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A obsolescência programada e os impactos na sociedade moderna

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A obsolescência programada e os impactos na sociedade moderna 
 A obsolescência programada nasceu na década de 1920 e consiste em uma estratégia da indústria para encurtar o ciclo de vida de 
determinados produtos. Isso porque a programação da vida útil de um produto, desde a sua concepção, para que esse tenha uma menor duração 
acarretará em uma forma de consumo inconsequentemente exagerada e, consequentemente, impacta no descarte inadequado desses 
produtos. Nesse sentido, esse modo de vida totalmente submisso ao sistema comercial direciona a sociedade aos excessos e a uma amplificação 
das desigualdades sociais. 
 Diante desse cenário, cabe destacar os impactos ocasionados a partir da obsolescência programada. Gilles Lipovetsky, em sua teoria a respeito 
da sociedade de hiperconsumo, relata que essa é marcada por uma economia de variedade e reatividade associada ao consumo de massa em 
que há um aumento de compras e a troca cada vez mais frequente de produtos. Dessa forma, com a massificação dos padrões de consumo, o 
aumento do desejo por novos objetos é uma forma de propiciar o fluxo contínuo de ascensão do mercado capitalista e, com isso, após um 
reduzido tempo de duração, os produtos tornam-se antiquados e desinteressantes, sendo descartados e substituídos por versões mais recentes. 
Assim, a população é conduzida para uma sociedade de risco, uma vez que o descarte, além de gerar desperdício, afeta o direito ambiental ao 
comprometer os valores ecológicos e o consumo sustentável e aumenta a quantidade de resíduos nas grandes metrópoles em grau superior ao 
crescimento populacional. Dessa maneira, a substituição, muitas vezes desnecessária, de produtos evidencia repercussões na sustentabilidade 
ambiental e, também, na saúde humana. 
 Além disso, é válido ressaltar que o estímulo ao consumo em massa afeta diretamente a classe mais baixa. O capital cultural, definição do 
sociólogo francês Pierre Bourdieu, explica como a cultura, em uma sociedade estratificada, torna-se um meio de dominação, sendo seu acesso 
restrito a quem pode pagar por ele. De maneira análoga, esse conceito pode incluir as novas tecnologias, haja vista que no mundo moderno, a 
criação de bens cada vez mais avançados ocasiona o lançamento de novos produtos com alterações mínimas comparadas aos anteriores e, tanto 
em produção quanto em valorização, esses passam por um filtro elitizador, marca de exclusão de parcela da população. Logo, é nítida a urgência 
de uma forma para combater os impactos – ambientais, sociais e econômicos – pós-consumo. 
 Portanto, medidas são necessárias para atenuar a problemática. Para que haja a conscientização da população brasileira, é fulcral que o 
Ministério do Meio Ambiente, por meio de dispositivos legais, realize palestras e distribua cartilhas sobre o desenvolvimento sustentável e 
formas de como descartar resíduos eletrônicos corretamente. Ademais, é preciso que o Instituto de Proteção e Defesa do Consumidor fiscalize 
empresas e multe aquelas que praticam a obsolescência programada e que o Ministério da Educação, a partir da Política Nacional de Educação 
Ambiental, insira “Educação Ambiental” como matéria na grade curricular – desde o Ensino Fundamental ao Médio –, a partir da contratação de 
professores especializados em biologia e áreas ambientais e sustentáveis, a fim de diminuir o consumo inconsciente e exagerado e promover a 
consciência sustentável. Somente assim, será construída uma sociedade mais justa e consciente, tendo como base o Direito do Consumidor e 
rompendo com o conceito de sociedade hiperconsumista proposto por Gilles Lipovetsky. 
 
Redação escrita por Maria Cecília Ricardo Ramalho Nunes

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