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Juízos e Delírio - Psicopatologia

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PSICOPATOLOGIA – ALTERAÇÕES DO JUÍZO E DELÍRIO 
 
Delírio e Juízo: 
1- Juízo 
 
- O juízo é um produto da junção de conceitos, sendo um componente do pensamento, as 
alterações do juízo, que formam os juízos falsos, podem ser divididas em juízo deficiente ou 
prejudicado (aonde juízos falsos são construídos devido a alguma deficiência intelectual e pobreza 
cognitiva do indivíduo) e no juízo de realidade ou de existência que ocorre no delírio ou ideias 
delirantes aonde o indivíduo pega uma situação a interpreta de modo prejudicado 
 
- Juízos falsos podem ser produzidos de inúmeras formas e podem ser ou não ser patológicos. Em 
psicopatologia, a primeira distinção essencial a se fazer é entre o erro simples, não determinado 
por processo mórbido (por transtornos mentais), e as diversas formas de juízos falsos determinados 
por transtornos mentais, sendo a principal delas o delírio 
 
• O erro se origina da ignorância, do julgar apressado, do uso de premissas falsas ou da 
carência de lógica no pensamento; os erros simples são social ou psicologicamente 
compreensíveis, enquanto o delírio tem como característica principal a 
incompreensibilidade. Os erros são passíveis de correção pela experiência, pelas provas e 
pelos dados que a realidade oferece, por se aprender a pensar com lógica > um exemplo de 
erro simples é quando um indivíduo acredita que o sol gira em torno da terra pois alguém 
lhe passou essa informação e ele não tem conhecimento acerca do assunto > esse erro 
pode ser revertido diante da apresentação de fatos reais, e ele é dotado de algum raciocínio 
ou lógica que seja compreensível, no delírio isso não acontece 
 
Alterações patológicas do juízo: 
 
1- Ideias prevalentes ou sobrevaloradas > esse tipo de ideia ocorre quando há uma ideia que 
tem muito valor afetivo para o indivíduo, de maneira que essa ideia se sobressai a todas as 
demais e se consolida como algo obstinado, uma queixa comum nesse tipo de ideia é a 
pessoa falar que “não consegue parar de pensar nisso” 
 
• Essas ideias se diferenciam das ideias obsessivas pois estas são egossintônicas, ou seja, 
fazem sentido para aquele indivíduo, são aceitas por ele que as produz 
• Os indivíduos colocam a sua personalidade a serviço dessa ideia 
• É uma alteração patológica do juízo 
• Características das ideias sobrevaloradas: 
➢ Ideia sustentada por uma forte convicção (mas menos convicta que o delírio) 
➢ Ideia é egossintônica, ou seja, aceitável para os ideais e valores do individuo 
➢ Associada com alto grau de emoção ou afeto 
➢ Se desenvolve muitas vezes em pessoas com dificuldades emocionais e de personalidade 
➢ Em geral é compreensível (bem mais que o delírio) 
➢ Pode progredir para o delírio 
➢ Causa sofrimento na pessoa e em quem convive com ele 
➢ Geralmente induz o indivíduo a agir > o que pode ser perigoso 
➢ O paciente não busca ajuda por conta dessas ideias 
➢ Assemelha-se a convicções religiosas ou políticas 
 
Essas ideias sobrevaloradas podem ter ou não significado patológico, isso depende da 
personalidade da pessoa e do seu contexto, um exemplo de ideia prevalente não patológica é o 
excesso de zelo de uma mãe com um filho, achando que o mesmo está sempre em perigo, e um 
exemplo de ideia sobrevalorada dentro de uma patologia é quando uma pessoa com anorexia por 
exemplo, tem a ideia de que está muito gorda; 
 
 
 
 
 
 
2- Delírio 
 
O delírio ou as ideias delirantes são juízos falsos patológicos que tem origem devido à um 
adoecimento mental > o interessante, é que apesar desses juízos serem falsos, seu conteúdo falso 
não é o que caracteriza e define o delírio, mas sim as justificativas que são dadas à esse juízo falso 
 
• 3 características que auxiliam na identificação clínica do delírio: 
➢ Convicção extraordinária sobre aquela ideia > para ele, sua ideia nunca deve ser colocada 
a prova 
➢ É impossível modificar a ideia do delírio a partir de fatos, ou seja, apresentar argumentos e 
provas de que aquela ideia é falsa não muda nada para o paciente 
➢ O delírio é um juízo falso com ideias impossíveis (lembrar que nas ideias sobrevaloradas 
seu conteúdo pode ser possível); mas é importante se atentar ao fato de que alguns 
pacientes podem ter delírios verídicos e o fato que está nessa ideia delirante pode ocorrer 
realmente eventualmente (caso de indivíduos com alcoolismo crônico que tem delírios de 
ciúmes e sua esposa realmente o trai, ver que aqui a ideia pode ser verídica, mas mesmo 
assim é um delírio) 
 
• Outros pontos abordados por alguns autores: 
➢ O delírio para o paciente é evidenciado como algo evidente, para ele está claro para o 
mundo que as coisas estão acontecendo daquela forma, de acordo com o seu juízo delirante 
➢ Para o indivíduo ver que aquele delírio é falso ele deve ter recursos cognitivos básicos para 
isso, de maneira que alguns erros por deficiência cognitiva podem ser considerados delírios 
➢ Outro ponto importante, que ajuda a diferenciar o delírio por exemplo, de algumas crenças 
culturais fortes, é o fato da ideia do delírio ser uma produção associal e idiossincronática 
em relação ao grupo cultural do paciente, ou seja, o indivíduo se desgarra da sua trama 
social e passa a produzir suas crenças individuais 
 
• Dimensões do delírio – são indicadores da gravidade desse delírio (grau de convicção, 
extensão, bizarrice, desorganização, pressão, resposta afetiva e comportamento em função 
do delírio > são 7 dimensões, ou seja, 7 indicadores 
➢ Grau de convicção > o quão convicto o paciente está de que a sua ideia delirante é 
verdadeira, esse grau vai ser mais alto na esquizofrenia e mais baixo por exemplo, nas 
psicoses reativas breves e no transtorno de humor com sintomas psicóticos 
➢ Extensão > a dimensão que aquelas ideias delirantes tomam ocupando várias áreas da vida 
do paciente 
➢ Bizarrice > o quão aquela ideia delirante foge da realidade, do conceito social e cultural que 
aquele indivíduo está inserido; considera-se que as ideias delirantes bizarras têm maior valor 
no diagnóstico de uma esquizofrenia 
➢ Desorganização > o quanto aquela ideia delirante se organiza logicamente dentro do seu 
meio interno, como são sistematizadas, os delírios mais organizados são presentes em 
pacientes psicóticos que de maneira geral tem uma inteligência mais privilegiada 
➢ Pressão ou preocupação > o quanto essa ideia delirante afeta esse individuo no sentido dele 
se sentir pressionado ou constantemente preocupado com ela 
➢ Resposta afetiva > como esse indivíduo se sente afetivamente em relação a essa ideia, ela 
o deixa nervoso, irritando, frustrado, ansioso 
➢ Comportamento em função do delírio > aqui verifica-se o quanto esse paciente age em 
função desse delírio > algumas dessas ações por sua vez, podem ser perigosíssimas 
 
• Delírio compartilhado = ocorre quando algúem, com um delírio primário, começa a influenciar 
o delírio em outras pessoas geralmente de personalidade sugestionável (dependentes, 
frágeis socialmente ou com limitações físicas ou psicossociais); ao separar esse sujeito 
delirante dos demais (sugestionáveis) esse segundo grupo geralmente deixa de delirar de 
modo gradativo 
 
• Classificação dos delírios quanto a estrutura = 
 
➢ Delírios simples ou complexos > aonde os simples são monotemáticos e os complexos 
pluritematicos 
➢ Delírios sistematizados ou não sistematizados > essa categoria envolve a organização do 
tema do delírio, se ele segue uma lógica interna, geralmente o sistematizado é bem 
organizado, bem concatenado, há uma riqueza de detalhes, elas acontecem em indivíduos 
intelectualmente desenvolvidos, já os não sistematizados geralmente são encontrados em 
indivíduos com baixo nível intelectual 
 
• Classificação dos delírios em congruentes e não congruentes com o humor 
 
➢ Características Psicóticas Congruentes com o Humor: Delírios ou alucinações cujo 
conteúdo é inteiramente coerente com os temasmaníacos ou depressivos típicos; 
depressão com temática de culpa ruína; mania de grandeza, poder e religiosidade 
➢ Características Psicóticas Incongruentes com o Humor: Delírios ou alucinações cujo 
conteúdo não envolve os temas maníacos ou depressivos típicos. São incluídos sintomas 
tais como delírios persecutórios (não diretamente relacionados com temas grandiosos ou 
Os temas maníacos tipicos são aqueles relacionados a delírios de grandiosidade, e os temas depressivos tipicos são aqueles relacionados com ruína, são niilistas, assim, os demais delírios seriam não congruentes com o humor de maneira a aparentemente serem mais graves
depressivos), inserção de pensamentos e delírios de ser controlado; parece implicar pior 
evolução clínica 
 
• Classificação em relação ao curso do delírio: 
➢ Agudo: eles aparecem de forma rápida, e podem desaparecer em horas ou dias, podem ser 
passageiros e fugazes e estão relacionados a psicoses tóxicas ou infecciosas 
➢ Crônico: tendem a ser persistentes, contínuos, de longa duração, pouco modificáveis ao 
longo do tempo 
 
• Conteúdos e tipos mais frequentes de delírio: 
 
1- Delírio de perseguição: O indivíduo acredita que está sendo perseguido por pessoas conhecidas 
ou desconhecidas, por máfia, pelos vizinhos, pela polícia, pelos pais, pela esposa ou pelo marido, 
etc. Estão querendo matá-lo, envenená-lo, prendê-lo. A perseguição é o tema mais frequente dos 
delírios. 
 
2- Delírio de auto referência ou alusão: O indivíduo diz ser alvo frequente de referências depreciativas, 
caluniosas. Ao passar pela frente de um bar e observar as pessoas conversando e rindo, ele 
acredita que estão rindo e falando dele; às vezes ouve seu nome e que o xingam. Ocorre nas 
psicoses em geral, e principalmente, na esquizofrenia paranoide e nos transtornos delirantes. Tanto 
nos delírios de perseguição quanto nos de referência, o indivíduo "projeta" para fora de seu 
mundo mental, no mundo externo, as ideias, conflitos, temores e desejos, que seriam 
insuportáveis se fossem percebidos como do seu mundo interno 
 
3- Delírio de relação: O indivíduo delirante constrói conexões significativas (delirantes) entre os 
fatos normalmente percebidos. Relaciona as chuvas do verão passado com a futura guerra dos 
alienígenas 
 
4- Delírio de influência: o indivíduo vivencia intensamente que está sendo controlado, comandado ou 
influenciado por uma força, pessoa ou entidade externa. Há uma antena, computador, aparelho 
eletrônico controlando-o. São fortes indicativos de esquizofrenia. 
 
5- Delírio de grandeza: o indivíduo acredita ser extremamente especial, dotado de poderes, de uma 
origem superior. Os delírios de grandeza ocorrem tipicamente nos quadros maníacos e nas 
psicoses associadas a sífilis terciária cerebral. 
 
6- Delírio de reivindicação: afirma ser vítima de terríveis injustiças e discriminações, e em 
consequência disso, envolve-se em intermináveis disputas legais, querelas familiares, processos 
trabalhistas, etc. O indivíduo considera-se o representante dos injustiçados, dos perseguidos. 
Frequente nos transtornos delirantes. 
 
7- Delírio de invenção ou descoberta: Mesmo sendo leigo, revela ter descoberto a cura de doenças 
e invenções que vão mudar o mundo. Frequente nos transtornos delirantes, esquizofrenia e 
mania. 
 
8- Delírio de reforma (salvacionismo): indivíduos que se sentem destinados a salvar, reformar, 
revolucionar ou redimir o mundo e a sociedade. Planos baseados em dogmas religiosos. 
 
9- Delírio místico ou religioso: O indivíduo afirma ser um novo messias, um Deus, um santo poderoso. 
Sente que entrou em contato com entidades. É uma temática delirante frequente e pode ocorre em 
quase todas as formas de psicose. 
 
10- Delírio de ciúmes e infidelidade: o indivíduo percebe-se traído por sua esposa (ou marido), de forma 
cruel, e afirma que ela tem centenas de amantes. Pode ocorrer em todas as psicoses, é mais 
característico do alcoolismo crônico e do transtorno delirante crônico. 
 
11- Delírio erótico: o indivíduo afirma que uma pessoa, em geral de destaque social (um artista ou 
cantor famoso, um milionário, etc.) ou de grande importância para o paciente, está totalmente 
apaixonada por ele. 
 
12- Delírio de ruína(niilista): o indivíduo vive em um mundo repleto de desgraças, está condenado a 
miséria, ele e sua família irão passar fome. Nas depressões graves 
 
13- Delírio de culpa: indivíduo diz ser culpado por tudo de ruim que acontece no mundo e na vida das 
pessoas que o cercam, ter cometido um grave crime, ser uma pessoa indigna, pecaminosa, suja, 
irresponsável,e que deve ser punida por seus pecados. 
 
14- Delírio de negação de órgãos: relata que seu corpo está destruído ou morto, que não tem mais um 
ou vários órgãos, suas veias "estão secas", seus braços e pernas estão se "esfarelando". 
 
15- Delírio hipocondríaco: O indivíduo tem uma convicção extrema de que tem uma doença grave, 
incurável, que está com AIDS, que irá morrer brevemente com câncer. O que diferencia o delírio 
hipocondríaco da ideia hipocondríaca é a intensidade da crença. 
 
16- Delírio de cenestopático: o indivíduo afirma que existem animais (uma cobra, um rato,etc.) ou 
objetos dentro de seu corpo. Comum nas esquizofrenias e transtornos delirantes. 
 
17- Delírio de infestação: o indivíduo acredita que seu corpo (principalmente sua pele ou seus cabelos) 
estão infestados por pequenos organismos. Ocorre em pacientes esquizofrênicos, deprimidos, em 
intoxicações por cocaína ou alucinógenos, e em indivíduos obcecados pela limpeza corporal. 
 
18- Delírio fantástico: o indivíduo descreve histórias fantásticas com convicção plena, sem qualquer 
crítica. Há histórias e narrativas fabulosas, totalmente irreais, que se assemelham a contos 
fantásticos. Ocorre nas parafrenias. 
 
 
• Ideias delirantes x Ideias obsessivas: 
 
As ideias obsessivas são ideias falsas que também ficam na cabeça do paciente, de maneira 
repetida e incomoda, a diferença é que o paciente consegue reconhecer que aquele conteúdo é 
fácil, já nas ideias delirantes o individuo tem graus de convicção de seu delírio, ele é irrefutável;

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