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Equilíbrio hidroeletrolítico e Fluidoterapia MR2 Lucas Torres MR2 Raquel Rocha Composição corporal Varia conforme idade, sexo, adiposidade Distribuição de fluidos A água corporal total se divide em dois compartimentos maiores: Liquido intracelular (LIC) Liquido extracelular (LEC) Por sua vez o LEC se divide em: Intersticial Intravascular Transcelular Presente em ossos e tecidos conjuntivos Composição dos fluidos Há diferenças importantes entre as concentrações de íons nos diferentes compartimentos, gerando os gradientes eletroquímicos fundamentais para o funcionamento de células excitáveis Conceitos físico-químicos Difusão Osmose Osmolalidade Osmolaridade Tonicidade Pressão osmótica Pressão oncótica Transporte ativo Endotélio vascular Função de filtro Glicocálice endotelial Camada subglicocálice Modelo de distribuição de fluidos Efeitos no volume intravascular Cristaloides 20-25% ficariam no plasma (?) Glicocálice Proporção 1,5:1 em vez de 4:1 Coloides Maior parte permaneceria no plasma, sendo expansor mais eficaz Albumina Não demonstrou diminuir edemas Controle fisiológico do volume Sensores Osmorreceptores hipotalâmicos Barorreceptores em AD e grandes veias Barorreceptores no seio carotídeo e arco aórtico Integração e comando Hipotálamo Respostas ADH Sede SRAA Fluxo simpático Peptídeo natriurético cerebral Fisiologia do sódio Principal cátion extracelular Maior responsável pela tonicidade do LEC Relação direta com o volume Conteúdo total corporal 4000mmol (90% EC) Gradiente IC:EC fundamental para os tecidos excitáveis Necessidades diárias: 2-3mEq/kg/dia em RN e 1-1,5mEq/kg/dia em adultos Absorção ativa pelo delgado e cólon sob influencia da aldosterona e glicose luminar Eliminação predominantemente renal + fezes, pele e suor Fisiologia do sódio Livremente filtrado no glomérulo e reabsorção (99,5%) Concentrações mantidas entre 138-142mEq/L Controle pelos mesmos mecanismos Osmorrecepção no hipotálamo: liberação de ADH Detecção de volume atrial: liberação de ANP Aparelho justaglomerular (barorrecepção arteriolar renal e sensibilidade ao conteúdo de NaCl no filtrado): ativação do SRAA Fisiologia do potássio Principal cátion intracelular Conteúdo corporal total de 4000mmol/L 98% intracelular, particularmente no fígado, músculos e eritrócitos Gradiente IC:EC essencial para os tecidos excitáveis Necessidades diárias: 2-3mEq/kg/dia em RN e 1-1,5mEq/kg/dia em adultos Absorção quase total no intestino e mínima eliminação pelas fezes Distribuição influenciada por Permeabilidade da membrana plasmática Bomba de sódio-potássio Insulina e Bomba de sódio-hidrogênio Catecolaminas pH Aldosterona Fisiologia do potássio Controle tubular renal Livremente filtrado nos glomérulos 85-90% reabsorvidos no túbulo contorcido proximal Secreção tubular modulada pela aldosterona (células principais) Reabsorção tubular pelas bombas de H+ / K+ (células intercaladas) Fisiologia do Cálcio Fisiologia do Cálcio Estrutura óssea Segundo mensageiro celular Contração muscular Transmissão neuromuscular Divisão e movimentação celular Vias oxidativas Coagulação sanguínea Fisiologia do Cálcio Pouco absorvido pelos intestinos e excreção nas fezes e urina Os níveis séricos são mantidos entre 2-2,5mEq/L sob influencia da vitamina D, do paratormônio (PTH) e calcitonina Fisiologia do fosfato Principal ânion intracelular Forma algumas das mais importantes moléculas biológicas: ATP, DNA, RNA, fosfolipídios de membrana, 2,3-difosfoglicerato (2,3-DPG), hidroxiapatita no osso Fornece o principal sistema tampão intracelular Mediador de reações de fosforilação Encontra-se no ossos (86%), intracelular (14%) e extracelular (0,03%) A maior parte do fosfato sérico circula nas formas iônicas H2PO-4 e HPO-24 Mantido numa faixa de 2,5-4,5mg/dL Fisiologia do fosfato Regulação pela vitamina D que aumenta a absorção intestinal e inibe a produção de PTH Absorção de 70-80% no duodeno e jejuno Filtrado livremente nos glomérulos, reabsorvido 80% no TCP e menos em porções mais distais, sob influência do PTH Excreção predominante renal Fisiologia do magnésio 50% do total nos ossos, 20% no musculo, o resto em fígado, coração e outros tecidos. Apenas 1% no LEC. Maior parte do magnésio ligado a proteínas, fosfolipídios, ácidos nucleicos intracelulares Absorção intestinal variável, excreção pelas fezes (60%) e rins Filtração glomerular de 75%, reabsorção no ramo ascendente de henle (60-70%) e túbulo distal (10%) Concentração de magnésio sérico de 1,5-2,1mEq/L Regulação da quantidade corporal total e níveis séricos não são bem conhecidos Fisiologia do magnésio Funções do magnésio Analgesia (antagonismo ao NMDA) Reduz transmissão neuromuscular Reduz liberação de catecolaminas Anticonvulsivante Vasodilatação Antiarrítmico Broncodilatação Vasodilatação renal e diurese Anti-inflamatório Tocólise Cofator de mais de 300 reações enzimáticas, incluindo produção de ATP e ácidos nucleicos, transcrição de proteínas Fisiologia do Cloreto Ânion extracelular mais importante Responsável por cerca de 1/3 da osmolaridade e 2/3 das cargas negativas do plasma Importante na manutenção da neutralidade elétrica, osmolaridade plasmática e no equilíbrio ácido-básico Ingerido na dieta na forma de NaCl, grande absorção e secreção GI Forma fluidos GI como o gástrico (acido clorídrico) Regulação e excreção principalmente renais Farmacologia dos Fluidos Considerar os diferentes fluidos como medicamentos, com indicações, cuidados, intervalos de doses e efeitos colaterais Possuem composições variadas de sódio, potássio, cloreto, cálcio, magnésio, glicose, entre outros componentes plasmáticos, tendo diferentes aplicabilidades O grau de informação científica na utilização desses diferentes fluidos infelizmente é baixo Cristaloides São líquidos compostos de agua e eletrólitos Podem ser classificados em hipertônicos, isotônicos e hipotônicos Podem ser balanceados ou não Indicados para substituição e reposição de água e eletrólitos e na expansão do volume intravascular Acreditava-se tradicionalmente que cerca de 20% do volume infundido ficaria no intravascular e que o resto se distribuiria pelo LEC Estudos da cinética mais recentes apontam que cerca de 70% desse volume permaneceriam no vaso nos primeiros 20 minutos, caindo para 50% nos 30 minutos Comparativamente aos coloides, menor expansão ocorreria Cloreto de sódio 0,9% É considerada isotônica, apesar de ser composta por sódio e cloreto em concentrações maiores que o plasma (154mEq/L, osmolaridade de 308mOsm/L) Infusão de 2L desencadeia aumento do volume do LEC, redução do Ht e albumina, aumento do K e Cl e redução do HCO3 Não contem tampões Grandes volumes causam leve acidose metabólica hiperclorêmica e redução da perfusão renal Preferida em determinadas situações: Hipovolemia + hiponatremia leve (na grave prefere-se salina hipertônica) Hipovolemia + hipocloremia (perdas digestivas gástricas) Edema cerebral Hipercalemia e hipercalcemia Salinas hipertônicas Soluções com concentrações maiores de sódio e cloreto NaCl a 1,8%, 3% e 7,5% Quanto maior a concentração, menor o volume necessário Aumenta a PAM, diminui resistência vascular, necessidades de hemotransfusão Podem ser usadas para expansão volêmica, correção da hiponatremia hiposmolar, vitimas de TCE com PIC elevada Estudos não mostraram diferença estatística na mortalidade em ressuscitação Concentrações maiores que 7,5% causam lesão endotelial Ringer Lactato Contém 130 mEq/L de sódio, 4 mEq/L de potássio, 3 mEq/L de cálcio, 28 mEq/L de lactato e 109 mEq/L de cloreto. Apresenta 274 mOsm/L, sendo, portanto, levemente hiposmolar em relação ao plasma O lactato é metabolizado no fígado em bicarbonato Tem como vantagens a composição balanceada de eletrólitos, capacidade tampão, baixo risco de efeitos colaterais, sem distúrbios de coagulação, efeito diurético e baixo custo As desvantagens incluem grandes quantidades necessárias, redução de pressão coloidosmótica, risco de hiperidratação, edema e hiponatremiaAinda não se comprovaram efeitos de encefalopatias e intoxicação cardíaca em humanos devido ao acúmulo do isômero D do lactato Solução glicosada 5% Contem 5g de glicose em cada 100ml É levemente hipotônica e funciona como reposição de agua livre É indicada para correção de hipernatremia e como fonte de substrato metabólico para evitar a cetose de jejum Pouco efetiva para expansão volêmica Cuidado no uso pelo risco de hiponatremia Coloides São fluidos contendo água, eletrólitos e macromoléculas Podem ser polidispersos ou monodispersos Vantagens incluem maior pressão oncótica, administração menor de volume, menor filtração para o interstício As moléculas podem deixar o intravascular por filtração capilar, excreção renal, metabolismo Causam hemodiluição, diminuem viscosidade sanguínea e impedem agregação plaquetária Podem causar efeitos adversos renais, hematológicos, imunológicos Gelatinas Derivadas da hidrólise de colágeno bovino Succinilação -> Gelofusine, B Braun, Bethlehem, PA; Geloplasma, Fresenius, Waltham, Massachusetts Ligação à ureia -> Haemaccel, Piramal, Orchard Park, NY Moléculas de ampla variação de peso molecular, as menores rapidamente filtradas e excretadas pelos rins Após 60 minutos da infusão, 50% permanece no vaso Reações anafiláticas severas em <0,35% Afeta hemostasia (diminuem fvW, fator VIII, fibronectina) Hidroxietilamidos (HES) São polímeros naturais modificados da amilopectina derivada de milho ou batata São polidispersos, variando conforme peso molecular e grau de substituição por hidroxietilação dos carbonos da glicose EX.: HES 200/0,5 = PM médio de 200000 Dalton e 50% de hidroxietilação Quanto maior, mais chance de coagulopatia Os polissacarídeos menores são rapidamente excretados na urina, os maiores são hidrolisados em mais partículas osmoticamente ativas e alguns são endocitados pelo sistema fagocitário mononuclear Hidroxietilamidos (HES) Metabolismo lento -> Maior duração de efeito expansor (80% em 90min) Efeitos dilucionais e reduções no FvW, fator VIII e força do coágulo Acumulação -> Prurido Reações anafiláticas <0,06% Lesão renal aguda Dextranos Os dextranos são moléculas altamente ramificadas de polissacarídeo produzidas pela bactéria Leuconostoc mesenteroides, após a conversão de sacarose no meio de cultura por dextrano-sacarase bacteriana As moléculas são hidrolisadas e separadas para manterem uma faixa mais restrita de peso molecular de 40kDa ou 70kDa Excreção renal de moléculas menores (70% em 24h) Moléculas maiores fagocitadas ou excretadas pelo TGI Efeito de volume semelhante aos HES Dextranos Efeitos anticoagulantes semelhantes Interferem na tipagem sanguínea e prova cruzada Reações anafiláticas <0,28% Lesão renal aguda Derivados do plasma humano Plasma fresco congelado Albumina Fatores VIII, IX... Crioprecipitado Imunoglobulinas Perioperatório Pré-operatório: Avaliar o estado hidroeletrolítico do paciente Cardiopatia, nefropatia, hepatopatia Uso de diuréticos, anti-hipertensivos Jejum pré-operatório Preparo intestinal Hemorragia Perda de fluidos GI Inflamação Edema, derrame pleural e ascite Perioperatório Intraoperatório Anestesia: Vasodilatação, diminuição do debito cardíaco, redistribuição de fluidos, embotamento das respostas fisiológicas autorreguladoras Hemorragias Perdas insensíveis REMIT: Redistribuição para o LEC, aumento do ADH, catecolaminas, diminuição da TFG e debito urinário Perioperatório Pós-operatório REMIT Lesão tecidual Produção de citocinas Redistribuição para órgãos nobres SIRS Lesão endotelial e perdas para LEC Catabolismo e aumento da taxa metabólica basal Gliconeogênese Retenção de sal e água Volume intravascular É uma das variáveis-chave da perfusão tecidual Influencia a pré-carga, débito cardíaco e a entrega de O2 aos tecidos Avaliação do status volumétrico Clinicamente: Hidratação, PA, taquicardia, PP, debito urinário Hemodinâmica: PVC, ECO, CAP Laboratório: Lactato, SVO2 mista Hipovolemia -> Exacerbação da REMIT, acidose metabólica, má cicatrização, aumento de morbimortalidade Hipervolemia -> Edemas, cicatrização, disfunção GI, congestão pulmonar, infecções, sobrecarga cardíaca, coagulação, acidose hiperclorêmica, disfunção renal
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