos e sóbrios dos chineses do norte, representados pelo confucionismo. Este enfatiza de maneira especial a necessidade de retornar à natureza, entendendo por esta uma vida livre de todos os defeitos humanos, de todas as convenções sociais e de todas as relações morais. Seu ideal é alcançar, por meio do treinamento persistente, uma vida em comunhão com o coração da natureza, "alimentando-se das gotas ambrosıácas de orvalho, inalando névoas e éter cósmico". O taoıśta que atinge essa condição ideal é chamado de Sennin ou "Homem da Montanha" e deve vagar livremente no ar, levando uma vida imortal. O ideal de existência imortal era (e é) frequentemente combinado com o ideal budista de emancipação perfeita das paixões humanas, e essa religião de misticismo naturalista foi a origem natural de muitos relatos imaginários de homens e super-homens que viveram no mundo. "Coração de natureza "e realizaram suas façanhas milagrosas em virtude de seu mérito religioso. Além dos milagres atribuıd́os a esses "homens da montanha", algumas das personi�icações populares de objetos naturais devem sua origem a uma combinação de crenças taoıśtas com o naturalismo budista, representado pela escola Zen. Vemos um exemplo na história do " Donzela da Montanha. " O ambiente fıśico dos japoneses e as in�luências religiosas mencionadas contribuıŕam para o crescimento opulento do conto e da lenda em que os fenômenos da natureza eram personi�icados e livremente representados pela imaginação. No entanto, houve uma força contrária: o confucionismo. Os ensinamentos de Confúcio eram racionalistas e sua ética tendia a restringir a imaginação humana e limitar a atividade humana à esfera da vida cı́vica. Embora a in�luência das ideias confucionistas fosse limitadano Japão antigo às instituições sociais e cı́vicas, essas ideias não desencorajaram o desenvolvimento de criações folclóricas e imaginativas. Havia mitos e lendas na China antiga, mas Confúcio os desprezava e ridicularizava. Os letrados confucionistas do Japão, por sua vez, consideravam esses contos românticos com desdém. Especialmente durante os trezentos anos entre os séculos XVII e XIX, o domı́nio completo da ética confucionista como a moralidade normal das classes dominantes, signi�icou um enorme obstáculo para o desenvolvimento natural do poder imaginativo da raça.[8]. No entanto, as antigas tradições foram preservadas na aldeia, e no Japão há, portanto, um grande número de mitos e lendas quase inigualáveis em outras nações. Ao considerar a mitologia e o folclore dos japoneses, é conveniente dividir essas histórias em quatro classes, que são: 1) mitos e histórias de origem cosmológica, ou mitos explicativos; 2) produtos da imaginação, ou seja, contos mágicos e voos de fantasia semelhantes; 3) o jogo do interesse romântico pela vida humana, isto é, histórias de amor romântico e contos heróicos, e 4) histórias contadas para sua lição moral, ou aquelas que podem ser interpretadas como moral implı́cita: fábulas ou histórias didáticas, juntamente com humor e sátira.[9] https://translate.googleusercontent.com/h https://translate.googleusercontent.com/h Capítulo I MITOS E HISTÓRIAS COSMOLÓGICAS DAS ORIGENS 1. GERAÇA� O ESPONTA� NEA: VIDA E MORTE A mitologia japonesa, como as mitologias de muitos paıśes, nada sabe sobre a criação por mandato, mas postula a origem das coisas por geração espontânea e seu desenvolvimento por geração de sucessão. A explicação da origem do universo pela criação é grande; os mitos da geração espontânea e sua transformação são reconfortantes. O primeiro é monoteıśta, pois tudo depende, em sua criação, da vontade e da força de um criador todo-poderoso; o segundo é hilozoıśta ou panteıśta, pois todas as existências se devem à vitalidade inerente. Foi esse conceito japonês inicial de coisas que se manifestou no animismo xintoıśta e, mais tarde, se harmonizou com o panteıśmo budista. Naturalmente, havia uma diferença entre o animismo xintoıśta e o papsiquismo budista. A primeira postulava metamorfose por acaso, ou pela vontade arbitrária de uma divindade, enquanto a segunda explicava todas as mudanças pela lei da causalidade, tanto fıśica quanto moral, negando as mudanças pelo acaso. No entanto, essa diferença teórica não ofereceu obstáculos sérios para uma harmonia entre os dois conceitos, e mitologias foram formadas a partir de ambos; a metamorfose arbitrária do conceito xintoıśta foi modi�icada pelo conceito budista de transformação causal, e isso foi simplesmente espalhado na mente popular por uma ideia mais livre de causalidade. No �inal, a combinação desses dois conceitos tornou universal a crença de que tudo é dotado de uma vitalidade inata, e tudo muda dentro de si e por circunstâncias externas. A aplicação dessa ideia a todas as existências de�ine o padrão para todos os mitos e contos japoneses. No inı́cio, como as antigas histórias do xintoı́smo nos contam, havia o caos, como um mar de petróleo. Daquele primeiro caos surgiu algo como o tronco de um junco. Descobriu-se que era uma divindade chamada The Eternal Lord Ordainer[10], e com ele foram geradas duas divindades chamadas respectivamente de Deus-Produtor do Alto e da Deusa Produtora do Divino.[11] Não é declarado explicitamente que eles eram esposa e marido, mas é altamente provável que tenham sido concebidos como tal. Independentemente disso, todos os três são considerados a trı́ade original da geração de deuses, homens e coisas. Mas quase nada mais se sabe sobre eles, exceto que alguns clãs a�irmam descer de um deles para outro, e que o Deus Alto Produtor às vezes aparece atrás da deusa do Sol, como se ela fosse seu númeno ou associado. A trı́ade primitiva era seguida por uma série de deuses e deusas, provavelmente em pares, certamente personi�icações de forças germinativas, como lama, vapor e sementes. Diz-se que tudo isso estava “escondido em si mesmo”, ou seja, morto, mas não de acordo com o conceito de mortalidade humana. Após uma sucessão de gerações e desaparecimentos espontâneos, parecia um casal destinado a gerar muitas coisas e deuses de grande importância. Eles eram o "Homem-que-convida" (Izanagi) e a "Mulher-que-convida" (Izana-mi),[12] e precisamos saber mais sobre ambos. Essas duas divindades foram enviadas ao mundo por "ordem das divindades celestiais" para trazer coisas à terra. Eles desceram de sua morada pela "Fonte Flutuante do Céu".[13] A divindade masculina sondou o espaço com sua espada e as gotas de água salgada da ponta de sua espada coagularam em uma ilhota chamada Onokoro,[14] quer https://translate.googleusercontent.com/h https://translate.googleusercontent.com/h https://translate.googleusercontent.com/h https://translate.googleusercontent.com/h https://translate.googleusercontent.com/h dizer: « Autocoagulante ». Em seguida, eles pousaram lá e se casaram, e mais tarde circularam a ilhota em direções opostas e se encontraram na extremidade oposta. O primeiro �ilho a nascer foi um ser abortado, como uma água-viva, por falta da deusa durante a cerimônia de casamento. Essa criança foi jogada na água. Mais tarde, eles tiveram muitas coisas, ou divindades, como o mar, cachoeiras, vento, árvores, montanhas, campos e assim por diante. Foi pela força do deus do vento que a primeira névoa se dispersou e os objetos foram vistos claramente. Após o nascimento dessas e de outras divindades, incluindo as ilhas do arquipélago japonês (e, de acordo com uma versão, também os governantes do universo: o sol, a lua e a tempestade), o nascimento dos deuses do fogo foi fatal para a deusa, lzanami. Sua morte foi como a de qualquer ser humano, por causa de uma febre, pode ele ser chamado o primeiro caso de mortalidade humana. Após sua morte, ele ascendeu ao Hades.[15] A morte da deusa-mãe é o inıćio da antıt́ese entre a vida e a morte e dos outros ciclos de contrastes semelhantes, como luz e escuridão, ordem e desordem, e assim por diante. A deusa Izanami morreu e caiu nas mãos do Hades japonês, Yomot- su-Kuni ("Terra das Trevas"). Seu marido Izanagi, como Orfeu, a seguiu até a morada subterrânea. A deusa pediu que ele não a seguisse. Mas, ansioso por vê-la, seu marido acendeu uma tocha e, na escuridão do poço, divisou a �igura terrıv́el e pútrida da deusa. Ela �icou furiosa com a desobediência de seu marido e, desejando puni-lo também trancando-o na Terra das Trevas, o perseguiu quando ele fugiu. A deusa convocou todas as Fúrias (Shikomé, "as mulheres de grande feiúra") e os fantasmas do lugar, e eles quase o pegaram, mas ele jogou para trás cachos de uvas selvagens e brotos de bambu que cresciam em seu cabelo, e as Fúrias parou de comer essas frutas. Depois de várias escapadas e experiências extraordinárias, o deus conseguiu chegar à fronteira entre o Hades e o submundo. As Fúrias e fantasmas pararam de persegui-lo, mas a deusa alcançou o �im do mundo. Lá, seu marido ergueu uma pedra enorme e bloqueou a abertura que levava ao mundo superior. https://translate.googleusercontent.com/h A deusa exclamou, terrivelmente furiosa: "De agora em diante, farei com que mil vassalos de seu reino morram todos os dias." "E eu darei à luz", respondeu o deus, "a mil e quinhentos todos os dias." As duas divindades chegaram a um acordo �inal e, desde então, nascimentos e mortes no mundo permaneceram nesta proporção. Graças a essa ruptura do casal primitivo que gerou todas as coisas deste mundo, surgiu a divisão entre a vida e a morte. Vamos agora ver como a antıt́ese se desenvolveu em outro ciclo mıśtico. Quando o deus masculino conseguiu escapar da captura pelos espıŕitos das trevas e da morte, ele se puri�icou, de acordo com os antigoscostumes, em um rio. A contaminação devido ao seu contato com a morte na Terra das Trevas foi gradualmente eliminada. Dessas manchas surgiram vários espıŕitos do mal e também espıŕitos protetores contra esse mal, as divindades das corredeiras, dos redemoinhos, e assim por diante. A última a nascer foi a Deusa Sol, a "Divindade que ilumina o Céu" (Amaterasu), do olho esquerdo do Deus-Pai; o deus da Lua, o "Guardião da Noite Iluminada" (Tsu-ki-yo- mi), do olho direito; e o deus da tempestade, a "Divindade da rapidez impetuosa " (Susa-no-wo), de seu nariz. Dos três, o deus-lua foi reduzido à insigni�icância e os outros dois começaram a lutar. 2. OS GOVERNADORES DO MUNDO: A LUTA ENTRE O SOL DA DEUSA E A TEMPESTADE DE DEUS A irmã mais velha, a deusa do Sol, repousava em sua boa aparência, digna em seus trajes, de um caráter magnânimo e benigno, e brilhava gloriosamente no céu. Ele estava encarregado do governo dos céus. Por outro lado, o irmão mais novo, o deus da tempestade, tinha uma aparência escura, barbudo, de um caráter furioso e impetuoso, embora seu corpo mostrasse grande força. O mar foi o reino que lhe foi con�iado. Enquanto a deusa do Sol cumpria seus deveres e estava ocupada promovendo vida e luz, o deus da Tempestade negligenciou seu reino e causou todos os tipos de distúrbios e distúrbios. Chorando e furioso, ele declarou que ansiava pela morada de sua mãe, e em seus transportes de fúria destruiu tudo o que sua irmã ordenou sensatamente, como as obras de irrigação dos campos de arroz, e até mesmo os lugares sagrados preparados para as festividades da nova colheita. A divisão dos reinos feita pelo Deus-Pai levou a con�litos sem �im entre o agente da vida, luz, ordem e civilização, e o autor da desordem, destruição, escuridão e morte. Assim, vemos a antıt́ese entre as divindades primitivas masculinas e femininas, cujo resultado tem sido a luta entre a vida e a morte, transferida para um con�lito mais desesperado entre a deusa do Sol e o deus da Tempestade. Um episódio interessante da história é a visita do deus da tempestade à morada celestial de sua irmã, que terminou com um noivado entre os dois. Cuando la diosa-Sol vio que su hermano subı́a hacia su reino, «la Pradera del Cielo» (Taka-ma-no-hata), estuvo segura de que deseaba usu rparle este dominio y se dispuso a recibirle bien armada y con instrumentos mortales na mão. Quando �inalmente o deus da tempestade o confrontou através do rio celestial Yasu[16], explicou que ele não abrigava desı́gnios malignos, mas apenas queria dizer adeus a sua irmã antes de retornar para a residência de sua mãe. Para testemunhar a con�iança mútua assim estabelecida, concordaram em trocar seus bens e ter �ilhos. A deusa do sol deu suas joias ao irmão, e o deus da tempestade da hortelã deu a ela sua espada. Os dois beberam da fonte celestial na https://translate.googleusercontent.com/h bacia do rio e levaram as roupas trocadas à boca. Da espada na boca da deusa do Sol emergiu a deusa das corredeiras e redemoinhos e, por �im, um esplêndido jovem dido, a quem ela chamava de �ilho amado. Das joias na boca do deus da tempestade foram produzidos os deuses da luz e da vitalidade. Assim terminou o encontro às margens do rio Yasu com sinais de con�iança mútua que, no entanto, foram apenas temporários. Apesar de sua compreensão, o deus da tempestade não mudou seu comportamento ultrajante, ele até destruiu os campos de arroz construıd́os pela deusa do sol e contaminou suas observâncias mais sagradas. Depois de tais ofensas intoleráveis, não apenas contra ela, mas contra as sagradas cerimônias instituıd́as, a deusa do Sol se escondeu das atrocidades cometidas por seu irmão em uma caverna celestial. A fonte de luz desapareceu, o mundo inteiro �icou escuro e os espıŕitos malignos devastaram o mundo. Agora, oito milhões de deuses, confusos e amuados, se reuniam em frente à caverna, consultando-se para ver como a luz poderia ser restaurada. Como resultado dessa consulta, surgiu uma in�inidade de coisas de e�icácia divina, como espelhos, espadas e ofertas de tecidos. As árvores foram erguidas e adornadas com joias; galos foram produzidos que podem cacarejar eternamente; fogueiras foram acesas, e uma deusa chamada Uzume[17] ele executou uma dança com acompanhamento musical alegre. A estranha dança de Uzume trazia risos de ambos os deuses ali reunidos que faziam a terra tremer. A deusa do Sol ouviu aquele barulho de sua caverna e �icou curiosa para saber o que estava acontecendo. Assim que ela abriu uma abertura na caverna e se inclinou para fora, um deus poderoso alargou o buraco e puxou-a à força para fora, enquanto os outros deuses a impediram de retornar à caverna. Assim, a deusa do Sol reapareceu. O universo foi novamente brilhantemente iluminado, o mal desapareceu como uma névoa e a ordem e a paz prevaleceram na face da terra. Quando a deusa do Sol reapareceu, os oito milhões de divindades formaram um tumulto jubiloso e suas risadas penetraram em todo o universo. Esta é a culminação alegre de todo o ciclo do mito https://translate.googleusercontent.com/h cosmológico, e é um fato interessante que, nos tempos modernos, partes da Criação de Haydn foram adaptadas para as canções corais que representam essa cena. Talvez este episódio representasse originalmente o reaparecimento da luz e do calor após uma grande tempestade ou um eclipse total do sol. Mas os compiladores dos acontecimentos mitológicos pensavam também na exaltação do comando supremo do ancestral imperial, há algum tempo ameaçado pelo perigo de usurpador, da vitória da ordem e da paz sobre a barbárie, do governo imperial sobre os rebeldes. Embora haja muitas razões para acreditar que havia uma base puramente natural para o mito da deusa do sol e do deus da tempestade, os xintoıśtas o interpretaram como um marco histórico, celebrando o triunfo do governo imperial. Esta interpretação ainda está perto da verdade se considerarmos que estamos a lidar com um mito de fenômenos naturais combinados com uma visão da vida social, isto é, uma mistura do que os sábios alemães chamam Natur- meu assim e Kuliur-Mythus. 3. MAIS CONFLITOS E COMPROMISSOS O governo da deusa do Sol foi restabelecido e os deuses reunidos decidiram punir o cruel deus da tempestade. Sua barba foi arrancada, seus bens con�iscados e ele foi condenado ao exıĺio. Então o deus começou suas andanças e aventuras. Desceu para a região de Izumo, na costa do Mar do Japão. Lá ele matou uma cobra monstruosa, que tinha oito cabeças. Quando ele esmagou o corpo do monstro, uma espada emergiu de sua cauda, e S usa-no-wo, o deus da tempestade, enviou-a para sua deusa irmã como um tributo a ela e seus descendentes. Diz-se que essa espada passa de um membro da famı́lia para outro como uma de suas insı́gnias, sendo as outras duas uma joia e um espelho.[18] Devemos deixar de lado outras aventuras de Susa-no-wo, mas é interessante saber que ele é considerado o pioneiro da colonização da Coreia e que foi ele quem plantou as �lorestas da região de Kii na costa do Pacı�́ico. O lugar que ele visitou na Coréia é chamado Soshi-mori, que signi�ica "Cabeça do Boi", em cuja capacidade ele é reverenciado como um guardião contra pragas e identi�icado com Indra, o deus hindu da tempestade. A história de seu trabalho em Kii, um nome que poderia signi�icar "�lorestas", é que ele desceu de Izumo até a costa do Pacı�́ico e plantou nas montanhas com o cabelo da cabeça e a barba, que se transformaram em árvores. Há um lugar na costa leste de Kii onde se diz que o túmulo de Susa-no-wo foi encontrado, e os habitantes locais celebram um festival cobrindo o túmulo com �lores. Assim, o deus da tempestade foi transformado no gênio das �lorestas. Mas o principal território de atividade de Susa-no-wo era Izumo. Acredita-se que seus descendentes ali reinaram desde então, tendo instituı́do um regime teocrático relacionado ao sacerdócio do santuário Kitsuki,dedicado a ele e seus �ilhos.[19] Aqui termina o mito puramente cosmológico e começa o conto quase histórico, no qual o neto da deusa do Sol e o genro de Susa-no-wo desempenham os papéis principais. https://translate.googleusercontent.com/h https://translate.googleusercontent.com/h O sucessor de Susa-no-wo foi Oh-kuni-nushi, "Grande Mestre da Terra". A história de seu casamento com a �ilha de Susa-no-wo é a mesma de qualquer jovem raptada sem o consentimento do pai ou dela mesma. Enquanto Susa-no-wo dormia, Oh-kuni-nushi amarrou seu cabelo nas vigas da casa e fugiu com sua �ilha, junto com os três bens preciosos de seu pai: uma espada, um arco e �lechas e uma harpa. Foi isso que acordou Susa-no-wo, brincando sozinho enquanto Oh-kuni-nushi fugia, mas ele conseguiu escapar enquanto Susa-no-wo estava perdendo o cabelo, apesar disso ele perseguiu o sequestrador. Assim que o pegou, exclamou, aparentemente admirado por sua astúcia: “Sim, eu lhe darei minha �ilha junto com os tesouros. Você governará o paı́s e se chamará Utsuslii-kuni-dama, isto é, "a Alma da Bela Terra".[20] Para o governo do paıś e o desenvolvimento de seus recursos, o Grande Mestre da Terra encontrou um poderoso ajudante em um deus anão chamado Suku-na-biko, "O Famoso Homenzinho". Este personagem se aproximou do Mestre da Terra quando ele estava na praia, vindo do mar em uma jangada, vestido com asas de alevilla e um manto de penas. O Mestre da Terra pegou o anão na palma da mão e soube que ele era �ilho da Deusa Produtora do Divino e conhecedor da arte da Medicina. Os dois tornaram-se irmãos e colaboraram no desenvolvimento da terra, cultivando várias plantas úteis e curando as doenças do povo. Existem várias histórias engraçadas relacionadas a esse deus anão, e alguns dos contos de anões e elfos são derivados delas. Suas pernas eram tão curtas que ele não conseguia andar, mas ele sabia tudo no mundo e ia a todos os lugares. Seu �inal foi muito especial. Enquanto o painço de seus campos[21] à medida que amadurecia, ele subia em uma de suas pontas e quando a haste balançava, o anão foi jogado tão longe que nunca mais voltou, pois saltou para Tokoyo, "a Terra da Eternidade". Porém, acredita-se que esse anão ainda apareça e conduza as pessoas a lugares onde existem nascentes de cura. E� por isso que ele é frequentemente chamado de "deus das fontes termais", uma função bastante natural para uma divindade médica. https://translate.googleusercontent.com/h https://translate.googleusercontent.com/h A atividade conjunta de ambas as divindades estabeleceu a administração Susa-no-wo em Izumo, onde um estado foi fundado. Enquanto isso, a deusa do Sol desejava enviar seu amado neto Ninigi ("Prosperidade do Homem") para as oito ilhas (o arquipélago japonês) geradas pelo primeiro casal. Após algumas falhas, seus embaixadores �inalmente conseguiram obter o melhor dos governantes de Izumo e dos estados contıǵuos. O mais interessante de todos os episódios é o da subjugação de Izumo, pois trata dos con�litos e do compromisso �inal entre os dois clãs: os descendentes da deusa do Sol e os do deus da Tempestade, respectivamente. Esta é a história: ciente das di�iculdades da empreitada, a deusa do Sol enviou dois de seus melhores generais, Futsu-nushi (O Senhor da Ponta A�iada, o gênio das armas) e Take-mi kazuchi («o Bravo Trovão de agosto ') para o reino de Oh-kuni-nushi. Depois de uma longa resistência, Oh-kuni-nushi e seus �ilhos, os mestres de Izumo, cederam aos pedidos dos embaixadores armados, segundo os quais Izumo deveria ser governado pelo augusto neto da deusa-sol. Mas uma condição foi imposta: que todo o poder do mundo visıv́el fosse dado ao neto, enquanto as coisas "ocultas" �icariam sujeitas ao poder do Grande Mestre da Terra e seus descendentes. Por "coisas ocultas" eles queriam dizer todos os mistérios além do mundo fıśico visıv́el, as artes ocultas de adivinhação, bruxaria, exorcismo e artes médicas. O longo con�lito entre ambas as partes terminou com este pacto, que estava de acordo com a portaria original emitida pelo primeiro progenitor. O ciclo de antıt́eses, entre a vida e a morte, entre a luz e as trevas, entre a sabedoria e a barbárie, não deu origem a um dualismo trágico contra o qual era necessário lutar, como em outras mitologias, mas culminou num compromisso que caracterizou a �iloso�ia. da vida japonesa, até que o budismo obscureceu essas crenças primitivas. A parte lendária desta história japonesa frequentemente menciona, em conexão com várias desventuras, a demanda do Grande Mestre da Terra por conciliação e a ajuda do conselho da deusa do Sol dado em nome de seu colega, a Deusa Produtora do Divino. Depois da história do entendimento entre a deusa do Sol e o deus da Tempestade, vem a história da descida de Ninigi, o neto augusto da deusa do Sol, ao arquipélago japonês. Esta história já é mencionada na Introdução, e com ela termina a mitologia cosmológica e a história lendária do paıś, iniciando a do governo da dinastia reinante. 4. EPISO� DIOS E MITOS DE ORIGEM O objetivo do ciclo dos mitos cosmológicos é elucidar a origem e a formação do mundo, dos objetos naturais e, o que é muito mais importante na opinião dos compiladores das antigas tradições, a origem da dinastia reinante. Ao delinear a mitologia antiga, omitimos muitos episódios que servem para explicar a origem dos objetos naturais, costumes sociais e instituições humanas. Nestes mitos das origens, a imaginação poética colaborou com as ideias supersticiosas, e os conceitos gerais de mundo e vida foram combinados com a crença na e�icácia das cerimônias. No entanto, alguns devem estar bem estabelecidos. O deus da lua, como dissemos, desempenha um papel muito pequeno na mitologia, mas há uma história sobre ele que serve a dois propósitos. E� esta: A deusa do sol certa vez disse a seu irmão, o deus da lua, para descer à Terra e ver o que uma deusa chamada Uke-mochi, "o gênio da comida", estava fazendo. O deus da lua desceu até o local onde estava Ukemochi, perto de uma grande árvore-katsura[22]. O gênio da comida, vendo o deus celestial descer, imediatamente seguido por uma certa quantidade de arroz cozido de sua boca; quando ele virou o rosto para o mar, peixes de todos os tamanhos saı́ram de sua boca; e quando ele olhou para as montanhas ele vomitou todos os tipos de caça. Em vez de apreciar essa diversão, o deus da lua �icou furioso por oferecer à deusa coisas de sua boca, indo tão longe a ponto de matar sua infeliz an�itriã. No momento, do corpo da Deusa do Alimento saı́ram vários alimentos: o cavalo e a vaca nasceram de sua cabeça; suas sobrancelhas produziram os vermes; sua testa deu painço; arroz emergiu de seu abdômen e assim por diante.[23] Essa foi a origem dessas coisas úteis. Quando o deus da Lua voltou ao céu e contou à irmã sobre a experiência, a deusa do Sol �icou zangada com sua irritabilidade e crueldade e o repreendeu: "Oh, irmão cruel, eu nunca mais quero ver você de novo!" https://translate.googleusercontent.com/h https://translate.googleusercontent.com/h E� por isso que a Lua só aparece após o pôr do sol, e os dois nunca se encontram cara a cara. Outra história relata a origem de uma cerimônia que serve para solicitar os favores do Deus das Colheitas. Quando o Grande Senhor da Terra cultivou seus campos de arroz, ele deu aos seus trabalhadores carne como alimento. Então veio um �ilho de Mitoshi-na-kami, deus das Colheitas, que viu os campos manchados pelas impurezas causadas pela ingestão da carne. Ele se referiu a seu pai e o deus das Colheitas enviou uma nuvem de gafanhotos aos campos que devoraram instantaneamente todas as plantas de arroz. Graças aos seus poderes de adivinhação, o Grande Mestre da Terra sabia que esta catástrofe tinha sido produzida pelo deus das Colheitas e para recuperar o favor desse deus ofereceu-lhe um javali branco, um cavalo branco e um galo branco. O deus das Colheitas seacalmou e ensinou o outro a restaurar seus campos de arroz, espalhar cânhamo, erguer um falo e oferecer-lhe várias frutas e bagas. Os gafanhotos desapareceram e o deus da colheita foi apaziguado. Desde então, os três animais mencionados sempre foram oferecidos ao deus das Colheitas.[24] Esta é uma história simples de propiciação, mas o mais curioso é que comer vitela deveria ser considerado uma ofensa ao deus das Colheitas. Já vimos como a relação entre nascimentos e mortes teve sua origem em uma disputa entre as divindades primitivas. Bem, há uma curiosa história que explica a curta vida dos prıńcipes imperiais. Ko-no-hana-akuya-hime, "a Senhora que faz as árvores �lorescer", era a bela �ilha de Oh-yama-tsumi, o deus das Montanhas, e sua irmã mais velha era a feia Ivva-naga-tsumi, “a Senhora da perpetuidade dos Rochedos». Quando Ninigi, o Augusto Nieto, desceu à Terra, sentiu-se atraıd́o pela beleza da Dama da Flórida e pediu ao pai autorização para se casar com ela. O pai ofereceu-lhe as duas �ilhas, mas a escolha de Ninigi recaiu sobre a mais nova. Não demorou muito para Lady Florida ter um �ilho. A Rock Lady exclamou: https://translate.googleusercontent.com/h -Se o Augusto Nieto me tivesse casado, seus descendentes teriam uma vida longa, eterna como uma rocha; mas desde que ele se casou com minha irmã mais nova, sua posteridade será frágil e efêmera como as �lores das árvores. As árvores às quais ele se referia eram cerejeiras, e a história provavelmente se originou no sopé do Monte Fuji. O Fuji é um vulcão alto e em seu topo as rochas nuas se erguem como se desa�iassem o céu, meu você entra que sua parte inferior está coberta de árvores e arbustos. Muito comum é a espécie de cereja selvagem com ramos pendentes e �lores delicadas. A Dama da Flórida é adorada em um lugar amigável onde a água fria �lui da rocha virgem e sua capela é cercada por um bosque deste tipo de cerejeiras. O santuário existe desde tempos imemoriais e a personi�icação do Pai das Montanhas e de suas duas �ilhas deve ser muito antiga. Na história, os objetos personi�icados são relacionados à famıĺia imperial e o mito se transforma em uma explicação da curta vida de seus membros. Nesse processo, a história perdeu muito de seu caráter primitivo, mas a transformação de uma lenda local, elaborada com fanfarra poética, em um mito explicativo é interessante. Em outras histórias e representações pictóricas, Lady Florida é uma fada pairando sobre as árvores, espalhando nuvens rosadas de �lores de cerejeira pelo céu. Também é chamado de "o gênio das cerejas" porque essas frutas às vezes são chamadas de "�lores". A contraparte da Dama da Flórida é Tatsuta-hime, "A Dama que tece o brocado" (de folhas de outono). Ela certamente era originalmente uma deusa do vento e, portanto, do clima climático, mas como o lugar onde �ica sua capela, Tatsuta, era famosa por seus bordos magni�icamente coloridos no outono, ela era mais conhecida como o gênio do outono. Outra deusa, o gênio da primavera, chamada Saho- yama-hime, também é mencionada em vários poemas. Seu nome provavelmente deriva do Monte Sahoyama, que se eleva a leste de Nara (a residência imperial durante grande parte do século VIII), já que o leste é considerado o local de onde vem a primavera. Além disso, lembre-se de que o rio Tats uta �ica a oeste de Kara e a oeste é a região onde o outono aparece. Dos muitos poemas que falam dessas duas deusas, escolhemos dois da versão em inglês de Clara A. Walsh[25]. A deusa da primavera se espalhou no salgueiro em �lor sua delicada tecelagem de �ios de seda; Oh vento de primavera, sopre suavemente e doçura para que os �ios do salgueiro se enredem! Y: Boa deusa dos céus pálidos de outono, Eu gostaria de saber quantos teares você tem, para quando ele habilmente tece seu estofamento deixa seu �ino brocado de folhas de bordo... E em cada montanha, em cada rajada de vento, em tons diferentes brilha o seu vasto bordado. A antiga mitologia do Japão é curiosamente desprovida de histórias sobre as estrelas. Uma ligeira referência foi feita em relação ao funeral do Mestre-no-Waka-hiko, "o Jovem Celestial", após cuja morte um amigo seu foi confundido com ele. Na canção cantada por sua esposa em que ele explica que não é Waka-hiko, mas seu amigo, a palavra tana-bata é usada para descrever os traços brilhantes daquele que brilha no céu, porque o funeral de Waka-hiko aconteceu em Paraıśo. https://translate.googleusercontent.com/h Tana-robe, embora de etimologia obscura, é uma festa realizada na noite do sétimo mês lunar em homenagem às duas constelações chamadas de Partas e Weaver. A história de ambos é que podem ser encontrados dos dois lados do Ama-no-kaca, " o Rio Celeste" naquela noite, uma só vez, esta aqui, um ano. Obviamente, essa história vem da China. Seu caráter romântico atraiu os japoneses desde o inıćio e o festival já existe há muitos séculos. A referência a tana-bata, portanto, não é parte integrante da mitologia japonesa, mas uma alusão �igurativa que todos os japoneses deveriam compreender e apreciar. Mas a história da celebração foi tão completamente naturalizada que uma palavra japonesa foi usada para designá-la. O interesse dos poetas japoneses por esta história é ilustrado por um poema do século VIII para reproduzir o Mestre Cantor do Japão, Walsh. O córrego brilhante do Rio Celeste brilha, uma �ita prateada �lui em azul, e na costa onde seu esplendor espelha, o pastor solitário sente sua tristeza novamente. Desde os dias em que o mundo era jovem, sua alma ansiava pela Weaver, e vendo que agora um coração está oprimido com um pensamento de amor ardente, de paixão eterna. Ansioso por cruzar o rio em um barco pintado de vermelho, fornecido com potentes pás de espuma brilhante, navegar nas águas com a quilha ao entardecer, ou cruzá-lo ao amanhecer com a maré calma. Então, o amante espera naquelas águas amplas, olhando em silêncio para o céu abobadado, assim é o amante na maré brilhante, exalando os suspiros de um coração desesperado. E veja a �ita que adorna a cabeça da Weaver esvoaçar, com o qual o vento selvagem joga, e com os braços estendidos, sua alma está in�lamada de amor, enquanto o outono dura e não há asas rápidas para abrir caminho para seu desejo. A celebração desta festa é hoje universal, observada principalmente por jovens e mulheres. Eles plantam varas de bambu e penduram papéis coloridos nos galhos das árvores, e nesses papéis eles escrevem poesias em louvor às duas estrelas, ou orações pedindo-lhes seus favores em casos de amor. Eles amarram �ios coloridos nos bambus, como oferendas à Weaver, simbolizando a fome nunca saciada de amor. Além dessas oferendas, as mulheres colocam água em uma bacia e colocam as folhas da árvore Jeaji nela, olhando para os re�lexos das estrelas cintilantes na água. Eles acreditam que assim encontrarão feitiços na água e nas folhas. 5. CRENÇAS A RESPEITO DA ALMA Apesar da crença animista prevalecente, não há muitas menções da alma nos antigos escritos xintoıśtas. A alma foi concebida como uma bola, como indica seu nome tama-shu ou "bola de vento". Consistia em dois ingredientes ou funções: um suave, re�inado e alegre, e o outro rude, cruel e vigoroso. O primeiro está sempre perto do corpo, mas o segundo pode cair fora e funcionar além da compreensão da pessoa a quem pertence. Foi dito que o Grande Mestre da Terra uma vez viu, para seu grande espanto, sua "alma áspera" vindo do mar, e que é a alma o principal agente de suas realizações. No entanto, não se sabe se todos os indivıd́uos possuem uma alma dupla ou apenas os homens que têm poderes e habilidades especiais. Seja como for, a alma é uma existência que está mais ou menos fora dos con�ins do corpo, embora também não se saiba se a alma, após a morte do corpo, vai necessariamente para uma das futurasmoradas. A respeito dessas futuras moradas, já se falou da Terra das Trevas, cuja antıt́ese é a Pradaria do Alto Céu, onde reinam os deuses celestiais. Em todo caso, mais difundida do que a crença nesses lugares é que a alma, após a morte, permanece por tempo inde�inido perto da morada dos seres humanos. As antigas crenças sobre a alma, entretanto, eram vagas e sem importância, sendo principalmente sob a in�luência chinesa e budista, especialmente esta última, que os japoneses de�iniram e elaboraram suas ideias sobre a alma e seu futuro destino. Vamos ver o que essas ideias signi�icaram para eles. O conceito chinês de alma era baseado na teoria dos dois princıṕios: Yin e Yang. De acordo com eles, a alma é composta de dois fatores, um intimamente relacionado à matéria densa e o outro sutil e aéreo. O destino desses dois fatores é determinado em parte pelo local de sepultamento. Mas essas ideias não in�luenciaram os japoneses tanto quanto os elaborados ensinamentos do budismo sobre a questão da transmigração. Estritamente falando, o budismo negou à alma um lugar de descanso permanente e ensinou um processo de mudança no caráter moral do homem. Essa continuidade, a continuidade serial e colateral do carma, como já dissemos, era um traço da alma na crença comum, e seu destino era uma transmigração de reino em reino, do mundo celestial para o pior dos infernos.[26]. A mitologia budista está cheia de detalhes minuciosos sobre a peregrinação da alma de e para esses reinos, e acreditava-se que os fantasmas daqueles que vagavam na incerteza entre esses reinos apareciam aos seres humanos. Um dos contos mais populares sobre as andanças da alma diz que existe um rio em cuja margem a alma pode decidir para onde ir. O rio é chamado Sanzu-no-Kawa, "Rio das Três Rotas", porque os caminhos levam em três direções: uma para o inferno, a segunda para a vida animal e a terceira para o reino dos "fantasmas famintos" (em Sânscrito, pretas). Nestes três caminhos existem vários pontos nos quais a alma é examinada pelos juı́zes, o Platão do Budismo; e, �inalmente, há o temı́vel juiz-rei, Emma (em sânscrito, Yama-raja), no inferno, que ditou a sentença de punição de acordo com os pecados das almas que vieram antes dele. Frequentemente, as cenas pintadas como representações grá�icas do Juı́zo Final e punições do inferno, todas pintadas por artistas da Europa medieval. Mas o fantasma que teve um grande papel no folclore era aquele que não era bom o su�iciente para ir para o mundo celestial ou ruim o su�iciente para ser condenado ao castigo eterno. Tal alma, aquela que estava em " chuu ", ou seja, nos estados intermediários, fazia aparições fantasmagóricas, às vezes como �igura humana, mas sem pernas e com palidez de cada lado. Um fantasma aparece aos seres vivos, com os quais em vida manteve alguma relação, seja de amor ou de ódio, porque é atraıd́o por tais seres por afeto ou desejo de vingança. Essas aparições são frequentes no folclore, mas são tão semelhantes entre si que não há razão para descrevê-las como casos separados. Há uma bela, mas melancólica história sobre a existência de chuu que trata das almas de crianças mortas. Sua morada é a desolada bacia do rio formada por grãos e areia, chamada de ofertas https://translate.googleusercontent.com/h da bacia do rio Sai-no-Kawara. " Extraı́do do hino dedicado a Jizo, protetor da infância[27]. Na Terra cinza pálida de Meido ("o Reino das Trevas"), no sopé do Monte Shidé ("Por onde você vagueia depois da morte"), do leito ressecado do Rio das Almas sobe o murmúrio de vozes, a tagarelice das vozes das crianças, os acentos lamentosos da infância. Ali as almas das crianças mortas, privadas do carinho amoroso dos pais, vagueiam sem esperança, com saudades dos parentes, embora não se esqueçam de brincar. Eles esculpem pedras e cascalho na forma de um pagode budista e enquanto brincam cantam com as vozes de seus �ilhos: Vamos construir a primeira torre, e orar para os deuses enviarem bênçãos ao Pai; vamos formar a segunda Torre implorando aos deuses que enviam bênçãos à Mãe; vamos levantar a terceira torre, orando para o irmão e a irmã, e para os amados mortos. Então, demônios cruéis vêm para destruir as torres e expulsar as almas de crianças inocentes. Mas o compassivo deus Jizo vem em seu socorro, colocando brincos nos cajados de seus peregrinos. Ele entra no leito arenoso do rio e onde ele pisa �lores de lótus crescem. Expulsar demônios e confortar crianças aterrorizadas: https://translate.googleusercontent.com/h Não temam, meus queridos pequeninos, você é muito doce para estar aqui... com uma viagem tão longa do Meido! Eu serei pai e mãe, Pai e mãe e companheiro de brincadeira de todos os �ilhos do Meido! Acaricia-os com ternura, envolvendo-os com suas vestes brilhantes, levantando o menor e mais frágil até seu peito, e segurando Seu cajado, para que os que tropeçam se apoiem nele. Os bebês agarram-se às suas mangas compridas, sorrindo em resposta ao sorriso de Deus, sorriso que denota sua compaixão beatí�ica. 6. O PARAI�SO BUDISTA E OS CUSTODIOS DO MUNDO Há muito mais a ser dito sobre a teoria budista ou mitologia da transmigração, especialmente com referência aos nascimentos inferiores, em relação ao folclore japonês. Assim, nos referimos ao paraıśo budista, distinguindo-o dos mundos celestiais, porque estes são o resultado da transmigração e estão sujeitos à decomposição, enquanto o paraıśo nunca muda ou decai. A mitologia budista ensinou que existem vários "reinos de Buda", [28] ou paraı́sos, fornecidos por vários Budas para receber seus respectivos crentes. Esses territórios budistas são as realizações dos votos de compaixão dos ditos Budas de salvar os seres humanos da transmigração e das manifestações dos méritos incomensuráveis acumulados por eles para esse propósito. O paraı́so budista, portanto, é uma personi�icação da sabedoria e compaixão do Buda, bem como da fé e iluminação dos crentes, e é chamado de "Terra da Pureza" (Jodo), ou "Reino da Benção" (Gokuraku), presidiu por um ou outro Buda. Para não demorar muito nos pontos de vista relativos a esses paraıśos, a crença nesses reinos abençoados exerceu grande in�luência no imaginário popular, e a descrição dessas felizes condições é frequente em mitos e histórias. Essas descrições são, no entanto, muito semelhantes e di�icilmente dizem mais do que esses paraıśos são os reinos de esplendor perpétuo e in�inito bem-estar. No entanto, é possıv́el distinguir três paraıśos principais, classi�icados de maneiras diferentes e localizados em locais diferentes. Assim, existe o Tosotsu- ten (Tusita), ou "Céu do Bem-estar", do futuro Buda Maitreya (em japonês Miroku), situado muito alto no ciclo; Cokuraku Jodo (Sukhavati), realizado por Ainita Buddha, o Buda da Luz e Vida In�initas, situado a oeste; e �inalmente, Ryojusen (Grdhra-kuta), https://translate.googleusercontent.com/h idealizado do Pico do Abutre, onde se acredita que o Buda Sakyamuni pregou o "Lótus da Verdade". O primeiro, o "Céu dos Bens ", é um paraıśo ainda em formação porque Lord Maitreya será um Buda completo no futuro, e seu paraıśo está pronto para aqueles que serão levados à perfeição �inal diante dele; portanto, é uma espécie de prelúdio para um verdadeiro paraıśo. A crença nesse paraıśo é comum entre as pessoas, e muitas histórias são contadas sobre visitas ocasionais feitas a ele por seres humanos. O Pico do Abutre idealizado está situado no terceiro mundo e é alcançado pelo verdadeiro budista nesta vida graças ao seu conhecimento das verdades ensinadas no Lótus. Pode ser considerado como o mundo atual transformado, e essa idealização do mundo presente leva os budistas autênticos a ter uma visão poética e simbólica de seu ambiente, incluindo �lores e animais, e impressionando-os com a possibilidade de uma comunhão espiritual próximacom o mundo. mundo exterior. Quando falamos das histórias de animais ou plantas, referimo-nos à ideia de que a alma de um animal ou de uma planta pode ser salva pelo meu poder lacrimoso da escrita do Lótus; Essa ideia é fruto da crença de que o paraıśo do Pico do Abutre está ao alcance de todos os que conhecem as verdades reveladas em tal escrita. Mas a concepção paradisıáca que exerceu maior in�luência sobre as crenças populares foi a do Cokuraku Jodo, e ao falar de um paraıśo sem quali�icação explıćita, as pessoas se referem ao paraıśo de Amita- Buda. Há uma jangada cheia de ambrosia onde emergem as �lores de lótus, onde existem socalcos com árvores de joias, e os pássaros deste paraıśo cantam canções celestiais, enquanto os sinos que pendem das árvores ressoam com uma música suave agitada. Pela brisa, e os anjos (Tennin) voam pelo céu e espalham �lores sobre o Buda e seus santos. Esses detalhes descritivos eram familiares a todos os japoneses e aparecem repetidamente na poesia e nas histórias, mesmo sendo usados com frequência em conversas normais. De acordo com a cosmologia budista, inúmeros paraıśos são habitados por seres de perfeição ideal, e o universo, que contém inúmeros mundos, é povoado por espıŕitos, alguns benevolentes, outros maliciosos. Adiando a consideração dos espıŕitos maliciosos para um capıt́ulo posterior, diremos aqui algumas palavras sobre os grandes custódios do mundo, os reis das hordas de espıŕitos benevolentes. Há quatro deles e são representados como guerreiros bem armados, com espadas ou lanças nas mãos, e demônios pisoteando. O guardião do Oriente é Jikoku-ten (Dhrta-rastra), "o Vigilante das Terras"; o Sul é guardado por Zocho-ten (Virudhaka), "o Patrono do Crescimento"; a oeste está Kornoku-ten (Virupaksa), "o Grande Voyeur"; e ao norte está Bishamon-ten (Vaisravana), "o Grande Crente" ou "Renomado". Eles sempre zelam pelos demônios que atacam o mundo desde os quatro cantos do Céu, e cuidam especialmente dos budistas, zelando por eles com zelo e ternura. Em quase todos os templos budistas havia pinturas desses zeladores e eles também eram as �iguras favoritas na religião do povo. Dos quatro, Bishamon era o mais popular e, nos últimos tempos, foi até vulgarizado como patrono da riqueza. E� interessante saber algo sobre os custódios chineses como contrapartes dos budistas. A cosmologia chinesa ensina dois princı́pios cósmicos: Yin e Yang, e cinco elementos na formação do mundo; os guardiões do mundo representavam princı́pios e elementos predominantes em cada um dos quatro cantos. O guardião do Sul, onde o princı́pio positivo do Yang governa, onde o elemento apaixonado e veemente predomina, é simbolizado pelo "Pássaro Vermelho". O Norte governa o "Guerreiro Negro", uma tartaruga, o sı́mbolo Yin, o princı́pio negativo e o elemento água. O "Dragão Azul", a leste, simboliza o crescimento quente da primavera e o elemento madeira. O "Tigre Branco", a oeste, representa o outono e o elemento metálico. [29] Esses custódios mundiais chineses existiram ao lado dos reis- guardiões budistas, sem serem confundidos com eles na mente popular.[30] https://translate.googleusercontent.com/h https://translate.googleusercontent.com/h Capítulo II LEGENDAS LOCAIS E CULTAS COMUNAIS TOPOGRAFIA E DIVISA� O EM CLA� S As maiores ilhas do Japão são atravessadas por cadeias de colinas e rios que correm entre elas e que cruzam as ilhas perpendiculares ao seu comprimento. Cada vale tem seus próprios traços caracterıśticos, cercados por picos fantásticos ou ocupados por lagos que preenchem o fundo. As costas marıt́imas são normalmente marcadas por altas falésias, enseadas recortadas e grandes promontórios, com ilhotas e baıás espalhadas pelas várias baıás. Esta terra muito diversi�icada foi, nos tempos antigos, dividida entre tribos de caráter e composição muito variados; Ainda hoje as comunas preservam muitas tradições e costumes antigos, que associam às memórias ancestrais e mantêm por orgulho local. As caracterıśticas topográ�icas e as heranças comunais explicam su�icientemente a invenção e preservação de dezenas de lendas locais peculiares às diferentes provıńcias e comunidades. A compilação de tradições orais, no século VIII, tendeu principalmente a sancionar uma unidade polıt́ica baseada na adoração de uma divindade principal, a deusa-sol. No entanto, muitas lendas comunitárias e contos populares foram incorporados na narrativa central que trata da origem da nação. Algumas histórias eram comuns a várias tribos, outras eram conhecidas apenas por uma comunidade; mas todos eles encontraram um lugar na mitologia nacional. Além disso, por um despacho especial de 713, portanto próximo à época da grande compilação, as lendas locais de cada provıńcia foram coletadas e, com o passar do tempo, várias dessas memorabilia foram compiladas, chamadas Fudo-ki ou «Memórias do Air and the Earth », dos quais alguns foram preservados completos, enquanto de outros apenas restaram fragmentos. Tarefas semelhantes foram empreendidas nos últimos séculos, especialmente na época feudal, e além dos registros o�iciais dos estados feudais, há bastante literatura sobre a geogra�ia e as tradições locais das várias provıńcias. Esses livros são geralmente chamados de Meish o-Zuye, um nome que pode ser traduzido como "Guia Ilustrado de Lugares Famosos", e fornecem um rico material para o estudo das lendas locais, uma espécie de Hei-mats-kunde como os alemães os chamam, das diferentes provıńcias e cidades. Nessas histórias, as origens dos objetos e fenômenos naturais são atribuıd́as a divindades primitivas; a personi�icação de tais objetos se entrelaça com as tradições históricas das tribos e de seus ancestrais, e à atividade criativa dos seres mıt́icos é atribuıd́a a formação da Terra, origem das fontes e rios, plantas e animais. Esses contos, em parte resultado de memórias ancestrais, em parte resultado da imaginação ingênua do folclore primitivo, foram gravados no Meisho-Zu ye, sendo cantados pelos bardos e passados de geração em geração em tais canções, e mesmo muitas vezes formados parte do ritual religioso e a observância dos feriados. Se considerarmos o assunto com cautela, o folclore é algo vivo. As lendas mudam, crescem e migram conforme as comunidades se expandem e mudam de status, conforme os interesses se ampliam e a faculdade criativa é re�inada. Quando uma nova região se tornou habitável ou um vale escondido de qualquer comunicação foi aberto, montanhas, rochas, �lorestas e rios desconhecidos deram origem a novas lendas. Durante os séculos do regime feudal, quando os clãs semi-independentes eram mantidos encerrados em seus respectivos bairros, o espıŕito do clã se manifestava em lendas que glori�icavam o passado da tribo e elogiavam os gênios da região habitada. A luta entre dois clãs vizinhos muitas vezes se transformava nessas lendas em uma luta entre os gênios dos respectivos territórios, ou em certas caracterıśticas geográ�icas naturais ou estranhas dessas regiões, como uma montanha ou um lago. Neles encontramos fragmentos populares do folclore misturados com as invenções mitopoéticas dos literatos, e as ideias xintoıśtas são confundidas com as imagens sugeridas pelo budismo ou pelo taoıśmo. E� provavelmente verdade que a lendária invenção era mais ativa quando o paıś estava politicamente dividido e o espıŕito de clã reinava do que nos dias de unidade nacional. Hoje, a unidade absoluta da nação, junto com o aumento das facilidades de comunicação, tende a destruir os traços peculiares da vida provinciana; além disso, a disseminação da educação cientı�́ica faz com que cada vez mais pessoas considerem essas lendas e histórias tolas. Talvez chegue o dia em que as lendas antigas só serão preservadas em coleções escritas; mas esta é uma questão não apenas do Japão, mas do resto do mundo: talvez
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