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Introdução à Podologia

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1 Introdução à Podologia
A podologia é uma área de atuação relativamente nova no Brasil, mas mesmo assim vem crescendo rapidamente e proporcionando uma melhora importante da condição de saúde da população. O termo podologia deriva do grego, sendo que “podo” se refere a pé e “logo” se refere a tratamento. Nesse sentido, a podologia é considerada uma ciência que estuda e trata os pés (SIMÃO et al., 2018). Considerando isso, a podologia é considerada uma área da saúde que trata do cuidado, da saúde e do bem-estar dos pés e é desenvolvida por um profissional chamado de podólogo.
Os primeiros relatos dessa ciência são bastante antigos, pois existem relatos de cuidados com os pés há séculos. Os primeiros relatos são do Egito, onde os “cuidadores dos pés” eram mumificados e enterrados juntamente com seus instrumentos de trabalho ao lado dos faraós, como um pedido de que em uma próxima vida pudessem continuar a servir aos faraós. Posteriormente, no império Romano, o cuidado com os pés era comum e realizado por soldados do exército capacitados para o desempenho dessa função.
No Brasil, acredita-se que nas populações indígenas já tinham pessoas que realizavam procedimentos de higiene e cuidados com os pés. Sabe-se que os indígenas possuíam o hábito de, após tomarem banho, usar pedras porosas na superfície plantar, mais especificamente na região do calcanhar, de modo a realizar uma esfoliação da pele. Além disso, a população indígena aplicava folhas com propriedades hidratantes e aromáticas na região dos pés, após a higienização, com finalidade terapêutica.
Nessa época, os tratamentos dos pés eram voltados especialmente para o manejo de feridas causadas por espinhos e gravetos, uma vez que as pessoas tinham o hábito de andarem descalças (JUSTINO; BOMBONATO; JUSTINO, 2019).
Contudo, após a colonização, com a introdução de novas doenças no país, os tratamentos dos pés passaram a abranger, além dos cuidados de feridas causadas por espinhos e gravetos, como também o tratamento de lesões causadas por parasitas.
Já no início da colonização, os primeiros relatos de ações nessa área, mesmo que rudimentares em cuidado com os pés, eram feitos por escravos treinados por profissionais da área médica para exercerem o cuidado com os pés, incluindo o tratamento e extração de parasitas, bastante comuns na época.
Acredita-se que no Brasil, o precursor do cuidado com os pés seja o padre Anchieta, que veio ao Brasil no ano de 1553. Além de catequizar e ensinar os indígenas, aprendeu a língua deles e, a partir disso, passou a entender um pouco da cultura de cuidados com os pés utilizada por eles. Ao associar esses conhecimentos com informações da área da medicina, desenvolveu uma série de tratamentos para os pés. Considerando isso, o padre Anchieta recebeu o importante título de “médico sapateiro”, tornando-se conhecido na área (JUSTINO; BOMBONATO; JUSTINO, 2019).
No século XIX, com a chegada de inúmeros imigrantes, novas ferramentas e técnicas de trabalho passaram a ser utilizadas no cuidado com os pés. No século XX, mais especificamente no ano de 1930, teve início a primeira regulamentação da profissão que cuidava dos pés. A profissão de podologia ainda não era reconhecida, mas os profissionais que realizavam os procedimentos eram chamados de pedicuros e necessitavam realizar um curso profissionalizante para exercer a profissão.
No ano de 1934, com a legalização da profissão de enfermagem, legalizou-se a profissão de enfermeiro pedicuro, tornando o cuidado com os pés uma área dentro da enfermagem.
Em 1936, chegou ao Brasil uma organização fundada por um médico americano, na qual as pessoas eram treinadas para cuidar dos pés através de um curso que durava de dois a três meses e incluía desde técnicas de higiene dos pés até a confecção de palmilhas e indicação de calçados aos pacientes (JUSTINO; BOMBONATO; JUSTINO, 2019).
Em 1964 os pedicuros passaram a integrar a Associação Brasileira de Pedicuro (ABP), entretanto, em 1965 houve um importante retrocesso, uma vez que a legislação passou a não considerar mais a profissão. Esse retrocesso perdurou por anos, até que em 1978 a profissão passou a se reerguer, com oferta de inúmeros cursos técnicos na área, aumentando consideravelmente a quantidade de profissionais no país.
Após isso, entre os anos de 1991 e 1993 houve a transição da nomenclatura de pedicuro para podólogo. Com base em pesquisas e estudos, os podólogos passaram a realizar atividades específicas, incluindo o uso de tecnologias, uso de órteses, aparelhos de eletroterapia, dentre outros recursos que fizeram com que a profissão alavancasse.
Em 2015, a profissão de podologia foi então regulamentada, através do Projeto de Lei n.º 6.042/2015 que descreve as atribuições dos podólogos em todo o território nacional (JUSTINO; BOMBONATO; JUSTINO, 2019).
Em consequência disso, o serviço de podologia ganhou espaço, ficando cada vez mais acessível à população. Atualmente, no Brasil, a profissão de podologia vem passando por uma fase de adaptação, com a modernização do processo de trabalho, com o surgimento de novas tecnologias aplicadas aos instrumentos utilizados e o desenvolvimento de subáreas da podologia, atendendo com mais especificidade cada situação. Além de realizar ações terapêuticas voltadas para uma série de disfunções podais, hoje a podologia proporciona também ações preventivas, melhorando significativamente a qualidade de vida das pessoas.
Vale ressaltar que a profissão de podologia teve início ainda na antiguidade e que, ao longo dos anos, conseguiu respaldo e ampliou seu escopo de ações consideravelmente. Atualmente, os podólogos são profissionais da saúde que compõem as equipes multidisciplinares na busca por tratamentos efetivos, que atendam as reais necessidades dos pacientes e contribuem efetivamente para melhoria da saúde e qualidade de vida.
1.1 O profissional de podologia
O profissional de podologia, chamado de podólogo, possui inúmeras atribuições. Dentre as atribuições, citam-se: o tratamento de lesões superficiais dos pés, realização de curativos, correções podológicas, desenvolvimento e uso de órteses e próteses, orientação de medidas preventivas, realização de massagens podais de relaxamento ou hidratação etc.
O objetivo do profissional é proporcionar, por meio da realização dessas ações, o cuidado integral dos pés, proporcionando alívio de dor, prevenção de lesões, melhora do aspecto dos tecidos, controle de microrganismo, dentre outras funções. Essas atribuições possibilitam que o podólogo atue na melhoria das condições estéticas dos pés, bem como na saúde geral e na prevenção de patologias dos pés (JUSTINO; BOMBONATO; JUSTINO, 2019). Quando inserido em equipes multidisciplinares, formadas em sua maioria por médicos, enfermeiros, fisioterapeutas e outros profissionais, a atuação do podólogo é de suma importância, garantindo um cuidado integral ao paciente.
Para exercer as atribuições com segurança e efetividade, é necessário que o profissional de podologia domine conhecimentos nas áreas de anatomia, fisiologia, biomecânica, imunologia, patologia, dentre outras áreas.
Em relação à atuação, para exercer a profissão, os podólogos devem possuir um diploma de habilitação de técnico de nível médio ou superior. Esse profissional pode realizar os  atendimentos em clínicas, consultórios ou realizar atendimento domiciliar, atuando de maneira isolada ao ser inserido em equipes multidisciplinares (JUSTINO; BOMBONATO; JUSTINO, 2019).
Atualmente, graças ao desenvolvimento dessa ciência e sua expansão nos últimos anos, o profissional de podologia pode atuar em diferentes áreas de especialidades, como a podogeriatria, podopediatria, podologia laboral ou preventiva.
Na geriatria, o podólogo atua de modo a tratar lesões já instaladas e prevenir o surgimento de novas. Na pediatria, o podólogo assegura um crescimento e desenvolvimento adequado dos pés, evitando alterações que possam acontecer na vida adulta. Na podologia laboral, o profissional assegura que a realização do trabalho cause o mínimo de desconforto e lesãonos pés. Por fim, a podologia preventiva trata da prevenção de alterações podais (SIMÃO et al., 2018).
Além disso, o profissional de podologia tem uma ampla atuação na área da prática esportiva, estudando e tratando os pés com base nas especificidades das práticas de esportes.
 
2 Anatomia dos pés - estrutura óssea
Os pés são estruturas anatômicas muito complexas, formados por ossos, músculos, ligamentos, articulações e terminações nervosas que, quando unidas, proporcionam múltiplas funções, incluindo a sensibilidade, a marcha, a realização de práticas esportivas, dentre outras atividades funcionais.
Conhecer a estrutura anatômica dos pés possibilita ao podólogo um entendimento acerca do funcionamento de cada um dos sistemas da região, conhecendo suas características anatômicas e funções, de modo que possa realizar corretamente o diagnóstico de possíveis alterações nessas estruturas e tratá-las quando possível. A estrutura óssea dos pés é formada por 26 ossos, divididos funcionalmente em três regiões: antepé, mediopé e retropé.  
A região chamada de antepé é formada por 14 falanges, sendo que duas falanges dessas se encontram no hálux, três falanges em cada um dos demais artelhos e cinco se encontram nos ossos metatarsais. O mediopé é formado por cinco ossos: cuboide, navicular, cuneiforme medial, lateral e intermédio. O retropé é formado pelo tálus e pelo calcâneo, que se articulam com a tíbia e a fíbula (BEHNKE, 2014).  
2.1 Estrutura articular e ligamentar do pé
O pé possui ao todo 33 articulações, dentre elas estão algumas articulações que possibilitam amplo movimento, outras que possibilitam amortecimento e outras que mantêm a estrutura do pé estável durante a execução de atividades (BEHNKE, 2014).
As articulações que proporcionam movimento, presentes no tornozelo e nos dedos, atuam com o intuito de possibilitar a marcha e a dinâmica do pé. As articulações de amortecimento, presentes em sua maioria no tarso e no metatarso, possibilitam amortecer o impacto do pé com o solo durante a marcha e, por fim, as articulações de estabilidade proporcionam um suporte estável para a execução das funções do pé.
As 33 articulações existentes em cada pé são estabilizadas pela presença de ligamentos, que garantem ao pé um perfeito funcionamento. Em relação aos mais importantes ligamentos presentes na região do pé, citam-se: calcaneonaviculares, cuneonaviculares, cuboideonaviculares, intercuneiformes, cuneocuboides, ligamentos transversos do metatarso e interósseos (BEHNKE, 2014).  
A configuração óssea do pé associada à estrutura ligamentar e articular permite formação dos três arcos plantares, chamados de arco longitudinal medial, longitudinal lateral e arco transverso (BEHNKE, 2014).
O arco longitudinal medial é formado pelo calcâneo, tálus, navicular e pelo primeiro e segundo metatarso. O arco longitudinal lateral é formado pelo calcâneo, cuboide, terceiro, quarto e quinto metatarsos enquanto o arco transverso é formado pelo cuboide e pelos cuneiformes lateral, intermédio e medial (SIMÃO et al., 2018). 
2.2 Estrutura vascular, nervosa do pé e cutânea do pé
A vascularização arterial dos tecidos do pé é realizada por duas importantes artérias: a artéria pediosa e a artéria tibial posterior. A primeira delas irriga a região dorsal do pé e a segunda irriga a região plantar. A vascularização venosa é em sua maioria mais profunda, com aproximadamente 90% dos vasos localizados mais profundamente, enquanto apenas 10% dessa vascularização acontece superficialmente (JUSTINO; BOMBONATO; JUSTINO, 2019).
Em relação à inervação, os pés são inervados por ramos do nervo ciático. Um dos ramos é chamado de poplíteo interno e inerva a área do calcâneo e a área plantar, enquanto o outro, chamado de poplíteo externo, inerva a área dorsal do pé.
A estrutura cutânea do pé é distinta em cada região do pé. A superfície plantar é formada por uma pele pouco flexível, fina na região do arco longitudinal e mais espessa nas demais áreas. A região plantar possui também uma quantidade importante de tecido adiposo, que serve de coxim para o amortecimento de impactos (JUSTINO; BOMBONATO; JUSTINO, 2019).
2.3 Estrutura muscular do pé, estrutura articular e ligamentar do pé
A estrutura muscular do pé é unida à estrutura óssea e é responsável pela execução dos movimentos do pé. Essa estrutura é formada por aproximadamente 20 músculos que proporcionam os diversos movimentos executados pelos pés, os quais são classificados em dois grupos: os músculos extrínsecos e os músculos intrínsecos.
O primeiro deles são músculos maiores, possuem sua origem em diferentes regiões da perna e se inserem no pé, gerando movimentos mais amplos. Fazem parte desse grupo os seguintes músculos extrínsecos: tibial anterior, extensor longo do hálux, extensor longo dos dedos, fibular, fibular longo, fibular curto, gastrocnêmico, sóleo, plantar, poplíteo, tibial posterior, flexor longo do hálux e flexor longo dos dedos (SIMÃO et al., 2018).
Enquanto os músculos intrínsecos são músculos menores, mais curtos e possuem tanto a origem quanto a inserção na região do pé propriamente dita e proporcionam movimentos mais finos, em geral, de estabilização de movimentos (SIMÃO et al., 2018).
Os músculos intrínsecos estão distribuídos em três camadas, uma mais profunda, uma intermédia e uma mais superficial, sendo eles: extensor curto do hálux, extensor curto dos dedos, abdutor do hálux, flexor curto dos dedos, abdutor do dedo mínimo, quadrado plantar, lumbricais, flexor curto do hálux e do dedo mínimo, interósseos e adutor do hálux. Esses músculos se unem em diferentes grupos para proporcionar os movimentos do pé. 
A estrutura articular e ligamentar do pé possui 33 articulações, distribuídas em seis grupos, que incluem a articulação superior do tornozelo, articulação subtalar, transversa do tarso, articulações tarsometatarsianas, articulações metatarsofalangianas e articulações interfalangianas.
A articulação superior do tornozelo é formada pela tíbia, fíbula e tálus. A articulação subtalar é formada pelo tálus e pelo calcâneo. A transversa do tarso é formada pelo contato do tálus com o navicular (articulação talonavicular) e pelo calcâneo com o cuboide (articulação calcaneocuboide). As articulações tarsometatarsianas são formadas pelo contato dos ossos do tarso com a base dos metatarsos. A articulação metatarsofalangiana une os ossos do tarso com as falanges e as articulações interfalangianas unem as falanges proximais, mediais e distais (SIMÃO et al., 2018).
3 Biomecânica dos pés
Todas as estruturas anatômicas do pé, incluindo os ossos, músculos, ligamentos e articulações, atuam em perfeita sincronia de modo a proporcionar os movimentos do pé. Nesse sentido, a biomecânica é uma área que estuda os movimentos realizados pelos segmentos corporais através da interação entre as estruturas anatômicas.
A interação entre as estruturas anatômicas do pé permite os movimentos de dorsiflexão, flexão plantar, inversão, eversão, adução, abdução, pronação e supinação – movimentos essenciais para a manutenção das funções dos pés. Segundo Simão et al. (2018), a dorsiflexão é o movimento de aproximação da região dorsal do pé com a região anterior da perna. Esse movimento é realizado pelos músculos tibial anterior, extensor longo dos dedos e fibular terceiro. A plantiflexão ou flexão plantar se refere ao movimento de abaixar o pé, procurando alinhá-lo, elevando o calcanhar do solo. São os músculos envolvidos nesse processo: gastrocnêmicos e sóleo. A inversão consiste no movimento de deslocamento da borda medial do pé em direção à região medial do pé oposto, com ação principalmente do tibial posterior. Enquanto a eversão se trata do movimento da borda lateral do pé em direção ao lado para fora. Fibular curto é o principal músculo que desempenha essa função. Já na abdução e adução, a abdução se trata do movimento dos dedos de apontar para fora e a adução se refere ao movimento oposto.
Ainda de acordo com Simão et al. (2018), a pronação se trata de um movimento que acontece em associação aoutros movimentos de maneira triplanar e, nesse caso, trata-se da associação dos movimentos de eversão, abdução e dorsiflexão. Por fim, a supinação se trata de um movimento triplanar, assim como na pronação. Mas nesse caso o movimento que resulta é oposto à pronação. Trata-se da associação de movimentos de inversão, adução e plantiflexão.
3.1 Suporte de peso na marcha 
Dentre as mais diversas funções desempenhadas pelos pés, encontra-se a função de suporte de peso e de marcha. Em relação à função de suporte de peso, os pés conseguem suportar o peso do corpo por meio da estabilidade proporcionada pelas estruturas, especialmente pela configuração da estrutura óssea e pela ação de ligamentos e músculos.
Esse suporte de peso acontece tanto na postura ortostática (em pé) quanto durante a marcha (locomoção), permitindo que o peso seja descarregado em pontos de apoio específicos da região dos pés, de modo a dissipar corretamente as cargas sobre as estruturas, evitando excesso de descarga de peso em regiões não preparadas para tal função.
Para isso, as estruturas anatômicas dos pés atuam de maneira combinada, proporcionando tanto estabilidade na descarga de peso quanto de mobilidade na realização dos movimentos, além de outras funções.
Em relação às funções dos pés relacionadas ao suporte de peso e marcha, citam-se: atuação como uma base de suporte estável para manutenção da postura em pé, fornecimentos de flexibilidade ao pé para caminhar em superfícies instáveis e atuação como alavanca de propulsão durante a marcha (SIMÃO et al., 2018).
Na marcha, a distribuição de peso ao longo das estruturas do pé interfere na carga existente de algumas estruturas. Em geral, a descarga de peso durante a marcha é feita aproximadamente 60% na região das estruturas do calcanhar, 8% na região do mediopé, 28% no antepé e 4% nos dedos (SIMÃO et al., 2018).
Para garantir um bom suporte de peso durante a locomoção, é essencial que as estruturas anatômicas do pé possuam condições de desempenhar essa função, incluindo os ossos, as articulações, os ligamentos e também a pele. Por isso, considerando a função da pele nesse caso, evidencia-se que as regiões que realizam maior suporte de peso possuem uma pele mais espessa, de modo a amortecer a descarga de peso de maneira mais adequada. 
3.2 Pontos de apoio dos pés
Para descarregar peso adequadamente nos pés durante a postura ortostática ou durante a marcha e distribuir o peso para as demais estruturas corporais, algumas áreas específicas dos pés precisam estar ativadas.
Essas áreas são chamadas de pontos de apoio e compreendem: primeiro metatarso, base do quinto metatarso, um ponto de apoio na região medial do calcâneo e outro ponto de apoio na região lateral do calcâneo (SIMÃO et al., 2018).
Quando unidos, esses pontos formam uma estrutura triangular em três dimensões, que garantem a forma e a funcionalidade do pé, condicionando a sua correta pisada em solo  que resulta num equilíbrio de descarga de peso do corpo.
Cada um desses pontos está unido a uma área específica, relacionando-se diretamente com a formação dos três arcos do pé. A estrutura triangular se constitui do arco anterior (transverso) que é formado entre os pontos de apoio do primeiro e do quinto metatarso, e é caracterizado por ser um arco mais baixo e menor. Enquanto o arco externo (longitudinal lateral) é formado pelos pontos de apoio do quinto metatarso e do calcâneo e, por fim, o arco interno (longitudinal medial) é formado pelo primeiro metatarso e o calcâneo. 
Graças a essas características, os pés possuem uma função primordial de base de apoio e também de centro de gravidade, o que permite que os pés influenciem em grande parte no equilíbrio corporal.
Em condições normais, essa estrutura triangular recebe adequadamente a carga provindo do solo e distribui uniformemente para as estruturas corporais. Contudo, caso algum desses pontos receba mais carga que outros, a distribuição de carga para as estruturas corporais é alterada, promovendo um desalinhamento corporal.
Nesse sentido, quaisquer alterações que modifiquem a base de apoio ou a linha de gravidade dos pés podem ocasionar alterações no equilíbrio corporal e na transferência de cargas para os pés e para as demais estruturas corporais, causando desequilíbrios. 
4 Alterações biomecânicas dos pés 
Tendo em vista essas múltiplas funções dos pés, qualquer alteração na estrutura prejudica de algum modo a mobilidade, o equilíbrio postural e o desempenho das funções e, por isso, devem ser prevenidas e tratadas quando necessário.
Em um pé bem equilibrado o peso do corpo é distribuído por toda a área plantar de maneira harmônica, sem que haja sobrecarga em áreas indesejadas (SIMÃO et al., 2018). Contudo, em pés com algum tipo de deformidade essa estrutura triangular é afetada de alguma forma e, desse modo, pode-se ter picos de pressão anormais, que quando se mantêm por muito tempo podem levar ao surgimento de alterações secundárias, como dor, alterações na pele, sobrecarga de estruturas locais ou em locais mais distantes.
Além disso, em alguns casos, os pés podem estar previamente alinhados com essa estrutura triangular preservada, no entanto, durante a marcha, quando o pé toca o solo, essa estrutura pode ser afetada de alguma maneira, como pela pisada errada, havendo alterações na base anatômica do pé e sobrecarga de algumas regiões.
Dentre as alterações biomecânicas dos pés, citam-se as alterações biomecânicas relacionadas a disfunções articulares. As mais prevalentes são: hálux valgo, hálux rígido e metatarsalgias.
O hálux valgo, popularmente conhecido como joanete, refere-se a uma deformidade no primeiro metatarso, que se caracteriza pelo desvio lateral desse metatarso. Essa disfunção costuma acontecer por crescimento ósseo exagerado associado ao espessamento dos tecidos moles. Visualmente, a disfunção se apresenta com uma protuberância e calosidade na borda interna do pé e, associado a isso, tem-se um desvio lateral ou dedos em garra dos demais dedos (SIMÃO et al., 2018).
Em relação à prevalência, o hálux valgo é uma alteração biomecânica articular que afeta mais mulheres adultas, acima de 30 anos, e traz consigo além da queixa estética, quadros de dor e inflamação local.
Vários fatores causam ou predispõem ao aparecimento do hálux valgo e devem ser conhecidos pelo podólogo de modo a prevenir essas situações ou tratá-las quando possível. O uso de calçados inadequados é uma das causas do desenvolvimento dessa patologia. A presença de alteração anatômica do primeiro segmento, que inclui a primeira cunha, primeiro metatarsiano, falanges e as articulações existentes entre esses elementos, também está relacionada ao desenvolvimento dessa alteração (SALOMÃO, 2005).
Outra causa prevalente do hálux valgo é a deformidade existente em virtude de etiologia reumática e o fator hereditário, ligado a um gene autossômico dominante (SALOMÃO, 2005).
Em relação às causas, embora haja alguns fatores, o uso de calçado inadequado ainda é o fator mais significante e pode ser prevenido mediante mudanças na escolha dos calçados, de modo que a partir de medidas de orientação essa disfunção possa ser prevenida.
O hálux rígido se refere a um quadro de osteoartrose da primeira metatarsofalangeana. É causada por uma doença degenerativa da cartilagem articular, com caráter progressivo e que se caracteriza por limitação do movimento articular, principalmente a extensão do dedo, aliado a um quadro de dor, formação de osteófitos e limitação funcional (SANTOS et al., 2013). 
A dor nesse caso é localizada no hálux, mas pode se estender para os demais dedos, em  virtude da compensação e descarga de peso de maneira irregular na região mais lateral do pé, poupando o hálux da sobrecarga. É mais prevalente em pessoas acima de 50 anos e de gênero feminino.
Em relação à causa, o hálux rígido pode ser causado por traumas locais, doenças inflamatórias e metabólicas, alterações anatômicas, dentre outros fatores que levam a sobrecarga na primeira articulação metatarsofalangeana (SANTOS et al., 2013).Dentre as modalidades terapêuticas, as orientações acerca de calçados adequados e do uso de adaptações a fim de promover redução da pressão sobre o hálux auxiliam na prevenção e na melhora do quadro.
Por fim, a metatarsalgia se refere a um quadro de dor na região do antepé, mais especificamente por um quadro de dor que acomete os metatarsos, as articulações matacarpofalangeanas, as articulações interfalangianas e as falanges. Em geral, essa condição dolorosa está associada a alterações biomecânicas dos pés e traumas, que trazem, além do quadro de dor, também a formação de áreas de hiperqueratose (SIMÃO et al., 2018).
5 Apoio incorreto dos pés 
Os pés, em condições normais, recebem a carga do solo e a distribuem durante a marcha, servindo como uma alavanca para impulsionar o corpo (SIMÃO et al., 2018). Além de que, os pés ao se adaptarem às superfícies, servem de apoio para descarga de peso e ainda para o equilíbrio.
Para promoverem essas funções, é importante que a estrutura do pé esteja adequada e que a estrutura dos arcos plantares esteja preservada para absorver e distribuir de maneira mais uniforme a carga ao longo das estruturas. Nesses casos, quando a distribuição de peso acontece conforme o esperado, o apoio dos pés é considerado normal, assim como o tipo de pisada. A figura a seguir mostra o alinhamento, as características dos arcos plantares e a maneira como o pé normal toca o solo.
Um pé considerado normal possui uma arcada normal, com boa distribuição de carga e de impacto nas estruturas. Nesse caso, a pisada é considerada normal. Em algumas situações, essas funções podem estar afetadas por presença de alterações na estrutura dos pés, que modificam a anatomia e funcionalidade dos pés durante a marcha, mais especificamente na anatomia e funcionalidade dos arcos plantares. 
A presença de alterações no arco dos pés, de diferentes características, faz com que as cargas sejam distribuídas de maneira irregular, não apenas na região plantar, mas para as demais estruturas anatômicas do corpo.
Em vista disso, os pés podem ser classificados em dois tipos: pé plano e pé cavo, com base na avaliação da altura dos arcos, no modo de andar e, ainda, na curvatura do pé. m algumas situações, o pé pode apresentar uma curvatura elevada, fazendo com que durante a marcha a parte lateral do calcanhar toque o solo primeiramente. Nesse caso, diz-se que a pisada do indivíduo é supina e o pé é do tipo cavo. 
Em contraponto, quando o pé apresenta uma curvatura reduzida – ao tocar o solo durante a fase de apoio da marcha –, este toca o solo quase que por completo. Nesse caso, diz-se que a pisada é pronada e o pé é do tipo plano ou chato.
5.1 Pé Plano
O pé plano, também chamado de pé chato, caracteriza-se pela redução da altura do arco plantar. Desse modo, ao realizar o apoio, toda a superfície do pé toca o solo, de modo que haja uma distribuição de peso irregular ao longo das pernas. Na maioria dos casos, o pé plano é assintomático e, por isso, muitos indivíduos não se dão conta dessa alteração. Contudo, a longo prazo, a presença de pés planos levam a alterações ligamentares, musculares e tendinosas, podendo comprometer a funcionalidade dos pés (SIMÃO et al., 2018).
Como o amortecimento e a distribuição de peso não acontece de maneira regular no pé plano é comum o surgimento de lesões nos pés, incluindo calos, calosidades, joanetes, esporão calcâneo, dentre outras lesões decorrentes de sobrecarga mecânica. Em relação à etiologia, o pé plano pode ocorrer por alterações congênitas ou por alterações adquiridas (SIMÃO et al., 2018). Conheça a seguir cada um deles. 
· Plano congênito: Está presente no indivíduo desde o nascimento. Nas situações em que o pé plano tem causa congênita, observa-se uma frouxidão ligamentar acentuada, associada ao encurtamento de tendão calcâneo e, ainda, alterações articulares.
· Plano adquirido: Nas situações em que o pé plano tem causa adquirida, em geral, está associado à sobrecarga mecânica, fadiga das estruturas anatômicas do pé, sobrepeso, problemas posturais, uso de calçados inadequados ou desequilíbrios musculares.
· Plano flexível: Em geral a alteração se apresenta bilateralmente, costuma ser visualizado desgaste bilateral no calçado compatível com a pisada e geralmente não cursa com presença de dor.
· Plano rígido: É menos prevalente e está associado à presença de dor, especialmente porque o fato de ser rígido reduz a capacidade de amortecimento de impacto durante a marcha, ocasionando sobrecargas no pé e, ainda, as demais estruturas corporais, como joelhos, quadris e coluna vertebral.
· A longo prazo essa rigidez do pé plano pode causar alterações ligamentares, alterações na fáscia plantar e em outras estruturas, agravando ainda mais o quadro de dor e redução da funcionalidade. Nesses casos, é comum a presença de calosidades, pontos de atrito nos pés e redução do equilíbrio ao andar (SIMÃO et al., 2018).
· No que concerne ao tratamento, a maioria dos pés chatos não necessita de tratamento. Contudo, quando o surgimento desse quadro é tardio, e nos casos com quadros dolorosos importantes, o tratamento cirúrgico pode ser necessário.
· No momento do nascimento a estrutura do pé é totalmente plana, o que não permite a visualização do arco plantar. A formação do arco se dá a partir do segundo ano de vida e acontece de maneira natural até aproximadamente o sexto ano de vida em média. Nesse caso, a presença do pé plano até essa idade é considerada fisiológica.
· Entretanto, quando a criança apresentar deformidades mais severas, ou queixa de dor importante, é necessário a avaliação de um médico especialista. Assim como crianças que apresentam o pé chato assintomático e há uma piora relativamente grande da deformidade por volta dos oito ou nove anos, também há necessidade de avaliação com médico especialista, considerando a possibilidade de se tratar de uma afecção chamada de coalizão tarsal, que necessita de tratamento específico (SIMÃO et al., 2018).  
5.2 Pé Cavo e pé torto
· O pé cavo, também chamado de pé oco ou pé em garra, caracteriza-se pelo arco longitudinal medial ser excessivamente alto, acentuando o arco plantar. Acomete em média 15% da população, tendo o surgimento dos sinais e sintomas na segunda década de vida, sendo raro antes dos três anos (VILAÇA, 2016). Essa elevação do arco pode acometer a região do antepé, do mediopé ou do retropé, ou ainda toda a extensão.
· Segundo Simão et al. (2018), o pé cavo que acomete mais a região anterior do pé normalmente está associado a síndromes que levam à compressão dos metatarsos, o pé cavo na região do mediopé normalmente está relacionado a disfunções da fáscia plantar e o pé cavo mais acentuado no retropé costuma estar relacionado a disfunções do calcâneo, como o esporão calcâneo.
· Em relação à gravidade, o pé cavo pode se apresentar com características flexíveis e sem dor ou também pode se apresentar com rigidez e dor associada. Outras alterações que podem surgir em associação ao pé cavo é a formação de calos, calosidades e instabilidade do tornozelo em sua face lateral, o que predispõem a ocorrência de entorses, além de fascite plantar, dor nos metatarsos, fratura de metatarsos e ainda dor no calcanhar   (VILAÇA, 2016).
· Quanto às causas, o pé cavo pode ocorrer por alterações traumáticas, causas neurológicas, causas não neurológicas e idiopáticas. As causas neurológicas costumam estar associadas à presença de paralisia cerebral, tumores, sequelas de poliomielite ou ainda outras afecções do sistema nervoso central. Em geral, quando se apresenta com alterações sensitivas associadas, o pé cavo é decorrente de neuropatia motora e sensitiva, quadro que está presente no pé diabético.
· Dependendo da causa, é possível visualizar alterações específicas no pé, mas, no geral, observa-se uma redução de força muscular de fibulares, intrínsecos, associados a dedos em garra. Essas alterações predispõem ao aparecimento de dor, fraqueza muscular, entorses de repetição, inflamações na fáscia plantar, dores no calcanhar, dentre outros sinaise sintomas.
· O tratamento do pé cavo pode ser realizado por meio da fisioterapia e o uso de palmilhas.  Essas modalidades costumam ser utilizadas no tratamento conservador a fim de distribuir adequadamente as forças na região do pé e evitar o quadro de dor. Contudo, casos mais graves, com quadros dolorosos mais acentuados, podem necessitar de tratamento cirúrgico (VILAÇA, 2016).
· Além das alterações que comprometem o arco plantar, outras alterações de posicionamento inadequado dos pés também podem estar presentes, como é o caso do pé torto. Segundo Boyd (2017), o pé torto é um defeito no qual o pé e o tornozelo estão torcidos ou fora de posição fisiológica. Isso pode se dar pelo mau posicionamento na vida uterina ou ainda por má-formação durante o desenvolvimento embrionário.
· Em relação ao tratamento, pode-se utilizar modalidades de tratamento conservador, como o uso de órteses de posicionamento dos pés e fisioterapia e, em alguns casos, há necessidade de cirurgias para correção, especialmente em pés tortos congênitos. Essa disfunção envolve o surgimento de pés varos e valgos, com base nas características do pé torto.
· O pé varo é considerado uma deformidade menos prevalente. Na avaliação do pé varo é comum observar calosidade na cabeça do quinto metatarso, associado ao posicionamento do osso calcâneo para a região interna, de forma que a pisada fique voltada para fora. Associado a isso, observa-se que o tendão calcâneo está voltado para a lateral e, geralmente, o pé varo vem associado ao pé cavo (SIMÃO et al., 2018).
· Considerado mais prevalente, o pé valgo se caracteriza pela queda medial do arco transversal, fazendo com que o tendão calcâneo se volte para a região medial. Nesse caso, a pisada é para dentro e normalmente o pé valgo vem associado ao pé plano.
· Reconhecer essas alterações é essencial para que o podólogo possa realizar os encaminhamentos adequados aos demais profissionais da equipe multidisciplinar, quando necessário. Além disso, conhecer esses padrões de alterações permite que o podólogo entenda as alterações biomecânicas as quais os pés estão expostos e de que modo podem levar ao surgimento ou piora dos quadros patológicos que afetam as estruturas dos pés.
6 Avaliação e biossegurança aplicada à podologia 
· O profissional podólogo pode estar inserido na equipe de saúde multidisciplinar de modo a proporcionar o cuidado e a saúde dos pés mediante ações preventivas ou curativas. Entretanto, para garantir uma atuação efetiva, algumas medidas relacionadas à segurança do paciente e do profissional devem ser tomadas, sendo responsabilidade do profissional prezar e garantir a sua execução. Dentre as medidas relacionadas à segurança na área da podologia, citam-se a necessidade de realização de avaliação do paciente e de medidas de biossegurança.
· Previamente à realização de qualquer tratamento ou orientação preventiva em podologia, é primordial que o paciente seja avaliado pelo podólogo. Isso porque é por meio dessa avaliação inicial que o podólogo irá determinar as necessidades de tratamento, os objetivos e as condutas a serem tomadas, traçando desse modo um plano de tratamento. Essa avaliação em podologia deve ser realizada mediante a anamnese e exames físicos dos pés.
· A anamnese é a etapa da avaliação que consiste numa entrevista, na qual é feita a realização de perguntas abertas ao paciente com o objetivo de identificar as queixas que o trouxeram para o serviço de podologia. Nessa entrevista, além de conhecer a queixa do paciente, o podólogo pode saber se o paciente já realizou algum tratamento anterior e quais os resultados obtidos.
· São realizadas perguntas também relacionadas às condições de saúde do paciente, como presença de doenças associadas, uso de medicações, cirurgias recentes e demais informações que possam de algum modo interferir no desenvolvimento de patologias podais ou nos recursos terapêuticos a serem utilizados pelo podólogo no tratamento.
· Após a anamnese, o paciente deve ser submetido a uma avaliação física dos pés. Nessa avaliação o profissional deve inspecionar os pés inicialmente, por meio de uma observação minuciosa das estruturas podais, tanto com o paciente deitado quanto com o paciente em pé e caminhando. Nesse momento, são observadas, por exemplo, a presença de alterações biomecânicas dos pés, presença de doenças de pele, doenças das unhas etc.
· Após a observação, deve-se palpar as estruturas podais a fim de procurar alguma alteração que não foi observada na inspeção, como alterações de temperatura da pele, alterações de sensibilidade etc. Todas essas informações devem estar obrigatoriamente descritas em uma ficha de avaliação, de modo que o profissional possa consultá-la regularmente.
· Após a avaliação, o podólogo irá estabelecer os objetivos de tratamento e o plano de tratamento, elencando as medidas de tratamento, a regularidade das sessões e o número de sessões a serem realizadas. 
6.1 Biossegurança em podologia
· Para garantir que os procedimentos realizados em podologia sejam de qualidade e seguros para os profissionais que o realizam, para os pacientes e para o ambiente, é necessário que algumas ações sejam tomadas. Essas ações incluem medidas de prevenção, minimização ou eliminação de riscos inerentes às atividades de prestação de serviços e se pautam na definição de biossegurança.
· Para a Agência Nacional de Vigilância Sanitária, o termo biossegurança se refere a uma condição de segurança alcançada por um conjunto de ações destinadas a prevenir, controlar, reduzir ou eliminar riscos inerentes às atividades que possam comprometer a saúde humana, animal e o meio ambiente (LESSA, 2014).
· Na área da podologia, essas ações se referem aos cuidados com o ambiente de trabalho, uso de equipamentos de proteção e, ainda, manejo correto do lixo produzido nos atendimentos. Essas ações, quando aplicadas, garantem a segurança, prevenindo, por exemplo, contaminações que possam resultar em infecções por fungos, bactérias e vírus, além de prevenirem acidentes, como lesões causadas por materiais perfurocortantes utilizados em podologia (alicates, bisturis, agulhas etc).
6.2 Ambiente de trabalho e descarte de resíduos 
· Em relação ao ambiente de trabalho, o profissional de podologia pode realizar seus atendimentos em espaços diferentes, contudo, o local de trabalho escolhido deve atender às exigências estabelecidas pela Anvisa.
· Dentre as exigências, orienta-se que os ambientes que prestam serviço na área de podologia tenham: área específica para realização dos atendimentos e procedimentos de podologia; paredes e pisos de fácil lavagem, com superfície lisa; presença de água potável e encanada conectada à rede de esgoto; mobiliário de fácil lavagem com superfícies lisas; presença de banheiro com pia, água corrente e papel toalha, com preferência de banheiros separados para profissionais e pacientes; lavabo com pia, de uso exclusivo para limpeza dos materiais utilizados nos procedimentos de podologia; equipamentos de esterilização; e lixos com tampas, devidamente identificados para o descarte adequado dos diferentes tipos de lixos produzidos nos espaços de podologia (ANVISA, 2009).
· Em relação aos materiais utilizados em podologia, é obrigatório que todos os equipamentos e materiais utilizados em procedimentos invasivos sejam descartáveis ou passíveis de esterilização.
Nesse caso do uso de equipamentos e materiais passíveis de esterilização, cabe ao podólogo manter uma rotina de esterilização desses materiais conforme orientação dos órgãos competentes, garantindo assim que esses materiais estejam livres de infecções por fungos, vírus ou outros microrganismos que possam causar micoses, HIV, hepatites, dentre outras infecções (COSTA, 2015).
Além disso, é necessário que o estabelecimento possua um local exclusivo e destinado à lavagem desse material e posterior esterilização. Os materiais estéreis, a serem utilizados nos procedimentos, devem estar devidamente embalados e armazenados em local seco, limpo e seguro, com prazo de validade respeitado.

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