Buscar

APOSTILA SAÚDE PÚBLICA

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 82 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 82 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 82 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

APOSTILA DE ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM EM SAÚDE PÚBLICA
 (
SAÚDE PÚBLICA
)
 (
Lenilda Osorio
 Enfª Esp. Em Urgencia e e Urgenciae e e Emer
) (
2
)
ASPECTOS CONCEITUAIS DE SAÚDE, DOENÇA E SAÚDE PÚBLICA
1. CONCEITO DE DOENÇA
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS) a “saúde é um estado completo de bem- estar físico, mental e social e não a mera ausência de moléstia ou enfermidade”.
A saúde é a resultante da influência dos fatores sócios econômicos e culturais como: Alimentação, habitação, Educação, renda, Meio ambiente, Acesso a serviços de saúde e dentre outros.
A Constituição Federal Brasileira de 1988 no artigo 196 determina:
“A SAÚDE é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação”.
Compete ao Estado elaborar as diretrizes de saúde que serão seguidas tanto pelos profissionais dos serviços governamentais como dos privados.
Dentro das diretrizes de saúde, consideram-se atividades mínimas para a elevação do nível de saúde: Educação Sanitária, Educação Nutricional, Saneamento Básico, Assistência Materno Infantil, Imunizações e dentre outras.
O nível de vida de saúde do brasileiro é considerado INSATISFATÓRIO:
· Salários insuficientes;
· O nível de escolaridade baixa;
· Evasão Escolar;
· Falta de tratamento de Esgoto e de Água;
· Altas taxas de mortalidade infantil;
· Os programas de assistência à saúde não atendem as necessidades da população quanti- qualitativamente.
2. CONCEITO DE DOENÇA
A doença em oposição a saúde é um estado de desequilíbrio do indivíduo com as forças do seu ambiente externo e interno, ou seja, ocorre perda ou limitação da sua capacidade de adaptação ao meio ambiente.
3. CONCEITO DE SAÚDE PÚBLICA
SAÚDE PÚBLICA é a arte e a ciência de prevenir a doença, prolongar a vida e promover a saúde e a eficiência, física e mental, mediante o esforço organizado da comunidade. Saúde Pública promove e preserva a saúde da população.
SAÚDE PÚBLICA é uma prática social de saúde, que visa intervir nos problemas de saúde considerados como legítimos por uma certa sociedade e época, e efetivada através da presença do estado
nacional, sob a forma de uma prática técnica comprometida com uma certa forma de produzir o cuidado em saúde, tendo como objeto a dimensão coletiva do processo saúde e doença, enquanto uma questão social.
4. PROMOÇÃO E PREVENÇÃO DE SAÚDE
4.1 PROMOÇÃO DA SAÚDE
É o nome dado ao processo de capacitação da comunidade para atuar na melhoria de sua qualidade de vida e saúde, incluindo uma maior participação no controle deste processo.
A Promoção da Saúde pode ser reunida em dois grandes grupos:
1. Atividades dirigidas à transformação dos comportamentos dos indivíduos, focando nos seus estilos de vida (família, comunidade); Programas ou atividades de promoção da saúde (aleitamento materno, hábito de fumar, dieta, atividades físicas, direção perigosa no trânsito, etc);
2. Saúde é produto de vários fatores relacionados com a qualidade de vida e suas atividades e os programas são voltados ao coletivo de indivíduos e ao ambiente (alimentação e nutrição, habitação e saneamento, boas condições de trabalho, educação, apoio social para famílias).
Em 1980, o Ministério da Saúde do Canadá e o Escritório da OMS na Europa passaram a desenvolver uma produtiva cooperação no desenvolvimento de conceitos e práticas em Promoção da Saúde, que culminou com a I Conferência Internacional sobre Promoção da Saúde- ttawa/Canadá (1986).
A Carta de Ottawa propõe cinco campos centrais de ação:
1. Elaboração e implementação de políticas públicas saudáveis;
2. Criação de ambientes favoráveis à saúde;
3. Reforço da ação comunitária;
4. Desenvolvimento de habilidades pessoais;
5. Reorientação do sistema de saúde.
Desde sua divulgação, tem sido o principal marco de referência da promoção da saúde em todo o mundo. Segundo a Carta de Ottawa, as três estratégias fundamentais são:
· Defesa da Causa: Lutar para que fatores políticos, econômicos, sociais, ambientais, comportamentais e biológicos, sejam cada vez mais favoráveis à saúde;
· Capacitação: permitir que as pessoas tenham oportunidade e meios para conhecer e controlar os fatores determinantes da sua saúde, como: ambientes favoráveis, informação e habilidade para viver melhor, escolhas mais saudáveis;
· Mediação: responsabilidade dos grupos sociais e do pessoal de saúde, em mediar os diferentes interesses, existentes na sociedade.
4.2 NÍVEIS DE PREVENÇÃO
Prevenir significa atuar antecipadamente, impedir determinados desfechos indesejados, que seriam: Adoecimento, Invalidez, Cronicidade, Morte.
Os benefícios da prevenção são:
· Reduzir custos com a saúde;
· Diagnóstico nas fases precoces é a melhor forma para curar as doenças;
· Melhor qualidade de vida.
Devem-se conhecer os fatores relacionados com o agente, o suscetível e o meio ambiente, e com a evolução da doença no acometido. É realizada em três níveis:
1. Prevenção Primária;
2. Prevenção Secundária;
3. Prevenção Terciária.
4.2.1 Prevenção Primária
É o conjunto de ações que visam evitar a doença na população, removendo-os, ou seja, visam a diminuição da incidência da doença e inclui: Promoção da saúde e Proteção específica.
Promoção da Saúde
A promoção da saúde é feita através de medidas de ordem geral visando a manutenção do estado de saúde: Saneamento Básico, Boas Condições de Moradia, Recreação e Lazer, Remuneração adequada e condições de trabalho favoráveis e segura;
Proteção Específica
São medidas que visam a proteção contra danos específicos, podendo ser dirigidas ao indivíduo e ao
meio.
· Imunização;
· Saúde ocupacional; Higiene pessoal e do lar;
· Controle de vetores;
4.2.2 Prevenção Secundária
É realizada no indivíduo, já sob a ação do agente patogênico, ao nível do estado da doença, e inclui:
· Diagnóstico e Tratamento Precoce;
· Limitação da Invalidez.
Diagnóstico e Tratamento Precoce: São medidas que objetivam identificar o processo patológico antes mesmo do aparecimento dos sintomas para curar e evitar o processo da doença.
· Inquéritos de casos;
· Exames periódicos e individuais, detecção precoce;
· Isolamento para evitar a propagação;
· Tratamento para evitar a progressão da doença.
Limitação da Invalidez: Devido a falhas nos níveis de prevenção anteriores ocorre um reconhecimento tardio da moléstia, pretende-se prevenir ou retardar as consequências de doenças clinicamente avançadas.
4.2.3 Prevenção Terciária
Nessa etapa a doença já se instalou e o seu desenvolvimento deixou sequelas.
· Reabilitação: é a interrupção do processo patológico e da prevenção da incapacidade total após a estabilização das alterações anatômicas e fisiológicas.
Objetivam readaptar uma pessoa com deficiência a uma nova condição em que possa manter uma vida útil e produtiva.
· Terapia Ocupacional;
· Reintegração Social;
· Emprego Selecionado;
· Educação do Público para a integração do reabilitado a comunidade e aos locais de trabalho.
5. QUAIS SÃO AS AÇÕES DE ENFERMAGEM DE ACORDO COM OS NÍVEIS DE PREVENÇÃO?
De acordo com os níveis de Prevenção as ações de Enfermagem são:
· Motivar e conduzir a comunidade para a utilização das medidas de promoção de saúde e proteção específica;
· Divulgar os serviços de Saúde e Programas desenvolvidos;
· articipar nas imunizaç es de rotina seleti as (baseados nos riscos de e posição);
· Participar na execução de exames de saúde periódicos;
· Promover e supervisionar a limpeza, desinfecção e esterilização de materiais ou ambiente;
· Participar nos programas de saúde ocupacional;
· Participar no rastreamento dos casos de notificação compulsória e aplicar as medidas preventivas específica;
· Colaborar no desenvolvimento de programas para detectar precocemente os distúrbios e doenças;
· Prestar assistências de enfermagem de acordo com as condutas terapêuticas imediatas e de limitação de incapacidade, no recurso de saúde;
· Orientar e supervisionar os cuidados ao doenteou deficiente, prestados pela família ou realizados pelo próprio individuo;
· Participar no processo de reabilitação do indivíduo com algum tipo de incapacidade.
ORGANIZAÇÃO DO SISTEMA DE SAÚDE NO BRASIL
1. CONTEXTO HISTÓRICO
O sistema de saúde do país vem sofrendo constantes mudanças desde o século passado, acompanhando as transformações econômicas, socioculturais e políticas da sociedade brasileira. Analisando sua trajetória, identificam-se quatro principais tendências na política de saúde do Brasil:
A primeira foi denominada de sanitarismo campanhaista porque tinha nas campanhas sanitárias sua principal estratégia de atuação e vigorou do início do século XX até 1945. O período de 1945 a 1960 pode ser considerado como transição para o período seguinte, quando se consolida, até o início dos anos 1980, o modelo médico assistencial privatista. Segue-se o modelo plural, hoje vigente, que inclui, como sistema público, o Sistema Único de Saúde-SUS.
2. ORGANIZAÇÃO DO SISTEMA DE SAÚDE NO BRASIL 2.1 Período (1500 A 1889)
As primeiras referências sobre as terras e os indígenas, davam a ideia de um paraíso:
· Beleza das paisagens;
· Riqueza da alimentação;
· Pureza das águas;
· Clima ameno.
A descrição dos índios eram robustos e ágeis, livres de epidemias. Cerca de um século e meio, já conhecendo melhor a terra e os nativos, os pesquisadores começaram a identificar aspectos não saudáveis nos índios, como a ancilostomíase (amarelão).
A malária era frequente em todos que chegavam ao país, o contato com os estrangeiros também trouxe para os nativos as doenças da Europa. A varíola chega ao Brasil em 1563, matando mais de 30.000 indígenas, chegando junto a tuberculose, sífilis e sarampo, que se proliferaram nas aglomerações mal planejadas dos colonizadores.
Guerra, isolamento e doença dificultavam a exploração das terras brasileiras, raros médicos aceitavam vir para o Brasil, em decorrência dos baixos salários e dificuldades como a imensidão do território e a pobreza dos habitantes.
Os conhecimentos médicos eram rudimentares, supunham que as doenças eram causadas por miasmas (teoria miasmástica), alterando os humores, onde os tratamentos eram os purgantes, os clisteres e os vomitórios com o intuito de limpar e purgar as doenças.
Em grande parte, a assistência médica era realizada pelos jesuítas, que socorriam e confortavam os enfermos. As Santas Casas de Misericórdia se instalaram desde o início da colonização nos moldes existentes em Portugal, dirigidas por religiosos e sustentadas pela caridade pública.
A ausência de serviços de saúde eficientes fazia com que a orientação dos médicos só fosse aceita em época de epidemia. Ex.: Varíola, que consistia em exigir o afastamento dos enfermos dos sadios.
Em 1804, ocorreu uma iniciativa privada na Bahia para importar a vacina de Lisboa, no entanto, como a vacinação não era obrigatória persistia as epidemias da varíola. Chegada da Família Real ao Brasil houve transformações político, administrativas e econômicas para o país (Rio).
Em 1811: Junta de Instituição Vaccínica - antivariólica no Rio.
Fundação das Academias Médico-cirúrgicas do Rio (1813) e da Bahia (1815): essas foram às primeiras escolas de medicina do nosso país.
Em 1829, por ordem de D.Pedro I a Academia de Medicina funcionou como órgão consultivo do imperador nas questões ligadas à saúde pública nacional.
Em 1850, Junta Central de Higiene Pública na capital do império, ao mesmo tempo em que a nova epidemia de FEBRE AMARELA acorre.
A fragilidade das medidas sanitárias leva a população a lutar por conta própria contra as doenças e morte (curandeiros).
Em 1854 começou a participação de filantropia e da iniciativa privada (Sociedade Portuguesa de Beneficência) na saúde pública.
Entre 1827 e 1875 a cidade vive grande progresso (pavimentação de ruas, iluminação a gás, bondes, água potável, campanhas de vacinação). Apesar desses progressos as epidemias continuavam e os trabalhadores pressionavam o Estado a tomar providências.
2.2 Período (1901 A 1980)
2.2.1 Início do Século XX (1901) a 1920
Era o tempo da chamada primeira república, cuja economia baseava-se na agricultura, tendo como principal produto o café, produzido com a finalidade de exportação. Portanto, era de fundamental importância que os espaços de circulação desta mercadoria fossem saneados (sobretudo os portos), e que as doenças que prejudicassem as exportações (cólera e a varíola) fossem controladas.
Os serviços de saúde pública eram dirigidos pela Diretoria Geral de Saúde Pública, vinculada ao Ministério da Justiça e Negócios Interiores.
Destaca-se, neste período, o médico Oswaldo Cruz que a frente dessa diretoria adotou o MODELO DE CAMPANHAS SANITÁRIAS destinado a combater as endemias urbanas e, posteriormente, as rurais.
Este modelo teve inspiração militar e consistia na interposição de barreiras que quebrassem a relação agente/hospedeiro, adotando ainda um estilo repressivo de intervenção médica, tanto nos indivíduos como na sociedade como um todo.
Na área da assistência individual, as ações de saúde eram eminentemente privadas. A assistência hospitalar pública assumia o caráter de assistência social: Abrigava e isolava os portadores de psicoses, hanseníase e tuberculose.
Nas demais áreas de atenção, a assistência aos que não podiam custeá-la, considerados indigentes, era praticada por entidades de caridades (geralmente as Santas Casas de Misericórdia).
2.2.2 De 1920 a 1945
O sanitarismo campanhista continua sendo a principal característica da política de saúde, nesta época
ocorre:
· Organização da campanha contra a tuberculose (1936);
· Realização das ações concentradas no combate as endemias rurais (malária).
Em 1942 foi criado o Serviço Especial de Saúde Pública (SESP), mantido na época, pela fundação
Rockefeller, mas dentro da política ministerial.
Surge a Assistência Previdenciária no País, com a Lei Elói Chaves em 24 de Janeiro de 1923. Esta lei cria, em cada uma das empresas de estrada de ferro, uma Caixa de Aposentadoria e Pensões (CAP) para os respectivos empregados. Mais tarde, em 1926, as CAPs foram estendidas aos portuários e marítimos.
As principais características das CAPs são:
· Concessão de benefícios pecuniários (aposentadorias e pensões);
· Prestação de serviços (assistência médica e farmacêutica) aos empregados e seus dependentes.
As CAPs eram organizadas pelas empresas, e administradas e financiadas pelos empregados e empregadores. O controle por parte do poder público era exercido a distancia, ou seja, com uma instância externa ao sistema administrativo, e destinado EXCLUSIVAMENTE à resolução de conflitos entre a administração das Caixas e algum segurado. Registram-se nesta época, a criação de 183 Caixas de Aposentadorias e Pensões.
As profundas mudanças que ocorrem no País a partir da Revolução de 1930, que colocou Getúlio Vargas no poder, a Queda da Bolsa de Nova Iorque em 1929 e a Longa crise de Café que culminou com a desvalorização deste produto no mercado internacional, provocaram o deslocamento do polo dinâmico da economia para os centros urbanos. Surgia, na estrutura da sociedade brasileira, um novo contingente formado por trabalhadores assalariados, principalmente nos setores de transporte e na indústria.
Assim, em 1933, nasce uma nova estrutura de previdência social, os Institutos de Aposentadorias e Pensões (IAPs), agora não mais por empresas, mas sim por categoria de trabalhadores, são criados então:
· Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Marítimos (IAPM);
· Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Bancários (IAPB);
· Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Empregados dos Transportes e Cargas (IAPTEC);
· Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Comerciários (IAPC) e dentre outros.
Com o surgimento dos IAPs houve um controle progressivo por parte do estado na gestão das instituições previdenciárias, passando o presidente dos institutos a ser nomeado pelo Presidente da República. Os representantes dos empregados e empregadores passaram a ser indicados pelos respectivos sindicatos, e não maisescolhidos por eleição direta.
Também com relação ao financiamento houve mudança, sendo instituída a participação do estado, além da dos empregados e empregadores, os recursos ficaram centralizados nas mãos do estado.
Esse processo de centralização do poder é coroado com a criação do Ministério do Trabalho, em
1930.
Registra-se também, em 1930, a criação do Ministério da Educação e Saúde, que passa a coordenar
as ações de saúde de caráter coletivo, voltadas para os trabalhadores assalariados.
2.2.3 De 1945 a 1966
A previdência social passa a ter importância muito grande e serviu de instrumento político eleitoral do governo (era Vargas).
Com o objetivo de uniformizar os benefícios aos segurados, foi formulada a Lei Orgânica da Previdência Social (LOPS).
No ano de 1953 é criado o Ministério da Saúde, que, na prática apenas incorporou a estrutura do antigo Departamento Nacional de Saúde, mantido com orçamento bastante escasso.
O início da década de 1960 foi marcado por insatisfações populares. A sociedade brasileira atingira considerável grau de industrialização e urbanização. A população clamava por mudanças estruturais, a insatisfação na área da saúde era mais uma das reivindicações populares que pediam reformas.
A intervenção do estado nos institutos (IAPs), sob o argumento de obter racionalidade financeira, se dá com a unificação dos mesmos no Instituto de Previdência Social (INPS) ocorrido em 1967.
Além da unificação dos institutos, a medida foi acompanhada do aumento do papel regulador do Estado e da exclusão dos trabalhadores e empregadores da gestão da previdência, cabendo a estes apenas o papel de financiadores. Concomitante a esta exclusão, cresce a influência de 3 grupos:
· Indústria farmacêutica;
· Equipamentos médico-hospitalares;
· Proprietário de hospitais.
Dos anos 1960 até meados dos anos 1980 vigora o MODELO MÉDICO-ASSISTENCIAL PRIVATISTA. As principais características desse modelo são: o privilegiamento da prática médico curativa,
individual, assistencialista e especializada, em detrimento da saúde pública, e a criação, mediante intervenção estatal, de um complexo médico-industrial privado, orientado para a geração de lucros.
2.2.4 De 1968 a 1980
Nesse período, a assistência à saúde ligada a previdência tem como principal característica a extensão da cobertura, que, a partir de 1971 passa a incluir os trabalhadores rurais, em 1972 as empregadas domésticas em 1973 os trabalhadores autônomos.
Em 1974 foi criado o Ministério da Previdência e Assistência Social (MPAS). Com a criação do MPAS são criados também o Fundo de Apoio ao Desenvolvimento Social (FAS), cujo os recursos são direcionados para o financiamento de construção de hospitais, produzindo enorme expansão da rede hospitalar, estas medidas elevaram muito os gastos previdenciários.
Ainda na década de 70, cresce as discursões pela busca de reformas nas políticas de saúde, surgindo o movimento conhecido como Reforma Sanitária. Surgem nos Departamentos de Medicina Preventiva das universidades brasileiras as ideias sobre:
· Medicina Comunitária;
· Conceito de Atenção Primária a Saúde (APS).
2.3 Período (1980 A 1990)
Em outubro de 1980, os Ministérios da Saúde e da Previdência Social apresentam um anteprojeto do Programa Nacional de Serviços Básicos de Saúde (PREV-SAÚDE), que acabou por se esvaziar diante do recuo do próprio governo federal, sob a alegação de falta de recursos financeiros para a sua implantação.
Logo em seguida nasce o Conselho Consultivo de Administração da Saúde Previdenciária (CONASP), cuja preocupação era de racionalizar despesas e controlar gastos. O principal desdobramento do Plano CONASP foi a implantação das Ações Integradas de Saúde (AIS) que buscava a reorganização institucional da assistência à saúde, como o objetivo de evitar ações paralelas e simultâneas entre as instituições sanitárias.
Com a implantação das Ações Integradas de Saúde (AIS) as prefeituras, pela primeira vez, iriam receber recursos federais oriundos da Previdência, mediante pagamento por serviços prestados (médico, odontológico e de enfermagem) realizados nos municípios.
Era um dinheiro novo, que no primeiro momento significou um acréscimo de recursos aos serviços municipais de saúde, até então, bancados por poucos recursos do orçamento municipal.
Avanços expressivos foram conseguidos em vários estados, possibilitado o fortalecimento da rede básica ambulatorial, aumentando a capacidade de atendimento à demanda, possibilitando a contratação de recursos humanos.
As AIS foram reconhecidas como um marco indiscutível de amplitude considerável, cobrindo mais de 2.500 municípios e quase 90% da população brasileira.
Na evolução da estratégia de mudanças na Política de Saúde do País, o passo seguinte às AIS foi a implantação do Sistema Unificado e Descentralizado de Saúde (SUDS), através do Decreto n° 94.657 de 20 de Julho de 1987.
Em 1986, foi realizada a 8ª Conferência Nacional de Saúde, sendo que, boa parte das teses e conclusões da conferência fazem parte dos textos da Constituição Federal Brasileira, como por exemplo:
“Saúde é direito de todos e dever do Estado”;
“As ações e serviços de saúde são de relevância pública”.
Nesta conferência (1986), o que ocorreu de mais importante foi a criação do Sistema Único de Saúde
(SUS).
A Constituição Federal de 1988 incorporou mudanças no papel do estado, criando novas relações
entre as diferentes esferas de governo, dano origem, enfim, ao SUS.
2.4 Período (1990 A 2001)
Para que ocorresse a efetiva implantação do SUS, houve um processo de elaboração e aprovação da legislação infraconstitucional denominada de “Leis Orgânicas de Saúde” (Leis 8.080 e 8.142) que detalhou princípios, diretrizes gerais e condições para a organização e funcionamento desse novo sistema de saúde. Essas leis foram objetos de muitas disputas políticas, e só foram concluídas em dezembro de 1990.
A organização básica das ações e serviços de saúde, quanto à direção, gestão, competências e atribuições de cada esfera de governo do SUS, foram temas detalhados pela Lei n° 8.080 de 19 de Setembro de 1990.
Esta lei teve que ser complementada, devido aos vetos que recebeu do então Presidente Fernando Collor de Melo, pela Lei n° 8.142 de 28 de dezembro de 1990.
De acordo com a Lei 8.142, compete ao SUS prestar assistência às pessoas por intermédio de ações de promoção, proteção e recuperação da saúde, com a realização integrada das ações assistências e das atividades preventivas, aí incluídas as ações de vigilância sanitária, vigilância epidemiológica, saúde do trabalhador e assistência terapêutica integral, inclusive farmacêutica.
A direção do SUS é única, e é exercida em cada esfera de governo pelos seguintes órgãos:
· No âmbito da União, pelo Ministério da Saúde;
· No âmbito dos Estados ou do Distrito Federal, pela respectiva secretaria de saúde;
· No âmbito dos municípios, pela respectiva secretaria de saúde.
3. PRINCÍPIOS DOUTRINÁRIOS DO SUS
Ao longo de sua formação histórica, os modelos de desenvolvimento adotados no Brasil priorizaram as questões econômicas em detrimento das sociais, tendo como resultado o empobrecimento de parcelas significativas da população, gerando exclusão social e produzindo no meio ambiente um processo de fragmentação e divisão desordenada do espaço territorial.
O SUS tem por objetivo estruturar as práticas de saúde propostas para a sociedade brasileira. Em termos práticos, o modelo de atenção contém as orientações básicas para o desenvolvimento das práticas de saúde em nível local, regional e nacional.
Quais são os Princípio Doutrinários do SUS?
A construção do SUS sustenta-se nos princípios de:
· Equidade;
· Integralidade;
· Universalidade;
· Descentralização;
· Controle social da atenção à saúde.
Princípio da Equidade dispõe sobre a igualdade no direito a assistência à saúde, definida com base nas situações de risco, condições de vida e estado de saúde da população;
Princípio da Integralidade orienta as práticas de saúde pela visão integral do homem, de tal forma que o estado dos indivíduos e dacoletividade sejam considerados como resultantes das condições de vida expressas em aspectos como educação, lazer, renda, alimentação, liberdade, condições de trabalho, relação com o meio ambiente, habitação, etc.;
Princípio da Universalidade garante o acesso de todo cidadão aos bens e serviços produzidos na rede de atenção à saúde, independente de vínculo empregatício ou de contribuição previdenciária, sem preconceitos ou privilégios;
Processo de Descentralização promove-se a redistribuição do poder, nas suas vertentes técnica, política e administrativa no âmbito das práticas de atenção à saúde, entre os três níveis político- administrativos do SUS (federal, estadual e municipal);
Portanto, compreende-se a descentralização como um processo de transferência de responsabilidade e recursos da União para os estados e destes, principalmente, para os municípios, onde deve constituir-se a maior parte da estrutura assistencial em saúde;
Controle Social como um conjunto de práticas que visam ao exercício da cidadania e à garantia do acesso do cidadão a informações sobre saúde. O controle social se efetiva com a participação nos Conselhos Nacional, Estadual e Municipal legalmente legitimados nas Conferências de Saúde, que devem ser realizadas a cada dois anos.
Nos municípios, além do Conselho Municipal pode-se encontrar dois outros fóruns de participação:
· Conselho Distrital: que representa determinada região local;
· Conselho Gestor: que controla o funcionamento das unidades de saúde.
4. NORMA OPERACIONAL BÁSICA
4.1 Norma Operacional Básica N° 01/91
Com vistas a regulamentar o processo de descentralização proposto pelo SUS, é editada pelo presidente do INAMPS, através da Resolução n° 273, de 17 de Julho de 1991 a Norma Operacional Básica n° 01/91 (NOB 01/91).
Esta norma descaracteriza os principais objetivos do SUS, a qual define:
“Estados e municípios passaram a receber por produção de serviços de saúde, nas mesmas tabelas nacionais existentes para o pagamento dos prestadores privados, impondo um modelo de atenção à saúde voltado para a produção de serviços e avaliado pela quantidade de procedimentos executados, independentemente da qualidade e dos resultados alcançados. Ou seja, continuou prevalecendo a estrutura de compra de serviços de saúde do INAMPS, agora aplicado aos gestores estaduais e municipais”.
4.2 Norma Operacional Básica N° 01/93
Insatisfeitos com a saúde no país, as lideranças do movimento pela reforma sanitária demandavam a realização da IX Conferência Nacional de Saúde, a qual foi realizada em Agosto de 1992 como o seguinte tema:
“Municipalização da saúde, condição indispensável para a efetiva implantação do SUS”.
O texto do documento dessa conferencia após ser discutido e analisado pelos vários atores da área (gestores, setor privado, entidades de representação popular e sindical, instituições públicas, entidades científicas e etc), ganhou uma nova versão e constituiu-se na Norma Operacional Básica n° 01/93 (NOB 01/93), aprovada pelo Conselho Nacional de Saúde e publicada em 20 de Maio de 1993, através da Portaria do Ministério da Saúde n° 545.
A NOB 01/93 estabeleceu duas condições de gestão para os ESTADOS:
1. Condição de Gestão Parcial:
· Coordenara a rede de referencia estadual e gerir o sistema de saúde de alta complexidade, além do tratamento fora de domicílio, medicamentos especiais e etc.
2. Condição de Gestão Semiplena:
· Cabe ao estado assumir a completa responsabilidade sobre a gestão da prestação de serviços (planejamento, cadastramento, controle e pagamento de prestadores ambulatoriais e hospitalares públicos e privados).
A NOB 01/93 estabeleceu três condições de gestão para os MUNICIPIOS:
1. Condição de Gestão Incipiente:
- Condição de assumir o gerenciamento das unidades ambulatoriais públicas existentes no município, desenvolvendo ações básicas de saúde, nutrição, educação, vigilância epidemiológica e sanitária, e aquelas ligadas à saúde do trabalhador.
2. Condição de Gestão Parcial:
- Caberia ao município receber mensalmente todos os recursos referentes aos serviços prestados e administrá-lo de acordo com a demanda de saúde do município.
3. Condição de Gestão Semiplena:
- Caberia ao município assumir a completa responsabilidade sobre a gestão da prestação de serviços: planejamento, contratação, controle e pagamento de prestadores ambulatoriais e hospitalares, públicos e privados.
4.3 Norma Operacional Básica N° 01/96
As principais mudanças previstas nesta norma dizem respeito à forma de repasses financeiros, com transferência regular e automática fundo a fundo, possibilitando autonomia aos municípios e estados a tão sonhada GESTÃO DESCENTRALIZADA.
5. FORMAS DE FAMÍLIA
A família continua a ser a instituição central dentro da sociedade. Embora a família esteja em transição e possa parecer bem diferente das famílias dos anos 1950, a unidade familiar está aqui para permanecer.
As famílias enfrentam muitos desafios, inclusive o impacto da saúde e doença, criação e orientação infantil e etc. A família pode ser definida biologicamente, legalmente, ou como uma rede social com laços construídos de personalidade e ideologias. As formas de famílias existentes são:
· Família Nuclear: Consiste em marido e mulher (talvez uma ou mais crianças);
· Família Extensiva: Inclui parentes (tios, tias, avós e primos) adicionados a família nuclear;
· Família composta do Pai ou da Mãe: Esta família se apresenta quando um dos pais deixa a família nuclear, devido a morte, divórcio, ou quando a pessoa solteira resolver ter ou adotar um filho;
· Família por Combinação: Formada quando os pais trazem crianças não relacionadas a sua família atual, originadas de relacionamentos anteriores.
· Padrões Alternados de Relacionamentos: Incluem pessoas que vivem numa casa e que são de diferentes gerações (avós cuidando de netos), adultos vivendo sozinhos e casais homossexuais.
PROGRAMAS DE SAÚDE
1. SAÚDE DO TRABALHADOR
1.1 ASPECTOS CONCEITUIAS
SAÚDE DO TRABALHADOR refere-se ao conjunto de atividades que se destina, através de ações de vigilância epidemiológica e sanitária, à promoção e proteção da saúde dos trabalhadores, assim como visa à recuperação e reabilitação da saúde dos trabalhadores submetidos aos riscos e agravos advindos das condições de trabalho.
Neste contexto, considera a saúde e a doença como processos dinâmicos, estreitamente articulados com os modos de desenvolvimento produtivo da humanidade em determinado momento histórico.
Parte do princípio de que a forma de inserção dos homens, mulheres e crianças nos espaços de trabalho contribui decisivamente para formas específicas de adoecer e morrer.
TRABALHADOR é toda pessoa que exerça uma atividade de trabalho, independentemente de estar inserido no mercado formal ou informal de trabalho, inclusive na forma de trabalho familiar e/ou doméstico. O mercado informal no Brasil tem crescido acentuadamente nos últimos anos. Segundo o Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística-IBGE, cerca de 2/3 da população, economicamente ativa.
A execução de atividades de trabalho no espaço familiar tem acarretado a transferência de riscos ocupacionais para o fundo dos quintais, ou mesmo para dentro das casas, num processo conhecido como DOMICILIAÇÃO DO RISCO.
ACIDENTE DE TRABALHO o termo refere-se a todos os acidentes que ocorrem no exercício da atividade laboral, ou no percurso de casa para o trabalho e vice-versa, podendo o trabalhador estar inserido tanto no mercado formal como informal de trabalho.
As DOENÇAS OCUPACIONAIS referem-se a um conjunto de danos ou agravos que incidem sobre a saúde dos trabalhadores, causados/ desencadeados ou agravados por fatores de risco presentes nos locais de trabalho. A maior incidência ocorre na faixa dos 30 aos 40 anos, prejudicando a produtividade do trabalhador e podendo interromper sua carreira e desestabilizar a sua vida.
A Portaria do Ministério do Trabalho, n° 3214, de 08/06/78, define AGENTE DE RISCO como “Qualquer componente de natureza física química biológica que possa comprometer a saúde do Homem,dos animais do ambiente ou a qualidade dos trabalhos desen ol idos”.
1.2 CLASSIFICAÇÃO DOS FATORES DE RISCO
Os fatores de risco para a saúde do trabalhador são classificados em Riscos Físicos, Riscos Biológicos, Riscos Químicos, Riscos Ergonômicos e Riscos de Acidentes.
1.2.1 Riscos Físicos
Formas físicas a que estão expostos os trabalhadores como: vibrações, ruídos, pressões anormais, temperaturas extremas, radiações ionizantes, radiações não ionizantes, ultrassom, materiais cortantes e pontiagudos e etc.;
1.2.2 Riscos Químicos
São causados por substâncias, compostos ou produtos que penetrem no organismo pela via respiratória, nas formas de poeira, fumaça, névoas, neblinas, gases, vapores, ou que, pela natureza da atividade possam ser absorvidos pela pele ou ingestão.
1.2.3 Riscos Biológicos
São aqueles ocasionados pela exposição às bactérias, fungos, parasitas, vírus e outros. Os critérios para classificar os riscos biológicos são:
· Patogenicidade para o homem;
· Virulência;
· Transmissibilidade;
· Disponibilidade de medidas profiláticas eficazes;
· Disponibilidade de tratamento eficaz;
· Endemicidade.
1.2.4 Riscos Ergonômicos
Qualquer fator que interfere nas características psicofisiológicas do trabalhador causando desconforto ou afetando sua saúde.
Ex: Levantamento e transporte de peso, ritmo excessivo de trabalho, monotonia, repetitividade, responsabilidade excessiva, postura inadequada e trabalho em turnos.
1.2.5 Riscos de Acidentes
Riscos de Acidentes e definido pela Portaria n° 3.214-78 Ministério do Trabalho como: “Qualquer fator que coloque o trabalhador em situação de perigo e que possa afetar sua integridade e o bem estar físico e moral”.
Exemplos: máquinas e equipamentos sem proteção, probabilidade de incêndio e explosão, armazenamento inadequado, entre outros;
1.3 PAPEL DO MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO – MTE
O MTE tem o papel, entre outros, de realizar a inspeção e a fiscalização das condições e dos ambientes de trabalho em todo o território nacional.
1.4 O PAPEL DO MINISTÉRIO DA PREVIDÊNCIA E ASSISTÊNCIA SOCIAL – MPAS
Apesar das inúmeras mudanças em curso na Previdência Social, o Instituto Nacional do Seguro Social-INSS ainda é o responsável pela perícia médica, reabilitação profissional e pagamento de benefícios.
Deve-se destacar que só os trabalhadores assalariados, com carteira de trabalho assinada, inseridos no chamado mercado formal de trabalho, terão direito ao conjunto de benefícios acidentários garantidos pelo MPAS/INSS, o que corresponde, atualmente, a cerca de 22 milhões de trabalhadores.
Portanto, os trabalhadores autônomos, mesmo contribuintes do INSS, não têm os mesmos direitos quando comparados com os assalariados celetistas.
Para o INSS, o instrumento de notificação de acidente ou doença relacionada ao trabalho é a Comunicação de Acidente do Trabalho (CAT) que deverá ser emitida pela empresa até o primeiro dia útil seguinte ao do acidente.
Em caso de morte a comunicação deve ser feita imediatamente; em caso de doença, considera-se o dia do diagnóstico como sendo o dia inicial do evento.
1.5 AÇÕES EM SAÚDE DO TRABALHADOR DESENVOLVIDAS PELAS EQUIPES DE SAÚDE
1.5.1 Agente Comunitária(o) de Saúde (ACS)
· Notificar à equipe de saúde a existência de trabalhadores em situação de risco, trabalho precoce e trabalhadores acidentados ou adoentados pelo trabalho.
· Informar à família e ao trabalhador o dia e o local onde procurar assistência.
· Planejar e participar das atividades educativas em Saúde do Trabalhador.
1.5.2 Auxiliar de Enfermagem/Técnico de Enfermagem
· Acompanhar, por meio de visita domiciliar, os trabalhadores que sofreram acidentes graves e/ou os portadores de doença relacionada ao trabalho que estejam ou não afastados do trabalho ou desempregados.
· Preencher e organizar arquivos das fichas de acompanhamento de Saúde do Trabalhador.
· Participar do planejamento das atividades educativas em Saúde do Trabalhador.
1.5.3 Enfermeiro(a)
· Programar e realizar ações de assistência básica e de vigilância à Saúde do Trabalhador.
· Realizar investigações em ambientes de trabalho e junto ao trabalhador em seu domicilio.
· Realizar entrevista com ênfase em Saúde do Trabalhador.
· Notificar acidentes e doenças do trabalho, por meio de instrumentos de notificação utilizados pelo setor saúde.
· Planejar e participar de atividades educativas no campo da Saúde do Trabalhador.
2. SAÚDE DA COMUNIDADE
As organizações de saúde com base na comunidade utilizam recursos para manter o indivíduo o mais saudável possível, prestando cuidados à doença no ambiente familiar do paciente. A enfermagem de saúde da comunidade é um componente da prestação do cuidado de saúde necessário para melhorar a saúde do público em geral.
Com esse novo enfoque, a enfermagem está em uma posição especialmente vantajosa para desempenhar um importante papel na prestação do cuidado a saúde, pois, a equipe utiliza-se da prática HOLÍSTICA da enfermagem.
Os desafios no cuidado da saúde com base na comunidade são muitos, dentre eles podemos destacar:
· Estilos de vida social (desigualdade social);
· Aumento das DSTs, Poluição Ambiental;
· Imunização deficiente dos lactentes e crianças, Crescimento de usuários de drogas e etc. O profissional que trabalha com saúde pública deve conhecer:
· Os fatores que influenciam a promoção da saúde e a manutenção da saúde dos grupos;
· As tendências e padrões que influenciam a incidência das doenças nas populações;
· Fatores ambientais que contribuem para o processo saúde/doença.
O atendimento de enfermagem envolve o cuidado intensivo dos pacientes e familiares, melhorando sua capacidade de autocuidado e promovendo a autonomia na tomada de decisão. A família deverá envolvida no planejamento, tomada de decisão, implementação e avaliação das abordagens do cuidado de saúde.
3. PROGRAMA SAÚDE DA FAMÍLIA (PSF)
A Saúde da Família é entendida como uma estratégia de reorientação do modelo assistencial, operacionalizada mediante a implantação de equipes multiprofissionais em unidades básicas de saúde.
No Brasil a origem do PSF remonta a criação do Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS) em 1991, como parte do processo de reforma do setor da saúde, desde a Constituição, com o intuito de aumentar a acessibilidade ao sistema de saúde e incrementar as ações de prevenção e promoção da saúde.
A origem do Programa Saúde da Família (PSF) no Brasil, conhecido hoje como Estratégia da Saúde da Família (ESF), teve início, em 1994 quando o Ministério da Saúde lançou o PSF como política nacional
de atenção básica, com caráter organizativo e substitutivo, fazendo frente ao modelo tradicional de assistência primária baseada em profissionais médicos especialistas focais.
Percebendo a expansão do Programa Saúde da Família que se consolidou como estratégia prioritária para a reorganização da Atenção Básica no Brasil, o governo emitiu a Portaria Nº 648, de 28 de Março de 2006, onde ficava estabelecido que o PSF é a estratégia prioritária do Ministério da Saúde para organizar a Atenção.
Em 2011 a Portaria n° 2.488/2011 REVOGOU a Portaria nº 648/2006 e demais disposições em contrário ao estabelecer a revisão de diretrizes e normas para a organização da Atenção Básica e aprovar a Política Nacional de Atenção Básica para a Estratégia Saúde da Família (ESF) e para o Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS).
As equipes atuam com ações de promoção da saúde, prevenção, recuperação, reabilitação de doenças e agravos mais frequentes, e na manutenção da saúde da comunidade. Cada equipe se responsabiliza pelo acompanhamento de, no máximo, 4 mil habitantes, sendo a média recomendada de 3 mil habitantes de uma determinada área.
A equipe de saúde deverá ser composta por no mínimo:
· Médico Especialista em Saúde da Família (01);
· Enfermeiro Especialista em Saúde da Família (01);
· Auxiliar/Técnico de enfermagem (01);
· Agentes Comunitários de Saúde (06).
Quando ampliada, a unidade poderá contar ainda com:
· Dentista (01);
· Auxiliar de Consultório Dental/Técnico em Higiene Bucal (01).
Dentreas atribuições do Auxiliar/Técnico de Enfermagem estão:
· Participar das atividades de atenção realizando procedimentos regulamentados no exercício de sua profissão na UBS e, quando indicado ou necessário, no domicílio e/ou nos demais espaços comunitários (escolas, associações etc);
· Realizar atividades programadas e de atenção à demanda espontânea;
· Realizar ações de educação em saúde a população adstrita, conforme planejamento da equipe;
· Participar do gerenciamento dos insumos necessários para o adequado funcionamento da UBS;
· Contribuir, participar e realizar atividades de educação permanente.
4. PROGRAMA FÁRMACIA POPULAR
Programa Farmácia Popular do Brasil tem como um dos seus principais objetivos a ampliação do acesso da população aos medicamentos básicos e essenciais, diminuindo, assim, o impacto do preço dos remédios no orçamento familiar.
O Programa possui uma rede própria de Farmácias Populares e a parceria com farmácias e drogarias da rede privada, chamada de "Aqui tem Farmácia Popular".
Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) e de instituições brasileiras indicam que as famílias de menor renda destinam 2/3 dos gastos com saúde para a compra de remédios.
O Programa destina-se ao atendimento igualitário de pessoas usuárias ou não dos serviços públicos de saúde, e que têm dificuldades em adquirir medicamentos de que necessitam em estabelecimentos farmacêuticos comerciais. Por vezes, essas dificuldades levam ao não-cumprimento regular do tratamento.
Nesse caso, quando se trata de doenças crônicas como a hipertensão e diabetes, a eventual utilização irregular de medicamentos compromete os resultados esperados com o tratamento.
A consequência natural é o agravamento do quadro e o aparecimento de complicações que, em muitos casos, são tratadas nos serviços ligados ao Sistema Único de Saúde. Dessa forma, considera-se que a possibilidade de aquisição de medicamentos a baixo custo na Farmácia Popular, repercutirá em melhoria das condições de saúde da população-alvo.
O acesso aos benefícios do Programa é assegurado mediante a simples apresentação de receituário médico ou odontológico, prescrito de acordo com a legislação vigente, contendo um ou mais medicamentos disponíveis.
5. PROGRAMA HUMANIZA SUS
Lançada em 2003, a Política Nacional de Humanização (PNH) busca colocar em prática os princípios do SUS no cotidiano dos serviços de saúde, produzindo mudanças nos modos de gerir e cuidar.
A PNH estimula a comunicação entre gestores, trabalhadores e usuários para construir processos coletivos de enfrentamento de relações de poder, trabalho e afeto que muitas vezes produzem atitudes e práticas desumanizadoras que inibem a autonomia e a corresponsabilidade dos profissionais de saúde em seu trabalho e dos usuários no cuidado de si.
A PNH conta com um núcleo técnico sediado em Brasília-DF e equipes regionais de apoiadores que se articulam às secretarias estaduais e municipais de saúde.
A partir desta articulação se constroem, de forma compartilhada, planos de ação para promover e disseminar inovações em saúde. Com a análise dos problemas e dificuldades em cada serviço de saúde e tomando por referência experiências bem-sucedidas de humanização, a PNH tem sido experimentada em todo o país.
Os princípios do Humaniza SUS são:
· Transversalidade: A PNH deve se fazer presente e estar inserida em todas as políticas e programas do SUS. A PNH busca transformar as relações de trabalho a partir da ampliação do grau de contato e da comunicação entre as pessoas e grupos. TRANSVERSALIZAR é reconhecer que as diferentes especialidades e práticas de saúde podem conversar com a experiência daquele que é assistido. Juntos, esses saberes podem produzir saúde de forma mais responsável;
· Indissociabilidade entre atenção e gestão: As decisões da gestão interferem diretamente na atenção à saúde. Por isso, trabalhadores e usuários devem buscar conhecer como funciona a gestão dos serviços e da rede de saúde, assim como participar ativamente do processo de tomada de decisão nas organizações de saúde e nas ações de saúde coletiva. Ao mesmo tempo, o cuidado e a assistência em saúde não se restringem às responsabilidades da equipe de saúde. O usuário e sua rede sócio familiar devem também se corresponsabilizar pelo cuidado de si nos tratamentos, assumindo posição protagonista com relação a sua saúde e a daqueles que lhes são queridos;
· Protagonismo, corresponsabilidade e autonomia dos sujeitos e coletivos: Qualquer mudança na gestão e atenção é mais concreta se construída com a ampliação da autonomia e vontade das pessoas envolvidas, que compartilham responsabilidades.
Os usuários não são só pacientes, os trabalhadores não só cumprem ordens: as mudanças acontecem com o reconhecimento do papel de cada um. Um SUS humanizado reconhece cada pessoa como legítima cidadã de direitos e valoriza e incentiva sua atuação na produção de saúde.
Os Objetivos do HumanizaSUS são:
· Contagiar trabalhadores, gestores e usuários do SUS com os princípios e as diretrizes da humanização;
· Fortalecer iniciativas de humanização existentes;
· Implementar processos de acompanhamento e avaliação, ressaltando saberes gerados no SUS e experiências coletivas bem-sucedidas.
Os resultados que o HumanizaSUS espera são:
· Redução de filas e do tempo de espera, com ampliação do acesso;
· Atendimento acolhedor e resolutivo baseado em critérios de risco;
· Garantia dos direitos dos usuários;
· Valorização do trabalho na saúde.
6. PROGRAMA BANCO DE LEITE HUMANO
O Banco de Leite Humano é um centro especializado, obrigatoriamente vinculado a um hospital materno e/ou infantil, responsável pela promoção do aleitamento materno e execução das atividades de coleta, processamento e controle de qualidade de colostro, leite de transição e leite humano maduro, para posterior distribuição, sob prescrição do médico ou de nutricionista.
O primeiro banco de leite humano do Brasil foi implantado em outubro de 1943 na cidade do Rio de Janeiro no então Instituto Nacional de Puericultura, atual Instituto Fernandes Figueira (IFF).
O Brasil possui a maior e mais complexa Rede de Bancos de Leite Humano do Mundo, reconhecida pela Organização Mundial de Saúde por meio do Prêmio Sasakawa conferido em 2001. Hoje a rede brasileira possui 186 bancos de leite humano.
O Banco de Leite Humano é um estabelecimento sem fins lucrativos, sendo VEDADA à compra e venda na aquisição e distribuição dos seus produtos.
Os procedimentos adotados para o processamento e o controle de qualidade do leite humano são sensíveis e seguros o suficiente para não colocar em risco a saúde dos consumidores.
Em Manaus temos:
1- Banco de Leite Humano Amazonas: Localizado na Maternidade Ana Braga, está em funcionamento desde outubro de 2004;
2- Banco de Leite Humano do Instituto da Mulher Dona Lindu: Está em funcionamento desde agosto de 2010;
3- Banco de Leite Humano da Galileia: Localizado na Maternidade Azilda da Silva Marreiro, foi implantado em setembro de 2011.
7. PROGRAMA SAÚDE DA CRIANÇA
7.1 ASPECTOS CONCEITUAIS
Desde as épocas mais remotas da História, a criança foi tratada com descaso, sendo considerado um ser humano inferior aos demais. Ao nascer, podia ser tanto desprezada, como morta.
Em Roma, por exemplo, o pai era responsável pelo seu destino. Quando erguia os braços levantando a criança ao colo significava que ela deveria viver, caso contrário, ela era atirada aos leões.
O infanticídio era praticado nas tribos primitivas por superstição, por questões econômicas, para manter igualado o número de meninos e meninas, dentre outros motivos igualmente bárbaros. Essa prática cruel foi utilizada pelos mais diferentes povos e nações (gregos, romanos, persas e árabes).
Aos poucos, com o progresso das civilizações e com o advento do pensamento cristão, a criança passou a ser valorizada e entendida como alguém que precisa ser amparada e assistida.
No Brasil, durante séculos, a assistência às crianças pobres ficou a cargo das instituições religiosas, que lhes ofereciam abrigo e alimentação e, em troca, recebiamdinheiro. Devido às condições precárias, a grande maioria das crianças recolhidas a esses internatos ali morria acometida de doenças.
Nas últimas décadas, a assistência à criança, no processo saúde-doença, tem sofrido modificações acentuadas, não se admitindo nos dias atuais que os profissionais de saúde ignorem a importância do papel da mãe, da família e da comunidade. Mais ainda, cuidar da criança envolve também cuidar de sua família, considerando suas necessidades nos diferentes aspectos.
7.2 MORTALIDADE INFANTIL
A redução da mortalidade infantil é ainda um grande desafio no País para os gestores, profissionais de saúde e para a sociedade como um todo. Esta situação é agravada quando se reconhece que em sua maioria estas mortes precoces podem ser consideradas evitáveis, determinadas pelo acesso em tempo oportuno a serviços de saúde resolutivos e qualificados.
7.3 PRINCÍPIOS NORTEADORES DO CUIDADO NA SAÚDE DA CRIANÇA
Acesso Universal: Deve ser entendido como o direito de toda criança receber assistência de saúde, bem como a responsabilidade da unidade de saúde em receber todos os que procuram a unidade;
Acolhimento: Receber toda criança que procura o serviço de saúde com escuta qualificada, estabelecendo uma relação cidadã e humanizada, definindo o encaminhamento mais adequado para a resolução das demandas identificadas;
Responsabilização: Definição da população sob a responsabilidade da equipe, estabelecimento de vínculo entre o profissional de saúde e o usuário, garantindo a continuidade da assistência, com a responsabilização dos profissionais e da unidade de saúde sobre a saúde integral da criança e sobre os problemas colocados, até a sua completa resolução;
Assistência Integral: Abordagem global da criança, contemplando todas as ações de saúde adequadas para prover resposta satisfatória na produção do cuidado, não se restringindo apenas às demandas apresentadas;
Assistência Resolutiva: Promover a articulação necessária para disponibilizar os diversos saberes e recursos adequados à necessidade apresentada, em todos os níveis de atenção;
Equidade: Com a definição das prioridades para atuação no processo de organização da assistência à saúde da criança, com maior alocação dos recursos onde é maior a necessidade;
7.4 ENFERMAGEM E A SAÚDE INTEGRAL DA CRIANÇA
A equipe de enfermagem, ao atender uma criança e sua mãe com algum agravo à saúde, quer seja na comunidade quer seja no hospital, deverá atentar não só para o que é referido sobre a doença atual, mas também investigar os motivos que possam tê-la levado ao quadro clínico. Assim, é necessário:
· Conhecer como se deu o crescimento e o desenvolvimento, desde o nascimento até a atualidade, e como podem ter sido afetados;
· Conhecer as condições do meio ambiente em que vive, atentando para as condições físicas, os recursos disponíveis para o sustento da família, a sua constituição, suas crenças, hábitos e valores;
· Considerar os aspectos afetivos, culturais e sociais;
· Estabelecer uma relação de respeito e confiança com a família, de modo a favorecer a relação de ajuda;
· Identificar os problemas de saúde, oferecendo suporte para o atendimento às necessidades do cliente/família, possibilitando-lhes, quando possível, participar de maneira ativa do processo de recuperação da saúde.
7.5 INCENTIVO AO ALEITAMENTO MATERNO
Iniciar bem a vida é fundamental e pode acontecer somente se houver condição favorável para a prática da alimentação saudável acompanhada pela afetividade e pelo bem-estar proporcionado pela amamentação.
A amamentação quando praticada de forma exclusiva até os seis meses e complementada com alimentos apropriados até os dois anos de idade ou mais, demonstra grande potencial transformador no crescimento, desenvolvimento e prevenção de doenças na infância e idade adulta.
Você identifica uma criança que apresenta um quadro de diarréia.
Conversando com a mãe, constata que vivem em dois cômodos, sem água encanada, filtro, vaso sanitário e coleta adequada de lixo. Você concluirá, certamente, que, diante de tal situação, a higiene das pessoas que ali vivem como também a limpeza do ambiente, deverá estar precária. O local facilita a instalação e proliferação de germes dos mais variados.
O técnico de enfermagem deverá dar as seguintes orientações à criança/família:
A) Quanto a condutas com a higiene pessoal e cuidados com a pele:
· Fazer toda e qualquer higiene do corpo utilizando sabão para facilitar a remoção de gordura, suor, poeira e germes que possam estar aderidos à pele;
· Lavar as mãos antes do preparo da alimentação e das refeições;
· Manter as unhas cortadas e limpas, assim como os pelos do corpo;
· Usar roupas limpas.
B) Quanto a condutas em relação à ingestão de água e alimentos:
· Ingerir água filtrada e fervida (por 15 minutos);
· Manter os recipientes de água tampados;
· Lavar o filtro uma vez por semana;
· Lavar com água e sabão todos os alimentos, principalmente aqueles que serão consumidos crus.
C) Quanto a condutas em relação ao ambiente:
· Manter o lixo em depósito tampado ou em sacos plásticos, para posterior coleta e tratamento;
· Não jogar fezes e urina em rios nem em valas;
· Usar fossa séptica (reservatório onde a matéria orgânica é decomposta e descarregada em escavação profunda).
D) Quanto à ingestão de líquidos e alimentação:
· Fazer com que a criança beba líquidos e eletrólitos (soro caseiro) em grande quantidade, para evitar desidratação;
· Reforçar sua alimentação, mantendo o aleitamento materno ou introduzindo o leite artificial.
Embora muitos ainda neguem, pesquisas feitas por psicólogos, enfermeiros e médicos têm constatado que a presença de um familiar/ acompanhante junto à criança tem diminuído a incidência de traumas decorrentes dos procedimentos dolorosos, feitos pelos profissionais de saúde.
A enfermagem realiza grande parte dos procedimentos indispensáveis à criança, como também tem maior possibilidade de estar a seu lado. Portanto, esse contato deve ser afetivo e efetivo, feito para amenizar o sofrimento, a dor da criança, de modo a lhe restabelecer a saúde.
Toda ação deve ser realizada de maneira delicada, com tranquilidade e sem pressa. Se o profissional está tentando puncionar uma veia e não consegue fazê-lo até a terceira tentativa, se possível, deve passar a tarefa para outro membro da equipe.
Se não houver ninguém, deve aguardar e tentar em outro momento, evitando-se, assim, aumentar o sofrimento da criança. Evite conter a criança no leito com ataduras ou qualquer outro tipo de material. Mesmo aquelas muito agitadas que ficam querendo retirar cateteres, sondas.
Procure descobrir os reais motivos do que está acontecendo e discuta com outro profissional e a família o que pode ser feito para acalmá-la. Procure respeitar seus momentos de descanso. O sono e o repouso também são necessários para seu restabelecimento.
7.6 ASPECTOS DO CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO
Acompanhar o crescimento e o desenvolvimento da criança e do adolescente é dever do Estado e direito da população, o que tem sido recomendado pelas organizações mundiais como um compromisso universal a ser seguido por todos os países.
Cumprindo tal determinação, desde 1984, o Ministério da Saúde determinou que fazê-lo constitui uma das ações básicas da assistência à saúde da população infantil. Para esse segmento, devemos utilizar como instrumento o Cartão da Criança, que contém a curva de crescimento e a ficha de acompanhamento do desenvolvimento.
Toda a equipe de saúde deve estar preparada para esse acompanhamento, identificando crianças de risco, fazendo busca ativa de crianças faltosas ao calendário de acompanhamento do crescimento e desenvolvimento, detectando e abordando adequadamente as alterações na curva de peso e no desenvolvimento da criança.
Avaliar o crescimento e o desenvolvimento da criança significa acompanhar seu amadurecimento biológico, psicológico, intelectual e moral. Esses fatores determinarão seu modo de viver e interagir com o ambiente e as pessoas.
A infância compreende três estágios:
· Primeira infância (até os2 anos de idade);
· Segunda infância ou fase pré-escolar (dos 2 aos 6 anos);
· Terceira infância ou fase escolar (dos 6 anos até o início da puberdade).
7.7 ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL NA INFÂNCIA
A abordagem da criança/família pela equipe de saúde deve destacar a importância dos hábitos alimentares, como um meio eficiente de promoção da saúde, controle dos desvios alimentares/nutricionais e prevenção de várias doenças, na infância e na futura vida adulta, como as deficiências nutricionais, as doenças crônicas, sobrepeso e obesidade.
7.8 IMUNIZAÇÃO
Mesmo com os avanços alcançados no controle das doenças imunopreveníveis na última década, muito ainda deve ser feito para se atingir a meta de vacinar com o esquema básico no mínimo 95% das crianças que nascem a cada ano, além de atingir um alto percentual de municípios com cobertura vacinal adequada por estado, garantindo assim a interrupção da circulação dos agentes etiológicos das doenças imunopreveníveis.
7.9 ATENÇÃO AS DOENÇAS PREVALENTES
As doenças diarreicas e respiratórias persistem como graves problemas para a criança e quando associadas à desnutrição colocam em risco a sua vida.
As parasitoses intestinais seguem com prevalência significativa na infância, interferindo no desenvolvimento adequado da criança, o que demanda, conjuntamente com a doença diarreica.
As doenças respiratórias são o primeiro motivo de consulta em ambulatórios e serviços de urgência.
7.10 ATENÇÃO SAÚDE BUCAL
Os cuidados de higiene bucal devem ser constantemente estimulados e construídos nas diversas ações das equipes de saúde, como a única maneira de se controlar a microbiota bucal no dia-a-dia.
7.11 PREVENÇÃO DE ACIDENTES, MAUS-TRATOS/VIOLÊNCIA E TRABALHO INFANTIL
A abordagem de problemas relevantes em saúde pública na atualidade, como a violência urbana, a violência doméstica, os acidentes domésticos e do trânsito, são causas importantes de morbidade na infância e primeira causa de mortalidade a partir de 4 anos, e traz aos serviços de saúde a necessidade de estruturação diferenciada.
Existem violências que deixam marcas não visíveis por toda a vida, como é o caso do abuso sexual, o abandono, a negligência e a violência psicológica. Cabe às equipes de saúde identificar e notificar os casos de violência e maus-tratos, comunicar e referenciar todos os casos suspeitos ou confirmados.
8. PROGRAMA SAÚDE DA MULHER
As mulheres são a maioria da população brasileira (50,77%) e as principais usuárias do Sistema Único de Saúde (SUS). Frequentam os serviços de saúde para o seu próprio atendimento, mas, sobretudo, acompanhando crianças e outros familiares, pessoas idosas, com deficiência, vizinhos, amigos.
São também cuidadoras, não só das crianças ou outros membros da família, mas também de pessoas da vizinhança e da comunidade. A situação de saúde envolve diversos aspectos da vida, como a relação com o meio ambiente, o lazer, a alimentação e as condições de trabalho, moradia e renda.
No caso das mulheres, os problemas são agravados pela discriminação nas relações de trabalho e a sobrecarga com as responsabilidades com o trabalho doméstico. Outras variáveis como raça, etnia e situação de pobreza realçam ainda mais as desigualdades. As mulheres vivem mais do que os homens, porém adoecem mais frequentemente.
As histórias das mulheres na busca pelos serviços de saúde expressam discriminação, frustrações e violações dos direitos e aparecem como fonte de tensão e mal-estar psíquico-físico. Por essa razão, a humanização e a qualidade da atenção implicam na promoção, reconhecimento, e respeito aos seus direitos humanos, dentro de um marco ético que garanta a saúde integral e seu bem-estar.
Muitas famílias hoje são chefiadas por mulheres, que possuem uma dupla jornada de trabalho, pois, além de trabalhar fora, dão conta de todas as tarefas domésticas.
Se voltarmos um pouco, à década de 70, vamos encontrar propostas de programas para dar assistência à saúde da mulher, que eram destinadas à mulher-mãe, obedecendo a uma tradicional visão onde a maternidade era a única forma da mulher ser reconhecida socialmente consequentemente receber benefícios. Daí vem a definição de área materno-infantil, que se preocupava com a mãe e a criança, não havendo igual preocupação com outros problemas relacionados à mulher.
O Programa Assistência Integral à saúde da Mulher (PAISM) foi elaborado pelo Ministério da Saúde em 1983 com a proposta de fornecer uma assistência integral clínico-ginecológica, com:
· Controle das Doenças Transmitidas Sexualmente (DST);
· Câncer Cérvico-uterino (colo do útero) e mamário;
· Assistência para concepção e contracepção;
· Assistência pré-natal, do parto e do puerpério, abordando os problemas desde a adolescência até a terceira idade.
Desta forma, o PAISM propõe novas formas de relacionamento entre profissionais de saúde e as usuárias dos serviços, sendo baseado no respeito mútuo.
Tem como objetivos reconhecer a mulher como cidadã dotada de direitos e como um pessoa inteira, onde a história do seu corpo e de sua vida tem importância fundamental, para que ela possa expressar o que sente e, a partir deste fundamento, possa ser ouvida e compreendida nas suas necessidades. Assegura à clientela o conhecimento necessário para que ela tenha um maior controle sobre sua saúde.
9. PROGRAMA SAÚDE DO IDOSO
9.1 ASPECTOS CONCEITUAIS
Idoso é uma pessoa considerada de terceira idade. A OMS classifica cronologicamente como idoso as pessoas com mais de 65 anos de idade em países desenvolvidos e com mais de 60 anos de idade em países em desenvolvimento.
O envelhecimento da população é um dos maiores desafios da humanidade. Em todo o mundo e, especialmente, nos países em desenvolvimento, medidas para ajudar pessoas acima de 60 anos de idade a se manterem saudáveis e ativas são um assunto da ordem do dia.
9.2 DIREITOS DA PESSOA IDOSA
O Estatuto do Idoso foi Instituído pela Lei nº 10.741, de 1º de outubro de 2003, regula os direitos assegurados às pessoas com idade igual ou superior a 60 anos e, em conjunto com as leis vigentes, define as diretrizes básicas que fundamentam e norteiam as ações de proteção e de promoção da qualidade de vida para a pessoa idosa.
“É obrigação da família, da comunidade, da sociedade e do Poder Público assegurar ao idoso, com absoluta prioridade, a efetivação do direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, à cultura, ao esporte, ao lazer, ao trabalho, à cidadania, à liberdade, à dignidade, ao respeito e à convivência familiar e comunitária.” (Estatuto do Idoso: Título I, art. 3º).
Políticas de inclusão, para pessoas idosas, tornam-se cada vez mais urgentes em todo o mundo, frente ao acelerado processo de envelhecimento da população. No Brasil, segundo dados de 2011 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), há cerca de 20 milhões de idosos. Em 2025, esse número deve passar para 32 milhões de pessoas.
Esse fenômeno altera significativamente o perfil das políticas sociais, exigindo a implementação de leis, serviços, benefícios, programas e projetos voltados para a promoção e garantia dos direitos da pessoa idosa. O cidadão idoso precisa ser reconhecido como um sujeito de direitos.
Conheça algumas das conquistas já alcançadas:
Constituição Federal De 1988
O Estado reconhece seu dever na proteção ao idoso a partir da promulgação da Constituição de 1988, quando estabelece a responsabilidade do governo, da sociedade civil e da família de proteger, assistir e amparar a pessoa idosa.
Política Nacional do Idoso (PNI)
Instituída pela Lei nº 8.842, de 4 de janeiro de 1994, e regulamentada pelo Decreto nº 1.948, de 3 de julho de 1996, essa legislação tem por objetivo assegurar os direitos sociais do idoso (maior de 60 anos).
Os Princípios da Política Nacional do Idoso são:
· A família, a sociedade e o estado têm o dever de assegurar ao idoso todos os direitos de cidadania, garantindo sua participação na comunidade, defendendo sua dignidade, bem-estar e direito à vida;
· O processo de envelhecimento diz respeito à sociedade em geral, devendo ser objeto deconhecimento e informação para todos;
· O idoso não pode sofrer discriminação de qualquer natureza;
· Na aplicação da lei, as diferenças econômicas, sociais, regionais e, particularmente, as contradições entre os meios rural e urbano, no Brasil, deverão ser observadas pelos poderes públicos e pela sociedade em geral.
Assistência Social
A Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS), nº 8.742/93, aprovada em 1994, assegura o Benefício de Prestação Continuada (BPC) para que todos os idosos recebam uma renda mensal, mesmo que não tenham contribuído ao longo da vida para a Previdência Social.
Habitação
É obrigatória a reserva de 3% das unidades residenciais para os idosos nos programas habitacionais públicos ou subsidiados por recursos públicos.
Trabalho
A fixação de limite máximo de idade na contratação de empregados e a discriminação por idade é PROIBIDA, sendo passível de punição quem o fizer.
Cultura, Esporte e Lazer
Em atividades de cultura, esporte e lazer, todo idoso tem direito a 50% de desconto.
Transporte Coletivo
Os maiores de 65 anos têm direito ao transporte coletivo público gratuito. O Estatuto do Idoso assegura que basta o idoso apresentar a Carteira de Identidade ou qualquer documento pessoal, provando sua idade.
No caso das pessoas que estão na faixa etária entre 60 e 65 anos, ficará a critério da legislação local o exercício da gratuidade.
É importante destacar:
· Nos veículos de transporte coletivo de âmbito municipal, é obrigatória a reserva de 10% dos assentos para os idosos com aviso legível;
· Em veículos de transporte coletivo no âmbito interestadual, é obrigatória a reserva de duas vagas gratuitas, em cada veículo, para idosos com renda igual ou inferior a dois salários mínimos. Quando o número de idosos exceder o previsto, eles devem ter 50% de desconto no valor da passagem.
9.3 SAÚDE DO IDOSO
O idoso tem direito ao atendimento preferencial, no Sistema Único de Saúde (SUS), em casos de internação, tem direito a acompanhante. Também deve receber os medicamentos gratuitamente, sobretudo os de uso continuado (para doenças como hipertensão, diabetes etc.).
Para quem tem plano de saúde, o Estatuto do Idoso PROÍBE que as empresas reajustem as mensalidades de quem tem mais de 60 anos de idade.
Aumentar a qualidade de vida para todas as pessoas que estão envelhecendo, inclusive as que são frágeis fisicamente, é possível. Mas a saúde é também uma responsabilidade pessoal.
Cabe a cada um buscar alimentação, atividades físicas e modo de vida adequados, evitando hábitos e comportamentos que prejudiquem o envelhecimento saudável.
9.4 PREVENÇÃO É O MELHOR REMÉDIO
9.4.1 Vacinação
O Ministério da Saúde disponibiliza vacinas específicas para a terceira idade. Encontram-se disponíveis nos serviços públicos de Saúde as seguintes vacinas:
· Antigripal: Na pessoa idosa, a gripe evolui com mais facilidade para a pneumonia, que pode ser fatal em pessoas com mais de 60 anos. Essa vacina protege contra a gripe causada pelo vírus influenza. A dose é aplicada nas campanhas anuais de vacinação;
· Dupla Adulta: Protege contra difteria e tétano. Procure informação nos Postos de Saúde, pois quem nunca tomou a vacina, ou não sabe quantas doses já recebeu, deve receber três doses, com intervalo de um mês, e um reforço a cada dez anos;
· Antipneumocócica: Protege contra a pneumonia causada pela bactéria pneumococo. A dose é única, com reforço após cinco anos.
9.4.2 Uso de Preservativo
Na terceira idade, a atividade sexual é diminuída ou modificada, mas NÃO ABOLIDA. Por isso, é muito importante o uso de preservativo como medida de prevenção de doenças sexualmente transmissíveis e da AIDS.
Segundo o Ministério da Saúde, as doenças do aparelho circulatório são a principal causa de mortalidade em idosos, com mais de 37% do número de mortes. As mais comuns são derrame, infarto e hipertensão arterial.
Em seguida, vêm tumores e doenças do aparelho respiratório, por exemplo, pneumonia e DPOC (Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica, como o enfisema e a bronquite crônica).
9.4.3 Alimentação Saudável
A alimentação da pessoa idosa segue, de maneira geral, os mesmos princípios de dieta saudável recomendada à pessoa adulta jovem. A principal diferença na alimentação do idoso ocorre em relação às calorias, que precisam ser controladas, devido à diminuição do metabolismo e à redução da atividade física.
Assim, a pessoa idosa deve:
· Moderar o consumo de carboidratos (doces e massas em geral) e de lipídios (gorduras) e a quantidade de sal;
· Aumentar a ingestão de alimentos ricos em fibra e de proteína animal (carne magra, tais como aves sem pele, peixes magros e frescos, leites e iogurtes desnatados e clara de ovo).
10. PROGRAMA SAÚDE DO HOMEM
A cada três mortes de pessoas adultas, duas são de homens. Quando comparado com as mulheres, o tempo de vida deles é 7,6 anos menor. As doenças isquêmicas do coração, como o infarto do miocárdio, seguida das moléstias cardiovasculares (como o Acidente Vascular Cerebral, o AVC), pneumonia, cirrose, câncer e diabetes estão entre as principais causas de mortes do sexo masculino.
Segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), o CÂNCER DE PRÓSTATA também está entre as causas mais frequentes de mortes. O crescimento de óbitos por esse tipo de câncer cresceu 120%, entre 1979 e 2006, segundo o instituto.
Estudos comprovam que os homens são mais vulneráveis às doenças, especialmente as enfermidades graves e crônicas. Essa ocorrência está ligada ao fato de que eles recorrem menos frequentemente do que as mulheres aos serviços de atenção primária e procuram o sistema de saúde quando os quadros já se agravaram.
Para ampliar o acesso deles aos serviços de saúde, o Ministério da Saúde criou a Política Nacional de Saúde do Homem, em 2009. Setenta cidades, incluindo todas as capitais, já aderiram à Política Nacional de Saúde do Homem. O cidadão encontra esse serviço nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) e nas Unidades de Pronto Atendimento (UPAS).
A iniciativa foca os homens de 20 a 59 anos de idade, que correspondem a 41,3 % da população masculina ou 20% do total da população, totalizando 2,5 milhões de brasileiros. Além de criar mecanismos para melhorar a assistência a essa população, a meta do governo federal é incentivar que eles procurem o serviço de saúde ao menos uma vez por ano, nas UBS e UPAS.
10.1 POR QUE OS HOMENS NÃO PROCURAM O MÉDICO?
Conceito de masculinidade: o homem se julga imune às doenças, consideradas por ele sinais de fragilidade.
Por serem provedores, não pode deixar de trabalhar para ir a uma consulta. Não acreditam em profilaxia, o que prejudica o trabalho em prevenção.
Os homens recorrem aos serviços de saúde apenas quando a doença está mais avançada. Assim, em vez de serem atendidos no posto de saúde, perto de sua casa, eles procuraram um especialista. O que gera maior custo para o SUS e sofrimento físico e emocional do paciente e família.
11. POLÍTICA NACIONAL DE ATENÇÃO À SAÚDE DOS POVOS INDÍGENAS
11.1 ASPECTOS CONCEITUAIS
No início do século XVI, a população indígena no Brasil, girava em torno de 5 milhões de pessoas, esse número era comparável à da Europa nesta mesma época.
A população indígena foi dizimada pelas expedições punitivas às suas manifestações religiosas e aos seus movimentos de resistência.
No entanto, as mortes aconteciam, principalmente, pelas epidemias de doenças infecciosas, cujo impacto era favorecido pelas mudanças no seu modo de vida impostas pela colonização e cristianização (como escravidão, trabalho forçado, maus tratos, confinamento e sedentarização compulsória em aldeamentos e internatos).
A perda da autoestima, a desestruturação social, econômica e dos valores coletivos (muitas vezes da própria língua, cujo uso chegava a ser punido com a morte) também tiveram um papel importante na diminuição da população indígena.
Até hoje há situações regionais de conflito, em que se expõe toda a trama de interesses econômicos e sociais que configuram as relações entre os povos indígenas e demais segmentos da sociedade nacional, especialmente no que se refereà posse da terra, exploração de recursos naturais e implantação de grandes projetos de desenvolvimento.
Hoje, no Brasil, vivem 817 mil índios, cerca de 0,4% da população brasileira, segundo dados do Censo 2010. Eles estão distribuídos entre 688 Terras Indígenas e algumas áreas urbanas. Há também 82 referências de grupos indígenas não-contatados, das quais 32 foram confirmadas.
Desde o início da colonização portuguesa, os povos indígenas foram assistidos pelos missionários de forma integrada às políticas dos governos. No início do século XX, com a construção de linhas telegráficas e ferrovias provocaram numerosos massacres de índios e elevados índices de mortalidade por doenças transmissíveis.
Esses fatos levaram, em 1910, à criação do Serviço de Proteção ao Índio e Trabalhadores Nacionais (SPI), destinava-se à proteger os índios, procurando o seu enquadramento progressivo e o de suas terras no sistema produtivo nacional. A assistência à saúde dos povos indígenas, no entanto, CONTINUOU desorganizada e esporádica.
Mesmo após a criação do SPI, não se instituiu qualquer forma de prestação de serviços sistemática, restringindo-se a ações emergenciais ou inseridas em processos de "pacificação".
Na década de 50, foi criado o Serviço de Unidades Sanitárias Aéreas (SUSA), no Ministério da Saúde, com o OBJETIVO de levar ações básicas de saúde às populações indígena e rural em áreas de difícil acesso. Essas ações eram essencialmente voltadas para a vacinação, atendimento odontológico, controle de tuberculose e outras doenças transmissíveis.
Em 1967, com a extinção do SPI, foi criada a Fundação Nacional do Índio (FUNAI), que, baseando- se no modelo de atenção do SUSA, criou as Equipes Volantes de Saúde (EVS). Essas equipes realizavam atendimentos esporádicos às comunidades indígenas de sua área de atuação, prestando assistência médica, aplicando vacinas e supervisionando o trabalho do pessoal de saúde local, geralmente auxiliares ou atendentes de enfermagem.
A FUNAI, após a crise financeira do Estado brasileiro pós-milagre econômico da década de 70, teve dificuldades de diversas ordens para a organização de serviços de atenção à saúde que contemplassem a grande diversidade e dispersão geográfica das comunidades. Nessa época a FUNAI passava por:
· Carência de suprimentos e capacidade administrativa de recursos financeiros;
· Precariedade da estrutura básica de saúde;
· Falta de planejamento das ações e organização de um sistema de informações em saúde adequado;
· Falta de investimento na qualificação de seus funcionários para atuarem junto a comunidades culturalmente diferenciadas.
Alguns funcionários da EVS, em geral pouco qualificados, ficaram lotados em postos indígenas, executando ações assistenciais curativas e emergenciais sem qualquer acompanhamento. Era frequente funcionário sem qualificação alguma na área da saúde prestar atendimentos de primeiros socorros ou até de maior complexidade, devido à situação de isolamento no campo.
Em fevereiro de 1991, o Decreto Presidencial nº 23 transferiu para o Ministério da Saúde a responsabilidade pela coordenação das ações de saúde destinadas aos povos indígenas, estabelecendo os Distritos Sanitários Especiais Indígenas (DSEI) como base da organização dos serviços de saúde. A FUNASA e a FUNAI dividiram a responsabilidade sobre a atenção à saúde indígena, passando a executar, cada uma, parte das ações, de forma fragmentada e conflituosa.
A Política Nacional de Atenção à Saúde dos Povos Indígenas tem como propósito garantir aos povos indígenas o acesso à atenção integral à saúde, de acordo com os princípios e diretrizes do SUS, contemplando a diversidade social, cultural, geográfica, histórica e política de modo a favorecer a superação dos fatores que tornam essa população mais vulnerável aos agravos à saúde de maior magnitude, reconhecendo a eficácia de sua medicina e o direito desses povos à sua cultura.
Para o alcance de propósito são estabelecidas as seguintes DIRETRIZES, que devem orientar a definição de instrumentos de planejamento, implementação, avaliação e controle das ações de atenção à saúde dos povos indígenas:
· Organização dos serviços de atenção à saúde dos povos indígenas na forma de Distritos Sanitários Especiais e Pólos Base, no nível local, onde a atenção primária e os serviços de referência se situam;
· Preparação de recursos humanos para atuação em contexto intercultural;
· Monitoramento das ações de saúde dirigidas aos povos indígenas;
· Articulação dos sistemas tradicionais indígenas de saúde;
· Promoção do uso adequado e racional de medicamentos;
· Promoção de ações específicas em situações especiais;
· Promoção da ética na pesquisa e nas ações de atenção à saúde envolvendo comunidades indígenas;
· Promoção de ambientes saudáveis e proteção da saúde indígena;
· Controle social.
11.2 CARACTERIZAÇÃO DOS DSEIS
O DSEI é um espaço étnico-cultural dinâmico, geográfico, populacional e administrativo bem delimitado, que não guarda relação direta com os limites dos estados e municípios onde estão localizadas as terras indígenas. Existem 34 Distritos Sanitários Especiais Indígenas (DSEI).
Os DSEI devem prestar atenção básica à população indígena aldeada, mediante atuação de Equipes Multidisciplinares de Saúde Indígena (EMSI), nos moldes do Programa Saúde da Família (PSF), compostas por médicos, enfermeiros, odontólogos, técnicos de enfermagem e Agentes Indígenas de Saúde.
1. ASPECTOS CONCEITUAIS
A Hanseníase ou Mal de Hansen foi trazida para o Brasil com a colonização portuguesa, iniciada em 1500. No entanto, o Estado só reconheceu a doença como agravo à saúde pública a partir da segunda década do século XX.
Existem referências à hanseníase em livros muito antigos, escritos na Índia e na China, séculos antes de Cristo. Provavelmente foi o exército de Alexandre, o Grande, que disseminou a doença pelo continente europeu, quando regressou das batalhas na Ásia. Na Bíblia, são descritos casos dessa doença infectocontagiosa que atacava principalmente a pele, os olhos e os nervos.
As deformidades que provocava eram motivo para seus portadores serem excluídos do convívio social. Considerada castigo dos deuses, os doentes eram recolhidos em leprosários, onde ficavam até morrer.
Os leprosários eram afastados dos centros urbanos, para que o doente convivesse o mínimo possível com pessoas saudáveis, esses locais reforçavam o isolamento e o preconceito.
A palavra lepra era sempre associada à sujeira, afastamento, podridão. Os doentes que não iam para os leprosários, perambulavam pelas ruas com o rosto e o corpo cobertos por panos, pedindo esmolas com uma latinha amarrada na ponta de uma vara para esconder as mãos deformadas pela doença.
Vale ressaltar, que nos primórdios, qualquer doença dermatológica era chamada de LEPRA. Até a psoríase era conhecida como lepra, e era tão estigmatizante quanto a hanseníase por causa das lesões que produzia na pele. Só muito mais tarde, foi possível estabelecer a diferença entre o que era realmente lepra e as outras doenças de pele.
No século XX, a palavra LEPRA foi mudada para hanseníase, em homenagem a Gerhard Amauer Hansen, médico norueguês que em 1973 descobriu a bactéria causadora da doença. Acredita-se que a adoção dessa nova denominação não minimizou o preconceito que envolve a hanseníase, pois faltou uma estratégia de esclarecimento, um esforço educativo.
Hanseníase é uma doença infectocontagiosa, de evolução lenta, que se manifesta principalmente através de sinais e sintomas dermatoneurológicos: lesões na pele e nos nervos periféricos, principalmente nos olhos, mãos e pés.
O comprometimento dos nervos periféricos é a característica principal da doença, dando-lhe um grande potencial para provocar incapacidades físicas que podem, inclusive, evoluir para deformidades.
Estas incapacidades e deformidades podem acarretar alguns problemas, tais como diminuição da capacidade de trabalho, limitação da vida social e problemas psicológicos. São responsáveis, também, pelo estigma e preconceito contra a doença.
2. AGENTE ETIOLÓGICO

Continue navegando