Buscar

aula5_durkheim_carater_exterior

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Durkheim e o Caráter Exterior dos Fatos Sociais 
 
Em primeiro lugar, é importante dizer que nem todo fato é social. Por exemplo, cada 
indivíduo bebe, dorme, come e raciocina e a sociedade tem todo o interesse em que essas 
funções se exerçam de modo regular. Porém, se todos esses fatos fossem sociais, a 
Sociologia não teria objeto próprio e o seu domínio se confundiria com o da Biologia e o da 
Psicologia. 
 
Os fatos citados anteriormente (o de beber, o de dormir, o de comer e o de raciocinar), 
quando realizados em sociedade, não estão limitados a serem biológicos e/ou 
psicológicos, como somos tentados a crer numa observação feita sem maiores 
considerações. 
 
Beber água, por exemplo, é uma necessidade biológica que qualquer animal selvagem 
procura fazer com tranquilidade (fato psicológico). Porém, quando se bebe água em 
sociedade, o fato das fontes de água, em geral, serem propriedades e a sua utilização por 
distribuição no abastecimento público ou privado cobrada, paga, por quem bebe, 
transforma esse simples e singelo ato natural em um fato também social. 
 
Sem dúvida, no simples ato de beber água em sociedade, seja em casa, seja num 
restaurante, estão presentes componentes biológicos, psicológicos e sociais inseparáveis 
na realidade, que ao serem separados em pensamento podem ser objeto de estudo da 
Biologia, da Psicologia e da Sociologia. 
 
O mesmo acontece com relação a dormir, comer e raciocinar. Em sociedades, existem os 
horários de dormir, os de comer, e os modos de raciocinar, que são aprendidos e os 
indivíduos fazem de cada uma dessas funções um composto de realidades biológicas, 
psicológicas e sociais, cada uma delas de sua respectiva ciência. 
 
Assim, indicando a presença de realidades sociais conjugadas na prática com realidades 
biológicas e psicológicas, mas agindo como um observador instruído para separá-las em 
pensamento, Durkheim encontrou-se diante de um problema: dizer como os praticantes 
dos fatos sociais (os indivíduos que são por natureza biológicos e psicológicos) o 
manifestariam, já que esses fatos não estariam neles por natureza. Se o social já estivesse 
nos homens por natureza, se fosse próprio da espécie humana, sua realidade se 
confundiria com as realidades biológica e psicológica. 
 
Em relação aos homens, os fatos só podem ser exteriores, pois eles não estão nos 
homens por natureza, só podem existir fora deles, só podem vir de fora deles, para depois 
por eles se manifestarem. Os fatos só podem ser produto da vida coletiva dos homens em 
oposição à natureza deles. 
 
Sabemos que os fatos não são naturais dos homens e veem de fora deles, então, por que 
razão eles (os indivíduos) os manifestariam? Como aconteceu de, no fim, os homens 
manifestarem o social em seus atos, se o social não está na natureza deles? 
 
A resposta de Durkheim diz que, os homens por coerção, por pressão, irão aceitar o social 
e agir de acordo com ele, como se o social fosse de sua própria natureza, sentindo como 
se fosse seu o que lhe é imposto de fora.

Continue navegando