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Alterações estruturais dos pés - livro

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PODOLOGIA
Daniele Simão
Alterações estruturais dos pés: 
esporão do calcâneo, fascite 
plantar, alteração da marcha
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
  Definir as alterações estruturais dos pés.
  Identificar as abordagens terapêuticas para tratamento das alterações 
estruturais dos pés.
  Preparar uma proposta terapêutica para as alterações dos pés.
Introdução
Grande parte da população mundial apresenta problema ou dor nos pés 
em alguma fase da vida. Infelizmente, essa situação torna-se ainda mais 
preocupante quando as causas são decorrentes de alterações estruturais 
e há falta de informação sobre cuidados simples e corriqueiros, o que 
possibilitaria uma vida mais saudável.
O papel do profissional de podologia é fundamental na orientação 
quanto à escolha de calçados adequados e de boa qualidade e quanto 
aos demais cuidados a fim de evitar maiores complicações. 
Neste capítulo, você vai compreender a complexidade estrutural dos 
pés, aprenderá sobre as alterações que podem ocorrer, além de conhecer 
as abordagens e propostas terapêuticas mais eficazes para o tratamento 
dessas alterações, contribuindo para a manutenção de sua harmonia. 
Alterações estruturais dos pés
Você já refl etiu sobre o quanto os seus pés são importantes para o equilíbrio 
do seu corpo? Considerando somente o fato de que eles aguentam e suportam 
a carga de todo o corpo, é possível entender sua complexidade e como alguns 
problemas mais simples, desde uma pisada de forma incorreta até infl amações 
ou alterações mais sérias, podem infl uenciar todo o equilíbrio corporal. Isso 
não se refere apenas ao ato de se manter em pé, mas também ao equilíbrio 
das demais funções do organismo. Você já pensou sobre tudo isso? Então, é 
hora de refl etir e entender toda a dinâmica dos pés. 
Os pés são estruturas extremamente complexas constituídas por muitos 
ossos e articulações (Figura 1). O perfeito relacionamento entre essas es-
truturas é mantido por meio de ligamentos e músculos. O funcionamento 
adequado desse conjunto está sujeito a nutrição, oxigenação e hidratação do 
sangue transportado pelas artérias, bem como ao controle do sistema nervoso 
central pelos vários nervos periféricos. Como você pode perceber, são muitas 
estruturas interligadas e trabalhando harmonicamente. 
Figura 1. Anatomia dos pés (ossos, articulações, músculos e ligamentos).
Fonte: Adaptada de Martini, Timmons e Tallitsch (2009, p. 199; 230).
Alterações estruturais dos pés: esporão do calcâneo, fascite plantar, alteração da marcha2
Quando essa harmonia garante seu bom funcionamento, os pés sadios sus-
tentam o deslocamento do nosso corpo, suportando sua carga durante nossas 
atividades diárias — como caminhar, correr e saltar — sem qualquer dor ou 
desconforto. Assim, a utilização normal dos pés permite a repetição de milhares 
de passos a cada dia, além de realizar habilidosas tarefas como as desenvolvidas 
no campo das artes e dos esportes. Diante dessas condições de carga e trabalho, 
toda essa estrutura tem a capacidade de se recuperar rapidamente de pequenas 
lesões e abusos, retornando de maneira integral às suas funções gerais. Contudo, 
em alguns momentos, essas estruturas e funções podem sofrer intercorrências 
em seu correto funcionamento e, nesse momento, acende-se o alerta. 
Você já deve ter reparado no caminhar estranho, manco ou esquisito de 
algumas pessoas. Então, poderá identificar quando há algum problema que 
impede uma pessoa de andar corretamente, conhecido como anormalidade 
na marcha. O modo padrão de uma pessoa andar e caminhar é denominado 
marcha e, em muitos casos, a marcha de uma pessoa é comprometida por um 
problema que poderia ou não ser evitado. São inúmeras causas e motivações 
distintas que podem desencadear esse problema.
Algumas dessas alterações decorrem de patologias resultantes de defeitos 
congênitos ou hereditários, da ação de agentes traumáticos, infecciosos ou 
inflamatórios (como as artrites), do uso prolongado e inadequado de calçados, 
de treinamento desportivo mal conduzido ou excessivo, de tumores benignos 
ou malignos, além de diversas outras causas. A identificação correta das causas 
só é possível mediante estudo cuidadoso e avaliação criteriosa feitos por um 
profissional especializado, para que seja determinada a proposta terapêutica 
ideal para cada paciente, preservando ou restituindo, da melhor forma possível, 
a função dos pés. 
Então, vamos entender a cinesiologia e a biomecânica no ciclo da marcha 
— ou caminhar. A cinesiologia é a ciência que estuda os movimentos do corpo 
humano, enquanto a biomecânica é o estudo da mecânica dos organismos 
vivos, ou o estudo da estrutura e da função dos sistemas biológicos utilizando 
métodos da mecânica.
O ciclo da marcha consiste em uma série de eventos que ocorrem entre 
duas repetições consecutivas de qualquer um dos eventos da marcha. Por 
conveniência, o início desse ciclo é considerado o momento em que um pé 
tem contato com o solo, comumente por meio do calcanhar, terminando no 
apoio do pé seguinte. Pode-se dizer que a origem é o contato do pé direito, e 
que o pé esquerdo experimenta a mesma série de eventos que o direito (ROSE; 
GAMBLE, 1998). A Figura 2 mostra um esquema ilustrativo sobre o início 
e o fim da marcha. 
3Alterações estruturais dos pés: esporão do calcâneo, fascite plantar, alteração da marcha
Figura 2. Esquema ilustrativo mostrando o início e o fim da marcha.
Fonte: Adaptada de Hallal et al. (2013, p. 144).
Durante o ciclo completo da marcha, cada perna passa por uma fase de 
apoio, em que o pé está em contato com o solo, e por uma fase de balanço, 
em que o pé está no ar, ao mesmo tempo que avança em preparação para o 
próximo apoio. A fase de apoio começa com o contato inicial e termina com 
a decolagem do antepé. A fase de balanço é executada desde o momento da 
decolagem do antepé até o contato seguinte com o solo. Esses movimentos se 
repetem em um ciclo constante. A Figura 3 ilustra as fases da marcha.
Figura 3. Fases da marcha.
Fonte: Adaptada de Skinner e McMahon (2016, p. 601).
É importante que você entenda que cada pessoa pensa e se movimenta 
de forma individual e diferente. Por esse motivo, é difícil imaginar a 
existência de uma postura única e ideal. Albert Einstein afirmou que tudo 
pode ser relativo, assim como a postura de uma pessoa, que é resultado de 
adaptações corporais relacionadas à sua maneira de viver, à sua psicologia 
Alterações estruturais dos pés: esporão do calcâneo, fascite plantar, alteração da marcha4
e ao seu modo de reagir aos estímulos do mundo externo. Para entender 
melhor, não se pode considerar unicamente um par de pés, mas um indivíduo 
global, em que o objetivo podológico é a harmonização das estruturas e 
de seu funcionamento, e não alcançar um homem reto e perfeito (BEGA; 
LAROSA, 2010).
Cabe destacar que, durante a marcha, os movimentos realizados para o 
deslocamento também envolvem estruturas como ossos, articulações, músculos, 
ligamentos, nervos, além das pernas e dos quadris. Assim, as alterações nos 
pés podem resultar em desvios na coluna, ou vice-versa, e cabe ao podólogo 
ajudar no diagnóstico precoce dessas complicações. Dessa forma, é possível 
encontrar algumas pistas de problemas na coluna a partir da avaliação dos pés. 
Nesse ponto, destaca-se a importância do podólogo que, após a identificação 
desses sinais, auxilia o diagnóstico precoce de problemas nos pés, possibi-
litando o encaminhamento do cliente para um especialista em questões da 
coluna (ortopedista ou fisioterapeuta). 
Os pés desempenham, essencialmente, duas funções específicas e distintas 
que consentem a sustentação e o deslocamento do corpo: uma de apoio, quando 
o indivíduo encontra-se parado e de pé; e outra dinâmica, quando o indivíduo 
encontra-se em movimento. A função de apoio, ou em estática, condiz com 
a distribuição de forças que o peso do corpo incide sobre os pés. Já a função 
dinâmica englobaos estudos de Biomecânica e Cinesiologia dos pés, garantindo 
certo equilíbrio das mesmas funções em todo o corpo. 
Qualquer modificação significa a alteração de todos os elementos que con-
tribuem para a dinâmica do corpo. Assim, as dores nos pés podem desencadear 
alterações na marcha com consequentes esforços dos grupos musculares, da 
mesma forma que manifestações como as calosidades podem indicar mudanças 
na biomecânica dos pés. Outras causas simples, como a onicocriptose (unha 
encravada) prolongada, também podem modificar a marcha e comprometer 
a postura.
Os mecanismos mais comuns que afetam a marcha são: dor, limita-
ção do movimento, fraqueza muscular e déficit do controle neurológico 
(MAGEE, 2010). Reações fisiológicas à dor decorrentes da tração dos 
tecidos também alteram a marcha e desencadeiam outros problemas, como 
limitação do movimento e fraqueza muscular. A limitação do movimento 
incide quando os tecidos não permitem mobilidade suficiente para assumir 
posições normais durante a marcha, representadas pelas contraturas ou 
sequelas de lesões. A fraqueza muscular deve-se à atrofia muscular por 
desuso, a lesões neurológicas e a miopatias. Por fim, temos o déficit do 
5Alterações estruturais dos pés: esporão do calcâneo, fascite plantar, alteração da marcha
controle neurológico, em que há patologias ao nível do sistema nervoso 
central ou periférico, apresentando alterações em combinações diversas e 
com diferentes níveis de intensidade. 
De acordo com Gonzalez (2013), os calos e as calosidades são causados 
por atrito ou pressão sobre a pele, em regra, devido ao calçado inadequado 
ou à atividade profissional ou desportiva que implica fricção e pressão 
constantes. Porém, estas alterações podem ser indicativo de problemas mais 
complexos provocados por deformações na estrutura óssea ou alterações da 
própria marcha.
Conforme a alteração na marcha e o modo de pisar, a base anatômica do 
pé é afetada. A essas alterações dá-se o nome de pronação, ou pisada pronada, 
e supinação, ou pisada supinada (Figura 4). 
Figura 4. Pronação e supinação.
Fonte: Adaptada de lotan/Shutterstock.com.
Na pronação, ocorre a eversão do pé, a rotação lateral do calcanhar e a 
abdução do antepé. A supinação do pé envolve a inversão, a rotação lateral 
do calcanhar e a adução do antepé (MAGEE, 2010). Como uma reação em 
cadeia, as formas de pisada alteram o eixo do pé, comprometendo os joelhos e 
o quadril, alterando a coluna vertebral. Outras alterações estruturais comuns 
são o hallux valgus (Figura 5) e o hallux rigidus. 
Alterações estruturais dos pés: esporão do calcâneo, fascite plantar, alteração da marcha6
 
Figura 5. Hallux valgus.
Fonte: TanyaLovus/Shutterstock.com.
O hallux valgus, comumente conhecido como joanete, é uma deformidade 
na articulação do primeiro metatarso, caracterizada pelo desvio lateral do hálux 
resultante do crescimento ósseo e do espessamento dos tecidos moles que 
recobrem a região. Essa situação possibilita o desenvolvimento de calosidades 
e protuberância na borda interna do pé, além de estar associada a deformidades 
dos dedos menores, podendo levar à sobreposição com o desvio lateral ou ao 
desenvolvimento de deformidades em garra (BEGA; LAROSA, 2010). 
Com incidência maior entre as mulheres, seus fatores predisponentes estão 
relacionados ao uso constante de calçados apertados e de saltos altos, além de 
outros fatores como pé chato, flacidez ligamentar generalizada, rotação externa 
das pernas pelo tipo de pisada, paralisias musculares, doenças reumáticas e 
predisposição familiar, que se manifesta ainda na infância e recebe o nome 
de hallux valgus juvenil. 
Você deve estar se perguntando como um simples salto alto tem a capaci-
dade de proporcionar essa deformidade? Isso acontece porque, ao caminhar 
com salto alto, o apoio nos pés permanece concentrado no calcanhar e no 
hálux, aumentando o tempo de apoio do hálux que deveria ser de apenas 
alguns segundos. 
7Alterações estruturais dos pés: esporão do calcâneo, fascite plantar, alteração da marcha
Já o hallux rigidus caracteriza-se pela perda da mobilidade da articulação 
do hálux com o primeiro metatarso, com artrose (desgaste) da articulação e dor 
progressiva. Entre os fatores que predispõem essa deformidade estão sequelas 
de traumas, de doenças reumatoides, gota ou dança (BEGA; LAROSA, 2010). 
Por razões ortopédicas como artroses, encurtamento dos tendões, pés cavos, 
hallux valgus, fraturas mal consolidadas, utilização de calçados inadequados, 
entre outros, os pequenos dedos dos pés podem sofrer alterações estáticas e 
funcionais, provocando o surgimento de deformidades como os dedos em garra, 
dedos em martelo e dedos em taco, conforme mostra a Figura 6 (BEGA, 2014). 
Figura 6. Deformidades dos dedos.
Fonte: Adaptada de Aksanaku/Shutterstock.com.
Por fim, duas alterações estruturais importantes que são comumente 
encontradas nos pés são a fascite plantar e o esporão do calcâneo, que ge-
ram dores semelhantes e facilmente confundidas, porém possuem origens 
e fatores diferentes. 
A fascite plantar é uma inflamação nas bainhas que envolvem os músculos 
plantares, denominada fáscia plantar, uma faixa de tecido fibroso que vai do 
calcanhar aos dedos, servindo de auxílio à manutenção do arco do pé (BEGA, 
2014; BEGA; LAROSA, 2010). O aumento das tensões musculares e nos 
tendões dos pés repercute de forma danosa sobre as fáscias plantares, gerando 
essa inflamação dolorosa (BEHNKE, 2014). Além da sobrecarga, entre seus 
Alterações estruturais dos pés: esporão do calcâneo, fascite plantar, alteração da marcha8
fatores predisponentes estão pés planos (hiperpronados), pés cavos (arco muito 
alto), obesidade, encurtamento muscular (tríceps sural e de planta dos pés), uso 
de calçados baixos, sem saltos e, em especial, ficar em pé por muito tempo. 
O esporão do calcâneo é uma patologia caracterizada pelo surgimento 
de um osteófito na região do calcâneo. Osteófito é a formação de um novo 
osso ou de uma protuberância óssea em regiões de constante atrito, com 
aumento das tensões musculares e tendinosas. Esse processo ocorre mediante 
processo inflamatório do periósteo (revestimento do osso), chamado de pe-
riostite. A inflamação requisita os osteoclastos (células que funcionam como 
os macrófagos nos ossos) para destruírem a região óssea lesionada. Então, os 
osteoblastos (células ósseas jovens) formam uma protuberância óssea nessa 
região (BEGA, 2014).
Como é possível perceber, em todos esses casos em que o movimento 
biomecânico do pé não está normal, também aparecem alterações de sensibili-
dade, problemas circulatórios, calosidades, entre outros e, por isso é de grande 
importância o trabalho multidisciplinar quando algum problema for detectado. 
A seguir, você conhecerá algumas propostas terapêuticas para o tratamento 
dessas alterações estruturais nos pés.
Abordagens terapêuticas para tratamento 
das alterações estruturais dos pés
Observamos que, embora seja complexa e inteligente, a estrutura dos pés 
também pode ser sensível se não houver os cuidados necessários para a ma-
nutenção de sua harmonia, com fatores complicadores se não tratados corre-
tamente. Agora, vamos entender como a abordagem terapêutica pode fornecer 
informações importantes sobre os pés e quais as características essenciais a 
serem observadas. 
A abordagem terapêutica, a anamnese e a propedêutica são termos uti-
lizados na área da saúde que envolvem a coleta de informações necessárias 
para a obtenção de um diagnóstico preciso, propondo um tratamento mais 
eficaz. Contudo, o diagnóstico de Podologia não é um diagnóstico médico, 
é apenas um parâmetro para entender os problemas levantados que apontam 
ao podólogo o limite de sua atuação (BEGA, 2014). 
A palavra anamnese tem origem grega, em que aná significa trazer de novo, 
e mnésis, memória, ou seja, significa relembrar todos os fatos que se relacionam 
com a doença e com a pessoa doente. Trata-se de uma entrevista terapêutica 
realizadacomo ponto inicial no diagnóstico de uma doença. Já a propedêutica 
9Alterações estruturais dos pés: esporão do calcâneo, fascite plantar, alteração da marcha
é o conjunto de estudos nas áreas humana e científica que precedem, como 
fase preparatória e indispensável. Por fim, a abordagem terapêutica é a forma 
como devemos conduzir esses passos a fim de levantar as informações neces-
sárias. Assim, esse processo deve se iniciar com uma conversa com o paciente, 
questionando-o sobre seu histórico de doenças e de seus familiares, seus hábitos 
de vida e cuidados que possam influenciar as alterações estruturais dos pés. 
Predominantemente, as queixas mais comuns são as deformidades, as 
desordens no suporte de carga corporal durante a marcha ou na posição de 
parada e a dor. Essas deformidades podem ser congênitas ou adquiridas e 
agravadas por situações como fadiga, traumas, pressão inadequada de calçados, 
tentativas frustradas de tratamentos e até mesmo pela idade (BEGA; LAROSA, 
2010). Assim, os sintomas identificados na entrevista de anamnese podem se 
relacionar com problemas locais ou patologias gerais com comprometimento 
ou não dos sistemas osteoarticular, vascular e nervoso. Acompanhe as etapas 
da abordagem terapêutica apresentadas no Quadro 1. 
Fonte: Adaptado de Bega (2014); Bega e Larosa (2010); Magee (2010).
Histórico Levantamento de dados pessoais, profissão, in-
formações sobre hábitos como atividades, uso de 
calçados, meias, condições de higiene, entre outros. 
Exame físico Métodos de inspeção, ausculta, apalpação e 
percussão. 
Observar condições motoras, neurológicas, 
dermatológicas, osteoarticulares, circulatórias e 
podoposturais. 
Planejamento global Estabelecer a curto, médio e longo prazos os 
objetivos pretendidos por meio do atendimento 
podológico.
Prescrição/atendimento 
por sessão
Descrever passo a passo os procedimentos a serem 
realizados em cada sessão.
Evolução Observação das alterações ocorridas no quadro 
clínico em cada retorno. 
Encaminhamento 
médico
Identificando alterações fora dos limites de sua 
atuação, o profissional deverá realizar o encaminha-
mento ao médico para o tratamento das alterações. 
Quadro 1. Etapas da abordagem terapêutica
Alterações estruturais dos pés: esporão do calcâneo, fascite plantar, alteração da marcha10
As calosidades são reconhecidas pela coloração amarelada, pelo aspecto 
duro e inelástico. Placas de hiperqueratose também são aspectos a serem ob-
servados, pois indicam as áreas de pressão e as possíveis alterações de marcha 
(BEGA; LAROSA, 2010). Uma abordagem terapêutica criteriosa é a chave 
para a obtenção do sucesso nos diagnósticos e tratamentos, em que devem 
conter exames que atentem para o pé em carga, estático e em movimento. O 
Quadro 2 apresenta esses exames.
Exame de pé em carga 
Baropodometria 
estática
Equipamento contendo placas com sensores de pressão 
que fornecem informações sobre pontos de pressão e 
sobrecarga, posicionamento dos pés e oscilações medi-
das por programas de computadores. 
Observação do 
tornozelo 
(estudo 
radiológico)
Observar amplitude, qualidade e conforto em todas as di-
reções, bem como a posição dos maléolos e sua relação 
com o conjunto geral dos pés. 
Indica alterações como deslocamentos internos e exter-
nos e torções tibiofibulares importantes.
Observação do 
complexo subtalar
Movimentar no sentido de inversão e eversão (supinação e 
pronação) na amplitude de 10 graus para cada lado. 
Movimentos reduzidos podem indicar alterações 
importantes. 
Observação do 
complexo articular 
de Chopart
Observar movimentos de flexão plantar e dorsal, pro-
nação e supinação de antepé, grau de convexidade da 
borda interna do pé. 
Identifica indícios de pés varos, valgos e planos. 
Observação do 
complexo articular 
de Lisfranc
Observar movimentos de flexão plantar e dorsal, pre-
sença de osteofitose dorsal e dores locais.
Identifica indícios de pés equinos, varos congênitos, pé 
cavos e planos, desvio em abdução.
Observação das 
articulações meta-
tarsofalangianas
Geralmente, apresentam 90 graus de dorsoflexão e 30 
graus de flexão plantar. 
Identifica rigidez, deformidades, hipertrofias, calosidades, 
espessura do coxim gorduroso plantar (hiperpressão por 
peso corporal).
Quadro 2. Tipos de exames: pé em carga, pé estático e pé em movimento
(Continua)
11Alterações estruturais dos pés: esporão do calcâneo, fascite plantar, alteração da marcha
Fonte: Adaptado de Bega (2014); Bega e Larosa (2010); Magee (2010).
Exame de pé em carga 
Observação 
das articulações 
interfalangianas
Observar mobilidade e qualidade do movimento, defor-
midades flexíveis e rígidas, tensões nos tendões extenso-
res e flexores. 
Identifica hiperqueratose resultante de pressão dos calça-
dos, alterações estruturais nos dedos.
Exame estático
Observação da 
ortostase estática
Identifica informações sobre angulação da coxa em relação 
à perna, defeitos de torção de quadril (exagero ou redução 
anteversão do quadril), arqueamento das pernas, grau de 
valgismo e verismo do retropé (pé valgo ou varo), relações 
do retropé com o médio e o antepé, distribuição do peso do 
corpo, pontos isquêmicos e de hiperpressão.
Podograma Imagem grafada em papel das superfícies plantares com 
a carga do peso corporal.
Identifica eixos dos pés, forma da imagem plantar com 
regiões dos pés, desvios como valgismo ou abdução e 
verismo ou adução.
Manobra da ponta 
dos pés
Paciente ergue as cabeças metatársicas elevando o 
calcanhar.
Identifica o grau de mobilidade da articulação subtalar, 
potência muscular, integridade dos tendões triccepital e 
tibial posterior. 
Prova de Jack Hipertensão passiva da articulação metatarsofalangiana do 
hálux que promove a formação do arco longitudinal do pé.
Identifica a integração das musculaturas interna e externa 
dos pés e a liberdade de movimentação da articulação 
subtalar; possibilidade de bom prognóstico para pés 
planos valgos.
Exame dinâmico
Observação da 
marcha
Observa-se o calcanhar, o médio e o antepé e os dedos 
em relação ao contato com o solo, e compara-se com os 
dados sem carga. Atentar para o eixo da marcha, o ângulo 
e a amplitude do passo e a passada.
Identifica como a dor produz alterações de marcha e se as 
deformidades são ou não decorrentes das funções dos pés. 
Quadro 2. Tipos de exames: pé em carga, pé estático e pé em movimento
(Continuação)
Alterações estruturais dos pés: esporão do calcâneo, fascite plantar, alteração da marcha12
Sinais e sintomas
As manifestações clínicas das doenças são, frequentemente, descritas como sinais 
e sintomas. Embora muito utilizados como sinônimos, esses termos têm significado 
distinto para o diagnóstico. 
Os sinais são as manifestações percebidas por outra pessoa, que podemos reconhe-
cer por observação direta do paciente, ou seja, outra pessoa consegue sentir, visualizar 
ou escutar. Exemplos: eritema, edema, feridas, febre. Já os sintomas são as queixas 
apresentadas pelo paciente em relação ao que está sentindo. São percebidos apenas 
pelo paciente e relatados por ele. Exemplos: dor intensa, formigamento, ardência. 
Assim, você pode perceber que o objetivo podológico é a harmonização 
das estruturas e de seu funcionamento, e que a observação e o levantamento 
de dados são as chaves para resultados mais eficazes dentro dos limites de 
atuação do podologista. A seguir, você identificará as atribuições terapêuticas 
da Podologia nos tratamentos das alterações estruturais dos pés. 
Proposta terapêutica para as alterações 
estruturais dos pés 
Antes de qualquer coisa, é importante que você tenha em mente que os cuidados 
com as alterações estruturais dos pés consistem em um trabalho multidisciplinar 
e complexo, que envolve o trabalho em equipe de profi ssionais de diversas 
áreas: ortopedista, fi siatra, podólogo, podiatra, radiologista e fi sioterapeuta. 
Assim, o objetivo da Podologia nesse tratamento é minimizar os possíveis 
riscos de complicações, proporcionando condições ao cliente deconviver 
com suas alterações, reduzindo desconfortos, dores e evitando sua evolução. 
A prevenção é a melhor proposta de trabalho, investigando sintomas e 
aspectos clínicos, casos de dor, formigamento, parestesias (dormências), 
câimbras, deformações e calosidades (BEGA, 2014). Respeitando os níveis 
de cuidados diferenciados, riscos e limites de sua atuação, o podólogo pode 
atender às patologias recomendando e realizando sessões para corte das unhas, 
remoção de calos e calosidades, higienização geral, hidratação, massagens 
de reflexologia e estimulantes da circulação, indicação para o uso de órteses 
plantares, podais e ungueais, além da orientação do paciente e da sua família 
(PIEDADE, 2008). Nas calosidades, realizar emoliência e remoção com instru-
13Alterações estruturais dos pés: esporão do calcâneo, fascite plantar, alteração da marcha
mental específico quando possível; recomendar palmilhas e sapatos adequados; 
indicar a confecção de órteses plantares biomecânicas ou podoposturais para 
evitar novas formações. Pode ser utilizada também vaselina salicilada a 2% 
para amolecer a lesão. O Quadro 3 apresenta as possibilidades de tratamento 
quanto às alterações estruturais dos pés. 
Alteração 
estrutural Proposta terapêutica
Hallux valgus ou 
joanetes
Multidisciplinar: com acompanhamento médico 
(ortopedista).
Conservador (sem cirurgia): melhora as dores e previne a 
evolução da deformidade.
Podologia: prevenção e correção do hallux valgus inicial 
com órteses siliconadas específicas, observando os espa-
ços interdigitais não como simples separadores, além de 
obedecer sua biocompatibilidade com a pele.
Cirúrgico (realizado por especialista): em casos muitos 
dolorosos que incapacitam o uso de sapato fechado. 
Hallux rigidus Tratamento inicial: evitar saltos altos e uso de palmilhas e 
adaptadores nos solados dos calçados; Após fase avan-
çada, somente cirurgia. 
Fascite plantar Correção de deformidades com palmilhas específicas, 
exercícios de alongamento, adequação de calçados (não 
usar sapatilhas, necessidade de um amortecedor no 
calcanhar). 
Correção das alterações biomecânicas dos pés, seu 
suporte e excessos de exercício e peso. 
Tratamento cirúrgico quando não há melhora mesmo 
após a correção de fatores que predispõem os pés à 
fascite plantar. 
Esporão do 
calcâneo
Avaliação podopostural e biomecânica; confecção de pró-
teses plantares com elementos até 3 mm de espessura da 
região tendinosa de inserção dos flexores plantares.
No caso dos retrocalcâneos, avaliação multiprofissional 
quanto a um possível aumento da tensão do tendão 
calcâneo por encurtamento do tríceps sural — órteses 
podoposturais e exercícios de alongamento. 
Quadro 3. Etapas da abordagem terapêutica
(Continua)
Alterações estruturais dos pés: esporão do calcâneo, fascite plantar, alteração da marcha14
Fonte: Adaptado de Bega (2014); Bega e Larosa (2010).
Alteração 
estrutural Proposta terapêutica
Deformidades dos 
pequenos dedos
Multidisciplinar: com acompanhamento médico 
(ortopedista).
Podologia: observa mobilidade articular, grau de deforma-
ção e calçados utilizados, avaliação podopostural, con-
fecção de órteses de silicone, órteses plantares podopos-
turais ou biomecânicas e remoção de afecções causadas 
por essas deformidades, como as calosidades. 
Alterações de 
marcha
Observação e identificação dos problemas que estão 
desencadeando a alteração da marcha e de possíveis 
abordagens como confecção de órteses, exercícios de 
alongamento e/ou encaminhamento a profissionais 
especializados. 
Quadro 3. Etapas da abordagem terapêutica
(Continuação)
15Alterações estruturais dos pés: esporão do calcâneo, fascite plantar, alteração da marcha
BEGA, A. Tratado de podologia. 2. ed. rev. e ampl. São Paulo: Yendis, 2014.
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Alterações estruturais dos pés: esporão do calcâneo, fascite plantar, alteração da marcha16
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